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Da Arquitetura em Pedra, Concreto, Madeira, Aço e Vidro, Fotogramas, Tintas e Versos

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1 
 
 
 
DA ARQUITETURA EM 
PEDRA, CONCRETO, 
MADEIRA, AÇO-E-
VIDRO, FOTOGRAMAS, 
TINTAS 
E VERSOS 
Ensaio ilustrado 
 
 W. J. Solha 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
Quando se fala em grande arquitetura, sempre se põe como seu primeiro grande 
milagre o do templo grego, com seu ápice no Pártenon, 
 entronizado na Acrópole, em 
Atenas, século V a.C, pelos arquitetos Ictinos e Calícrates, construção supervisio-
nada pelo escultor Fídias. 
 
Seu fascínio deriva da perfeita proporção obtida através do chamado “retângulo 
de ouro” ou “razão áurea”, proposta um século antes por Pitágoras. 
 Provém, também, do célebre fato de que, 
se prolongássemos suas colunas para o alto, elas se encontrariam a mil e seiscentos 
metros da base, numa distorção real ... feita pra anular a virtual ... que a ilusão de 
óptica provocaria – pelo gigantismo. Advém, ainda, de sua decoração com sober-
3 
 
 
bos baixos-relevos, cuja parte mais importante, infelizmente, só pode ser vista no 
Museu Britânico. 
 
 
 
Angustia-me, além disso, pensar nessa pureza do mármore... colorizada, porque o 
Pártenon foi algo assim , e – para nossa 
4 
 
 
sorte ( ou não ) - Alma-Tadema imaginou Fídias mostrando sua obra aos amigos, 
de modo que aí está... o estrago... de que o Tempo nos livrou. 
 
Senhor do mundo, séculos depois, o Império Romano acrescentou curvas à reta 
grega, graças ao arco que foi buscar na arquitetura caldaica e etrusca, e que des-
lumbra um dos personagens deste meu romance : 
- Curioso: estive em Segóvia, na Espanha, e vi aquele enorme aqueduto construído pe-
los romanos no século I, com pedras de Guadarrama, man-
tendo-se lá, até hoje, por puro equilíbrio de forças.... e aquilo me pareceu incrível. Sabe 
como era construído cada arco daqueles? Com as pedras, em forma de cu-
5 
 
 
nha, sendo postas com as faces mais estreitas para baixo, em cima de um andaime em 
semicírculo apoiado sobre duas colunas , de modo que, quando o suporte 
era retirado... elas ficavam presas umas nas outras pela mesma gravidade que as deve-
ria derrubar! . 
Magnífico salto foi o de... rotacionar o arco em torno de seu eixo vertical para a 
criação da cúpula, como a do Panteão, único edifício greco-romano clássico ainda 
em perfeitas condições. Construído em 27 a.C., por Marco Vipsânio Agripa (como 
afirma a inscrição no entablamento sob o frontão triangular ), foi destruído em 80 
d.C por um incêndio, e reconstruído em 125 pelo imperador Adriano. 
À fachada helênica segue um 
tambor dominado pelo do-
mo: 
6 
 
 
 
 
O triunfo se repetiu somente no século VI, com A Basílica de Santa Sofia ( Hagia 
Sophia - "Sagrada Sabedoria", ou “Sagrado Logos, Verbo” ),
 construída pelo Im-
7 
 
 
pério Bizantino pra ser a catedral de Constantinopla – hoje Istambul, na Turquia, 
e tornada mesquita em 1453, museu em 1935. 
O porte dessa proeza foi repetido somente no século XV, quando se decidiu que a 
catedral de Florença teria cúpula igual , 
 mas ... barrocamente ovalada, o que cou-
be ao grande Brunelleschi. E a suprema experiência na área: veja o projeto da São 
Pedro, de Roma, com a inscrição Michael Angelvs Bonarota invenit. 
 Nenhum outro, 
no seu tempo, conseguiria calcular algo tão vasto! 
8 
 
 
 
 
 Meu deus!
 
9 
 
 
 
Mas... a Idade Média, que já foi considerada a Idade das Trevas, dera à Igreja, 
nesse meio tempo, e ao mundo, algo muito maior, mais ousado, mais leve, mais 
belo, mais... místico, acredito: a catedral gótica. Decoração de pedra? Não: de luz: 
 
 
 
Altas cúpulas? Não: altíssimas naves, 
10 
 
 
 
 
... sustentadas, do lado de fora, por arcobotantes que tornavam os templos gran-
des esqueletos de sáurios. 
E eis um deslumbrante derivado dessa glória nos fins do último século e milênio: a 
catedral de cristal, de Phillip Johnson, construída em 1980, em Garden Grove, Ca-
lifórnia: 
 
11 
 
 
 
Esse salto no tempo... me remete a surpreendentes formas modernas ou contem-
porâneas no passado remoto. O Egito, por exemplo, tem construções estupendas, 
ao longo do Nilo, 
 
 mas a que ali mais me impressiona é o 
12 
 
 
palácio-templo da princesa, depois faraó do século XV a.C., Hatshepsut 
, criado por seu amante, arquiteto Semnut ( ou 
Senemut) . As límpidas e belas linhas do edifício e o aproveitamento 
que se fez da monumental montanha atrás dele, acrescentando-lhe grandiosidade, 
criou um conjunto... moderníssimo: 
 
Veja-o nesta reconstituição: 
 
13 
 
 
O mesmo sinto em relação às pirâmides de Teotihuacán, no México Pré-
Colombiano ( 250 d.C.). 
 Veja a majestade das Pirâ-
mide do Sol e da Lua. 
Tenochtitlán, quatrocentos anos mais recente, também 
com a grande avenida egípcia e semelhantes pirâmides, 
me fez ver, em sua reconstituição, o futuro de Blade 
Runner. 
 
 
Não existe, realmente, nada de novo debaixo do sol. Quando vi pela primeira vez 
uma foto da casa na árvore, do escultor Krajcberg, 
14 
 
 
 pensei imediatamente em Tarzan, mas a foto 
de Sebastião Salgado, tirada na Indonésia – Papua Ocidental – constante de seu 
maravilhoso “Gênesis”, mostra que a ficção tem base na realidade. 
 É curioso, por sinal, como as grandes 
revoluções arquitetônicas... buscam – conscientemente ou não – o passado. Repare 
nas colunas desiguais, à esquerda, neste Casamento da Virgem, de Robert Campin, 
1420, e veja, em seguida, as “revoluci-
onárias” colunas desiguais da Cripta Güell, de Gaudí
15 
 
 
. Agora veja estas chaminés do palácio Hampton 
Court, de Henrique VIII, 
 e as igualmente decorati-
vas, do mesmo arquiteto catalão do art nouveau. 
. 
 E o seu famoso Parque Güell, 
16 
 
 
não teria nada a ver 
com os 
Jardins Suspensos da Babilônia? 
17 
 
 
Do mesmo modo, Jean Nouvel, para construir o prédio do Instituto do Mundo 
Árabe, em Paris, 
associou a ideia de mosaicos árabes 
 ao obturador das máquinas fotográficas, 
 criando estas janelas para con-
trole automático da entrada de mais ou de menos luz solar no edifício.
 
18 
 
 
 E por falar em tecnologia, sempre achei mui-
to difícil desvincular a estação orbital que vemos neste grande filme de 1968, 
 de uma das referências da arquitetura brasileira, que é 
o Hotel Tropical Tambaú, de Sérgio Bernardes, daqui de João Pessoa, inaugurado 
em 1971. 
Mas há os que rompem com tudo. Como o arquiteto Frank Gehry
. Conto, num de meus inéditos P( r )O( bl ) EMAS, o que vi num 
documentário sobre o criador canadense: 
O arquiteto - quieto, centrado - faz o amarrotamento de uma folha de papel laminado, 
de que, 
como quem joga dado, 
sente a leveza, 
e a solta, 
depois, 
19 
 
 
sobre a mesa, 
pra vê-la, 
devagar, 
rearmar-se ... e divagar, 
criando a maquete do monumental - revestido de titânio - museu Guggenheim 
de Bilbao. 
 
 
 
Surpreendeu-me,também aqui em João Pessoa, que ao criar a Estação Cabo 
Branco – Ciência, Cultura e Artes, inaugurada em 2008, Niemeyer, o arquiteto 
das linhas curvas, tenha optado por uma torre octogonal. 
 
20 
 
 
 
Mas sua mais bela obra continua sendo – na minha opinião – a catedral de Brasília 
, tão figurativa, tão 
melodramática quanto a mão de Cristo + “As Veias Abertas da América Latina”, 
do Memorial do continente, em São Paulo, embora a considere 
21 
 
 
fria, por dentro. Já o Congresso Nacional tem muito deste quadro de László Mo-
holy-Nagy. 
Daniel Lebeskind também foi melodramático ao criar o Museu Judaico em Berlim. 
 
 
Bom que, de repente, o tema dos arquitetos se tornou livre e o céu o seu limite. 
 
22 
 
 
 
 
Quando menino, impressionou-me ver, em São Paulo, o edifício Martinelli, então o 
mais alto do Brasil, com seus 30 andares. Daí 
que, mais que King Kong, impactou-me o Empire State - na primeira versão do 
filme, de 33 - , comparado ao qual o gigantesco gorila pareceu-me quase nada, 
quando o escalou, à direita. 
 . 
Em sentido contrário, chamou-me a atenção, quando – rodando no London Eye – 
23 
 
 
 , vi que Londres não tem as mesmas ambições de
 João Pessoa, como se vê aqui,
 
onde – apegado à minha casa – vejo-a cercada de construções, literalmente como a 
do velho de “Up”, animação da Pixar-Disney: 
 
 
24 
 
 
Já os parisienses, como eu e os londrinos, também não são dados a arranha-céus, 
 
E olha Berlim. Aliás, quando par-
ticipava das filmagens de O Som ao Redor, no qual eu era dono de metade do bair-
ro de Setúbal, no Recife, infestado de edifícios, 
 Gustavo Jahn – que mora justamente em Berlim 
– e fazia o papel de meu neto ( aí em cena comigo ), 
 disse-me “Gozado: só quem 
25 
 
 
mora em apartamento, na Alemanha, é pobre”. Mas foi de Berlim, onde era dire-
tor da Bauhaus , que Mies van der Rohe – fechada a escola pelo nazismo – foi para 
os Estados Unidos, onde se tornou o célebre criador, entre outras coisas, do “auge 
da arquitetura funcionalista para arranha-céus”, o Edifício Seagram, de aço e vi-
dro, em Nova Iorque, de 1958. Giulio Carlo Argam 
disse sobre essa obra: imenso prisma, retangular, cubagem diáfana erguida no imen-
so espaço do céu, cristal que aprisiona, filtra, refrata a luz. 
Mas há casas extraordinárias. Como as... delirantes... do já citado Gaudí, 
 
 
26 
 
 
 
ou as ... prosaicas, embora geniais, como a igualmente celebrada casa Kaufmann, 
 
 
27 
 
 
de Frank Lloyd Wright, criador, também, do Museu Guggenheim, de Nova Ior-
que. 
 
Grandes proezas! Como as, atuais, de J. MAYER H. Architects, de Hamburgo. 
 
 
28 
 
 
Embora proeza, proeza mesmo, tenha sido a dos que fizeram o Stonehenge em 
2.000 a.C., com estas pedras que pesam, em média, 25 toneladas. 
 
ou, mais ainda, o Dólmen – ou Cova – de Menga, na Espanha, túmulo do terceiro 
milênio a.C., com 25 metros de profundidade, 5 de largura, utilizando 32 megáli-
tos, 
com quatro pedras formando o teto, uma delas pesando cerca de 150 toneladas. 
 Mais ou menos nessa mesma épo-
ca, porém, era concluída a pirâmide de Quéops, com 140 metros de altura, com-
posta por dois milhões e trezentos mil rochas de mais de duas toneladas cada, total 
de quase seis milhões de toneladas, 
29 
 
 
 
com complexo sistema de segurança para os sarcófagos do faraó e de sua esposa. 
 Além da precisão matemática, 
o gigantesco túmulo tinha outras sofisticações místicas, no direcionamento de seus 
dutos de ventilação. 
 Do respeito por essa forma, 
surge a pirâmide de vidro na entrada do Louvre. Seu arquiteto, o americano de 
origem chinesa I. M. Pei, 
30 
 
 
 
poderia fechar este breve ensaio sobre os caminhos da arquitetura, mas olha a pi-
râmide de vidro em outro projeto dele. 
 De novo: 
 De novo: 
Hm: Hm: 
31 
 
 
Por isso prefiro terminar com alguns marcos arquitetônicos de João Pessoa. Como 
a igreja de São Francisco, uma das mais belas fachadas barrocas do país, 
 
o Paraíba Palace Hotel, marco dos anos 30, 
 e, Ô, desculpe a 
interrupção. Acaba de dar na Folha de São Paulo, que em 2016, a cidade terá o 
segundo prédio mais alto do Brasil, o Tour Geneve, com 51 andares. 
 
 
32 
 
 
 Isso mostra como José Amé-
rico de Almeida estava certo quando dizia que a Paraíba “é pequenina e doida”. 
Daí ter tido cordelistas dados a tentativas de superar a Torre de Babel – o primeiro 
arranha-céu imaginado na Terra, 
 
... como João Martins de Ataíde, que, em 1915, com seu Marco do Meio Mundo, 
concebeu uma torre de cujo cume se avistava 
Sao Paulo e Rio de Janeiro 
a Italia e Allemanha 
Suissa, França e Hespanha 
Portugal sendo o primeiro, 
33 
 
 
e Leandro Gomes de Barros, que em Como Derribei o Marco do Meio Mundo, de 
1916, disse, lá pelas tantas: 
 A pedra que forma o marco 
 Tem tres léguas de grossura 
 Entrou na areia do mar 
 Dois mll metros de fundura 
 E da flor d'agua p'ra cima 
 Tem vinte leguas de altura. 
Mas não menos visionário foi Étienne-Louis Boullée ao projetar, no 
século XVIII, este Cenotáfio para Isaac Newton, esfera de 150 metros apoiada nu-
ma base circular coberta de ciprestes, 
 
 
 
... digna de figurar em 
filmes de ficção científica, como , de 1927, 
34 
 
 
 e O Quinto Elemento, 
de 1997, 
 
 
ou em grandes exposições internacionais, como a de Paris, em 1899, 
 
 a de Londres, 48 anos antes, com o famoso Palá-
cio de Cristal, 
35 
 
 
 
 
36 
 
 
... e a do Canadá, de 1967, onde triunfou a Cúpula Geodésica de Buckminster Ful-
ler: . 
E..., por que não? Também tive minhas veleidades arquitetônicas. Aceitando o de-
safio dos cordelistas Ataíde e Leandro Gomes de Barros, escrevi meu poema longo 
, em que componho todo um gigantesco edifício com grandes 
batalhas, literatura, cinema, poesia, coisas imaginárias, como um encontro de Ar-
thur Bispo do Rosário com Zé Limeira, o Poeta do Absurdo, etc, etc. Começa com 
muita insatisfação, temor de falhar na tentativa: 
 
Abre-se o abismo de pedra e susto 
e, 
de cristal e prata, 
duzentas e setenta cataratas, 
como as de Foz do Iguaçu, na Garganta do Diabo, 
cavam, sem problema, a fundação do poema, 
com grande largura, 
 
... mas sem descer cem metros no chão da literatura. 
 
37 
 
 
Ante o edifício concluído, entretanto, vem a satisfação final: 
 
Aí 
o Poeta, 
dando por encerrada a obra, 
dela se arreda 
e se queda, 
contra todas as normas, 
em absoluta adoração 
da Forma!

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