Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* * * AULA 13 Norma Jurídica: CONCEITO: Como ensina M. Helena Diniz “A vida em sociedade exige o estabelecimento de normas jurídicas que regulem os atos de seus componentes”; “As normas de direito visam delimitar a atividade humana, preestabelecendo o campo dentro do qual pode agir.” Importante diferenciar norma jurídica e lei, já que a lei é apenas uma de suas expressões. Uma é gênero, a outra, espécie. Tanto podem se manifestar através do costume, quanto pela jurisprudência (como ocorre nos países que adotam a common law). * * * AULA 13 Norma Jurídica: Estrutura da Norma Jurídica P. Gusmão partindo de premissa kelseniana define a estrutura da norma jurídica com o binômio preceito-sanção, ou seja, toda norma jurídica contém seu objeto principal (preceito), seguido da previsão de uma punição (sanção) estabelecida para o caso de descumprimento do preceito nela estabelecido., ou seja, um entendimento simplista da visão kelseniana aponta para a estrutura da norma, dividindo-a em norma primária e secundária, onde a primeira é o preceito em si e a segunda é a sanção estabelecida para o caso de o indivíduo desrespeitar o que foi prescrito. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Características substanciais da norma jurídica · Generalidade. Temos que a norma jurídica é preceito de ordem geral, que obriga a todos que se acham em igual situação jurídica. Da generalidade da norma, deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais perante a lei. · Abstratividade. As normas jurídicas visam estabelecer uma fórmula padrão de conduta, aplicável a qualquer membro da sociedade. Regulam casos como ocorrem, via de regra, no seu denominador comum. Se abandonassem a abstratividade para regular os fatos em sua casuística, os códigos seriam muito mais extensos e o legislador não lograria seu objetivo, já que a vida em sociedade é mais rica que a imaginação do homem. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Pela bilateralidade, temos que o direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, conferindo poder a uma parte e impondo dever à outra. Bilateralidade expressa o fato de a norma possuir dois lados: um representado pelo direito subjetivo e o outro pelo dever jurídico, de tal modo que um não pode existir sem o outro, pois regula a conduta de um ou mais sujeitos em relação à conduta de outro(s) sujeito(s)(relação de alteridade). Sujeito ativo (portador do Direito Subjetivo). Sujeito passivo (possuidor do dever jurídico). · * * * AULA 13 Norma Jurídica: A imperatividade revela a missão de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, pois o direito deve representar o mínimo de exigências, de determinações necessárias. Assim, para garantir efetivamente a ordem social, o direito se manifesta através de normas que possuem caráter imperativo. Tal caráter significa imposição de vontade e não simples aconselhamento. A coercibilidade - Quer dizer possibilidade de uso de coação. Essa possui dois elementos: psicológico e material. As noções de coação e sanção não se confundem. Coação é uma reserva de força a serviço do Direito, enquanto a sanção é considerada, geralmente, medida punitiva para a hipótese de violação de normas. * * * AULA 13 Norma Jurídica: · A atributividade (ou autorizamento) - Esse é, aliás, o elemento distintivo por excelência entre a norma jurídica e as demais normas de conduta: a aptidão para atribuir ao lesado a faculdade de exigir o seu cumprimento forçado. Então, a essência específica da norma jurídica é a atributividade (ou autorizamento), porque o que lhe compete é autorizar ou não o uso das faculdades humanas. Assim, a norma jurídica é atributiva por atribuir, às partes de uma relação jurídica, direitos e deveres recíprocos. Ou seja, atribui à outra parte o Direito de exigir o seu cumprimento. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Já Miguel Reale defende o que chamou de bilateralidade atributiva: “Existe bilateralidade atributiva” – escreve Reale – “quando duas ou mais pessoas estão numa relação segundo uma proporção objetiva que as autoriza a pretender ou a fazer garantidamente alguma coisa. Quando um fato social apresenta esse gênero de relação, dizemos que é jurídico”. Segundo Reale, a diferença entre os fenômenos jurídicos e os não jurídicos – econômicos, psicológicos etc. – é que nestes a bilateralidade não é atributiva, isto é, a correspondência não está assegurada, não obedece a um padrão uniforme ou obrigatório. · * * * AULA 13 Norma Jurídica: Características formais: escrita emanada do Poder Legislativo em processo de formação regular, promulgada e publicada. Lei Substantiva - Reúne normas de conduta social que definem os direitos e deveres das pessoas em suas relações. Ex.: Direito Civil, Penal, Comercial etc.. Lei Adjetiva - Aglutina regras de procedimento no andamento de questões forenses. Ex.: Lei de Direto Processual Civil, Direito Processual Penal etc.. As Leis substantivas são, em regra, principais; enquanto que as adjetivas são de natureza instrumental. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Os diversos critérios de classificação das normas jurídicas: a) Normas codificadas são aquelas que constituem um corpo orgânico sobre certo ramo do direito, como o Código Civil b) Normas consolidadas são as que formam uma reunião sistematizada de todas as leis existentes e relativas a uma matéria; a consolidação distingue-se da codificação, porque sua principal função é a de reunir as leis existentes e não a de criar leis novas, como num Código. Ex: CLT; * * * AULA 13 Norma Jurídica: c) Normas extravagantes ou esparsas; na terminologia canônica, diziam extravagantes as constituições pontifícias, posteriores às Clementinas, incluídas no mesmo direito. Daí dizer-se hoje “extravagantes” todas as leis que não estão incorporadas às Codificações ou Consolidações: são as leis que vagam fora; são as editadas isoladamente para tratar de temas específicos. Ex: Lei de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, Lei do Inquilinato etc.. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Critério da Destinação - normas de organização (normas de sobredireito) ou estrutura e normas de conduta (normas de direito). Normas de organização (norma de sobredireito) - normas instrumentais que visam à estrutura e funcionamento dos órgãos, ou à disciplina de processos técnicos de identificação e aplicação de normas, para assegurar uma convivência juridicamente ordenada => Destinatário: o próprio Estado. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Normas de conduta (norma de direito) - normas que disciplinam o comportamento dos indivíduos, as atividades dos grupos e entidades sociais em geral => Destinatário: o corpo social (pessoas físicas, jurídicas ou autoridades que estiverem na situação nela prevista). Todavia, quando surge o eventual conflito levado ao Poder Judiciário, este passa a ser seu destinatário. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Critério da Existência - norma explícita e norma implícita: A norma explícita é a norma tal qual está escrita nos códigos e nas leis. A norma implícita é aquela subentendida a partir da norma explícita. Critério da extensão territorial - normas federais, estaduais e municipais: As normas jurídicas são classificadas desta forma em razão da esfera do Poder Público de que emanam, pois todo território de um Estado acha-se sob a proteção e garantia e um sistema de Direito. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Assim, as normas jurídicas são federais, estaduais ou municipais, na medida em que sejam instituídas respectivamente pela União, pelos Estados-Membros e pelos Municípios. Critério do Conteúdo - direito público, direito privado e direito social: A diferenciação entre essas normas já foi abordada quando falamos sobre as divisões do Direito. Contudo, é bom ressaltar que a teoria que prevalece atualmente para a distinção dessas normas é a teoria formalista da natureza da relação jurídica: * * * AULA 13 Norma Jurídica: Normas de Direito Privado: regulam o vínculo entre particulares => Plano de igualdade => Relação jurídica de coordenação. Ex.: As normas que regulam os contratos. Normas de Direito Público: regulam a participação do poder público, quando investido de seu imperium, impondo a sua vontade => Relação jurídica de subordinação. Ex.: As normas de Direito Administrativo. Normas de Direito Misto => Tutelam simultaneamente o interesse público ou social e o interesse privado. Ex.: Normas de Direito Família. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Critério da Imperatividade - normas impositivas (cogentes) e dispositivas (permissivas) e proibitivas. Normas impositivas (ou cogentes) : Imperativas - ordenam, impõem. Ex.: Art. 876, Art. 1643 do CC. Proibitivas - vedam, proíbem. Ex.: Art. 228, 1860 do CC. Normas dispositivas (ou permissivas) Interpretativas - esclarecem a vontade do indivíduo manifestada de forma duvidosa. Ex.: Art. 1899 do CC. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Integrativas - preenchem lacunas deixadas por ocasião da manifestação da vontade. Ex.: Art. 1640, 1904 do CC. Enquanto que as normas impositivas são taxativas, ora ordenando, ora proibindo, as normas dispositivas limitam-se a dispor, com grande parcela de liberdade. Critério da Sanção - normas perfeitas, mais que perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas Normas perfeitas - estabelecem a sanção na exata proporção do ato praticado. Invalidam quaisquer atos quando resultantes de transgressões a dispositivos legais. Ex.: Art. 1548 do CC. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Normas mais que perfeitas - estabelecem sanções em proporções maiores do que os atos praticados mediante transgressão de normas jurídicas. A sanção é mais intensa do que a transgressão. Ex.: Art. 939 do CC. Normas menos que perfeitas - não invalidam o ato, mas impõem uma sanção ao agente transgressor. Ex.: Art. 1254 do CC. Normas imperfeitas - Representam um caso muito especial. Nem invalidam o ato nem estabelecem sanção ao transgressor. Tal procedimento se justifica por razões relevantes de natureza social e, sobretudo, ética. Ex.: Art. 1551 do CC. * * * AULA 13 Norma Jurídica: Critério da Natureza: normas substantivas e normas adjetivas Normas substantivas - reúnem normas de conduta social que definem os direitos e os deveres das pessoas em suas relações. Ex.: Direito Civil, Penal, Comercial etc.. Normas adjetivas - aglutinam regras de procedimento no andamento das questões forenses. Ex.: Lei de Direito Processual Civil, Direito Processual Penal etc.. * * * AULA 13 Validade das Normas Jurídicas. Válido é aquilo que é feito com todos os seus elementos essenciais. Por elementos essenciais entendem-se aqueles requisitos que constituem a própria essência ou substância da coisa, sem os quais ela não existiria; é parte do todo. Podemos dizer que a validade decorre, invariavelmente, de o ato haver sido executado com a satisfação de todas as exigências legais. Uma norma jurídica, para que seja obrigatória, não deve estar apenas estruturada logicamente segundo um juízo categórico ou hipotético, pois é indispensável que apresente certos requisitos de validade. * * * AULA 13 Na lição de Miguel Reale, a validade de uma norma jurídica pode ser vista sob três aspectos: · Técnico-formal = vigência; · Social = eficácia; · Ético = fundamento. Validade formal - Vigência vem a ser “a executoriedade compulsória de uma norma jurídica, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboração” . Desta forma, a norma jurídica tem vigência quando pode ser executada compulsoriamente pelo fato de ter sido elaborada com observância aos requisitos essenciais exigidos: · Emanada de órgão competente; · Com obediência aos trâmites legais; · E cuja matéria seja da competência do órgão elaborador. * * * AULA 13 Validade Social ou Eficácia. Sob o prisma técnico-formal, uma norma jurídica pode ter validade e vigência, ainda que seu conteúdo não seja cumprido; mesmo descumprida, ela vale formalmente. Porém, o Direito autêntico é aquele que também é reconhecido e vivido pela sociedade, como algo que se incorpora ao seu comportamento. Assim, a regra do Direito deve ser não só formalmente válida, mas também socialmente eficaz. Eficácia vem a ser o reconhecimento e vivência do Direito pela sociedade, “é a regra jurídica enquanto monumento da conduta humana” * * * AULA 13 Validade Ética ou Fundamento. Toda a norma jurídica, além da validade formal (vigência) e validade social (eficácia), deve possuir ainda validade ética ou fundamento. O fundamento é, na verdade, o valor ou o fim visado pela norma jurídica. Realmente, é o valor que legitima uma norma jurídica, que lhe dá uma legitimidade; daí a distinção entre legal (que possui validade formal) e legítimo (que possui validade ética). Podemos dizer que o valor é que dá a razão última da obrigatoriedade da norma. Ela obriga porque contém preceito capaz de realizar o valor; em última análise, esta é a fonte primordial da obrigatoriedade de uma regra de direito (imperatividade em termos axiológicos).
Compartilhar