Estrutura administrativa colonial

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A estrutura administrativa colonial: política e relações de poder
As tensões entre dois pólos do poder: aquele exercido pelo Rei/funcionários e as Câmaras, representativas dos interesses das elites coloniais. 
Debate entre centralização e descentralização da administração colonial. Dinâmica do poder: entrelaçamentos e contradições entre as esferas pública e privada.
A expedição de Martim Afonso de Souza (1530) e a implantação do sistema de Capitanias Hereditárias (1534): 14 a 18 lotes de terra.
 - ocupação e povoamento do Brasil; 
 - defesa do território (ataques de índios e potências rivais);
 - transferir os encargos da colonização para particulares (nobres, donatários das capitanias). As capitanias eram hereditárias, intransferíveis, indivisíveis e inalienáveis. 
Instrumentos de posse da terra: carta de doação e o foral (normatização dos tributos e dos privilégios existentes nas relações entre o rei e os moradores). Atribuições dos donatários: fundar vilas, povoados, explorar o pau-brasil, garantindo o monopólio real, entre outras. Formação de um poder local.
As sesmarias (repartir). Doadas pelos capitães donatários com o objetivo de tornar produtivas as capitanias. O fracasso das capitanias. 
A implantação do Governo-Geral (1548)
Centralização da administração colonial com o objetivo de minimizar o poder local. Nomeado pelo rei para ser a autoridade administrativa, política e militar da colônia por três anos. O “juízo de residência” (averiguação da sua administração).
Assessores do governador-geral:
ouvidor-geral (autoridade máxima da justiça colonial). Responsável pela aplicação e fiscalização das leis, sobretudo em relação aos capitães-donatários. Realização de devassas (apuração de atos criminosos contra a Coroa). 
2. provedor-mor da fazenda: arrecadação e fiscalização dos impostos e taxas cobrados pela Coroa.
3. capitão-mor da costa: defesa da colônia.
 
Trecho de “O sol e a sombra”, de Laura Mello e Souza 
 A sombra, quando o sol está no zênite, é muito pequenina, e toda se vos mete debaixo dos pés; mas quando o sol está no oriente ou no ocaso, essa mesma sombra se estende tão imensamente, que mal cabe dentro dos horizontes. Assim nem mais nem menos os que pretendem e alcançam os governos ultramarinos. Lá onde o sol está no zênite, não só se metem estas sombras debaixo dos pés dos príncipes, senão também dos de seus ministros. Mas quando chegam àquelas Índias, onde nasce o sol, ou a estas, onde se põe, crescem tanto as mesmas sombras, que excedem muito a medida dos mesmos reis de que são imagens. 
 Padre Antônio Vieira 
Inspirada pela conhecida metáfora do padre Antônio Vieira sobre os paradoxos que envolviam a complexa equação entre o poder régio e as distâncias que balizavam o dilatado império português – o sol, metáfora do poder temporal do rei; a sombra, malha administrativa estendida conforme a distância que, por sua vez, distorcia práticas, tradições e ordens. 
Os sentidos da administração colonial na América portuguesa: o modo como se constituíram estruturalmente e, ao mesmo tempo, foram se tecendo, ao sabor de conjunturas e de atuações individuais, situações e personagens que obedeciam a normas e determinações emanadas do centro do poder, mas que as recriavam na prática cotidiana, tornando às vezes o ponto de chegada tão distinto do ponto de partida que, não raro, ocultava-se ou mesmo se perdia a ideia e o sentido originais (Caio Prado Jr.) 
“o mundo das colônias não pode ser visto predominantemente pela ótica da norma, da teoria ou da lei, que muitas vezes permanecia letra morta e outras tantas se inviabilizavam ante a complexidade e a dinâmica das situações específicas”.‖
 As peculiaridades das práticas do poder numa sociedade escravista. O jogo dialético entre as partes, colônia e metrópole, compreende a totalidade do sistema.