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SENTENÇA EXERCICIO 3

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FIXE A PENA DA SENTENÇA ABAIXO, CONSIDERANDO QUE O RÉU REGISTRA UM ANTECEDENTE POR PRÁTICA DE FURTO (CONDENADO DEFINITIVAMENTE EM 06.06.2005); QUE O RÉU CONTAVA 20 ANOS DE IDADE NA DATA DO FATO; QUE É POBRE.
Em sentença:
O Ministério Público ofereceu denúncia contra CARION DA SILVA, devidamente qualificado nos autos, com base no artigo 14 da Lei nº 10826/03, caput, por ter cometido, em tese, o seguinte fato delituoso:
“No dia 07 de Junho de 2006, por volta das 19h30min, na Rua Carlos Lamp, n° 253, bairro Reolon, nesta cidade, o denunciado portava o revolver marca Rossi, calibre 38, não cadastrado , bem como cinco (05) cartuchos intactos, arma e munição de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.”
No dia 21.06.2006 a denúncia foi recebida (fl.70 ).
O réu foi citado (fl.74), tendo apresentada defesa prévia (fl.82), sendo, posteriormente, interrogado (fls. 77-80).
Durante a instrução, foram ouvidas (03) três testemunhas de acusação (fls. 146-147 e 163 ).
Aberto o prazo para oferecimento de memoriais escritos, o Ministério Público requereu o acolhimento da prefacial de nulidade e, no mérito a procedência da ação penal, para condenar o acusado nas penas do artigo 14 da Lei nº 10.826/03.
A Defesa, por sua vez, postulou pela absolvição do réu, com fulcro no artigo 386, VII do Código de Processo Penal, ou ainda, em caso de édito condenatório, requer a aplicação da atenuante da confissão, reduzindo-se a pena aquém do mínimo previsto no tipo penal.
Vieram os autos conclusos para sentença. 
É O RELATO.
PASSO A DECIDIR.
Preliminarmente:
Diante da intimação constante à fl. 187, entendo sanada a irregularidade na intimação da agente ministerial. 
Mérito:
Com efeito, a presente ação penal merece prosperar, pois presentes os requisitos de materialidade – auto de apreensão (fl. 13) e laudo pericial (fl. 95) -, bem como autoria, que é certa e recai sobre a pessoa do acusado. Senão vejamos:
O acusado, quando interrogado, confessou que portava o revólver na cintura, municiado, quando foi abordado pelos policiais militares. 
Derquis Adriano Garcia Martins, policial militar, confirmou que o acusado foi preso com a arma na cintura, municiada. No entanto, não soube informar com quantos cartuchos. 
Alex da Costa Antunes, policial militar, não recordou dos fatos. 
Maicon Luis Segala, policial militar, referiu que o acusado estava com a arma na cintura. 
É livre de dúvida, portanto, que o acusado estava portando arma de fogo, em via pública, sem a devida autorização legal. 
É sabido que o delito de porte ilegal de arma de fogo é chamado de crime de mera conduta, não necessitando do resultado naturalístico para sua ocorrência. 
No mesmo sentido ora preconizado, segue o mais recente entendimento jurisprudencial, em situações em tudo análogas à presente:
APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 14 DA LEI Nº 10.826/03. AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. CONDENAÇÃO QUE SE IMPUNHA. O DELITO DE PORTE DE ARMA É CRIME DE MERA CONDUTA. NÃO HÁ, NO CASO, QUALQUER RELEVÂNCIA EM SE PERQUIRIR SE O FATO OFERECEU PERIGO OU OFENDEU A INTEGRIDADE FÍSICA DE OUTREM. SENTENÇA MANTIDA NOS EXATOS TERMOS EM QUE FOI LANÇADA. Apelo improvido. (Grifei)
(Apelação Crime nº 70034291732, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Manuel José Martinez Lucas, Julgado em 07/04/2010) 
APELAÇÃO-CRIME. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. CONDENAÇÃO EMITIDA EM PRIMEIRO GRAU. APELO DEFENSIVO PLEITEANDO ABSOLVIÇÃO. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE LESIVIDADE NA CONDUTA. DESACOLHIMENTO. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. O delito de porte ilegal de arma de fogo é de mera conduta e só a ação do porte de arma já o configura, não havendo necessidade da ocorrência de algum resultado para configurar o tipo penal. Trata-se de crime abstrato. (...) (Grifo e omissis meus)
(Apelação Crime nº 70033951872, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antônio Ribeiro de Oliveira, Julgado em 17/03/2010) 
Assim, diante da prova segura de que o acusado estava com arma na cintura no momento da abordagem, sem a devida autorização para tanto, a condenação é medida que se impõe.
Diante do exposto, julgo PROCEDENTE a acusação contida para em decorrência CONDENAR o acusado CARION DA SILVA, nas penas do artigo 14, caput, da Lei 10.826/2003. 
Passo a dosar a pena.
Custas pelo Estado.
Após o trânsito em julgado, encaminhe-se a arma apreendida ao Comando do Exército para as providências cabíveis, nos termos do art. 25 da Lei 10.826/03, tendo em vista que em 31/12/2009 encerrou-se a possibilidade do cidadão registrar armas de fogo de uso permitido (art. 30, Lei nº. 10.826/03) e renovar o registro de armas que possuem o registro estadual (art. 5º., § 3º., Lei nº. 10.826/03).
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
Caxias do Sul, 27 de abril de 2010.
 Sonáli da Cruz Zluhan,
 Juíza de Direito.

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