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Direito Hebraico Antigo

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Fundamentos de História do Direito, Wolkmer
Primeiras legislações significativas
Direito hebraico antigo
O Direito hebraico antigo assume feições específicas, que o tornam digno de estudo apartado. A história das civilizações, a despeito de alguma semelhança entre o direito hebraico e o direito grego antigo, recomenda o estudo em separado, dada a diferença de sistemas políticos, a distância de tempo do surgimento de uma e outra, derivando em tipos semelhantes, porém diversos, de direito e sua prática.
Notavelmente, o direito hebraico antigo, da época da confederação das doze tribos e dos reinos de Israel e Judá, teve unidade, a despeito de ter-se notícia, atualmente, de apenas 24 documentos próprios, que, em conjunto, formam o que cristãos denominariam de Bíblia Hebraica (Velho Testamento), e que os judeus denominaram Tanakh. Isso implica em dificuldades e imprecisões, quanto ao Direito, mas já é manancial significativo de informações, devendo-se tomar o cuidado de deixar fora de questão o que diz respeito ao Deus dos judeus, respeitando suas convicções religiosas.
Os 24 livros originais, após traduções, edições, reedições, rearranjos, formaram 39 livros da Bíblia Hebraica, distribuídos entre:
I – Torah (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio);
II – Neviim (Josué, Juízes [Samuel; Reis], Isaías, Jeremias, Ezequiel [Joel Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias];
III – Ketuvim [Salmos, Jó, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel [Esdras, Neemias; Crônicas].
Em caráter complementar à Tanakh, há o Talmud, registro da tradição oral, escrito entre os séculos II e IV d.C. Por ser posterior à perda da soberania por Israel, o Talmud não é considerado na perspectiva do Direito hebraico antigo, mas como um estudo teórico sobre melhores leis para uma sociedade ideal. A Torah é considerada como escrita dos ensinamentos transmitidos diretamente por Deus, enquanto o Talmud seria o registro escrito do que Moisés teria transmitido aos sábios de sua geração, e que teria sido transmitido oralmente de geração a geração.
Direito fortemente marcado pela religião.
Direito grego antigo - Luiz Carlos Azevedo
A Grécia, que, na antiguidade, legou ao Ocidente o teatro, as competições olímpicas e a filosofia, não obteve o mesmo sucesso com relação ao Direito. Curiosamente, o pensamento elaborado de sua filosofia, a preocupação com o justo, e a ampla formulação moral, deixada em escritos das diversas épocas e movimentos do pensar, não geraram documentação suficiente sobre seu direito privado e sobre os respectivos mecanismos judiciários. Essa situação demanda a busca de fontes não estritamente jurídicas, para compreensão do Direito e de suas vicissitudes.
Platão, com As Leis, e Aristóteles, com Ética a Nicômaco e A Política, são exemplos de filósofos que abordaram, de alguma forma, temas jurídicos. Entretanto, sua forma de elaborar os temas não era, necessariamente, apegada à realidade. A especulação filosófica encaminha, naturalmente, a busca pelo ideal, devendo ser acolhida com reservas, se apontada como fonte para estudo do Direito praticado por civilizações passadas.
Os registros dos grandes oradores também são preciosos, mas devem, igualmente, ser recebidos com reservas, quando se trata de, através deles, perscrutar o Direito de uma civilização que não mais existe. As naturais inclinações parciais, de quem defende teses, servem, muitas vezes, para alcançar sucesso em demandas, convencendo juízes, por vezes leigos, o que permite, pela oratória, buscar espaços argumentativos que escapam ao Direito propriamente vigente.
As tragédias, de Sófocles, Ésquilo e Eurípedes, assim como as comédias, de Xenofonte, permitem alguma percepção do Direito vigente. Mas as licenças poéticas, por vezes, podem comprometer a compreensão do Direito estrito. Especialmente Xenofonte, com As Vespas, criticando os juízes e comparando-os com os insetos que atormentam os homens, e Sófocles, com Édipo Rei, que revela uma série de interditos familiares, próprios do Direito Grego, auxiliam, embora nem tudo revelem.
Os fragmentos legislativos disponíveis, comparados aos demais registros escritos, servem para favorecer uma razoável compreensão do que se pode ter como sendo o Direito Grego de época.
A Família
A família, na perspectiva grega, de acordo com Foustel de Coulanges, é, ao mesmo tempo: I – comunidade abrangente dos membros descendentes de um mesmo tronco ancestral, por vezes mítico; II – grupo formado por marido, mulher, filhos, agregados e escravos. Cultua os ancestrais, preservando a religião antepassada, e discute as decisões políticas relativas aos respectivos interesses. As famílias compõem as tribos ou fratrias, que, reunidas em assembleias, formulam princípios e regras de conduta, regulando direitos e deveres.
Território e População
O território da cidade ultrapassa seus limites estritamente geográficos, para alcançar, também, aldeamentos nas circunvizinhanças. Pode incluir, a base territorial da cidade, um porto, algo comum pela conformação geográfica da Grécia.
A cidade deve ser dotada de autonomia, configurando a Cidade-Estado, com sua própria administração, economia e instituições governativas, exercendo o que se pode chamar de soberania. Essa situação permitia a existência de cidades profundamente distintas, com leis próprias, como Esparta e Atenas, a primeira profundamente militarizada, não inclinada aos princípios democráticos, a segunda foi o berço da democracia. Mas a democracia ateniense não se confunde com o que hoje se pratica. Cidadãos não eram todos, mas apenas aqueles dotados de condições para se dedicar à política, não incluindo mulheres, crianças, estrangeiros e escravos.
Era comum às Cidades-Estado a existência de aparato distribuído entre instituições para cumprimento do que atualmente são atribuições dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Tratava-se da Boulé (mais conhecido como Conselho dos Quinhentos, composto de 50 cidadãos indicados por cada uma das dez tribos, com incumbências em matérias religiosas , financeiras, diplomáticas e militares), da Eclésia (assembleia popular, com competência em matéria de política externa e temas outros, de maior gravidade, como declaração de guerra; a ela estavam habilitados cidadãos maiores de 18 anos, em pleno gozo dos direitos políticos) e o Elieu (Tribunal dos Heliastas, júri popular ao qual se habilitavam, entre os maiores de 30 anos, em escolha pela sorte, até 6.000 cidadãos, com jurisdição de direito público como de direito privado). Havia, ainda, magistrados diversos com competência jurisdicional especializada.

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