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História Contemporânea I Resumo Auxiliar AV1 Em nossas últimas aulas nos dedicamos ao estudo da consolidação da burguesia inglesa no poder. Esse processo se inicia ao final da Guerra das Duas Rosas, com a progressiva pacificação e unificação do país sob o governo dos Tudors. Com Henrique VII a estabilidade é alcançada e inicia-se um ciclo de prosperidade econômica ancorada no fortalecimento do comércio, associado às perspectivas expansionistas, típicas do mercantilismo da época. No governo de seu filho e sucessor, Henrique VIII, a despeito de sua tumultuada vida amorosa, destacamos o Ato de Supremacia, que separava definitivamente a Inglaterra da Igreja Católica e, com isso, fez que o poder ficasse inteiramente nas mãos da realeza, deslocando o eixo do poder dos nobres católicos do norte, para uma nobreza laboriosa (a agora anglicana) das frações centro-sul. Após sua morte a casa dos Tudors passará por três momentos distintos, o frágil governo de Eduardo VI que na prática era operado por regentes, o refluxo católico de Maria Tudor, e o absolutismo disfarçado de Elizabeth I. Sobre a primeira destacam-se as perseguições religiosas, aumento das taxas aduaneiras e o perigoso casamento com Felipe de Espanha. Já sobre a segunda, um momento virtuoso com a fundação de colônias no além-mar, um primeiro e forte cercamento dos campos, a vitória sobre a "Invencível Armada" espanhola, a intensificação do corso e da pirataria e a habilidade em praticar um absolutismo disfarçado, baseado nas boas relações com um parlamento cada vez mais calvinista. Morre sem deixar sucessores. A casa dos Stuarts assume o poder na Inglaterra. Os reinados de Jaime e Carlos I são marcados pelas tentativas de manter a estabilidade econômica através do clássico receituário utilizado pelas cabeças coroadas da época, os recursos do aumento de impostos e a tomada de empréstimos. Essas situações se tornam ainda mais sensíveis num cenário onde as perseguições religiosas levam a guerra civil aberta, o que ficou patente com a invasão do norte da Inglaterra pela Escócia e pelos movimentos de defesa do catolicismo por parte da Irlanda. Nesse momento em especial, o rei necessitava cumprir os ritos constitucionais e submeter qualquer alteração na política econômica ao parlamento. Como essa relação era marcada pela descontinuidade, já que por várias vezes o mesmo era fechado por ordem real, a tendência pela radicalização era inevitável. E foi o que ocorreu com a recusa em mais uma ordem de fechamento por parte de Carlos I, que encontrou resistência no parlamento, agora conscrito e sob a liderança de Oliver Cromwell. Com as revoltas se espalhando por Londres e a fuga do rei, Cromwell reorganiza a Inglaterra em distritos militares, pacifica as insurreições escocesas e irlandesas e consolida o poder nas mãos dos calvinistas ao ordenar a morte de Carlos I e declarar-se Lorde Protetor da Inglaterra. Seu governo republicano, conhecido como "A Ditadura Puritana", notabilizou-se pelos Atos de Navegação, que alavancaram ainda mais o potencial mercantil inglês, além da vitória militar sobre a Holanda e o rígido controle sobre os costumes sociais do período. Entretanto não consegue fazer seu sucessor, já que seu filho Ricardo é praticamente forçado a renunciar a qualquer pretensão de poder. Assim, a Inglaterra conhece mais um ciclo monárquico, recolocando os Stuarts de volta ao trono. Entretanto, O absolutismo e as crenças católicas de Carlos e Jaime II fizeram com que o parlamento, agora majoritariamente calvinista, não esperasse para rever os já conhecidos problemas. Organizaram com Maria Stuart, filha de Jaime II e com seu marido, o nobre holandês Guilherme de Orange, uma nova linha sucessória que teria como preço a assinatura de um novo "Bill of Rights" onde consolida-se a fórmula que até os dias atuais referencia a monarquia inglesa: "O rei reina, mas não governa". Era a "Revolução Gloriosa". Texto de Apoio As Revoluções Inglesas - José Jobson de Arruda https://drive.google.com/file/d/0B26ZhoShN1YAdVcyeFhXZlhKQkE/view?usp=sharin g Indicação de Leitura WEBER. Max. A Gênese do Capitalismo Moderno. São Paulo. Editora Ática. 2006. (Disponível na Biblioteca Virtual do Aluno no SIA). O mundo entre 1760 e 1789 se configura num cenário em transformação. Dois são seus grandes fenômenos cujas repercussões se configurariam como elementos de uma longa duração histórica. No primeiro, o desencadear da Revolução Industrial e, no segundo, a revolução burguesa na França. É preciso lembrar as características da Europa nesse período. Enquanto a Inglaterra reunia as condições necessárias para o salto industrial (estabilidade política, prevalência da burguesia e da nobreza laboriosa, o protestantismo calvinista como justificador ideológico, o cercamento de terras, a consolidada estrutura comercial, a integração territorial com ferrovias, a abundância de matérias primas, um mercado consumidor interno e externo consolidados, a inventividade, a abundância de mão-de-obra disponível e os investimentos provenientes do processo de acumulação primitiva do capital) a França e a quase totalidade do continente europeu eram mundo ainda rurais, cujos laços feudais ainda se faziam sentir com maior ou menor intensidade no cotidiano e nas estruturas de poder/propriedade. De fato, a Revolução industrial trouxe a luz uma série de fatos até então inéditos. Como conseqüência do seu processo e de suas fases, temos o estabelecimento de novas relações de produção e de trabalho. O homem não estaria mais preso aos laços que determinavam sua permanência à terra ou mesmo sob as ordens e ao juramento a um senhor. Teria liberdade de dispor de suas forças. Entretanto, via-se reduzido a buscar o atendimento às suas necessidades mediante o trabalho, só que não mais como proprietário de meios e do tempo, mas como vendedor de sua força. Desse modo, observamos um fenômeno interessante. O trabalho passa a ter um valor que de longe sobrepuja as antigas concepções da produção ocasional ou do trabalhador que apenas trocava serviços ou poucos produtos por uma casa e teto. Agora falamos de um operário cuja produção vai além do necessário para sua manutenção, ainda que por ela receba uma parte para seu atendimento. Obviamente que uma mudança dessa envergadura trouxe impactos significativos. Para um universo cuja produção artesanal visava a manutenção simples da vida, a ausência dos meios e a implantação de um novo regime de trabalho/produção, ocasiona o desmoronamento das poucas coisas que davam ao mundo do trabalhador reprodutividade estabilidade. As condições de vida se deterioram rapidamente e em análises acuradas como as de Engels podemos perceber o quanto esse novo proletariado sofria com as longas jornadas, os salários baixos e as moradias precárias. A sobrevivência era uma zona limítrofe para muitos. Desse modo, a expansão da indústria vai se dando conforme as convulsões sociais no continente europeu assim o permitia, cuja guerra permanente que atravessará o final do século XVIII até os dias atuais será o da busca por mercados consumidores. As transformações continuam sua marcha e é importante identificarmos que o mundo, gradativamente, vai conhecendo novas fontes de energia, novas máquinas e uma miríade de produtos destinados ao consumo. Novos tempos cuja tecnologia se faz uma realidade irrefreável. Entretanto, não podemos dizer que esse processo fora isento de conflitos e contradições. Ao contrário, as condições desiguais a que estavam submetidos os trabalhadores ensejaram uma gama de movimentos de contestação e de organização da classe trabalhadora, além de um conjunto igualmente diverso de concepções teóricas que formaria um espectro amplo que ia desde uma organização comunal, federalista e internacionalista de trabalhadores à supressãonegociada dos problemas pontuais que mais afligiam os trabalhadores, de modo harmônico com seus empregadores. Leituras Complementares: Livros: A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra – Engels http://marxismo21.org/wp-content/uploads/2014/02/Trabalhadores-Friedrich-Engels.-A- situa%C3%A7%C3%A3o-da-Classe-Oper%C3%A1ria-em-Inglaterra.pdf O Manifesto do Partido Comunista – Marx http://www.pcp.pt/publica/edicoes/25501144/manifes.pdf HOBSBAWM. Eric. A Era das Revoluções, 1789-1848. São Paulo. Paz e Terra. 2012. Capítulos indicados para leitura: 1 e 2 (disponível na biblioteca do campus). Texto: Revolução Industrial http://w3.ufsm.br/fuentes/index_arquivos/rev.pdf http://www.espacoacademico.com.br/090/90vianna.pdf http://www.direitobrasil.adv.br/arquivospdf/revista/revistav61/artigos/fer.pdf Filmes e Documentários: Tempos Modernos – Charles Chaplin https://www.youtube.com/watch?v=bDkM0ux6H50 A Revolução Industrial na Inglaterra – Enciclopédia Britânica https://www.youtube.com/watch?v=jt-o3EBQPMU Revolução Industrial – Canal das Videoaulas https://www.youtube.com/watch?v=-Tj0hY5GJME Dentre as transformações significativas damos também destaque ao processo revolucionário Francês. A monarquia bourbônica, mais precisamente o governo de Luis XVI encontrava-se em sérios problemas causados, sobretudo, pelo próprio modelo de gestão característico da casa real em questão. Fato é que a França enfrentava um momento difícil. Crescentes déficits de produção no campo, sobretudo pela ação de pragas nas plantações, ensejaram um rápido processo de empobrecimento e desabastecimento, o que pôs em ebulição as camadas mais pobres. Havia um grande medo de uma nova revolta popular campesina,o que de fato começa a ocorrer ao longo do período. A divisão entre os três Estados Gerais impunha todo o fardo produtivo e a sustentabilidade da França nos braços de camponeses e burgueses. A nobreza e o clero que juntas somavam apenas 3% da população, concentravam a maior parte das riquezas e a gestão estatal alternava as práticas perdulárias, ostentatórias, salvaguardando privilégios e investindo em obras caras. Além disso, a participação da França na Independência dos EUA deixara um grave déficit financeiro. Para sanear essas dificuldades, o receituário era o mesmo, aumento de impostos ou tomada de empréstimos. Todas as tentativas de ampliar as bases de contribuição afetando esses dois estamentos redundava em fracasso. Na base da questão, relações econômicas estagnadas e uma legislação e organização da base produtiva em termos semi-feudais. A pressão sobre o monarca agrava-se e, dessa maneira, a convocação dos Estados Gerais para que reformas pudessem ser discutidas foi a maneira encontrada para tentar conter a onda cada vez maior de insatisfação popular. Entretanto, a divisão clássica não proporcionava que burguesia e campesinato pudessem fazer prevalecer seus direitos. A divisão interna acirra-se e o Terceiro Estado decreta Assembléia Permanente, com o indicativo de uma nova constituição. Na prática, passaram a dirigir seus esforços para derrubar o absolutismo, mas não o rei. Entretanto, a reação violenta de Luis XVI despertara a ira popular. A Bastilha é tomada e já não havia mais possibilidade senão tentar ir de encontro aos acontecimentos. O rei mostra-se inclinado a tornar-se um monarca constitucional. Mas as descobertas de uma suposta articulação externa para que um estado de guerra pudesse fazer a França retornar ao Absolutismo fizera com que, a um só tempo, caísse a monarquia e, com ela, a cabeça de Luis XVI na guilhotina. O governo girondino consegue abolir as práticas feudais mas não atende aos interesses populares. Desse modo, exaltados e jacobinos chegam ao poder com a ascensão de Robespierre. Iniciava- se o período do Terror. Perseguições e mortes em massa contrastavam com medidas populares como a fixação de alugueis e preços, além de medidas que auxiliavam a retomada da produção, além da abolição da escravidão nas colônias. Mas com o tempo, os jacobinos foram afastando-se dos interesses populares, com a eliminação dos exaltados. Robespierre cai acusado de tirania e o golpe do 9 Termidor dá início a uma nova fase de governo girondino. Essa fase, no entanto, enfrentava igualmente problemas. No plano externo as alianças contra a França mantinham o estado de guerra constante. No interno, revoltas populares e outras políticas protagonizadas por jacobinos e monarquistas. Em meio a essa agitação emerge a figura de Napoleão Bonaparte. Conforme avançava no processo de pacificação interna e externa, percebeu a fragilidade do governo e, dessa forma, com um golpe de força característico de seu protagonismo político, iniciou na França o Consulado.
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