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Super Apostila de Direito Ambiental Nota11 Cap. 03 – CRIMES AMBIENTAIS – LEI Nº 9.605/98. Prof. Tiago Duarte Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 2 Sumário 1. Introdução e objetivos dessa apostila. .................................... 3 2. Base legal ................................................................................ 3 3. Natureza jurídica ..................................................................... 4 4. Aspectos da responsabilização administrativa ........................ 6 5. Competência............................................................................ 7 6. Pessoa jurídica e o crime ambiental ........................................ 9 1.1. Conceitos gerais .................................................................................................. 9 1.2. Teoria da dupla imputação ou da imputação paralela ....................... 10 1.3. Dos atos praticados pelos responsáveis pela pessoa jurídica ......... 12 1.4. Da desconsideração da pessoa jurídica (disregard doctrine) .......... 13 7. Das penas .............................................................................. 16 1.1. Da pena de multa ............................................................................................. 18 1.2. Do princípio da insignificância (delitos de bagatela) .......................... 18 8. Da transação penal, sursis e arrependimento ........................ 21 1.1. Da transação penal .......................................................................................... 21 1.2. Da suspensão do processo ............................................................................ 21 1.3. Da suspensão condicional da pena (sursis ambiental) ...................... 22 1.4. Do arrependimento .......................................................................................... 24 9. Do termo de ajuste de conduta (TAC).................................... 25 Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 3 1. Introdução e objetivos dessa apostila. Fruto da consciência ambiental, o legislador brasileiro não só previu a tutela civil do meio ambiente como avançou para legislar, tanto na esfera penal quanto na administrativa, sobre as atividades ambientais lesivas. Em razão disso, a matéria que será estudada nesta apostila, principalmente nas fichas interativas, é extremamente importante, visto que ela vem sendo cobrada em diversos concursos públicos. Desse modo, tanto a legislação seca (Lei nº 9.605/98), bem como a doutrina e a jurisprudência, serão abordadas com certa profundidade, pois elas serão necessárias para sua APROVAÇÃO! Outro cuidado que foi tomado, foi o estudo das decisões dos tribunais superiores, que mudou consideravelmente do ano de 2015 para cá. Então, ALUNO NOTA 11, você é um privilegiado, uma vez que há várias apostilas na internet com conteúdo ultrapassado, assim como as questões de concurso. Dito isto, continue com o NOTA 11, pois somente aqui você terá o material mais ATUALIZADO, e dentro de pouco tempo, a sua APROVAÇÃO! 2. Base legal Nível de cobrança em concurso: Todos! O bem jurídico protegido pela tutela penal é exatamente o meio ambiente, essencial à sadia qualidade de vida. Nesta expressão, cabe dizer que o bem jurídico tutelado é o meio ambiente natural, cultural, artificial e do trabalho, englobáveis na expressão bem ambiental. Quanto às bases normativas, elas são constitucionais e infraconstitucionais: a) Constitucional: Art. 225, § 3º: Art. 225. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. b) Infraconstitucional: Lei 9605/98 (Lei dos Crimes Ambientais/Infrações administrativas), Lei 9099/95 (Juizado Especial Criminal). Código Penal e Código de Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 4 Processo Penal. Apesar de a legislação protetiva penal ambiental reunir as infrações ambientais, ela não é a única, visto que já foram editadas outras leis, ampliando o rol das condutas punidas na Lei dos Crimes Ambientais. Como exemplo, cita-se a Lei dos Agrotóxicos (Lei nº 7.802/00) e a Lei sobre os Transgênicos (Lei nº 11.105/05). É importante frisar que a doutrina elogia a legislação penal ambiental brasileira, visto às inovações que ela trouxe, por exemplo, a responsabilização da pessoa jurídica. No entanto, a Lei nº 9.605/98 recebeu algumas críticas quanto aos tipos abertos, em que há uma amplitude ou indeterminação da conduta incriminada. 3. Natureza jurídica Nível de cobrança em concurso: Médio e superior A Constituição Federal é clara ao prever que a responsabilidade é objetiva, quando se trata de reparação a lesão ao meio ambiente afim de que se configure a responsabilidade civil. Além disso, existe corrente doutrinária (minoritária) que defende a teoria subjetivista no que concerne à responsabilização penal, em que ninguém pode ser condenado criminalmente sem a demonstração de dolo ou culpa, estendendo-se, inclusive, à reponsabilidade administrativa. Todavia, o STJ e as bancas de concursos têm considerado a responsabilidade administrativa como objetiva, conforme os julgados abaixo: ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AMBIENTAIS. PESCA PREDATÓRIA DE ARRASTO DENTRO DAS TRÊS MILHAS MARÍTIMAS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA INDEPENDENTE DE CULPA. IMPRESCINDÍVEL, ENTRETANTO, A DEMONSTRAÇÃO DO NEXO DE CAUSALIDADE. FUNDAMENTOS INSUFICIENTES PARA A REFORMA DA DECISÃO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que, apesar da responsabilidade por dano ambiental ser objetiva, deve ser demonstrado o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado. Precedentes. 2. A aplicação desse entendimento através de decisão monocrática está de acordo com o art. 557 do CPC e, portanto, não configura nulidade a ser sanada. 3. Os argumentos postos no Agravo Regimental não são suficientes para modificar o entendimento trazido na decisão recorrida, que se mantém pelos próprios fundamentos. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 5 4. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no REsp 1210071/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 13/05/2015). ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INFRAÇÃO AMBIENTAL. PESCA PROIBIDA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMINAÇÃO. MULTA. VIOLAÇÃO. NORMAS FEDERAIS. DESCARACTERIZAÇÃO. INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REVISÃO. ACERVO PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. 1. Não se admite o apelo extremo quando o exame das teses levantadas pelo recorrente não prescinde do revolvimento fático-probatório. Incidência da Súmula 07/STJ. 2. No caso concreto, o Tribunal a quo firmou-se nas premissas fáticas de que havia sido comprovado em flagrante a apreensão irregular de pescado em parque nacional marinho, pouco importando a intenção ou não na prática infracional porque se trata de responsabilidade objetiva, confirmando também que o amparo normativo referente ao desconto na multa não autorizava a sua incidência na base de cálculo escolhida pela ora agravante. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1494012/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2015, DJe 23/06/2015) Conforme demonstrado pelas decisões colacionadas acima, a jurisprudência do STJ caminha no sentido de considerar a responsabilidade administrativa como objetiva. Entretanto, há uma exceção quando o terceiro não for o efetivo causador do dano: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. DANO AMBIENTAL. ACIDENTE NO TRANSPORTE DE ÓLEO DIESEL. IMPOSIÇÃO DE MULTA AO PROPRIETÁRIO DA CARGA. IMPOSSIBILIDADE. TERCEIRO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. I - A Corte de origem apreciou todas as questões relevantes ao deslinde da controvérsia de modo integral e adequado, apenas não adotando a tese vertida pela parte ora Agravante. Inexistência de omissão. II - A responsabilidade civil ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental, o terceiro, proprietário da carga, por não ser o efetivo causador do dano ambiental, responde subjetivamente pela degradação ambiental causada pelo transportador. III - Agravo regimental provido. (AgRg no AREsp 62.584/RJ, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 6 Acórdão Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 07/10/2015) Essa exceção você só encontra aqui! E traremos outras caso surjam a fim de que você se mantenha atualizado. Dessa maneira, nota-se que temos um sistema hibrido quando se trata de responsabilidade ambiental. De um lado, a civil e administrativa, como objetiva, e do outro, subjetiva, quando se tratar de ilícito penal. 4. Aspectos da responsabilização administrativa Nível de cobrança em concurso: Médio e superior As instâncias penal e administrativa são independentes, não havendo interferência de uma das instâncias na outra, o que possibilita a condução simultânea de um processo administrativo na instituição fiscalizadora ambiental e no judiciário. Em síntese, a responsabilidade administrativa é classificada como mecanismo de repressão conduzido pelo Poder Público, através de seu poder de polícia, em face de condutas consideradas lesivas ao meio ambiente. De acordo com o art. 70 da Lei 9.605/98, infração administrativa ambiental consiste em: Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. Como se observa, a lei tipificou as infrações ambientais de forma aberta e genérica, dando certo grau de discricionariedade ao agente público no enquadramento de condutas lesivas como infrações administrativas, afim de que seja possível assegurar maior efetividade à tutela ambiental. Pelo art. 70 da Lei 9.605/98, extrai-se o pressuposto para a configuração da responsabilidade administrativa, qual seja, praticar conduta ilícita (não é necessário o dano). Esta é a principal diferença em relação à responsabilidade civil, uma vez que para esta basta a configuração de dano ao meio ambiental, sendo dispensável a ilicitude da conduta. Seguindo este entendimento, afirma Édis Milaré: Refletindo mais detidamente sobre a matéria, concluímos que a essência da infração ambiental não é o dano em si, mas sim o comportamento em desobediência a uma norma jurídica de tutela do ambiente. Se não há conduta contrária à legislação posta, não se pode falar em infração administrativa. Hoje entendemos que o dano Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 7 ambiental, isoladamente, não é gerador de responsabilidade administrativa; contrario sensu, o dano que enseja responsabilidade administrativa é aquele enquadrável como o resultado descrito em um tipo infracional ou o provocado por uma conduta omissiva ou comissiva violadora de regras jurídicas. Nesse sentido, p. ex., se uma indústria emite poluentes em conformidade com a sua licença ambiental, não poderá ser penalizada administrativa e penalmente caso o órgão licenciador venha a constatar, em seguida, que o efeito sinérgico do conjunto das atividades industriais desenvolvidas em determinada região está causando dano ambiental, não obstante a observância dos padrões legais estabelecidos em norma técnico-jurídica. (Édis Milaré, Direito do Ambiente. 5ª edição reformulada, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. P. 837) Assim, percebe-se que o legislador buscou uma maior efetividade na tutela do meio ambiente, bastando a desobediência à norma a fim de configurar infração administrativa. 5. Competência Nível de cobrança em concurso: Superior A competência para o processo e julgamento dos crimes ambientais é determinada em razão da titularidade do bem ambiental violado. Isto é, se o bem ambiental pertence ao estado, então a competência é da justiça comum. Assim, a competência da Justiça Federal atuará em situações excepcionais, quando houver violação de bem ambiental que seja de propriedade da União, suas autarquias ou fundações, ou que por ela seja administrado. Logo, recomendamos a leitura dos art. 20 e 26 da Constituição Federal. Ordinariamente, a competência para processo e julgamento dos crimes contra o meio ambiente será da Justiça Comum estadual. Neste sentido entende o STF no RE 458130/MG - Minas Gerais. Relator(a) Min. Cármen lúcia e AI 486159/DF - Distrito Federal Agravo De Instrumento. Relator(a) Min. Gilmar mendes: Trata-se de agravo contra decisão que negou processamento a recurso extraordinário fundado no art. 102, III, "a", da Constituição Federal, no qual se discute a competência para processar e julgar crimes praticados contra a fauna. Alega-se violação ao art. 109, IV, da Carta Magna. O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento segundo o qual a competência da Justiça Federal para o processo e julgamento dos crimes contra o meio ambiente somente ocorre na hipótese de lesão a bens, serviços ou interesse direto da União, tal como afirmado pelo Ministro Moreira Alves, quando do julgamento do RE 300.244, Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 8 1ª T., DJ 19.12.01. No mesmo sentido, o Habeas Corpus nº 81.916/PA, Segunda Turma, relatado por mim, D.J. de 11.10.2002, assim ementado: "EMENTA: (1) Habeas Corpus. Crime previsto no art. 46, parágrafo único, da Lei nº 9.605, de 1998 (Lei de Crimes Ambientais). Competência da Justiça Comum (2) Denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal perante a Justiça Federal com base em auto de infração expedido pelo IBAMA. (3) A atividade de fiscalização ambiental exercida pelo IBAMA, ainda que relativa ao cumprimento do art. 46 da Lei de Crimes Ambientais, configura interesse genérico, mediato ou indireto da União, para os fins do art. 109, IV, da Constituição. (4) A presença de interesse direto e específico da União, de suas entidades autárquicas e empresas públicas - o que não se verifica, no caso -, constitui pressuposto para que ocorra a competência da Justiça Federal prevista no art. 109, IV, da Constituição. (5) Habeas Corpus conhecido e provido". Assim, nego seguimento ao agravo (art. 557, caput, do CPC). Publique-se. Brasília, 04 de dezembro de 2003. Ministro GILMAR MENDES Relator. No que concerne à competência para definição das infrações administrativas e suas penalidades, o art. 24 da CF/88 atribui competência concorrente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (art. 30, II, da CF). Ademais, em relação à gestão do meio ambiente, o art. 23 da CF/88, atribui competência administrativa comum aos Entes Federativospara a tutela ambiental e combate à poluição em qualquer de suas formas. Entretanto, em relação à definição dos crimes ambientais e suas respectivas penas, somente a União poderá legislar, uma vez que possui competência privativa em matéria penal. Por fim, no que diz respeito a este tópico, cabe mencionar que as infrações administrativas elencadas pelos artigos 70 a 76 da Lei 9.605/1998 não são as únicas, pois devem ser observadas aquelas constantes das leis estaduais, municipais e distritais relativas à proteção do meio ambiente. Praticando: (FUNIVERSA - PC-DF - Delegado de Polícia) No que diz respeito à responsabilidade ambiental, assinale a alternativa correta. a) As concessionárias prestadoras de serviços públicos, tanto quanto as pessoas jurídicas de direito público, estão sujeitas à responsabilidade civil objetiva por danos ambientais. X b) São penas restritivas de direitos da pessoa jurídica, entre outras, a prestação pecuniária e a interdição temporária de direitos. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 9 c) Diferentemente do que ocorre com as pessoas físicas, não se aplica às pessoas jurídicas, no que tange à responsabilidade penal ambiental, a prestação de serviços à comunidade, mas apenas a pena de multa e as penas restritivas de direitos. d) No que se refere às pessoas físicas, as penas restritivas de direitos podem substituir as penas privativas de liberdade, mas apenas quando se tratar de crime culposo ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos. e) De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, a competência para julgamento do crime ambiental será da justiça federal quando atingir, ainda que de forma indireta e genérica, interesse da União ou de suas autarquias e empresas públicas. Comentários: Assertiva A = correta, conforme art. 225, §3º, da Constituição Federal e Lei nº 6.938/81, art. 14, §1º. Assertiva B = errada, pois que a prestação pecuniária não é pena restritiva de direito aplicada às Pessoas Jurídicas. Assertiva C = errada, visto que a prestação de serviços à comunidade é prestada tanto pelas pessoas físicas quanto pelas jurídicas. Assertiva D = errada, visto que está incompleta, conforme art. 7º da Lei 9.605/98. Assertiva E = errada, O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento segundo o qual a competência da Justiça Federal para o processo e julgamento dos crimes contra o meio ambiente somente ocorre na hipótese de lesão a bens, serviços ou interesse direto da União. Gabarito: Letra A. 6. Pessoa jurídica e o crime ambiental Nível de cobrança em concurso: Médio (conceitos gerais) e superior 1.1. Conceitos gerais No que concerne à natureza da pessoa jurídica quanto aos crimes ambientais, há duas teorias que a fundamentam. São elas, a teoria da ficção e a da realidade (organicista). Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 10 a) teoria da ficção sustenta que as pessoas jurídicas só existem ficticiamente, não sendo capazes de ação, de culpabilidade e de pena, eliminando a possibilidade de responsabilização penal. b) teoria realista diz que a pessoa jurídica possui vontade própria, não se confundindo com a de seus diretores ou sócios. Como destaque inovador da responsabilização penal ambiental a Constituição Federal e a Lei nº 9.605/98 desgarraram-se da doutrina clássica penal, a qual sempre assumiu a máxima societas delinquere non potest (a pessoa jurídica não pode cometer infração penal), assumindo a possibilidade de incriminar também a pessoa jurídica. Desse modo, a doutrina e a Lei nº 9.605/98 (art. 3º) chamam a atenção para o atendimento de algumas condições para que a pessoa jurídica cometa crime ambiental: a) que a infração tenha sido cometida em seu interesse ou benefício: Assim, o interesse está na vantagem, no lucro material, graça, serviço ou bem que se faz gratuitamente. b) Por decisão do seu Representante Legal (presidente, diretor, administrador), ou Contratual (preposto, mandatário de pessoa jurídica, auditor independente, etc.) ou do seu órgão Colegiado (órgão técnico, Conselho de Administração, Acionistas reunidos em Assembleia, etc.). Cabe lembrar que a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato, conforme parágrafo único do art. 3º da Lei. 9.605/98 1.2. Teoria da dupla imputação ou da imputação paralela Essa teoria somente admite responsabilidade penal da pessoa jurídica se ela for denunciada juntamente com as pessoas físicas responsáveis pela execução ou decisão do crime. Para o STJ, em decisões antigas não era possível que houvesse a responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio. Atualmente, o STJ não adota mais a teoria da dupla imputação. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 11 Atualmente, para o STJ e STF, tem-se que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica, por delitos ambientais, independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Eis o entendimento: PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA POR CRIME AMBIENTAL: DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO CONCOMITANTE À PESSOA FÍSICA E À PESSOA JURÍDICA. 1. Conforme orientação da 1ª Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação." (RE 548181, Relatora Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 6/8/2013, acórdão eletrônico DJe-213, divulg. 29/10/2014, public. 30/10/2014). 2. Tem-se, assim, que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Precedentes desta Corte. 3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode servir de artifício para a prática de condutas espúrias por parte das pessoas naturais responsáveis pela sua condução. 4. Recurso ordinário a que se nega provimento. (RMS 39.173/BA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 13/08/2015) O termo Societas delinquere non potest significa: a pessoa jurídica não pratica crime. Este termo era usado quando a pessoa física era considerada inocente. Logo, o STJ entendia que não era possível condenar a pessoa jurídica sem a pessoa física. O STF sempre entendeu que podia. Esse entendimento mudou recentemente, pois o STJ já considera a condenação da pessoa jurídica: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PLEITO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. EXORDIAL ACUSATÓRIA QUE ATENDE AO DISPOSTO NO ART. 41 DO CPP. AUSÊNCIA DE NECESSIDADE DA DUPLA IMPUTAÇÃO EM CRIMES AMBIENTAIS, QUANDO HÁ DENÚNCIA EM DESFAVOR SOMENTE DA PESSOA FÍSICA. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. Esta Corte pacificou o entendimento de que o trancamento de ação penal pela via eleita é cabível apenas quando manifesta a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a ausência de provas da existência do crime e de indícios de Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 12 autoria. 2. Devidamentedescrito o fato delituoso, com indicação dos indícios de materialidade e autoria, não há como trancar a ação penal, em sede de habeas corpus, por falta de justa causa ou inépcia da denúncia, pois plenamente assegurado o amplo exercício do direito de defesa, em face do cumprimento dos requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal. 3. De acordo com o entendimento jurisprudencial sedimentado nesta Corte de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, o ato judicial que recebe a denúncia, ou seja, aquele a que se faz referência no art. 396 do Código de Processo Penal, por não possuir conteúdo decisório, prescinde da motivação elencada no art. 93, IX, da Constituição da República (AgRg no HC n. 256.620/SP, Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, DJe 1º/7/2013). 4. A responsabilidade da pessoa física que pratica crime ambiental não está condicionada à concomitante responsabilização penal da pessoa jurídica, sendo possível o oferecimento da denúncia em desfavor daquela, ainda que não haja imputação do delito ambiental a esta. 5. Recurso em habeas corpus improvido. (RHC 53.208/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 21/05/2015, DJe 01/06/2015) Assim, é correto dizer que para o STF e o STJ a pessoa jurídica poderá ser condenada pela prática de crime ambiental ainda que absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou direção. Para estas Cortes a responsabilidade penal da empresa não se confunde com as dos diretores ou ocupantes do cargo de presidência. Por exemplo, um funcionário realiza um crime ambiental em nome da empresa sem a ciência dos superiores. Portanto, o STF e STJ não adotam a teoria da dupla imputação. 1.3. Dos atos praticados pelos responsáveis pela pessoa jurídica Apesar de a Lei nº 9.605/98 possibilitar que os administradores da pessoa jurídica sejam responsabilizados pela prática de crimes ambientais, tal disciplina deve ser compatibilizada com as normas processuais, principalmente com o art. 43 do CPP, que cuida dos elementos da denúncia. Desse modo, a jurisprudência tem relativizado a necessidade de descrição detalhada da conduta do administrador da pessoa jurídica que corroborou com a prática do crime ambiental, pois não é dado ao MP conhecer minuciosamente a estrutura e a organização da pessoa jurídica. Neste sentido, vejamos a jurisprudência do STJ: CRIME SOCIETÁRIO. FALTA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA DO RECORRENTE. PEÇA INAUGURAL QUE ATENDE AOS Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 13 REQUISITOS LEGAIS EXIGIDOS E DESCREVE CRIME EM TESE. AMPLA DEFESA GARANTIDA. INÉPCIA NÃO EVIDENCIADA. 1. A hipótese cuida de denúncia que narra supostos delitos praticados por intermédio de pessoa jurídica, a qual, por se tratar de sujeito de direitos e obrigações, e por não deter vontade própria, atua sempre por representação de uma ou mais pessoas naturais. 2. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode servir de artifício para a prática de condutas espúrias por parte das pessoas naturais responsáveis pela sua condução. 3. Não pode ser acoimada de inepta a denúncia formulada em obediência aos requisitos traçados no artigo 41 do Código de Processo Penal, descrevendo perfeitamente a conduta típica, cuja autoria é atribuída ao recorrente, devidamente qualificado, circunstâncias que permitem o exercício da ampla defesa no seio da persecução penal, na qual se observará o devido processo legal. 5. Nos chamados crimes societários, embora a vestibular acusatória não possa ser de todo genérica, é válida quando, apesar de não descrever minuciosamente as atuações individuais dos acusados, demonstra um liame entre o seu agir e a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade da imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa, caso em que se consideram preenchidos os requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal. 6. Esta Corte Superior de Justiça e o Supremo Tribunal Federal consolidaram o entendimento de que a simples falta de menção à data na qual ocorreram os fatos narrados na denúncia não enseja a sua inépcia. (omissis). (RHC 55.221/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 18/06/2015, DJe 03/08/2015). 1.4. Da desconsideração da pessoa jurídica (disregard doctrine) É possível a desconsideração da personalidade jurídica quando ela servir de empecilho ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Vejamos, conforme art. 4° da Lei nº 9.605/98: Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Há duas aplicações, segundo a doutrina: a) visa individualizar e atingir as pessoas físicas; b) visa alcançar os bens dos sócios que, enquanto considerada a pessoa jurídica, não seriam alcançados. Quanto à jurisprudência, esta tem aplicado a desconsideração da pessoa jurídica quando: Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 14 a) há abuso de poder; b) há obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente e; c) comprovando-se que os sócios ou administradores têm maior poder de solvência que as sociedades. Eis a decisão: RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POLUIÇÃO AMBIENTAL. EMPRESAS MINERADORAS. CARVÃO MINERAL. ESTADO DE SANTA CATARINA. REPARAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR OMISSÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. 1. A responsabilidade civil do Estado por omissão é subjetiva, mesmo em se tratando de responsabilidade por dano ao meio ambiente, uma vez que a ilicitude no comportamento omissivo é aferida sob a perspectiva de que deveria o Estado ter agido conforme estabelece a lei. 2. Omissis. 4. Havendo mais de um causador de um mesmo dano ambiental, todos respondem solidariamente pela reparação, na forma do art. 942 do Código Civil. De outro lado, se diversos forem os causadores da degradação ocorrida em diferentes locais, ainda que contíguos, não há como atribuir-se a responsabilidade solidária adotando-se apenas o critério geográfico, por falta de nexo causal entre o dano ocorrido em um determinado lugar por atividade poluidora realizada em outro local. 5. A desconsideração da pessoa jurídica consiste na possibilidade de se ignorar a personalidade jurídica autônoma da entidade moral para chamar à responsabilidade seus sócios ou administradores, quando utilizam-na com objetivos fraudulentos ou diversos daqueles para os quais foi constituída. Portanto, (i) na falta do elemento "abuso de direito"; (ii) não se constituindo a personalização social obstáculo ao cumprimento da obrigação de reparação ambiental; e (iii) nem comprovando- se que os sócios ou administradores têm maior poder de solvência que as sociedades, a aplicação da disregard doctrine não tem lugar e pode constituir, na última hipótese, obstáculo ao cumprimento da obrigação. 6. Segundo o que dispõe o art. 3º, IV, c/c o art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/81, os sócios/administradores respondem pelo cumprimento da obrigação de reparação ambiental na qualidade de responsáveis em nome próprio. A responsabilidade será solidária com os entes administrados, na modalidade subsidiária. 7. A ação de reparação/recuperação ambiental é imprescritível. 8. Omissis. (REsp 647.493/SC, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/05/2007, DJ 22/10/2007, p. 233) Viu, como é simples seu estudo?! Com decisões assim, fica fácil ser Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br15 APROVADO. Quando se sentir cansado de ler a apostila, estude pelas fichas interativas. Vai estar tudo lá e bem mais resumido para que você não fique tão cansado. O NOTA 11 traz os melhores meios para sua APROVAÇÃO. Note como isso pode ser cobrado: (FCC - TJ-SC - Juiz de direito) Por decisão do representante contratual da Empresa BETA, que produz fertilizante agrícola, alguns funcionários, inclusive o próprio representante contratual, utilizaram espécimes da fauna silvestre em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização, em pesquisa realizada sem o conhecimento da empresa e divorciada de qualquer atividade de interesse ou que pudesse trazer algum benefício, ainda que indireto, para ela. A empresa a) poderá ser responsabilizada no campo do direito penal, a depender de outros elementos, uma vez que a conduta praticada é tipificada como contravenção penal. b) será responsabilizada no campo do direito penal, uma vez que a conduta praticada é tipificada como crime. c) não será responsabilizada no campo do direito penal. d) será responsabilizada no campo do direito penal, uma vez que a conduta praticada é tipificada como contravenção penal. e) não será responsabilizada no campo do direito penal porque o fato é atípico. Comentários: Nos termos do art. 3°, da Lei 9.605/98, as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. (grifos acrescidos). Logo, a empresa não se responsabilizará no campo penal. Gabarito: Letra C. (VUNESP – PA – Juiz de direito) A Lei de Crimes Ambientais, em seu art. 3.º, estabelece a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Com relação a este tema, a doutrina. a) é unânime com relação à constitucionalidade da previsão legal. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 16 b) majoritariamente entende que nos crimes ambientais há dupla imputação, ou seja, a culpa individual e a culpa coletiva se condicionam reciprocamente. c) é unânime no entendimento de que penas não podem ser aplicadas a pessoas jurídicas. d) é unânime com relação ao fato de que a correta exege-se do princípio da pessoalidade da pena impede que a responsabilidade penal recaia sobre a pessoa jurídica. e) posiciona-se de forma eclética existindo aqueles que defendem que a pessoa jurídica não pode cometer crimes. X Comentários: A doutrina diverge sobre a constitucionalidade do art. 3º da lei 9.605/98. Como demonstrado, uns adotam a teoria realista e outros adotam a teoria da ficção. Gabarito: Letra E. 7. Das penas Nível de cobrança em concurso: Médio e superior Das sanções previstas na Lei 9.605/98, trouxemos as distinções abaixo, lembrando que algumas das sanções aplicam-se apenas à pessoa física (privativa de liberdade) e não à pessoa jurídica. Logo, assim, dividimos as sanções: Pessoa física Pessoa jurídica Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando: I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. Art. 8º As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I - multa; II - restritivas de direitos; III - prestação de serviços à comunidade. Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 17 III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar. Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível. Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos. § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. § 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos. Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. Do outro lado estará o quadro das agravantes e atenuantes. Atenuantes Agravantes Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridadesProf. Tiago Duarte www.nota11.com.br 18 competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 1.1. Da pena de multa A pena de multa é calculada conforme os critérios estabelecidos pelo Código Penal. No entanto, caso se revele insuficiente, poderá o juiz aumentá-la em até 3x (três vezes): Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. 1.2. Do princípio da insignificância (delitos de bagatela) Não há normas a respeito dos delitos de bagatela, ou seja, dos crimes de pouca significância. Desse modo, a jurisprudência e a doutrina têm o trabalho de delimitar as condutas tidas como insignificantes, fazendo uso dos princípios da legalidade e da necessidade de um direito penal mínimo. Tal princípio tem por natureza jurídica a exclusão da tipicidade. As Cortes superiores têm aceitado esta tese. No entanto, deve-se verificar alguns requisitos: a) a cautela b) o grau de reprovabilidade; c) a relevância da periculosidade social; d) a ofensividade da conduta. O Superior Tribunal de Justiça tem levado em consideração os requisitos elencados acima no momento de analisar os delitos contra o meio ambiente: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS. IMPORTAÇÃO IRREGULAR DE COMBUSTÍVEL. 190 L DE GASOLINA AUTOMOTIVA. DISPOSITIVOS VIOLADOS. ARTS. 56 E 15, II, A, AMBOS DA LEI N. 9.605/1998. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. SÚMULA 7/STJ 1. Não obstante prevaleça no Superior Tribunal de Justiça o entendimento no sentido de ser possível a incidência do princípio da insignificância nos crimes ambientais, deve-se aferir com Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 19 cautela o grau de reprovabilidade, a relevância da periculosidade social, bem como a ofensividade da conduta, haja vista a fundamentalidade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, inerente às presentes e futuras gerações (princípio da equidade intergeracional). 2. A fundamentação apresentada pelo Tribunal a quo se revela idônea para afastar a incidência do princípio da bagatela, notadamente em razão da reiteração de conduta delituosa informada pelos agravantes. 3. Levando-se em consideração as razões apresentadas pelo Tribunal de origem e tratando-se de crime ambiental, no que diz respeito à potencialidade lesiva dos 190 l de gasolina automotiva apreendidos, tem-se que, para desconstituir o referido fundamento, no caso concreto, seria necessária a incursão no arcabouço carreado aos autos, o que não é possível na via eleita, ante o óbice da Súmula 7/STJ. 4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1558576/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 01/03/2016, DJe 17/03/2016) Apesar de não existir norma expressa sobre a aplicação do princípio da insignificância, a Lei 9.605/98 traz alguns dispositivos tidos como pouco ofensivos socialmente: Art. 29. § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; III – (VETADO) IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. Praticando: (NC-UFPR - Prefeitura de Curitiba – PR – Procurador) Acerca da tutela administrativa e penal do ambiente, é correto afirmar: a) O ordenamento jurídico brasileiro prevê penas restritivas de direitos à pessoa jurídica se esta praticar crime ou infração ambiental, podendo culminar com a cessação total ou parcial de suas atividades e a vedação de contratar com o Poder Público. b) O autuado por infração administrativa ambiental poderá, no prazo de quinze dias, contados da data da ciência da autuação, oferecer defesa contra o auto de infração. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 20 c) A sentença proferida em mandado de segurança coletivo para tutela do meio ambiente por associação constituída há pelo menos 01 ano produzirá coisa julgada com efeitos erga omnes. d) A ação civil pública ambiental poderá ser proposta, entre outros legitimados, por sociedade de economia mista e associação constituída há pelo menos 01 ano, requisito que não poderá ser flexibilizado em hipótese alguma. e) O estudo de impacto ambiental objetiva avaliar a proporção das alterações que um empreendimento, público ou privado, poderá gerar ao meio ambiente e será elaborado por uma equipe multidisciplinar vinculada e subordinada ao proponente do projeto. Comentários: Assertiva A = correta, conforme art. 22 da Lei nº 9.605/98. Assertiva B = errada, conforme art. 71, I, da Lei nº 9.605/98. Assertiva C = errada, conforme art. 22 da Lei nº 12.016/09. Assertiva D = errada, conforme artigo 5º, incisos IV, V, e § 4º, da Lei nº 7.347/85. Assertiva E = errada, conforme art. 7º da Resolução 001/86 do CONAMA. Gabarito: Letra A. (FUNIVERSA - PC-DF - Delegado de Polícia) No que diz respeito à responsabilidade ambiental, assinale a alternativa correta. a) As concessionárias prestadoras de serviços públicos, tanto quanto as pessoas jurídicas de direito público, estão sujeitas à responsabilidade civil objetiva por danos ambientais. X b) São penas restritivas de direitos da pessoa jurídica, entre outras, a prestação pecuniária e a interdição temporária de direitos. c) Diferentemente do que ocorre com as pessoas físicas, não se aplica às pessoas jurídicas, no que tange à responsabilidade penal ambiental, a prestação de serviços à comunidade, mas apenas a pena de multa e as penas restritivas de direitos. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 21 d) No que se refere às pessoas físicas, as penas restritivas de direitos podem substituir as penas privativas de liberdade, mas apenas quando se tratar de crime culposo ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos. e) De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, a competência para julgamento do crime ambiental será da justiça federal quando atingir, ainda que de forma indireta e genérica, interesse da União ou de suas autarquias e empresas públicas. Comentários: Assertiva A = correta, conforme art. 22 da Lei nº 9.605/98. Assertiva B = errada, conforme art. 71, I, da Lei nº 9.605/98. Assertiva C = errada, conforme art. 22 da Lei nº 12.016/09. Assertiva D = errada, conforme artigo 5º, incisos IV, V, e § 4º, da Lei nº 7.347/85. Assertiva E = errada, conforme art. 7º da Resolução 001/86 do CONAMA. Gabarito: Letra A. 8. Da transação penal, sursis e arrependimento Nível de cobrança em concurso: Superior 1.1. Da transação penal No âmbito penal, o infrator poderá ter direito à proposta de transação penal quando houver pena restritiva de direito inferior a dois anos, o que levaria o processo e julgamento para os juizadosespeciais, e desde que demonstrasse nos autos do processo que o dano ambiental foi reparado: Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. 1.2. Da suspensão do processo Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 22 Tal qual demonstrado acima, o infrator terá direito à suspensão condicional do processo, com as devidas modificações quanto ao Código Penal, extinguindo a punibilidade quando a pena mínima em abstrato for igual ou inferior a 1 (um) ano de privação de liberdade e houver demonstração da recomposição do dano ambiental causado e o atendimento dos incisos do art. 28: Lei nº 9.605/98 Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput; IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano. Lei nº 9.099/95 Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 1.3. Da suspensão condicional da pena (sursis ambiental) O disposto do art. 16 prevê a suspensão condicional da pena quando houver condenação a pena privativa de liberdade não superior a 3 (três anos), aplicando assim o sursis. Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 23 Esta suspensão encontra-se disposta nos artigos 77 a 82 do CP, e com o advento do artigo 79 da lei de crimes ambientais, oficializou a suspensão condicional da pena no que concerne aos crimes ambientais: Lei nº 9.605/98 Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. Código Penal Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) Logo, faz-se mister o preenchimento de alguns requisitos para a configuração do sursis ambiental, como: a) a pena tem que ser privativa de liberdade; b) a pena não pode ser superior a três anos; c) impossibilidade de substituição por pena restritiva de direitos; d) o condenado não pode ser reincidente em crime doloso; e) que as circunstâncias judiciais do artigo 59, do CPB e artigo 6º, I a III, da Lei 9605/98 sejam favoráveis ao acusado É necessário cuidado, uma vez que a regra geral de direito penal contida no art. 77, o sursis, é aplicável nos casos de crimes com pena privativa de liberdade não superior a dois anos. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 24 1.4. Do arrependimento Nos moldes do art. 14, o arrependimento de crime ambiental é diferente do contido no Código Penal, pois em crime ambiental o arrependimento pode ser anterior ou posterior ao recebimento da denúncia e gera circunstância atenuante. No Direito Penal, o arrependimento deve ser anterior ao recebimento da denúncia e gera diminuição da pena (1/3 a 2/3), como se vê abaixo: Lei de crimes ambientais Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: (...) II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; Código Penal Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Atenção! Na Lei nº 9.605/98, o arrependimento juntamente com a reparação do dano é considerado atenuante de pena, seja antes ou após o recebimento da denúncia. No Código Penal, por outro lado, será causa de diminuição de pena. Vamos ao quadro síntese? Ele estará na outra página. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 25 QUADRO DE SINTESE Transação penal Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. Suspensão do processo Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar nãoter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput; IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III; V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano. Suspensão condicional da pena Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. Arrependimento Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: (...) II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada. 9. Do termo de ajuste de conduta (TAC) Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 26 Nível de cobrança em concurso: Superior Antes de adentrarmos ao tema, vale frisar que o estudo sobre o TAC abordará somente sua relação com Lei nº 9.605/98 e que um estudo mais aprofundado sobre o tema será realizado posteriormente. Assim, o TAC está fundamentado no parágrafo 6º do artigo 5º da Lei Lei n°. 7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública), podendo ser conceituado, nos dizeres de Geisa de Assis Rodrigues, como: [...] uma forma de solução extrajudicial de conflitos promovida por órgãos públicos, tendo como objeto a adequação do agir de um violador ou potencial violador de um direito transindividual (direito difuso, coletivo ou individual homogêneo) às exigências legais, valendo como título executivo extrajudicial. (RODRIGUES, Geisa de Assis. Ação civil pública e termo de ajustamento de conduta: teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 297) Inicialmente, destacam-se duas posições doutrinárias a cerca do assunto. A primeira corrente, sustentada no parágrafo 3º do art. 225 da Constituição Federal, entende que as esferas civil, administrativa e penal são independentes. Sendo assim, ainda que firmado um TAC, haverá obrigatoriedade da propositura da ação penal. A segunda corrente defende que o Ministério Público pode ser desobrigado de propor uma ação penal, quando verificar que através do TAC foram atingidos os objetivos de tutela do meio ambiente. A doutrina majoritária afirma que, caso houvesse a adoção da segunda corrente, haveria um retrocesso ambiental e que há necessidade da persecução penal, uma vez que a reparação do meio ambiente não retira o fato da prática de crime contra o meio ambiente: Entre os signatários da primeira posição, compreende-se Alexandre Soares da Cruz, para quem, considerando-se o disposto no parágrafo 3º do artigo 225 da Magna Carta, se a reparação do dano por meio de ajuste de conduta fosse tida como causa de afastamento da ação penal, "[...] estaria o MP sendo o protagonista de grave violação estatal ao preceito constitucional retro transcrito, consistente em mandado de incriminação expresso [...], agredindo (por proteção deficiente) o direito fundamental ao meio ambiente" [44]. Assevera o autor supramencionado que, diante da independência entre as esferas, o compromisso cível não tem o condão de obstar eventual resposta penal a condutas formal e materialmente típicas, na medida em que aquele, na sua visão, não retiraria a justa causa (vista como indícios de autoria e materialidade) para a ação penal. HASEMANN, Ariane Maria. O termo de ajustamento de conduta ambiental e o princípio da obrigatoriedade. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2715, 7 dez. 2010. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/17990>. Acesso em: 19 maio 2016.In: CRUZ, Alexandre Soares. TAC, reparação do dano e Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 27 proteção deficiente ao meio ambiente. [S.l.: s.n.], 2009. Disponível em: <http://mpnuma.ba.gov.br/index.php?option=com_docman&tas k=cat_view&gid=168&I temid=60>. Acesso em: 16 ago. 2010. Não paginado O Superior Tribunal de Justiça vem decidindo no mesmo sentido dos doutrinadores acima relacionados: PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. AÇÃO PENAL. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. ASSINATURA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA NÃO CONFIGURADA. ILICITUDE DA CONDUTA APONTADA COMO DELITUOSA NÃO AFASTADA. 1. A assinatura do termo de ajustamento de conduta, firmado na esfera administrativa, ente o Ministério Público e o estadual e o suposto autor de crime ambiental, não impede a instauração da ação penal, diante da independência das instâncias, devendo ser considerado seu eventual cumprimento, quando muito, para fins de redução do quantum das penas a serem impostas. 2. A assinatura do termo de ajustamento, in casu, não revela ausência de justa causa para a ação penal e, por ausência de previsão legal nesse sentido, não constitui causa de extinção da ilicitude da conduta potencialmente configuradora de crime ambiental. 3. O trancamento da ação penal por falta de justa causa constitui medida de exceção, somente cabível quando, pela mera exposição dos fatos verifique-se, de plano, a atipicidade da conduta, a inexistência de prova da materialidade do delito ou ausência de uma das condições de procedibilidade do feito. 4. Recurso especial provido (REsp 1294980/MG, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2012, DJe 18/12/2012). CUIDADO! Não se deve confundir o Termo de Compromisso Ambiental (TCA) com o (TAC) ou termo de ajuste de conduta: Lei de Crimes Ambientais Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 28 Lei de Ação Civil Pública Art. 5º. (...) § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. O Termo de Compromisso ambiental tem como prioridade a restituição da integralidade do dano. Caso não seja possível, busca-se a compensação ecológica e, em último caso, impõe-se a indenização pecuniária, em razão dos princípios da prevenção e reparação que regem o Direito Ambiental. TAC é um instrumento destinado a que o causador do dano ambiental assuma o dever de obrigação de fazer, não fazer ou de indenizar, adequando sua conduta às exigências legais, sob pena de sanções fixadas no próprio termo de ajustamento de conduta. Aluno NOTA 11, o conteúdo apresentado é muito cobrado em concursos. Então, vamos resolveralgumas questões logo abaixo. E se quiser as questões mais atuais, estude pelas fichas interativas. Elas estarão lá, pois sempre trazemos tudo a fim de que você seja aprovado. Veja como tá dominado: (CESGRANRIO – Petrobras - Profissional Júnior) Sr. K, após solicitado pelas autoridades ambientais, realizou termo de ajustamento de conduta com o fito de reparar danos provocados em imóvel de sua propriedade. Apesar disso, continuou tramitando processo criminal iniciado com base nos mesmos fatos, objeto do termo de ajustamento. Diante dos fatos enunciados, a(o): a) assinatura do termo de ajustamento implica reconhecimento dos fatos e extinção de todos os processos vinculados. b) assunção da responsabilidade civil ou administrativa implica confissão penal. c) extinção do processo criminal ocorrerá por ausência de justa causa. d) processo criminal continuará, com base na independência entre os processos. e) termo de ajustamento de conduta somente teria efeitos externos se subscritos pelo Ministério Público. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 29 Comentários: A lavratura de Termo de Ajustamento de Conduta, com a extinção de ação civil pública, não implica a extinção da ação penal correspondente, haja vista a independência da esfera penal em relação à esfera cível ou administrativa Gabarito: Letra D. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 30 Atenção!!! Para garantir que você esteja utilizando um material 100% atualizado, sempre baixe diretamente do site WWW.NOTA11.COM.BR Pegar esse material por outras fontes, que não o site www.nota11.com.br , além de poder ser enquadrado como CRIME, poderá prejudicar o seu estudo e contribuir para naufragar o projeto mais revolucionário e democratizante do ensino para concursos – O NOTA 11 O Brasil precisa de pessoas honestas e trabalhadores sérios. Não compactue com a corrupção. Não compactue com a pirataria. Precisamos de você. FAÇA SUA PARTE! Equipe Nota11 Um abraço. Prof. Tiago Duarte www.nota11.com.br 31 Tiago Duarte.
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