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APOSTILA COMPLETA DE DIREITO CIVIL PARA OAB E CONCURSOS

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DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
COMENTADA POR ALLAN FRANCIS DA COSTA SALGADO 
ACESSE NOSSO CANAL: 
https://www.youtube.com/channel/UCaGmsBMAUlZadt0nUFaaj2g 
Pessoal no nosso canal ministramos o curso do novo cpc inteiramente 
gratuito e comentamos leis penais, informativos e passamos macetes de 
concursos 
 
 
 
 
PROGRAMA 
1. Personalidade jurídica 
2. Pessoa física 
3. Pessoa jurídica 
4. Direitos da personalidade 
5. Domicílio 
6. Bem jurídico 
7. Fato jurídico 
8. Negócio jurídico 
9. Prescrição e decadência 
10. Direito das obrigações 
11. Responsabilidade civil 
12. Direito de família 
 
 
AULA 1 – 05/08/2015 (Pablo Stolze) 
 
1. PERSONALIDADE JURÍDICA 
Personalidade jurídica é a aptidão genérica para se titularizar direitos e 
contrair obrigações na órbita do direito, ou seja, é a qualidade para ser sujeito de 
direito. Vale lembrar que pode haver sujeito de direito personificado (pessoa física, 
pessoa jurídica) e despersonificado (condomínio edilício, espólio), uma vez que o 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
atributo da personalização não é condição essencial para figurar numa relação 
jurídica. 
A personalidade jurídica significa uma autorização prévia e genérica do 
ordenamento jurídico para a prática de qualquer ato jurídico que não seja proibido 
pelo Direito. Assim, sujeitos de direito despersonificados só podem praticar atos 
quando expressamente autorizados por lei e desde que tais atos sejam inerentes à 
sua finalidade, enquanto os sujeitos de direito são pessoas que podem fazer tudo a 
que não estejam proibidos no campo das relações privadas. 
 
2. PESSOA FÍSICA 
Pessoa Física ou Natural, segundo Augusto Teixeira de Freitas, é um ente de 
existência visível. 
Em que momento a pessoa física ou natural adquire personalidade jurídica? 
Aparentemente, a resposta encontra-se na primeira parte do art. 2º do Código 
Civil: 
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
A própria concepção de “nascimento com vida” já inspira cuidados, devendo 
ser entendida como o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório do recém-
nascido, independentemente da sua aparência física, em respeito ao princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
Entretanto, a segunda parte do dispositivo reconhece a proteção dos direitos 
do nascituro desde a concepção, o que nos faz indagar: teria também o nascituro 
personalidade jurídica? 
Inicialmente, vale lembrar, seguindo a doutrina de Limongi França, que o 
nascituro é o ente já concebido com vida intrauterina, mas ainda não nascido; em 
outras palavras, é o ente de vida intrauterina. 
Observação: Não devo confundir nascituro com natimorto e concepturo. 
O natimorto é aquele nascido morto, que deverá ser registrado em livro 
próprio do Cartório de Pessoas Naturais (ver Enunciado n. 1 da 1ª Jornada de 
Direito Civil) e goza de proteção quanto ao nome, imagem e sepultura. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Por outro lado, o concepturo, também chamado de prole eventual, é aquele 
que nem ainda foi concebido (vide art. 1799, I, do Código Civil). Suas implicações 
estão na esfera do direito sucessório. 
 
O intrigante tema atinente à personalidade jurídica ou não do nascituro é 
altamente controvertido na doutrina, havendo três teorias explicativas 
fundamentais: 
 Teoria natalista: tradicional em nosso direito e sustentada por grande parte 
da doutrina brasileira (a exemplo de Eduardo Espinola, Silvio Rodrigues, Vicente 
Ráo e Silvio Venosa), sustenta que a personalidade jurídica só seria adquirida a 
partir do nascimento com vida, de maneira que o nascituro não deve tecnicamente 
ser considerado pessoa, gozando de mera expectativa de direito; 
Observação¹: mesmo que se siga a teoria natalista, não é razoável, na 
perspectiva no princípio da dignidade da pessoa humana que, além do nascimento 
com vida, se exija forma humana ou tempo mínimo de sobrevida (24h), como 
existia o art. 30 do Código da Espanha, antes da Lei n. 20 de 21 de julho 2011. 
Observação²: o julgamento da ADI n. 3510, referente à lei de 
Biossegurança, reforça a teoria natalista. Contudo, tal julgado não pacificou a 
controvérsia, pois não teve o objetivo de discutir especificamente qual a teoria 
adotada. 
 
 Teoria da personalidade condicional: sustentada por Serpa Lopes, essa 
teoria fica a meio caminho entre a natalista e a concepcionista e, segundo ela, o 
nascituro goza de direitos personalíssimos (existenciais) desde a concepção, mas 
somente consolidaria a sua personalidade para efeitos patrimoniais sob a condição 
de nascer com vida; 
Observação¹: essa segunda teoria não é incisiva para afirmar ser o 
nascituro uma pessoa, com personalidade plena, inclusive para efeitos patrimoniais 
(aproxima-se da classificação apresentada pela professora Maria Helena Diniz, 
segundo a qual o nascituro teria uma personalidade formal, mas somente adquiriria 
direitos materiais sob a condição de nascer com vida). 
Observação²: segundo Pablo, essa teoria não responde se o nascituro tem 
ou não personalidade jurídica. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
 
 Teoria concepcionista: defendida desde Teixeira de Freitas, passando por 
Clóvis Bevilácqua e chegando a modernos autores como Silmara Chinelato, afigura-
se a teoria mais completa ao sustentar que o nascituro é dotado de personalidade 
jurídica desde a concepção, inclusive para efeitos patrimoniais. 
Percebemos que, aos poucos, a teoria concepcionista vai ganhando mais 
espaço nos Tribunais, inclusive na própria legislação brasileira, a exemplo da Lei de 
Alimentos Gravídicos (Lei n. 11804/08) e de recentes decisões do STJ que 
admitiram o dano moral ao nascituro (REsp 399028/SP), bem como pagamento de 
Danos Pessoais por Acidentes de Veículos Automotores Terrestres – DPVAT pela 
morte de nascituro (noticiário de 15/05/2011). 
Observação: exemplo de dano moral reflexo ao nascituro é o assassinato de 
seu genitor, fazendo com que a pessoa, após nascida, tenha perdido o direito de 
conhecer seu pai. 
Qual a teoria adotada pelo Código Civil Brasileiro? Observamos que a 
temática relacionada à natureza do nascituro é altamente controvertida. Segundo 
Clóvis Bevilácqua nos “Comentários ao Código Civil dos Estados Unidos do Brasil”, 
Editora Rio, 1975, pág. 178, em posição ainda atual, o Código Civil, 
aparentemente, pretendeu adotar a teoria natalista por ser mais prática, mas, em 
diversos pontos, experimenta a influência concepcionista, reconhecendo ao 
nascituro direitos como se fosse uma pessoa, senão vejamos: 
 O nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o 
direito à proteção pré-natal etc.) 
 O nascituro pode receber doação, sem prejuízo de recolhimento do imposto 
de transmissão inter vivos 
 O nascituro pode ser beneficiado por legado e herança 
 Pode ao nascituro ser nomeado curador para a defesa dos seus interesses 
(arts. 877 e 878 CPC) 
 O Código Penal tipifica o crime do aborto 
 Como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, 
concluímos que o nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para 
efeito de aferição de paternidade. 
 
Capacidade 
Quando se fala em capacidade, dois conceitos devem ser devidamente 
enfrentados: a capacidade de direito e a capacidade de fato. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
A capacidade de direito é uma capacidade genérica que qualquer pessoa tem. 
Segundo Orlando Gomes, a capacidade de direito é noção que se confunde com o 
próprio conceito de personalidade. 
Lado outro, a capacidade de fato ou de exercício, traduz a aptidãopara 
pessoalmente praticar atos da vida civil, o que nem toda pessoa tem diante das 
situações de incapacidade absoluta ou relativa (arts. 3º e 4º do Código Civil). Maria 
Helena Diniz a denomina de “medida jurídica da personalidade”. 
Capacidade civil plena é a reunião das duas formas de capacidade: de direito 
+ de fato. Em regra, é adquirida com a maioridade. 
Observação: não posso confundir a noção de capacidade com o conceito de 
legitimidade. No dizer de Calmon de Passos, a legitimidade traduziria a pertinência 
subjetiva para a prática de determinado ato, ou seja, uma pessoa pode ser 
plenamente capaz, mas faltar-lhe legitimidade para a prática de um ato específico. 
Ex: dois irmãos maiores e capazes não têm legitimidade para casar entre si – 
art. 1521, IV, Código Civil – impedimento matrimonial. 
 
Incapacidade civil: é a ausência da capacidade de fato, valendo lembrar que o 
instituto comporta variação, daí falar-se em incapacidade absoluta e relativa. 
A incapacidade absoluta está prevista no art. 3º do Código Civil, enquanto 
que a incapacidade relativa está inserta no art. 4º do mesmo diploma, in verbis: 
Art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil 
(razão pela qual serão representados): 
I – os menores de dezesseis anos; (menores impúberes) 
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos; (o CC/16 os chamava de “louco de todo 
gênero”) 
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade 
(estado de coma, intoxicação fortuita) 
 
Art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer 
(razão pela qual serão assistidas): 
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; (menores púberes) 
II – os ébrios habituais (embriaguez), os viciados em tóxicos (toxicomania), e os 
que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; 
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; (a exemplo do 
portador da síndrome de down) 
IV – os pródigos. 
Parágrafo único: A capacidade do índio (silvícola) será regulada por lei especial. 
(art. 8º do Estatuto do Índio, Lei 6001/73, trata do tema) 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Observação¹: O reconhecimento da incapacidade pela enfermidade ou 
deficiência mental opera-se por meio do procedimento de interdição, regulado pelos 
arts. 1177 a 1186 do CC. Proferida, publicada e registrada a sentença de interdição, 
qualquer ato que o incapaz pratique sem o seu curador, mesmo em período de 
lucidez, é inválido. 
Observação²: É da competência do Juiz de Direito (Estadual) o processo e 
julgamento da ação de interdição, e não do Juiz Federal (reflexos no campo 
previdenciário) por se tratar de ação que envolve o estado da pessoa. 
Observação³: O surdo-mudo (tido pelo CC/16 como absolutamente incapaz) 
incapaz de manifestar sua vontade, posto não tenha tratamento explícito no art. 
3º, implicitamente poderá ser considerado absolutamente incapaz, conforme o 
inciso III do referido artigo (Libras – Linguagem Brasileira de Sinais). 
Observação4: Já a ausência (também considerado o ausente pelo CC/16 
como absolutamente incapaz), conforme veremos em tópico próprio, é considerada 
como causa de morte presumida. 
Observação5: A despeito da omissão legislativa (o que não havia na redação 
original do art. 502 do Código da França), a nossa doutrina, por inspiração italiana 
(Orlando Gomes), afirma que o ato praticado pelo incapaz, ainda que não 
interditado (incapacidade natural), poderá ser impugnado, em havendo a 
concorrência de três elementos: 
a) incapacidade de entendimento; 
b) o prejuízo ao incapaz; 
c) a má-fé da outra parte (má-fé esta que pode ser circunstancialmente 
detectada). 
Observação6: O pródigo padece de grave desvio comportamental, por gastar 
imoderadamente o seu patrimônio, sua fazenda, podendo reduzir-se à miséria. A 
proteção jurídica do pródigo (que é considerado relativamente incapaz, razão pela 
qual o seu curador deverá assisti-lo em atos de conteúdo patrimonial - art. 1782), 
busca inspiração na teoria da proteção jurídica do patrimônio mínimo, desenvolvida 
por Luiz Edson Fachin. Segundo tal doutrina, na perspectiva da dignidade da pessoa 
humana, as normas civis devem sempre resguardar um mínimo de patrimônio para 
que cada indivíduo tenha vida digna (bem de família). O curador do pródigo, vale 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
lembrar, deverá manifestar-se previamente, na habilitação para casamento, quanto 
ao regime de bens adotado. 
Observação7: A teoria da Actio Libera in Causa (ação livre na causa), 
desenvolvida pelo Direito Penal (ver o texto de Claus Roxin no 
www.cienciaspenales.net), também se aplica ao Direito Civil segundo observa o 
grande Alvino Lima na obra “Da culpa ao risco”, pois é justo que se responsabilize a 
pessoa que, voluntariamente, se coloca em estado de incapacidade. 
 Vale lembrar que tanto para os absolutamente quanto para os relativamente 
incapazes deverá haver propositura de ação de interdição com nomeação de 
curador, a exceção da hipótese de daqueles que, por causa transitória, não 
puderem exprimir sua vontade. 
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para os atos da vida civil; (absolutamente incapazes) 
II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade; 
III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; 
(relativamente incapazes) 
IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental; (relativamente 
incapazes) 
V - os pródigos. (relativamente incapazes) 
 
AULA 2 – 15/08/2015 (Pablo Stolze) 
Questões: 
1 - O que se entende por benefício de restituição (restitutio in integrum)? 
Pode significar apenas restituição integral, a exemplo da reparação integral de 
um dano moral sofrido. Contudo, no campo da capacidade, parte geral do Código 
Civil, o chamado benefício de restituição, segundo Clóvis Bevilácqua, consistia no 
benefício conferido aos menores ou incapazes em geral de pleitear de volta o que 
pagou, caso alegasse prejuízo, ainda que o ato praticado fosse formalmente 
perfeito. 
Vale lembrar que o art. 8º do CC/16, por segurança jurídica, expressamente 
o proibia, proibição essa que a doutrina entende ainda em vigor, à luz do Código 
Novo. 
Obs. Ver no material de apoio os comentários ao artigo 119 do Código Civil. 
2 – Sabendo-se que a maioridade civil fora reduzida dos 21 para os 18 anos, 
houve impacto no Direito de Família e Previdenciário? Inicialmente, é importante 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
frisar, no âmbito do Direito de Família, que o próprio STJ já consolidou o 
entendimento (REsp 442.502/SP, REsp 739.004/DF) no sentido de que o alcance da 
maioridade civil não implica cancelamento automático da pensão alimentícia, que 
exige a garantia do contraditório (Súmula 358 STJ) 
Súmula 358 STJ – O cancelamento da pensão alimentícia de filho que atingiu a 
maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos 
próprios autos. 
 
Obs. Ver no material de apoio diversas decisões do STJ atinentes à 
participação do Ministério Público em processos que envolvam pagamento de 
pensão alimentícia. 
Vale acrescentar, ainda, no âmbito do Direito Previdenciário, que benefícios 
pagos pela lei previdenciária deverão observar o seu limite etário (norma especial), 
e não o do Código Civil (Enunciado 3 da IJDC e nota SAJE 42/2003). 
Obs. Julgando o REsp 1074181/PB, o STJ afirmou que não se mostra viável 
prorrogação de benefício previdenciário sob alegação de necessidade de conclusãodos estudos. 
3 – Art. 5º: a redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 
18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula 
específica situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras 
situações similares de proteção, previstas em legislação especial. 
3 - A idade avançada (senilidade) é causa de incapacidade civil? Não. O 
simples fato da idade avançada não é causa de incapacidade, a menos que se 
demonstre que, junto à idade, há concorrência de alguma debilidade mental. 
Observação: A lei n. 12.344/10 aumentou para 70 anos a idade a partir da 
qual se torna obrigatório o regime de separação de bens (antes era 60 anos). 
Ressalte-se que isso não é causa de incapacidade, mas tão somente uma restrição. 
 
Em vários dispositivos do Código Civil é possível detectar proteção maior 
conferida aos incapazes, a saber: 
Art. 195 CC. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os 
seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a 
alegarem oportunamente. 
Art. 198 CC. Também não corre a prescrição: 
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio 
jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um 
incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. 
Art. 588. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja 
guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores. 
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se 
pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por 
dolo, ou se o perdente é menor ou interdito. 
Art. 2.015. Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer partilha amigável, por 
escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito particular, homologado 
pelo juiz. 
 
EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL: 
 
A extinção da pessoa natural opera-se com a morte, nos termos do artigo 6 
CC. Trata-se de assunto de auta complexidade com implicações profundas de 
ordem filosófica ou cientifica, objeto, ainda, de um especial ramo da medicina legal 
(tanatologia). 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
 
O critério que a comunidade cientifica mundial tem utilizado para definição do 
óbito é a morte encefálica ( ver resoluções 1480/97 e 1826/07 do Conselho Federal 
de Medicina). 
Vale lembrar nos termos do artigo 77 da LRP, que a morte deve ser declarada 
por um médico e onde não houver por duas testemunhas. 
Esta declaração é registrada no livro de óbitos do cartório de registro civil. 
Obs: No contexto do tema extinção da pessoa natural, o que se entende por 
testamento vital, ou living will ou declaração de vontade antecipada? 
Trata-se de tema ( outros direitos da personalidade) em linhas gerais, 
podemos conceituar o testamento vital como o ato jurídico por meio do qual o 
paciente manifesta, previa e expressamente o desejo de querer ou não receber 
determinado tratamento médico, no momento em que estiver incapacitado para 
manifestar livremente a sua vontade. Resolução 145 do Conselho Federal de 
Medicina. 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
 
Emancipação: Segundo Washington de Barros Monteiro, a maioridade é 
atingida no primeiro instante do dia em que se completa dezoito anos. Sucede que 
por meio da emancipação, presente em outros sistemas do mundo, a exemplo do 
artigo 133 do Código de Portugal, é possível a antecipação da capacidade plena em 
três hipóteses: 
a) Emancipação voluntária (art. 5º, parágrafo único, inciso I, 1ª parte); 
b) Emancipação judicial (art. 5º, parágrafo único, inciso I, 2ª parte); 
c) Emancipação legal (art. 5ª, parágrafo único, incisos II a V). 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica 
habilitada à prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante 
instrumento público, independentemente de homologação judicial (emancipação 
voluntária), ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis 
anos completos; (emancipação judicial) 
II - pelo casamento; (emancipação legal) 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; (emancipação legal) 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; (emancipação legal) 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria. (emancipação legal) 
 
A emancipação voluntária é aquela concedida por ato dos pais (ou por um 
deles, na falta do outro), mediante instrumento público independentemente da 
homologação do juiz, em caráter irrevogável, e desde que o menor tenha, pelo 
menos, dezesseis anos completos. 
Vale lembrar que a guarda, por si só, não autoriza a um dos pais sozinho 
emancipar o filho, em prejuízo do outro. O filho não tem poderes de negar o ato 
emancipatório, mas ele deve participar do ato. 
Observa Silvio Venosa em artigo intitulado “A responsabilidade dos pais pelos 
filhos menores”, com base na jurisprudência do próprio STF (RTJ 62/108, RT 
494/92), que a responsabilidade civil dos pais pelo ilícito causado pelo menor 
emancipado, na emancipação voluntária, persiste até que alcance 18 anos de idade 
para que a vítima não corra a risco de ficar irressarcida. 
A emancipação judicial, segundo o Código Civil, é aquela concedida por ato do 
juiz em face de menores sob tutela, ouvido o tutor, desde que o menor tenha, pelo 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
menos, dezesseis anos completos. O juiz deve comunicar o ato em 8 dias ao oficial 
de registro, a partir destas comunicação o ato produzirá efeitos. 
 As três hipóteses de emancipação legal, como o próprio nome sugere, 
derivam da vontade da lei: 
a) Casamento: O homem e a mulher adquirem capacidade núbil aos 16 anos de 
idade, sendo que, entre os 16 e 18, é necessário autorização dos 
representantes legais ou do juiz. 
Observação¹: Há hipóteses especiais para casamento abaixo da idade núbil 
(art. 1520). 
Observação²: Ainda que os nubentes, menores, venham a se divorciar 
depois, a emancipação decorrente do casamento permanece, haja vista que o 
divórcio projeta efeitos para o futuro. Todavia, em caso de invalidade do 
casamento, considerando-se que, segundo respeitável doutrina (Zeno Veloso, José 
Fernando Simão, Flávio Tartuce), a eficácia da sentença de invalidação é retroativa, 
para atingi-lo ab initio cancelando o próprio registro de casamento, é razoável 
concluir-se que, em tal hipótese, salvo putatividade (boa fé), o efeito emancipatório 
desaparecerá. 
 
b) Exercício de emprego público efetivo: há de ser estendida a norma também 
ao cargo público. Onde há a mesma razão há o mesmo direito. Contudo, trata-
se de uma emancipação esvaziada, na medida em que, em regra, para admitir-
se o ingresso no serviço público, é necessário ter 18 anos completos. Militares 
as vezes podem assumir o cargo antes dos 18. 
c) Colação de grau em curso de ensino superior: hipótese com remota 
possibilidade de ocorrência na prática. 
d) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completostenha economia própria. 
Obs¹. Estabelecimento civil traduz a situação do menor que presta serviço 
(artístico, científico, etc.) por ele mesmo. Por sua vez, estabelecimento comercial 
reflete a ideia de relação empresarial; 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Obs². Vale lembrar que a capacidade para o emprego surge com 16 anos 
completos. Abaixo de 16, e acima de 14, somente se admite relação empregatícia 
na qualidade de aprendiz. 
 Obs³. A norma da lei não prevê a necessidade de que a emancipação seja 
declarada por sentença judicial, já que deriva da própria lei, podendo ser 
enfrentada em qualquer procedimento. 
 Obs4. Se o menor perde o emprego, não é razoável entender-se que ele 
perderá a capacidade civil, sob pena de gerar insegurança jurídica. 
Obs5. O que se entende por economia própria? Como se sabe o moderno 
Direito Civil adotou um sistema aberto de normas, permeado por conceitos 
indeterminados e cláusulas gerais (polos axiológicos). À luz do Princípio da 
Operabilidade (um dos vetores normativos do Novo Código Civil, segundo Miguel 
Reale), economia própria é um conceito vago ou fluídico, assim como a expressão 
“justa causa”, a ser preenchido pelo juiz segundo as circunstâncias do caso 
concreto, segundo uma hermenêutica fundamentada. 
Atenção: o Princípio da Operabilidade se funda no fato de que, para melhor 
operar o Código, ele foi permeado de conceitos abertos. 
O salário mínimo traduziria economia própria? Depende. Tratando-se de um 
conceito aberto ou indeterminado, dependerá da análise das circunstâncias do caso 
concreto. 
Cláusula geral x conceito indeterminado ou aberto: na linha de pensamento de 
Judith Martins-Costa, a cláusula geral compreenderia um conceito indeterminado, 
mas teria uma força normativa ainda maior, na medida em que vincularia a própria 
atividade do juiz (José Ascensão). É um texto normativo aberto que se vale de 
conceitos indeterminados. Pode haver texto normativo baseado em conceito 
indeterminado e não seja cláusula geral. 
 
Ver referência de texto de Miguel Reale no material de apoio. 
Obs6. Além do princípio da operabilidade, norteiam o Código Civil, segundo 
seus criadores, os princípios da eticidade (boa fé) e da socialidade (função social). 
 
Questões especiais sobre o tema emancipação: 
1 – O menor emancipado não pode ser criminalmente processado e preso, 
uma vez que a emancipação não antecipa a imputabilidade penal, que só advém a 
partir dos 18 anos. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
O professor Paulo Sumariva, no artigo “A lei de falências e a imputabilidade 
penal”, sustenta que o menor emancipado poderá falir e, caso configurar o crime 
falimentar, responder por ato infracional segundo o ECA. 
Luiz Flávio Gomes, por sua vez, afirma que o menor emancipado, todavia, 
pode ser civilmente preso, já que a prisão civil não se confunde com a prisão penal 
e consiste apenas em meio coercitivo de pagamento. 
2 – Para dirigir, é necessário que o condutor seja penalmente imputável (art. 
140, inciso I, do CTB), razão pela qual o menor emancipado não pode ter CNH. 
 
Extinção da pessoa física ou natural 
Nos termos do art. 6º do Código Civil, a pessoa natural se extingue pela 
morte. 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, 
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão 
definitiva. 
 
Morte Real: A tanatologia, ramo da Medicina Legal, estuda o processo da 
morte. A comunidade científica mundial, hodiernamente, considera a morte 
encefálica, dada a sua irreversibilidade, o critério mais seguro e adequado, inclusive 
para fins de transplante, para a identificação do óbito (ver Resolução 1826/07 do 
Conselho Federal de Medicina). 
O art. 6º do CC traz a regra segundo a qual a morte marca o fim da 
existência da pessoa natural, devendo ser aferida, à vista do corpo morto, por 
profissional da medicina. Na falta desse, duas pessoas devem declarar o óbito (arts. 
77 e seguintes da Lei de Registros Públicos). 
Art. 77 - Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do 
lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do 
atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas 
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte. 
§ 1º Antes de proceder ao assento de óbito de criança de menos de 1 (um) ano, o 
oficial verificará se houve registro de nascimento, que, em caso de falta, será 
previamente feito. 
§ 2º A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a 
vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito 
houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista e, no caso 
de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária. 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
 Morte presumida: O Código Civil reconhece duas hipóteses de morte 
presumida: 
1) em caso de ausência, quando aberta a sucessão definitiva (arts. 22 e 
seguintes do CC). A ausência caracteriza-se quando o sujeito desaparece do seu 
domicílio, sem deixar notícia ou representante que administre seus bens. Trata-se 
de um procedimento regulado a partir do art. 22 do Código Civil e detalhadamente 
explicado no texto complementar do material de apoio (Ver!). A sentença de 
ausência é registrada em livro próprio, no cartório do domicilio anterior do ausente, 
a teor do artigo 94 da LRP. 
2) sem decretação de ausência, nas situações do art. 7º do Código Civil. 
Nesse caso, não há se falar em procedimento de ausência, mas num procedimento 
de justificação de óbito, previsto na LRP, no qual se buscará a declaração da morte 
presumida. Justifica-se por que não há um simples desaparecimento mas fundados 
elementos da morte, a despeito de um corpo não haver sido encontrado. 
Art. 7o CC - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado 
até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá 
ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença 
fixar a data provável do falecimento. 
 
Art. 88 LRP. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito 
de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou 
qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do 
desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. (Renumerado do 
art. 89 pela Lei nº 6.216, de 1975). 
Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento 
em campanha, provados a impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do 
artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do óbito. 
 
Finalmente, vale lembrar que o STF editou a súmula de n. 331 afirmando ser 
legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário por 
morte presumida. 
Comoriência: Não devo confundir com a premoriência, que consiste na 
situação de pré-morte, com importantes efeitos sucessórios. Ex: casos de herdeiro 
pré morto. A comoriência, regulada no art. 8º do CC, traduz a situação de morte 
simultânea, em que duas ou mais pessoas falecem na mesma ocasião, sem que se 
possa indicar a ordem cronológica dos óbitos, razão pela qual, segundo o nosso 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
sistema, abrem-se cadeias sucessórias autônomas e distintas, em outras palavras, 
em caso de comoriência, um comoriente nada transmite para o outro (TJRS AI n. 
598569952).IMPORTANTE: A presunção dacomoriência somente é aplicada se não 
se puder indicar a ordem cronológica das mortes. 
Art. 8o. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo 
averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. 
 
 Vale lembrar que, em tese, as mortes podem ocorrer em locais distintos. 
 
 Morte Civil: esse instituto não existe no ordenamento jurídico brasileiro e 
refere-se a perda da personalidade em face da redução de pessoa à condição de 
escravo, por exemplo. 
 Embora não se trate de hipóteses do instituto em comento, citamos a 
exclusão da sucessão de herdeiros ou legatários considerados indignos por 
sentença, que não se trata de morte civil, mas de restrição ao exercício do direito 
de suceder. 
 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
AULA 3 – 24/02/2012 (Pablo Stolze) 
 
3. PESSOA JURÍDICA 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: (matéria de Direito 
Administrativo) 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
(ASSO-SO-FUN-OR-PP-EIRELI) 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; 
V - os partidos políticos. 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
 
Pessoa jurídica é uma das espécies de sujeitos de direitos e deveres 
personificados, ao lado da pessoa natural. A contrário senso do conceito de Teixeira 
de Freitas de pessoa natural, podemos falar que pessoa jurídica é de existência 
invisível; porém, o instituto já foi, ao longo do tempo, denominado universalidade, 
pessoa moral, etc. 
Segundo Antônio Luiz Machado Neto (compêndio de introdução ao estudo do 
Direito, editora Saraiva), a pessoa jurídica decorreria do fato associativo, com 
interferência do próprio desenvolvimento econômico porquanto os indivíduos 
perceberam que, em grupo, atingiriam com mais rapidez as suas finalidades 
propostas. 
Nessa linha de raciocínio, podemos conceituar pessoa jurídica como o grupo 
humano, criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria, para 
realização de fins comuns. 
Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Há divergência quanto ao tema. De 
acordo com o nosso ordenamento jurídico é assentado firmemente que a pessoa 
jurídica pode sofrer dano moral. Amplamente predominante, há entendimento 
consolidado pelo próprio STJ (súmula 227, REsp 752-672rs, AGRG no REsp 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
865.658/RJ), no sentido de admitir o dano moral experimentado pela pessoa 
jurídica, posição esta reforçada pelo próprio art. 52 do CC. 
Súmula 227 STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
 
Art. 52 do CC. Aplica-se as pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos 
direitos da personalidade. 
 
No entanto, a doutrina mais moderna não aceita a ideia de que pessoa 
jurídica tenha direitos da personalidade, posição que ganha reforço do Enunciado 
286 da 4ª jornada de Direito Civil. 
Por evidente, a pessoa jurídica não tem moral subjetiva (senso de 
autodignidade, decoro), mas tem dimensão objetiva, podendo ter seu nome, seu 
segredo, sua imagem atingidos moralmente. 
Ao contrário, Wilson Melo da Silva e Arruda Alvim se incomodam com a tese, 
argumentando que a pessoa jurídica não poderia sofrer dano moral porque não tem 
dimensão psicológica, de modo que qualquer ofensa nessa esfera teria reflexos 
patrimoniais. 
Enunciado 226 da IV jornada de direito civil. 
286 – Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e 
essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as 
pessoas jurídicas titulares de tais direitos. 
 
 
Teorias explicativas da Pessoa Jurídica 
Há duas correntes explicativas: 
Corrente negativista: Negava a existência da pessoa jurídica, a exemplo do 
pensamento de Brinz e Planiol, lançando mão de variados argumentos, dentre os 
quais o de que as pessoas jurídicas seriam apenas reuniões de pessoas físicas ou 
um patrimônio coletivo. Tal corrente não prosperou. 
Corrente afirmativista: Aceita a tese da pessoa jurídica. Com base nela, 
várias teorias explicativas foram desenvolvidas, com destaque de três: 
- teoria da ficção: desenvolvida por Windscheid e Savigny, especialmente 
vigente na Alemanha e França do século XVIII, reconhecia apenas a existência 
abstrata da pessoa jurídica, sendo criação da pura técnica do Direito. Crítica: 
negava-lhe uma dimensão social necessária, encarcerando a pessoa jurídica na 
técnica. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
- teoria da realidade objetiva, sociológica, organicista: desenvolvida por 
Clóvis Beviláqua, a teoria da realidade objetiva, eminentemente sociológica, 
desconsiderava a técnica jurídica da teoria da ficção e reconhecia a pessoa jurídica 
como um organismo social vivo, a ser explicado pela sociologia. Crítica: negava-lhe 
a técnica necessária, encarcerando a pessoa jurídica no domínio da sociologia. 
- teoria da realidade técnica: desenvolvida por Saleilles, atinge o equilíbrio 
das duas teorias anteriores. Mais equilibrada, a par de reconhecer que a 
personificação da pessoa jurídica é fruto da técnica do Direito, também admite a 
sua dimensão social, vale dizer, a sua aptidão para integrar relações sociais. 
 
Elementos da Pessoa Jurídica 
Capacidade jurídica autônoma: a pessoa jurídica é sujeito de direito 
personificado, que goza de capacidade jurídica. 
Autonomia patrimonial: seu patrimônio é separado do de seus membros. 
Limitação da responsabilidade: via de regra, o patrimônio dos membros não 
responde pelas dívidas e obrigações contraídas pela pessoa jurídica. 
Reconhecimento estatal: necessário o registro do ato constitutivo (contrato 
social ou estatuto). Em algumas hipótese, exige-se também autorização do Estado 
(como ocorrem com as instituições financeiras, seguradoras, planos de saúde, 
faculdades, empresas jornalísticas, empresas estrangeiras, consórcios). 
 
Aquisição de personalidade jurídica pela pessoa jurídica 
Nos precisos termos do art. 45 do CC, começa a existência legal da pessoa 
jurídica com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. 
Excepcionalmente, algumas pessoas jurídicas, para a sua constituição, exigem, 
ainda, uma autorização especial do Poder Executivo, como se dá, por exemplo, as 
companhias de seguro. 
Art. 45 CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado, com 
a inscrição do ato constitutivo (contrato social ou estatuto) o no respectivo registro, 
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
 
Vale dizer, então, que o registro do ato constitutivo (contrato social ou 
estatuto) é constitutivo da sua personalidade. Em geral, o registro é feito na Junta 
Comercial ou no Cartório Registro de Pessoa Jurídica. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Pessoa Jurídica Ato Constitutivo Local de Registro 
Associação Estatuto CRPJ 
Fundação Estatuto CRPJ 
Partido Político Estatuto CRPJ (vide art. 17, §2º, 
CF/88) 
Organização Religiosa Estatuto CRPJ 
EIRELI Contrato Social Junta Comercial 
 
Obs. O registro de nascimento da pessoa física é declaratório ou constitutivo 
da personalidade? Declaratório, uma vez que personalidade toda pessoa já adquire 
com o nascimento com vida. Lado outro, começa a existência legal das pessoas 
jurídicas de direito privado (ASSO-SO-FUN-PP-OR-EIRELI) com o registro do ato 
constitutivo. Só com o registro, então,a pessoa jurídica adquire personalidade. 
Obs. Lembra-nos Caio Mário em sua obra “Instituições de Direito Civil” que o 
registro da pessoa jurídica, por ser constitutivo, tem efeito ex nunc. Portanto, 
conforme deverá ser visto na grade de Direito Empresarial, entes sem registro são 
considerados despersonificados, o que implica responsabilidade pessoal dos seus 
sócios ou administradores, nos termos dos art. 986 e seguintes do CC. 
Obs. A sociedade de advogados deve ser registrada junto à OAB. 
 
Algumas pessoas jurídicas carecem de autorização especial para se 
constituírem, a exemplo dos bancos, que precisam da autorização específica do 
Banco Central; das seguradoras, que precisam da autorização específica da SUSEP 
(superintendência de seguros privados). Vale lembrar que essa exigência não viola 
a garantia constitucional da livre associação, uma vez que se funda numa 
ponderação de interesses. 
 
Questão especial de concurso: o que são “grupos despersonificados” com 
capacidade processual? Determinadas entidades, a exemplo do espólio, da massa 
falida, da herança jacente (ver art. 12 CPC), embora tecnicamente não sejam 
pessoas jurídicas, gozam de capacidade processual. Trata-se de matéria 
acentuadamente polêmica, com reflexos, inclusive, no direito processual e 
administrativo. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: 
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; 
II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; 
III - a massa falida, pelo síndico; 
IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; 
V - o espólio, pelo inventariante; 
VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não 
os designando, por seus diretores; 
VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a 
administração dos seus bens; 
VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador 
de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo 
único); 
IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. 
 
Na opinião de Maria Helena Diniz, esses entes têm personalidade anômala. 
Em relação ao condomínio, embora razoável a tese de que não é pessoa 
jurídica, a matéria gera acesas discussões, havendo quem diga que se afigura como 
uma quase pessoa jurídica ou uma pessoa jurídica especial. A título ilustrativo, há 
um projeto de lei de 2009 do parlamentar José Santana de Vasconcelos, 
atualmente arquivado, que pretendeu expressamente alterar o Código Civil e a Lei 
de Registros Públicos a fim de que o condomínio seja considerado pessoa jurídica. 
 
Espécies de Pessoas Jurídicas de Direito Privado 
Segundo o art. 44 do CC, rol não exaustivo, são espécies de pessoas jurídicas 
de Direito Privado as associações, as sociedades, as fundações, as organizações 
religiosas, os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade 
limitada (ASSO-SO-FUN-OR-PP-EIRELI). 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações; 
IV - as organizações religiosas; (natureza associativa) 
V - os partidos políticos; (natureza associativa) 
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
 
Em sua redação original, o artigo 44 do CC considerava pessoas jurídicas de 
direito privado as associações, as sociedades e as fundações (ASSO-SO-FUN). O 
legislador expressamente reconheceu as categorias das “organizações religiosas” e 
“partidos políticos”, em incisos autônomos, mesmo tendo natureza associativa com 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
o objetivo de excluí-los e blindá-los do prazo de adequação ao novo Código Civil, 
nos termos do art. 1031. 
Ver item 9 da apostila 02. 
Obs. Empresários individuais e pessoas jurídicas anteriores que não se 
adaptaram até 11 de janeiro de 2007 ao novo Código Civil podem sofrer sanções de 
variada ordem: impossibilidade de obtenção de linha de crédito e financiamento, 
impossibilidade de participar de licitação.e, principalmente, passaram a entidades 
irregulares em que a responsabilidade passa a ser pessoal de seus próprios sócios 
administradores. 
Não existe um artigo estabelecendo uma sanção única, as consequências 
derivam da própria interpretação do sistema. 
 
Pessoas Jurídicas de Direito Privado em espécie: 
 
 ASSOCIAÇÕES: 
Conceito: 
As associações são pessoas jurídicas de direito privado formadas pela união 
de indivíduos, com finalidade ideal ou não econômica (art. 53 do CC). São 
exemplos os sindicatos (REsp n. 1.181.410/RJ), as associações de bairro, os clubes 
recreativos. Os associados não guardam obrigações entre si. 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem 
para fins não econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 
 
Constituição Federal e associações: 
Art. 5º, XVII, CF - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de 
caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem 
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito 
em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
Art. 136, I, “a” prevê restrição de reunião de associações no caso de decretação de 
estado de defesa. 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
O ato constitutivo que estrutura a associação é um estatuto, cujos requisitos 
estão dispostos no art. 54 do CC, devendo o seu registro ser feito no Cartório de 
Registros de Pessoas Jurídicas. 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. 
 
Em regra, o estatuto disporá sobre uma Diretoria, uma Presidência, um 
Conselho Fiscal, um Conselho Administrativo. Contudo, é importante ressaltar que o 
órgão mais importante da associação é a assembleia geral, que, nos termos do art. 
59 CC, poderá destituir os administradores e alterar o estatuto. 
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
I – destituir os administradores; 
II – alterar o estatuto. 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo 
é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo 
quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos 
administradores. 
 
Regra geral, nos termos do art. 61, dissolvida uma associação, o seu 
patrimônio será atribuído a entidades de fins não econômicos designadas no 
estatuto ou, omisso esse, a uma instituição municipal, estadual ou federal de fins 
iguais ou semelhantes. 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois 
de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo 
único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no 
estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, 
estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. 
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, noseu silêncio, por deliberação dos associados, 
podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber 
em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado 
ao patrimônio da associação. 
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em 
que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que 
remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito 
Federal ou da União. 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Em uma associação, pode, ser instituídas categorias diferentes de associados. 
Contudo, associados de uma mesma categoria não podem ser discriminados entre 
si. 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir 
categorias com vantagens especiais. 
 
 O Código Civil admite expressamente a possibilidade de expulsão de 
associado, desde que garantido o contraditório. 
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa (conceito 
aberto que deve ser analisado no caso concreto), assim reconhecida em 
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no 
estatuto. 
 
OBS: Este artigo 57 não deve ser aplicado em face de condomínios, na 
medida em que se refere a associações. 
 Todavia, já existe forte corrente de doutrina ( enunciado 508 da V jornada de 
direito civil), bem como já há posição em jurisprudência ( apelação civil nº 957743-
1 do TJ do Paraná) no sentido de, a luz do princípio da função social, admitir a 
expulsão do condômino nocivo quando as multas aplicadas se mostrarem 
insuficientes ( art 1337 punico CC) 
 
 
AULA 4 – 12/09/2015 (Pablo Stolze) 
 
 FUNDAÇÕES (PRIVADAS): 
Conceito: 
Diferentemente das sociedades e das associações, as fundações não são 
formadas pela união de indivíduos, eis que resultam de um patrimônio afetado ou 
destacado que se personifica para a realização de finalidade ideal ou não lucrativa 
(religiosas, morais, culturais ou de assistência).Trata-se de uma pessoa jurídica que 
resulta de um patrimônio personificado. Nos termos do púnico artigo 62 uma 
associação não pode ter finalidade lucrativa, pode até gerar receita. 
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou 
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e 
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, 
morais, culturais ou de assistência. 
 
Assim como as associações, as fundações terão sempre finalidade ideal. 
A constituição das fundações dá-se por meio de escritura pública ou 
testamento. 
Obs. Recomendação de leitura complementar: livro “O Ministério Público e as 
Fundações de Direito Privado” do professor Lincoln de Castro. 
 
Requisitos ou etapas para a criação de uma fundação: 
- 1ª etapa – afetação ou destacamento de bens livres e desembaraçados do 
instituidor; Caio Mário observa( Instituições de Direito Privado) que a dotação não 
se confunde com a doação, porque esta envolve a transferência de bens de uma 
pessoa a outra, enquanto na fundação a dotação patrimonial é o elemento genético 
da própria pessoa jurídica. 
- 2ª etapa – instituição por escritura pública ou testamento. Observe que, 
embora exija ser pública a escritura, a lei não faz distinção entre testamento 
público e particular, pelo que se entende que é livre a natureza daquele; 
- 3ª etapa – elaboração do seu estatuto, ou seja, do ato normativo e 
organizacional da fundação. 
O art. 65 do CC estabelece quem deve elaborara o estatuto da fundação. 
Obviamente, nos termos do já mencionado art. 62, o próprio instituidor poderá 
cuidar da elaboração do ato, mas nada impede que, fiduciariamente, delegue 
atribuição a um terceiro. O Ministério Público, subsidiariamente, poderá elaborar o 
estatuto da fundação (parágrafo único, art. 65); 
- 4ª etapa – aprovação do estatuto da fundação, em regram, pelo Ministério 
Público. No caso excepcional de o próprio MP elaborar o estatuto, dispõe o art. 
1202 do CPC que a aprovação caberá ao juiz; 
- 5ª etapa – registro do estatuto no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas 
(CRPJ). 
 
CPC - Art. 1.199. O instituidor, ao criar a fundação, elaborará o seu estatuto ou 
designará quem o faça. 
Art. 1.200. O interessado submeterá o estatuto ao órgão do Ministério Público, que 
verificará se foram observadas as bases da fundação e se os bens são suficientes 
ao fim a que ela se destina. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Art. 1.201. Autuado o pedido, o órgão do Ministério Público, no prazo de 15 
(quinze) dias, aprovará o estatuto, indicará as modificações que entender 
necessárias ou Ihe denegará a aprovação. 
§ 1o Nos dois últimos casos, pode o interessado, em petição motivada, requerer ao 
juiz o suprimento da aprovação. 
§ 2o O juiz, antes de suprir a aprovação, poderá mandar fazer no estatuto 
modificações a fim de adaptá-lo ao objetivo do instituidor. 
Art. 1.202. Incumbirá ao órgão do Ministério Público elaborar o estatuto e 
submetê-lo à aprovação do juiz: 
I - quando o instituidor não o fizer nem nomear quem o faça; 
II - quando a pessoa encarregada não cumprir o encargo no prazo assinado pelo 
instituidor ou, não havendo prazo, dentro em 6 (seis) meses. 
Art. 1.203. A alteração do estatuto ficará sujeita à aprovação do órgão do 
Ministério Público. Sendo-lhe denegada, observar-se-á o disposto no art. 1.201, §§ 
1o e 2o. 
Parágrafo único. Quando a reforma não houver sido deliberada por votação 
unânime, os administradores, ao submeterem ao órgão do Ministério Público o 
estatuto, pedirão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la no prazo de 
10 (dez) dias. 
Art. 1.204. Qualquer interessado ou o órgão do Ministério Público promoverá a 
extinção da fundação quando: 
I - se tornar ilícito o seu objeto; 
II - for impossível a sua manutenção; 
III - se vencer o prazo de sua existência. 
 
Atribuição fiscalizatória do Ministério Público: 
Além de eventualmente elaborar um estatuto, bem como de aprová-lo, 
merece especial referência a função fiscalizatória das fundações exercida pelo 
Ministério Público nos termos do art. 66 do CC. 
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. 
§1º. Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Territórios, caberá o encargo ao 
Ministério Público Federal* 
§2º. Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo em cada 
um deles ao respectivo Ministério Público. 
 
*Segundo Pablo, incorreu em erro o legislador, na medida em que a atribuição para fiscalização do 
funcionamento das fundações do DF e Territórios compete ao MPDFT, e não ao MPF. 
Obs. Nos termos da ADI 2795-8, já julgada, a função fiscalizatória da fundação no DFT é o próprio 
MP do DFT e não da Procuradoria da República. Obviamente, havendo fundamento, nada impede 
que, o Ministérios Público Federal ( Procuradoria da República) possa, eventualmente, atuar em 
conjunto com outros órgãos do Minstério Público( enunciado 147 da terceira jornada) 
 
 Como vimos, em regra, a função fiscalizatória caberá ao Ministério Público do 
Estado ou do Distrito Federal (ADI 2795-8). Todavia, por óbvio, em havendo 
justificativa legal própria, poderá a Procuradoria da República (MPF) também atuar 
exercendo fiscalização (Enunciado 147 da 3º Jornada de Direito Civil). 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
 
Alteração no estatuto da fundação: 
Nos termos dos artigos 67 e 68 do Código Civil, admite-se a alteração do 
estatuto de uma fundação. 
Art. 67. Para que se possa alterar o estatutoda fundação é mister que a reforma: 
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a 
fundação; 
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá 
o juiz supri-la, a requerimento do interessado. 
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os 
administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério 
Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, 
em dez dias. 
 
Destino do patrimônio da fundação que se extingue: 
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, 
ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer 
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo 
disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, 
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. 
 
 SOCIEDADES 
O tema guarda relação com o Direito Empresarial, notadamente quanto às 
suas espécies. Importante mencionar que, de forma diferente das associações e 
fundações, a matéria não se encontra sistematizada na parte geral do Código Civil, 
mas sim na parte especial, inserta no livro do Direito de Empresa. 
 
Conceito: 
A sociedade, espécie de Pessoa Jurídica de Direito Privado, formada pela 
união de indivíduos, dotada de personalidade jurídica própria e instituída por meio 
de contrato social, tem a finalidade de exercer atividade econômica e partilhar 
lucro. 
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se 
obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade 
econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios 
determinados. 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Sociedade civil sem fins lucrativos é termo que remete ao Código Civil de 
1916 que, à luz do Código de 2002, devem sofrer alterações, dada a característica 
de obtenção de lucro. 
Vale lembrar que o art. 977 do CC proíbe a sociedade formada entre cônjuges 
que estejam casados em regime de comunhão universal ou separação obrigatória 
de bens. O que o codificador quer evitar é a fraude ao regime de bens. Segundo 
Pablo, o dispositivo impede a livre iniciativa com base numa presunção de fraude. 
Tem prevalecido a ideia, à luz da garantia constitucional do ato jurídico 
perfeito, que a proibição ao art. 977 do CC não atingiria sociedades anteriores, 
conforme inclusive se pronunciou o DNRC (Departamento Nacional do Registro de 
Comércio) por meio do parecer 125/03. 
No passado, as sociedades se dividiam em civis e mercantis, sendo que esta 
última praticava atos de comércio, enquanto a primeira se relacionava à prestação 
de serviços. 
Em geral, a sociedade empresária corresponde a antiga sociedade mercantil 
(comercial) e a sociedade simples à antiga sociedade civil. Mas, não se pode dizer 
que há absoluta identidade na medida em que a noção de empresa é mais 
abrangente do que a de comércio. 
À luz do art. 828 do CC, as sociedades hoje são subdivididas em sociedade 
empresária e em sociedade simples. 
Para ser empresária, por força do art. 982, a sociedade deve observar dois 
requisitos: 
- material: exercer atividade tipicamente empresarial – art. 966. 
- formal: seu ato constitutivo ser registrado na junta comercial. 
Já as sociedades simples são todas as demais que não sejam consideradas 
empresárias. Independentemente do objeto, nos termos do parágrafo único 982, 
considera-se empresária por força de lei, a sociedade por ações e simples a 
cooperativa. 
O parágrafo único do art. 982 estabelece que toda sociedade anônima é 
considerada empresária e cooperativa, sociedade simples. No que tange às 
cooperativas, tema da grade de Direito Empresarial, e que se caracteriza 
principalmente pela partilha de resultado na proporção do esforço de cada 
cooperado, existe grande discussão quanto ao seu registro, se deve ser feito na 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Junta Comercial (Lei 8934/94, Lei 5764/71, Enunciado 69 da IJDC) ou se o registro 
deve ser feito no CRPJ (Julieta Lunz, Paulo Rego). 
 
Sociedade Empresária Sociedade Simples 
Requisito Material (Objeto): 
Exercício de atividade empresarial 
Requisito Formal: registro na Junta 
Comercial 
Atenção: toda sociedade anônima é 
empresária 
Objeto: Atividade não empresária 
 
Atenção: toda cooperativa é 
sociedade simples 
 
A sociedade empresária dispõe de um requisito material (exercício de 
atividade empresarial) e de um requisito formal (registro na Junta Comercial), 
sujeitando-se à legislação familiar. Além disso, a sociedade empresária é marcada 
pela impessoalidade, na medida em que a atividade do sócio não é indispensável ao 
exercício da atividade da empresa. Vale dizer, os sócios de forma impessoal, 
atuam, basicamente, como articuladores de fatores de produção (capital, mão de 
obra, matéria prima, tecnologia). 
Diferentemente, a sociedade simples que, como regra, é registrada no CRPJ 
(lembrar da OAB), é aquela em que a atividade do sócio confunde-se com a 
atividade da própria sociedade (marcada, portanto, pela pessoalidade). Sua 
atividade é desempenhada ou supervisionada pessoal e diretamente pelo próprio 
sócio (por isso costumam ser prestadores de serviços, como as sociedades de 
médicos e advogados). 
 A despeito de haver, ainda, acesa polêmica, por conta de as cooperativas 
terem sido consideradas sociedades simples, a doutrina de direito empresarial, em 
regra, sustenta que o seu registro deve continuar a ser feito na junta comercial em 
razão da norma especial (ver também Enunciado 69 da 1ª Jornada de Direito Civil). 
Mas a matéria ainda não é pacificada. 
 
Sociedades Ato Constitutivo Local de Registro 
Sociedade Simples Contrato Social CRPJ 
Cooperativa (polêmica) Estatuto Junta Comercial ou 
CRPJ??? 
Sociedade Empresária Contrato Social Junta Comercial 
Sociedade Anônima Estatuto Junta Comercial 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Sociedade de Advogados Contrato Social OAB 
 
 Atentar para a distinção entre sociedade personificada e sociedade não 
personificada. 
 
Sociedade 
Personificada 
Sociedade não 
personificada 
Sociedade Simples 
Sociedade em Nome Coletivo 
Sociedade em Comandita Simples 
Sociedade Limitada 
Sociedade Anônima 
Sociedade em Comandita por Ações 
Sociedade Cooperativa 
Sociedades Coligadas 
 
Sociedade comum 
(irregular/de fato) 
 
Sociedade em conta de 
participação 
 
 
 EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA 
 
O tema guarda relação com o Direito Empresarial e se encontra sistematizada 
no livro do Direito de Empresa. Trata-se de um novo tipo de pessoa jurídica criada 
pela Lei 12.441/11. 
 
Conceito: 
A empresa individua de responsabilidade limitada (EIRELI) é, segundo o 
Professor Frederico Garcia, uma pessoa jurídica unipessoal que prevê a 
limitação da responsabilidade do seu titular ao capital integralizado que não poderá 
ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no país (hoje em 
torno de R$67.800,00). 
O instituto consagrou a possibilidade de criação de pessoa jurídica de uma só 
pessoa com responsabilidade limitada. Trata-se de uma abstração da lei, que 
passa, com o advento do diploma 12.441/11, a admitir uma pessoa física como 
jurídica. 
Art. 980-A CC. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída 
por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente 
integralizado, que não será inferiora 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo 
vigente no País. 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Enunciado 469 das Jornadas de Direito Civil - Arts. 44 e 980-A. A empresa 
individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente 
jurídico personificado. 
 
Tramita no STF uma ADI n. 4637 que pretende o reconhecimento da 
inconstitucionalidade do mínimo de 100 salários mínimos para a constituição da 
EIRELI. 
Em regra, a EIRELI é registrada na Junta Comercial. 
Obs. O DNRC, por meio de instrução normativa 117/2011, proibiu que pessoa 
jurídica pudesse constituir uma EIRELI. 
 
Extinção da pessoa jurídica 
Fundamentalmente, uma pessoa jurídica pode experimentar três formas de 
dissolução: 
a) Dissolução convencional: especialmente aplicada para as sociedades, é 
deliberada pelos próprios sócios ou administradores; 
b) Dissolução administrativa: é aquela decorrente da cassação da autorização de 
constituição e funcionamento de determinadas pessoas jurídicas, a exemplo 
dos bancos; 
c) Dissolução judicial: derivada de um procedimento judicial, como se dá no 
processo falimentar. 
Obs. O regramento para dissolução de sociedades não sujeitas à lei 
falimentar é regulado pelo CPC de 1939, nos termos do art. 1218, VII, do atual 
CPC. 
 
AULA 8 – 22/03/2012 (Flávio Tartuce) 
 
Desconsideração da pessoa jurídica 
Histórico: Nascida na Inglaterra, no fim do século XIX, a doutrina lá se 
denomina disregard doctrine (teoria da penetração). Aaron Salomon, naquela 
época, instituiu uma sociedade reunindo seis pessoas de sua família, emitindo a seu 
favor 20.000 mil ações, de modo que os outros sócios ficaram com uma só ação. A 
companhia arrecadou vários credores quirografários (sem garantia) e, então, 
Salomon resolveu abrir o capital da empresa, emitindo títulos especiais e ele 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
mesmo, pessoa física, comprou esses títulos. Logo, tornou-se o primeiro credor da 
fila. Os credores entraram com requerimento na Corte Britânica para que pudessem 
atingir o patrimônio pessoal de Salomon. 
Vê-se, então, que o precedente do instituto ocorreu na Inglaterra, no fim do 
Século XIX, no famoso caso Salomon e Salomon Co. A partir daí, a teoria da 
desconsideração seria especialmente desenvolvida na Alemanha (com Rolf Serick) e 
na Itália (com Piero Verrucoli), espraiando-se por todo o mundo. No Brasil, o 
primeiro jurista a tratar desse tema foi o grande professor Rubens Requião. 
 
Conceito: De acordo com a realidade orgânica da pessoa jurídica, esta não se 
confunde com seus membros, posto que dotada de autonomia. 
Vale lembrar que pessoa jurídica é um conjunto de pessoas ou de bens. 
Exceção: Eireli, que é pessoa jurídica unipessoal. 
A doutrina da desconsideração pretende o afastamento temporário da 
personalidade de uma pessoa jurídica para permitir que os seus credores 
satisfaçam seus direitos no patrimônio pessoal do sócio ou administrador que 
cometera o ato abusivo (suspender o véu). Podemos falar que a desconsideração é 
a negação de sua realidade orgânica ou quebra de autonomia da pessoa jurídica. 
 
Desconsideração inversa: Trata-se de um tipo de desconsideração não 
expressamente prevista em lei, mas admitida em nosso direito (REsp 948117/MS), 
por meio da qual pretende-se inversamente atingir o patrimônio da própria pessoa 
jurídica para alcançar o sócio ou administrador que cometera o ato abusivo ou 
fraudulento. 
Enunciado 283 JDC – Art. 50. É cabível a desconsideração da personalidade 
jurídica denominada “inversa” para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa 
jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros. 
 
Obs. A desconsideração não se confunde com despersonificação (art. 
51, CC), que é medida ainda mais drástica uma vez que pretende a própria 
aniquilação da entidade com o cancelamento do seu registro. 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para 
seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se 
conclua. 
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de 
sua dissolução. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às 
demais pessoas jurídicas de direito privado. 
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa 
jurídica. 
 
Questão de concurso: o que é teoria ultra vires Societatis? De origem 
anglo-saxônica e regulada pelo art. 1015 do CC, esta teoria sustenta ser nulo e 
ineficaz o ato praticado pelo sócio que extrapolou os poderes a si concedidos pelo 
contrato social (a sociedade, pois, não responderia por tal conduta). Alguns autores 
discordam, com base na teoria da aparência e da boa fé do contratante. 
Art. 1.015, CC. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos 
os atos pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a 
oneração ou a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios decidir. 
Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto 
a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses: 
I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da 
sociedade; 
II - provando-se que era conhecida do terceiro; 
III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade. 
 
Questão de concurso: como o Direito brasileiro trata a desconsideração 
administrativa da pessoa jurídica? Em geral, entende a doutrina diante do nosso 
direito positivo que a desconsideração da pessoa jurídica é matéria sob “reserva de 
jurisdição” (Edmar Andrade), todavia, em situações excepcionais de fraude à lei, a 
própria doutrina (Gustavo Tepedino) e o STJ (RMS 15166/BA) já admitiram a 
desconsideração em nível administrativo. 
 
Tratamento legal: uma das primeiras leis de grande porte a disciplinar o tema 
foi o CDC em seu art. 28, e, diferentemente do Código anterior que era omisso, o 
novo CC regula a desconsideração em seu art. 50, exigindo a conjugação de dois 
elementos fundamentais: 
1) descumprimento da obrigação (insolvência); 
2) o abuso do sócio ou administrador, caracterizado ou pelo desvio de 
finalidade ou pela confusão de patrimônio. 
Art. 50, CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio 
de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da 
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os 
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
 
Obs. Como a desconsideração foi positivada, não há mais se falar em 
teoria da penetração, desconsideração ou disregard. 
Obs. Na linha de pensamento de Fábio Konder Comparato (O poder de 
controle da sociedade anônima, Editora Forense), podemos concluir que a 
desconsideração da pessoa jurídica pode ser aferida objetivamente, 
dispensando-se o dolo específico do sócio ou administrador. 
 
Teorias justificadoras da desconsideração: 
Teoria Maior: O CC, em seu art. 50, adotou a teoria maior da desconsideração 
da pessoa jurídica, na medida em que exige: 
a) Abuso da personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou 
confusão patrimonial; 
b) Prejuízo ao credor (pedido pelo interessado ou pelo MP em ação judicial). 
 
Teoria Menor: Em outras áreas, como na relação de consumo, a 
desconsideração é muito mais facilitada, na medida em que não se precisa provar o 
cometimento do ato abusivo, mas, apenas, um prejuízo sofrido (pedidopelo 
interessado ou pelo MP em ação judicial, podendo haver conhecimento de ofício 
pelo juiz) 
Art. 28, CDC. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade 
quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, 
infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A 
desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de 
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má 
administração. (Teoria Maior da Desconsideração da Pessoa Jurídica) 
§ 1° (Vetado). As razões do veto se referem ao § 5°. Logo, conclui-se que vetaram 
o parágrafo errado. O equívoco foi favorável ao consumidor, posto que a teoria 
menor do § 5° é melhor. 
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, 
são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. 
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações 
decorrentes deste código. 
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. 
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 
causados aos consumidores. (Teoria Menor da Desconsideração da Pessoa Jurídica) 
 
Atenção: 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
 STJ, Resp 279.273/SP (explosão de shopping em Osasco); 
 STJ, Resp 144107/SP; 
 A título de complementação de pesquisa, ver projetos de lei no material de 
apoio que pretendem disciplinar o procedimento de desconsideração da 
pessoa jurídica, consultar, também, em nível bibliográfico o Novo Direito 
Societário de Calixto Salomão Filho. 
 
Questões especiais: 
 É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que a desconsideração da 
pessoa jurídica é cabível no procedimento ou na fase de execução (REsp 
920602), respeitando-se por óbvio o contraditório; 
 
 A desconsideração, em respeito à própria causalidade, naturalmente deve 
atingir apenas o sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo ou dele se 
beneficiou. 
 
 Teoria da sucessão da empresa: desconsidera-se uma empresa para se 
considerar outra, a que sucedeu a primeira. 
 
Enunciados de Jornada de Direito Civil: 
Enunciado 7 da JDC: Art. 50: Só se aplica a desconsideração da personalidade 
jurídica quando houver a prática de ato irregular e, limitadamente, aos 
administradores ou sócios que nela hajam incorrido. Por este enunciado conclui-se 
que a desconsideração é exceção, posto que em regra prevalece a autonomia da 
pessoa jurídica. 
 
Enunciado 51 JDC – Art. 50: A teoria da desconsideração da personalidade 
jurídica – disregard doctrine – fica positivada no novo Código Civil, mantidos os 
parâmetros existentes nos microssistemas legais e na construção jurídica sobre o 
tema. Se foi positivada, não há mais se falar em teoria. 
 
Enunciado 146 JDC: Nas relações civis, interpretam-se restritivamente os 
parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica previsto no art. 50 
(desvio de finalidade social ou confusão patrimonial) (Este enunciado não prejudica 
o Enunciado 7) 
 
Enunciado 281 JDC – Art. 50. A aplicação da teoria da desconsideração, descrita 
no art. 50 do Código Civil, prescinde (dispensa) da demonstração de insolvência da 
pessoa jurídica. (não há necessidade de se provar a falência da pessoa jurídica) 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
Enunciado 282 JDC – Art. 50. O encerramento irregular das atividades da pessoa 
jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso de personalidade jurídica. 
Requisitos: não funciona mais, não alterou sua situação na Junta Comercial e não 
pagou os credores. Segundo Flávio Tartuce, esse enunciado deveria ter sido 
cancelado, eis que não se encontra em consonância com a jurisprudência e doutrina 
predominantes. Na prática se sabe que o encerramento irregular é uma das 
hipóteses mais ocorrentes para desconsiderar a personalidade jurídica, sendo esse 
entendimento consagrado, inclusive, no STJ. 
Súmula 435 STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixa de 
funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, 
legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente. 
 
Enunciado 284 JDC – Art. 50. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins 
lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da 
personalidade jurídica. Isso ocorre quando as pessoas jurídicas desviam seus fins 
nobres. 
 
Enunciado 285 JDC – Art. 50. A teoria da desconsideração, prevista no art. 50 do 
Código Civil, pode ser invocada pela pessoa jurídica em seu favor. 
 
Enunciado 470 JDC - Art. 980-A. O patrimônio da empresa individual de 
responsabilidade limitada (EIRELI) responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não 
se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo 
da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. 
 
 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
AULA 5 – 07/03/2012 (Cristiano Chaves) 
 
4. DIREITOS DA PERSONALIDADE 
PERSONALIDADE E DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Pessoa, para o Direito, é aquele que tem personalidade. 
CONCEITO: Os direitos da personalidade são os direitos inerentes à pessoa 
humana e a sua dignidade ( direitos inatos) DOUTRINA MAJORITÁRIA Rubens 
Simongi. Maria Helena Diniz. Por esta corrente a pessoa jurídica tem direitos da 
personalidade por equiparação. 
Uma segunda corrente afirma que, os direitos da personalidade são aqueles 
ditados pela lei de forma expressa ou implícita como tal. Corrente positivista 
minoritária. 
A Maioira da doutrina brasileira, seguindo a corrente jusnaturalista conceitua 
os danos morais como lesões aos direitos da personalidade ( MHD) 
Há quem entenda que os danos morais são lesões a dignidade humana. ( 
Tepedino) Assim a Pessoa jurídica não sofreria danos morais mas danos 
institucionais. 
O ROL DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE SÃO EXEMPLIFICATIVOS: temos 
como exemplo o direito a opção sexual ( Maria Berenice Dias) Direito ao amor, 
Adriana Caldas Maluf e Direitos ao esquecimento. ENUNCIADO 531. 
ENUNCIADO 531 – A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da 
informação inclui o direito ao esquecimento. 
Artigo: 11 do Código Civil 
Justificativa: Os danos provocados pelas novas tecnologias de informação 
vêm-se acumulando nos dias atuais. O direito ao esquecimento tem sua origem 
histórica no campo das condenações criminais. Surge como parcela importante do 
direito do exdetento à ressocialização. Não atribui a ninguém o direito de apagar 
fatos ou reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de 
discutir o uso que é dado aos fatos pretéritos, mais especificamente o modo e a 
finalidade com que são lembrados. 
274 – Art. 11. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-
exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa 
humana, contida no art. 1º, III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa 
DIREITO CIVIL Intensivo I - 2015 
 
humana). Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, 
deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
Michael Sandel O que é fazer a coisa certa ( indicação de livro) 
KANT imperativo categórico: Aquilo que a pessoa é como ser racional 
considerando-se um fim em si mesmo. ( Pessoa é sempre fim, nunca meio.) 
TARTUCE DISCORDA PLENAMENTE DO ENUNCIADO A SEGUIR POR 
ENTENDER QUE É FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO. 
403 Art. 15: O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto 
no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a 
tratamento médico, inclusive transfusão

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