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Prefácio Não são muitos os designers gráficos que conhecem as origens de sua atividade e a natureza dos elementos que determinam o.bom resultado do trabalho que realizam. 0 registro da história da arte tem sido tarefa difícil, seja pelos seus obscuros pontos de origem, pela sua natureza constantemente mutável ou pelo seu cárater subjetivo. Isto, porém, não chega a ser surpreendente, quando se recorda que a história da moderna comunicação visual cabe inteira no espaço de uma geração. A maioria dos designers contemporâneos adquiriu os conhecimentos profissionais mais por "osmose" do que por uma formação escolar. Minha própria formação combina um pouquinho da psicologia da Gestalt com o desenho a carvão e a execução tradicional das escolas de belas-artes — e já criava meus layouts muito antes de tomar consciência dos movimentos De Stijl e Bauhaus. Este livro pretende reunir num quadro coerente os milhares de pequenas pinceladas de informação que adquiri ao longo da minha carreira. Umá vez que baseei minha informação numa ampla pesquisa, os resultados podem ser menos objetivos do que se realizasse um rigoroso estudo de história da arte e do design. Apesar disso, ou talvez por causa disso, espero que este livro seja mais adequado para atender às necessidades práticas dos designers (ou dos estudantes de design) do que outro trabalho menos subjetivo. Nossa visão do layout da página deveria começar por uma análise dos fatores que contribuíram para o estilo contemporâneo; em seguida, examinaria os elementos da forma que levaram o design a desenvolver-se no plano das duas dimensões; ponderaria, depois, toda a importância da palavra e da imagem, que dão significado aos nossos conceitos criadores; e concluiria afinal com uma breve vista de olhos sobre a percepção (o estímulo) e a resposta — as medidas do nosso êxito ou do nosso fracasso. Neste livro, a expresão "página impressa" é usada com uma significação bem ampla, incluindo os cartazes e posters, as capas de livros e revistas ou, ainda, as próprias margens das páginas. Os elementos do design da página, do mesmo modo, podem se referir a todas as formas de material impresso, sem discriminação de dimensões, objetivos ou orçamentos. Na mesma linha, não deveríamos permitir que nossa inegável inclinação pelo moderno design gráfico esquecesse o fato de que os nossos alicerces estão profundamente plantados na tradição livreira, uma tradição que por muitos séculos tem guiado e preservado as idéias da humanidade. Bastaria isso para contrabalançar as deficiências do design gráfico contemporâneo, lembrando-nos que sua existência está ligada a um grande senso de responsabilidade social. A.H. Nota do editor Os avanços tecnológicos e industriais foram rápida (às vezes simultânea) e eficientemente acompanhados da criação de novos termos na língua inglesa. Um tanto afastados do processo, coube-nos importar ambas as inovações: as técnicas e a linguagem. Assim, termos como design, designer, layout não encontram expressão precisa na língua portuguesa. Poderíamos neste livro adotar inovações como o leiaute do mestre Aurélio (e na mesma linha arriscar-nos à execração do leitor com eventuais "disáins" ou coisa assim), ou usar palavras portuguesas de sentido aproximado. Como nossa intenção, todavia, não é chocar nem inovar, mas apenas tornar compreensível o texto de Allen Hurlburt, preferimos deixar a questão em aberto, grafando termos como esses na forma original inglesa. E não correremos o risco de má comunicação com os meios gráficos, de publicidade e outros, que assim os reconhecem e utilizam amplamente. Reconhecemos, porém, ser esse um problema a ser resolvido pelos lexicógrafos. É necessário, também, chamar a ate' do leitor para outra expressão largamente utilizada neste livro: tipografia. Entre nós, essa palavra usualmente designa apenas um proo de composição de texto, processo também chamado de "composição a quente". Permitimo-nos, contudo, ultrapassar aqui esse limite conceituai à semelhança do inglês, dar ao termo o sentido bem mais amplo de descrição, conhecimento, estudo da letra e de sua: formas e características, especialmente de seu desenho. Quando falamos de tipografia, portanto, não nos referimos ao processo — não importa se a letra foi composta por linotipo, meios fotográficos ou eletrônicos ou, ainda, se é manuscrita. N. da E.: Os termos layout, design, designer, pôster, mencionados inúmeras vezes neste livro, não foram compostos em grifo porque são de uso corrente nesta área artística. Sumário Introdução 8 Estilo 11 Raízes do design 1 3 Prelúdio: Art Nouveau 1 6 O Cubismo arma o cenário 1 8 Futurismo 20 Dadaísmo, o derrubar de estruturas 22 Surrealismo 24 0 design revolucionário russo 26 El Lissitzky 28 Alexei Brodovitch 30 Art Déco 32 De Stijl 34 Bauhaus 38 Depois do Bauhaus 42 Resumo: Um padrão de estilo 44 Forma 49 Forma: definição da estrutura 51 Simetria: o ideal clássico 54 Assimetria: a ordem oriental 56 A assimetria atinge o Ocidente 58 A influência de Mondrian 60 Equilíbrio 62 Contrastes de tom e de cor 64 Contraste de tamanho 66 A trilogia do design 68 Forma livre 70 Sinais e símbolos 72 Dimensão: a perspectiva 74 Dimensão: a isometria 76 Ângulos e diagonais 78 Módulos: o sistema de design de Le Corbusier 80 Diagramas e sistemas 82 Resumo: Preenchendo o vazio 84 Conteúdo 89 Conteúdo: palavra e imagem 91 A síntese do design 94 O conceito criador 96 Tipografia: a linguagem visual 98 Tipografia: serifas e simplicidade 104 Tipografia: estilo e legibilidade 106 Fotografia: câmara e imagem 1 08 Efeitos fotográficos 11 2 O designer como fotógrafo 1 1 6 Ilustração 11 8 0 designer como ilustrador 1 22 Ilustração gráfica 1 24 Humor 1 26 Resumo: 0 efeito total 1 28 Resposta 131 Resposta: a importante mudança 133 Percepção: a psicologia da Gestalt 1 36 Ilusão: a visão modificada 1 38 0 paradoxo visual 1 42 Conclusão: a avaliação de um design 145 Agradecimentos 149 Bibliografia 151 índice remissivo 1 55 Introdução 0 termo layout não é considerado elegante para especificar o processo de design. Muitos artistas gráficos preferem ser conhecidos como diretores de arte, diretores de design ou comunicadores visuais, em vez de layoutmen. Ainda que estas designações sejam adequadas às crescentes responsabilidades da função, não há palavra melhor do que layout para sintetizar a idéia, a forma, o arranjo ou composição de uma página impressa. O layout é um processo que a maioria dos artistas gráficos tende a considerar como absoluto, resultado de uma ação intuitiva que dispensa análise ou avaliação. Na verdade, porém, há evidências quase diárias de que este é um processo que precisa ser melhor compreendido pelos profissionais. Para analisar este assunto complexo, retrocederemos ao que alguns poderiam considerar como História Antiga; entretanto, nosso objetivo não é examinar a construção de monumentos, mas descobrir aqueles princípios que podem sugerir soluções inovadoras e criativas no design. Ao mesmo tempo, seria insensatez se pretendêssemos dar aos princípios que fundamentam A visão da Terra apresentada na projeção de Mercator (acima) baseava-se ainda na superfície plana da limitada ciência e limitado design da Idade Média. O mapa à direita, no conceito Dymaxion, de Buckminster Fuller, é a "Terra, nave espacial''. Esta visão dinâmica sugere uma abordagem criativa do espaço bidimensional, típica do século XX. essas soluções o caráter de mandamentos indiscutíveis. Além do mais, os artistas gráficos não estão submetidos aos perigos reais com que se defrontam seuscolegas, os designers industriais e de arquitetura. Creio que jamais alguém sofreu lesões graves pela falta de equilíbrio do layout de uma página impressa ou foi eletrocutado pela escolha inadequada de caracteres tipográficos. Nossos erros não produzem tão assustadoras conseqüências, mas devemos assumir nossa responsabilidade, pequena mas relevante, e compartilhar os mesmos critérios estéticos utilizados pelos arquitetos e designers industriais no planejamento e na divisão do espaço. Iêe t ;-e "iodo algum surpreendente que i ~ :>Dr-—o design gráfico recolha Bnxjrcs 3cs seus princípios e idéias tm Frank Lloyd Wright, [ L i Im -s e r , Walter Gropius, [ • e s »ar oer Rohe — todos estes nomes ^oonantíssimas contribuições n -- : :nfiguração do século XX s e processo, influenciaram do design gráfico. 30 design contemporâneo revela inter-relação de todas —oaaiidades — industrial, r ; _ a, de interior : í —, da mesma maneira que ■= acionam com as artes i®r~u-3 e da escultura. •movimento do design moderno cescimento paralelo de ■ *ooas essas áreas. Não há, provavelmente, demonstração melhor e mais simples da diferença entre o tradicional design bidimensional e o grafismo moderno do que o contraste entre o mapa-múndi de Mercator e a projeção dinâmica da Terra, desenvolvida por um dos mais inventivos e legítimos representantes do século XX, Buckminster Fuller. Engenheiro, arquiteto, fértil inventor, Fuller foi o criador do globo geodésico, a representação esférica do mundo, tal qual hoje é universalmente conhecida. 0 mundo mapeado por Mercator no século XVI revela uma visão sem o sentido das dimensões, baseada no estilo artesanal dos escribas da Idade Média. A versão desenvolvida por Buckminster Fuller, em meados deste século, é uma síntese do design da era industrial, que combina a moderna tecnologia com novos conceitos de percepção. Não é nosso propósito, de maneira alguma, estimular a conformidade ou a imitação, mas o processo de design — como, aliás, a maioria dos aspectos da vida contemporânea — não se originou do nada nem cresceu no vácuo. 0 artista gráfico da atualidade não pode simplesmente ignorar as forças que, dentro ou fora do seu campo, influenciaram a forma e a funcionalidade do layout de uma página. 0 artista terá também maior proveito ao compreender os princípios que contribuíram e continuam a contribuir para o design de boa ou de ótima feitura. ■J "r- < m ] r J.. ! Trecho do livro LAYOUT: o design da página impressa - Allen Hurlburt - Editora Nobel Raízes do design 0 estilo do século XX — o que chamamos por design moderno — é uma complexa fecundação cruzada de influências e movimentos artísticos, isto é, seu desenvolvimento não seguiu uma simples progressão passo a passo de idéias e direções. Algumas das idéias e princípios que deram origem ao movimento moderno foram estabelecidas na Inglaterra no século XIX por John Ruskin, influente crítico de arte cujos escritos relacionavam valores estéticos com moralidade, e por William Morris, designer, poeta e teórico social que promoveu a revalorização da tipografia clássica na impressão e das habilidades artesanais do design de produtos. Ao final do século, os arquitetos norte-americanos Louis Sullivan e Frank Lloyd Wright começaram a dar ênfase à forma e à funcionalidade de suas construções. A tipografia começava a mostrar os resultados do renascimento clássico iniciado por Morris e já acusava a influência do movimento Art Nouveau, que na Europa encerrava a era do Romantismo, antes do início do movimento moderno. Bem no início do século XX, ocorreram vários e significativos movimentos, que viriam alterar profundamente o curso do design. A fonte mais comumente apontada como a origem da moderna arte gráfica é o Cubismo, iniciado em Paris por Pablo Picasso e Georges Braque. Logo atrás dessa escola de pintura vem a geometria das paisagens de Cézanne e as arrojadas experiências neoprimitivas de Henri Matisse e o Fauvismo. O ponto de partida para a revolução é localizado no ano de 1 907, precisamente no quadro Les Demoisel/es d'Avignon, exposto no Museu de Arte Moderna em Nova York; embora não sendo ainda uma pintura definitivamente cubista, revelava grande afinidade com a primitiva arte egípcia e africana, muito mais Les Demoiselles d'Avignon, pintado por P/casso em 790 7, foi o quadro que iniciou o movimento cubista e lançou os fundamentos da arte moderna. Museu de Arte Moderna, Nova York. do que com a arte ocidental. Neste quadro Picasso nivelava a superfície da tela, minimizando a ilusão da terceira dimensão, e substituía por contornos e ângulos agressivos a representação pictórica tradicional. Outro importante acontecimento dessa década ocorreu em 1 909, quando Frank Lloyd Wright completou a hoje famosa Robie House, em Illinois. Este marco da história da arquitetura assinala o ponto alto da carreira de Wright. Sua utilização de planos em balanço para criar linhas contínuas, equilibradas num plano assimétrico muito próximo da perfeição, forneceu uma chave essencial para o desenvolvimento da moderna abordagem da forma. No mesmó ano, 1 909, em que Wright completava a Robie House e em que o Cubismo recebia este nome, S;gmund Freud publicava o monuments A Interpretação dos Sonhos, ob-a que revolucionou as atitudes do homem em relação a si próprio e à sua sexualidade. Lado a lado com seus efeitos na medicina e na ciência, o livro de Freud estava destinado a exerce' profunda influência na literatura e nas artes, com a revelação dos processos do inconsciente. Outro fato de extrema mportânda teve lugar nessa inacredité. e década. Em 1 905, Aibe'*. E ~s:e:' enunciava a teoria da Relatr. áade, que viria mudar nossa visão da realidade e abrir as portas para as influências científicas e abstratas na arte gráfica. Na verdade, embora sto não fosse claramente visível na época (1910), estavam sendo estabelecidos então os fundamentos do design moderno. Mesmo para o mais distraído observador da história da arte e do design, é visível que os movimentos que se seguiram, ae uma forma ou de outra, contraíram um enorme débito para co~ esses quatro acontecimentos. ‘ .as páginas seguintes acompanharemos o desenvolvimento do estilo no design moderno e tentaremos relacionar esse estilo com o layout ca página impressa. Neste século, —ais do que em qualquer outro, Por volta de 1912, Picasso e Braque já tinha deixado de lado a realidade convencional em suas pinturas cubistas. Mas davam um toque de realismo às suas telas, com a colagem de impressos, como nessa obra de Picasso, Natureza Morta com Jornais, de 1914. (Coleção Dalsace, Paris.) as múltiplas disciplinas do design são entrelaçadas para formar o tecido do estilo contemporâneo. O movimento cubista estava relacionado apenas com a pintura e a escultura, mas, em composição com o Dadaísmo e o Futurismo, os estilos e influências começaram a disseminar-se das artes mais nobres para outras áreas do design. Ao mesmo tempo, na década de 20, que os designers do De Stijl e do Bauhaus formulavam, juntos, as idéias do design moderno, estava sendo concluída uma inseparável união entre as diversas áreas do design. Assim, ainda hoje é possível sentar numa cadeira clássica, contemporânea, desenhada por Le Corbusier, entre paredes de sua arquitetura, em meio a trabalhos gráficos e ao design de interior de sua criação e ler um livro com projeto gráfico assinado por ele. Le Corbusier, autêntico gênio do design do século XX, não é o representante de um movimento específico, mas autor de um trabalho que liga todos os movimentos, aomesmo tempo que a todos transcende. A residência dos Robie foi concluída em 7 909 por Frank L/oyd Wright e tornou-se o marco principal do design e da arquitetura do século XX, com seus planos assimétricos e em balanço. J E i _ W A O O Nas» T5vj * jo z_ o m i S T A U R E Z - VOUS c o n A o m r r t c t f i x M d A PEU DE Terminada em 7 922, a era cubista continuou a exercer influência sobre o design gráfico, conforme o demonstra esse clássico poster de 1932, de A. M. Cassandre. ■acuidade de Beias Aftss de Sao Paulo Biblioteca Prelúdio: Art Nouveau Embora anteceda o Cubismo, o movimento Art Nouveau teve alguma influência no gigantesco degrau construído por Braque e Picasso em direção ao moderno design. Ao contrário da maioria das correntes associadas ao movimento modernista, o Art Nouveau não foi dominado pela pintura. Mesmo os pintores mais estreitamente relacionados com este estilo — Toulouse-Lautrec, Pierre Bonnard, Gustav Klimt — são identificados, no caso, por seus posters e objetos de decoração. O Art Nouveau foi o primeiro movimento orientado exclusivamente para o design. Por isso, seu estilo é marcado, algumas vezes, pela decoração elaborada e superficial e pelas formas curvilíneas ou sinuosas. Talvez não seja muito elegante (nem muito próprio) designar este estilo como sendo o último suspiro da decoração, mas uma comparação com as tendências do século XX que se seguiram faz esta conclusão parecer adequada. O Art Nouveau é importante para o artista gráfico por causa do estilo que fixa para a página impressa; por sua influência na criação de formatos de letras e de marcas comerciais; por sua criação e primeiro desenvolvimento dos modernos posters. O design gráfico foi também influenciado pela contribuição do Art Nouveau, relacionando as áreas da moda, de tecidos e mobílias, da mesma 'forma que o design de objetos populares, como vasos e lamparinas Tiffany, artigos de vidro Lalique e estampas Liberty. Da mesma maneira que muitas outras inovações do design, os modernos posters tornaram-se viáveis em decorrência de uma inovação técnica. A litografia colorida tornou-se disponível ao final do século XIX, possibilitando aos artistas trabalhar diretamente na pedra, Disca NOUVEAU O espírito An Nouveau é demonstrado com clareza nos estiíos de letras acima, ressurgidos recentemente, e dos posters parisienses, londrinos e nova-iorquinos do final do século XIX. O poster de Jane Avril, criado em 1899 por Toulouse-Lautrec, reflete a influência das estampas orientais, bem como as Unhas sinuosas e o desenho das letras da litografia An Nouveau. 0O B JANE Avril 1&99 sem as restrições retilíneas tradicionais na impressão tipográfica. Outra influência que inspirou o uso livre do espaço foi a súbita popularidade das estampas japonesas. É fácil para os designers educados à sombra do Bauhaus e do Estilo Internacional (International Style) rejeitar o Art Nouveau como um exagero gráfico que nega os principios básicos do design contemporâneo. Todavia, a decoração é uma influência persistente na comunicação visual e no design gráfico. Basta lançar um olhar, vinte anos mais tarde, ao movimento Art Déco, para encontrar uma seqüência dessa alternativa puramente ornamental do design. Embora o Art Nouveau seja uma manifestação típica do século XIX, podem-se encontrar traços desse movimento nos layouts tipográficos dos anos 60 e mesmo da década de 70. Os trabalhados caracteres da famíiia de tipos Bookman, o arredondado da família Cooper Black e o renascimento de alfabetos antigos e ornamentados, tornado possível pela fotoletra e fotocomposição, tudo isso torna evidente a persistente influência do estilo decorativo. Charles Rennie Mackintosh foi um desenhista excepcional do movimento Art Nouveau. De estilo não curvilíneo, como o da maioria dos seus contemporâneos, seu trabalho na arquitetura, no mobiliário e nas anes gráficas teve efeito significativo no desenvolvimento do design. É o que demonstra esse poster, a clássica cadeira e o talher. (The Design Collection, Selected Objects, Museu de Ane Moderna, Nova York.) O Cubismo arma o cenário Embora sucedendo ao Art Nouveau, o Cubismo deve pouquíssimo àquele estilo. De fato, à parte a reconhecida dívida para com Cézanne e os pós-impressionistas, o Cubismo explode em cena com sua próprià e criativa força. f Os cubistas não mudaram apenas \ o curso da pintura — sua influência «r1 teve reflexos diretos no futuro da página impressa. Quando Picasso e Braque abandonaram a ilusão tridimensional e recolocaram na pintura o plano bidimensional, estabeleceram o design como o principal elemento do processo criativo. Ao grudar nas suas telas fragmentos impressos e rótulos, eles sugeriram novas maneiras de combinar imagens e comunicar idéias. Além disso, o uso de letras estampadas ou gravadas, em suas pinturas, abria novas possibilidades para a tipografia. O movimento cubista foi iniciado com a exposição de Les Demoise/les d'Avignon, no estúdio de Picasso, em 1 907. No breve período de 1 907 a 1 909, Picasso e Braque completaram uma série de pinturas que firmaram solidamente o estilo cubista. Em poucos anos, a revolucionária inovação modificava a concepção de muitos pintores europeus e lançava as sementes da maior parte dos movimentos que se verificariam a seguir no design moderno. Em 1913, alguns dos primeiros pintores influenciados por Braque e Picasso sacudiam os Estados Unidos com a hoje famosa exposição Armory. Dentre os trabalhos expostos encontrava-se uma pintura do neocubista Mareei Duchamp, Nu Descendo uma Escada, que se tornaria precursora dos movimentos futurista e dadaísta. Dois outros importantes pintores desse período que sofreram influência do Cubismo foram o alemão Piet Mondrian e o russo Homenagem a Bach, de Georges Braque, foi concluído em 1912, quando o Cubismo alcançava seu estágio mais acabado. Como muitas das pinturas cubistas, essa obra traz letras estampadas como pane integrante do design. (Galeria Sidney Janis.) Kasimir Malevitch, artistas que iniciaram os movimentos De Stijl e russo, mas que, mais comum e incorretamente, são classificados como líderes do Construtivismo. Mesmo tendo sua expansão interrompida pela Primeira Guerra Mundial, o movimento cubista não se extinguiu. Na Espanha, Picasso e Picabia continuaram a aprimorar e a ampliar o processo e, na Holanda e na Suíça, países neutros na guerra, o Cubismo continuou a evoluir em direção a outras manifestações artísticas. Nas décadas de 20 e 30, a nova concepção pictórica do Cubismo inspirou sucessivas gerações de artistas e designers. Até mesmo a arte da camuflagem, durante A ilustração Um Americano em Paris fazia parte de uma campanha dos pianos Steinway. A pintura, em estilo neocubista, é de Miguel Covarrubias (1929), com direção de arte de Charles Coiner, do N. W. Ayer. a Primeira Guerra Mundial, teve influência cubista. A revolucionária concepção formal deste movimento teria, por fim, influência pouco direta porém significativa, posteriormente, na arquitetura e no design industrial. A inspiração - cubista impregnou ainda todos os aspectos da arte comercial e aplicada, e foi decisiva^ ha década de 20, na criação d è poste rs e no design publicitário. 0 movimento futurista, como o Dadaísmo, foi iniciado no período entre a primeira pintura cubista e a Primeira Guerra Mundial. A idéia começou a tomar forma por volta de 1 909, quando um grupo de jovens artistas e escritores italianos criaram o estilo para expressar sua visão dinâmica do futuro. Mas foi somente depois do contato do grupocom as pinturas de Duchamp e as manifestações antiarte, ocorridas em Paris, em 1 911 e 1 91 2, que os trabalhos futuristas adquiriram expressão visual definitiva. Enquanto os cubistas utilizavam formas geométricas e adotavam múltiplos pontos de vista para retratar naturezas-mortas e essencialmente objetos estáticos, os futuristas deram seqüência à concepção visual sugerida por Mareei Duchamp na tela Nu Descendo uma Escada. Ao mesmo tempo, usavam pontos de vista em movimento para revelar uma ação dinâmica em sucessivas imagens sobrepostas. O movimento futurista foi organizado por Marinetti, poeta italiano, ao qual logo se associaram os imaginativos pintores Boccioni, Baila e Severini. Estes artistas transformavam idéias poéticas em imagens visuais. O grupo dos futuristas também incluía o visionário arquiteto Sant'Elia, cujos desenhos de cidades futuristas foram um prenúncio da arquitetura de 1 920, particularmente os arranha-céus no estilo Art Déco. Ao contrário do movimento dadaísta, que gradualmente desapareceu para dar lugar ao Surrealismo, o Futurismo encontrou um trágico fim nas-cinzas da Primeira Guerra Mundial. Em 1916, morriam Boccioni e Sant'Elia. Não obstante a destruição dos sonhos de uma arquitetura do futuro, suas reentrâncias e suas curvas aerodinâmicas reapareceriam em muitos edifícios dos anos 20 e 30. Apesar de seu fim abrupto, o Futurismo não desapareceu sem deixar vestígios. Em seus manifestos, as idéias de uma nova estética adequada à era da máquina influenciaram outros grupos de design europeus — especialmente De Stijl e Bauhaus — nos anos de pós-guerra. As imagens do Futurismo e suas idéias arquitetônicas desempenhariam papel ainda mais importante no estilo modernista que ficou conhecido como Art Déco. O Futurismo é mais importante por sua contribuição à arte do que para o design gráfico. Apesar de suas concepções visuais encontrarem expressão gráfica em fotografias de exposição múltipla e fotogramas, que trouxeram recursos vigorosos ao design nos anos 20, os futuristas deram pouca atenção à arte aplicada, è sua tipografia acompanhou os padrões dos cubistas e dadaístas. Talvez a contribuição mais significativa deste movimento tenha sido servir de ponte para o estilo Art Déco que viria a seguir. I A: KWT VvfFC*, ifts Nu Descendo uma Escada (extrema esquerda), tela histórica de Mareei Duchamp (1912), pertence hoje à Coleção Arensberg, do Museu de Arte de Filadélfia. Seu movimento descendente e as irônicas conotações tiveram profunda influência sobre o Futurismo e o Dadaísmo. O Futurismo trouxe para o design gráfico esse sentido de movimento, como no poster italiano à esquerda. Um dos grandes artistas do poster da década dé 20, E. McKnight Kauffer, fez idêntica utilização, como o demonstra o poster acima, Pássaro Madrugador. Dadaísmo, o derrubar de estruturas Se o Cubismo golpeou as convenções da arte e do design, o Dadaísmo foi ainda mais longe: derrubou toda a estrutura da representação racional. Muito mais do que criar um novo estilo, o objetivo dos dadaístas era reduzir a cacos todos os conceitos tradicionais. Com isso pretendia revitalizar as artes visuais, quebrando todas as regras. Até hoje não se sabe ao certo quem escolheu a palavra dada, nem qual o significado pretendido (variável em diversas línguas); admite-se que tenha tido origem na expressão eslava da, da (sim, sim). Manifestação de protesto que rejeitava todos os valores respeitados pelas artes e pela sociedade, o Dadaísmo está relacionado com o movimento anarquista, em voga à época da Primeira Guerra Mundial. As atitudes niilistas do Dadaísmo estenderam-se à arte e ao design através da poesia e da pintura. O movimento Dada recebeu este nome no Cabaré Voltaire, em Zurique (1916), lançado por Tristan Tzara, poeta romeno; Hans Arp, pintor; e Hans Richter, artista e mais tarde cineasta. Seu nascimento, entretanto, talvez deva ser localizado antes, nas manifestações antiarte e antiinstituições levadas a cabo por Mareei Duchamp em seu breve namoro com o Cubismo, em 1 91 2 e 1913. Suas obras Nu Descendo uma Escada e Roda de Bicicleta desempenharam papel decisivo no surgimento do estilo dada. Além de Duchamp e Arp, artistas como Picabia e Max Ernst, o fotógrafo Man Ray, o poeta Guillaume Apollinaire — todos deram importante contribuição ao Dadaísmo. O movimento teve uma vida relativamente curta — iniciado em 1 91 2, foi declarado morto e provavelmente enterrado em Weimar, Alemanha, na famosa Bauhausfest, em 1 922. Mas a onda dadaísta era mais um estado de espírito do que um movimento artístico, e suas idéias niilistas acabaram A construção de Marcel Duchamp denominada Roda de Bicicleta, de 1913 (numa réplica do Museu de Arte Moderna, Nova York), e a tipografia de Marius de Zayas no poster Elle, de 1905 (à direita), são representativas das atitudes anticonvencionais do Dadaísmo. FEM M E! r t v o i i m v i t . i u k n t>: i .i u k i ».v n h <‘K fwmi.uT A. y a > V ELLE N'A PAS ; LA PEUR OU PLAISIR \ r ^ ? & y * s 5 / Y " V LUI \ 'N !H 1Ujülu !B iE . R j * j r , r*· V JV / u s l f / f f ' . * * l \w : & At* JVfie ivm nonne v1»« œOHCe & £ ¥y O v # /* -V ¿ S & .¿t'srSA fît.·»* .J /t.Vf E L L E por reaparecer nos anos seguintes. Enquanto muitos dos primeiros participantes do grupo dadaísta voltaram-se para o Surrealismo, outros continuaram a explorar os absurdos e as incongruências chocantes, que eram o alvo do movimento. Ao final da década de 50 e início dos anos 60, o espírito do Dadaísmo ressurgiu em Nova York — as caixas BriUo de Andy Warhol e o telefone Hmp de Claes Oldenburg nada mais são que uma variação da roda de bicicleta de Duchamp. O Dadaísmo influiu nos designers gráficos de duas maneiras igualmente importantes: ajudou-os ase libertarem das restrições retilíneas e reforçou a idéia cubista do uso da letra em si mesma como uma experiência visual. Despertou também os designers para o fato de que o chocante e o surpreendente podem representar um importante papel na superação da apatia visual. Apesar de todas as suas extravagâncias, o Dadaísmo deve ser encarado seriamente, em virtude da sua influência nos demais movimentos da criação artística que se seguiram, como o De Stijl. Os construtivistas e o primeiro grupo de designers da escola Bauhaus também conheciam perfeitamente as propostas libertárias do movimento Dada; contudo, era propósito destes movimentos, bem como do De Stijl, dar um sentido de ordem e de objetividade ao caos instituído pelo Dadaísmo. A influência do movimento dadaísta perdurará enquanto artistas e designers sentirem a necessidade de protestar, como evidencia o poster de 1966, do japonês Tadonari Yokoo. Muitos estudos sobre o design do século XX não fazem distinção entre os movimentos dadaísta e surrealista. Embora os expoentes do Dadaísmo tenham passado para o Surrealismo na década de 20, levando as proposições dadaístas, as contribuições desses dois movimentos para o design gráfico são um tanto diferentes. Enquanto a corrente dadaísta fez com que o design gráfico se libertasse das posições restritivas em relação à forma, os surrealistas-contribuíram para um novo enfoque do conteúdo e .das imagens visuais. A arte surrealista adota como tema o simbolismo, as imprevisíveis justaposições do inconsciente, do modo como normalmente acontecem nos sonhos. Ambos os movimentos têm um débito para com Sigmund Freud e as fantasias do inconsciente, objeto dos primeiros estudos da psicanálise. Entretanto, enquanto a perspectiva dadaísta era anarquista, oSurrealismo combinou o revolucionário universo subjetivo com técnicas artísticas muitas vezes convencionais, não raro tradicionais. 0 Surrealismo baseou-se grandemente na obra de Freud Interpretação dos Sonhos, que revela o papel do inconsciente como repositório de desejos sexuais reprimidos e com o Ulisses, de James Joyce, que, publicado em 1 922, utilizou pela primeira vez a técnica da livre associação de idéias para revelar o subconsciente dos seus personagens. Estes dois livros influenciaram os pintores surrealistas e o seu envolvimento contínuo com o universo subjetivo, na comunicação de idéias. O Surrealismo foi formalmente estabelecido em 1 924 por André Breton, que o de firij como “ uma ação puramente automática e psíquica, pela quai se pode exprimir (...) o rea: funcionamento da mente". Os designers gráficos auferiram grandes benefícios dos pintores A paisagem surrealista tem um clássico exemplo no quadro (acima) de Salvador Dali, Persistência da Memória. (Museu de Ane Moderna, Nova York.) Na pintura Filho do Homem (à direita), de René Mag ritte, de 1964, temos um retrato surrealista. (Coleção particular.) surrealistas./Max Ernst, por exemplo, sugeriu-lhes uma extraordinária variedade de técnicas, além da irreverência dada; René Magritte usou um estilo realista para retratar objetos num contexto insólito; Salvador Dali sustentava os pesadeios surrealistas de suas pinturas usando como fundo um permanente estilo acadêmico. Dois outros artistas surrealistas contribuíram para enriquecer as formas gráficas, embora por um caminho diferente — Joan Miró e Hans Arp. Ambos exploraram um nível de criação ainda mais abstrato, usando formas e figuras que influenciaram o design. Muitos outros pintores aderiram à escola surrealista, mas foram esses nomes que mais contribuíram para a reformulação das idéias e das formas na arte gráfica. Em virtude da estreita relação do Surrealismo com as reações emocionais e os estímulos do inconsciente, este movimento teve influência particularmente decisiva na comunicação visual e na ilustração contemporânea. Max Ernst, uma das maiores expressões do movimento dadaista, voltou-se para o Surrealismo, em 1921, com essa impressionante pintura, O Elefante Celebes. (Tate Gallery, Londres.) O design revolucionário russo A era stalinista empregou tamanha eficiência na eliminação do movimento moderno na União Soviética, que muitos designers contemporâneos não sabem a magnitude da dívida que têm para com as idéias vanguardistas lançadas pelos designers russos nos primeiros anos da Revolução. No topo desse movimento estava Kasimir Malevitch, que vivera em Paris no início do Cubismo. Por volta de 1915, empenhando-se em dar à sua arte o máximo de simplicidade, Malevitch estabeleceu o Suprematismo, um estilo de pintüracomposto de elementos absolutos fundamentais (fundamental suprematist elements). Estes elementos eram as simples formas geométricas do quadrado, do círculo e do triângulo, que desempenharam papel de destaque no design Bauhaus. Malevitch produziu poucos designs gráficos. Sua contribuição reside principalmente nas primeiras obras de procura da extrema simplicidade e uso de formas geométricas: Sua pintura teve forte influência em outros designers russos cujo trabalho é mais precisamente denominado Construtivismq. De maneira no emprego racional de material útil para criar objetos de uso comum ou encontrãT^õíüções para problemas de comunicação. Neste processo, eles rejeitavam os aspectos mais permanentes da estética, em benefício da utilidade corrente. A palavra Construtivismo é, na verdade, um largo rótulo aplicado a um grupo de trabalhos de tendências diversas. Todavia, apesar do isolamento da Rússia, que sobreveio com a Primeira Guerra Mundial, e do rígido controle de fronteiras exercido pelo Estado proletário, uma grande massa de informações em relação a essa escola foi trocada entre os artistas russos e seus colegas europeus, até a década de 30. Entre os artistas de vanguarda O design acima é baseado numa pintura suprematista (1913) de Kasimir Malevitch. A fotomontagem à direita foi criada por Alexander Rodchenko, no começo dos anos 20. da Revolução Russa incluíam-se lyiacc Chagall e Wassily Kandinsky, que mais tarde se tornou professor da Bauhaus, e designers gráficos como Alexander Rodchenko, Nikolay Prusakov e os irmãos Stenberg. Todavia, talvez 0 ' mais importante dos artistas do vanguardismo russo tenha sido El Lissitzky, que trabalhou tanto na Rússia como na Europa e cuja contribuição para 0 talhe e as formas do design gráfico é tão importante que merece uma análise em separado, nas páginas seguintes. Uma das metas do Construtivismo era combinar palavras e imagens numa experiência simultânea, tanto na página impressa quanto no filme. Este tratamentcTdãs imagens vTsTíaTs, então revolucionário, estava destinado algumas das suas idéias ainda hoje a influenciar 0 futuro da comunicação não estejam inteiramente de idéias. A composição palavra-imagem conhecidas no design ocidental, iniciava, então, o primeiro passo para 0 fotojornalismo. Ao Construtivismo se deve também a utilização de novas técnicas visuais, como a fotomontagem, os fotogramas e a superposição. Todos estes esquemas, amplamente usados pelos construtivistas na criação de seus cartazes de cinema, alargaram o potencial da página impressa. Embora muitas das novas idéias tenham inspirado 0 desenvolvimento de novas formas gráficas fora da Rússia, 0 manto de obscuridade que se abateu sobre 0 movimento a partir da década de 30 fez com que O poster à esquerda, criado em 1929 para a Exposição Russa em Zurique, é de El Lissitzky, um dos mais notáveis pioneiros do design gráfico moderno. O estilo de pintura de El Lissitzky, que ele chamou de proun e descrito como um "meio-termo entre a pintura e a arquitetura", está acima, na Espiral de Flutuação Livre. El Lissitzky [ Se há um designer russo que — mais do que qualquer outro de seus compatriotas — contribuiu para somar as experiências do design construtivista com o desenvolvimento das idéias gráficas de vanguarda da Europa Ocidental, ele foi El Lissitzky. Estudou com Marc Chagall, trabalhou longo tempo com Malevitch e visitou a Europa de 1 922 a 1 925, trabalhando e trocando idéias com os designers dos grupos De Stijl e Bauhaus. Embora não tenha sido o mais importante designer da Revolução Russa, El Lissitzky juntou ao Construtivismo o refinamento e a elegância européia. Por outro lado, suas concepções sobre tipografia e fotomecánica assimétricas marcaram profundamente o estilo dos anos 20. Da mesma forma que os designers futuristas e dadaístas romperam os limites da tipografia convencional, artistas como El Lissitzky deram a essa área uma nova forma e uma nova ordem. Em 1 923, ao escrever novas regras para a tipografia e a composição, Lissitzky ressaltava os aspectos visuais e funcionáis do uso das letras, palavras e sistemas na comunicação de idéias. Ao deter-se na arquitetura do material impresso e ao dar ênfase ao efeito total proporcionado pela coesão e conexão, em vez da preocupação com o design de páginas isoladamente, ele estabeleceu as bases para o posterior desenvolvimento de sistemas de diagramação e design. Sua tipografia e os padrões que estabeleceu tiveram especial influência sobre os trabalhos e escritos de Jan Tschichold, notável tipógrafo suíço, autor de Die Neue Typographie (A Nova Tipografia) e de Typographik Gesta/tung (A Estrutura Tipográfica), obras, respectivamente, de 1928 e 1 935. Estes livros se tornaram a bíblia de todos os designers tipográficos, e a contribuiçãoEl Lissitzky, em 7 924, juntou o auto-retrato a vários elementos fotográficos sobrepostos, para formar uma composição por ele denominada O Construtor. O design à esquerda, para a dedicatória de um livro, utiliza a letra C do alfabeto ciríHco, sugerindo visão. de Tschichold não pode ser considerada menor pelo fato de ele ter voltado mais tarde a adotar em seus próprios trabalhos as formas mais clássicas e tradicionais. Ainda guanto à influôncio-exercida na tipografia por El Lissitzky, nótase ter sido ele um dos primeiros designers a perceber a interdependência e a troca de influências entre a fotografia e o design gráfico. Embora o Construtivismo russo estivesse estreitamente identificado com a fotomontagem, a partir das colagens dos cubistas, El Lissitzky estava majsjnteressado no uso dãslécnicas de dupla exposição, superposição e fotogramas. Sua concepção da fotografia como parte integrante da estrutura gráfica fez dele o primeiro designer gráfico a entender que os recursos fotográficos podem eventualmente libertar o layout das rígidas imposições retilíneas, dos tipos de metal e da gravura, tradicionais na tecnologia de impressão. Ele ca racterizou isso. como uma revolução gráfica quase tão importante quanto a invenção dos tipos móveis, nojséculo XV. Hoje, cinqüenta anos depois, ainda estamos mergulhados na revolução que El Lissitzky antecipou. O famoso poster, criado em 1924 por El Lissitzky para as tintas Pelikan, da Alemanha, foi um dos primeiros a usar o fotograma no design gráfico. As letras estampadas refletem a influência do Cubismo. Alexey Brodovitch Depois de El Lissitzky, houve outro russo — de características bem diferentes — cujo trabalho teve profundo significado para o design gráfico: Alexey Brodovitch. Enquanto o primeiro se dedicava a aplicar o Cóñstrutivísrino à causa da Revolução vermelha, Brodovitch se restabelecia dos ferimentos sofridos quando em serviço no Exército branco. Em 1 9207 Brodovitch já se refugiara em Paris, onde, após breve retorno ao atelier de pintura, passou a criar os cenários do Balé Russo de Diaghilev e incorporou-se ao movimento parisiense impressive poster. Embora sua passagem por Paris tenha coincidido com a eclosão do movimento Art Déco, o personalíssimo estilo de Brodovitch — além de sua natural e total antipatia pelos excessos e ornamentos — foi suficientemente forte para fazê-lo resistir aos clichês da moda desse período. Seu próprio trabalho e as linhas-mestras das suas propostas não são diretamente relacionados com qualquer movimento formal do design gráfico; contudo, ele absorveu muitas das melhores influências desses movimentos. Em 1930, Brodovitch foi para Filadélfia, onde iniciou uma fase de sua carreira que estava destinada a ter efeitos formais de longo alcance no design gráfico praticado nos Estados Unidos. Seus cursos noturnos — que ele chamava de Laboratório de Design — influenciaram gerações de designers gráficos, primeiro em Filadélfia e mais tarde em Nova Yor<. Os cursos estenderam-se por 25 anos, e a relação dos seus alunos constitui um verdadeiro Quem é Guem do design e da fotografia norte-americanos. Entre os fotógrafos que estuGsrs~ com Brodovitch menciona^-se 'ving Penn, Richard Avedor — n <ane e Howard Zieff, para citar apenas uns poucos. A lista de c:'etores ce arte inclui Henry Wol* Boc Gage, Otto Storch e Helmut Influenciado pelos temas clássicos que tiveram destacado papel no design An Déco, Alexey Brodovitch fez esta ilustração publicitária para a International Printing Ink Company, pouco depois de sua chegada aos Estados Unidos, em 1930. Krone. Richard Avedon, além de aluno e amigo íntimo de Brodovitch, afirmou: "De Brodovitch você não recebe nem regras nem leis. Ele ensina por osmose. Não há nada que, dele, alguém possa se apropriar, a não ser a essência. Como uma qualidade hereditária, algo dele permanece em você pelo resto de sua vida, em contínuo desenvolvimento". Entre as produções de Brodovitch relacionam-se revistas, livros, e designs publicitários, todos com um estilo e um método de trabalho só seu, inconfundível. Por exemplo, ele próprio muitas vezes reunia as provas e reproduções de diferentes tamanhos de suas fotos e, com sua inseparável tesoura, recortava e ordenava os elementos para a página impressa um raríssimo sob uma lâmina de vidro, até que senso de exaltação e pureza, o produto final surgisse. Por trás desse processo um tanto a esmo escondia-se a mente incisiva, a penetrante visão, um bom-gosto soberbo e inigualável senso estilístico. Brodovitch usava as fotografias com uma destreza e uma sensibilidade de causar inveja aos demais diretores de arte, e o resultado final invariavelmente provocava o respeito dos fotógrafos com os quais trabalhava. Seus layouts tinham um estilo que era uma curiosa mistura da maneira oriental de criar arranjos e espaços com a sofisticação européia. Brodovitch transferia Uma capa e duas páginas duplas da Portfolio, publicada em Nova York em 1950-51, revela a habilidade de Brodovitch no design de página. Essa revista representou o ponto alto das idéias de design que surgiram nas décadas férteis de 20 e 30 que prenunciavam os estilos que dominariam as décadas seguintes. Art Déco Muitos historiadores da arte e do design consideram o Art Déco mais como uma manifestação secundária e paralela do que um movimento de contribuição válida para a formação do estilo contemporâneo. Na verdade, grande número de obras criadas segundo essa tendência entre as duas guerras fogem da simplicidade da apresentação e da funcionalidade da forma, essências do movimento moderno. Alguns dos mais extremados esforços desse estilo só produziram trabalhos que podem ser descritos como kitsch. Todavia, este movimento só veio reafirmar que o apego do homem a tudo gue-é ornamental ou decoração superficial, sem significados mais profundos, não pode ser deixado de lado tão facilmente. A origem do Art Déco é, geralmente, localizada em Paris, mais precisamente na Societé des Artistes Décorateurs (grupo que serviu para darnome ao estilo), mas na verdade suas raízes são muitas e variadas. Embora deva muito da sua formação ao Art Nouveau, o Art Déco abandonou as curvaturas livres e a espontaneidade em favor de um design mais ordenado geometricamente. Seus arquitetos tomaram de empréstimo a Frank Lloyd Wright os motivos ornamentais de influência maia, embora não adotassem dele o extremo cuidado com a forma. Os arranha-céus Art Déco eram, muitas vezes, nada mais que uma extensão dos esboços-futuristas de Sanfflia. Essas idéias arquitetônicas acabaram por refluir para outras áreas do design, onde havia também uma preocupação com as idéias cubistas e com o ressurgimento do clássico grego. As manifestações de Art Déco nas décadas de 20 e 30 foram tão variadas quanto suas raízes. Na arquitetura, particularmente em Nova York, o movimento estabeleceu o estilo arranha-céu, desprezado pelos historiadores da arquitetura O tipo de letra Bifur foi desenhado em 1920 por A. M. Cassandre. A página à direita foi produzida por A. Tolmer para a Mise en Page. Há muito tempo esgotado, esse volume inclui excelentes exemplos de design no estilo An Déco. ( O N T i A í T E í tl irnis«.I\ jiarl imi fo r MlltlliÚg· i> < '\|lr l l» l\ > i" n r i l l>\ r r l r l i r a l n l n r \ o n r j r u r l I i T »o w r l l f u r i l i ...........i <■ li-le u fu r .1 l imili l i - i n i l l im « il ! -|M\lk In mui i n u k r i t s r l f Ir l i ami In ! .111 ini | Mimi· (lavs, a | i l i r , w lia» Iì m i I ro sa i tJiir>t. a r o u - i i i" l*™\fln»l«»«y. l l i c rr f o r r . .1- l a r i ' a I r r l i n i r a l r r r i | i r . W r - l i . i l l i | i i a l i l \ . a m i a l s o lo i Ii-Im · - oh In r r r * n m l r r k i t i " l l i r a r i n i .ni ailil i ¡ ' ■inarkaliK lini- | i r iniir 1 i lr;miii!i> I i- 0111\ \ m i r lallor, \ o i i r « in i · Tlirv Ita ' i ’ i l r r —n i al ¡I svolili! In-l’Imrlisl i 011 \ o u r Iai-i i ¡1' mui ari· m m i l l i n ^ in i-olonr «¡II -ihIiIi-iiK 1 Irli on \ oiir r \ r l'or I r l i In soni ' im i ' ln^ -. ^ ¡v rn Min a r a r i n g an imla-l i iona li lr rival, or In i \ 011 In m a k r a |>r r-rnl . l l i r l a y - o u t m a n I- r o in - r r i u N l . i r i' i ' il t o r x a n i l l l r t i n - I r r l m i r a l ssa\ i n t o I In· r o l i i | > l r \ | i l a \ n f ¡'¡I,:·:· Michael Frostick uminm? Prologue byAshley Advertising and the motor-car impressa são também de difícil avaliação, mas impossíveis de ignorar. Como sua melhor contribuição, o estilo forneceu elegantes designs que faziam bom uso dos espaços em branco e das linhas de composição amplamente entrelinhadas, não raro contrastando com pesados títulos em negrito. As ilustrações do período Art Déco eram quase sempre bem desenhadas, esboços de tonalidades pálidas, croquis de linhas encaracoladas, como as realizadas por John Held Jr. e Bret-Koch. Ocasionalmente, seus designers concediam-se abstrações geométricas com toques cubistas, de sucesso relativo. até ser novamente motivo de interesse na década de 70, quando, por exemplo, o Edifício Chrysler passou a ser visto sob nova luz. Na arquitetura de interior, o Art Déco resultou num estilo que pode ser observado intacto no célebre Radio City Music Hall. L - O Art Déco exerceu influência no design de móveis e em toda a quinquilharia correlata, da chamada vie moderne^(\erãT/\a Déco foi um período de elegantes embalagens, extravagantes cenários cinematográficos, tipos de letras cheios de filigranasTcom extremidades e cantos de complicado desenho. -Art Déco foi o branco macio e o negro brilhante com toques coloridos e cintilantes dourados. Foi um estilo que chegou até nossos dias e brilha nas noites entre coloridos tubos _de neon. O panorama Art Déco era tão espetacular e tão freqüentemente excessivo, que tornava muito difícil separar o que era bom do que era ruim. Os efeitos desse movimento na página O Edifício Chrysler, em Nova York, não foi visto com bons olhos pelos funcionalistas do design. Seus ornamentos e as superfícies de cromo constituem o ápice do estilo arquitetônico Art Déco. A capa (acima) de Ashley Havinden é uma adaptação (em 1970) de designs que produziu muito antes para a Chrysler na Inglaterra. De Stijl O nome De Stijl (que literalmente significa "O Estilo") foi particularmente apropriado para o movimento que, em muitos sentidos, firmou o estilo do design do século XX. Sua época e sua localização foram fortuitas. Durante a Primeira Guerra Mundial, poucos países foram poupados dos abalos e da destruição por ela causados. Sabemos como o Futurismo foi destruído nesse período (ver página 20), mas havia três lugares onde o design moderno encontrava possibilidades de desenvolver-se: Espanha, onde os cubistas Picasso e Picabia tinham meios de continuar experiências pioneiras de novas formas, ainda que distantes de Paris, seu lar de criação; Suíça, onde os dadaístas, atingidos pelos Horrores dã~guerra mas, ainda assim, não envolvidos diretamente nela, seguiam seu irreverente caminho; e Holanda, onde se formou o movimento De Stijl. Durante os anos do conflito mundial, os artistas holandeses tiveram condições de montar o cenário em seu país, neutro, e de preparar o caminho para a extensão do movimento à Europa, mais tarde, no pós-guerra. Entre os líderes do grupo De Stijl nos primeiros anos estavam dois dos mais notáveis artistas da época: o pintor Piet Mondrian e o arquiteto J.J.P. Oud. Todavia, a ampla influência do movimento foi gerada por seu principar fundador e teórico, Theo van Doesburg, profeta, pintor, poeta, crítico, arquiteto, tipógrafo e pioneiro do moderno design gráfico. Já observamos também, neste livro, como o design se beneficiou da múltipla fertilização de várias disciplinas das artes visuais. Essa interação jamais foi tão importante do que quando a arte se colocou sob a influência da tecnologia avançada e das descobertas da ciência — e isso jamais ficou tão evidente A cadeira e o abajur foram desenhados (em 191 7 e 1924) por Gerrit Rietve/d, do movimento De Stijl. /The Design Collection, Selected Objects, Museu de Arte Moderna, Nova York.) M A A N D B L A D O E W I J D AAN DC M O O ER N E B E E L D E M O K V A K K C N E N K U L T U U R REO. TH EO VAN D O E SB U R O . quanto no movimento De Stijl. Os designers do grupo De Stijl fizeram-se notar pela rigorosa precisão com que dividiam o espaço, aígumas vezes contrastando as divisões com linhas negras; pela tensão e pelo equilíbrio, alcançados.com a assimetria; por seu arrojado e‘ criativo uso das formas básicas e das cores primárias; e pela máxima simplicidade de suas soluções. Eles criaram o termo neop/asticismo, para designar sua concepção de pintura bidimensional, e o termo acabou se tornando sinônimo do estilo do grupo em geral. A livre assimetria da arquitetura de Frank Lloyd Wright teve * m 1J>3 H A A C A N T W E R P E N P A R I J S R O M E forte influência nos primeiros designs do De Stijl. Van Doesburg e Mondrian utilizaram essa concepção formal em suas pinturas e, quando Van Doesburg estendeu o princípio à tipografia, abriu maiores oportunidades para o desenvolvimento criativo do moderno design gráfico. Em virtude da resistência às soluções simétricas e ornamentais e em conseqüência do crescente envolvimento com as modernas idéias tecnológicas e industriais, o movimento De Stijl começou a alterar o aspecto da página impressa. As primeiras criações tipográficas do movimento Bauhaus, por exemplo, parecem ser diretamente derivadas dos modelos estabelecidos no De Stijl. 10 1923 A primeira capa da revista De Stijl foi executada num design basicamente simétrico por Vi/mos Huzar, em 1917 (à esquerda); mas, em 1923, Van Doesburg redesenhou a capa em formato assimétrico (acima), que marcaria seu esti/o até 1932. Theo van Doesburg não ficou conhecido apenas como designer, mas também como formu/ador teórico de texto e imagem. Abaixo, uma fórmula sua para o espaço bidimensional. Legitimamente, o movimento De Stijl é considerado um dos protagonistas do moderno cenário artístico. Seu nome é derivado da revista DèStijl, publicada de 1917 a l 9 3 2 , quando foi dedicado o último número à memória de Van Doesburg, que fora seu editor até a morte, em 1 931. Van Doesburg foi um dos primeiros a rèconhecer a quarta dimensão como um elemento do design, quando percebeu a importância do ritmo (veja o parágrafo seguinte) nos filmes de Hans Richter, um membro do grupo. Em artigo escrito em 1926 sobre o design neoplástico, Van Doesburg dizia: "Não há dúvida de que a crescente necessidade de uma realidade visual é a causa da enorme popularidade do cinema, dos jornais ilustrados, das revistas e da fotografia. A necessidade de uma realidade visual faz parte do estilo do nosso tempo". Ele também assinalou que a chapa de impressão tem um alto significado para a comunicação: "Já temos o prazer da técnica plástica do cinema, com um domínio sobre o espaço e o tempo, e não estamos longe de alcançar, através do rádio, a eliminação das nossas últimas dependências em relação à natureza" A revolucionária concepção formal doDe Stijl foi resumida por Van Doesburg em 1 928: " A linha reta corresponde à velocidade do transporte moderno; os planos horizontais e verticais à manipulação mais sutil, ou às mais simples tarefas da vida éda tecnologia industrial. (...) O homem moderno desafia a forma ortogonal (simétrica) com umaforjna oblíqua (assimétrica). Estas renovações elementares encontram seu equivalente na teoria da Relatividade, nas novas pesquisas sobre a natureza da matéria e numa atitude aberta em direção à inteligência ilimitada e às iniciativas criadoras dos seres humanos" No início da década de 20, com o desaparecimento de Mondrian e de muitos outros dos primeiros seguidores, o período holandês do De Stijl chegou ao fim. Por toda Piet Mondrian foi o protagonista da formação do grupo De Stijl. Suas pinturas constituem uma série de obras mestras das divisões assimétricas do espaço. a Europa, no pós-guerra, crescia uma ânsia por novas idéias de design e, sob a liderança de Van Doesburg, o movimento De Stijl entrou na sua fase internacional. Este período revelou designers como El Lissitzky, na Rússia (ver página 28), Frederich Kiesler, da Áustria, Moholy-Nagy, da Hungria, e Hans Richter, da Alemanha. Este último fora dadaista e pintor abstrato e, com sua realização de filmes abstratos, forneceu as bases para as modernas técnicas gráficas do cinema e da televisão. As pinturas de Theo van Doesburg seguem um caminho paralelo ao de Mondrian. A inquietante composição acima, de 1916, é uma demonstração da força do branco-e-preto. Embora Van Doesburg não tenha lecionado no Bauhaus, teve profunda influência nas idéias do movimento. A capa à direita foi criada por ele para o sexto volume do livro Bauhaus, em 1925. Nenhum movimento do design moderno tem recebido tantã atenção de críticos e escritores — e provavelmente nenhum tenha sido tão mal compreendido — quanto o Bauhaus. Em muitos sentidos, o Bauhaus, menos do que um movimento, foi um centro de "estudos que reuniu/efn uma escola dedicada a testar novas concepções artísticas, as idéias acumuladas nas duas primeiras décadas do século. Walter Gropius já tinha alcançado preeminência, como arquiteto e como diretor do Werkbund, na Alemanha, quando foi convidado a estabelecer o Bauhaus, em Weimar, em 1919. a reunir o excelente grupo de profissionais que estava destinado a conferir à instituição sua celebridade. 0 objetivo original do Bauhaus era formar arquitetos, pintores e escultores num ambiente de Oficina, e seu sucesso nesse campo está além das dimensões deste nosso trabalho. O que nos interessa é o desenvolvimento gradual, no interior dessa estrutura, de uma área de importantes experiências em tipografia e no design gráfico. Cinco anos antes, William Morris (ver página 1 3) já havia iniciado uma tentativa de criação do design com base na habilidade técnica, mas ele era demasiado romântico para aceitar a tecnologia industrial. Gropius introduziu processos e materiais tecnológicos na oficina artesanaídõ Bauhaus. À espinha dorsal da~concepção criadora do sistema Bauhaus era seu-curso ^relimmar-OuJDásicD. O primeiro c^rso básico foi preparado e ministrado por Johannes Itten, um experiente professor de arte, responsável pela introdução das "formas básicas". Mas a verdadeira criatividade do curso recebeu seu grande impulso em 1 923, numa breve passagem de Paul Klee como professor. 0 curso básico O design de objetos era um curso muito importante no Bauhaus, e quase todas as peças da iluminação moderna devem sua forma aos designers dessa escola. Esta clássica cadeira tubular, criada em 7 928 por Mareei Breuer, tornou-se um dos móveis mais populares do século XX. /The Design Collection, Selected Objects, Museu de Arte Moderna, Nova York.) O anúncio à direita foi criado por Lász/ó Moholy-Nagy. adquiriu sua configuração final^ sob a direção de Moholy-Nagy e Josef Albers, a partir de 1 925. Com a publicação do primeiro manifesto do grupo, em 1 91 9, a página impressa assumiu importante papel no Bauhaus. Isto ocorreu pela combinação de uma retomada, no curso básico, da ênfase sobre o design bidimensional e do desejo de Gropius de propagar as idéias e a imagem do Bauhaus. Em 1 923, foi fundada a Bauhaus Press, sob a direção de Moholy-Nagy, e em 1 925 a tipografia tornou-se um curso graduado. A influência do Bauhaus no design da página impressa é baseada principalmente nas contribuições de cinco mestres: Paul Klee, Wassily Kandinsky, Moholy-Nagy, Josef Albers e Herbert Bayer. A melhor maneira / " 3é compreender a nova dimensão que esse grupo trouxe para as formas gráficas é reexaminar as contribuições de cada um individualmente. Paul Klee, talvez mais do que qualquer outro pintor do século XX, deu sua contribuição tanto visual quanto no campo das idéias. Seu trabalho constitui uma rica fonte de inspiração e de alternativas para o designer gráfico e suas idéias são como linhas mestras para uma visão avançada. Ele introduziu na pintura uma apreciação intuitiva da visão einsteiniana do espaço e as revelações de Freud sobre o inconsciente. Herbert Bayer deu um toque humanístico à tipografia Bauhaus. A capa à esquerda é produção sua para uma das publicações da escola. Os tipos abaixo fazem parte de um dos seus muitos alfabetos experimentais. Segundo seu conceito de design, revelado no livro Esboços Pedagógicos, de 1 923, o espaço contínuo começa com um ponto que se move para formar uma linha que, por sua vez, se move para formar um plano que, finalmente, se movimenta para formar uma massa ou volume. Wassily Kandinsky, cuja preocupação anterior, como Klee, era a pintura, aderiu ao Bauhaus em 1 922, lecionando em sua faculdade por mais de dez anos. 0 conceito formal de Kandinsky foi desenvolvido durante os anos do Construtivismo russo (ver página 26). Como resultado, ele levou ao Bauhaus um enfoque intensamente geométrico do design, que começara com Malevitch e foi ampliado pelos designers do De Stijl. £ sua •contribuição também a ênfase no uso de coi^pnrñárías, o quêHhavia sido já explorado e desenvolvido por Van Doesburg e Mondrian. László Moholy-Nagy, quando aderiu ao Bauhaus, em 1 923, estava bem familiarizado com as idéias do movimento De Stijl, de uma tipografia assimétrica e simplificada. Conhecia também o trabalho experimental de Man Ray em fotografia e fotogramas, e a utilização pós-cubista de montagem e colagem no design. Clarividente, Moholy-Nagy preparou um caminho mais amplo para o Bauhaus, mais orientado para a tecnologia e a máquina; como comunicador, ajudou a estender ao layout da página impressa as novas atitudes do design, com as suas inovadoras combinações de imagens visuais e simplificada tipografia. Josef Albers começou no Bauhaus como estudante e tornou-se o principal mestre do moderno movimento do design bidimensional, primeiramente no próprio Bauhaus e mais tarde no Black Mountain College e na Universidade de Yale. A principal influência de Albers na criação gráfica foi a sua avançada e complexa teoria da cor, exposta na clássica série Homenagem ao Quadrado e no livro Interação da Cor. Herbert Bayer, como Albers, foi o b c d e f q j x l m n o p /4s letras acima foram desenvolvidas com base num plano de Herben Bayer para eliminar as maiúsculas. /4 direita, uma imaginativa ilustração gráfica criada por ele em 1930, quando ainda estava em Berlim, antes de ir para Nova York. aluno do Bauhaus antes de se tornar professor da escola, em 1 925. Por essa época, Moholy-Nagy já havia iniciado, pioneiramente, a fase das publicações do movimento Bauhaus, mas sua tipografia ainda era essencialmenteum prolongamento das idéias do De Stijl. Restava Bayer para fundamentar o estilo tipográfico do Bauhaus. Uma das suas concepções mais radicais neste sentido foi a eliminação da letra maiúscula. Muito embora a letra maiúscula tenha permanecido, a despeito da lógica dos argumentos de Bayer, seus esforços reduziram gradualmente o excessivo uso de maiúsculas, principalmente em títulos, do que resultou uma utilização de tipos mais simples e mais articulada. A escola Bauhaus é reconhecida como responsável pela introdução, ná arquitetura e no design de interior, do Estilo Internacional (simples e funcional), além de ter sido a lançadora dos fundamentos do estilo do design industrial. Estas realizações são de vulto, mas, como designers gráficos, nossa maior dívida para com o estilo Bauhaus está ligada às suas coerentes concepções no tratamento da forma e do espaço e ainda à liberdade trazida para o layout da página impressa. Mesmo que os designs de hoje não se assemelhem aos protótipos do Bauhaus, na verdade continuam a desenvolver-se com base no que foi estabelecido por essa escola. Capa da revista Die Neue Linie, também de Herbert Bayer, no período de Berlim. Embora concebidos ao final da década de 20, tanto a tipografia quanto o estilo são notavelmente avançados. dìe n e u e li hcrbertboycr À época em que a escola Bauhaus encerrou suas atividades, em 1 933, o design moderno era uma idéia plenamente desenvolvida. A arquitetura evoluiu para o Estilo Internacional e o design industrial tornou-se uma nova forma artística, baseada nas estruturas estabelecidas nas oficinas Bauhaus. No design gráfico, a assimetria estava firmemente instituída; a tipografia havia encontrado novas expressões, diretas e simples; e a crescente importância da publicidade era um fato incontestável, a partir da criação dos cursos de propaganda do Bauhaus, ao final da década de 20. 0 movimento moderno colocou uma nova ênfase nas cores primárias — vermelho, amarelo e azul — bem como nas formas primárias — quadrado, círculo e triângulo. E os designs dos tipógrafos do Bauhaus, além dos trabalhos de Van Doesburg, El Lissitzky e Jan Tschichold, haviam trazido para o layout da página uma nova e requintada emoção. O problema das décadas seguintes ao Bauhaus foi incorporar essas idéias dinâmicas a uma estrutura de comunicação comercial, nem sempre propensa à cooperação. De início, os movimentos que antes pretendiam uma organização mais livre e informal da página cederam gradualmente lugar a um design mais ordenado e estruturado. Depois, já na década de 60, alguns designs gráficos voltaram-se para o passado. Por um curto período, o design deixou-se ofuscar pela cintilante caixa de surpresas do Art Nouveau e, mais tarde, do Art Déco. No total, esses esforços produziram apenas soluções superficiais e de "bom tom". As poucas obras de valor resultantes dessa onda de nostalgia continuaram a seguir as regras da simplicidade e das formas claramente definidas, proposta fundamental dos designers e tipógrafos iniciadores do movimento moderno. Quando Eero Saarinen desenhou a sua famosa cadeira-pedestal, em 7 95 7, as formas curvilíneas começavam a ameaçar o predomínio do estilo retiiíneo /The Design Collection, Selected Objects, Museu de Arte Moderna, Nova York.) A capa à direita, produzida por 7/iH Burtin, assinala o fim de uma década notavelmente criativa no design norte-americano. Enquanto isso, o vistoso movimento artístico que viria a ser designado como "Pop" somou o espírito dadaísta com as imagens mais comerciais do design gráfico e encontrou aplicação especialmente na publicidade e na indústria da embalagem. Considerado uma paródia do design gráfico, esta espécie de arte teve pálida influência na comunicação moderna. O cartaz do Aspen Winter Jazz foi criado por Roy Lichtenstein para a Poster Originais. Produzido no período culminante da Pop Art, ele combina os pontos ampliados, comuns nas histórias em quadrinhos, com uma inspirada composição Art Déco. Resumo: um padrão de estilo Nas páginas anteriores recordamos a formação histórica do design moderno, iniciado exatamente em 1910 e vindo até os nossos dias. Dez anos depois, em 1920, após o cataclismo da guerra e da Revolução, ficara para trás o período crítico de formação do movimento. Em 1920, o Bauhaus existia apenas há um ano, mas os artistas, arquitetos e designers que haviam fundado esse movimento irradiador de tendências já podiam reunir as idéias desenvolvidas O design do século XX O diagrama à direita apresenta, de forma resumida, os movimentos formadores do design moderno, desde o início do século até meados da década de 30. Há poucas informações precisas sobre as datas· de início e fim de alguns dos movimentos, mas a Primeira Guerra Mundial teve variados efeitos sobre cada um dos estilos. O ressurgimento de algumas influências, particularmente do Art Nouveau, Art Déco e Dadaísmo, tornou indistintos os limites de alguns dos movimentos; mesmo assim, o quadro proporciona ao designer a oportunidade de estudar as relações e as mútuas influências dos estilos, nos primeiros e decisivos anos do design moderno. na década anterior e sintetizá-las para formar o que viria a ser conhecido como estilo moderno. O que é estilo? Até aqui, temos usado e abusado do termo "estilo", sem, todavia, dar definição precisa do seu significado. 0 dicionário define a palavra como "o conjunto das qualidades de expressão característico de um autor na execução de um trabalho". Quando um layout é bem realizado, o que nós consideramos seu estilo é uma mistura da experiência acumulada, do gosto pessoal e do talento criador do designer. É necessário, porém, cuidadosa distinção entre o estilo resultante do trabalho conjunto de designers que buscam um objetivo comum e as soluções puramente superficiais, de moda, que não passam de imitação. O que é design moderno? A definição também é difícil, por causa da amplitude das características visuais e dos tipos de trabalhos que nele se incluem. Talvez seja possível detectar-lhe a essência em alguns dos seus clichês: o lema de Louis Sullivan, de que a forma obedece à função; a expressão mais recente, atribuída a Mies van der Rohe, o último diretor do Bauhaus, de que "o menos é o mais". Além dessas engenhosas perífrases da palavra "simplicidade", contribui para conceituar o movimento moderno a revitalização de uma série de fatores hoje considerados fundamentais: as cores primárias, vermelho, amarelo e azul; as formas primárias, quadrado, círculo e triângulo; as correspondentes destas em três dimensões, ou seja, o cubo, a esfera, a pirâmide, o cone, a barra. Há outra razão que exemplifica a ausência de definição precisa do que seja o design moderno. Numa época de aceleradas transformações, essa indefinição acaba por amoldar-se a cada novo desenvolvimento tecnológico — cada nova idéia que acaba de sair de uma prancheta é imediatamente comunicada ao mundo inteiro. Ao estudar o desenvolvimento do estilo moderno, relacionamos nove movimentos principais que contribuíram para a sua formação: Art Nouveau, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo, Construtivismo, Art Déco, De Stijl e Bauhaus. De que maneira cada um desses movimentos contribuiu para o estilo moderno do design gráfico? Art Nouveau. O Art Nouveau foi o prelúdio ou, como querem alguns, o alarme falso do movimento moderno. Além da ênfase que em geral atribuía à decoração superficial, ao mero ornamento, este movimento exerceu certa influência mais direta sobre o design gráfico; marcou o início dos posters como forma de expressão artística, com ostrabalhos de Beardsley, Bonnard e Toulouse-Lautrec. Os posters acabaram por representar uma força importante na formação e transição do estilo artístico para outras formas de arte aplicada. Na maioria das publicações desse período, o layout da página ainda obedece aos padrões tradicionais, clássicos, mas os ornamentos tipográficos, o formato das letras e as ilustrações já indicam um modelo para as realizações gráficas do futuro. Cubismo. Nenhum acontecimento artístico verificado no século XX foi mais revolucionário nem produziu efeitos mais duradouros no desenvolvimento visual da comunicação do que o Cubismo. 0 Cubismo influenciou o design gráfico com a utilização da colagem e da montagem; com o livre uso das letras como elemento plástico; e principalmente com o rompimento das regras tradicionais de representação e de forma. Passados poucos anos da sua introdução, em 1907, já havia dado novos rumos à concepção de design dos movimentos De Stijl, Futurismo e Construtivismo e de toda uma geração de pintores de todas as partes do mundo. Futurismo. A estreita ponte entre os movimentos cubista e futurista foi estabelecida por Mareei Duchamp, com o seu hoje clássico Nu Descendo uma Escada e o Moinho de Café, ambos executados em 1911. O primeiro aplica formas cubistas ao movimento e o segundo introduz os meios mecânicos, a máquina, como elementos de design. Na preocupação dos futuristas com o movimento da máquina reside sua contribuição mais expressiva para o design gráfico. Dadaísmo. Inspirado pela irreverência e pela imaginação sem limites de Duchamp, o movimento dadaísta expandiu-se por todo o mundo artístico. Sua constante atitude de negação e de desafio em relação aos monstros sagrados da arte tiveram dois principais resultados em relação ao moderno design: primeiro, ele ensinou aos designers o valor do humor e do chocante como forma de despertar a atenção do observador e anular sua apatia; depois, com as desenfreadas experiências do Dadaísmo na comunicação impressa, os designers aprenderam a reavaliar suas próprias fórmulas tipográficas. Surrealismo. Com a crescente influência das idéias de Sigmund Freud, muitos dos primeiros artistas do Dadaísmo evoluíram, na década de 20, para nova expressão da arte da ilustração, inspirada no inconsciente. Esta mudança estabeleceu nova concepção das imagens gráficas, dos desenhos como ilustração e mesmo da fotografia, fornecendo inesgotável fonte de idéias para a comunicação visual. Construtivismo. Quebrando os padrões tradicionais, os dadaístas e surrealistas foram responsáveis Esta capa de folheto preparada em 1938 por Lester Beall para a Sterling Engraving Company utiliza uma tipografia que reflete as atitudes demolidoras do Futurismo e do Dadaísmo, ao mesmo tempo que um elaborado conceito assimétrico, típico dos movimentos De Stijl e Bauhaus. por um caos considerável na comunicação. Por outro lado, o Construtivismo, como voz primeira da Revolução Russa, estava destinado a dar um novo sentido de ordem ao design, da mesma forma que o De Stijl. Com a utilização da fotomontagem, da colagem e da tipografia livre nas artes aplicadas, o Construtivismo ajudou a criar uma nova proposta para a comunicação visual, que ganharia sua expressão final com os grupos De Stijl e Bauhaus. Art Déco. Este movimento, que em muitos sentidos corre em direção contrária à tendência da simplicidade do design moderno, trouxe de volta a decoração superficial às artes aplicadas. Sob sua influência, grande parte do material impresso na década de 20 tocou de relance nas formas delicadas e aerodinâmicas que abririam caminho para as criações mais diretas dos tipógrafos do Bauhaus, em meados da década de 30. Como o Art Nouveau, este estilo com freqüência obtém popularidade entre os estudantes de arte, que se sentem atraídos pelo seu ar nostálgico e peias variedades de opções. Todavia, como qualquer estilo puramente superficial, seu perigo reside em criar um tipo de comunicação visual que na verdade não comunica nada. De Stijl e Bauhaus. Quando a escola Bauhaus abriu suas portas, em 1919, Piet Mondrian já evoluíra do Cubismo para o Neoplasticismo dos seus primeiros trabalhos, simplificando a pintura assimétrica, e Theo van Doesburg já havia refinado a apresentação tipográfica e o layout de página assimétrico no grupo De Stijl. No começo da década de 30, à época em que o Bauhaus deixou de existir, essas idéias haviam se expandido, incluindo todas as formas de material impresso — capas de revistas, anúncios, comunicados, livros e folhetos. Embora grande parte desse trabalho fosse experimental, muitas das obras produzidas permanecem tão modernas e funcionais hoje em dia quanto o eram naquele estágio crítico para o desenvolvimento do design gráfico. Poster de Bob Dylan feito por Milton G/aser (direção de arte de John Berg, da Columbia Records). Como o design de Lester Bea/I, na página anterior, este poster não imita nenhum estilo, atual ou do passado; mas traz um pouco do espírito An Nouveau, dentro de uma estrutura contemporânea. Forma: definição da estrutura Quando o homem primitivo tomou duas pedras e colocou-as lado a lado, teria feito aí o primeiro gesto para o desenvolvimento da forma. É até admissível que, por esse ato estranho e intuitivo, ele tenha obedecido, no arranjo das suas pedras, a princípios de proporção e de equilíbrio que só seriam descobertos e formulados muitos séculos mais tarde. Princípios, aliás, que até hoje não estão perfeitamente compreendidos. Investigando as primeiras manifestações de civilização, os arqueólogos têm com freqüência encontrado provas de um senso inato de organização e de um gosto natural pela proporção. Em algumas das culturas mais primitivas descobriram-se soluções tão complexas que sugerem o domínio da relação entre a matemática e a forma. Nas primeiras manifestações conhecidas de comunicação visual há uma predileção natural pela simetria da natureza; mas ocasionalmente deparamos também com exemplos de uma forte tensão e formas de equilíbrio assimétrico. Com a emergência da Grécia e de outras civilizações do mar Egeu, este sentido da forma transformou-se num sistema altamente articulado: por volta do século V a.C., os arquitetos gregos já aplicavam o princípio de proporção baseado na divisão de um3 linha em duas partes, uma maior e outra menor. Mais tarde esse método tornou-se conhecido como divisão (ou seção) áurea e constituiu a base das principais medidas do Partenon. A divisão áurea tem estado presente, desde então, em quase todos os esforços para criar sistemas de design e estruturas de diagrama. Foi usada, por exemplo, por Albrecht Dürer na sua análise do alfabeto do século XV, e por Le Corbusier, no século XX, no seu sistema de design por ele próprio denominado Modulor. A divisão áurea chegou até a ser utilizada para explicar a música de Béla Bartók. Muito embora haja uma ampla comprovação da validade desse sistema básico de proporção, ele não pode ser tomado como medida para todos os aspectos da forma. Por exemplo, a divisão áurea não pode exprimir adequadamente todo o potencial de design do simples quadrado e está longe sequer de avizinhar-se das incontáveis, funcionais e variadas formas que podem ser desenvolvidas a partir de objetos naturais como um floco de neve, uma concha ou um caracol. Da mesma maneira não pode nem tentar uma explicação do complexo ritmo de design existente nas formas das folhas. Uma vez que a nossa visão não pode reagir de uma maneira precisa, previsível ou estruturada, não podemos solucionar todos os nossos problemas de criação de design
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