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filosofia da tecnologia

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Filosofia da Tecnologia: noções gerais e aplicação na engenharia
	Vivemos na era da tecnologia, na qual podemos falar quase que ilimitadamente com qualquer pessoa do mundo, em que nossas tarefas se tornam simples exercícios para as máquinas e que os computadores parecem saber mais sobre nós do que nós deles. Qualquer parte do mundo pode ser vista por uma tela, pequena ou grande. Essa expansão exponencial da tecnologia e da ciência tem gerado (ou pelo menos deveria gerar) discussões especialmente de cunho filosófico. Discussões éticas, morais, políticas, entre outras…
	Há quem acredite que de uma forma geral, a tecnologia e a ciência são totais benefícios para nossa sociedade. Elas estariam isentas de serem a causa de todas as desgraças que acontecem no mundo, de toda desigualdade e qualquer outro malefício. Esses alegam que as desgraças aconteceriam mesmo sem o advento da tecnologia e da ciência. São consequências do mundo real que vivemos. Essa não parece a melhor das visões a respeito desse assunto. Não que estejam errados sobre as desgraças serem naturais no mundo, mas essa visão parece um pouco simplória dada a complexidade desse assunto. Logo mais entraremos mais a fundo nessas questões.
	Por outro lado, existem aqueles que atribuem boa parte - eu diria que a maioria das desgraças - tais como desigualdade social, a degradação do meio ambiente, todas as formas de poluição, entre outras, como causas exclusivas ou muito potencializadas pela tecnologia e ciência. 
Parece uma outra visão simples, ou até mesmo inocente. Até porque, poderíamos colocar todo o tipo de benefício alcançado por essa dupla, deixando essa visão fragilizada.
	Para que adentremo-nos mais profundamente à essas questões, primeiro vamos tentar definir o que seria a ciência e a tecnologia enquanto métodos.
A ciência pode ser definida como conhecimento profundo sobre algo que é adquirido através do método científico – observação, experimentação, criação de hipóteses, teorias e modelos fazem parte desse método.
Já a tecnologia, que segundo alguns autores não pode ser separada da ciência, pode ser definida como o estudo sistemático de métodos, técnicas, processos e instrumentos para realizar ou facilitar os ofícios humanos. 
	Ora, partindo dessa definição pura, não poderíamos encontrar grandes problemas para dizer que elas são puramente métodos com fins que não podem ser associados conclusivamente à boas ou más ações. Por isso, não é incorreto dizer que enquanto métodos, elas são neutras. Mesmo que o surgimento e expansão, tanto da tecnologia quanto da ciência, tenha uma ligação estrita entre com a violação de direitos humanos, poder, força política e exploração do trabalhador. Inclusive porquê acontecimentos tidos como benéficos, como por exemplo o iluminismo e o fim da dominação da igreja, também contribuíram de certa forma apar a expansão da ciência e tecnologia. 
	Contudo, não podemos perder de vista que elas estão incluídas num mundo não ideal, e essas duas, mesmo como ferramentas neutras, podem ser algo além de construção de conhecimento de técnicas aprimoradas. Um instrumento neutro pode ser perigoso. Não porque é neutro, mas porque está inserido num contexto corruptível, e num contexto em que certas formas de dominação podem usufruir disso, como o fazem. Por exemplo, a dominação política pode guiar os rumos da tecnologia e da ciência. Isso é extremamente comum no nosso contexto, não poucas vezes vemos partidos políticos fazendo uso de redes sociais, blogs e outro meios para espalhar medo na população, ou boatos sobre outros candidatos. Isso é o mínimo que vemos. Não é raro também vermos casos de adultos exercendo dominação psicológica sobre crianças fazendo uso da tecnologia. Não nos esqueçamos das guerras, que foram potencializadas com a invenção de novas tecnologias e com as novas descobertas da ciência, e da degradação do ambiente que também é potencializada por ambas. O sistema de governo também dita as regras para tecnologia e ciência. Não como elas serão realizadas, mas para onde serão direcionadas. 
	Mas é claro que também não pode deixar de ser ponderado os grandes benefícios da ciência. Como por exemplo a cura para doenças complicadíssimas. Cura que não foi vista além de outra perspectiva que não seja a morte em tempos passados. Antigamente se morria de picada de mosquito. Antigamente pouco se sabia sobre a circulação sanguínea, o hoje caminhamos para o transplante de cabeça. Pouco sabíamos sobre novos sistema solares, hoje sabemos que há uma infinitude deles. Os raios eram “causados pela ia dos deuses”, e hoje podemos prever onde eles irão cair, e dominamos a forma de energia presente neles, a qual é a base do desenvolvimento da tecnologia, a energia elétrica. Todas essas descobertas nos proporcionaram o bem estar que temos hoje. É claro, todas esses ganhos tiveram suas perdas, seus malefícios citados anteriormente. 
	Outro aspecto que deve ser discutido é que não poderíamos mensurar se estamos melhor ou pior sem a tecnologia e a ciência. Será que valeria a pena continuar com todas as dificuldades que a raça humana já enfrentou, caso não houvesse tecnologia e ciência? Será que a raça humana existiria até hoje, caso não houvesse a tecnologia? Ou o oposto: será que estaríamos melhores sem a descobertas de novas doenças, muitas delas potencializados pelos adventos da tecnologia? Será que a raça humana não poderá ser destruída “antes do tempo” por causa da ciência e tecnologia? São perguntas difíceis, ou talvez impossíveis de resolver, já que estamos trabalhando no campo das possibilidades. 
	O que parece estar claro é que a tecnologia e a ciência, como métodos, são neutras (neutras porque não são exclusiva e necessariamente moralizadas ou imoralizadas). Porque podem ser usadas tanto para um lado quanto para outro. Isso parece evidente. Não podemos descartar as coisas boas e ruins proporcionadas por elas. Serem neutras não significa que não são perigosas. No mundo prático, elas são perigosas justamente por serem neutras, pois podem ser aplicadas a qualquer interesse.
	Cabe a cada um de nós, como filósofos, engenheiros, cientistas e especialmente como seres pensantes, refletir constantemente sobre a forma como fazemos, usamos, discutimos e estudamos a ciência e a tecnologia. É importante, sobretudo, que os profissionais ligados á áreas de produção, geração e aplicação das tecnologias, como engenheiros e cientistas, façam uma reflexão crítica a respeito da tecnologia e ciência - não enquanto métodos, pois como métodos elas são exatas, precisas, livres de subjetividade, mas como ferramentas inseridas no mundo real. 
Essa reflexão é extremamente importante para analisarmos de maneira ampla todo o contexto em que estamos inseridos. Um profissional da engenharia, como um possível criador de novas tecnologias, deve conhecer os limites específicos e gerais desses métodos. Deve saber aplicá-los não somente como pura ciência e tecnologia, mas devem também conhecer suas implicações no mundo, seus benefícios e seus malefícios. Devem analisar de maneira crítica todas as consequências de uma nova tecnologia e se possível, conseguir métodos, tecnológicos ou não, de melhorar o uso, a invenção e a aplicação das tecnologias. É necessário que esses profissionais entendam que a moral precisa andar junto com esses adventos, e que não haverá pessoas para fazer uso da tecnologia se antes elas forem consumidas pela mesma.

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