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FACULDADE INTEGRADO DE CAMPO MOURÃO CURSO DE DIREITO A ALIENAÇÃO PARENTAL À LUZ DO DIREITO GABRIEL CARVALHO DOS SANTOS CAMPO MOURÃO/PR MAIO/2016 GABRIEL CARVALHO DOS SANTOS A ALIENAÇÃO PARENTAL À LUZ DO DIREITO Trabalho Integrador, designado pela Faculdade Integrado de Campo Mourão, visionando a exposição do estudo sobre a temática proposta, como requisito para obtenção de nota na disciplina de Projeto Integrador, situada no curso de Direito. Orientadora: Andréia Ricci Silva Carvalho. Campo Mourão/PR 2016 RESUMO Amiúdes a família vem sofrendo evoluções, em consequência o Direito busca acompanhar esse processo evolutivo. Em entendimento ao fato, e da atual facilidade da desvinculação matrimonial, consequentemente, os processos não resolvidos no matrimônio, o presente trabalho vem trazer um estudo sobre um grave problema, a alienação parental. Expondo clara e didaticamente os aportes da alienação, a decorrente síndrome nos alienados, o papel do poder judiciário no presente quesito e a respectiva solução. Palavras-chaves: Alienação. Família. Legislação. Síndrome. Judiciário. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 5 2 PRINCÍPIOS DA ALIENAÇÃO PARENTAL ............................................................................... 6 2.1 CONCEPTUALIZAÇÃO ............................................................................................................. 7 2.2 DISPOSIÇÕES GERAIS .............................................................................................................. 8 3 DIREITO DE FAMÍLIA ................................................................................................................... 9 3.1 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ....................................................................................... 9 4 ALIENAÇÃO PARENTAL ............................................................................................................ 10 4.1 ALIENAÇÃO PARENTAL CONTRA O IDOSO ..................................................................... 12 4.2 COMPROVAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL ................................................................. 12 5 SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL ............................................................................... 13 5.1 IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME ......................................................................................... 14 5.2 DIFERENÇA ENTRE ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME ......................................... 14 6 O PODER JUDICIÁRIO................................................................................................................. 15 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 17 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 18 5 1 INTRODUÇÃO A família é um instituto em constante evolução, primordialmente havendo o conceito do pai como detentor do poder supremo, cabendo a esposa apenas os cuidados doméstico e dos filhos, sendo estes meros subordinados. Posteriormente, passando por um processo evolutivo pautado nos laços afetivos, em que ambos os integrantes do seio familiar possuem direitos, com o consentimento de lar, este um local de laços afetivos de carinho e amor. Portanto, o casamento se torna algo afetivo, principalmente com a evolução valorativa decorrente dos novos ideais de liberdade, consequentes da Revolução Francesa, em 1789. Embora novos direitos foram sendo adquiridos, no Código Civil de 1916 não havia possibilidades de divórcio, já com a Constituição Federal de 1988 houveram as concretizações dos direitos, possibilitando a união estável, as dissoluções extrajudiciais, a proteção da dignidade, dentre outros. Portanto, a família foi concretizando seus valores, atualmente sendo pautada na pluralidade, ou seja, não se tem mais a visão de apenas um pai, uma mãe e um filho, e sim outros aspectos, como a família homoafetiva, o concubinato, a monoparental, a poliafetiva, a substutiva, dentro outras. Todavia, mesmo com todo esse processo evolutivo, algo permanece inerente na base familiar, a alienação parental. Esta que desvitaliza toda a estrutura familiar, desmoralizando de forma drástica os alienados, acarretando como grave consequência uma síndrome. Em que, devidos processos instáveis no casamento, e permanecidos após o divórcio, este que possui uma facilidade legal para ocorrer, como mágoas e sentimentos de vinganças. Estes são passados para os filhos que estão sobre tutela, ocasionando a Síndrome da Alienação Parental, um abalo psicológico no filho dantesco, podendo desmoralizar toda uma vivência. Outro aspecto, é a alienação acometida contra o idoso, este que designou parte da sua vida aos seus parentes, e no momento existencial mais necessitante de cuidados é tratado como um mero deleite existencial, não importando mais sua permanência naquela família. Uma triste realidade apresentada nos seios familiares, em que o poder judiciário entra com os respectivos processos para mediar tais conflitos alienantes e, consequentemente, busca ilidir tais problemáticas. Como forma concreta de resolução, tem-se a Lei n.º 12.318, tipificada por Lei da Alienação Parental, que vem defender a criança e ao adolescente, tipificar e estipular punições para os processos decorrentes na alienação parental. 6 2 PRINCÍPIOS DA ALIENAÇÃO PARENTAL A Lei da Alienação Parental, tipificada por Lei n.º 12.318, sancionada em 26 de agosto de 2010, foi um marco evolutivo no Direito brasileiro, tornando este o principiante a introduzir uma lei específica na proteção de crianças e adolescentes contra as práticas de alienação parental. Todavia, previamente ao âmbito jurídico, esta problemática se apresentava nos tempos remotos da sociedade em que a mãe era encarregada do papel protetor em relação aos filhos, educando e criando. Consequentemente, geria os cuidados domésticos e ao marido era conferido precipuamente o dever de sustento e de gerência familiar, “[...] era o pai o titular do pátrio poder, cabendo à mãe a colaboração. ” (FACHIN, 2003, p. 244). Portanto, naturalmente, em caso de separação do casal, os filhos permaneciam sob a guarda da mãe, inclusive pelo lado afetivo, devido ao fato que esta era a tarefa que lhe foi incumbida no casamento. Ao longo da evolução histórica, principalmente com a Revolução francesa (1789) as mulheres foram cada vez mais adquirindo direitos trabalhistas e até mesmo humanitários, como a inserção das mulheres nos processos de produção e também a luta pelos direitos. Embora ainda continuassem submissas aos afazeres domésticos e ao próprio esposo, este que ainda era considerado o titular do pátrio poder, as mulheres começaram a adquirir autonomia e passaram, relativamente, afazeresdomésticos aos maridos, como os cuidados com animais domésticos ou a lavagem de uma louça. Consequentemente, o convívio do pai com o filho ficou ainda mais fragilizado, uma vez que não podia ver o filho enquanto estava trabalhando e minimamente possuía contato enquanto estava no lar. Esta nova estrutura de gestão familiar passou a proporcionar à criança uma visão de que ambos os genitores eram igualmente importantes no que se refere à autoridade. Conforme as lições de Rolf Madaleno, estruturada a nova família para uma concepção mais íntima, a sociedade pairava em uma nova formação familiar, voltada para a realização individual de seus membros (MADALENO, 2000, p. 17). Sequencialmente no processo evolutivo, as obstruções encontradas na ruptura da sociedade conjugal foram morosamente sendo abolidas pela legislação, previamente vinculada a dogmas religiosos, estes que pregavam a indissolubilidade do vínculo matrimonial, ocorrendo posteriores mudanças no sentido de obter respaldo legal ao caráter volitivo de convivência entre os cônjuges. Paralelamente ao sentido, era um vitupério ao direito à liberdade a resistência injustificada da dissolução conjugal, limitando a autonomia privada, afrontando até mesmo a própria responsabilidade da pessoa humana, a boa-fé e a ética, estes princípios da dignidade da 7 pessoa humana (DIAS, 2010, p. 14). Atualmente o casal tem o apoio legal para realizar um divórcio com bem mais facilidade, permitindo dissoluções conjugais de forma compulsória. Contudo, algumas complicações no processo do divórcio decorrem no próprio casal, em que um luta para sair mais beneficiado ao outro, como a porcentagem da pensão, a divisão dos bens e a guarda do filho, enfoque do presente trabalho. Por exemplo, ao longo do processo evolutivo da família, os pais foram percebendo a assaz necessidade do convívio com o filho, atualmente, um pai deixa seus afazeres para realizar atividades junto ao filho, sendo assim, começa a estabelecer uma nova base familiar, pautada no convívio afetivo. Por conseguinte, ampliou-se o conceito de guarda, anteriormente focalizada na unilateral, já com os novos vínculos familiares, passa-se a ter ênfase a figura da guarda compartilhada. “O compartilhar da guarda dos filhos é o reflexo mais fiel do que se entende por poder familiar [...]” (MOTTA, 2011, p. 122). Designar aos progenitores as mesmas responsabilidades possibilita, em sua maioria, uma maior utilização do poder familiar em igualdade de condições, assim retirando o poder conferido pela guarda única, compulsoriamente utilizado com motivos que não encontram abrigo na defesa dos interesses dos filhos (MOTTA, op. cit., p. 122). O compartilhamento da guarda divide o poder entre ambos os genitores, equilibrando forças e evitando comportamentos lesivos aos interesses dos filhos (MOTTA, op. cit., p. 122). 2.1 CONCEPTUALIZAÇÃO Nesse âmbito familiar formado, e em virtude da guarda compartilhada, os genitores iniciam uma guerra psicológica no filho, desvitalizando a imagem do outro genitor, buscando que o filho ame um deles e repudie o outro. Portanto, faz-se necessário entender o conceito previsto na Lei n.º 12.318/2010, esta que veio no intuito de promover uma efetivação saudável da participação dos genitores na formação e educação dos seus filhos, em virtude da própria alteração sofrida pelo conceito de família. Por conseguinte, assim como a Constituição Federal, o ECA e o Código Civil, a lei vem para tutelar a criança e seus Direitos Fundamentais, preservando os direitos vivenciais com a família, e, consequentemente, vem preservar a moral da criança. A lei designa-se, em seu artigo 2º, por alienação parental, a interposição abusiva na formação psíquica da criança ou adolescente, visando repudiar o genitor ou causando prejuízo ao estabelecimento ou ainda, a manutenção saudável de vínculo com o genitor. Contudo, é de 8 suma importância ressaltar que a lei não restringe a autoria apenas aos genitores, e sim, a qualquer pessoa que tenha a criança ou adolescente sob sua autoridade, tutela ou cuidados, como os avós. A lei traz um leque de dispositivos para tipificar a alienação parental, podendo ser praticados de forma direta ou em auxílio de terceiros, porém, será discorrido tais pontos de forma detalhada mais à frente. 2.2 DISPOSIÇÕES GERAIS Anteriormente à introdução das práticas alienadoras, há importância de tratar as implicações causadas sobre a criança concernentes à alienação. Demasiadamente os casos de separações vêm aumentando, consequentemente, os sentimentos traumáticos sobre o psicológico são dantescos, como o sentimento de abandono, rejeição e até mesmo de traição. Focalizando a relação entre pais e filhos, e, portanto, não havendo uma elaboração adequada do corte afetivo, inicia-se um processo de ódio, a busca pela destruição e desmoralização do ex-cônjuge. Desta forma, os filhos são levados ao patamar de fantoches, em que são usados para atingir ao outro genitor, devido a persistência maçante de difamações contra o outro genitor, os filhos sofrem lavagens psicológicas. Assim, passam a acreditar que as informações recebidas são verídicas, posteriormente a vinculação de falsas memórias, passam a repugnar o genitor, sentido ódio, rejeitando... consequentemente, tornam-se instrumentos de agressividade e vingança. O genitor usa o filho para superar o abandono, porém, impede o convívio saudável do filho com o outro genitor, causando uma realidade de instabilidade emocional e, desta forma, desvitalizando toda a evolução dos laços afetivos nas relações familiares. Acarretando uma morte inventada, em que o genitor deixa de existir para a criança, e esta passa anos sem estabelecer contato algum, devido uma batalha vingativa entre os pais. Todavia, envolta por toda essa batalha, a maior vítima é a própria criança, acarretando distúrbios psicológicos, estes que serão discorridos posteriormente, a criança passa a ficar em um ambiente de instabilidade, aumentando compulsoriamente o ódio por um dos genitores. 9 3 DIREITO DE FAMÍLIA Ao entendimento dos fatos explanados nos itens anteriores, é de suma importância o discorrimento das implicações concernentes aos casos de dissoluções das relações afetivas. Em um embasamento legal, no Código Civil de 2002, são previstos no artigo 1572, algumas causas para a separação conjugal, como o adultério, abandono do lar, uma conduta desonrosa e até mesmo algum crime cometido, assim impossibilitando uma vida em comum entre os cônjuges. Muitas situações podem interferir no cotidiano do casamento, ocasionando desavenças e formulações de discussões, estas que podem atingir, posteriormente, o vínculo matrimonial. Neste âmbito, em entendimento a opção do término conjugal, não é necessária maior complicação para que a relação seja legalmente desfeita, podendo perceber uma desmoralização do âmbito familiar, tornando-se mero deleite social. Ao término do processo conjugal, com a presença de filhos ao longo do mesmo, as dissoluções conturbadas começam a dar gênese aos processos de alienação parental. Desta forma, a dor é transferida para os filhos, estes que passam ao patamar de moedas de trocas. 3.1 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Analisado o processo do término conjugal, é importante destacar os valores adquiridos ao ser humano, de forma didática, a dignidade da pessoa humana. Com a nova formulação da Constituição Federal, em 1988, o ser humano foi disposto como ente principal do Direito, ou seja, base dos processos sociais, assim recebendo uma disposição ampla de direitos. Dentre eles os princípios inerentes à conservação da imagem, como exposição maisclara, o artigo 5º da Constituição Federal, dispondo diversos incisos que criminalizam a injuria e difamação sobre a imagem de terceiros. Portanto, o processo alienante acometido por um genitor ou familiar sobre o outro, designa processos de danos morais e até mesmo reclusões com multas, por desmoralizarem os direitos fundamentais tutelados ao ser humano. Em outro entendimento, singularizando a proteção ao filho, tem-se o Estatuto da Criança e do Adolescente, que expõe diversos direitos fundamentais que são abalados quando um genitor torna o filho alienado, desvinculando o processo harmonioso que a família deve proporcionar. Como os artigos 7º e 17º do ECA, que protegem os direitos de um desenvolvimento sadio e harmonioso, protegendo também o aspecto físico, psíquico e moral da criança e do adolescente. 10 4 ALIENAÇÃO PARENTAL A alienação parental, como previsto nos termos anteriores, possui diversos impactos e formas de acontecimentos, sendo a mais comum nos casos de dissoluções conjugais. Em que o desejo de vingança leva o cônjuge que não concorda com a separação ao patamar de ódio, principalmente na formulação de uma nova família pelo outro cônjuge. Buscando assim de qualquer forma desmoralizar a imagem deste, usando o filho como base para cometer a alienação, e o filho e o outro cônjuge se tornam os alienados, ou seja, fantoches. Com a insistência maçante das informações, o filho chega a entendê-las como verdades concretas, realmente desmoralizando a imagem do seu pai ou mãe por conta própria. Assim há a criação de uma morte inventada, em que o filho já não tem mais interesse no convívio com o outro parente. Também há uma disposição imaginária do filho alienado, que se ele manter laços com o pai, por exemplo, poderá magoar a mãe, porque esta não ficaria feliz com a relação, perdendo assim o amor da sua mãe. Em uma forma mais didática, a alienação parental é a desconstituição da figura parental de um dos genitores ante a criança. É uma campanha de desmoralização, de marginalização desse genitor. (SILVA, 2011, p. 328). Normalmente existem mágoas ou ressentimentos, uma dor que é transferida aos filhos, comumente feitas pela figura da mãe. Sendo assim, é necessário entender quais são os atos considerados como formas exemplificativas de alienação parental, dentre os incisos do artigo 2º da Lei n.º 12.318. Dentre os principais, tem-se a desqualificação da conduta do genitor, podendo ser no exercício da paternidade ou maternidade; dificultar o habitual exercício da autoridade; uma das mais graves, tipificada por dificultar o contato da criança ou adolescente com o genitor; como também dificultar o exercício do convívio familiar; omitir ao genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, como informações médicas ou escolares; apresentar falsa denúncia; e por último, porém não menos grave, a mudança de domicílio, sem justificativa, com o intuito de dificultar o convívio da criança ou adolescente com o genitor, ferindo os direitos inerentes à autoridade parental ou decorrentes da tutela da guarda. Ao entendimento dos atos, têm-se os direitos que são feridos em relação a alienação, estipulado no artigo 3º da Lei de Alienação Parental, designando que há o ferimento dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, como a relação saudável da convivência familiar. Constituindo abuso moral contra a criança ou o adolescente, inclusive ferindo os direitos estabelecidos na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente, como o direito ao desenvolvimento saudável e harmonioso. 11 Retornando ao processo do término matrimonial, focalizando o filho, é de entendimento comum que este tem um grande abalo emocional no respectivo processo, principalmente quando um dos genitores constituem uma nova família, até então desconhecida pelo filho. Este fica à mercê de uma nova constituição familiar, e no processo residencial tem um dos genitores difamando constantemente o outro, sendo natural que o filho, já abalado pelo novo processo, comece a acreditar na difamação. O filho se sente abandonado, como alguém que perdeu o amor de seu pai, portanto, começa a formulação de ideais e contestações que vão contra ao papel, até então amoroso, que possuía o pai. Em paralelo, tem uma mãe que também sente o mesmo processo de abandono, pelo sentimento de ser trocada, esta então, junto com seus pais, por exemplo, começa um processo de difamação e injúrias contra o genitor que constituiu a nova família. Posteriormente a formulação que o filho criou em seu psicológico, há identificação do genitor como patológico, o filho se torna órfão deste pai. Desta forma, o alienador, que ajudou a destruir a imagem e a relação do filho com o outro, é elevado ao patamar de única pessoa confiável e amorosa, assumindo o controle total, o filho e o alienador tornam-se inseparáveis. E o pai passa a ser considerado apenas um invasor, alguém que o filho já não confia mais e deve ser afastado de qualquer forma, porque agora apenas a mãe é detentora do seu amor. Nestas sucessivas manobras o alienador vai conferindo prazeres com a situação, sentindo-se vitorioso na sua trajetória de promover a destruição do antigo cônjuge e ter o filho como bem supremo. Nesta loteria de manipulações, em uma insistência em falsas verdades que vão sendo recebidas pelo filho, este quando tem o convívio com o pai, está tão abalado pelos acontecimentos que cria um sentimento de ódio. Por conseguinte, difamando o pai e até mesmo criando acontecimentos falsos para afastá-lo, como o relato de abusos físicos e sexuais. Desta forma, começando um processo chamado de morte inventada, em que a persistência nas falsas memórias leva o filho a repugnar o outro genitor, assim inventando sua morte no seu psicológico, não querendo mais vê-lo. Outra possibilidade é quando um genitor, na intenção de acabar com o convívio do outro com o filho, que já estão separados pela distância, cria a morte intencional do outro genitor, aludindo que este não existe mais. 12 4.1 ALIENAÇÃO PARENTAL CONTRA O IDOSO Na seara do idoso, este que, em alguns fatos, é detentor de dificuldades físicas, não tem a mesma possibilidade de expressar sua vontade e recorrer aos seus direitos como uma pessoa mais jovem. No caso do divórcio entre uma pessoa idosa, principalmente uma vulnerável que possui uma idade mais avançada, e uma pessoa mais jovem. Esta, também na maioria mulheres, acaba fazendo da pessoa idosa o alienado, com discursos difamatórios e desmoralizantes e afastando o direito do convívio saudável do idoso com seus filhos. Usando como justificativa que o idoso já não tem mais papel algum na formação do filho, servindo apenas desvitalizar o crescimento saudável deste. Consequentemente, exerce uma formulação na cabeça do filho, desmoralizando a imagem do pai idoso, que possui suas debilitações, ocasionando uma separação do filho com o pai. Portanto, o idoso se torna vítima do ato de vingança pelas sucessivas tentativas de alienação, tendo a dissolução dos laços afetivos com o filho. 4.2 COMPROVAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL A alienação parental está envolta por uma grande problematização, a comprovação da sua existência, sendo de suma importância, o suporte de profissionais, como psicólogos e psiquiatras, para juntamente aos operadores do Direito chegarem em uma conclusão fática. A união da prática forense e a própria legislação são os meios probantes mais adequados, como recursos tem a possiblidade de obtenção de uma confissão, uma prova que pode ser obtida através de um terceiro não inserido no processo e até mesmo a prova pericial que examina, vistoriaou avalia o caso. Como também a avaliação psicológica do menor, do alienado e do alienador, em uma ação conjunta das equipes multidisciplinares. Ao enfoque da legislação que rege a alienação parental, em seu artigo 5° há uma disposição sobre a realização de análise psicológica, quando tem indícios de alienação parental, como forma de comprovação, possibilitando maior segurança nos dados coletados, ilidindo paixões alienantes e falsos testemunhos. 13 5 SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL A alienação parental possui um leque de implicações sociais e jurídicas, dentre a principal, o processo de manter uma criança ou adolescente afastado de um ou ambos os genitores. Richard Gardner, um psiquiatra estadunidense, descreveu em seus estudos, a partir da década de 80, os efeitos deste processo de separação, designado por Síndrome de Alienação Parental. Os efeitos são referenciados por reações emocionais negativas de crianças ou adolescentes nos relacionamentos com seus genitores. Richard apresenta que a primeira manifestação é um projeto de difamação contra um dos progenitores por parte do menor, em que muitas vezes não possui justificação ou motivo conceitual. A temática da Síndrome é complexa e extremamente polêmica, delineada em 1985, por Richard Gardner, médico e professor de psiquiatria infantil da Universidade de Colúmbia, para buscar compreender a situação da disputa de guarda, nos casos de dissolução conjugal. A Síndrome de Alienação Parental, também tipificada por SAP, é caracterizada por um conjunto de sintomas que aparecem na criança geralmente juntos, especialmente nos tipos moderado e severo (GARDNER, 2002). Como o processo de difamação contra a genitor alienado, a depreciação constante, intensiva privação da formulação de conceitos que a criança faz sobre seus genitores, a ausência de culpa sobre a crueldade contra o genitor alienado, o uso constante de encenações pelo anseio de promoção pessoal. Contudo, nos casos leves, pode‐se não se ver todos os sintomas. (GARDNER, op. cit.). Quando os casos leves progridem para moderado ou severo, é altamente provável que a maioria dos sintomas estejam presentes. Essas concordâncias resultam em semelhanças entre as os menores com SAP, são por causa dessas considerações que se consegue um diagnóstico relativamente claro, que pode facilmente ser feito (GARDNER, op. cit.). Gardner entende a Síndrome da Alienação Parental como um processo de lavagem cerebral, incluindo fatores conscientes e inconscientes que motivam um genitor a conduzir seu filho ao desenvolvimento dessa síndrome, muitas vezes pelos constantes processos de difamação e a alienação em si. A criança, tendo esta como enfoque para os seguimentos posteriores, responde facilmente a constante alienação, chegando ao ponto de aceitação completa daquilo que é passado pelo genitor alienador, portanto, a criação dos sentimentos maléficos em relação ao genitor alienado. Neste âmbito, exemplificando que o genitor usa da ingenuidade da criança para aspectos escusos, como meio de propagação vingativa, tornando, como já discorrido anteriormente, a 14 criança um mero fantoche, suscetível às vontades deste genitor. Análogo ao entendimento, Gardner define a SAP como um subtipo da alienação parental, sendo que esta pode ocorrer por inúmeras circunstâncias, até mesmo por motivos fáticos, como o abuso físico e psicológico ou a negligência, ocasionando um afastamento advindo de uma reação natural. Porém, é importante salientar que a SAP advém da ação de um terceiro, intencional ou não, que ocasionará uma programação psicológica na criança de forma negativa, em que as estratégias usadas para tais fins são diversas e desenvolverão a patologia, conforme menciona Richard Gardner nos apontamentos em seus estudos sobre a temática. 5.1 IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME A alienação parental decorre de forma silenciosa, consequentemente, a síndrome também terá sua formação de forma mascarada, sendo dificultada a chegada verídica dos fatos. Portanto, assim como na identificação da alienação parental, é necessário a presença de profissionais especializados, no processo de exames, testes, entrevistas, consultas e avaliações, para concretizar a identificação da síndrome. Posteriormente, a estipulação dos procedimentos cabíveis para realizar o tratamento com alienado, e da melhor forma possível, buscar a resolução do caso sem advir constrangimentos ainda maiores. 5.2 DIFERENÇA ENTRE ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME É de suma importância salientar que a Síndrome de Alienação Parental difere da alienação parental, eis que esta é contemplada pela legislação e surge primeiramente, e desencadeia quando o detentor da guarda sobre o menor começa a afastá-lo de qualquer relacionamento com o outro genitor. A partir deste processo em que o menor é transferido para o outro genitor, pode ter início ao processo da síndrome, surgida quando o menor começa a demonstrar forte, e até mesmo exclusiva ligação, com o genitor alienador e se afasta do outro genitor. Sendo assim, inicia um processo de complicações psicológicas, dificuldades no crescimento e desenvolvimento saudável, podendo ter o desenvolvimento de sequelas. 15 6 O PODER JUDICIÁRIO A alienação parental e a consequente Síndrome da Alienação Parental são dois fatores com consequências dantescas para o âmbito familiar e seus integrantes. Portanto, imprescindível é a importância do Direito para gerir normas que visam o equilíbrio da relação familiar, ilidindo os atos alienadores. Nesta seara entra o papel do Poder Judiciário, com as evoluções ocorridas na base familiar, e as consequentes facilidades para as dissoluções familiares, os números de casos envolvendo a alienação parental aumentaram constantemente. Portanto, a criação da Lei n.º 12.318 se tornou de assaz necessidade, pois já não era mais viável a continuidade de processos sem uma legislação específica para delimitar o que o magistrado deveria seguir. Iniciando as medidas tomadas pelo juiz, uma das mais comuns, ao fato das alegações de repúdio que o menor faz em relação ao genitor alienado, o magistrado determina que as visitas entre o filho e este genitor sejam suspensas. Seguidamente, o juiz solicita estudos psicossociais para ferir a veracidade das alegações feitas pelo menor. Porém, esses procedimentos são longos, e pelo fato de durante todo esse período cessar o convívio do genitor alienado com o filho, inúmeras são as sequelas que são acarretadas pela cessação das visitas. Por isso deve ser ressaltada a importância da realização de exames, antes da determinação judicial para a cessação da visita, para comprovar a presença fática da alienação. Previamente ao discorrimento dos outros entendimentos do Poder Judiciário, é necessário explicar o instituto da guarda que em virtude do poder conferido ao pai e à mãe, tem- se a prerrogativa de terem a guarda de seus filhos. Já que a dissolução conjugal não representa o desvinculo com os filhos, estes que sempre farão parte ao convívio com ambos e necessitam de proteção. Portanto, a guarda está intrinsecamente ligada à autoridade exercida pelos pais, atualmente entendida por poder familiar. Ao longo do processo evolutivo do Brasil, diversas transformações ocorreram nas searas econômicas, sociais e políticas, portanto, não poderia ser diferente no quesito familiar. Por conseguinte, o Direito foi resguardando os direitos que a família necessitava, dentre eles, o novo aspecto valorativo à guarda. Esta inicialmente era designada para a mãe, ao entendimento que passava maior tempo com o filho, possuindo assim laços afetivos concretos. Sendo nomeada por guarda unilateral,em que apenas um dos parentes, o pai ou a mãe, teria a guarda do filho, muitas vezes atendida pelo juiz a guarda para a mãe 16 (embora possa ser concedida ao pai, ou ainda para um terceiro), em que o pai possuía datas específicas para visitas. Porém, nesse aspecto singular de guarda, a alienação ocorre com maior incidência, ao entendimento de que apenas um dos pais possui a tutela do filho, em um convívio diário. Portanto tem possibilidades efetivas de desvincular a imagem do outro progenitor, sob a insistência massiva de informações, o filho as toma como verdades concretas, criando um papel do outro progenitor, chegando ao entendimento de não querer mais vê-lo. Em um aspecto beneficiário ao filho, este está inserido em apenas uma base familiar, ou seja, possui uma única realidade, com regras e rotinas estipuladas, porém, na guarda unilateral, tem como malefício a facilitação da alienação por um dos progenitores. Consequentemente, o judiciário, visionando os direitos dos filhos e os processos alienantes dentro da guarda unilateral, optou pelo consentimento da guarda compartilhada. Esta que tem por posicionamento a guarda permitida aos progenitores como um todo, ou seja, ao pai e à mãe, em que o filho tem estipulado um tempo para passar com um progenitor e outro tempo com o outro, dando continuidade ao processo dos laços afetivos. Muito embora seja uma opção de justiça ao filho, que pode ter o amor e convívio de ambos os progenitores, alguns aspectos desmoralizam a guarda compartilhada. Como o fato do filho ter que se adaptar em duas rotinas e realidades diferentes, não podendo ter o seu convívio em apenas uma regra familiar. Outro aspecto, no âmbito da alienação, é o fato que com a guarda compartilhada permite dois alienantes, em que com o convívio com a mãe, esta difama a imagem do pai, e com o convívio com este, há a difamação contra a imagem da mãe. Em outro aspecto, com a comprovação da conduta de alienação, a Lei de Alienação Parental determina a utilização de instrumentos processuais para inibir os efeitos, e poder ilidir a prática da alienação. Os atos podem ser dos mais leves até os mais graves, de acordo com a incidência e o abalo sobre os alienados, assim as punições são determinadas de acordo com a gravidade de cada caso. As principais medidas são estipulações de multas, advertências, acompanhamentos psicológicos, a alteração da guarda em sua caracterização e até mesmo, em casos graves, a suspensão da guarda ao genitor alienador. Comprovando que as práticas alienantes, mesmo que necessitem de uma comprovação concreta, possuem punibilidade na legislação brasileira, salientando a constante evolução do Direito como um todo. 17 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS A alienação parental é algo que permaneceu inerente ao âmbito familiar, mesmo com todo o processo evolutivo ocorrido, e os eventuais direitos adquiridos aos membros do seio familiar. Porém, a alienação parental desvitaliza todo o processo evolutivo, em que o alienador se torna um abutre, com a função de degenerar o convívio saudável do filho com o genitor alienado, ferindo os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana. Portanto, a estipulação da Lei n.º 12.318 é um grande marco para o Direito brasileiro, que vem proteger as crianças e adolescentes, para que estes tenham tutelados seus direitos de convívio e formação saudáveis. Já que muitas vezes o alienante fica obcecado por seus desejos de vingança e não percebem o impacto sobre o menor, este que é o maior prejudicado na relação alienante, ao entendimento que cria um sentimento de ódio herdado do alienador e desvitaliza todo seu processo de convívio com o outro genitor. As consequências da prática são drásticas e acarretam diversos distúrbios, e a consequente Síndrome da Alienação Parental, além de atingir diversas pessoas que possuem o convívio com o menor. Assim como o caso análogo presente no entendimento da alienação parental contra o idoso, que também é colocado à mercê dos atos alienantes de quem passa a exercer o poder. Por conseguinte, tem-se a assaz necessidade dos exames psicológicos para identificação dos atos e os seguintes tratamentos, como também no auxílio dos processos judiciais. Neste âmbito, o Poder Judiciário mantém um papel vital, nos segmentos do Juizado da Infância e da Juventude, no apoio da Lei n.º 12.318 que vem tipificar as minúcias da alienação parental. Ao fato da alienação parental ser uma problemática delicada, a legislação se torna imprescindível para tutelar o Direito de família, a família em si e seus respectivos integrantes. Portanto, mister é o fato do Poder Judiciário ter que estipular cada vez mais processos evolutivos para que o Direto possa acompanhar a constante evolução da família. Em primeira instância, intensificando os cuidados com os alienados e as buscas pelos tratamentos com os alienadores, fazendo com que os casos não sejam estipulados como ilusórios. Seguidamente, a especialização dos integrantes do judiciário nas varas especializadas, para estarem aptos nos acompanhamentos dos processos decorrentes, evitando a determinação de processos que acarretem em ainda mais problemáticas aos alienados, como a estipulação da suspensão de visitas. As comunidades sociais e jurídicas devem lutar juntas para ilidir o processo da alienação parental do âmbito familiar, denunciando e conscientizando, caso o contrário, filhos, pais e idosos, tornar-se-ão meros deleites formais do convívio familiar, sem consciências próprias. 18 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CLARINDO, Aniêgela Sampaio. Guarda unilateral e síndrome da alienação parental. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 112, maio 2013. 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