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ÍNDICES FÍSICOS DOS SOLOS Professora: Júlia Righi Notas de aula: Professor Roberto Ferraz/UFJF Aula 8 Em termos físicos, o solo pode ser tratado como um material multifásico constituído por uma fase sólida e uma fase fluida. Fase sólida: composta por partículas sólidas resultantes da decomposição de rochas da crosta terrestre. Fase fluida: preenche os espaços vazios do esqueleto sólido e pode ser constituída por gás e/ou líquido (geralmente ar e água). Obs.: Alguns autores consideram os solos como um sistema trifásico compostos pelas seguintes fases: sólida, líquida e gasosa 1. INTRODUÇÃO (FASES FÍSICAS DOS SOLOS) sólidos ar água Esquema do Solo Elemento real de solo Exemplo de um elemento real de solo e possíveis estruturas 1.1 Estrutura dos solos Estrutura: termo usado para designar a forma como as partículas se arranjam espacialmente na massa de solo. As partículas do solo podem se aglomerar de diversas formas originando o que se denomina de estrutura do solo (ou esqueleto sólido). Importância da estrutura: Um mesmo solo, porém com estruturas diferentes apresentará comportamentos diferentes Portanto, quando da execução de ensaios de laboratório ou de campo para a avaliação das propriedades dos solos é necessário estar atento para os casos onde a preservação da estrutura original do solo é importante. 1.2 Amostragem de solos Objetivo: É executada quando se pretende proceder a um estudo do solo em laboratório, propiciando ainda, a obtenção de corpos de prova para diversos ensaios. Classificação das amostras com relação à preservação ou não da estrutura do solo: (a) Amostras deformadas (b) Amostras indeformadas Importância da estrutura: Um mesmo solo, porém com estruturas diferentes apresentará comportamentos diferentes Portanto, quando da execução de ensaios de laboratório ou de campo para a avaliação das propriedades dos solos é necessário estar atento para os casos onde a preservação da estrutura original do solo é importante. 1.2 Amostragem de solos Objetivo: É executada quando se pretende proceder a um estudo do solo em laboratório, propiciando ainda, a obtenção de corpos de prova para diversos ensaios. Classificação das amostras com relação à preservação ou não da estrutura do solo: (a) Amostras deformadas (b) Amostras indeformadas AMOSTRAS DEFORMADAS (Ou amolgadas) Conservam todos os constituintes minerais e se possível a umidade natural do solo, entretanto, a estrutura é perturbada pelo processo de extração. Ex.: - Amostras colhidas com trados. - Amostras colhidas com ferramentas manuais tais como pás, enxadas, picaretas. - Amostra obtidas com amostradores de parede grossa. Trado concha Trado helicoidal Amostras deformadas obtidas em sondagens a percussão A amostragem nesse tipo de sondagem é feita a cada metro de profundidade. Amostra deformada em furo de sondagem A amostragem é feita com cravação do amostrador num comprimento de 45 cm. As amostras deformadas são utilizadas principalmente nos ensaios de laboratório para os quais não é necessário preservar a estrutura do solo (Ex.: Determinação de teor de umidade, ensaios de caracterização, ensaios de compactação, etc). Amostras deformadas obtidas com pás, enxadas, picaretas, etc. AMOSTRAS INDEFORMADAS (ou não amolgadas) Estas amostras conservam ao máximo a estrutura dos grãos e, portanto, as características de massa específica aparente e umidade natural do solo “in situ”. Podem ser obtidas cuidadosamente através de: a) talhagem de bloco de solo em trincheiras, poços, taludes de escavação; b) utilizando cilindro cortante ou anéis biselados; c) através de amostradores tubulares especiais e de parede fina cravados estaticamente (sem pancadas) em furos de sondagem. 2 4 3 Parafina Amostra indeformada coletada na forma de Bloco de solo 1 Talhagem cuidadosa do bloco de solo. Envolvimento com caixa de madeira Uso de cilindro cortante ou anel biselado Bloco de solo pré-esculpido para colocação do cilindro Cilindro com a face superior parafinada e protegida Aparamento do bloco de solo para introdução no cilindro Amostra indeformada obtida com amostrador de parede fina Amostrador shelby – Exemplo de amostrador tubular especial de parede fina. Estes amostradores são cravados estaticamente (sem pancadas e geralmente por prensagem) em furos de sondagem. Para ser considerado de parede fina deve-se ter: - Índice de área (Ca) Ca 10% - Relação de folga interna (Ci) 0,5% Ci 1% Amostrador de parede fina (Shelby) Amostrador shelby após a coleta da amostra de solo em profundidade Selagem das extremidades do amostrador para envio ao laboratório As amostras indeformadas são utilizadas nos ensaios de laboratório onde existe influência da estrutura do solo (Ex.: Ensaios de resistência, ensaios de adensamento, etc). PROPRIEDADES ÍNDICES DOS SOLOS: São determinadas características, tanto da fase sólida como das três fases em conjunto, passíveis de mensuração e expressas por meio de ... 2 PROPRIEDADES ÍNDICES DO SOLO Propriedades índices: - Índices físicos - Granulometria - Estados de consistência Para a avaliação quantitativa do comportamento do solo, há necessidade de considerar e mensurar as ocorrências de suas três fases físicas. ... relações entre as três fases ou por meio da avaliação do comportamento do solo, ante algum ensaio convencional. Para fins de estudo dos índices físicos, um elemento real de solo pode ser representado esquematicamente com as três fases separadas sólidos ar água Esquema de um elemento real de solo Elemento de solo com as fases separadas sólidos ar água Vazios do solo Parte sólida do solo São relações entre as diversas fases do solo que procuram caracterizar as condições físicas em que este se encontra. 2.1 Índices físicos do solo Principais relações utilizadas nas definições dos índices físicos: - Relações entre massas (ou pesos). - Relações entre volumes. - Relações entre massas e volumes (ou pesos e volumes) sólidos ar água Elemento real de solo sólidos ar água Vv Vs Volumes Vw Var V Ms Mw Mar 0 M Massas Ps Pw Par 0 Pesos (P = M.g) P a) Relação entre massas (ou pesos) mais utilizada: - Teor de umidade (w): É a relação entre a massa de água (Mw) e a massa de sólidos (Ms) presente na amostra de solo. S W S W P Pwou M Mw O teor de umidade é expresso em porcentagem (%) PW = MW.g (peso de água) PS = MS.g (peso de sólidos) g = aceleração da gravidade Apesar do teor de umidade ser expresso em porcentagem, ele não é uma relação percentual exata, pois seu valor máximo não está limitado a 100%. Assim, por exemplo, um solo com w = 200% significa que este possui o dobro de massa de água em relação à massa de sólidos. Va zi os S ól id os b) Relações entre volumes mais utilizadas: * Porosidade (n) * Índice de vazios (e) * Grau de saturação (Sr) b.1) Porosidade (n): É a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume total (V) da amostra de solo. b.2) Índice de vazios (e): Relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume de sólidos (Vs) da amostra. b.3) Grau de saturação (Sr): Relação entre o volume de água (Vw) e o volume de vazios (Vv) da amostra. A porosidade (n) é expressa em porcentagem (%) V Vn V S V V Ve O grau de saturação (Sr) é expresso em porcentagem (%) V W r V VS Solo saturado Vazios completamente preenchidos por água Sr = 1 (ou Sr = 100%) Solo parcialmente saturado presença de ar e água nos vazios 0 < Sr < 1 (ou 0% < Sr < 100%) Soloseco Vazios preenchidos somente por ar Sr = 0 (ou Sr = 0%) c) Relações entre massas e volumes mais utilizadas: - Massa específica natural () - Massa específica aparente seca (d) - Massa específica dos sólidos (ou dos grãos) (s) - Massa específica da água (w) c.1) Massa específica natural (): É a relação entre a massa do elemento de solo (M) e seu volume total (V). As massas específicas do solo podem ser expressas em g/cm3, kg/m3, t/m3 V M ρ c.2) Massa específica aparente seca (d): É a relação entre a massa de sólidos (Ms) e o volume total (V) do elemento de solo. V M ρ Sd c.3) Massa específica dos sólidos (ou dos grãos) (s): É a relação entre a massa dos sólidos (Ms) e o volume ocupado por esses sólidos (Vs). S S S V M ρ c.4) Massa específica da água (w): É a relação entre a massa de água e o volume ocupado pela mesma. Se, ao invés de massas, forem utilizados os pesos das diversas fases, os índices físicos também podem ser definidos em termos de pesos e volumes: d) Relações entre pesos e volumes: - Peso específico natural () - Peso específico aparente seco (d) - Peso específico dos sólidos (ou dos grãos) (s) - Peso específico da água (w) w w w V M ρ Em aplicações onde não seja necessário considerar a influência da temperatura, adota-se: w = 1 g/cm3 = 1000 kg/m3 = 1 t/m3 d.1) Peso específico natural (): É a relação entre o peso e o volume total do elemento de solo. d.2) Peso específico aparente seco (d): É a relação entre o peso de sólidos e o volume total do elemento de solo. d.3) Peso específico dos sólidos (ou dos grãos) (s): É a relação entre o peso dos sólidos e o volume ocupado por esses sólidos. d.4) Peso específico da água (w): É a relação entre o peso da água e o volume ocupado pela mesma. Relações entre massas específicas () e pesos específicos (): Considerando que: P = M.g g 9,81 m/s2 (aceleração da gravidade) ρ.g.g V M V M.g V P Portanto: = .g d = d.g s = s.g w = w.g Unidades de pesos específicos: kN/m3, kgf/m3, tf/m3 Unidades de força geralmente utilizadas na prática: (a) Newton 1N = 1 kg.m/s2 (b) Quilo Newton 1 kN = 103 N = 1000 N (b) Quilograma força 1kgf = 9,81 kg.m/s2 (1 kgf = 9,81 N) (c) Tonelada força 1tf = 1000 kgf (1 tf = 9810 N = 9,81 kN) Para fins de aplicações práticas, é comum adotar 1 tf 10 kN Obtenção de pesos específicos a partir de massas especificas () expressas em g/cm3. Exemplo para w = 1 g/cm3 (w = 103 kg/m3 = 1 t/m3) Como 1 kgf = 9,81 N w = 103 kgf/m3 = 1 tf/m3 Logo: w = 9,81x103 N/m3 = 9,81 kN/m3 w = w .g = (103 kg/m3).(9,81 m/s2) = 9,81x103 (kg.m/s2)/m3 sólidos ar água Elemento real de solo sólidos ar água Vv Vs Volumes Vw Var V Ms Mw Mar 0 M Massas Ps Pw Par 0 Pesos (P = M.g) PV az io s S ól id os S W S W P Pwou M Mw V W r S VV V VS V Ve V Vn W W w S S s S d V M ρ V M ρ V M ρ V M ρ W W w S S s S d V P V P V P V P Variação dos índices físicos: Geralmente os índices físicos variam dentro dos seguintes intervalos: - Teor de umidade: 0 w 1500% - Porosidade: 0 < n < 100% - Índice de vazios: 0 < e < 20 - Grau de saturação: 0 Sr 100% - Massa específica natural: 1,0 2,5 g/cm3 - Massa específica dos sólidos: 2,5 s 3,5 g/cm3 2.2 Determinação dos índices físicos Dos oito índices físicos definidos anteriormente (w, n, e, Sr, , d, s, w) somente os três abaixo são determinados diretamente em laboratório: - Teor de umidade (w) - Massa específica natural () - Massa específica dos sólidos (s) Os demais são obtidos a partir destes por meio de correlações. Geralmente para a água assume-se que: - Massa específica: w = 1 g/cm3 = 1000 kg/m3 = 1 t/m3 - Peso específico: w = 9,81 kN/m3 ou w 10 kN/m3 1 tf/m3 2.2.1 Determinação do teor de umidade (w) Estufa Tomar uma certa quantidade de solo úmido. Destorroar o solo, colocá-lo na cápsula e determinar a massa da cápsula + solo úmido (Mcap_U) Colocar a cápsula em estufa à temperatura de 105oC a 110o C, até constância de massa (normalmente de 16 a 24 horas). Depois de seco, pesar novamente a cápsula + solo seco e anotar como MCap_S Pegar uma cápsula metálica e obter sua massa (MCap). (%)100x MM MM M Mw CapCap_S Cap_SCap_U S w Apesar do teor de umidade ser expresso em porcentagem, o mesmo não caracteriza uma relação percentual exata, ou seja seu valor máximo não está limitado a 100%. Assim, por ex., um solo com w = 200% significa que este possui o dobro de massa de água em relação à massa de sólidos.S W S W P Pwou M Mw 2.2.1 Determinação do teor de umidade (w) Estufa 2.2.2 Determinação da massa específica natural () Geralmente a massa específica natural do solo () é determinada em corpos de prova talhados para a realização de algum outro ensaio de interesse. Se o corpo de prova for talhado na forma cilíndrica, basta obter a massa e suas dimensões geométricas para que seja possível calcular seu volume, e dessa forma obter = M/V. Medições dos diâmetros d1, d2 d3, d4 d5, d6 6 6 1 i i m d d Medições das alturas h1 h3h2 120o 3 3 1 i i m h h Valores médios: Obs.: Durante a talhagem dos corpos-de-prova (cilíndrico ou com anel) toma-se um pouco do solo para a determinação do teor de umidade natural do solo (w). Caso o corpo de prova seja talhado dentro de um anel, seu volume será igual ao volume interno do anel. Se: VCP = Volume do corpo de prova MCP = Massa do corpo de prova Massa específica natural: m 2 mCP h.d.4 V CP CP V M Dimensões do anel a 2 aAnelCP h.d.4 VV ha da Solo + AnelCP CP V M Determinação da massa específica no campo com o emprego do cilindro de cravação cilindro cilindrototal V MM V M umidosoloMassa específica “in situ” (no campo): Solo úmido 2) Cravação do cilindro no solo 1) Det. dos dados do cilindro 3) Pesagem e det. do teor de umidade Um dos métodos de campo, que pode ser usado para a determinação da massa específica natural, é o método do cilindro de cravação (vide figura) 2.2.3 Determinação da massa específica dos sólidos (s) Feita geralmente empregando-se um “picnômetro” (ou balão volumétrico) “Método do picnômetro”. Exemplos picnômetros ou balões volumétricos. Princípio do ensaio: Conhecida a massa de sólidos (Ms), utiliza-se o picnômetro para determinar o volume ocupado por esses sólidos (Vs), com base no volume de água deslocado pelos mesmos. S S S V M ρ Definição de massa específica dos grãos Procedimentos básicos do ensaio do picnômetro 1) Encher o picnômetro com água (temperatura T) até a marca de calibração e obter a massa de água no mesmo (M1 = MwT). 2) Colocar a massa de sólidos (Ms) no picnômetro, preencher com água até a marca de calibração e determinar a massa total, compreendida pela água + sólidos (M2 = M”wT + Ms). Além disso, obter a temperatura da água (T) no momento do ensaio. M1 = MwT V = VwT M2 = M”wT + Ms V = V”wT + Vs (1) (2) V = VwT = V”wT + VS VS = VwT – V”wT w w w V M ρComo wT wT wT ρ MV wT wT wT ρ M"V" wT wT wT wT S ρ M" ρ MVLogo, MwT = M1 e M”wT = M2 - MS Conclusão: )M(MM ρ.M V M ρ s21 wT s S S S Objetivo do uso do picnômetro: obter o volume dos sólidos (Vs).M1 = MwT V = VwT M2 = M”wT + Ms V = V”wT + Vs MwT M”wT Ms V (1) (2) Corte esquemático dos picnômentros 21S wTS S MMM ρ.M ρ wTρ M SV )2(1 sMM Massa específica da água (w) de 0o a 29,9o Massa específica da água (w) de 30o a 40o Observação: Nos ensaios de laboratório onde o valor da massa específica da água (w) tem grande influência nos seus resultados, é necessário recorrer à tabela apresentada para obter corretamente o valor a ser utilizado nos cálculos. Massas específicas dos sólidos de alguns minerais típicos dos solos s s Como os solos são constituídos por uma mistura de diversos minerais, a massa específica encontrada através do método do picnômetro pode ser interpretada como uma média ponderada das massas específicas dos minerais presentes. Assim, aquele mineral que estiver presente em maior quantidade terá maior influência no valor da massa específica dos sólidos (s) obtida para o solo.
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