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Parte 8 Exterior de bubalinos

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Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 147
18 EXTERIOR E RAÇAS DE BUBALINOS 
INTRODUÇÃO NO BRASIL E ORIGEM 
 Há concordância entre a maioria dos autores de que o búfalo chegou ao Brasil 
no final do século XIX. Os relatos não são precisos quanto ao período histórico. 
Fonseca (1977), por exemplo, relata que os primeiros búfalos teriam chegado à Ilha 
de Marajó em 1870 através de uma embarcação proveniente da Guiana Francesa com 
refugiados políticos e trocados por bovinos. O mesmo autor cita outro registro de 
entrada em 1890, este desconhecido. Para Alberto Alves Santiago (1971) a primeira 
entrada foi de búfalos de pântano ou Rosilhos, de cinta branca no tórax e pés 
calçados de branco, dando-se em 1890, provenientes da Guiana Francesa ou da Ilha de 
Trinidad, que também teriam sido trocados por bovinos, discordando de Fonseca 
apenas quanto à data. Nascimento et al. (1981) indicaram o ano de 1895 para 
introdução do búfalo na Ilha de Marajó, através do criador Vicente Chermont de 
Miranda, mas estes animais seriam provenientes da Itália. Octávio Domingues (1961) 
relatou o ano de 1902 como a data inicial de importação de búfalos, que eram pretos e 
de procedência africana, feita pelos Lobatos de Miranda para a Ilha de Marajó. 
Posteriormente, em 1906, búfalos rosilhos foram levados por Vicente Chermont de 
Miranda para a costa norte da Ilha de Marajó. Depois ocorreram muitas importações 
de búfalos pretos originários da Itália, inicialmente para a Ilha de Marajó e depois, 
para várias unidades da federação. As importações da Ásia e da África, segundo 
Nascimento et al. (1981), foram paralisadas a partir de 1956 com a justificativa de se 
evitar a entrada da peste bovina no Brasil. Esse bloqueio foi encerrado em 1962, 
ficando posteriormente proibida as importações dos continentes com maiores 
possibilidades de comercialização. 
 
 
FIGURA 1 – Bisão europeu (esquerda) e bisão americano (direita), Bison bonasus e 
Bison bison, respectivamente. 
 
 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 148 
 O búfalo é originário da Ásia, sendo também chamado, por esta razão, de 
búfalo Asiático, embora sua existência seja remota também no continente Africano. A 
espécie selvagem que deu origem à domesticada é a Bubalis arni, originária da Índia e 
do Tibet, que se dispersou para a China, Ceilão, Malásia e outros países do oriente. 
Entretanto, não se pode confundir o búfalo doméstico, Bubalus bubalis, com o búfalo 
africano, Syncerus caffer, ou com o bisão americano, Bison bison ou o bisão europeu 
Bison bonasus (Figura 1). O Syncerus caffer (Figura 2) é o búfalo selvagem da África, 
que apresenta chifres blindados no centro da cabeça, pesados e curvados. 
 
 
FIGURA 2 – Búfalo africano Syncerus caffer 
 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 A classificação zoológica dos búfalos é a mesma dos bovinos, isto é, são da 
classe Mammalia e ordem Artiodactyla: Incisivos próximos da almofada carnosa do 
maxilar superior para cortar a vegetação, que é triturada entre os dentes molares 
com cristas de esmalte (pré-molares e molares); sem caninos; útero bicórneo; 
ungulados com número par de dedos protegidos por cascos; pernas geralmente longas; 
artelhos funcionais em cada pé, cornos geralmente presentes. O adulto apresenta 32 
dentes (incisivos na parte anterior da mandíbula, sem incisivos superiores) e estômago 
com quatro compartimentos. Sub-ordem Ruminantia: dentição incompleta (ausência de 
caninos e incisivos apenas no maxilar inferior), estômago composto com quatro 
compartimentos e unípara. Superfamília: Bovidea, Família Bovidae: Cornos ocos, 
pares, não ramificados, queratinizados, com crescimento lento e contínuo na base, 
sobre ossos frontais, geralmente em ambos os sexos, maiores nos machos e Sub-
família Bovinae, compreendendo o gênero Bubalus. A espécie é Bubalus bubalis com 
três Sub-espécies: Bubalus bubalis, bubalis, também chamado de búfalo indiano ou 
doméstico propriamente dito, que abrange os búfalos da Índia, Paquistão, China, 
Turquia e vários países da Europa e América; o Bubalus bubalis, fulvus de pequeno 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 149
porte, chifres reduzidos, de cor parda ou avermelhada, podendo ser encontrados ao 
nordeste da Índia e também na África; e o Bubalus bubalis, kerebau, é encontrado no 
Ceilão, nas ilhas da Indonésia, nas Filipinas e na China. É conhecido como Carabao ou 
Rosilho. 
 O búfalo é também classificado de acordo com seu habitat natural, 
comportamento e tipo. Búfalo de pântano (Swamp buffalo) é o animal de trabalho dos 
países do oriente, que apresenta pelagem cinza ou rosilha, estrutura pesada e 
constituição atarracada, corpo musculoso, ventre grande, fronte plana, olhos 
proeminentes, face curta, focinho grande, pescoço comparativamente longo, espáduas 
e garupas proeminentes. A espinha dorsal estende-se para trás e termina 
abruptamente antes do fim da caixa torácica. Os chifres crescem para fora, 
encurvando-se e formando um semicírculo, mas quase sempre permanecendo no plano 
frontal. Originário de regiões alagadiças, preferindo revolver-se na lama e possui 
grande facilidade de locomoção nessas áreas. 
 O búfalo de rio ou búfalo d’água (Water buffalo) é o búfalo Indiano, também 
chamado de búfalo de rio devido ao costume de permanecer nos cursos de água de sua 
região de origem, tem a cor negra, ventre mais estreito, faces mais longas e membros 
maiores. A espinha dorsal estende-se mais para trás afilando-se gradualmente. Os 
chifres crescem para baixo e para trás, encurvando-se para cima. 
 Há também a classificação pelo grupo étnico ou pela cor da pelagem, ou seja, 
búfalos pretos, rosilhos e do tipo baio. Nos tipos de pântano encontra-se a raça 
Carabao, de pelagem rosilha ou cinza (Nascimento e Carvalho, 1993). 
 
CONCEPÇÃO COM A PRÓPRIA ESPÉCIE 
 Os búfalos de pântano possuem 48 cromossomos (2n=48) e os búfalos de rio, 
50 cromossomos (2n=50), diferentes dos bovinos, que têm 60 cromossomos (2n=60). 
Pela diferença do material cromossômico, não há concepção entre as espécies, seja 
ela por cruzamento natural ou inseminação artificial. Entretanto, entre búfalos de rio 
e de pântano, a concepção ocorre naturalmente, dando um produto com 49 
cromossomos (2n=49). Esse indivíduo apresenta fertilidade com restrições, uma vez 
que parece ocorrer prejuízo à gametogênese, mas ocorre concepção com animais de 
48 ou 50 cromossomos com certa frequência. 
 O que acontece é que o búfalo de rio com maior número de cromossomos 
acrocêntricos desloca dois desses para parear com um metacêntrico do búfalo de 
pântano, resultando em F1 com 24 pares e 49 cromossomos, conforme demonstrado na 
Figura 3. 
 O búfalo não é fecundo com qualquer outra espécie da subfamília a que 
pertence em função dessa diferença cromossomial. Por outro lado, não se deve 
confundir a fecundidade já estabelecida entre o bisão (Bison bison) e o bovino (Bos 
taurus taurus ou Bos taurus indicus) pelo fato dessas espécies terem o mesmo número 
de cromossomas (2n=60), dando origem ao beefalo. O vigor híbrido neste animal é 
refletido com grande desenvolvimento ponderal. Vale (1994) demonstrou a 
organização de cromossomas na espécie bubalina (Tabela 1). 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 150 
PÂNTANO (48) x RIO (50) 
 Y χχ x Y XXXX 
 
 F1 (49) Y Y χXX- 1 par com 3 cromossomas 
Y = 46 cromossomas são comuns aos 2 tipos de búfalos 
 
FIGURA 3 - Genótipo do produto do Búfalo de pântano x Búfalo de rio 
 
 
TABELA 1 - Características dos cromossomas de búfalos criados na América Latina. 
 
TIPO NÚMERO DE 
CROMOSSOMAS 
CARACTERÍSTICAS DOS 
CROMOSSOMAS 
Búfalo de rio, indiano 
ou mediterrâneo 
2n = 50 5 metacêntricos, 19 acrocêntricos e o 
sexual acrocêntrico. 
Búfalo de pântano ou 
Carabao 
2n = 48 5 metacêntricos ou submetacêntricos,8 
acrocêntricos e o sexual acrocêntrico. 
Cruzados Rio x Pântano 2n = 49 5 metacêntricos, 18 acrocêntricos com 
uma fusão entre os cromossomas 4/9 e 
o acrocêntrico sexual. 
 
 
ATRIBUTOS DOS BÚFALOS 
 Os búfalos apresentam algumas características de suma importância para as 
condições brasileiras com vasta região tropical e subtropical, cuja pecuária é movida 
ainda em grande parte por pastagens nativas e manejadas inadequadamente. Os 
búfalos são dóceis e fáceis de manejar, têm alta capacidade adaptativa, inclusive para 
voltar a vida selvagem, grande rusticidade relativa ao aproveitamento de forrageiras 
grosseiras, resistência às principais doenças, são longevos com vida útil produtiva mais 
prolongada e a eficiência reprodutiva, em geral, ultrapassam os 80 %. 
 
ANATOMIA COMPARATIVA 
 A cabeça é sua principal defesa na natureza, o crânio é mais largo, mais 
espesso e mais curto, o que dificulta o abate de búfalos com marreta. A coluna 
vertebral é semelhante a dos bovinos, tem 13 pares de costelas e 7 vértebras 
cervicais, 13 torácicas, 6 lombares, 5 sacrais e de 18 a 20 coccídeas). O coração é 
menor, o baço tem contorno triangular e forma mais larga de um lado. Os pulmões são 
menores no Carabao e iguais aos bovinos no búfalo de rio. A laringe é menor, o que 
produz um mugido mais débil e rouco. A língua é mais móvel, mais curta, mais chata, 
menos redonda, mais lisa com papilas mais curtas e macias, enquanto o fígado é mais 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 151
redondo, maior e mais espesso. O trato alimentar tem menor comprimento e o 
abomaso tem menos pregas. As paredes retais são grossas e contêm materiais fecais 
mais secos. A cérvix é menor, o útero é mais curto e mais fino, os cornos uterinos são 
mais tortuosos e mais finos, os ovários são menores e mais lisos, o corpo lúteo é cinza-
rosado e sua posição é mais ventral. A vulva é mais aberta, com pêlos e com maior 
concentração de fibras nervosas. A glândula mamária é pequena no búfalo de rio e 
menor ainda no búfalo de pântano. Os órgãos reprodutivos, incluindo as glândulas 
anexas, têm menor tamanho, o pênis é mais fino e mais curto. O prepúcio é sem pêlos, 
os testículos são menores e mais elevados. O escroto é menor, mais fino, depilado, 
pigmentado e brilhante. A vesícula seminal é menor e menos lobulada. 
 
PELE E PELAME 
 A espessura da pele aumenta com a idade e é maior em machos do que em 
fêmeas, podendo variar entre raças. O aspecto da pele de búfalos ao toque é o da 
epiderme grossa, que pode ficar entre 1,5 a 2,0% do total da grossura da pele, 
comparado com o valor menor de 1,2 % dos bovinos. A camada córnea (stratum 
cornium) é muito proeminente e pode ser duas vezes mais grossa do que em bovinos. 
Além disso, a interface entre duas camadas é muito denticulada (Figura 4) e com 
numerosas papilas na extensão da epiderme dentro da derme. Assim como no bovino, 
as fibras do tecido conectivo na camada papilar são mais finas do que a camada 
reticular da derme. Pigmentos granulados são achados na epiderme e são mais 
numerosos na pele da região dorsal e menos numerosos na região inguinal e na 
superfície da coxa. Embora o bezerro seja pigmentado ao nascer a pele perde seu 
pigmento quando o animal é mantido no escuro, assim a pele torna-se avermelhada e 
clara. 
 Como nos bovinos os pêlos crescem isoladamente, não em grupos, cada um está 
associado a uma glândula sudorípara e a uma glândula sebácea (Figura 5). A densidade, 
entretanto, é apenas 1/10 de bovinos. A quantidade por centímetro quadrado de pele 
varia de 100 a 200, tiradas pela média das regiões do corpo. Os pêlos são mais densos 
na cabeça e nas extremidades e menos denso na parte posterior e região inguinal. Em 
bovinos a densidade dos pêlos varia de 800 a 1000 por centímetro quadrado nas raças 
européias e de 1500 a 1700 por centímetro quadrado nas raças zebuínas. 
 O número de pêlos é fixado antes do nascimento, de modo que a densidade 
diminui com a idade até que a pele tenha alcançado sua área máxima. O recém-nascido 
tem pêlos longos e densos que no búfalo negro é castanho ou cinza aço. Ele vai 
escurecendo com o desenvolvimento do animal até que boa parte da pelagem é 
desprendida, fato que termina por volta dos três anos de idade. Cerca de 80% são 
pequenos e finos e o restante é longo e grosso. As fibras grossas são comuns na 
cabeça e extremidades onde a pelagem é mais densa. O diâmetro dos pêlos varia de 
80µ a 107 µ, o comprimento vai de 1 a 7 cm e o músculo piliforme é pouco 
desenvolvido. 
 
 Búfalo Bovino 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 152 
 
co. – estratum corneum c. – capilares 
k. – estágios iniciais de cornificação p – papila 
sp. – estratum spinosum p.ep. – epiderme papilomatosa 
cyl. – estratum culindricum art. – arteríola 
 
FIGURA 4 – Nível da derme e da epiderme de bovinos e bubalinos demonstrado 
diagramaticamente. 
 
 
 A baixa densidade de pêlos é ao mesmo tempo uma vantagem e uma 
desvantagem à tolerância ao calor, isto é, por um lado a dissipação é facilitada porque 
a baixa densidade não exerce resistência à liberação do calor, e por outro, a absorção 
da energia direta da luz solar a pouca densidade não impede a maior absorção da 
energia. A epiderme é ricamente irrigada por capilares sanguíneos para promoção da 
perda de calor através da pele. 
 Os redemoinhos (Figura 6) e pêlos arrepiados são comuns em búfalos e 
costuma aparecer 240 dias depois da concepção, sabendo-se que a pelagem é 
completada aos 275 dias de gestação. Redemoinhos podem estar situados em qualquer 
lugar do corpo, sendo mais comum na cabeça, espáduas e costados. O número de 
redemoinhos varia de 1 a 9 e não foi ainda observado no focinho, peito e pescoço. Têm 
sido encontrados redemoinhos de dois tipos, um de formação circular normal, com 
10% de incidência, nos flancos ou na região da garupa ou pode aparecer em forma 
circular ou como uma linha de dois redemoinhos circulares. 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 153
 
 Búfalo Bovino 
 
co. – estrato cornium c. – capilares 
o.sw.d. – abertura do ducto da glândula sudorípara sw.d. – ducto da glândula sudorípara 
p. – papila sb.d. – ducto da glândula sebácea 
hf.f. – folículo piloso p.m. – músculo piliforme 
p.ep. – epiderme papilomatosa sw. – glândula sudorípara 
ar. – arteríola 
 
FIGURA 5 – Diferenças histológicas entre a pele de bubalinos e bovinos demonstrado 
diagramaticamente. 
 
 
 A cor dos pêlos, em geral, acompanha a cor da pele. Assim, búfalos negros a 
pele, os pêlos e as mucosas são negros. Portanto, os búfalos de rio no Brasil 
correspondem às três raças Murrah, Jafarabadi e Mediterrânea, que são todos 
negros. Há ainda o búfalo tipo Baio cuja cor é café com leite, considerado também 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 154 
dentro do grupo de rio, mas que não tem registro na Associação Brasileira de 
Criadores de Búfalos (ABCB). 
 
 
FIGURA 6 - Redemoinhos na região do lombo e processo transverso em búbalos. 
 
 
 Dentro do grupo de búfalos de pântano, no Brasil é representado pela raça 
Carabao. Esta tem maior variação na cor da pelagem, ou seja, em geral são da cor 
cinza-escuro, mas pode ocorrer o rosilho (mistura de pêlos vermelho e pêlos brancos) 
em fundo róseo. Búfalos albinos são despigmentados (Figura 7) ou com baixa 
pigmentaçãoe devem ser rejeitados, como todo mamífero com essa característica. 
Búfalos de pântano podem apresentar manchas brancas na forma de colares e de 
calçamento. Portanto, são identificados três grupos étnicos, o preto, o rosilho (ou 
cinza) e o baio. 
 
 
Figura 7 - Búfalo albino (pele despigmentada, chifres brancos e olhos gázeos). 
 
GLÂNDULAS SEBÁCEAS E GLÂNDULAS SUDORÍPARAS 
 No búfalo a glândula sebácea consiste de um cacho de alvéolos ao redor do 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 155
folículo piloso, enquanto no bovino tem somente dois lóbulos simples e não estendido 
conforme pode ser visto na Figura 5. O volume total da glândula é bem grande, ou 
seja, pode ser de 4 a 8 vezes maior do que em bovinos. As glândulas e seu conteúdo 
são brancos nos búfalos e amarela nos bovinos. A cor branca da gordura, do leite e o 
vermelho mais vivo dos músculos se deve à maior capacidade de transformação do 
caroteno em vitamina A com maior concentração desta nos búfalos. Além disso, é 
preciso considerar que o músculo é menos entremeado de gordura, fato que influi na 
cor da carne. 
 A forma da glândula nos bubalinos é um saco oval simples ou um tubo extenso 
enrolado. O ducto é torcido e unido ao corpo da glândula, enquanto no bovino esse 
ducto é reto. O tamanho varia consideravelmente, o diâmetro mede 0,15 a 0,44 mm e 
o comprimento de 0,44 a 0,88 mm. O epitélio tem a forma de coluna e alguns autores 
relatam que há também algumas glândulas com células epiteliais lisas. Provavelmente, 
isso represente um estágio secretório mais propriamente do que um tipo diferente de 
glândula. Nem todos os folículos pilosos dos búfalos são associados às glândulas 
sudoríparas, fazendo uma comparação como o zebu. As glândulas sudoríparas são do 
tipo apócrina, idênticas às dos taurinos e zebuínos, mas diferem na densidade por 
unidade de superfície. Villares et al. (1979) fizeram a contagem em búfalos Murrah, 
Jafarabadi e Mediterrâneo, conforme mostra a Tabela 2. 
 Esses dados confirmam o reduzido número de glândulas sudoríparas na 
superfície da pele, com a média de 126 glândulas por cm2, não havendo diferença 
estatística entre as raças. A insuficiência numérica e talvez a deficiência funcional de 
suas glândulas sudoríparas levaram o búfalo a desenvolver o hábito etológico de 
contato com a água (Figura 8), a fim de obter equivalente perda de 585 kcal pela 
evaporação da água na pele molhada, simulando o desempenho fisiológico 
termorregulador da glândula sudorípara (VILLARES, 1990). 
 
TABELA 2 - Número de glândulas sudoríparas, sebáceas e pêlos em búfalos por cm2 
 
RAÇA GLÂNDULAS 
SUDORÍPARA 
GLÂNDULAS 
SEBÁCEAS 
PÊLOS 
Jafarabadi 113,6 98,3 79,1 
Murrah 123,5 84,8 91,8 
Mediterrâneo 148,8 83,9 70,0 
 
 
 A distribuição dos pêlos é bastante esparsa de acordo com as regiões do corpo 
conforme mostrado na Tabela 3 (MÜLLER, 1987) seguinte. O número de pêlos por 
unidade de área da pele decresce com a idade, tornando a maior parte do búfalo quase 
glabro na idade adulta, o que não sucede ao bovino, nem ao zebuíno. Verifica-se, 
portanto, que a maior concentração pilosa, pela ordem, está na canela, lombo, cauda e 
face, enquanto a maior concentração de glândulas sudoríparas está na cauda, abdômen 
e espádua. As partes do animal com maior exposição à radiação ficam sem a proteção 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 156 
dos pêlos. Assim, sob reduzida densidade de pêlos, torna-se praticamente impossível 
acumular e reter o ar entre os pêlos, como acontece no bovino e zebuíno, dificultando 
nestas espécies a perda de calor por radiação, porque o ar possui baixa 
condutibilidade térmica. A baixa densidade sem camada isolante de ar beneficia a 
termorregulação do búfalo. 
 
 
FIGURA 8 – Búfalos imersos em tanque construído para este fim no Instituto de 
Zootecnia da UFRRJ. 
 
 
 O hábito natural do búfalo é ficar na sombra e na água, de modo que a cor 
negra da pele parece ser uma adaptação mais para se proteger dos inimigos naturais 
do que contra a radiação ultravioleta. Na ausência de pelame protetor e reflexivo, a 
pele escura é uma séria desvantagem contra a insolação direta por causa da absorção 
da radiação infravermelha. Na sombra, entretanto, o búfalo preto funcionará como um 
típico corpo negro radiador de calor. 
 As diferenças histológicas de glândulas sebáceas e sudoríparas em búfalos e 
bovinos estão exibidas na Figura 9. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Búfalo Bovino 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 157
 
sb.d. – ducto da glândula sebácea sw.m.l. – forma merócrina da glândula sudorípara 
c. – capilares sw.s. – secreção da glândula sudorípara 
sb. – glândulas sebáceas sw.ap. – forma apócrina da glândula sudorípara 
h.f. – folículo do pêlo sw.m. – músculo da glândula sudorípara 
sw.d. – ducto da glândula sudorípara sw.e. – epitélio da glândula sudorípara 
ar. – artéria 
 
FIGURA 9 – Diferenças histológicas de glândulas sebáceas e sudoríparas em búfalos e 
bovinos. 
 
 
 
 As glândulas sebáceas desenvolvidas produzem uma secreção de gordura 
importante para lubrificação da pele e uma vida natural semiaquática. Glândulas 
sebáceas desenvolvidas estão associadas à maior lubrificação que evita trincamentos 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 158 
ou rachaduras da pele. A escassez de glândulas sudoríparas é resultado de uma vida 
semi-aquática do búfalo. O significado para esse animal doméstico é a menor 
capacidade de sudação. Entretanto, o maior papel de resfriamento deve ser imputado 
à condução direta da água pela imersão, à evaporação da água da superfície corporal 
após a emergência ou após a aspersão,e à evaporação pulmonar. 
 
Tabela 3 - Número de folículos pilosos, número e volume das glândulas sudoríparas em 
búfalos. 
 
REGIÃO DO 
CORPO 
N° de folículos 
pilosos/mm2 
N° de glândulas 
sudoríparas/mm2 
Volume das 
glândulas 
sudoríparas/mm3 
Face 1,72 0,45 1,23 
Pescoço 0,40 0,70 1,20 
Espádua 1,40 1,60 1,65 
Garrote 0,00 0.00 0,00 
Canela 4,00 0,00 0,00 
Lombo 2,50 1,70 1,66 
Abdômen 1,00 2,00 1,48 
Cauda 2,20 3,30 1,78 
MÉDIA 1,48 1,24 1,48 
 
 
TAMANHO E FORMA DO CORPO 
 Para falar de forma e tamanho, o búfalo não é muito diferente dos bovinos, 
entendendo que neste grupamento há muita variedade de raças e portes. Mesmo 
assim, é possível destacar algumas particularidade. Em geral o búfalo tem maior 
porte, é mais pesado devido a sua maior espessura ou largura. Melhor ainda, o búfalo 
tem maior perímetro torácico. Para se ter uma idéia, os bretes construídos para 
bovinos não podem ser utilizados para bubalinos, uma vez que animais adultos não 
passam em equipamentos com 80 cm de largura a um metro do piso. 
 Outra particularidade é a convexidade do dorso (Figura 10). Além disso, o 
sacro é proeminente, a garupa mais inclinada e os membros são mais grossos na sua 
proporção. Por não terem o grau de especialização das nas raças bovinas a tipologia é 
mista, com tendência para carne ou leite, conforme a pressão de seleção sofrida pelo 
rebanho. 
 
 
 
 
 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 159
 
FIGURA 10 – Dorso em convexidade é uma característica própria dos bubalinos. 
 
 
ASSOCIAÇÃO ENTRE PELE E PRODUÇÃO DE LEITE 
 Trabalho realizado no Azerbaijão com 18 búfalas indicou que a produção de 
leite tem uma correlação negativa com a espessura da pele e positiva com o tamanho e 
número de glândulas sudoríparas e sebáceas (Tabela 4). O comprimento e o diâmetro 
das glândulas sudoríparas e sebáceas estão dentro das faixas descritas por Villares 
(1979), mas a espessura da pele e a densidade pilosa são consideravelmentemaiores. 
Verifica-se ainda que búfalas com menor espessura da pele, maior percentagem de 
epiderme, maior quantidade, comprimento, diâmetro e profundidade de glândulas 
sudoríparas, bem como maior comprimento e diâmetro das glândulas sebáceas 
(COCKRILL, 1974). 
 
BARBELA OU PAPADA E PEITO 
 Búfalos não têm barbela ou papada (Figura 11), mas o peito é bem pronunciado, 
sendo um ponto de acúmulo de gordura. O refego também não ocorre, mas há uma 
extensão do peito na forma de dobra de pele até o cilhadouro, mais evidente na raça 
Jafarabadi. O prepúcio é pequeno e iniciado no umbigo anatômico e pode se estender 
até os testículos nas raças de rio. Nas raças pântano, o prepúcio é agarrado ou colado 
ao ventre e as dobras de pele, praticamente não aparecem. 
 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 160 
 
FIGURA 11 – Ausência de barbela ou papada em bubalinos. 
 
 
TABELA 4 - Relação entre características da pele e produção de leite. 
 
CARACTERÍSTICAS Baixo 
rendimento 
Médio 
rendimento 
Alto 
rendimento 
Produção de leite (kg) < 700 701 - 1500 1500 - 2500 
Espessura da pele (mm) 7,6 7,1 6,9 
Espessura da epiderme (µ) 56 58 61 
% da epiderme relativo à pele 0,73 0,82 0,89 
Camada papilar em % da pele 25,1 29,8 31,2 
Glândulas sudoríparas/mm2 1,83 3,11 4,32 
Comprimento das gl. sudoríparas (mm) 0,48 0,61 0,72 
Diâmetro das gl. sudoríparas (mm) 0,18 0,21 0,26 
Profundidade das gl. sudoríparas (mm) 0,81 2,06 2,23 
Comprimento das gl. sebáceas (mm) 0,35 0,51 0,69 
Diâmetro das gl. sebáceas (mm) 0,14 0,20 0,30 
Profundidade das gl. sebáceas (mm) 0,64 1,02 0,31 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 161
CHIFRES E CASCOS 
 Os chifres são grandes e negros, com seção ovalada ou triangular, mas há 
certa predominância dos chifres com seção triangular, especialmente na raça 
Mediterrânea (Figura 12). 
 Os cascos têm maior diâmetro, são escuros e as unhas têm maior dureza, 
portanto maior resistência à ambientes úmidos. Somados a essas qualidades, os 
búfalos têm maior força e flexibilidade. Segundo Villares (1990), a articulação do 
boleto tem estrutura óssea, muscular e de ligamentos análoga aos bovinos, mais há a 
qualidade de ser mais flexível, isto é, a flexibilidade tem tal magnitude no búfalo que 
permite fazer o deslocamento de 1800, o que seria praticamente impossível nas 
demais espécies domésticas de grandes ruminantes. Atribui-se essa qualidade da 
articulação metacarpo-falangeana, a liberdade de locomoção sobre terrenos 
pantanosos, banhados e terras baixas e alagadiças, sem que fiquem retidos ou 
aprisionados pelo barro, em pastejo ou em trabalho. Esses atributos favorecem a 
busca de alimentos em pântanos e brejos e esses animais não têm receio em ficarem 
atolados, além da habilidade em capturar vegetais subaquáticos. 
 
 
FIGURA 12 - Chifres com seção trinangular em búfalo Mediterrâneo. 
 
 
ÓRGÃOS GENITAIS E ÚBERE 
 Como já ficou explicado anteriormente, os órgãos genitais externos são 
semelhantes aos bovinos, mas têm menor tamanho se comparados com estes. Os 
testículos são menores e mais próximos da parede abdominal, uma forma de proteção 
em ambientes aquáticos. São negros, lisos e brilhantes. A vulva é mais aberta e mais 
flácida na búfala, o úbere menor e com menos harmonia entre os quatro quartos. 
 
 
 
DENTIÇÃO E DETERMINAÇÃO DA IDADE 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 162 
 A fórmula dentária é a mesma dos bovinos, inclusive o formato, repetida na 
dentição caduca e na definitiva. Os dentes são maiores do que bovinos e os períodos 
de troca são diferentes, uma vez que os bubalinos são animais tardios em relação aos 
bovinos. As fórmulas dentárias e as trocas estão descritas a seguir: 
 
Fórmula da dentição caduca = 2 x (0/4 I + 0/0 C + 3/3 PM + 0/0 M) = 20 dentes 
 
 O aparecimento da dentição de leite de búfalos e bovinos se dá da seguinte 
forma: 
 
DENTES BÚBALINOS BOVINOS 
Aparecimento das pinças 7 dias 
Aparecimento dos 1os médios 14 - 75 dias 8 dias 
Aparecimento dos 2os médios 14 - 105 dias 20 dias 
Aparecimento dos cantos 30 -135 dias 30 dias 
Início da redução 18 - 22 meses 5 -6 meses 
 
 A fórmula da dentição definitiva é a mesma de bovinos, havendo diferença no 
período de troca, uma vez que os bubalinos são mais tardios, enquanto bovinos mais 
precoces. O aparecimento e troca dos dentes molares e pré-molares em bubalinos 
ocorrem também mais tardiamente. 
 
Dentição definitiva= 2 x (0/4 I + 0/0 C + 3/3 PM + 3/3 M) = 32 dentes 
 
TROCA PELOS DENTES 
DEFINITIVOS 
BÚFALOS BOVINOS 
Troca das pinças 30 a 36 meses 18 a 24 meses 
Troca dos primeiros médios 42 a 48 meses 24 a 36 meses 
Troca dos segundos médios 48 a 60 meses 36 a 48 meses 
Troca dos cantos 60 a 72 meses 48 a 60 meses 
 
 
DENTES TEMPORÁRIOS (dias) PERMANENTES (meses) 
Pré-molares 1 4 - 7 34 
 2 5 - 8 47 
 3 4 - 7 48 
Molares 4 15 
 5 17 
 6 32 
 
RAÇAS 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 163
 A principal diferença entre as raças de búfalos está na cabeça (Figuras 13 e 
14), isto é, no tamanho, forma e direção dos chifres. Na raça Murrah, os chifres são 
pequenos e encurvados em forma de espiral, na Mediterrânea, os chifres são de 
tamanho intermediário e crescem horizontalmente para os lados, encurvando-se num 
semicírculo, mantendo-se no mesmo plano da testa, às vezes acima desta. Na raça 
Jafarabadi, os chifres são longos e se dirigem para baixo, encurvando-se para cima, 
abaixo das orelhas, podendo se dirigir exclusivamente para baixo sem curva. Além 
disso, esta raça possui pele enrugada, solta e pendulosa, com barbela bem 
desenvolvida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 13 – Características da cabeça das raças bubalinas com registro na ABCB. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 164 
PADRÃO E APTIDÕES DAS RAÇAS BUBALINAS CRIADAS NO BRASIL 
ESTABELECIDOS PELA ABCB 
 
 
 MURRAH JAFARABADI 
 
 
 MEDITERRÂNEO CARABAO 
FIGURA 14 – As quatro raças com registro oficial na Associação Brasileira de 
Criadores de Búfalos (ANDRADE e GARCIA, 2005). 
 
 
MURRAH 
 É originária do Noroeste da Índia, difundindo-se no Norte do país e no 
Paquistão, considerada a melhor produtora de leite dentre as raças bubalinas. Sua 
conformação e tipo indicam aptidão mista com prevalência leiteira. O temperamento é 
dócil. O porte médio a grande, considerada a de menor porte entre as quatro raças do 
Brasil. A pelagem e pele pretas, assim como os chifres, cascos, espelho nasal e 
mucosas aparentes. A vassoura da cauda é branca ou preta ou mesclada. Manchas 
médias ou grandes de despigmentação do corpo não são toleradas. Pele fina, macia e 
com raros pêlos. A cabeça tem comprimento médio, perfil retilíneo ou levemente sub-
convexo e chanfro de retilíneo a subcôncavo. Os chifres pequenos (Figura 15), 
relativamente finos, de seção ovulada ou triangular, saindo para trás, para fora, para 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 165
baixo e para cima, com a ponta retorcida para dentro e enrolada, descrevendo 
curvaturas em torno de si mesmo, em forma de espiral. Olhos levemente proeminentes 
nas fêmeas e com menor projeção nos machos, vivos, límpidos e pretos. Orelhas de 
tamanho relativamente pequeno, de direção quase horizontal e um pouco pendulares. 
Corpo é curto, reto e profundo, simétrico e equilibrado, com conformação média e 
compacta. Pescoço tem comprimento médio, forte no macho e descarnado na fêmea. 
Dorso largo e um pouco selado. Lombo largo e direito. Costelas são bem arqueadas, 
ancas salientes, bem separadas e um pouco caídas. A garupa é larga, um pouco 
inclinada no macho e mais na fêmea e Inserção da cauda relativamente alta. Coxas enádegas são chatas, mas carnudas. Aparência normal quanto ao tamanho da bolsa 
escrotal e vulva, além do número de testículos e tetas, não se computando as tetas 
extranumerárias. O úbere é volumoso, avançando para diante e para trás, as tetas são 
longas, bem separadas, sendo as anteriores mais curtas. As veias de leite são grossas 
e sinuosas. Os membros são curtos, grossos, corretamente aprumados e com unhas 
pretas. É característica desclassificante os olhos gázeos (esverdeados). 
 
 
FIGURA 15 – Búfalas da raça Murrah. 
 
 
JAFARABADI 
 É originária da Índia, Estado de Gujarat, aptidão mista (leite e carne), 
temperamento dócil, com porte médio a grande, pelagem e pele pretas em todo o 
corpo, incluindo chifres, cascos, espelho nasal e mucosas aparentes. A cabeça tem 
perfil craniano ultraconvexo e chanfro de retilíneo a sub-convexo; chifres longos, 
fortes e grossos, de seção ovalada ou triangular, dirigidos para trás e para baixo, com 
curvatura final para cima e para dentro, em harmonia com o perfil craniano; olhos 
profundos, elípticos, límpidos e pretos, orelhas de tamanho médio, com direção 
horizontal, dirigidas por cima dos chifres (Figura 16). O corpo é simétrico e 
equilibrado, com conformação própria do tipo morfofisiológico misto, de aparência 
normal quanto ao tamanho e forma da bolsa escrotal e vulva, além do número de 
testículos e tetas, não se computando as tetas extranumerárias. Os membros têm 
aprumos normais, com cascos fortes e bem conformados. É característica 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 166 
desclassificante os olhos gázeos (esverdeados). A variedade Gir ou Gir-Buff, de porte 
menor, possui cabeça, ossatura e membros mais leves, chifres mais longos e mais 
finos, dirigidos para baixo das orelhas. A variedade Palitana, de porte maior e mais 
pesada, porém, com chifres menores, mais grossos, apresenta crescimento mais 
rápido e bolsa gordurosa sobre os olhos fazendo com que eles pareçam mais fechados 
(Zava, 1987). 
 São econômicos a aparência reveladora de saúde e vigor, constituição robusta, 
com masculinidade e feminilidade segundo o sexo, tamanho indicativo do crescimento 
por idade, sendo de porte médio a grande e de corpo simétrico e equilibrado, a 
conformação própria do tipo morfofisiológico misto, além de incluir exigências de 
aprumos normais, com cascos fortes e bem conformados, a aparência normal quanto 
ao tamanho e forma da bolsa escrotal e vulva, além do número de testículos e tetas, 
não se computando as tetas extranumerárias. 
 
 
FIGURA 16 – Perfil e chifres próprios na raça Jafarabadi, variedade Palitana a 
direita. 
 
 
MEDITERRÂNEA 
 Raça originária da Itália, apresenta características das raças Murrah e 
Jafarabadi. No Brasil é conhecida também como búfalo “preto” ou “italiano”. Embora 
tenha sido selecionada para a produção de leite, tem aptidão mista devido ao seu 
porte. O temperamento é dócil. O porte é de médio a grande. A pelagem e pele 
totalmente pretas, estendendo-se também aos chifres, cascos, espelho nasal e 
mucosas aparentes. Manchas despigmentadas pelo corpo não são toleradas. Os pêlos 
são mais abundantes nos animais novos. A cabeça tem tamanho médio, perfil convexo e 
chanfro retilíneo a sub-côncavo. Os chifres são pretos, longos, fortes e grossos, de 
seção ovalada ou triangular (Figura 17) dirigidos para trás, para fora e para o alto 
terminando em forma semicircular ou de lira. Os olhos são arredondados, levemente 
projetados, vivos, límpidos e pretos. As orelhas são de tamanho médio e em posição 
horizontal. O corpo é simétrico e equilibrado, compacto, musculoso, profundo e de 
comprimento médio. As linhagens mais leiteiras mostram corpo mais longo e menos 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 167
musculoso. Pescoço fino, quase sem barbela. A aparência é normal quanto ao tamanho 
da bolsa escrotal e vulva, além do número de testículos e tetas, não se computando as 
tetas extranumerárias. O úbere é bem desenvolvido e amplo. Os membros são fortes, 
de comprimento médio e corretamente aprumados. 
 
 
FIGURA 17 – Exemplares da raça Mediterrânea. 
 
 
 São econômicos a aparência reveladora de saúde e vigor, constituição robusta, 
com masculinidade e feminilidade segundo o sexo, o tamanho: indicativo do 
crescimento por idade, sendo de porte médio a grande e de corpo simétrico e 
equilibrado, a conformação própria do tipo morfofisiológico misto, com prevalência 
leiteira, além de incluir exigências de aprumos normais, com cascos fortes e bem 
conformados, a aparência normal quanto ao tamanho da bolsa escrotal e vulva, além do 
número de testículos e tetas, não se computando as tetas extranumerárias. 
 
CARABAO 
 O búfalo Carabao ou "Rosilho" é originário da Indochina, no Sudoeste da Ásia, 
onde é chamado o “trator do Oriente". É a raça mais adaptada às regiões alagadas e 
pantanosas e, por isto, apresenta pelagem mais clara. Devido à rusticidade, bom 
desenvolvimento de massa muscular e membros fortes, a raça Carabao é usada para 
corte e para trabalho, tanto de tração agrícola quanto de transporte de carga e de 
sela. O temperamento é dócil, o porte é de médio a grande, a pelagem e pele têm a cor 
cinza escura ou rosilha, sendo portadores de manchas de tonalidade clara ou branca 
nas patas, no pescoço logo abaixo da mandíbula e próximas ao peito em forma de 
listras circulares e paralelas, além de tufos claros nas arcadas orbitárias superiores, 
nas comissuras labiais e no ventre. A cabeça é leve, com perfil craniano e chanfro 
retilíneos. Os chifres são longos, grandes e fortes, de seção triangular, emergindo 
lateralmente da cabeça e dirigindo-se em posição horizontal para fora e depois para 
trás e para cima (Figura 18). 
 Os olhos são arredondados, grandes, projetados, vivos, límpidos e pretos. As 
orelhas têm tamanho médio, são horizontais e, em geral, cobertas de pelos longos e 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 168 
claros. O corpo é musculoso e um tanto cilíndrico, sem depressões, simétrico e 
equilibrado. A conformação e o tipo são para corte. Os aprumos são normais, com 
cascos fortes e bem conformados. A aparência é normal quanto ao tamanho e forma 
da bolsa escrotal e vulva, além do número de testículos e tetas, não se computando as 
tetas extranumerárias. Os membros são vigorosos, relativamente leves e 
corretamente aprumados. 
 São econômicos a aparência reveladora de saúde e vigor, a constituição 
robusta, com masculinidade e feminilidade segundo o sexo, o tamanho indicativo do 
crescimento por idade, sendo de porte médio para grande e de corpo simétrico e 
equilibrado, conformação própria do tipo morfofisiológica, de corte, além de incluir 
exigências de aprumos normais, com cascos fortes e bem conformados, aparência 
normal quanto ao tamanho e forma da bolsa escrotal e vulva, além do número de 
testículos e tetas, não se computando as tetas extranumerárias. 
 
 
FIGURA 18 – Búfalos Carabao de pelagem cinza a esquerda, rosilho albinóide a direita 
e abaixo, chifres com saída para fora, para trás e para cima. 
 
 
BÚFALO TIPO BAIO 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 169
 Os animais do Tipo Baio (Figura 19) têm algumas semelhanças com o búfalo 
nativo da região nordeste da Índia descrito como Bubalus bubalis, variedade fulvus 
sem haver, no entanto, nenhuma comprovação científica disso. A coloração baia ou 
pardacenta ou café com leite, é que define à denominação “Tipo Baio” pela qual é 
conhecido. Quanto a sua entrada no Brasil, alguns autores creditam sua origem a um 
rebanho importado pela antiga Usina Leão, em Alagoas. No momento, estão agrupados 
como subespécie Bubalus bubalis fulvus, mas a grande semelhança com animais da raça 
Murrah faz supor que podem pertencer ao mesmo grupo genético, ou seja, Bubalus 
bubalis bubalis. Esses animais na Índia são considerados uma variedade da raça 
Murrah com a qual têmmuita semelhança fenotípica (formato do corpo, chifre, perfil 
da cabeça), diferindo apenas na coloração da pelagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 19 – Exemplares de búfalos do tipo baio. 
 
 
 Em trabalho conduzido por Albuquerque et al. (2006) a fim de estimar a 
variabilidade genética por marcadores moleculares entre e dentro dos cinco grupos de 
bubalinos criados no Brasil observaram que são geneticamente distintos e concluem 
pela necessidade de conservação, especialmente, dos grupos Carabao e Baio por 
correrem risco de extinção e que a maior divergência foi observada entre os grupos 
Jafarabadi, tipo Baio e Carabao (Tabela 5). 
 Entre as raças com registro oficial na ABCB são indicadas as características 
econômicas resumidamente de cada uma: conformação própria do tipo 
morfofisiológico de corte na raça Carabao, tipo morfofisiológico misto na raça 
Jafarabadi, tipo misto com tendência leiteira na raça Mediterrânea e tipo misto com 
prevalência leiteira na raça Murrah. 
 
 
 
 
TABELA 5 – Porcentagem da variabilidade genética entre os pares de grupos 
genéticos, estimada pela análise de variância molecular. 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
 170 
 
GRUPOS 
GENÉTICOS 
Baio Carabao Mediterrânea Murrah 
Carabao 26,55 
Mediterrânea 30,95 40,19 
Murrah 20,42 26,01 24,60 
Jafarabadi 19,80 27,36 29,95 18,43 
 
 
BÚFALO BRASILEIRO 
 A formação do búfalo brasileiro foi proposta pelo zootecnista João Carlos 
Aguiar de Mattos a fim de incentivar o interesse dos bubalinocultores em promover o 
cruzamento entre as raças criadas no Brasil, de forma a evitar os males dos 
cruzamentos consanguineos e obter maior produtividade nos rebanhos comerciais, 
através do "choque de sangue", e da própria "somatória" das virtudes pertinentes às 
raças envolvidas no cruzamento. As exigências propostas para o registro oficial dos 
indivíduos seriam a descorna (Figura 20) e o desempenho produtivo em carne ou leite 
superiores a índices mínimos estabelecidos. 
 Este grupamento ainda não se efetivou como população e ainda está na forma. 
A proposta de padrão racial é a seguinte: cabeça com perfil craniano convexo, chanfro 
de retilíneo a sub-côncavo e chifres ausentes por descorna, sem batoque ou escaras 
córneas. Olhos arredondados, levemente projetados, vivos, límpidos e pretos, orelhas 
de tamanho médio em posição horizontal, pelagem com forte correlação entre a cor 
dos pêlos e da pele em todo o corpo, sendo pretos os pêlos e a pele. A cor preta 
estende-se também aos cascos, ao espelho nasal e às mucosas aparentes. A aparência 
deve ser reveladora de saúde e vigor, constituição robusta, com masculinidade e 
feminilidade segundo o sexo. O tamanho deve ser indicativo do crescimento por idade, 
sendo de porte médio a grande e de corpo simétrico e equilibrado. Conformação 
própria do tipo morfofisiológica misto, com tendência leiteira, além de incluir 
exigências de aprumos normais, com cascos fortes e bem conformados. Aparência 
normal quanto ao tamanho da bolsa escrotal e vulva, além do número de testículos e 
tetas, não se computando as tetas extranumerárias. O temperamento deve ser dócil, 
superior em controle ponderal para fêmeas e elite para machos, quando tratar-se de 
animais selecionados para produção de carne. Superior o elite em controle leiteiro 
para fêmeas e filhos de fêmeas de elite para machos, quando tratar-se de animais 
selecionados para a produção de leite. 
 
Exterior e raças de bovinos e bubalinos 
 171
 
FIGURA 20 – Exemplares de búfalos descornados designados de Brasileiros. 
 
 
CARACTERÍSTICAS PERMISSÍVEIS PARA TODAS AS RAÇAS 
 Para efeito de registro na ABCB são permissíveis a cabeça pesada ou 
assimétrica, a pelagem preta com nuance castanha escura, pequena mancha branca na 
fronte, desde que com pele preta, pêlos brancos isolados e raros no corpo, cauda 
desviada com inserção anormal, vassoura da cauda branca (Figura 21) ou ausência de 
vassoura, pequenas manchas claras nos chifres, chifres de direção quase retilínea ou 
chifres flutuantes na raça Jafarabadi, chanfro de perfil levemente convexo ou sub-
convexo nas raças Carabao e Mediterrânea, chanfro torto ou desviado, curto ou 
excessivamente comprido, acarneirado, ganacha em bico, cegueira unilateral, espáduas 
de inserção levemente imperfeitas, claudicação leve, manqueira leve (de aparência 
permanente ou temporária), joelhos dilatados, maus aprumos posteriores nas fêmeas, 
quartelas fracas e evidência de artrites ou câimbras, temperamento nervoso, sem ser 
bravio, ancas desniveladas, estreitas ou caídas, garupa curta, caída e cortante, sacro 
saliente, costelas planas sem arqueamento, nádegas sem musculatura definida no 
macho, nádegas sem desenvolvimento na fêmea, corpo em geral de grande estatura. 
Espádua magra e sem musculatura nos machos, espádua grossa e muito carnuda com 
depósito de gordura nas fêmeas, espádua saltada ou proeminente, peito magro sem 
desenvolvimento muscular nos machos, peito grosso e cheio, inclinado para frente e 
para baixo nas fêmeas, garrote sem musculatura nos machos, garrote com evidência 
protuberante das vértebras torácicas e depósito de gordura nas fêmeas, braço 
delgado sem musculatura no macho ou musculoso na fêmea, canelas dos anteriores 
compridas e grossas, bolsa escrotal pequena ou bipartida. Leite anormal, com sangue, 
grumos, pus ou aguado, um ou mais quartos pequenos, tetas obstruídas, zonas duras e 
com fendas, fraca ligação do úbere e má implantação do úbere. Deformidade ou 
ferimentos de caráter temporal que não afetam a utilização do animal. 
Victor Cruz Rodrigues – DRAA/IZ 
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FIGURA 21 – Vassoura da cauda branca, característica tolerável em bubalinos para 
fins de registro na ABCB. 
 
 
CARACTERÍSTICAS DESCLASSIFICATÓRIAS PARA TODAS AS RAÇAS 
 São características desclassificantes a debilidade constitucional ou orgânica, 
pelagem branca ou clara ou grandes manchas brancas, ausência de chifres, chifres 
brancos, chifres fora do padrão, prognatismo, inhatismo, lábio leporino, pele 
despigmentada, focinho despigmentado, cegueira bilateral, olhos gázeos ou 
despigmentados, olhos proeminentes, olhos oblíquos ou quase fechados, órgãos de 
reprodução anormais, criptorquídeos, monorquídeos, hipoplasia testicular, hérnia, 
sérios defeitos de aprumos, claudicação grave, manqueira com interferência nas 
funções do animal, maus aprumos posteriores nos machos, unhas ou cascos brancos ou 
rajados, tórax acoletado, feminilidade de macho, pescoço anovilhado, virilidade de 
fêmea, pescoço grosso e musculoso, vulva atrofiada e despigmentada, clitóris super 
desenvolvido, úbere com um ou mais quartos perdidos, temperamento bravio e outras 
malformações hereditárias ou adquiridas e sinais de cirurgia. Podem ser 
desclassificados os indivíduos que não atenderem as características econômicas. 
 
ESCORE CORPORAL EM BÚFALAS 
 Para a condição de escore corporal em búfalas, os princípios são os mesmos 
utilizados em bovinos no que ser refere aos objetivos, às fases por que passam os 
animais, aos locais de observação visual e de palpação e à escala de pontuação.

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