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Denunciação da lide (CPC, arts. 70 76)

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Denunciação da lide – CPC, arts. 70-76
 
"O instituto da denunciação da lide é modalidade de intervenção forçada, vinculado à idéia de garantia de negócio translatício de domínio e existência de direito regressivo. A parte que provoca a denunciação da lide, ou tem um direito que deve ser garantido pelo denunciado-transmitente, ou é titular de eventual ação regressiva em face do terceiro, porque demandada em virtude de ato deste" (Fux, 2001).
"Denunciação da lide é a demanda com que a parte provoca a integração de um terceiro ao processo pendente, para o duplo efeito de auxiliá-lo no litígio com o adversário comum e de figurar como demandado em um segundo litígio" 
A litisdenunciação amplia o objeto do processo .
Feita pelo autor, a litisdenunciaçãoimplica a formação de um litisconsórcio alternativo eventual: ele pede prioritariamente uma medida em face do réu e, em caráter subsidiário e eventual, a condenação do responsável a ressarcir 
É admissível a denunciação da lide a quem já é parte no processo, a outro título - denunciação da lide por um a outro co-réu. 
Cabe nos três casos indicados no artigo 70 do CPC:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada ;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda .
"Por força de norma material (CC, art. 116), somente na hipótese do inciso I do art. 70 a denunciação da lide é obrigatória. Isto porque dispõe a lei civil que a falta da denunciação do alienante pelo evicto, na ação reivindicatória movida pelo evencente, implicará a perda do direito de regresso [8] �� HYPERLINK "http://www.tex.pro.br/wwwroot/curso/sujeitosdoprocesso/denunciacaodalide.htm" \l "_ftn9#_ftn9" \o "" [9] �� HYPERLINK "http://www.tex.pro.br/wwwroot/curso/sujeitosdoprocesso/denunciacaodalide.htm" \l "_ftn10#_ftn10" \o "" [10] �� HYPERLINK "http://www.tex.pro.br/wwwroot/curso/sujeitosdoprocesso/denunciacaodalide.htm" \l "_ftn11#_ftn11" \o "" [11] �� HYPERLINK "http://www.tex.pro.br/wwwroot/curso/sujeitosdoprocesso/denunciacaodalide.htm" \l "_ftn12#_ftn12" \o "" [12] . 
"O inciso II permite aos que tenham adquirido a posse direta denunciar a lide ao possuidor direto ou proprietário que transferiu a senhoria sobre a coisa toda vez que forem molestados pelo fato do assenhoramento da res. A regra é uma réplica, com conteúdo processual, do que estatui o art. 486 do Código Civil (...). O possuidor indireto, nesses casos, tem a obrigação de garantir a posse direta, sob pena de rescisão do vínculo que operou a transferência da posse com os seus consectários legais, e de tudo a ser apurado no mesmo processo, por força da denunciação". 
"O inciso III contem redação genérica e engloba todas as situações de regresso contempladas em lei ou no contrato. (...). Os nossos tribunais vêm emprestando à expressão ´ação regressiva´ o mais amplo conceito, tornando o instituto o mais utilizado dentre os que compõem o sistema de intervenção de terceiros. Aliás, essa tendência jurisprudencial é a consagração da afirmação de Chiovenda de que ´qualquer que por ato seu expõe outrem a uma derrota judicial pode ser chamado´" 
Não cabe a denunciação da lide no procedimento sumário (CPC, art. 280, I), nos Juizados Especiais Cíveis (Lei 9.099/95, art. 10) e nas ações fundadas no Código do Consumidor (Lei 8.078/90, art. 88). 
Não cabe a denunciação nos processos executivo e cautelar e, segundo a jurisprudência, tampouco no procedimento monitório 
É admissível, em processo cautelar, provocar-se a assistência daquele que poderá vir a ser denunciado na ação principal .
"O Código de Processo Civil diz que o litisdenunciado figuraria como litisconsorte do denunciante (art. 74), mas isso é um absurdo porque litisconsorte do autor é também autor e litisconsorte do réu também é réu. Quem nada pede para si não é autor e, portanto, não é litisconsorte ativo. Aquele em relação ao qual nada é pedido é réu e não pode ser havido como litisconsorte passivo. Em relação ao litígio com o adversário comum o terceiro assume portanto mera função coadjuvante e não passa de assistente - assistente litisconsorcial e não simples, diante da letra da lei (art. 74 c/c art. 54, mas jamais litisconsorte." .
Discordamos: aquele que é denunciado pelo autor é mesmo litisconsorte, tanto que pode aditar a inicial. Autor é quem pede, não quem pede para si (lembre-se a hipótese do substituto processual). Assim, apenas o denunciado pelo réu não é litisconsorte, mas assistente (simples, porque não há relação jurídica entre o autor e o denunciado pelo réu).
Vitorioso o denunciante, na ação principal, julga-se prejudicada (julgamento sem exame do mérito) ou improcedente a denunciação. A doutrina, a respeito, é mais do que controvertida: é vacilante. Não raro, o mesmo autor faz ambas as afirmações, embora, a rigor, uma exclua a outra.
É condenatória a sentença que julga procedente a litisdenunciação, mas a execução fica condicionada ao desembolso. "Não há reembolso sem desembolso, nem sub-rogação ou regresso sem prévia perda efetiva" .
Contudo, tem-se admitido a execução direta do denunciado, sobretudo em se tratado de seguradora .
Lição de Max Guerra Kopper:
"... a denunciação da lide, ressalvados, insista-se, os casos de denunciaçâo obrigatória, somente deve ser admitida quando o denunciante logre comprovar de plano, documentalmente, o seu direito de regresso ou quando tal comprovação dependa unicamente da realização de provas que, por força da própria necessidade instrutória do feito principal, serão de qualquer modo produzidas; quando, em outras palavras, não haja necessidade de dilação probatória pertinente exclusiva e especificamente à denunciação" 
Impressionados com a conhecidíssima posição doutrinária de Vicente GrecoFilho, os tribunais passaram a negar a litisdenunciação, quando esta insere no processo novas questões que ampliem o objeto do conhecimento do juiz, ocasionando demoras na instrução.  Trata-se de tese restritiva, vinculada ao vício metodológico do processo civil do autor, e que deve ser repelida. Felizmente, os tribunais já não se posicionam tão firmemente em prol dessa tese .
Prevalece na jurisprudência uma corrente intermediária: cabe a denunciação da lide nos casos de garantia própria e mais nos casos em que o direito de regresso decorre de norma legal ou contratual expressa 
Denunciações sucessivas. São admitidas pelo artigo 73 do CPC. A restrição ao número de denunciações, para não retardar o desfecho do processo, vincula-se ao vício metodológico do "processo civil do autor" (Dinamarco, ibidem, p. 494). Admite-se a denunciando conjunta a todos os anteriores proprietários.
Possíveis comportamentos do denunciado e sua posição no processo. Confuso o artigo 75 do CPC. O legislador de 73 transcreveu ou adaptou disposições do Código anterior, sem levar em conta a profunda mudança operada, pois, no sistema anterior, não cabia condenação. O terceiro era convocado apenas para assistir (Dinamarco, ibidem, p. 404). Quer aceite, quer recuse, a denunciação, o denunciado fica vinculado ao resultado do processo.
Prazo em dobro. A jurisprudência do STJ é no sentido de que, opondo-se ao pedido formulado na ação principal, o denunciado torna-se litisconsorte do denunciando, contando-se os prazos na forma do artigo 191. Não assim, se o denunciado nega o direito de regresso, litigando apenas com o denunciante. 
Condenação direta do denunciado. Dinamarco não a admite. "Ainda que a condenação direta apresentasse vantagens, só por disposição expressa de lei ela poderia ser admitida" ,refere pronunciamentos favoráveis à condenação direta do denunciado, havido como litisconsorte do denunciante.Apelação no caso de improcedência da ação e da denunciação. Se o autor apela, deve o réu apelar adesivamente, porque sem apelo do denunciante, não pode o Tribunal julgar procedente a ação de denunciação. Há quem sustente que, sem apelo adesivo, o provimento da apelação do autor implica cassação do capítulo da sentença que julgou improcedente a denunciação, a significar a possibilidade de posterior propositura de ação de regresso. Nessas condições, extinguir-se-ia o processo sem julgamento da denunciação. 
Honorários advocatícios. Há quem sustente que, nos casos de garantia própria, envolvendo transmissão de direitos, a autor, vencido, pagaria os honorários tanto do réu denunciante quanto do denunciado, porque litisconsortes. Aliter, nos casos de garantia imprópria, em que o autor paga os honorários do advogado do réu-denunciante e este os do denunciado .

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