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Resumo A Casa de Inverno Psicologia Geral

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
Resumo do texto “A Casa de Inverno” de Antonio Lanceti
Manaus
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTIUTO DE CIENCIAS HUMANAS E LETRAS
DEPARTAMENTO DE SERVICO SOCIAL
ANA CLAUDIA LOPES MARTINS- 21551744
Resumo do texto ”A Casa de Inverno” de Antônio Lancetti
Trabalho apresentado como requisito à obtenção parcial de notas da displina Psicologia Geral, ministrada pelo docente Vinicius Padilla.
Manaus
2015
RESUMO DO TEXTO “A CASA DE INVERNO”
Em 1993, a prefeitura de Santos, uma cidade no interior de São Paulo, organizou uma campanha de emergência junto com o Comitê Santista Contra a Fome e a Miséria e pela Vida, para acolher os moradores de rua da cidade. Essa parceira instituiu uma casa para abrigar estes moradores compostos de mulheres, homens e crianças. A prefeitura pode fornecer a reforma rápida de um casarão no centro da cidade, e o comitê conta a fome e a miséria forneceu alimentos que já havia arrecadado em campanhas e alguns empresários da cidade também contribuíram. Voluntários, dirigentes do Comitê e profissionais da prefeitura saíram às ruas durante a noite para conversar com os moradores de rua e depois do casarão já inaugurado, eles saíram oferecendo agasalhos e anunciaram a abertura da Casa de Inverno.
Todas as pessoas que trabalharam foram orientadas com exercícios sociodramaticos, as ações realizadas tinham que seguir o principio de cidadania. Era importante que as pessoas se sentissem acolhidas e não meramente recolhidas de um local e postas em outro, existia um telefone para receber avisos sobre pessoas em estado críticos e colaboração também. 
Durante o período eleitoral de 1992, estas pessoas que moravam na rua foram o tema de debate. O fato é que no século 20, Santos sofria e ainda sofre ate hoje no século 21, com esta questão. A imprensa também contribuiu para que este assunto se repercutisse mais, dizendo que os moradores de rua eram “desocupados”, isto só atiçou mais a ideia conservadora de que devim expulsar estas pessoas da cidade. O candidato vencedor em 1992, diferente dos conservadores, apresentava ideias a respeito da cidadania e enfrentamento da situação.
A equipe de trabalho era composta por trabalhadores sociais da prefeitura, tais como técnicos, merendeira, guardas municipais, voluntários e estagiários. Todos da área da saúde, abastecimento, ação comunitária e saúde mental. Existiam dois grandes obstáculos a superar: evitar que a casa não se transformasse em instituição asilar e não transformar seus atendidos em assistidos. Essa experiência já era uma intervenção na cidade, e não um programa assistencialista decorrente ao problema, a Casa de Inverno foi iniciaria seus trabalhos no dia 22 de julho e encerraria no dia 22 de setembro. Essa estipulação de data de término e essa organização coletiva da equipe foram de total importância para que não virasse uma instituição da assistência social.
A Casa de Inverno iria funcionar das 18hrs às 10hrs. E no dia 22 de julho havia mais de 80 pessoas formando uma pequena fila em frente, a maior parte eram homens. Depois de uma semana, o espaço para os técnicos foi dividido para que coubessem mais camas, num total de 160. Foi explicado como era o funcionamento da Casa, não havia a obrigatoriedade de tomar-se banho, mas havia um chuveiro com agua quente para quem quisesse, não havia cozinheiros suficientes e muito menos pessoas para limpar e consertar algo que quebrasse, havia um guarda volume onde as pessoas poderiam guardar seus pertences sem ter a necessidade de circular com eles. Ficou combinada a proibição de portar armar e drogas dentro da Casa. Logo após, as pessoas guardaram seus pertences e a maioria foi tomar banho antes do jantar.
Os primeiros dias de convivência foram em clima contagioso de solidariedade, as assembleias organizadas eram intensas, as pessoas aplaudiam quando alguém se disponibilizava para fazer parte de uma equipe de trabalho. A primeira assembleia foi no dia seguinte à abertura da Casa, e foi-se discutido o fato de algumas pessoas terem repetido o jantar e outras não terem comido. O clima após os jantares também era muito bom, enquanto uns limpavam, outros cantavam e outros viam televisão. Durante esse período teve varias historias emotivas e ajudaram a construir um tecido microssocial coeso. A equipe de trabalho também estava no clima, da cooperação e da disposição, trabalhavam até muito tarde da noite, mas não se importavam com o horário. 
A diversidade de pessoas que moravam ali, cada um com sua subjetividade, mas que conseguiam manter uma convivência estável naquele ambiente foi o que tornou a experiência uma “aventura antropológica”. Cada pessoa enfrentava problemas diversos, mas todos tinham a desintegração social em comum, foram excluídos do mercado de trabalho e da própria sociedade, de seus grupos. E assim, formam outro grupo para que seja possível viver na rua, se unem a outros para que não sejam pegos pela policia, nem pela população que defende as ideias conservadoras e nem pelos próprios grupos rivais que também se formam.
O jornal da época não divulgava o trabalho que estava sendo feito, mas não esquecia de espalhar a noticia de adolescentes baderneiros que acabaram indo parar na Casa de Inverno. Depois da chegada dos novos moradores, surgiram atritos entre os demais, os baderneiros não seguiam as regras, se negavam a participar das assembleias, foram encontrados drogas e foram se organizando de acordo com sua hierarquia. Uma certa noite, um dos nossos membros de equipe se colocou no meio de uma discussão entre um dos pais da rua e uma senhora com problemas mentais. E é claro, que essa noticia saiu no jornal.
Depois disso, foi necessário fechar as portas da Casa para os adolescentes e meninos de rua, era de suma importância impor condições de convivência. Desta forma, apenas homens mulheres e meninas e meninos acompanhados da família poderiam dormir na Casa de Inverno. Quando se deu inicio a assembleia, tudo estava tranquilo como há muito tempo não ficava, e em seguida ouviu-se barulhos de vidros quebrando. Os adolescentes haviam se revoltado, uma verdadeira “batalha campal” já havia se instalado na rua e não era possível conte-los. Uma voluntaria que não havia tido orientação não se conteve que gritava para que tudo aquilo parasse, um rapaz desconhecido deu pauladas em um adolescente.
Naquele momento tudo já estava quebrado e a ambulância já havia chegado para socorrer o menino com a cabeça machucada. A Casa de Inverno havia se tornado A Casa do Inferno, como os próprios adolescentes chamaram. Os guardas municipais haviam contido o principal líder da revolta, os guardas apesar de corpulentos e conhecedores das artes márcias tinham dificuldade para mantê-lo preso, pois o rapaz estava enfurecido. E então, houve um abraço com uma áurea tranquila, “e a paz se fez novamente se confirmou que a liberdade é a mais poderosa que a segurança”. Após o acontecimento, a viatura da policia chegou, mas observou a ação a distancia.
Depois do retorno do pronto socorro, as meninas, os meninos, a equipe de trabalho dois funcionários do Juizado da Infância e da Juventude, alguns policiais e os guardas municipais foram solicitados a participar de uma reunião em que todos seriam desligados da Casa. Somente entraria quem se dispusesse a não usar drogas e nem portar armas e participasse das assembleias e das equipes de trabalho da Casa. Depois de muita discussão foi feito um acordo entre ambos os lados, tantos os guardas quanto os adolescentes. Foi notada uma diferença no comportamento dos meninos, apenas um que havia sido posto pra fora justo por usar cola apedrejou a Casa no dia seguinte, sem o apoio dos demais que preferiam fazer outras coisas.
Com a noticia do apedrejamento, a cidade havia sido dividida em “reeducar ou exterminar”, alguns pequenos crimes foram atribuídos aos garotos da Casa de Inverno. Mas mesmo assim, foi-seiniciada uma campanha “Doe uma hora de inteligência à Casa de Inverno”, muitas pessoas surgiram para participar como o cabeleireiro de maior fama, artistas, mestres de capoeira, educadores e ate mesmo empresários. Até mesmo o prefeito que participou de uma das assembleias (em que as pessoas pediam para que todos tivessem que tomar banho e espelhos no banheiro) trouxe dois espelhos de presente.
Certa noite, um homem foi acusado pelos adolescentes de passar a mão em um dos meninos, pelo que tudo indicava o homem ia ser linchado por todas aquelas pessoas. Diante disso, foi feito uma assembleia para que se ouvissem todos os lados, o acusado parecia ter alguma perturbação mental e negava todos os fatos contra ele, ditos. Um adulto, com sua mulher e seus filhos, o defendia dizendo que não tinha visto nada de anormal naquela noite, e já outro adulto dizia ter visto o acusado masturbando o menino. As mulheres, por sua vez, não o defendiam, mas também não estavam ao lado dos que queriam linchá-lo, porque diziam que eram hipócritas porque sempre as olhavam tomando banho. Depois de muita discussão, ficou decidido que o acusado seria banido da Casa de Inverno, quando ele estava se retirando, alguns adolescentes o agrediram. A força do coletivo mais uma vez se comprova.
Lembrar de que A Casa de Inverno teria um fim era necessário, para que cerque o grupo na sua tendência de negar a morte e na sua inclinação para o abandono e para a dependência dos organismos assistenciais, isso tudo impulsionou o coletivo. As vidas das pessoas que mudaram a partir do momento que elas tiveram um lugar pra dormir, pra se higienizar e pra guardar seus pertences.
Nos últimos dias, a prefeitura de Santos se disponibilizou a por todos os seus serviços a dispor da Casa de Inverno, as creches começaram a dar prioridade às mães e famílias que moravam na rua, as escolas fizeram as matriculas dos meninos que queriam estudar, e foi feito um trabalho de entrevista com as crianças para que pudesse ser feita a visita nas famílias. O que a principio parecia muito difícil, agora era uma realidade não tão distante assim, muitas crianças voltaram espontaneamente para suas casas. 
O que chama a atenção é a ”transformação dos vínculos”. No inicio, os moradores desconfiavam da equipe de trabalho e se afastava, ou manipulavam os que tentavam seduzi-los. É importante saber lidar com moradores de rua, é preciso ter autoridade e ser compreensivo.
A convivência entre homens, mulheres, crianças e adolescentes foi se dando pelo contraponto existente neles. Os adultos criticavam as crianças e os adolescentes por usarem drogas, e as crianças e adolescentes os criticavam por beber cachaça. Os que não faziam nada para melhorar de vida eram criticados publicamente.
A relação entre as crianças e os adolescentes também mudou, pois geralmente o adolescente tende a ser autoritário com a criança. Quando havia uma divergência, era resolvido através de grupos de discussão e por fim, a votação.
A pressão para que a Casa de Inverno não acabasse foi bastante intensa até mesmo pelo jornal. Mas a Casa já estava se desagregando. As pessoas voltaram a ter suas autonomias, e assim, conseguiram sair das ruas, uns foram morar com a família, outros conseguiram alugar uma casa. Os que iam ficando eram os que possivelmente voltariam para as ruas e aqueles que com menos possibilidade de reconstrução existencial.
A Casa se estendeu por mais uma semana, devido a uma frente fria, e no dia 30 de setembro ocorreu uma festa de encerramento. Das 339 pessoas que passaram pela Casa, 209 saíram das ruas, com a pressão coletiva e o esforço de diferentes profissionais.
Baseado na Casa sendo apenas uma intervenção, sendo finita que impulsiona o coletivo e também a autonomia. Tendo em vista que é impossível não lidar com a violência, problematizando as noções de assistência social, a visão dos políticos que não é possível lidar com tais problemas antes que ocorram reformas e revoluções sociais. E a solidariedade. Podemos afirmar que a Casa foi “um laboratório de ensinamentos para a desinstitucionalização da assistência social”.
A Casa lidou com diversas situações, mas o que fez a diferença foi o afeto existente entre as pessoas que por ali passavam.
“Sou úmida mas aqueci muita gente
Sou magra mas alimentei muita gente
Sou feia mas deixei muita alma bonita”
REFERENCIAS
LANCETTI, A. (ORG). Saúde Loucura 4. São Paulo: HUCITEC

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