Buscar

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS no processo do trabalho

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

Intervenção de terceiros no processo do trabalho – Parte 1 (assistência e oposição) 
Conforme definição doutrinária, caracteriza-se a intervenção de terceiros pelo ingresso de pessoas estranhas à lide, de forma espontânea ou por provocação das partes que originalmente já integram a demanda judicial, seja para defender interesses próprios, seja para defender interesse das partes primitivas. São várias as repercussões no processo, como, por exemplo, substituição do litigante original, pelo terceiro; ampliação de um dos pólos da demanda, sem a retirada da parte original; eventual deslocamento da competência do órgão judicial (por exemplo, intervenção da União em demanda cujas partes sejam pessoas físicas, deslocando-se, por essa razão, a competência para a Justiça Federal)[1].
MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
São modalidades de intervenção de terceiros, no processo civil, as espontâneas: assistência e oposição; forçadas: denunciação da lide, chamamento ao processo e nomeação à autoria. Adiante-se logo: para forte corrente doutrinária nem todas essas figuras processuais cabem no processo do trabalho. Filiamo-nos a esse pensamento. Não obstante, apresentaremos, por finalidade didática, pequeno resumo de cada uma delas, independentemente do seu cabimento no âmbito trabalhista[2].
ASSISTÊNCIA
É a intervenção em que o terceiro – no caso, o assistente – tem interesse jurídico na sentença favorável à parte original (assistido). O artigo 50 do Código de Processo Civil define-a:
Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra.
O interesse jurídico do assistente, pois, é conditio sine qua non, não se admitindo, por exemplo, interesse econômico ou moral. A jurisprudência do TST é nesse sentido, conforme Súmula nº 82 (“A intervenção assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse jurídico e não o meramente econômico”). Referido dispositivo legal é claro quanto à possibilidade de a assistência ocorrer em qualquer grau de jurisdição ou tipo de procedimento, recebendo o assistente o processo na fase em que se encontra. Para a doutrina dominante[3], não há de se falar em assistência no processo de execução. De fato, a lei cogita de procedimento e não de processo em sentido amplo.
O procedimento da assistência está descrito nos artigos 51 a 55, do Código de Processo Civil. A assistência definida no artigo 50, do CPC, é considerada simples, ao passo que a previsão do art. 54, do CPC, é litisconsorcial:
Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de intervenção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51.
Na simples, o assistente não possui relação jurídica com o ex adverso do assistido. Na litisconsorcial, contudo, há entre assistente e adversário do assistido relação jurídica material, ou melhor, é o assistente litisconsorcial titular do direito sub judice, seja em conjunto com o autor, seja com o réu, conforme o pólo passivo em que adentrará.
Apesar dessa inferência, o assistente não pode ser considerado parte, porquanto apenas ingressa na demanda com o fito de auxiliar uma das partes originais, de tal sorte que a sentença seja favorável ao assistido[4]. Ocorre que o assistente, embora manifeste interesse próprio e, nessas condições, formule pretensão, como diz Manoel Antonio Teixeira Filho[5], defende, na verdade, direito alheio. E conclui o mestre:
“O art. 52, do CPC deixa patente, aliás, que o assistente ‘atuará como auxiliar da parte principal’ e, para tanto, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos encargos processuais que se cometem ao assistido. Auxiliar que é, o assistente não pode praticar atos contrários aos interesses do assistido.”
 
OPOSIÇÃO
Também conhecida como intervenção ad excludendum, está prevista no art. 56, do CPC:
Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.
Seu procedimento está previsto nos artigos 57 a 61, do Código de Processo Civil.
A oposição não é obrigatória, podendo o terceiro aguardar o término da demanda e ajuizar ação autônoma. Tanto assim é que, conquanto possa o terceiro oferecer oposição e não o faz, não lhe afeta a coisa julgada da ação principal[6].
 
NOTAS 
[1] Cf. Renato Saraiva, Curso de direito processual do trabalho, 2º ed. - São Paulo : Método, 2005 p. 223 
[2] Há algum tempo, repudiávamos, por exemplo, a aplicação da denunciação da lide no processo do trabalho, ao menos do ponto de vista teórico. No entanto, com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho, o cabimento, ou não, da denunciação da lide exige maior reflexão. 
[3] Nesse sentido, por exemplo, Sérgio Pinto Martins (Direito processual do trabalho, 29ª ed., São Paulo : Atlas, 2009, p. 214). 
[4] Cf. Carlos Henrique Bezerra Leite, Curso de direito processual do trabalho, 4º Ed. – São Paulo : LTr, 2006, p. 373. 
[5] Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho, 3ª Ed. – São Paulo : LTr, 1995, p. 134 
[6] Cf. Renato Saraiva, Curso de direito processual do trabalho, 2º ed. - São Paulo : Método, 2005 p. 233. 
Intervenção de terceiros no processo do trabalho – Parte 2 (nomeação à autoria) 
NOMEAÇÃO À AUTORIA. Dando continuidade à série sobre intervenção de terceiros  (Intervenção de terceiros no processo do trabalho – Parte 1), trataremos da nomeação à autoria, para prosseguir, mais adiante, com as intervenções processuais restantes. Pois bem, a matéria é prevista nos artigos 62 a 69, do Código de Processo Civil, consistindo, basicamente, na nomeação de outrem, pelo réu (e não pelo autor), para figurar no pólo da ação, no prazo da defesa, quando detiver a coisa em nome alheio e for demandado em nome próprio. Deveras, há nomeação à autoria quando o possuidor ou detentor de coisa alheia indica, no processo, seu real proprietário ou possuidor indireto, para evitar conseqüências, processuais ou materiais, que daí possam advir. Nomeação que, alliás, é obrigatória, sob pena de responder por perdas e danos aquele a quem dela estava incumbido.
De modo mais concreto, seu objetivo seria alterar a legitimidade ad causam, para que o réu, parte ilegítima para figurar no pólo passivo da respectiva ação – já que não é proprietário da coisa –, seja substituído “pelo nomeado à autoria, que assume a titularidade passiva da demanda”[1].
Observe-se o Código de Processo Civil:
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.
Art. 64. Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação no prazo para a defesa; o juiz, ao deferir o pedido, suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 65. Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação; recusando-o, ficará sem efeito a nomeação.
Art. 66. Se o nomeado reconhecer a qualidade que Ihe é atribuída, contra ele correrá o processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante.
Art. 67. Quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade que Ihe é atribuída, assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar.
Art. 68. Presume-se aceita a nomeação se:
I - o autor nada requereu,no prazo em que, a seu respeito, Ihe competia manifestar-se;
II - o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar.
Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação:
I - deixando de nomear à autoria, quando Ihe competir;
II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.
Antecipando tema que falaríamos mais adiante, é muito discutido em doutrina o cabimento da nomeação à autoria no processo do trabalho. 
Exemplo clássico, admitindo-se aplicação da figura processual em tela, no processo do trabalho, é a hipótese em que o diretor de empresa, sendo demandado na Justiça do Trabalho, nomeia à autoria verdadeiro empregador do demandante. Contudo, a inferência – data maxima venia – não resiste a uma técnica mais rigorosa.
No exemplo considerado caberia ao réu, isto sim, aduzir, como preliminar da contestação, ilegitimidade passiva do diretor, devendo a lide ser julgada extinta, sem julgamento do mérito, com fulcro no artigo 267, VI, do Código de Processo Civil[2]. Esse, aliás, nosso pensar com relação ao cabimento da denunciação da lide no processo do trabalho – já adiantando, de modo singelo, tema que trataremos mais à frente –, pois, se o réu entende que outro foi empregador do autor, basta aduzir na contestação preliminar de ilegitimidade de parte, pleiteando extinção do processo, sem julgamento do mérito. Simples assim. 
Igualmente à nomeação, por existir possibilidade da alegação preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, a denunciação da lide chega a ser um excesso (sem contar que o juiz terá, rigorosamente, de adentrar no mérito da questão – e, por aí, já se tem uma idéia da complexidade da matéria)[3]. Todavia, há problema de ordem prática nesse entendimento: respectiva obrigação de indenizar (inciso III, do art. 70, do CPC), na Justiça Comum, na ação entre o demandado na Justiça do Trabalho e o real devedor, não exigiria, por si só, a denunciação? Como dissemos, a questão será mais aprofundada em artigos posteriores. De qualquer forma, como inexiste na nomeação à autoria o instituto da evicção, não há, também por esse aspecto, de se falar nessa figura no processo do trabalho.
Parece-nos que o óbice principal é cristalino: o fundamento desse instituto processual é a existência de demanda cujo objeto é coisa  (res), pelo que incompatível com o processo trabalhista, que cuida, como se sabe, de direito obrigacional (considerando a relação de trabalho em sentido estrito – leia-se: relação de emprego). Essa, a lição de Manoel Antonio Teixeira Filho[4]:
“Se atentarmos para o fato de que o art. 62, do estatuto processual civil, tem como pressuposto a existência de demanda sobre determinada coisa, logo haveremos de inferir que o instituto em questão tem incidência exclusiva nas ações reais. Mesmo no caso do art. 63 do referido Código, a indenização pleiteada pelo autor se refere a prejuízos provocados por outrem à coisa, entendida esta como todo bem suscetível de ser apropriado pelo homem. Ora, a Justiça do Trabalho não possui competência para apreciar ações reais ou que visem a obter reparação de prejuízos a certa coisa.”
Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho, introduzida pela EC 45, nas demandas diversas das relativas ao contrato de emprego, como, por exemplo, a que envolva trabalho autônomo, o instituto processual em questão teria cabimento mais pacífico. 
Continua: Intervenção de terceiros no processo do trabalho – Parte 3 (chamamento ao processo)
NOTAS
[1] Cf. Carlos Henrique Bezerra Leite, Curso de direito processual do trabalho, 4º Ed. – São Paulo : LTr, 2006, p. 378.
[2] Nesse sentido, Sérgio Pinto Martins (Direito processual do trabalho, 29ª ed., São Paulo : Atlas, 2009, p. 215).
[3] Para dizer se o autor é, ou não, empregado do réu, terá o juiz do trabalho de adentrar no mérito da questão. Isso é muito comum nas lides em que se pleiteia reconhecimento de vínculo de emprego (ação declaratória). Não é raro de se ver defesas contendo inúmeras preliminares com o fito de afastar reconhecimento da relação de emprego, o que, praticamente, não surte efeito, já que a matéria é de mérito. Não que seja despicienda a preliminar, porém, tecnicamente, é mais preciso, nesses casos, atacar o próprio mérito.
[4] Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho, 3ª Ed. – São Paulo : LTr, 1995, p. 199.
Intervenção de terceiros no processo do trabalho – Parte 3 (chamamento ao processo) 
CHAMAMENTO AO PROCESSO. Espécie de intervenção de terceiros cuja aplicação no processo do trabalho, para variar, gera muitas controvérsias (leiam o artigo anterior: Intervenção de terceiros no processo do trabalho – Parte 2). Nos termos do art. 77, do Código de Processo Civil: é admissível o chamamento ao processo: “I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum". Como se vê, não é obrigatório o chamamento à lide (pois o CPC utiliza a expressão “...é admissível…”) e se trata de ato privativo do réu. Respectivo procedimento é previsto nos artigos 78 a 80, do CPC, e, haverá, na hipótese, suspensão do processo, observando-se, quanto à citação e aos prazos, o disposto nos arts. 72 e 74, do Código de Processo Civil, que, por sinal, tratam da denunciação da lide.
Esse instituto processual é muito utilizado nos contratos de fiança, como, claramente, previsto nos incisos I e II, do art. 77, do CPC, sendo, por sua própria natureza jurídica, inaplicáveis no processo do trabalho. O inciso III, no entanto, ao tratar de devedores solidários, poderia, em tese, ter aplicação na seara trabalhista. E a doutrina, em geral, admite-a, notadamente nos seguintes casos: grupo de empresas (art. 2º, § 2º, da CLT), art. 16 da Lei 6.074, ou consórcio de empregadores rurais, como destaca Sérgio Pinto Martins[1]. O grande problema em se admitir essa possibilidade é o juiz do trabalho ter de julgar a demanda entre o chamado ao processo e o réu que o chamou, faltando, na espécie, respectiva competência processual, como bem lembra o mesmo autor[2]. No tocante à nova competência da Justiça do Trabalho, consultem:
Realmente, a possibilidade mais citada é o chamamento ao processo de sociedade de fato ou condomínio irregular, para que todos respondam pela demanda. Mas, do ponto de vista prático, a medida tem poucas chances de vingar porque esbarraria em um contexto processual específico, como é o caso do trabalhista, conquanto, em tese, a medida até possa beneficiar o reclamante (autor), como diz Renato Saraiva[3], em especial porque poderá executar a sentença em face do réu primitivo ou dos chamados ao processo, mas, sempre haverá, insista-se, a questão da competência a se considerar, pois a relação jurídica entre réu e chamado ao processo é de natureza civil. Nessas condições, como conclui Saraiva, para o réu a medida é inócua, “pois, uma vez condenado, não disporá o mesmo de um título executivo hábil a permitir a execução forçada dos demais coobrigados”[4]. 
Ainda com relação à solidariedade do grupo de empresas, nos termos do art. 2º, § 2º, da CLT, hipótese mais plausível de se admitir o chamamento processual, importante frisar que o instituto é “questão mal resolvida” no âmbito trabalhista. A começar porque o autor, embora não fosse obrigatório, no processo cognitivo, incluir coobrigados na lide – e, cientificamente, é o que se poderia inferir da Teoria Geral da Responsabilidade Civil – praticamente, é obrigado a fazê-lo, conforme previsão da Súmula 205 do Tribunal Superior do Trabalho, in verbis:
205 - Grupo econômico. Execução. Solidariedade responsável solidário, integrante do grupo econômico, que não participou da relação processual como reclamado e que, portanto, não consta no título executivo judicial como devedor, não pode ser sujeito passivo na execução.
Rigorosamente, se solidariedade existe – é o que prevêo art. 2º, § 2º, da CLT – o credor poderá intentar demanda em face de qualquer dos coobrigados, como, aliás, diuturnamente ocorre nos contratos de fiança. Não é isso, entretanto, o que se observa da prática trabalhista. Em verdade, o próprio chamamento ao processo agride o princípio da solidariedade, como diz Manoel Antonio Teixeira Filho[5]: “o chamamento ao processo – convém advertir – violenta o próprio princípio informativo da solidariedade passiva, segundo o qual o credor tem o direito de exigir de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum ...”
A grande maioria dos doutrinadores entende que a terceirização das relações de trabalho prevista na Súmula 331, do TST, ensejaria responsabilidade solidária e não a responsabilidade subsidiária, conforme previsto no referido direito sumulado (instituto sui generis, reconheça-se). Em última análise, aplicada a solidariedade na terceirização, poderia o autor intentar ação contra o tomador dos serviços. Sejamos francos: por motivos que escapam ao direito, é remotíssima essa possibilidade no âmbito trabalhista. A propósito, consultem:
Observe-se um caso prático: empregado, demitido sem receber verbas rescisórias, intenta ação em face de empresa que pertence a determinado grupo econômico. Sem adentrar em maiores elucubrações: qual a vantagem para o réu chamar à lide outra empresa do grupo? Claro que a possibilidade existe – cerebrina, é bem verdade – e vai depender da estratégia de defesa que pretende o réu apresentar. Mas, a se considerar que o grupo econômico, para efeitos trabalhistas, requer, no mínimo, relação de coordenação entre as empresas, parece apenas plausível chamamento ao processo daquela que, embora pertencente ao grupo, adotou previsão contratual a respeito. Ou: quebra de contrato entre elas. Insistimos: hipótese raríssima de ocorrer. Para o empregado, claro, a situação é vantajosa porque haverá mais de um devedor no pólo passivo da demanda. 
Queremos repisar nesse ponto: se a solidariedade passiva fosse adotada no processo do trabalho, respeitando-se, princípios basilares da responsabilidade civil, poderia o autor intentar ação em face de qualquer um dos coobrigados (tal como ocorre na fiança de locação; ora, o credor sempre prefere demandar em face do fiador, porque, em regra, é quem tem condições econômicas de arcar com a dívida), daí, sim, parece-nos, teria sentido a aplicação do instituto no âmbito trabalhista. Isso porque, v. g., poderia ocorrer de o autor não ter sido empregado da empresa demandada. Porém, tanto quanto ponderemos no artigo anterior, mais fácil seria arguir ilegitimidade passiva ad causam.
Enfim, não é pacífica no processo do trabalho a aplicação do chamamento à demanda (como o instituto era denominado em sua origem, diga-se, no direito português), embora vozes de peso admitem-na, como, por exemplo, Manoel Antonio Teixeira Filho[6], mas, com adaptações para a seara trabalhista. Nesse ponto, com a devida vênia, concordamos com Sérgio Pinto Martins[7]: 
“Entendo, ao contrário da respeitável orientação de Manoel Antonio Teixeira Filho, que não se pode fazer um temperamento ou adaptação do instituto do chamamento ao processo previsto no CPC para o processo do trabalho, sob pena de termos de fazê-lo também em relação à nomeação à autoria, à oposição e à denunciação da lide, o que desnaturaria os referidos institutos previstos no processo civil”.
No próximo artigo trataremos da denunciação da lide.
NOTAS
[1] Direito processual do trabalho, 29ª ed., São Paulo : Atlas, 2009, p. 222
[2] Idem, ibidem, mesma p.
[3] Curso de direito processual do trabalho, 2º ed. - São Paulo : Método, 2005, p. 244
[4] Ibidem, mesma p.
[5] Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho, 3ª Ed. – São Paulo : LTr, 1995, p. 265
[6] Ibidem, passim
[7] Ibidem, p. 222.

Outros materiais