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Resenha do tema complusão a repetição

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UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA
PRÓ-REITORIA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
SUPERVISÃO DE ESTÁGIO ESPECÍFICO DE CLÍNICA PSICANALÍTICA
Resenha do tema:
Compulsão a repetição
NEIVA LIDYANE DA SILVA GOMES
Vassouras, Junho de 2016
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Freud (1920/1989) aponta que "muitas pessoas nos passam a impressão de estarem sendo perseguidas por um destino maligno, isto é, de haver algo de demoníaco em suas vidas" (p. 147). Dentro dessa sucessão de situações desprazerosas repetidas, encontram-se as chamadas neuroses de destino, nas quais o sujeito é acometido pela repetição de eventos que terminam sempre com o mesmo fim trágico, em uma inescapável trama do destino que parece não oferecer qualquer outra saída. É muito frequente, por exemplo, uma pessoa casar várias vezes e, apesar de os parceiros serem absolutamente diferentes, criar situações e problemas idênticos com todos eles. É possível encontrar semelhanças entre cônjuges e os pais, podendo ser com quem ele mais vivenciou dificuldades: o pai frio e distante dando origem ao marido insensível e representando de uma relação não elaborada do passado. (FREUD, 1916/1996).
A fantasia originada no inconsciente que vai sendo elaborada desde as primeiras relações afetivas na família, porque os pais além de serem objetos de amor são também modelos de identificação muito importantes, sendo assim, quando há uma identificação positiva com os pais, ocorrerá uma tendência à escolha de parceiros semelhantes a eles, na busca inconsciente de repetição da experiência familiar. Se ocorrer o contrário e houver uma identificação negativa, haverá a tendência de buscar parceiros opostos a eles, numa tentativa de não reviver a experiência familiar da infância. Nestas condições, o entendimento do senso comum que as escolhas afetivas envolvem apenas dois indivíduos está absolutamente equivocado, sendo bem mais complexo do que isto, a escolha amorosa não é feita ao mero acaso, mas a partir de elementos inconscientes originados a partir do amor infantil e das primeiras relações com os seus genitores (Costa & Katz; 1985/1992). 
As escolhas amorosas repetem essencialmente dois aspectos da formação do sujeito: a relação mãe/bebê e o Édipo. No entanto, cada sujeito, na sua singularidade, irá responder de forma diferenciada ao que foi apresentado, contudo, raramente o sujeito irá traçar caminhos novos ou buscar alternativas diferentes das já incutidas pelas gerações anteriores. E embora aparentemente seja um modo de vida oposto, pode se revelar não tão distante assim se analisado em profundidade. Todo este processo é inconsciente e por esta razão não se consegue manter uma opção de repetir o que foi agradável no ambiente familiar infantil e repelir o que causou sofrimento (GRANJON, 1989/ 2000).
Sob este aspecto, notaremos que entender os traumas e como se instala a compulsão à repetição é fundamental. “Os traumas são experiências sobre o próprio corpo do indivíduo ou percepções sensoriais, principalmente de algo visto ou ouvido, isto é, experiências ou impressões”. Os efeitos do trauma podem ser “positivos” ou “negativos”. (FREUD, 1914/1996, p. 92) Os primeiros “[...] são tentativas de pôr o trauma em funcionamento mais uma vez, isto é, recordar a experiência esquecida [...] torná-la real, experimentar uma repetição dela de novo [...]”. Freud resumiu esses efeitos como uma “fixação no trauma” e como uma “compulsão a repetir”. (FREUD 1914/1996)
Assim, um homem que passou a infância numa ligação excessiva e atualmente esquecida com a mãe, pode passar toda a vida procurando uma esposa de quem possa tornar-se dependente e por quem possa conseguir ser nutrido e apoiado. (FREUD, 1914/1996, p. 92)
 Por outro lado, os efeitos negativos do trauma têm objetivos contrários: não recordar e não repetir. Embora sejam também fixações, têm intuito de defesa e de evitação do trauma, como inibições e fobias. (FREUD 1914/1996)
A compulsão à repetição é o mecanismo por meio do qual o inconsciente tende a buscar situações que possibilitem ao indivíduo reviver situações que foram geradoras de conflito e sofrimento psíquico (FREUD, 1914/1979). É como se o inconsciente estivesse à procura de situações análogas às que formaram o núcleo patogênico, numa tentativa de curar a ferida psíquica. É uma tentativa de reedição de processos ou vivências nocivas e/ou insatisfatórias, com o intuito de recuperar os danos deixados por traumas afetivos. Conforme explicam Laplanche & Pontalis:
[...] o que permaneceu incompreendido retorna; como uma alma penada, não tem repouso até que seja encontrada solução e alívio" (Laplanche & Pontalis, 1982/2001, pág 85). 
A articulação freudiana entre compulsão à repetição e a lógica do princípio do prazer começou a ser corroída através da reflexão aprofundada acerca da observação de duas situações nas quais o sujeito não cessa de reviver episódios dolorosos: o fort-da e as neuroses de guerra. A partir da análise desses dois fenômenos era impossível continuar sustentando que a compulsão à repetição obedecia unicamente à busca do prazer; era preciso admitir que uma espécie de resíduo escapasse a essa determinação: um mais além do princípio do prazer. (FREUD 1920/1989). 
Essa compulsão que produz a repetição da dor acabou levando Freud a relatar a existência de uma tendência para um retorno à origem, ao estado de repouso absoluto, ao estado de não-vida, no texto de 1920, deixando claro em “Além do princípio do prazer”, que a repetição se alimenta da pulsão de morte.
Desde a família de origem, situações de vida marcadas pela intensa desarmonia e pelo desamparo; presenciar desentendimentos dos pais seja com discussões verbais ou até violência física, são percebidos como momentos marcantes e traumáticos nas relações familiares, além das perdas e abandonos que são muito comuns. Os acontecimentos vivenciados desde a primeira infância farão parte da constituição da personalidade, da sexualidade, do sofrimento psíquico e do gozo*. (FREUD 1920/1989).
O inicio da personalidade do sujeito tende ir ao encontro e reencontro do que lhe propicia prazer (princípio de prazer), porém ao encontrar situações desprazerosas, pode ocorrer o retorno ao que lhe provoca sofrimento (o além do princípio do prazer). As indagações originadas nesta temática conduzirão ao pensamento freudiano que existe também prazer no sofrimento para este sujeito, posto que, se não houvesse prazer, não haveria repetição, entretanto, encontramos aí também um sintoma no qual ao repetir um determinado comportamento, atitude, escolha e outros; em seu desfecho, ao mesmo tempo em que sofre sente também um grande prazer, desta forma continua a repetir ficando ainda mais atrelado ao sintoma (FREUD 1920/1989).

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