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Análise da implantação da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio e seu potencial elétrico estudo de caso

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ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE SANTO ANTÔNIO E SEU POTENCIAL ELÉTRICO: ESTUDO DE CASO BARROS, Ramom; MENEZES, Leonardo1; RESUMO  O presente artigo vem no intuito de demonstrar como deu-se a implantação da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), localizada na cachoeira do rio Madeira, a 10km da cidade de Porto Velho (capital de Rondônia), segundo ANEEL (2008). E, também, analisar, por meio de documentos, livros, catálogos e informações digitais, de que maneira o potencial elétrico instalado de 3.590,5MW é gerado pelas 50 turbinas do tipo Bulbo, as quais são indicadas exatamente para esta situação, na qual o rio em questão não dispõe de uma queda d’água alta, mas possui uma vazão que chega até 36.200 m³/s. Pretende-se, também, analisar o processo de licença ambiental e mostrar as características desta usina que opera com a utilização de reservatório, mas pode ser considerada do tipo fio d’água, pois o volume que chega é o mesmo que sai do outro lado da barragem, uma inovação para a exploração desse tipo de recurso, que busca um baixo impacto na natureza que o cerca, de acordo com CARVALHO (2011). Palavras-chave: Santo Antônio; PAC; Bulbo; potencial elétrico; reservatório; fio d’água. 1 INTRODUÇÃO Sabe-se que a energia elétrica é sinônimo de progresso desde que foi descoberto como produzir e distribuir a sua geração. E, no Brasil não poderia ser diferente, devido a sua extrema capacidade hídrica. Mas, para que haja um crescimento industrial energético sem gerar ônus desnecessários para o governo e, consequentemente, para a população, é necessário que os dados fornecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) sejam bem analisados, além da tomada de medidas a médio e longo prazo para a devida exploração desse potencial. Segundo a ANEEL (2008), o Brasil consumiu mais de 100 mil MW em potência instalada (sendo 75% de fonte hídrica) no ano de 2007. Levando em consideração os mesmos dados, notou-se que 30% do potencial hídrico do país foi aproveitado até final do mesmo ano. Com isso, abriu-se o leque de rios que precisam ser devidamente analisados para uma implantação correta de uma usina que não agrida o meio ambiente, se isso for possível, ou que haja um mínimo de impacto ambiental que respeite as normas já estabelecidas pelos órgãos competentes que integram o Sisnama (Sistema Nacional de Meio Ambiente, criado pela Lei nº6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto 99.274, de 06 de junho de 1990), de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, são eles: a) Órgão Superior: O Conselho de Governo; b) Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA; c) Órgão Central: O Ministério do Meio Ambiente – MMA; d) Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; e) Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; f) Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições. Para se instalar uma usina hidrelétrica de grande porte, em um determinado rio do Brasil, é preciso que o projeto aborde não só a contribuição energética para o SIN (Sistema Interligado Nacional), mas que inclua também as possíveis degradações e intervenções ao meio ambiente que cerca o projeto como um todo, desde a sua instalação (transporte e armazenamento do material, canteiro de obras, alojamento para funcionários, alagamento de áreas para o reservatório, construção da barragem) até a sua operação. Esses projetos, geralmente, contam com medidas socioeconômicas, tais como: remanejamento da população das áreas alagadas, provimento de hospitais, escolas e melhoramentos na infraestrutura das cidades afetadas. Além disso, deve-se estabelecer um programa de reflorestamento das espécies que foram submersas pelo reservatório, assim como, primar pela preservação das espécies de animais que habitam tais áreas e que também foram afetadas pelo projeto hidrelétrico. Tomando esses cuidados e fazendo os planejamentos necessários, exigidos pelos governos federal e estadual, os responsáveis pela implantação de tal empreendimento obterão sem problemas as licenças necessárias para o início do projeto, seguindo o fluxograma a seguir, caso não haja impedimento legal: 
 
1 Alunos do 5º Ano de Engenharia Mecânica – Estácio Belém – Pará, 2016. 
2 
 Fig. 01. Fluxograma de obtenção de licença para o início das obras de implantação de uma usina hidrelétrica. 
Fonte: CRUZ, 2016 (adaptado pelos autores). Por meio da Fig. 01, pode-se entender o caminho percorrido pelo PAC e seus parceiros para que a UHE Santo Antônio pudesse ser implantada. Tendo em vista que este processo não é rápido, faz-se necessário observar que os estudos prévios, obrigatoriamente, vêm antes da Expedição de licença para a exploração de potencial hídrico para a geração de energia elétrica, pois eles abordam a questão da viabilidade potencial das futuras instalações da usina (principalmente altura de queda e variação de vazão do rio), para que, então, possa ser feito o projeto de implantação levando em consideração esses pontos somados com os de impacto ambiental na região para a confecção do Projeto Básico, só então que o mesmo será analisado em sua totalidade e estudados todos os tipos de consequências possíveis para este tipo de empreendimento na natureza (fauna e flora) e junto à sociedade local, de acordo com CRUZ (2016). 2 REFERENCIAL TEÓRICO Antes mesmo da divulgação dos dados otimistas da ANEEL (2008), os quais diziam que o potencial energético do país iria exigir mais produção de energia (de qualquer fonte), em virtude do aumento da demanda a partir de 2010 (e eles estavam certos), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) juntamente com grupos de investidores, de acordo com WIKIPÉDIA (2008): Odebrecht Energia do Brasil, SAAG Investimentos, Furnas Centrais Elétricas, Cemig e Caixa FIP Amazônia Energia, já tinham demandado que um estudo prévio fosse feito para a checagem do potencial elétrico do rio Madeira, entre 2001 e 2006, porém eles só firmaram contrato de implantação e concessão da energia que seria produzida na futura UHE Santo Antônio em 2007. Depois de tudo aprovado, as obras começaram em setembro de 2008. Este acordo foi firmado com um investimento inicial de mais de R$9 bilhões, valor que foi ultrapassado antes do início de seu funcionamento, fechando em pouco mais de R$15 bilhões, de acordo com CARVALHO (2011). De acordo com Santo Antônio Energia (2013), os estudos que foram realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para a confecção do Projeto Básico (entre 2001 e 2006), mostraram que a construção de uma usina hidrelétrica no complexo do rio Madeira, próximo à cidade de Porto Velho, cerca de 10km de distância, era inteiramente viável e, acima de tudo, rentável. O argumento muito utilizado pela concessionária Santo Antônio Energia responsável pelo projeto em questão era o de que o rio já possuía um volume de água muito grande e, além disso, nele ocorriam períodos de cheia que alagavam as áreas de florestas e 10m de margens de áreas não habitadas. Como descrito a seguir: 
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 “Para implantação da usina foi necessário um intenso planejamento o qual conduziu a vários estudos de engenharia visando que os impactos na construção da usina fossem os menores possíveis. Sendo assim a barragem da UHE Santo Antônio terá queda baixa; será usada turbinas tipo Bulbo adequadas para as condições locais, não exigindo grandes reservatórios, mas sim grandes volumes e velocidade d’água. As áreas que serão inundadas pelo reservatório serão praticamente as mesmas já inundadas durante as cheias anuais do rio Madeira. A aprovação destes estudos pela Agência Nacional de Energia Elétrica– ANEEL constataram a viabilidade técnica do empreendimento energético”, segundo o Ministério de Minas e Energia (2009, p.09). Tendo em vista esses impactos, pode-se dizer que vários cuidados foram tomados para que o Projeto Básico fosse aprovado, respeitando e se adequando às normas brasileiras de proteção ao meio ambiente. As adequações referem-se, uma delas, à Nota Técnica da Agência Nacional de Águas – ANA (Resolução nº167) que trata da condição da operação a fio d’água para fins de proteção de área urbana de Jaci-Paraná, em decorrência das cheias que ocorrem na região, as quais elevam a vazão do rio em até 52.775m³/s. Esta Resolução obrigou a usina a fazer uma redução do nível da água no reservatório, como consequência das oscilações do regime hídrico, de acordo com Santo Antônio Energia (2013). Mas nem tudo correu tão bem para a sua implantação, o IBAMA, por meio do seu Despacho nº55/2012, solicitou a complementação do projeto, no que tange aos: “Impactos de adensamento, aprisionamento e/ou afogamento de fauna em porções de terra onde há inundações periódicas. Em relação aos mapas apresentados, o empreendedor não apresentou considerações sobre os impactos de adensamento, aprisionamento e /ou afogamento de fauna em porções de terra onde há inundações periódicas. Embora possa ser considerado um efeito estocástico, o empreendimento instalado alterou a paisagem e a dinâmica de distribuição espacial. A fauna contida em ambientes que apresentam uma restrição devido aos pulsos de inundações está sujeita a impacto, como: afogamento de fauna, aprisionamento de fauna, adensamento de espécimes, restrição ao acesso de determinados recursos, aumento de interações agonísticas entre grupos, entre outros”, Santo Antônio Energia (2013, p.50-51). Com a exigência dessa complementação, a Santo Antônio Energia redigiu a sua argumentação, baseada nos seus levantamentos de dados, dizendo que: “Desde o início, a formação do reservatório foi definida como principal impacto sobre a fauna terrestre. Entretanto, durante o enchimento do reservatório até a cota 70,2m, verificou-se que o risco de adensamento, aprisionamento e /ou afogamento sobre a fauna terrestre não foi significativo e os dados obtidos no resgate de fauna, corroboram esta afirmação. Em 22/02/2012, observou-se uma diminuição significativa de animais resgatados. Mesmo assim, as vistorias no reservatório com equipes de resgate embarcadas foram mantidas. A FIGURA 8, apresentada a este Instituto no primeiro e no segundo Relatório de Acompanhamento dos Programas Ambientais após emissão da Licença de Operação – LO, de maio e de outubro de 2012 (protocolados junto ao IBAMA, respectivamente, por meio das correspondências SAE/PVH 0316/2012 e 0872/2012), foi atualizada até dezembro de 2012. Nesta é possível apreciar que desde fevereiro de 2012 houve estabilização da curva de acumulação total de animais resgatados”, Santo Antônio Energia (2013, p.51). Fig. 02. Acumulação total de animais resgatados (referente à FIGURA 8 citada acima). 
Fonte: Santo Antônio Energia (2013, p.52). 
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Tabela 1. O caminho de desenvolvimento do Projeto Base. 
Procedimentos Responsável Objetivos 
EIA – Estudo de Impacto Ambiental. 
Equipe multidisciplinar formada por: engenheiros, geógrafos, biólogos, economistas, dentre outros. 
Prever e avaliar a interação do empreendimento com a região onde será instalado. 
Para direcionar o EIA, são definidas as áreas que influenciam a implantação de uma UHE 
ADA – Área Diretamente Afetada 
A mesma equipe, porém, não é um grupo fechado. 
1. Analisar a área inundada pela formação do reservatório, juntamente com a Área de Preservação Permanente – APP; 2. Identificar as perdas de animais e plantas na área inundada; 3. Indicar as medidas mitigatórias e compensatórias para os meios: físico e socioeconômico. 
AID – Área de Influência Direta 
Auxiliar a ADA e analisar as áreas adjacentes que são diretamente afetadas pelos impactos decorrentes da existência do empreendimento. 
AII – Área de Influência Indireta 
1. Analisar as áreas que podem ser potencialmente atingidas pelos impactos indiretos causados pela usina; 2. Diminuir o ônus e a abrangência dos impactos sobre os meios: biótico, abiótico e socioeconômico. 
AAR – Área de Abrangência Regional 
1. Contextualizar a pesquisa nos três meios para o levantamento dos sinergismos entre os vários impactos de outros empreendimentos, realizados na mesma bacia hidrográfica; 2. Verificar as demandas sobre os recursos ambientais e sobre as infraestruturas sociais existentes. Após o estabelecimento das áreas 
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental. 
A mesma equipe, porém, não é um grupo fechado. 
1. Motivar a elaboração de parecer técnico do órgão licenciador; 2. Apresentar as conclusões do EIA e apresentar mapas, gráficos, tabelas, fotografias, vídeos, etc. 
Após a RIMA, 3 Licenças são concedidas pelo órgão licenciador: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO). 
LP 
A concessionária, no caso a Santo Antônio Energia. 
Avaliar a viabilidade da usina hidrelétrica. 
LI Liberar o início das obras. 
LO Autorizar o enchimento do reservatório e iniciar as operações da usina. Fonte: Toledo (2012), dados adaptados pelos autores. Vale ressaltar que, mesmo após todos esses procedimentos legais, o licenciamento ambiental não acaba, pois, os órgãos responsáveis continuam monitorando as atividades da usina. Uma forma desta monitoração é a renovação da LO, ou seja, sem o cumprimento do que foi estabelecido em projeto, esta licença não é renovada. Mas isso não impede que sejam feitas fiscalizações impostas por esses órgãos durante a vigência da mesma, para as devidas comprovações de direito. Em geral, esses estudos, são feitos de forma concentrada a partir da área do reservatório, em virtude da abrangência dos impactos causados por tal empreendimento. Com isso, parte-se dos possíveis danos mais críticos para os mais brandos, reduzindo o esforço à medida que se afasta da ADA, até a análise integrada de AAR. É importante dizer que, para este projeto, a ADA estabeleceu as áreas de 500m em cada margem do rio Madeira como APP, excetuando-se algumas situações como: a) o primeiro trecho do reservatório (282,5m); b) imóveis da zona rural (100m), para aqueles próximos à Cachoeira de Teotônio (30m); c) áreas próximas ao reservatório (100m). Com isso, a Área de Preservação Permanente corresponde a 29.768,3110ha, já com os cálculos do remanso de 38.550m³/s, levando em consideração a cota do reservatório de 71m. Desta APP, 3.481,2259ha foram adquiridos por meio de indenização de 110 famílias, no total de 278 pessoas (entre proprietários e agregados), seguindo as normas de avaliação imóveis rurais e urbanos (ABNT), para que o Plano de Trabalho de Resgate de Fauna, o Projeto Básico Ambiental – Madeira Energia 2009 (para o inventário da flora) e o Programa Complementar de Comunicação Social e Saúde pudessem ser implantados de acordo com a LO (com o objetivo de estreitar as relações entre a sociedade e a concessionária, assim como, também, promover ações sociais na comunidade de Porto Velho e arredores), dados recolhidos e compilados de Santo Antônio Energia (2013). 
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3 MATERIAIS E MÉTODOS 
Imagem 01. UHE Santo Antônio em funcionamento, em 2016. Fonte: http://www.rondoniaovivo.com/noticia/uhe-santo-antonio-comemora-a-marca-de-quatro-milhoes-de-megawatts-horas-gerados/109541 Os materiais e métodos utilizados para a realização deste estudo de caso foram as pesquisas e dados bibliográficos coletados de diferentes fontes, tendo em vista a extrema dificuldade de se obter, em um só documento, todos os dados técnicos necessários referentes às características de engenharia da UHE Santo Antônio. A partir disso, pôde ser contemplado um claro e objetivo entendimento de seus efeitos, na área da geração de energia elétrica, pois, sabe-se que a metodologia para este tipo de estudo deve ser baseada em conhecimentos técnicos fundamentadosem estudos físico-matemáticos, viabilidade econômica, geológica, ambiental, social, assim como práticas para sua construção física, de acordo com CRUZ (2016). Ou seja, basicamente para que esta usina fosse capaz de funcionar, foi necessária a criação de uma barragem, para a tomada d’agua, construção de canais adutores (ou adutoras), vertedouros e turbinas do tipo Bulbo. 3.1 Barragem 
Imagem 02. Barragem da UHE Santo Antônio em construção, em setembro de 2014. Fonte: http://www.cabovivo.com.br/2014/09/obra-da-hidreletrica-santo-antonio-ja-demitiu-440-so-esta-semana/ 
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Normalmente, uma barragem de hidrelétrica é construída para criar um desnível considerável de altura entre a montante e a jusante, para que ocorra a captação e condução da água através das tubulações (adutoras) até a turbina. Um dos propósitos da concentração de água do rio é justamente para aumentar o desnível e assim produzir uma queda com maior energia potencial. O outro seria elevar o nível do rio para permitir a captação de água pela tomada d’água, ou criando um reservatório capaz de regularizar a vazão do rio, segundo SCHREIBER (1978). Contudo, no caso da UHE Santo Antônio, optou-se por uma barragem curta (com uma área alagada de 271km²), devido à vazão do rio ser alta, aproximadamente de 36.200m³/s, portanto a usina utilizou as turbinas do tipo bulbo na posição horizontal onde sua força se origina na vazão do rio, aproveitando a queda d’água de aproximadamente 16m. Com isso, a barragem foi construída na Ilha do Presídio, a 10km da cidade de Porto Velho, no Estado de Rondônia, no intuito de criar um reservatório que utiliza 71,3m, seguindo a Regra Operativa determinada pela ANA e descrita na Nota Técnica 69/2012, porém, só está utilizando 71m. 3.2 Tomada d’agua É a partir da tomada d’agua que começa a captação da água propriamente dita, a qual é conduzida para o interior das adutoras até a turbina. Ela pode ser utilizada como reguladora de vazão, e proteger as adutoras de possíveis corpos estranhos transportados pelo rio, pois, possui três componentes: grade de proteção; a comporta, que faz o controle do fluxo de água nos condutos; e o tubo de aeração, que evita a formação de depressões no interior das tubulações, segundo SOUZA (1983, apud MUNHOZ, 2015). 3.3 As adutoras O sistema de adutoras é responsável para a condução da água proveniente do desnível da barragem para a turbina, para que ocorra a geração de energia elétrica. 3.4 Vertedouro Imagem 03. Visão do Vertedouro 3 da UHE Santo Antônio. Fonte: http://www.santoantonioenergia.com.br/tecnologia/galeria-de-fotos-tecnologia/ Consiste em um canal construído artificialmente, com a finalidade de conduzir a água de forma segura através de uma barreira, servido como sistema de escape, impedindo a passagem da água por cima da barragem quando ocorrem chuvas ou aumento da vazão, ou seja, é uma construção da barragem utilizada para segurança da usina em momentos que ocorram vazões além dos seus limites, sendo que a água em excesso é descartada. O estudo da capacidade de vazão do vertedouro foi efetuado reavaliando o coeficiente de vazão do estudo de viabilidade da UHE Santo Antônio, utilizando a metodologia do United States Department of the Interior – Bureau of Reclamation, segundo Santo Antônio Energia (2013). A ogiva vertente foi definida para uma carga de projeto de 16,50m como no estudo de viabilidade, que corresponde a 3/4 da carga máxima esperada na cheia de projeto. O coeficiente decorrente da carga sobre o vertedouro e a altura do paramento de montante, inclinado a 45º, resultou no valor de 2,11. As pressões negativas esperadas sobre a ogiva vertente por ocasião da cheia de projeto são inferiores a 0,1 MPa (1 kgf/cm²), que, por se tratar de um caso excepcional, são consideradas aceitáveis. O vertedouro possui 18 vãos, divididos em: principal, com 15 vãos e complementar, com 3. A capacidade de descarga chega a uma vazão da ordem de 84.000 m³/s, com o nível de água máximo no reservatório pouco abaixo da elevação 72,00m. Na 3ª etapa da construção, o 
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desvio do rio pelo vertedouro, foi prevista uma vazão para tempo de recorrência de 400 anos (Q = 58.589 m³/s), que é equivalente ao risco assumido durante a vida útil da usina para uma cheia de tempo de recorrência de 10.000 anos. E, ainda, para a vazão de desvio do rio, o vertedouro foi redimensionado e verificada a necessidade de quatro vãos rebaixados, com elevação de 44,00m, para passar essa cheia, de acordo com dados coletados do Ministério de Minas e Energia (2009). 3.5 Turbinas A turbina é o principal equipamento gerador de energia, onde a máquina utiliza a energia da pressão associada com energia cinética advinda do movimento da água causada pela altura da barragem e também pela vazão do rio, e assim gera eletricidade. Para compreender melhor, a turbina hidráulica se define como: “máquina com a finalidade de transformar a maior parte da energia de escoamento contínuo da água que a atravessa em trabalho mecânico. Consiste, basicamente, de um sistema fixo hidráulico e de um sistema rotativo hidromecânico destinados, respectivamente, à orientação das águas em escoamento e à transformação em trabalho mecânico”, segundo BRAN e SOUZA (1969, apud MUNHOZ, 2015, p.30). As turbinas do tipo bulbo ainda não participaram de um projeto tão grandioso como o da UHE Santo Antônio, pois não dependem de grandes quedas para a sua utilização, o que é de extrema utilidade para o projeto, já que o rio Madeira não possui desníveis acentuados para o uso das turbinas do tipo Francis ou Kaplan de eixo vertical, ao invés disso, o rio apresenta uma vazão propícia para a implantação de unidades geradoras do tipo Bulbo, a qual “é composta por uma turbina hidráulica Kaplan de eixo horizontal acoplada a um gerador síncrono também horizontal que se encontra dentro de uma cápsula metálica estanque (bulbo) totalmente imersa no fluxo hidráulico. Como o gerador elétrico e os mancais encontram-se enclausurados, os espaços disponíveis para circulação e manutenção dentro da unidade são exíguos, exigindo das equipes de montagem, operação e manutenção, uma atenção especial quanto ao planejamento das intervenções”, Revista FURNAS (ANO XXXI, nº 318, março/2005, p.20). Fig.03. Unidade geradora – corte transversal. Fonte: REAL (2013, p.7), http://www.academia.edu/5315106/Turbinas_Bulbo Tabela 2. Componentes principais de um grupo Bulbo. Número Componente Número Componente 1 Cápsula ou Bulbo 6 Tubo de Acesso à Turbina 2 Tubo de Acesso ao Gerador 7 e 9 Mancais 3 Câmara de Adução 10 Distribuidor 4 Sistema de Óleo do Rotor 11 Pás do Rotor 5 Gerador Síncrono 12 Cone ou Ogiva 
6 e 8 Estruturas de Sustentação e Pré-distribuidor 13 Cubo 14 Tubo de Descarga Fonte: REAL (2013, p.8), http://www.academia.edu/5315106/Turbinas_Bulbo 
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Embora as turbinas do tipo Bulbo sejam geralmente empregadas em usinas hidrelétricas de médio e pequeno porte, no início da década de 90, o Japão desenvolveu uma unidade geradora de 65,8MW, com uma queda de 19,8m e diâmetro do rotor igual a 6,7m. Com a instalação da Usina de Jirau (75MW) e Santo Antônio (71,81MW), o Brasil passou a deter a maior capacidade de unidade de Bulbo instalada no mundo. Este tipo de turbina foi escolhido devido ao seu fluxo ser axial, pois minimiza as perdas de energia, e pode operar como descarregador de até 70% da vazão nominal. Com isso, uma das exigências dos órgãos de fiscalização ambiental que era a maneira do escoamento das águas provenientes das enchentes foi atendida. A partir dessa escolha, a usina também ganhou agilidade na montagem, o que possibilitou a entrada de uma turbina em operação permanente em 28 de novembro de 2011. Tal projeto, de caráter inovador, fez com que a concessionária Santo Antônio Energia se preparasse para a formação de equipes especializadas em montagem, operação e manutenção dessas unidades geradoras do tipo Bulbo, de acordo com a Revista FURNAS (março/2005). Imagem 04. Potênciada UHE Santo Antônio reconhecida pela ANEEL (em: 18/04/2016). Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS. 4 ANÁLISES DOS CÁLCULOS REALIZADOS Como este trabalho é um estudo de caso inteiramente voltado para como deu-se a implantação da UHE Santo Antônio, seus possíveis impactos ambientais e a potência gerada pela mesma, vale ressaltar que os cálculos já foram realizados e analisados pela equipe técnica da Santo Antônio Energia, os quais devem constar no Projeto Básico da usina. Portanto, serão mostradas as etapas necessárias para a elaboração dos cálculos, de acordo com dados recolhidos de TOLMASQUIM (2007) e REAL (2013): 1. Levantamento das características físicas e químicas do fluido de trabalho; 2. Recolhimento de dados referentes às características do ambiente e local de instalação; 3. Detalhamento das características operacionais; 4. Reconhecimento da(s) queda(s) (H); 5. Medição das vazões (histórico) (Q); 6. Conhecer a altura do nível d’água da jusante; 7. Dominar o sistema de turbinas do tipo Bulbo; 8. Dimensionamento: 8.1. Potência útil; 8.2. Velocidade específica; 8.3. Diâmetro externo do rotor; 8.4. Diâmetro do cubo; 8.5. Seção livre de passagem de água pela turbina (área entre o cubo e a extremidade da pá); 8.6. Velocidade meridiana (Vm); 8.7. Determinação do número de pás pela H; 8.8. Passo entre as pás, medido na circunferência de raio médio (Rm); 8.9. Comprimento das pás (L); 8.10. Velocidade periférica média (U); 8.11. Rendimento hidráulico (Ɛ); 8.12. Componente periférica da velocidade absoluta; 8.13. Traçado do diagrama das velocidades: 8.13.1. Ângulo β1; 8.13.2. Ângulo β2; 
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8.13.3. Ângulo β00; 8.13.4. Velocidade relativa (W00); 8.14. Cálculo do coeficiente de portança (Ca); 8.15. Ângulo de ataque (α); 8.16. Ângulo do perfil. Após vencidas todas essas etapas, chega-se à tabela abaixo: Tabela 3. Dados técnicos de geração de energia da UHE Santo Antônio Energia. Itens Especificações Tipo de turbina utilizada Bulbo de eixo horizontal Tipo de rotor Kaplan (ØR = 8,15m) Potência normal de cada turbina 71.81 kW Número de unidades geradoras 50 Capacidade total de saída 3.590,5 MW Queda líquida máxima sob condições extremas ~24 mca Queda líquida de projeto (sob melhor rendimento) 15,9 mca Queda de referência 13,9 mca Velocidade Síncrona 81,8 rpm Velocidade de disparo máxima 164 rpm (on cam); 245 rpm (off cam) Rendimento máximo previsto ~96% Vazão de projeto da turbina (sob rendimento máximo) 561 m³/s Peso total estimado do fornecimento de uma turbina ~700 a 900t Relação bulbo x rotor R = DB/DR = 1,11 Número de pás do rotor (considerado) 5 pás móveis Distribuidor do tipo móvel (considerado com) 18 palhetas diretrizes Peso do rotor da turbina completo com óleo (estimado) 108 a 120t Peso total do conjunto turbina e gerador 1227t Fonte: De acordo com dados coletados de TOLMASQUIM (2007). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo propôs mostrar as principais etapas técnicas e legais para a devida implantação da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, localizada na Ilha do Presídio (a 10km de Porto Velho, Rondônia), a qual iniciou as suas operações em 28 de novembro de 2011, quando ativou a sua primeira turbina do tipo Bulbo. Tal usina não se encontra em sua plena atividade, pois, enfrentou diversos problemas trabalhistas ao longo dos anos, o que atrasou um pouco o seu cronograma de ampliação, que acrescentou mais 6 turbinas ao projeto original, totalizando as 50 anteriormente ditas. Contudo, a 50ª turbina ainda não está sequer no lugar, mas a sua instalação está prevista para este ano e, até o fim de 2016, espera-se que a usina esteja operando em sua capacidade máxima, utilizando todas as suas turbinas. Como foi visto no decorrer deste, os trâmites legais, se não tratados de forma bastante séria, podem gerar uma série de problemas jurídicos que impossibilitarão a continuidade do projeto. Por isso, é importante que se forme uma equipe técnica multidisciplinar, assim como a que foi formada pela concessionária, para que ela antecipe os possíveis problemas, até mesmo utilizando modelos de qualidade total, pois, eles poderão ser de grande ajuda no levantamento de possíveis falhas e tomadas de decisões. Na parte da engenharia, encontra-se o dimensionamento propriamente dito, em relação à escolha da turbina, mas, de acordo com o exposto, viu-se que o engenheiro mecânico responsável nunca atua sozinho nesta situação de implantação, muito pelo contrário, ele depende de dados coletados por outros profissionais para que, posteriormente, possa efetuar os seus cálculos e discuti-los em reuniões. Sem falar nos outros engenheiros: civis, elétricos, de produção, materiais, etc. O trabalho alcança aqui os seus objetivos propostos, mas com o sentimento de que não se explorou tudo que a Santo Antônio Energia propôs, pois, a dificuldade enfrentada para a reunião de dados em um curto período de tempo foi a principal barreira para uma abordagem mais detalhada e melhor comentada dos tópicos abordados aqui. Entretanto, as fontes de pesquisas estão à espera de novos pesquisadores para, quem sabe, dar continuidade nos temas que foram pouco explorados. Mas, o que não poderia deixar de ser lembrado é o fato de que, durante as pesquisas, todas as fontes abertas na Internet, fora da esfera do Governo Federal, destacaram a UHE Santo Antônio (assim como a de Jirau) como uma nova era de exploração da energia elétrica, pela preocupação sem precedentes com os possíveis impactos ao meio ambiente, qualidade dos seus projetos e competência nas suas execuções. 
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REFERÊNCIAS ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de energia elétrica do Brasil. 3ª Ed. – Brasília: Aneel, 2008. 236 p.: il. ISBN: 978-85-87491-10-7. CARVALHO, Pedro. Brasil inaugura nova era de geração hidrelétrica na Amazônia. Texto em formato digital tipo reportagem. São Paulo, 2011. Disponível em: http://economia.ig.com.br/brasil-inaugura-nova-era-de-geracao-hidreletrica-na-amazonia/n1597417970221.html Acessado em: 16/04/2016. CRUZ, Roger. Sistemas energéticos: usinas de fio d’água. Texto em forma de anotações de aula. Estácio – Belém: Curso de Engenharia Mecânica. Belém, Pará, 2016. EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Estudos para licitação da expansão da geração. Ministério de Minas e Energia. Brasília, Brasil, 2007. Ministério de Minas e Energia. Atendimento as Exigências Contidas no Parecer PROGE n° 500/2008-FMM-LBTL-MP-SDM-JA – “Conflito entre atividades de exploração de recursos minerais e de geração e transmissão de energia elétrica”. Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Texto tipo relatório. 78p. Set/2009. Ministério do Meio Ambiente. O que é CONAMA? Texto em formato digital. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/estr1.cfm Acessado em: 16/04/2016. MUNHOZ, Guilherme Pawlak; MARQUES, Thiago. Estudo de turbina para implantação em uma central hidrelétrica. Universidade Tecnológica do Paraná – Departamento Acadêmico de Eletrotécnica: Curso de Engenharia Industrial Elétrica – Ênfase em Eletrotécnica. TCC. 78p. Curitiba, 2015. PAWLAK, Guilherme; MARCOS, Thiago. Estudo de turbina para implantação em uma central hidrelétrica. Trabalho de conclusão de curso. UTFPR; Curitiba, Brasil, 2015. REAL, Eduardo Corte et al. Turbina bulbo. Texto em forma de relatório. 21p. Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Centro de Tecnologia e Geociências – CTG: Departamento de Engenharia Mecânica – DEMEC. Recife, 2013. Disponível em: http://www.academia.edu/5315106/Turbinas_Bulbo Acessado em: 20/04/2016. Santo Antônio Energia. Otimização Energética da UHE Santo Antônio – Alteração do NA Máximo de Operação.190p. Março/2013. SCHREIBER, Gehard P. Usinas Hidrelétricas. Editora Edgard Blücher: São Paulo – SP, 1978. TOLEDO, Thomaz et al. Licenciamento Ambiental de Hidrelétricas. Portal de Divulgação Científica e Tecnológica. Texto em formato digital. Publicado em 04/05/2012. Disponível em: http://www.canalciencia.ibict.br/pesquisa/0248-Licenciamento-ambiental-hidreletricas.htmlAcessado em: 21/04/2016. TOLMASQUIM, Maurício Tiomno (Coord. Geral). Estudos para licitação da expansão da geração da UHE Santo Antônio (rio Madeira): estudo de viabilidade e otimização do projeto de engenharia. Ministério de Minas e Energia: Empresa de Pesquisa Energética. 37p. Brasília, 2007. WIKIPÉDIA – A enciclopédia livre. Usina Hidrelétrica Santo Antônio. Texto em formado digital. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_Santo_Ant%C3%B4nio Acessado em: 16/04/2016.

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