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Crimes ambientais e Lei 9.605 - site nota 11

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Super Apostila de Direito Ambiental 
Nota11 
Cap. 03 – CRIMES 
AMBIENTAIS – LEI Nº 
9.605/98. 
 
Prof. Tiago Duarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 2 
 
 
Sumário 
1. Introdução e objetivos dessa apostila. .................................... 3 
2. Base legal ................................................................................ 3 
3. Natureza jurídica ..................................................................... 4 
4. Aspectos da responsabilização administrativa ........................ 6 
5. Competência............................................................................ 7 
6. Pessoa jurídica e o crime ambiental ........................................ 9 
1.1. Conceitos gerais .................................................................................................. 9 
1.2. Teoria da dupla imputação ou da imputação paralela ....................... 10 
1.3. Dos atos praticados pelos responsáveis pela pessoa jurídica ......... 12 
1.4. Da desconsideração da pessoa jurídica (disregard doctrine) .......... 13 
7. Das penas .............................................................................. 16 
1.1. Da pena de multa ............................................................................................. 18 
1.2. Do princípio da insignificância (delitos de bagatela) .......................... 18 
8. Da transação penal, sursis e arrependimento ........................ 21 
1.1. Da transação penal .......................................................................................... 21 
1.2. Da suspensão do processo ............................................................................ 21 
1.3. Da suspensão condicional da pena (sursis ambiental) ...................... 22 
1.4. Do arrependimento .......................................................................................... 24 
9. Do termo de ajuste de conduta (TAC).................................... 25 
 
 
 
 
 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 3 
 
1. Introdução e objetivos dessa apostila. 
Fruto da consciência ambiental, o legislador brasileiro não só previu a 
tutela civil do meio ambiente como avançou para legislar, tanto na 
esfera penal quanto na administrativa, sobre as atividades ambientais 
lesivas. 
Em razão disso, a matéria que será estudada nesta apostila, 
principalmente nas fichas interativas, é extremamente importante, 
visto que ela vem sendo cobrada em diversos concursos públicos. 
Desse modo, tanto a legislação seca (Lei nº 9.605/98), bem como a 
doutrina e a jurisprudência, serão abordadas com certa profundidade, 
pois elas serão necessárias para sua APROVAÇÃO! 
Outro cuidado que foi tomado, foi o estudo das decisões dos 
tribunais superiores, que mudou consideravelmente do ano de 2015 
para cá. Então, ALUNO NOTA 11, você é um privilegiado, uma 
vez que há várias apostilas na internet com conteúdo ultrapassado, 
assim como as questões de concurso. 
Dito isto, continue com o NOTA 11, pois somente aqui você terá o 
material mais ATUALIZADO, e dentro de pouco tempo, a sua 
APROVAÇÃO! 
 
2. Base legal 
Nível de cobrança em concurso: Todos! 
O bem jurídico protegido pela tutela penal é exatamente o meio 
ambiente, essencial à sadia qualidade de vida. Nesta expressão, cabe 
dizer que o bem jurídico tutelado é o meio ambiente natural, cultural, 
artificial e do trabalho, englobáveis na expressão bem ambiental. 
Quanto às bases normativas, elas são constitucionais e 
infraconstitucionais: 
a) Constitucional: Art. 225, § 3º: 
Art. 225. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. 
b) Infraconstitucional: Lei 9605/98 (Lei dos Crimes 
Ambientais/Infrações administrativas), Lei 9099/95 
(Juizado Especial Criminal). Código Penal e Código de 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 4 
Processo Penal. 
Apesar de a legislação protetiva penal ambiental reunir as infrações 
ambientais, ela não é a única, visto que já foram editadas outras leis, 
ampliando o rol das condutas punidas na Lei dos Crimes Ambientais. 
Como exemplo, cita-se a Lei dos Agrotóxicos (Lei nº 7.802/00) e a 
Lei sobre os Transgênicos (Lei nº 11.105/05). 
É importante frisar que a doutrina elogia a legislação penal ambiental 
brasileira, visto às inovações que ela trouxe, por exemplo, a 
responsabilização da pessoa jurídica. No entanto, a Lei nº 9.605/98 
recebeu algumas críticas quanto aos tipos abertos, em que há uma 
amplitude ou indeterminação da conduta incriminada. 
 
3. Natureza jurídica 
Nível de cobrança em concurso: Médio e superior 
A Constituição Federal é clara ao prever que a responsabilidade é 
objetiva, quando se trata de reparação a lesão ao meio ambiente 
afim de que se configure a responsabilidade civil. 
Além disso, existe corrente doutrinária (minoritária) que defende a 
teoria subjetivista no que concerne à responsabilização penal, em que 
ninguém pode ser condenado criminalmente sem a demonstração de 
dolo ou culpa, estendendo-se, inclusive, à reponsabilidade 
administrativa. 
Todavia, o STJ e as bancas de concursos têm considerado a 
responsabilidade administrativa como objetiva, conforme os julgados 
abaixo: 
 
ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AMBIENTAIS. 
PESCA PREDATÓRIA DE ARRASTO DENTRO DAS TRÊS MILHAS 
MARÍTIMAS. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA INDEPENDENTE DE CULPA. 
IMPRESCINDÍVEL, ENTRETANTO, A DEMONSTRAÇÃO DO NEXO 
DE CAUSALIDADE. FUNDAMENTOS INSUFICIENTES PARA A 
REFORMA DA DECISÃO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 
1. A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido 
de que, apesar da responsabilidade por dano ambiental ser 
objetiva, deve ser demonstrado o nexo de causalidade entre a 
conduta e o resultado. Precedentes. 
2. A aplicação desse entendimento através de decisão 
monocrática está de acordo com o art. 557 do CPC e, portanto, 
não configura nulidade a ser sanada. 
3. Os argumentos postos no Agravo Regimental não são 
suficientes para modificar o entendimento trazido na decisão 
recorrida, que se mantém pelos próprios fundamentos. 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 5 
4. Agravo Regimental desprovido. 
(AgRg no REsp 1210071/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES 
MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe 
13/05/2015). 
 
 
ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO 
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INFRAÇÃO AMBIENTAL. 
PESCA PROIBIDA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. 
COMINAÇÃO. MULTA. VIOLAÇÃO. NORMAS FEDERAIS. 
DESCARACTERIZAÇÃO. INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REVISÃO. 
ACERVO PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. 
1. Não se admite o apelo extremo quando o exame das teses 
levantadas pelo recorrente não prescinde do revolvimento 
fático-probatório. 
Incidência da Súmula 07/STJ. 
2. No caso concreto, o Tribunal a quo firmou-se nas premissas 
fáticas de que havia sido comprovado em flagrante a apreensão 
irregular de pescado em parque nacional marinho, pouco 
importando a intenção ou não na prática infracional porque se 
trata de responsabilidade objetiva, confirmando também que o 
amparo normativo referente ao desconto na multa não 
autorizava a sua incidência na base de cálculo escolhida pela 
ora agravante. 
3. Agravo regimental não provido. 
(AgRg no REsp 1494012/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL 
MARQUES,SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2015, DJe 
23/06/2015) 
 
Conforme demonstrado pelas decisões colacionadas acima, a 
jurisprudência do STJ caminha no sentido de considerar a 
responsabilidade administrativa como objetiva. Entretanto, há uma 
exceção quando o terceiro não for o efetivo causador do dano: 
 
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL 
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 
DO CPC. INOCORRÊNCIA. DANO AMBIENTAL. ACIDENTE NO 
TRANSPORTE DE ÓLEO DIESEL. IMPOSIÇÃO DE MULTA AO 
PROPRIETÁRIO DA CARGA. IMPOSSIBILIDADE. TERCEIRO. 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. 
I - A Corte de origem apreciou todas as questões relevantes ao 
deslinde da controvérsia de modo integral e adequado, apenas 
não adotando a tese vertida pela parte ora Agravante. 
Inexistência de omissão. 
II - A responsabilidade civil ambiental é objetiva; porém, 
tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental, o 
terceiro, proprietário da carga, por não ser o efetivo causador 
do dano ambiental, responde subjetivamente pela degradação 
ambiental causada pelo transportador. 
III - Agravo regimental provido. 
(AgRg no AREsp 62.584/RJ, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 6 
Acórdão Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, 
julgado em 18/06/2015, DJe 07/10/2015) 
Essa exceção você só encontra aqui! E traremos outras caso surjam a 
fim de que você se mantenha atualizado. 
Dessa maneira, nota-se que temos um sistema hibrido quando se 
trata de responsabilidade ambiental. De um lado, a civil e 
administrativa, como objetiva, e do outro, subjetiva, quando se tratar 
de ilícito penal. 
 
4. Aspectos da responsabilização administrativa 
Nível de cobrança em concurso: Médio e superior 
As instâncias penal e administrativa são independentes, não havendo 
interferência de uma das instâncias na outra, o que possibilita a 
condução simultânea de um processo administrativo na instituição 
fiscalizadora ambiental e no judiciário. 
Em síntese, a responsabilidade administrativa é classificada como 
mecanismo de repressão conduzido pelo Poder Público, através de 
seu poder de polícia, em face de condutas consideradas lesivas ao 
meio ambiente. De acordo com o art. 70 da Lei 9.605/98, infração 
administrativa ambiental consiste em: 
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda 
ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, 
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. 
Como se observa, a lei tipificou as infrações ambientais de forma 
aberta e genérica, dando certo grau de discricionariedade ao agente 
público no enquadramento de condutas lesivas como infrações 
administrativas, afim de que seja possível assegurar maior 
efetividade à tutela ambiental. 
Pelo art. 70 da Lei 9.605/98, extrai-se o pressuposto para a 
configuração da responsabilidade administrativa, qual seja, praticar 
conduta ilícita (não é necessário o dano). Esta é a principal diferença 
em relação à responsabilidade civil, uma vez que para esta basta a 
configuração de dano ao meio ambiental, sendo dispensável a 
ilicitude da conduta. 
Seguindo este entendimento, afirma Édis Milaré: 
Refletindo mais detidamente sobre a matéria, concluímos que a 
essência da infração ambiental não é o dano em si, mas sim o 
comportamento em desobediência a uma norma jurídica de 
tutela do ambiente. 
Se não há conduta contrária à legislação posta, não se pode 
falar em infração administrativa. Hoje entendemos que o dano 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 7 
ambiental, isoladamente, não é gerador de responsabilidade 
administrativa; contrario sensu, o dano que enseja 
responsabilidade administrativa é aquele enquadrável como o 
resultado descrito em um tipo infracional ou o provocado por 
uma conduta omissiva ou comissiva violadora de regras 
jurídicas. 
Nesse sentido, p. ex., se uma indústria emite poluentes em 
conformidade com a sua licença ambiental, não poderá ser 
penalizada administrativa e penalmente caso o órgão 
licenciador venha a constatar, em seguida, que o efeito 
sinérgico do conjunto das atividades industriais desenvolvidas 
em determinada região está causando dano ambiental, não 
obstante a observância dos padrões legais estabelecidos em 
norma técnico-jurídica. (Édis Milaré, Direito do Ambiente. 5ª 
edição reformulada, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2007. P. 837) 
Assim, percebe-se que o legislador buscou uma maior efetividade na 
tutela do meio ambiente, bastando a desobediência à norma a fim de 
configurar infração administrativa. 
 
 
5. Competência 
Nível de cobrança em concurso: Superior 
A competência para o processo e julgamento dos crimes ambientais é 
determinada em razão da titularidade do bem ambiental violado. Isto 
é, se o bem ambiental pertence ao estado, então a competência é da 
justiça comum. Assim, a competência da Justiça Federal atuará em 
situações excepcionais, quando houver violação de bem ambiental 
que seja de propriedade da União, suas autarquias ou fundações, ou 
que por ela seja administrado. 
Logo, recomendamos a leitura dos art. 20 e 26 da Constituição 
Federal. 
Ordinariamente, a competência para processo e julgamento dos 
crimes contra o meio ambiente será da Justiça Comum estadual. 
Neste sentido entende o STF no RE 458130/MG - Minas Gerais. 
Relator(a) Min. Cármen lúcia e AI 486159/DF - Distrito Federal 
Agravo De Instrumento. Relator(a) Min. Gilmar mendes: 
Trata-se de agravo contra decisão que negou processamento a 
recurso extraordinário fundado no art. 102, III, "a", da 
Constituição Federal, no qual se discute a competência para 
processar e julgar crimes praticados contra a fauna. Alega-se 
violação ao art. 109, IV, da Carta Magna. O Supremo Tribunal 
Federal firmou entendimento segundo o qual a competência da 
Justiça Federal para o processo e julgamento dos crimes contra o 
meio ambiente somente ocorre na hipótese de lesão a bens, 
serviços ou interesse direto da União, tal como afirmado pelo 
Ministro Moreira Alves, quando do julgamento do RE 300.244, 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 8 
1ª T., DJ 19.12.01. No mesmo sentido, o Habeas Corpus nº 
81.916/PA, Segunda Turma, relatado por mim, D.J. de 
11.10.2002, assim ementado: "EMENTA: (1) Habeas Corpus. 
Crime previsto no art. 46, parágrafo único, da Lei nº 9.605, de 
1998 (Lei de Crimes Ambientais). Competência da Justiça 
Comum (2) Denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal 
perante a Justiça Federal com base em auto de infração 
expedido pelo IBAMA. (3) A atividade de fiscalização ambiental 
exercida pelo IBAMA, ainda que relativa ao cumprimento do art. 
46 da Lei de Crimes Ambientais, configura interesse genérico, 
mediato ou indireto da União, para os fins do art. 109, IV, da 
Constituição. (4) A presença de interesse direto e específico da 
União, de suas entidades autárquicas e empresas públicas - o 
que não se verifica, no caso -, constitui pressuposto para que 
ocorra a competência da Justiça Federal prevista no art. 109, IV, 
da Constituição. (5) Habeas Corpus conhecido e provido". 
Assim, nego seguimento ao agravo (art. 557, caput, do CPC). 
Publique-se. Brasília, 04 de dezembro de 2003. Ministro GILMAR 
MENDES Relator. 
No que concerne à competência para definição das infrações 
administrativas e suas penalidades, o art. 24 da CF/88 atribui 
competência concorrente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios (art. 30, II, da CF). 
Ademais, em relação à gestão do meio ambiente, o art. 23 da 
CF/88, atribui competência administrativa comum aos Entes 
Federativospara a tutela ambiental e combate à poluição em 
qualquer de suas formas. 
Entretanto, em relação à definição dos crimes ambientais e suas 
respectivas penas, somente a União poderá legislar, uma vez que 
possui competência privativa em matéria penal. 
Por fim, no que diz respeito a este tópico, cabe mencionar que as 
infrações administrativas elencadas pelos artigos 70 a 76 da Lei 
9.605/1998 não são as únicas, pois devem ser observadas aquelas 
constantes das leis estaduais, municipais e distritais relativas à 
proteção do meio ambiente. 
 
Praticando: 
(FUNIVERSA - PC-DF - Delegado de Polícia) No que diz respeito à 
responsabilidade ambiental, assinale a alternativa correta. 
a) As concessionárias prestadoras de serviços públicos, tanto quanto as 
pessoas jurídicas de direito público, estão sujeitas à responsabilidade civil 
objetiva por danos ambientais. X 
b) São penas restritivas de direitos da pessoa jurídica, entre outras, a 
prestação pecuniária e a interdição temporária de direitos. 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 9 
c) Diferentemente do que ocorre com as pessoas físicas, não se aplica às 
pessoas jurídicas, no que tange à responsabilidade penal ambiental, a 
prestação de serviços à comunidade, mas apenas a pena de multa e as 
penas restritivas de direitos. 
d) No que se refere às pessoas físicas, as penas restritivas de direitos 
podem substituir as penas privativas de liberdade, mas apenas quando se 
tratar de crime culposo ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a 
quatro anos. 
e) De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, a competência para 
julgamento do crime ambiental será da justiça federal quando atingir, ainda 
que de forma indireta e genérica, interesse da União ou de suas autarquias 
e empresas públicas. 
Comentários: 
Assertiva A = correta, conforme art. 225, §3º, da Constituição Federal e 
Lei nº 6.938/81, art. 14, §1º. 
Assertiva B = errada, pois que a prestação pecuniária não é pena restritiva 
de direito aplicada às Pessoas Jurídicas. 
Assertiva C = errada, visto que a prestação de serviços à comunidade é 
prestada tanto pelas pessoas físicas quanto pelas jurídicas. 
Assertiva D = errada, visto que está incompleta, conforme art. 7º da Lei 
9.605/98. 
Assertiva E = errada, O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento 
segundo o qual a competência da Justiça Federal para o processo e 
julgamento dos crimes contra o meio ambiente somente ocorre na hipótese 
de lesão a bens, serviços ou interesse direto da União. 
 
Gabarito: Letra A. 
 
6. Pessoa jurídica e o crime ambiental 
Nível de cobrança em concurso: Médio (conceitos gerais) e superior 
 
1.1. Conceitos gerais 
No que concerne à natureza da pessoa jurídica quanto aos crimes 
ambientais, há duas teorias que a fundamentam. São elas, a teoria 
da ficção e a da realidade (organicista). 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 10 
a) teoria da ficção sustenta que as pessoas jurídicas só 
existem ficticiamente, não sendo capazes de ação, de 
culpabilidade e de pena, eliminando a possibilidade de 
responsabilização penal. 
b) teoria realista diz que a pessoa jurídica possui vontade 
própria, não se confundindo com a de seus diretores ou 
sócios. 
Como destaque inovador da responsabilização penal ambiental a 
Constituição Federal e a Lei nº 9.605/98 desgarraram-se da doutrina 
clássica penal, a qual sempre assumiu a máxima societas delinquere 
non potest (a pessoa jurídica não pode cometer infração penal), 
assumindo a possibilidade de incriminar também a pessoa jurídica. 
Desse modo, a doutrina e a Lei nº 9.605/98 (art. 3º) chamam a 
atenção para o atendimento de algumas condições para que a pessoa 
jurídica cometa crime ambiental: 
a) que a infração tenha sido cometida em seu 
interesse ou benefício: Assim, o interesse está na 
vantagem, no lucro material, graça, serviço ou bem que 
se faz gratuitamente. 
b) Por decisão do seu Representante Legal (presidente, 
diretor, administrador), ou Contratual (preposto, 
mandatário de pessoa jurídica, auditor independente, 
etc.) ou do seu órgão Colegiado (órgão técnico, 
Conselho de Administração, Acionistas reunidos em 
Assembleia, etc.). 
Cabe lembrar que a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui 
a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo 
fato, conforme parágrafo único do art. 3º da Lei. 9.605/98 
 
 
1.2. Teoria da dupla imputação ou da imputação paralela 
Essa teoria somente admite responsabilidade penal da pessoa jurídica 
se ela for denunciada juntamente com as pessoas físicas 
responsáveis pela execução ou decisão do crime. 
Para o STJ, em decisões antigas não era possível que houvesse a 
responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa 
física, que age com elemento subjetivo próprio. Atualmente, o STJ 
não adota mais a teoria da dupla imputação. 
 Prof. Tiago Duarte 
www.nota11.com.br 11 
Atualmente, para o STJ e STF, tem-se que é possível a 
responsabilização penal da pessoa jurídica, por delitos ambientais, 
independentemente da responsabilização concomitante da pessoa 
física que agia em seu nome. Eis o entendimento: 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM MANDADO DE 
SEGURANÇA. RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA 
POR CRIME AMBIENTAL: DESNECESSIDADE DE DUPLA 
IMPUTAÇÃO CONCOMITANTE À PESSOA FÍSICA E À PESSOA 
JURÍDICA. 
1. Conforme orientação da 1ª Turma do STF, "O art. 225, § 3º, 
da Constituição Federal não condiciona a responsabilização 
penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea 
persecução penal da pessoa física em tese responsável no 
âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a 
necessária dupla imputação." (RE 548181, Relatora Min. ROSA 
WEBER, Primeira Turma, julgado em 6/8/2013, acórdão 
eletrônico DJe-213, divulg. 29/10/2014, public. 30/10/2014). 
2. Tem-se, assim, que é possível a responsabilização penal da 
pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da 
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em 
seu nome. Precedentes desta Corte. 
3. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode 
servir de artifício para a prática de condutas espúrias por parte 
das pessoas naturais responsáveis pela sua condução. 
4. Recurso ordinário a que se nega provimento. 
(RMS 39.173/BA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, 
QUINTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 13/08/2015) 
O termo Societas delinquere non potest significa: a pessoa jurídica 
não pratica crime. 
Este termo era usado quando a pessoa física era considerada 
inocente. Logo, o STJ entendia que não era possível condenar a 
pessoa jurídica sem a pessoa física. O STF sempre entendeu que 
podia. 
Esse entendimento mudou recentemente, pois o STJ já considera a 
condenação da pessoa jurídica: 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PLEITO DE 
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE 
JUSTA CAUSA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. 
EXORDIAL ACUSATÓRIA QUE ATENDE AO DISPOSTO NO ART. 41 
DO CPP. 
AUSÊNCIA DE NECESSIDADE DA DUPLA IMPUTAÇÃO EM CRIMES 
AMBIENTAIS, QUANDO HÁ DENÚNCIA EM DESFAVOR SOMENTE 
DA PESSOA FÍSICA. 
DESPROVIMENTO DO RECURSO. 
1. Esta Corte pacificou o entendimento de que o trancamento 
de ação penal pela via eleita é cabível apenas quando 
manifesta a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade 
ou a ausência de provas da existência do crime e de indícios de 
 Prof. Tiago Duarte 
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autoria. 
2. Devidamentedescrito o fato delituoso, com indicação dos 
indícios de materialidade e autoria, não há como trancar a ação 
penal, em sede de habeas corpus, por falta de justa causa ou 
inépcia da denúncia, pois plenamente assegurado o amplo 
exercício do direito de defesa, em face do cumprimento dos 
requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal. 
3. De acordo com o entendimento jurisprudencial sedimentado 
nesta Corte de Justiça e no Supremo Tribunal Federal, o ato 
judicial que recebe a denúncia, ou seja, aquele a que se faz 
referência no art. 396 do Código de Processo Penal, por não 
possuir conteúdo decisório, prescinde da motivação elencada 
no art. 93, IX, da Constituição da República (AgRg no HC n. 
256.620/SP, Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, DJe 
1º/7/2013). 
4. A responsabilidade da pessoa física que pratica crime 
ambiental não está condicionada à concomitante 
responsabilização penal da pessoa jurídica, sendo possível o 
oferecimento da denúncia em desfavor daquela, ainda que não 
haja imputação do delito ambiental a esta. 
5. Recurso em habeas corpus improvido. 
(RHC 53.208/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA 
TURMA, julgado em 21/05/2015, DJe 01/06/2015) 
Assim, é correto dizer que para o STF e o STJ a pessoa jurídica 
poderá ser condenada pela prática de crime ambiental ainda que 
absolvidas as pessoas físicas ocupantes de cargo de presidência ou 
direção. 
Para estas Cortes a responsabilidade penal da empresa não se 
confunde com as dos diretores ou ocupantes do cargo de presidência. 
Por exemplo, um funcionário realiza um crime ambiental em nome da 
empresa sem a ciência dos superiores. Portanto, o STF e STJ não 
adotam a teoria da dupla imputação. 
 
1.3. Dos atos praticados pelos responsáveis pela pessoa jurídica 
Apesar de a Lei nº 9.605/98 possibilitar que os administradores da 
pessoa jurídica sejam responsabilizados pela prática de crimes 
ambientais, tal disciplina deve ser compatibilizada com as normas 
processuais, principalmente com o art. 43 do CPP, que cuida dos 
elementos da denúncia. 
Desse modo, a jurisprudência tem relativizado a necessidade de 
descrição detalhada da conduta do administrador da pessoa jurídica 
que corroborou com a prática do crime ambiental, pois não é dado ao 
MP conhecer minuciosamente a estrutura e a organização da pessoa 
jurídica. Neste sentido, vejamos a jurisprudência do STJ: 
CRIME SOCIETÁRIO. FALTA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA 
DO RECORRENTE. PEÇA INAUGURAL QUE ATENDE AOS 
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REQUISITOS LEGAIS EXIGIDOS E DESCREVE CRIME EM TESE. 
AMPLA DEFESA GARANTIDA. INÉPCIA NÃO EVIDENCIADA. 
1. A hipótese cuida de denúncia que narra supostos delitos 
praticados por intermédio de pessoa jurídica, a qual, por se 
tratar de sujeito de direitos e obrigações, e por não deter 
vontade própria, atua sempre por representação de uma ou 
mais pessoas naturais. 
2. A personalidade fictícia atribuída à pessoa jurídica não pode 
servir de artifício para a prática de condutas espúrias por parte 
das pessoas naturais responsáveis pela sua condução. 
3. Não pode ser acoimada de inepta a denúncia formulada em 
obediência aos requisitos traçados no artigo 41 do Código de 
Processo Penal, descrevendo perfeitamente a conduta típica, 
cuja autoria é atribuída ao recorrente, devidamente qualificado, 
circunstâncias que permitem o exercício da ampla defesa no 
seio da persecução penal, na qual se observará o devido 
processo legal. 
5. Nos chamados crimes societários, embora a vestibular 
acusatória não possa ser de todo genérica, é válida quando, 
apesar de não descrever minuciosamente as atuações 
individuais dos acusados, demonstra um liame entre o seu agir e 
a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade da 
imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa, caso 
em que se consideram preenchidos os requisitos do artigo 41 
do Código de Processo Penal. 
6. Esta Corte Superior de Justiça e o Supremo Tribunal Federal 
consolidaram o entendimento de que a simples falta de menção 
à data na qual ocorreram os fatos narrados na denúncia não 
enseja a sua inépcia. (omissis). 
(RHC 55.221/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO 
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, 
julgado em 18/06/2015, DJe 03/08/2015). 
 
 
1.4. Da desconsideração da pessoa jurídica (disregard doctrine) 
É possível a desconsideração da personalidade jurídica quando ela 
servir de empecilho ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do 
meio ambiente. Vejamos, conforme art. 4° da Lei nº 9.605/98: 
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que 
sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos 
causados à qualidade do meio ambiente. 
Há duas aplicações, segundo a doutrina: 
a) visa individualizar e atingir as pessoas físicas; 
b) visa alcançar os bens dos sócios que, enquanto 
considerada a pessoa jurídica, não seriam alcançados. 
Quanto à jurisprudência, esta tem aplicado a desconsideração da 
pessoa jurídica quando: 
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a) há abuso de poder; 
b) há obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à 
qualidade do meio ambiente e; 
c) comprovando-se que os sócios ou administradores têm 
maior poder de solvência que as sociedades. 
Eis a decisão: 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POLUIÇÃO 
AMBIENTAL. EMPRESAS MINERADORAS. CARVÃO MINERAL. 
ESTADO DE SANTA CATARINA. REPARAÇÃO. 
RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR OMISSÃO. 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE 
SUBSIDIÁRIA. 
1. A responsabilidade civil do Estado por omissão é subjetiva, 
mesmo em se tratando de responsabilidade por dano ao meio 
ambiente, uma vez que a ilicitude no comportamento omissivo 
é aferida sob a perspectiva de que deveria o Estado ter agido 
conforme estabelece a lei. 
2. Omissis. 
4. Havendo mais de um causador de um mesmo dano 
ambiental, todos respondem solidariamente pela reparação, na 
forma do art. 942 do Código Civil. De outro lado, se diversos 
forem os causadores da degradação ocorrida em diferentes 
locais, ainda que contíguos, não há como atribuir-se a 
responsabilidade solidária adotando-se apenas o critério 
geográfico, por falta de nexo causal entre o dano ocorrido em 
um determinado lugar por atividade poluidora realizada em 
outro local. 
5. A desconsideração da pessoa jurídica consiste na 
possibilidade de se ignorar a personalidade jurídica autônoma 
da entidade moral para chamar à responsabilidade seus sócios 
ou administradores, quando utilizam-na com objetivos 
fraudulentos ou diversos daqueles para os quais foi constituída. 
Portanto, (i) na falta do elemento "abuso de direito"; (ii) não se 
constituindo a personalização social obstáculo ao cumprimento 
da obrigação de reparação ambiental; e (iii) nem comprovando-
se que os sócios ou administradores têm maior poder de 
solvência que as sociedades, a aplicação da disregard doctrine 
não tem lugar e pode constituir, na última hipótese, obstáculo 
ao cumprimento da obrigação. 
6. Segundo o que dispõe o art. 3º, IV, c/c o art. 14, § 1º, da Lei n. 
6.938/81, os sócios/administradores respondem pelo 
cumprimento da obrigação de reparação ambiental na 
qualidade de responsáveis em nome próprio. A 
responsabilidade será solidária com os entes administrados, na 
modalidade subsidiária. 
7. A ação de reparação/recuperação ambiental é imprescritível. 
8. Omissis. (REsp 647.493/SC, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE 
NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/05/2007, DJ 
22/10/2007, p. 233) 
Viu, como é simples seu estudo?! Com decisões assim, fica fácil ser 
 Prof. Tiago Duarte 
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APROVADO. 
Quando se sentir cansado de ler a apostila, estude pelas fichas 
interativas. Vai estar tudo lá e bem mais resumido para que você não 
fique tão cansado. O NOTA 11 traz os melhores meios para sua 
APROVAÇÃO. 
 
Note como isso pode ser cobrado: 
(FCC - TJ-SC - Juiz de direito) Por decisão do representante contratual da 
Empresa BETA, que produz fertilizante agrícola, alguns funcionários, 
inclusive o próprio representante contratual, utilizaram espécimes da fauna 
silvestre em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou 
autorização, em pesquisa realizada sem o conhecimento da empresa e 
divorciada de qualquer atividade de interesse ou que pudesse trazer algum 
benefício, ainda que indireto, para ela. A empresa 
a) poderá ser responsabilizada no campo do direito penal, a depender de 
outros elementos, uma vez que a conduta praticada é tipificada como 
contravenção penal. 
b) será responsabilizada no campo do direito penal, uma vez que a conduta 
praticada é tipificada como crime. 
c) não será responsabilizada no campo do direito penal. 
d) será responsabilizada no campo do direito penal, uma vez que a conduta 
praticada é tipificada como contravenção penal. 
e) não será responsabilizada no campo do direito penal porque o fato é 
atípico. 
Comentários: 
Nos termos do art. 3°, da Lei 9.605/98, as pessoas jurídicas serão 
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto 
nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu 
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse 
ou benefício da sua entidade. (grifos acrescidos). 
Logo, a empresa não se responsabilizará no campo penal. 
Gabarito: Letra C. 
 
(VUNESP – PA – Juiz de direito) A Lei de Crimes Ambientais, em seu art. 
3.º, estabelece a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Com relação a 
este tema, a doutrina. 
a) é unânime com relação à constitucionalidade da previsão legal. 
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b) majoritariamente entende que nos crimes ambientais há dupla 
imputação, ou seja, a culpa individual e a culpa coletiva se condicionam 
reciprocamente. 
c) é unânime no entendimento de que penas não podem ser aplicadas a 
pessoas jurídicas. 
d) é unânime com relação ao fato de que a correta exege-se do princípio da 
pessoalidade da pena impede que a responsabilidade penal recaia sobre a 
pessoa jurídica. 
e) posiciona-se de forma eclética existindo aqueles que defendem que a 
pessoa jurídica não pode cometer crimes. X 
 
Comentários: 
A doutrina diverge sobre a constitucionalidade do art. 3º da lei 9.605/98. 
Como demonstrado, uns adotam a teoria realista e outros adotam a teoria 
da ficção. 
Gabarito: Letra E. 
 
7. Das penas 
Nível de cobrança em concurso: Médio e superior 
Das sanções previstas na Lei 9.605/98, trouxemos as distinções 
abaixo, lembrando que algumas das sanções aplicam-se apenas à 
pessoa física (privativa de liberdade) e não à pessoa jurídica. 
Logo, assim, dividimos as sanções: 
Pessoa física Pessoa jurídica 
Art. 7º As penas restritivas de direitos são 
autônomas e substituem as privativas de 
liberdade quando: 
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada 
a pena privativa de liberdade inferior a 
quatro anos; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a 
conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as 
circunstâncias do crime indicarem que a 
substituição seja suficiente para efeitos de 
reprovação e prevenção do crime. 
Parágrafo único. As penas restritivas de 
direitos a que se refere este artigo terão a 
mesma duração da pena privativa de 
liberdade substituída. 
 
Art. 8º As penas restritivas de direito são: 
I - prestação de serviços à comunidade; 
II - interdição temporária de direitos; 
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, 
cumulativa ou alternativamente às pessoas 
jurídicas, de acordo com o disposto no art. 
3º, são: 
I - multa; 
II - restritivas de direitos; 
III - prestação de serviços à comunidade. 
 
Art. 22. As penas restritivas de direitos da 
pessoa jurídica são: 
I - suspensão parcial ou total de atividades; 
II - interdição temporária de 
estabelecimento, obra ou atividade; 
III - proibição de contratar com o Poder 
Público, bem como dele obter subsídios, 
subvenções ou doações. 
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada 
quando estas não estiverem obedecendo às 
disposições legais ou regulamentares, 
relativas à proteção do meio ambiente. 
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III - suspensão parcial ou total de atividades; 
IV - prestação pecuniária; 
V - recolhimento domiciliar. 
 
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade 
consiste na atribuição ao condenado de 
tarefas gratuitas junto a parques e jardins 
públicos e unidades de conservação, e, no 
caso de dano da coisa particular, pública ou 
tombada, na restauração desta, se possível. 
 
Art. 10. As penas de interdição temporária de 
direito são a proibição de o condenado 
contratar com o Poder Público, de receber 
incentivos fiscais ou quaisquer outros 
benefícios, bem como de participar de 
licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso 
de crimes dolosos, e de três anos, no de 
crimes culposos. 
 
 
§ 2º A interdição será aplicada quando o 
estabelecimento, obra ou atividade estiver 
funcionando sem a devida autorização, ou 
em desacordo com a concedida, ou com 
violação de disposição legal ou 
regulamentar. 
§ 3º A proibição de contratar com o Poder 
Público e dele obter subsídios, subvenções 
ou doações não poderá exceder o prazo de 
dez anos. 
 
Art. 23. A prestação de serviços à 
comunidade pela pessoa jurídica consistirá 
em: 
I - custeio de programas e de projetos 
ambientais; 
II - execução de obras de recuperação de 
áreas degradadas; 
III - manutenção de espaços públicos; 
IV - contribuições a entidades ambientais ou 
culturais públicas. 
 
Do outro lado estará o quadro das agravantes e atenuantes. 
Atenuantes Agravantes 
 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a 
pena: 
I - baixo grau de instrução ou escolaridade 
do agente; 
II - arrependimento do infrator, manifestado 
pela espontânea reparação do dano, ou 
limitação significativa da degradação 
ambiental causada; 
III - comunicação prévia pelo agente do 
perigo iminente de degradação ambiental; 
IV - colaboração com os agentes 
encarregados da vigilância e do controle 
ambiental. 
 
 
 
Art. 15. São circunstâncias que agravam a 
pena, quando não constituem ou qualificam 
o crime: 
I - reincidência nos crimes de natureza 
ambiental; 
II - ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução 
material da infração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira 
grave, a saúde pública ou o meio ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade 
alheia; 
e) atingindo áreas de unidades de 
conservação ou áreas sujeitas, por ato do 
Poder Público, a regime especial de uso; 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer 
assentamentos humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial 
especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para 
abate ou captura de animais; 
n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
o) mediante abuso do direito de licença, 
permissão ou autorização ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, 
total ou parcialmente, por verbas públicas ou 
beneficiada por incentivos fiscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas 
em relatórios oficiais das autoridadesProf. Tiago Duarte 
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competentes; 
r) facilitada por funcionário público no 
exercício de suas funções. 
 
 
 
1.1. Da pena de multa 
A pena de multa é calculada conforme os critérios estabelecidos pelo 
Código Penal. No entanto, caso se revele insuficiente, poderá o juiz 
aumentá-la em até 3x (três vezes): 
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código 
Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor 
máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista 
o valor da vantagem econômica auferida. 
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre 
que possível, fixará o montante do prejuízo causado para 
efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. 
 
 
 
1.2. Do princípio da insignificância (delitos de bagatela) 
Não há normas a respeito dos delitos de bagatela, ou seja, dos 
crimes de pouca significância. Desse modo, a jurisprudência e a 
doutrina têm o trabalho de delimitar as condutas tidas como 
insignificantes, fazendo uso dos princípios da legalidade e da 
necessidade de um direito penal mínimo. 
Tal princípio tem por natureza jurídica a exclusão da tipicidade. As 
Cortes superiores têm aceitado esta tese. No entanto, deve-se 
verificar alguns requisitos: 
a) a cautela 
b) o grau de reprovabilidade; 
c) a relevância da periculosidade social; 
d) a ofensividade da conduta. 
O Superior Tribunal de Justiça tem levado em consideração os 
requisitos elencados acima no momento de analisar os delitos contra 
o meio ambiente: 
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. LEI DE 
CRIMES AMBIENTAIS. IMPORTAÇÃO IRREGULAR DE 
COMBUSTÍVEL. 190 L DE GASOLINA AUTOMOTIVA. 
DISPOSITIVOS VIOLADOS. ARTS. 56 E 15, II, A, AMBOS DA LEI N. 
9.605/1998. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. SÚMULA 7/STJ 1. 
Não obstante prevaleça no Superior Tribunal de Justiça o 
entendimento no sentido de ser possível a incidência do princípio 
da insignificância nos crimes ambientais, deve-se aferir com 
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cautela o grau de reprovabilidade, a relevância da periculosidade 
social, bem como a ofensividade da conduta, haja vista a 
fundamentalidade do direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, inerente às presentes e futuras gerações (princípio 
da equidade intergeracional). 
2. A fundamentação apresentada pelo Tribunal a quo se revela 
idônea para afastar a incidência do princípio da bagatela, 
notadamente em razão da reiteração de conduta delituosa 
informada pelos agravantes. 
3. Levando-se em consideração as razões apresentadas pelo 
Tribunal de origem e tratando-se de crime ambiental, no que 
diz respeito à potencialidade lesiva dos 190 l de gasolina 
automotiva apreendidos, tem-se que, para desconstituir o 
referido fundamento, no caso concreto, seria necessária a 
incursão no arcabouço carreado aos autos, o que não é possível 
na via eleita, ante o óbice da Súmula 7/STJ. 
4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1558576/PR, 
Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado 
em 01/03/2016, DJe 17/03/2016) 
Apesar de não existir norma expressa sobre a aplicação do princípio 
da insignificância, a Lei 9.605/98 traz alguns dispositivos tidos como 
pouco ofensivos socialmente: 
Art. 29. 
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não 
considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando 
as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: 
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou 
de sua família; 
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação 
predatória ou destruidora de animais, desde que legal e 
expressamente autorizado pela autoridade competente; 
III – (VETADO) 
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado 
pelo órgão competente. 
 
Praticando: 
(NC-UFPR - Prefeitura de Curitiba – PR – Procurador) Acerca da tutela 
administrativa e penal do ambiente, é correto afirmar: 
a) O ordenamento jurídico brasileiro prevê penas restritivas de direitos à 
pessoa jurídica se esta praticar crime ou infração ambiental, podendo 
culminar com a cessação total ou parcial de suas atividades e a vedação de 
contratar com o Poder Público. 
b) O autuado por infração administrativa ambiental poderá, no prazo de 
quinze dias, contados da data da ciência da autuação, oferecer defesa 
contra o auto de infração. 
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www.nota11.com.br 20 
c) A sentença proferida em mandado de segurança coletivo para tutela do 
meio ambiente por associação constituída há pelo menos 01 ano produzirá 
coisa julgada com efeitos erga omnes. 
d) A ação civil pública ambiental poderá ser proposta, entre outros 
legitimados, por sociedade de economia mista e associação constituída há 
pelo menos 01 ano, requisito que não poderá ser flexibilizado em hipótese 
alguma. 
e) O estudo de impacto ambiental objetiva avaliar a proporção das 
alterações que um empreendimento, público ou privado, poderá gerar ao 
meio ambiente e será elaborado por uma equipe multidisciplinar vinculada e 
subordinada ao proponente do projeto. 
 
Comentários: 
Assertiva A = correta, conforme art. 22 da Lei nº 9.605/98. 
Assertiva B = errada, conforme art. 71, I, da Lei nº 9.605/98. 
Assertiva C = errada, conforme art. 22 da Lei nº 12.016/09. 
Assertiva D = errada, conforme artigo 5º, incisos IV, V, e § 4º, da Lei nº 
7.347/85. 
Assertiva E = errada, conforme art. 7º da Resolução 001/86 do CONAMA. 
 
Gabarito: Letra A. 
 
(FUNIVERSA - PC-DF - Delegado de Polícia) No que diz respeito à 
responsabilidade ambiental, assinale a alternativa correta. 
a) As concessionárias prestadoras de serviços públicos, tanto quanto as 
pessoas jurídicas de direito público, estão sujeitas à responsabilidade civil 
objetiva por danos ambientais. X 
b) São penas restritivas de direitos da pessoa jurídica, entre outras, a 
prestação pecuniária e a interdição temporária de direitos. 
c) Diferentemente do que ocorre com as pessoas físicas, não se aplica às 
pessoas jurídicas, no que tange à responsabilidade penal ambiental, a 
prestação de serviços à comunidade, mas apenas a pena de multa e as 
penas restritivas de direitos. 
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www.nota11.com.br 21 
d) No que se refere às pessoas físicas, as penas restritivas de direitos 
podem substituir as penas privativas de liberdade, mas apenas quando se 
tratar de crime culposo ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a 
quatro anos. 
e) De acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, a competência para 
julgamento do crime ambiental será da justiça federal quando atingir, ainda 
que de forma indireta e genérica, interesse da União ou de suas autarquias 
e empresas públicas. 
Comentários: 
Assertiva A = correta, conforme art. 22 da Lei nº 9.605/98. 
Assertiva B = errada, conforme art. 71, I, da Lei nº 9.605/98. 
Assertiva C = errada, conforme art. 22 da Lei nº 12.016/09. 
Assertiva D = errada, conforme artigo 5º, incisos IV, V, e § 4º, da Lei nº 
7.347/85. 
Assertiva E = errada, conforme art. 7º da Resolução 001/86 do CONAMA. 
 
Gabarito: Letra A. 
 
 
8. Da transação penal, sursis e arrependimento 
Nível de cobrança em concurso: Superior 
 
1.1. Da transação penal 
No âmbito penal, o infrator poderá ter direito à proposta de transação 
penal quando houver pena restritiva de direito inferior a dois anos, o 
que levaria o processo e julgamento para os juizadosespeciais, e 
desde que demonstrasse nos autos do processo que o dano ambiental 
foi reparado: 
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a 
proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou 
multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro 
de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha 
havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o 
art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada 
impossibilidade. 
 
1.2. Da suspensão do processo 
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www.nota11.com.br 22 
Tal qual demonstrado acima, o infrator terá direito à suspensão 
condicional do processo, com as devidas modificações quanto ao 
Código Penal, extinguindo a punibilidade quando a pena mínima em 
abstrato for igual ou inferior a 1 (um) ano de privação de liberdade e 
houver demonstração da recomposição do dano ambiental causado e 
o atendimento dos incisos do art. 28: 
Lei nº 9.605/98 
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de 
setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial 
ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: 
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° 
do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação 
de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade 
prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; 
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter 
sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo 
será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo 
referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do 
prazo da prescrição; 
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições 
dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput; 
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de 
novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, 
podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o 
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste 
artigo, observado o disposto no inciso III; 
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de 
extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação 
que comprove ter o acusado tomado as providências 
necessárias à reparação integral do dano. 
 
Lei nº 9.099/95 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual 
ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o 
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a 
suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o 
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que 
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do 
Código Penal). 
 
 
1.3. Da suspensão condicional da pena (sursis ambiental) 
O disposto do art. 16 prevê a suspensão condicional da pena quando 
houver condenação a pena privativa de liberdade não superior a 3 
(três anos), aplicando assim o sursis. 
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional 
da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena 
privativa de liberdade não superior a três anos. 
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www.nota11.com.br 23 
Esta suspensão encontra-se disposta nos artigos 77 a 82 do CP, e 
com o advento do artigo 79 da lei de crimes ambientais, oficializou a 
suspensão condicional da pena no que concerne aos crimes 
ambientais: 
Lei nº 9.605/98 
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições 
do Código Penal e do Código de Processo Penal. 
 
Código Penal 
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não 
superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 
(quatro) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e 
personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias autorizem a concessão do benefício;(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 
44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a 
concessão do benefício.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 
quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, 
desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, 
ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação dada 
pela Lei nº 9.714, de 1998) 
Logo, faz-se mister o preenchimento de alguns requisitos para a 
configuração do sursis ambiental, como: 
a) a pena tem que ser privativa de liberdade; 
b) a pena não pode ser superior a três anos; 
c) impossibilidade de substituição por pena restritiva de 
direitos; 
d) o condenado não pode ser reincidente em crime doloso; 
e) que as circunstâncias judiciais do artigo 59, do CPB e 
artigo 6º, I a III, da Lei 9605/98 sejam favoráveis ao 
acusado 
É necessário cuidado, uma vez que a regra geral de direito penal 
contida no art. 77, o sursis, é aplicável nos casos de crimes com pena 
privativa de liberdade não superior a dois anos. 
 
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1.4. Do arrependimento 
Nos moldes do art. 14, o arrependimento de crime ambiental é 
diferente do contido no Código Penal, pois em crime ambiental o 
arrependimento pode ser anterior ou posterior ao recebimento da 
denúncia e gera circunstância atenuante. No Direito Penal, o 
arrependimento deve ser anterior ao recebimento da denúncia e gera 
diminuição da pena (1/3 a 2/3), como se vê abaixo: 
 
Lei de crimes ambientais 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: 
(...) 
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea 
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação 
ambiental causada; 
 
Código Penal 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça 
à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o 
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do 
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Atenção! 
Na Lei nº 9.605/98, o arrependimento juntamente com a reparação 
do dano é considerado atenuante de pena, seja antes ou após o 
recebimento da denúncia. No Código Penal, por outro lado, será 
causa de diminuição de pena. 
 
Vamos ao quadro síntese? Ele estará na outra página. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUADRO DE SINTESE 
Transação penal 
 
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a 
proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou 
multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 
1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a 
prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da 
mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. 
 
Suspensão do 
processo 
 
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de 
setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial 
ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: 
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° 
do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação 
de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade 
prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo; 
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar nãoter sido 
completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será 
prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no 
caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da 
prescrição; 
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos 
incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput; 
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de 
novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, 
podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o 
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste 
artigo, observado o disposto no inciso III; 
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de 
extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que 
comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à 
reparação integral do dano. 
 
Suspensão 
condicional da 
pena 
 
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional 
da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena 
privativa de liberdade não superior a três anos. 
Arrependimento 
 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: 
(...) 
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea 
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação 
ambiental causada. 
 
 
 
 
9. Do termo de ajuste de conduta (TAC) 
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Nível de cobrança em concurso: Superior 
Antes de adentrarmos ao tema, vale frisar que o estudo sobre o TAC 
abordará somente sua relação com Lei nº 9.605/98 e que um estudo 
mais aprofundado sobre o tema será realizado posteriormente. 
Assim, o TAC está fundamentado no parágrafo 6º do artigo 5º da Lei 
Lei n°. 7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública), podendo ser 
conceituado, nos dizeres de Geisa de Assis Rodrigues, como: 
[...] uma forma de solução extrajudicial de conflitos promovida 
por órgãos públicos, tendo como objeto a adequação do agir de 
um violador ou potencial violador de um direito transindividual 
(direito difuso, coletivo ou individual homogêneo) às exigências 
legais, valendo como título executivo extrajudicial. 
(RODRIGUES, Geisa de Assis. Ação civil pública e termo de 
ajustamento de conduta: teoria e prática. Rio de Janeiro: 
Forense, 2002, p. 297) 
Inicialmente, destacam-se duas posições doutrinárias a cerca do 
assunto. A primeira corrente, sustentada no parágrafo 3º do art. 225 
da Constituição Federal, entende que as esferas civil, administrativa e 
penal são independentes. Sendo assim, ainda que firmado um TAC, 
haverá obrigatoriedade da propositura da ação penal. A segunda 
corrente defende que o Ministério Público pode ser desobrigado de 
propor uma ação penal, quando verificar que através do TAC foram 
atingidos os objetivos de tutela do meio ambiente. 
A doutrina majoritária afirma que, caso houvesse a adoção da 
segunda corrente, haveria um retrocesso ambiental e que há 
necessidade da persecução penal, uma vez que a reparação do meio 
ambiente não retira o fato da prática de crime contra o meio 
ambiente: 
Entre os signatários da primeira posição, compreende-se 
Alexandre Soares da Cruz, para quem, considerando-se o 
disposto no parágrafo 3º do artigo 225 da Magna Carta, se a 
reparação do dano por meio de ajuste de conduta fosse tida 
como causa de afastamento da ação penal, "[...] estaria o MP 
sendo o protagonista de grave violação estatal ao preceito 
constitucional retro transcrito, consistente em mandado de 
incriminação expresso [...], agredindo (por proteção deficiente) 
o direito fundamental ao meio ambiente" [44]. 
Assevera o autor supramencionado que, diante da 
independência entre as esferas, o compromisso cível não tem o 
condão de obstar eventual resposta penal a condutas formal e 
materialmente típicas, na medida em que aquele, na sua visão, 
não retiraria a justa causa (vista como indícios de autoria e 
materialidade) para a ação penal. HASEMANN, Ariane Maria. O 
termo de ajustamento de conduta ambiental e o princípio da 
obrigatoriedade. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 
2715, 7 dez. 2010. Disponível em: 
<https://jus.com.br/artigos/17990>. Acesso em: 19 maio 
2016.In: CRUZ, Alexandre Soares. TAC, reparação do dano e 
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proteção deficiente ao meio ambiente. [S.l.: s.n.], 2009. 
Disponível em: 
<http://mpnuma.ba.gov.br/index.php?option=com_docman&tas
k=cat_view&gid=168&I temid=60>. Acesso em: 16 ago. 2010. 
Não paginado 
O Superior Tribunal de Justiça vem decidindo no mesmo sentido dos 
doutrinadores acima relacionados: 
PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME AMBIENTAL. 
AÇÃO PENAL. 
REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. ASSINATURA DE TERMO DE 
AJUSTAMENTO DE CONDUTA. 
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA NÃO CONFIGURADA. ILICITUDE DA 
CONDUTA 
APONTADA COMO DELITUOSA NÃO AFASTADA. 
1. A assinatura do termo de ajustamento de conduta, firmado na 
esfera administrativa, ente o Ministério Público e o estadual e o 
suposto autor de crime ambiental, não impede a instauração da 
ação penal, diante da independência das instâncias, devendo ser 
considerado seu eventual cumprimento, quando muito, para 
fins de redução do quantum das penas a serem impostas. 
2. A assinatura do termo de ajustamento, in casu, não revela 
ausência de justa causa para a ação penal e, por ausência de 
previsão legal nesse sentido, não constitui causa de extinção da 
ilicitude da conduta potencialmente configuradora de crime 
ambiental. 
3. O trancamento da ação penal por falta de justa causa 
constitui medida de exceção, somente cabível quando, pela 
mera exposição dos fatos verifique-se, de plano, a atipicidade 
da conduta, a inexistência de prova da materialidade do delito 
ou ausência de uma das condições de procedibilidade do feito. 
4. Recurso especial provido (REsp 1294980/MG, Rel. Ministra 
ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA 
CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 11/12/2012, 
DJe 18/12/2012). 
CUIDADO! 
Não se deve confundir o Termo de Compromisso Ambiental (TCA) 
com o (TAC) ou termo de ajuste de conduta: 
Lei de Crimes Ambientais 
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos 
ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela 
execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização 
dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de 
degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a 
celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de 
compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela 
construção, instalação, ampliação e funcionamento de 
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos 
ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores. 
 
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Lei de Ação Civil Pública 
Art. 5º. (...) 
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos 
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às 
exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de 
título executivo extrajudicial. 
O Termo de Compromisso ambiental tem como prioridade a 
restituição da integralidade do dano. Caso não seja possível, busca-se 
a compensação ecológica e, em último caso, impõe-se a indenização 
pecuniária, em razão dos princípios da prevenção e reparação que 
regem o Direito Ambiental. 
TAC é um instrumento destinado a que o causador do dano ambiental 
assuma o dever de obrigação de fazer, não fazer ou de indenizar, 
adequando sua conduta às exigências legais, sob pena de sanções 
fixadas no próprio termo de ajustamento de conduta. 
 
Aluno NOTA 11, o conteúdo apresentado é muito cobrado em 
concursos. Então, vamos resolveralgumas questões logo abaixo. E 
se quiser as questões mais atuais, estude pelas fichas 
interativas. Elas estarão lá, pois sempre trazemos tudo a fim de que 
você seja aprovado. 
 
Veja como tá dominado: 
 
(CESGRANRIO – Petrobras - Profissional Júnior) Sr. K, após solicitado 
pelas autoridades ambientais, realizou termo de ajustamento de conduta 
com o fito de reparar danos provocados em imóvel de sua propriedade. 
Apesar disso, continuou tramitando processo criminal iniciado com base nos 
mesmos fatos, objeto do termo de ajustamento. Diante dos fatos 
enunciados, a(o): 
a) assinatura do termo de ajustamento implica reconhecimento dos fatos e 
extinção de todos os processos vinculados. 
b) assunção da responsabilidade civil ou administrativa implica confissão 
penal. 
c) extinção do processo criminal ocorrerá por ausência de justa causa. 
d) processo criminal continuará, com base na independência entre os 
processos. 
e) termo de ajustamento de conduta somente teria efeitos externos se 
subscritos pelo Ministério Público. 
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Comentários: 
A lavratura de Termo de Ajustamento de Conduta, com a extinção de ação 
civil pública, não implica a extinção da ação penal correspondente, haja 
vista a independência da esfera penal em relação à esfera cível ou 
administrativa 
Gabarito: Letra D. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Não compactue com a corrupção. Não compactue com a pirataria. 
 
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Um abraço. 
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