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GENÉTICA DO CÂNCER Mariana Esposito Doutoranda do PPGG GENÉTICA E CÂNCER Algumas formas atacam 1/3 da população; 20% de todas as mortes; Diagnóstico precoce e tratamento imediato são vitais; GENERALIDADES O câncer quando não tratado letal 5% dos cânceres têm padrão de herança familiar certas pessoas têm predisposição de desenvolver uma malignidade particular. Em qualquer idade, o câncer tem um componente genético. BIOLOGIA DO CÂNCER A palavra câncer descreve um conjunto de doenças chamadas de neoplasias. Neoplasias: Doença caracterizada por proliferação celular descontrolada, que leva a uma massa ou tumor. Maligno = Câncer = crescimento descontrolado -> Metástase; Beligno = a depender o local; Pela capacidade de invadir outras estruturas orgânicas FORMAS DE CÂNCER Sarcomas tecido mesenquimal; Osso, músculo ou tecido conjuntivo. Carcinomas tecido epitelial; Células que revestem o intestino, os brônquios ou os dutos mamários. Gliomas células glia do SNC. Neoplasias Hematopoéticas e Linfóides Leucemias e linfomas. Dentro de cada grupo os tumores são classificados de acordo com o local, tipo de tecido, aspectos histológicos e o grau de malignidade. ESTÁGIOS DA EVOLUÇÃO DO CÂNCER Cél. normal Proliferação celular Neoplasia inicial Neoplasia progressiva Neoplasia progressiva Carcinoma Metástase Pode incluir mutações em genes de reparo do DNA Mutação no gene A Mutação no gene B Mutação no gene C Aumento de aneuploidia cromossômica BASE GENÉTICA DO CÂNCER BASE GENÉTICA DO CÂNCER 1. Independente do câncer ocorrer esporadicamente em uma pessoa ou repetidas vezes em muitas pessoas de uma família como uma característica hereditária, o câncer é uma doença genética. 2. Diferentes tipos de genes foram implicados em iniciar o processo de câncer. Eles incluem genes codificantes de: *proteínas das vias de sinalização para proliferação celular; *componentes do citoesqueleto envolvidos na manutenção da inibição por contato; *reguladores do ciclo mitótico. *componentes da maquinaria de morte celular programada; *proteínas responsáveis pela detecção e pelo reparo de mutações. 3. Diferentes tipos de mutações são responsáveis por causar o câncer. Isto inclui: *mutações ativadoras de ganho de função de um alelo de um proto-oncogene; *perda de função de ambos os alelos ou mutação negativa dominante de um alelo de um gene supressor tumoral. *translocações cromossômicas que causam má expressão de genes ou criam genes quiméricos que codificam proteínas que ganharam novas propriedades funcionais. 4. Uma vez iniciado, o câncer evolui pelo acúmulo de danos genéticos adicionais por meio de mutações ou silenciamento epigenético dos genes que codificam a maquinaria celular que repara o DNA danificado e mantém a normalidade citogenética. CÂNCER É fundamentalmente uma doença genética Esporádico Hereditário DANOS AO DNA Apoptose Reconhecimento e reparo do DNA Transmissão do dano céls descendentes por falhas nos outros mecanismos Condições para a Carcinogênese Ocorrência de mutação não-letal confira vantagem a cél vantagem proliferativa Outras mutações em outros genes da mesma cél confiram vantagens e não sejam letais Existência de instabilidade genética acúmulo de mutações gênicas por defeitos no reparo do DNA e/ou instabilidade cromossômica. FATORES DE RISCO Vírus Radiações Substâncias químicas Herança Familiar CARACTERÍSTICAS DE CÉLULAS CANCERÍGENAS Crescimento e multiplicação descontrolados Alterações morfológicas Citoplasmas indiferenciados, mudanças degenerativas, organelas mal desenvolvidas Perda da afinidade celular específica Propriedades imunológicas diferentes Cél câncer de mama Cél câncer cerebral MICROSCOPIA ELETRÔNICA Classes de Genes que regulam o processo de divisão ou proliferação nas Células Normais Proto-Oncogenes Genes Supressores de Tumor GENE SUPRESSOR DE TUMOR Genes que codificam proteínas regulação negativa do crescimento ou do processo de diferenciação celular nas células normais. Bloqueiam a proliferação celular descontrolada vias que regulam o ciclo celular. Perda de função contribuir diretamente no fenótipo alterado das células malignas. Comportamento recessivo ao nível celular alteração dos dois alelos para a perca de função do gene. GENE SUPRESSOR DE TUMOR Genes Protetores – “Gatekeepers” regulam diretamente o ciclo celular Genes de suscetibilidade para câncer TP53, RB1 Genes de Manutenção – “Caretakers” reparam danos ao DNA, mantendo a integridade genômica e evitando as instabilidade genética BRCA1, BRCA2 PROTO-ONCOGENES Codificam proteínas estimulam a divisão celular Genes promotores do crescimento e diferenciação celular controle da divisão celular de maneira ordenada Ativado (perda de função) por mutação Oncogenes Neoplasia Localização Oncogenes RET MET Tireóide Cel. Renal 10q11.2 7q31 GST Genes protetores RB1 CDKN2 TP53 Retinoblastoma Melanoma Sarcomas, Mama 13q14.3 9p21 17p13.1 GST Genes de manutenção BRCA1 BCRA2 XPB* Mama X. pigmentoso 17q21 13q12 2q21 * Vários genes e cromossomos ONCOGENES Gene mutante cujo funcionamento ou expressão alterada resulta em divisão celular e proliferação anormais. Afetam o crescimento e desenvolvimento celulares normais. PROTO-ONCOGENES ONCOGENES Mutação de Ponto Rearranjo gênico Rearranjo Cromossômico Amplificação Gênica ATIVAÇÃO ONCOGENES A maioria atua como mutações dominantes de ganho de função alteração de um único alelo desregulação do controle do ciclo celular. Mutações somáticas levam a cânceres esporádicos. Vários oncogenes codificam proteínas no núcleo envolvidas diretamente na regulação da replicação e/ou transcrição do DNA. TELOMERASES COMO ONCOGENES Mutações no gene hTERT codifica a telomerase Podem expressar a telomerase de forma desregulada perpetuando as céls Imortalidade celular consequentemente o processo neoplásico TELOMERASE COMO ONCOGENES Gene hTERT * telomerase transcriptase reversa * TCS1, TP2, hTRT, hEST2 5p15.33 A reposição TTAGGG telomerase integridade telomérica impedindo destruição das céls Durante a diferenciação celular declínio telomerase encurtamento dos telômeros ~ 35 pb de repetição telomérica são perdidos a cada divisão celular senescência celular RETINOBLASTOMA Tumor maligno da retina no início da vida 1 em 20.000 nascimentos O gene RB1 13q14 Proteína p110 RB1 110 KD c/ 928 aa 40% hereditária A criança herda um alelo mutante no lócus do retinoblastoma (RB1) linhagem germinativa. Mutação somática ou outra alteração em uma única célula da retina leva a perda de função do alelo normal desenvolvimento do tumor 60% esporádica Ambos os alelos RB1em uma única célula da retina foram inativados por mutações somáticas RETINOBLASTOMA RETINOBLASTOMA Alta incidência de outros tumores, osteossarcoma, fibrossarcoma e melanoma. 3% dos casos têm deleção citogeneticamente visível. A maioria surge por mutações de ponto ou pequenas deleções. SÍNDROME DE LI-FRAUMENI Na mesma família há diferentes formas de câncer Vários tipos de sarcomas ósseo e de tecidos moles Vâncer de mama, tumores cerebrais, Leucemia e carcinoma adrenocortical Vários membros da família em idade incomumente jovem SÍNDROME DE LI-FRAUMENI GeneTP53 17p13.1 codifica a proteína p53 Proteína p53 ligação ao DNA, importante componente da resposta celular aos danos do DNA. Hereditária ou esporádica. NEUROFIBROMATOSE, TIPO I – NF1 Afeta o sistema nervoso periférico, apresenta neurofibromas (benignos) Malignidades Neurofibrossarcoma Astrocitoma tumor de cerebelo LMC infantil cânceres de célula de Schwann cél glia q/ produz a mielina que envolve os axonios Gene NF1 17q11.2 CÂNCER DE MAMA FAMILIAR HAD várias pessoas afetadas na família, idade precoce de início e doença bilateral frequente Mutações em BRCA1 (17q21) e BRCA2 (13q12.3) aumentam a suscetibilidade câncer de mama 50% e 33% de câncer de mama familiar, respectivamente 5% de todos os cânceres de mama na população Mutação em BRCA2 10% a 20% em homens Projeto Diretrizes TIPOS HISTOPATOLÓGICOS DO CÂNCER DE MAMA CÂNCER BUCAL O 6o tipo de câncer no Brasil 7o em ♂ 9o em ♀ Tabagismo 90% Etilismo 80% HPV Carcinoma Epidermóide Oncogenes H-RAS controle mitótico MYC comportamento + agressivo e pior prognóstico GST TP53 33% a 76% RB1 6% a 74% CDKN2A 19% a 89% (Jorde et al.) (Jorde et al.) NEOPLASIAS DE HERANÇA MONOGÊNICA Muitas doenças de transmissão monogênica predispõem ao câncer A maioria das neoplasias mostra HAD ou HAR Contudo, alguns cânceres com incidência aumentada na família não apresentam transmissão monogênica evidente Câncer de mama 10% familiar; 90% predisposto + não familiar. NEOPLASIAS DE HERANÇA MONOGÊNICA Características Mesmo tipo de câncer tendem a ocorrer em parentes próximos dos probandos Início precoce Origem multicêntrica e ocorrência bilateral órgãos pares HAD – Oncogene Ativado GENÉTICA DO CÂNCER HAD – Perda de GST HAD – Perda de Genes de Reparo do DNA GST ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS E CÂNCER Tumor Sólido Mais comum Dificil diagnóstico citogenética Múltiplas alterações cromossômicas Alterações frequentes Aneuploidias e deleções Neoplasia Hematopoiética e Linfomas Menos frequente Fácil diagnóstico citogenética Alterações específicas Alterações frequentes Translocações recíprocas ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS Doença Alteração Genes Grupo FAB Leucemia Mielóide Crônica (LMC) t(9;22)(q34;q11) ABL;BCR M1 e M2 Leucemia Mielóide Aguda (LMA) t(8;21)(q22;q22) ETO;AML1 M2 Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) t(4;11)(q21;q23) AF4;MLL L1,L2 Leucemia Linfoblástica Crônica (LLC) t(11;14)(q13;q32) BCL1;IGH - Leucemia Promielocítica (LMA) t(15;17)(q22;q11-21) PML;RARA M3 Linfoma de Burkitt t(8;14)(q24;q32) MYC;IGH - LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA (LMC) Cromossomo Philadelphia (Ph) LMC t(9;22)(q34;q11) Ph rearranjo encontrado 100% dos pacientes Gene quimérico BCR/ABL São encontrados trissomias dos cromossomos 8 e 19; i(17q) durante a fase blástica da doença Hiperdiplóide: 52,XX,+4,+6,+9,+19,+21,+22 46,XX,ins(15;17)(q22;q12q21) M-FISH - Linhagem celular de câncer de mama humano Fundamental importância na determinação das bases biológicas do câncer; Diagnóstico, prognóstico e monitoramento (melhora ou recaída, falhas do tratamento) de terapia em casos de neoplasias, principalmente hematológicas; Estratificação dos pacientes nas categorias de risco; Auxilia o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas IMPORTÂNCIA DA CITOGENÉTICA CASO O Polegar do Violinista: e outras histórias da genética sobre amor, guerra e genialidade Sam Kean – Ed Zahar, 2013 Cap 3 – A ruptura do DNA Bomba Atômica - Hiroshima e Nagasaki, 1945 1 2 1 2 3 I II I.1 = Yamaguchi I.2 = Hisako II.2 = nasceu em 1950 II.2 = 58a – câncer – 1995 (50a) I.2 = 88a – câncer fígado e rim em 2008 (63a) I.1 = = 93a – câncer estômago em 2010 (65a) 140 mil (H) e 75 mil (N) mortos O que diferenciou Yamaguchi? – depois de ser exposto a duas bombas e sobreviver até 93 anos O que diferenciou Yamaguchi? As céls fizeram um excelente reparo; Talvez ele tivesse proteinas de reparo superiores - funcionamento rápido e eficiente; Certas combinações de genes reparadores; Mutações tenham ocorridos em trechos não codificantes; silenciosas; evitado dano grave aos maquinistas genéticos do DNA, que mantêm sob vigilancia os potenciais tumores. VÍDEO Obrigada!
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