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AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR : PRODUÇÃO DA PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Talma Bastos de Barros1 Orientadora: Professora Dr.ª Maria Aparecida Bosschaerts de Camargo RESUMO: A avaliação do processo de aprendizagem na educação superior possibilita investigar e refletir a respeito da ação do aluno e do professor, instigando a transformação além do contexto da sala de aula, em estágios supervisionados do início do curso até ao seu final. O ato de avaliar tem sido foco de reflexão e estudo de pesquisadores, que procuram compreender melhor sua estrutura e características no campo da educação como um dos conjuntos do processo de desenvolvimento dos sujeitos, que serve para mediar o homem com o meio no qual vive e em suas relações mútuas. O objetivo da avaliação deve consistir em preparar o indivíduo para exercer atividades em determinado contexto social, político e cultural e como processo de tomada de decisões para ações frente a entendimentos filosófico-políticos do mundo e da realidade. A educação superior deveria, por meio da avaliação, cumprir a função de humanização e emancipação, oportunizando o desenvolvimento em seus múltiplos aspectos; repensando sua prática, refletindo sobre o significado social do seu trabalho e buscando novas alternativas para os inúmeros problemas educacionais. Esta proposta verifica a possibilidade de uma avaliação contínua, por meio de estágio supervisionado, durante todo o curso superior, que possibilite ao educando ser útil, ao mesmo tempo em que, por meio da aquisição de conhecimentos, assimila e aperfeiçoa sua futura profissão. Palavras-chaves: Avaliação. Educação Superior. Procedimentos. ABSTRACT: The evaluation of the learning process in higher education allows investigate and reflect on the action of the student and the teacher prompting the transformation beyond the context of the classroom, in supervised from the beginning of the course, until the end. The act of assessment has been the focus of studies by various scholars and researchers, reflect and seek to better understand their formation and organization in the field of education as a set of procedures for the development of the subjects that serve to mediate the man with the environment in which lives and in their mutual relations. The objective of the evaluation should be to prepare the individual to perform activities in a particular social context, while political and cultural decision-making process for actions against the political-philosophical understanding of the world and reality. Higher education should, through the evaluation, perform the function of humanization and emancipation, nurture the development in its many aspects; rethinking their practice, reflecting on the social significance of their work and seeking new alternatives to the many educational problems. This verifies the possibility of a continuous assessment, through the supervised training, throughout the university, enabling students to be useful, at the same time, through the acquisition of knowledge, assimilate and improve their future profession. KEYWORDS: Assessment. Higher Education. Procedures. E orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. (Mateus, 6:5 a 8) INTRODUÇÃO A avaliação tem sido objeto de estudo de diferentes autores. Nesta pesquisa apresenta-se uma inovação avaliativa para a educação superior. Escolheu-se este nível de ensino tendo em vista que não se trata de ensino obrigatório, os alunos têm 1 Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Superior da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba – MG. E-mail: thalmadebarros@hotmail.com maior autonomia em suas decisões e pretensões e os professores são mais vinculados à pesquisa. Portanto, entende-se que na educação superior as mudanças podem ser realizadas com maior facilidade e se refletirão nos demais níveis educacionais. Pode ser importante discorrer a respeito de avaliação porque as mesmas fórmulas para avaliar vêm sendo utilizadas, com poucas variações, há séculos, pelo sistema educacional em todo o mundo ocidental. O embasamento estrutura-se na pesquisa bibliográfica em fontes fidedignas. Este estudo observa, de forma ampla, o significado da avaliação pelo aprofundamento do referencial teórico e análise da visão do aluno, seus anseios, suas necessidades suas dificuldades e limitações, suas expectativas e, principalmente, dar significância e utilidade para a avaliação. Não se pretende afirmar a melhor maneira de avaliar no caso de disciplinas teóricas e práticas da educação superior, mas sim de refletir como o cotidiano acadêmico pode mudar, com práticas pedagógicas que possibilitem o acompanhamento do processo de construção do conhecimento vivenciado pelo aluno, tendo em vista a superação dos problemas e dificuldades de aprendizagem. Trata-se de revisão bibliográfica fundamentada em literatura especializada por meio de consulta a artigos científicos selecionados através de busca no banco de dados do Scielo a partir das fontes Medline e Lilacs.Organizou-se a redação por assuntos vinculados, facilitando o entendimento do tema. Inicia-se a análise a respeito de conceitos de avaliação, que define objetivamente o assunto maior, depois, verifica-se a avaliação na educação superior, mais significativa e delicada que nos níveis educacionais anteriores, tanto para professores, quanto para alunos, pois tem caráter formativo e, finalmente, sugere-se uma proposta prática de avaliação para a educação superior, que possibilite o conhecimento profundo da disciplina, que contenha oportunidades de adequação, inovação e estudo. O objetivo amplo é a proposta para inovar a avaliação universitária e especificamente sugerir inovações no método atualmente usado e, concomitantemente, elaborar novas propostas para avaliar, por meio de novo método, que deverá inibir o estresse causado por testes, provas e trabalhos requeridos com o intuito de valorar o saber do estudante. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO A prática avaliativa é uma das formas mais eficientes de instalar comportamentos, atitudes e crenças entre os estudantes, podendo ser positivas ou destrutivas de suas possibilidades de desenvolvimento, como mecanismo de inclusão ou exclusão social, através das marcas burocráticas e legais impregnadas na sua utilização. A avaliação no processo ensino-aprendizagem é um ritual pedagógico que atinge aspectos sociais, éticos e psicológicos podendo estimular ou frustrar o crescimento do sujeito que aprende. (CAMARGO, 1996). Percebe-se que a avaliação tem diferentes metas como: propor novos métodos de estudo e pesquisa, angariar mais conhecimento, adquirir condições de domínio temático e, também, para sopesar o aproveitamento das aulas e seus conteúdos programáticos. A avaliação é um procedimento da existência humana, que pensa criticamente a prática, que tenta perceber os avanços, resistências, dificuldades, objetivando decidir o que fazer para superar problemas e obstáculos de variadas situações (VASCONCELLOS, 2000). Provar o que se sabe parece servir para definir, para saber o que se prova. A avaliação tem característica desveladora e emancipadora. Luckesi (1986, 1994) entende que a avaliação educacional escolar, se traduz em prática pedagógica. A respeito da avaliação educacional a conceitua como avaliação da culpa, na qual notas são usadas para classificar os alunos comparando desempenhos sem se preocupar em se atingir metaspré-estabelecidas. Observar o que o aluno não sabe, pode dificultar o processo do ensino e aprendizagem, as notas classificam o aluno, como se fosse um objeto e não como o sujeito objetivo da educação. Os regimentos escolares instituíram uma cultura própria, decodificada por linguagem jurídica e símbolos, que medem e avaliam de forma ampla, tanto a escola, quanto seus componentes discentes e docentes (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Pode ser que a avaliação de tudo e de todos que se relacionam a educação seja apenas uma prática, mais política que pedagógica voltada apenas ao aferimento e/ou subtração de valores, tentando atingir um objetivo não muito claro, de maior, ou menor importância institucional. O principal objetivo da avaliação é ajudar o aluno a aprender e o professor a ensinar. (PERRENOUD, 1999). Por meio da avaliação, utilizando instrumentos e procedimentos próprios, pode-se mensurar quantidade e nível de aprendizagem alcançados. (LIBÂNEO, 1994). A literatura especializada define e conceitua avaliação e suas instâncias, porém observa-se que a avaliação sempre pretende mensurar o conhecimento. Seu principal objetivo parece ser verificar se o aluno encontra-se apto em determinada disciplina. Nunca tem caráter eminentemente formativo, mesmo na educação superior. A proposta sugerida neste artigo é transformar a avaliação em uma grandeza produtiva, que defina e delineie qualidades ao universitário. A avaliação, no caso em tela, extrapola as medidas convencionais. O que se aprende é imediatamente praticado, por mais teórico que seja. Assim, em um exemplo objetivo, ao se estudar Metodologia Científica, a avaliação será realizada por meio da elaboração de um artigo, que traduza todo o entendimento do aluno em relação ao conteúdo estudado, que será levado à consideração de leitores e que sofreará críticas valorativas. A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR A avaliação, na educação superior é muito mais do que aplicar testes, levantar medidas, selecionar e classificar alunos. "Avaliar, para muitos de nós, professores da educação superior, é uma das atividades pedagógicas mais difíceis de realizar..." (ABREU E MASETTO, 1990, p. 108). É necessário estabelecer, por meio de técnicas utilizadas pelo professor, medidas que promovam ou não os estudantes avaliados. Estas técnicas se dividem em grupos de acordo com o que se quer avaliar: conhecimentos, habilidades ou atitudes. São abrangentes quando afirmam que o ensino, como um todo, deve ser avaliado não só na vertente aluno, mas também nas vertentes plano de ensino e professor. "Situações-problema", "concepção de tarefas, tanto de ensino como de avaliação”, "realização de gráficos evolutivos dos alunos”, são atividades que auxiliam na avaliação formativa que podem ser continuamente inovadas pela imaginação. (SORDI, 2001). A avaliação na educação superior deveria estar a serviço da aprendizagem como um todo, servindo como experiência da aprendizagem, com estratégias inovadoras sempre que possível, pois se trata de área um tanto conservadora. Anastasiou e Alves (2003) verificam a avaliação como estratégia de ensino variada, que pode ser realizada por muitos meios como, por exemplo, aula expositiva dialogada, júri simulado etc. A avaliação já não é apenas um instrumento para atribuir nota a um estudante numerado no diário de classe. Ela preocupa-se com um aluno que possui nome, características próprias de velocidade de aprendizado, habilidades e competências únicas, interagindo com um professor motivado a observar as etapas desta dinâmica e que também é avaliado no processo educacional. Na educação superior a avaliação é função conformativa da escola. As notas e conceitos são decisivos para a continuidade dos estudos, determinando o status de “sucesso” ou de “fracasso” acadêmico, de permanência ou de exclusão do processo escolar, independentemente da adequação ou não dos procedimentos que lhe deram origem. Tradicionalmente as notas têm representado a quantidade de informações adquiridas pelos sujeitos que aprendem em relação à expectativa do avaliador. Na avaliação somativa, através de parâmetros utilizados pela escola, notas e registros escolares irão servir de orientação para efetuar a avaliação do processo ensino-aprendizagem e do planejamento escolar. Para Luckesi (1999), a avaliação não pode ser autoritária e conservadora, mas sim diagnóstica, propiciando avanços e propondo novas metas. A aprendizagem tem que ser vista de forma detalhada, relevando as necessidades prioritárias. Os critérios são importantes como parâmetros difundidos e flexíveis, que se amoldam às necessidades de alunos e professores. Na avaliação diagnóstica o professor identifica interesses, aptidões, traços de personalidade, grau de envolvimento, para traçar os objetivos. Hoffman (2003) entende que no curso superior acontece a avaliação classificatória com o aproveitamento máximo do aluno através das oportunidades obtidas durante o curso, em um parâmetro avaliativo fixo. Para Hoffman: "qualidade, numa perspectiva mediadora de avaliação, significa desenvolvimento máximo possível, um permanente 'vir a ser', sem limites pré-estabelecidos...". Esta forma de avaliar, no entendimento deste autor, procura acompanhar o aluno em todos os instantes, interagindo com o contexto do aprendizado. A respeito de avaliação formativa na educação superior, Romanowski e Wachowicz (2006) a entendem como vantajosa porque aluno e professor interagem. O aluno, ao compreender a dinâmica da avaliação formativa, pode estabelecer novos parâmetros para a aprendizagem. Na avaliação formativa o professor avalia se a aprendizagem está realmente acontecendo, como prosseguir, adequando-se às situações que vão surgindo no decorrer do processo, alterando ou até retrocedendo, ressurgindo, reiniciando, recomeçando, etc. O que é explicado da seguinte forma pelas autoras: Alunos e professores podem verificar a precisão dos conceitos elaborados e a validade das análises realizadas(...) o que se espera é que aluno e professor possam interagir para conquistar o conhecimento. (p. 129) Existe dificuldade no registro de atividades que colaborem com a avaliação formativa, porque é um procedimento diferente da avaliação classificatória, em que se atribui uma ou mais notas de forma objetiva. A preparação profissional na educação superior tem requerido mais do que acúmulo de informações, pois são desafiadoras de raciocínios, de decisão, solução de problemas, exige flexibilidade, análises, relações, seleções. (SCHÖN, 1997; ALARCÃO, 1996). Acreditar que avaliar informações memorizadas é o procedimento seguro para medir o saber pode ser interpretado como desconsiderações de critérios importantes do desempenho do aluno, como os intelectuais, motores, atitudinais apreendidos e aperfeiçoados em tempo de formação, relativos ao curso ou carreira a que se destinam. Na educação superior os alunos são mais maduros. A maioria tem objetivos profissionais claros, muitos professores não estão preparados para a docência, aumentando dificuldades para proceder à avaliação (SILVEIRA, 2008). A avaliação na Universidade abrange um estudo teórico sobre avaliação e avaliação na educação superior, incluindo revisão de conceitos, entendimentos e experiências, além de um levantamento da situação institucional a respeito de políticas, programas, propostas e realizações existentes, dadasas características da área de ensino/conhecimento. As conseqüências das práticas avaliativas na vida acadêmica do aluno de educação superior são visíveis nas práticas avaliativas de seus professores e refletem-se, de forma crítica, sobre o significado político-pedagógico dessas práticas na vida acadêmica dos alunos (SILVEIRA, 2008). É importante destacar o papel do professor na avaliação da educação superior como um mediador da aprendizagem do aluno, um capacitador, que relacione as estratégias criadas, possibilitando o desencadear de reflexões e tomadas de consciência, a fim de que mudanças ocorram. O professor atua como meio e facilitador, oferecendo recursos que auxiliam na interação entre os atores do processo avaliativo sugerido, os alunos estagiários e seus leitores ou clientes. Este pensar reformador pretende inovar o ensino. O professor que procede a avaliações na educação superior deve passar constantemente pelo processo de formação, o qual se dá por meio de um processo contínuo de reflexão-ação-reflexão. Deve ter em mente a importância das implicações do ofício de docente no que se diz respeito à avaliação, às dificuldades do corpo discente, ou seja, da sua identidade para que o processo ensino-aprendizagem ocorra por meio de conteúdos significativos, reflexíveis com postura flexível e utilização de avaliações diversificadas. A metodologia usada nas avaliações do curso universitário requerem um docente importante pela ótica de seus alunos, que os marque de forma positiva, construindo e experimentando com eles, atividades pedagógicas. Parece necessário que o docente se atualize constantemente, devido aos impactos das novas tecnologias na sociedade e na educação. A avaliação realizada pelo docente universitário terá que ser um estímulo para que os alunos desenvolvam seu próprio meio de assimilação e aprendizagem. Por esse motivo a avaliação deve ser formativa, contínua e processual, para levar a reflexão e buscar informações para mobilizar o processo de aprendizagem, possibilitando a criação de percepções facilitadoras. Avaliar para o professor universitário não é uma atividade que tem como objetivo apenas medir e controlar, verificar e fazer julgamentos, mas uma atividade que permite diagnosticar o que foi aprendido, detectar as dificuldades durante o processo, a fim de levar o aluno a progredir e realizar com mais segurança as atividades futuras. PROPOSTA PRÁTICA DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR Quando proceder a avaliação na educação superior o professor pode estabelecer cronogramas de atividades, conforme a visão formativa preleciona, procurando dar, cada vez mais, ênfase à qualidade de cada um dos passos do aluno, unindo estratégias de ensino com as de qualidade (MUSSAK, 2003). Apesar da dificuldade da tarefa de avaliar, tanto alunos como professores precisam empregar criatividade e visão crítica nesta atividade. Mas, um ponto de reflexão importante é aquele no qual a aprendizagem, como um todo, é vista como um processo. Ou seja, cada parte da dinâmica da aprendizagem é importante em si mesmo. A avaliação faz parte deste processo, tornando aluno e professor artífices desta realidade (SILVEIRA, 2008). Na avaliação na educação superior, principalmente para iniciantes, também acontecem dificuldades de adaptação como no ensino fundamental e no médio. Porque universitários também têm que estar preparados para serem avaliados. E só a entrada no curso superior não basta para o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos fundamentais que proporcionem imediata atuação literária e profissional consciente e positiva. A avaliação tem sido a mesma durante todos estes séculos de educação convencional. De forma básica é realizada por meio de perguntas e respostas, por meio de trabalhos pré-estabelecidos, por meio de indagações e participações em sala de aula. O aluno é sempre o ponto passivo, solicitado, que se perde em tentativas inseguras para tentar demonstrar ao “mestre” que entendeu “alguma coisa” do que lhe foi mostrado em sala de aula. Hoffmann (2003) entende que o professor universitário deverá estabelecer um ponto de equilíbrio e tentar atingi-lo. Buscar parâmetros avaliativos referentes ao objetivo de o “aluno aprender a aprender”, planejando como observá-lo, individualmente nesse sentido, bem como oportunizar a elaboração de tarefas escritas, relatórios de pesquisas, análise de dados de experimentação e outras tarefas avaliativas que visem ao acompanhamento das noções e conceitos científicos a serem aprendidos por ele. De forma prática, a proposta de avaliação na educação superior pretendida tem que ser inovadora e diferenciada. A educação superior é um estágio educacional ao qual poucos têm acesso e deveria ser melhor aproveitado no que diz respeito à avaliação. Será que as avaliações, no curso superior, são colocadas no tempo e espaço corretos? (HAAS, 2003). Continuando a indagação do autor citado pode-se questionar: será que os professores realmente estão empenhados na descoberta de novas formas de avaliação? Será que a avaliação ao invés de representar o estágio de desenvolvimento do aluno, não poderia tornar-se, se realizada de forma inábil, uma punição ao estudante? Durante o estágio supervisionado e avaliativo podem surgir incertezas e inseguranças devido à transposição de papéis, quando o aluno torna-se profissional, podendo ocasionar equívocos que irão refletir de forma negativa na aprendizagem e no futuro profissional do universitário. A proposta para uma avaliação diferenciada no curso superior, uma avaliação evolutiva, revolucionária dos objetivos educacionais conhecidos tem que ser feita de forma a mostrar à sociedade e ao próprio universitário que a educação no curso superior é importante para toda a sociedade de forma geral e não apenas para o estudante, seus mestres e a instituição que freqüentam. A ementa apontará os novos estágios disciplinares que promoverão as avaliações do futuro, nessa nova proposta para avaliações na educação superior e deverá possibilitar a aplicação do novo método em seus conteúdos. Assim, o que o universitário for conhecendo teoricamente deverá ser aplicado, de forma prática, em estágios supervisionados desde o início do curso. Como fazer, durante o estágio supervisionado e avaliativo, com esses sujeitos reais e que dependem do saber e do trabalho do universitário é o aspecto que mais incomoda e não existem fórmulas prontas para a condução deste tipo de avaliação que podem ser transpostas para outras situações de ensino. A busca da avaliação formativa deve ser um compromisso com o próprio processo de ensinar. A avaliação irá valorizar ações do aluno para o social, terá caráter cognitivo, formativo e somativo, ou seja, primeiro o aluno conhece e assimila teoricamente, depois irá aplicar o conhecimento nas diversas situações do estágio e a estas ações será aplicado um valor. Apresenta-se um exemplo deste processo avaliativo, que transcorre de forma rotineira, sem gerar sobressaltos nem ansiedade e que sempre poderá ser retomado nas aulas. O aluno do curso de Enfermagem, no início do curso tem a disciplina Política de Saúde e Cidadania que é uma das metas do Sistema Único de Saúde (SUS). Este aluno irá colaborar, em um estágio supervisionado, nos mais diferentes postos de atendimento à saúde, em especial nas Unidades Básicas de Saúde, e neste primeiro momento do curso superiorirá averiguar in loco, como se dá a interação de políticas públicas, serviços de saúde e cidadania, fará relatórios, observará procedimentos adequados à legislação do SUS, as atitudes e necessidades dos pacientes. Estas averiguações realizadas pelo estudante de educação superior, além de proporcionar notas valorativas ao seu curso também serão aproveitadas para procedimentos estatísticos, fomentos, adequações, estratégias de novas políticas, novos métodos, enfim, será de grande auxílio para o contexto social. Estes conhecimentos pedagógicos fornecerão dados que irão contribuir para as avaliações da própria instituição. Suprime-se a “prova” e o “teste” como formas avaliadoras, nem sempre fidedignas. Acontece a avaliação progressiva, fundamentada em ações válidas que repercutem tanto no meio acadêmico quanto na sociedade de forma benéfica. A pesquisa, embasada no ensino e unificada a extensão deverá promover o conhecimento e ser, sobretudo útil a sociedade. A educação superior irá proporcionar ao aluno, com avaliação continuada, prática e útil a familiaridade com o setor pelo qual optou educacionalmente, além do respeito profissional antes mesmo da titulação. Existe muita dificuldade em inovar práticas que vêm sendo utilizadas há muito tempo em educação. O estabelecimento de analogias entre informações, a proposição de soluções para situações problema, a criação de seqüências de ações para dar forma ao teoricamente discutido e analisado, o que demanda um longo e contínuo – mas nem sempre tranqüilo – processo de desequilíbrio e equilíbrio, que passam pela oferta de novas e inovadoras hipóteses. É importante valorizar o diálogo e compartilhar conhecimentos para construir competências e habilidades. O fato de se trabalhar de forma diferenciada o processo avaliativo, por meio do estágio supervisionado, aplicado a cada conteúdo disciplinar, de forma útil e prática e corrigido, continuamente pelo professor da disciplina faz perceber a importância de propiciar também a estes professores oportunidades para refletirem em conjunto sobre o significado das ações pedagógicas que desenvolvem e das formas pelas quais programam o processo avaliativo. A promoção de espaços e tempos para a interlocução e a partilha de saberes e fazeres entre os docentes que atuam no curso superior, visando oferecer condições que propiciem: a análise de concepções teóricas e perspectivas metodológicas, a permuta de experiências e de vivências, a construção e reconstrução das práticas, a promoção de ações e intervenções mais próximas quanto à natureza e à função são importantes e exigem a desconstrução do antigo método avaliativo para reconstrução do novo, de forma difícil, pois: [...] uma idéia não morre para ser substituída por outra, simplesmente. O que acontece é que algumas certezas vão sendo questionadas, novas hipóteses vão se configurando e acabam por constituir-se em outras idéias. Assim, é o caminho do conhecimento e esse é o rumo das mudanças em educação (HOFFMANN, 2003, p. 108). A dificuldade apresentada em relação ao tempo, em parte, deve-se à estrutura periódica da graduação. Os alunos, ao cursarem muitas disciplinas ao mesmo tempo, ficam assoberbados de leituras e trabalhos, o que não permite uma dedicação mais profunda a qualquer delas. Esforçam-se de acordo com a necessidade de nota e com a dificuldade da disciplina. Quanto ao professor, existe a dificuldade em dar conta dos trabalhos a serem corrigidos, analisados, comentados, repensados em termos de novas orientações para novas etapas, dentro da carga horária disponível, visto que trabalha, ao mesmo tempo, com várias turmas, na maioria das vezes numerosas. A resistência por parte de alguns alunos à novidade também dificulta e limita esta ação. Os alunos precisam sentir-se envolvidos por algo maior, que mereça o seu desapego às velhas e seguras práticas. Construir uma nova metodologia para avaliar implica em vencer desafios e assumir riscos de enfrentar novas situações, de práticas avaliativas diferenciadas, de reflexão sobre o trajeto percorrido e de proposição de novos caminhos. O estágio avaliativo é esta nova proposta para avaliações na educação superior, que dará ao aluno ferramentas e conhecimentos técnicos concretos do que estudou teoricamente desde o primeiro instante de sua vida universitária. O caráter formativo desta avaliação será evidenciado por meio de pontuações em relação ao desempenho das tarefas exigidas no estágio. Assim, o aluno do curso de Letras, por exemplo, desde o início será envolvido por aulas prestadas sob a forma de estágio a instituições de ensino fundamental ou médio. Terá que estudar e se informar para conquistar pontos necessários à sua formação superior. Não haveria mais avaliação em sala de aula, não haveria mais avaliação por meio de perguntas e respostas, não haveria mais tensão, estresse e outras dificuldades ao aprendizado. O aluno, no papel formativo que escolheu, passaria, desde o início, a desempenhar as funções que sua formatura lhe dá. O administrador, por exemplo, irá exercer a administração, envolvido nas diferentes disciplinas de seu curso. O estágio, ao ser praticado, de forma consciente e responsável, será valorado por pontos de 0 (zero) a 100 (cem), distribuídos pelo professor do estágio, pelo professor da disciplina, pelo próprio aluno e pelo diretamente favorecido pelo estágio. Deve-se considerar assiduidade, responsabilidade, conhecimento e aplicação das técnicas aprendidas. CONCLUSÃO O que chama a atenção em todos os autores a respeito da avaliação na educação superior nesta pesquisa é a ênfase no processo. A avaliação já não é um instrumento para atribuir nota a um estudante representado no diário de classe por um número. A avaliação deve preocupar-se com um aluno que possui nome, características próprias, inclusive de velocidade de aprendizado, habilidades e competências únicas e, tudo isto, interagindo com um professor motivado a observar as etapas desta dinâmica e, mais ainda, um professor que faz parte do próprio processo, sendo ele próprio avaliado e, ainda mais, a avaliação se estendendo aos planos de ensino e sendo utilizada socialmente em uma proposta de solução interativa entre a universidade, o aluno, o mestre e o cidadão. Tudo integrado num universo em que todas as partes devem agir com responsabilidade e comprometimento. Entende-se necessário mudar os sentimentos e reformular o conceito em relação à avaliação vinculando fala e ato, teoria e prática, pela implementação de mudanças no processo avaliativo. Refletir, edificando o conhecimento na descoberta de novos saberes para melhorar, cada vez mais, a atuação. A escola, em todos os seus níveis e instâncias, sobretudo na educação superior precisa e deverá enfrentar os desafios, adaptando suas práticas pedagógicas e avaliativas, promovendo o saber, saber fazer e saber ser e viabilizando a educação comprometida com o exercício consciente e competente da profissão, bem como possa dar as condições necessárias para o exercício consciente da cidadania. Avanços e superações acontecem, geralmente, de pequenos passos iniciais, fundamentados na conscientização e envolvimento de educadores e educandos. É assim em relação à avaliação e é possível contribuir para a construção de um educador mais reflexivo que a compreenda não como um processo punitivoe limitador, mas redimensione para favorecer os avanços e as superações quando o erro é utilizado como indicador diagnóstico para redirecionar, ensinar e aprender. É relevante enfatizar a importância da postura do professor frente à adoção da pontuação e dos instrumentos de avaliação adotados na proposta apresentada para uma turma de graduação. Os processos avaliativos deverão abranger o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes, por meio de dois critérios, ambos eliminatórios por si mesmos: assiduidade e rendimento acadêmico. A avaliação é feita a partir de conteúdos curriculares (lecionados pelo professor ou pré-requeridos) e de conteúdos comportamentais (sugeridos pelo professor ou pressupostos pela comunidade onde se passa o estágio supervisionado). Com escalas e registros mais ou menos adequados é possível avaliar a cooperação, a confiança, a responsabilidade, a participação, a utilização das diferentes disciplinas, o raciocínio, a comunicação, o cálculo estratégico para diversificadas situações, a aquisição de conceitos, a compreensão de conceitos, a aplicação de conceitos, a análise de conceitos e a resolução de problemas. A avaliação formativa e o estágio poderão consolidar a prática e a teoria do saber universitário, possibilitando que se avalie esse estudante em todos os seus momentos letivos. Cada movimento do aluno é observável pelo professor, pela comunidade, pelo supervisor, pelo colega, por ele próprio, com avaliações imediatas e construtivas. O saber teórico, aliado à prática, possibilita a avaliação contínua, sem preocupações com estabelecimento de dias para provas e exames, o que poderá proporcionar maior fidelidade na mensuração do ensino e assimilação de saberes universitários. REFERÊNCIAS ABREU, Maria Célia de; MASETTO, M.T.. . O professor universitário em aula: prática e princípios teóricos. 8 ed. São Paulo: MG Ed. Associados, 1990. ALARCÃO, Isabel. Reflexão crítica sobre o pensamento de D. Schön e os programas de reflexão de professores. Revista da Faculdade da Educação da USP, v.22, n.2, p. 11-42, dez. 1996. ANASTASIOU, L.G.C. e ALVES, L. P. (Orgs). 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