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3003 ANÁLISE DO DISCURSO

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ANÁLISE DO DISCURSO
unidade I
unidade I I
unidade I I I
Professora Mestre Vi lma Lúcia Ior i Franco
A COMUNICAÇÃO 
CARACTERIZAÇÃO
DOS TIPOS TEXTUAIS
A ANÁLISE DO
DISCURSO SOB O
PONTO DE VISTA
DO ENUNCIATÁRIO – 
UMA LEITURA EFICAZ
texto e
contexto
discurso e
texto: aliados
da comunicação
sob o prisma
do enunciatário:
a leitura
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca por 
tecnologia, informação, conhecimento de qualida-
de, novas habilidades para liderança e solução de 
problemas com eficiência tornou-se uma questão 
de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsa-
bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos 
nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário 
Cesumar – assume o compromisso de democra-
tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia 
e contribuir para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promo-
ver a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cida-
dãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro 
Universitário Cesumar busca a integração do 
ensino-pesquisa-extensão com as demandas 
Reitor 
Wilson de Matos Silva
palavra do reitor
Direção UniceSUMar
reitor Wilson de Matos Silva, Vice-reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de administração Wilson 
de Matos Silva Filho, Pró-reitor de eaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora 
Cláudio Ferdinandi.
neaD - núcleo De eDUcação a DiStância
Direção de operações Chrystiano Mincoff, coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, coordenação 
de Polos Reginaldo Carneiro, coordenação de Pós-Graduação, extensão e Produção de Materiais Renato 
Dutra, coordenação de Graduação Kátia Coelho, coordenação administrativa/Serviços compartilhados 
Evandro Bolsoni, Gerência de inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson 
Brait, Supervisão do núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design educacional, 
Diagramação José Jhonny Coelho, revisão textual Edson Dias, Fotos Shutterstock.
neaD - núcleo de educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 
Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
institucionais e sociais; a realização de uma 
prática acadêmica que contribua para o desen-
volvimento da consciência social e política e, por 
fim, a democratização do conhecimento aca-
dêmico com a articulação e a integração com 
a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar 
almeja ser reconhecido como uma instituição univer-
sitária de referência regional e nacional pela qualidade 
e compromisso do corpo docente; aquisição de com-
petências institucionais para o desenvolvimento de 
linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer-
sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e 
a distância; bem-estar e satisfação da comunidade 
interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis-
trativa; compromisso social de inclusão; processos 
de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relacionamento 
permanente com os egressos, incentivando a edu-
cação continuada.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância:
C397 
 Análise do Discurso / Vilma Lúcia Iori Franco. 
 Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014.
 p.
“Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”.
 1. Discurso. 2. Discurso. . 3. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do 
Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido 
conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. 
Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais 
daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um 
conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de-
mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos 
aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu-
cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em 
diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa-
ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso 
horário e atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje 
em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das 
desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co-
nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está 
disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda 
uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer-
ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura 
e transformando a todos nós.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos 
em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao 
mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como 
já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso 
que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. 
Pró-Reitor de EaD
Willian Victor Kendrick 
de Matos Silva
boas-vindas
sobre pós-graduação
a importância da pós-graduação
O Brasil está passando por grandes transformações, em especial 
nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento 
da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor-
tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se 
refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais 
nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior 
devido a uma grande carência de mão de obra especializada.
Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada 
vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador 
da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega-
bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade 
dos estudos para quem quer crescer profissionalmente. 
A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR 
conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de 
Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados 
pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, 
trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida-
des deste novo Brasil. 
 Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na 
UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun-
to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, 
fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação 
no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal 
e profissional.
Professor Dr. Renato Dutra
Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais 
NEAD - UNICESUMAR
“Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária”
Missão
apresentação do material 
Professora Mestre 
Vilma lúcia iori Franco
Olá caro(a) aluno(a)! Estamos iniciando os nossos 
estudos sobre análise do discurso e é muito bom 
ter você conosco neste mundo do conhecimento 
sobre as formas de nós nos comunicarmos, tanto na 
fala e na escrita, principalmente. Ao longo de nossa 
carreira do magistério já há trinta anos pelos nossos 
estudos no curso de Letras, tivemos a oportunida-
de de mergulhar com mais atenção nestemundo 
da leitura e composição textual, e daí não paramos 
mais de nos aprofundar em estudos nos quais nos 
firmássemos para compreender melhor esta nossa 
capacidade de nos comunicar. Dessa forma, tende-
mos para a área da Semiótica, em Mestrado, por 
exemplo, na qual encontramos suporte para alicer-
çarmos os nossos conceitos sobre o que vínhamos 
observando em nossos alunos bem como no nosso 
meio de atuação no que competia às informações 
que podíamos perceber em textos e ter acesso a 
elas com mais propriedade.
 A análise do discurso, portanto, passou a ser a 
ponte entre o que há e o que pode ser transmitido 
para que possamos nos entender melhor no dia a 
dia. Foi então a partir de nosso encantamento com 
ela que seguimos com os nossos estudos e che-
gamos ao cerne da análise do discurso: mergulhar 
no texto e descobrir nele os processos ali articu-
lados para que possamos chegar o mais próximo 
possível ao que o elaborador ou escritor do texto 
quiseram transmitir. Por isso, na primeira unidade 
do nosso livro, trabalhamos os conceitos de lingua-
gem, língua, contexto, mensagem, entre outros, 
a partir do processo da comunicação. Por meio 
desses estudos, passamos a compreender melhor 
sobre os meios por nós utilizados para transmitir 
ao outro o que pretendemos, ou seja, aquilo que 
temos em mente, organizando-o de forma, é claro, 
mais objetivada. 
Na segunda unidade, por sua vez, mergulha-
mos nos instrumentos estruturadores do discurso 
em si: enunciador, enunciado, enunciação. Veremos, 
assim que, conhecendo-os e identificando-os, no 
texto, perceberemos com mais propriedade que a 
articulação das ideias tem um foco estabelecido a 
partir do enunciador e dos mecanismos por ele se-
lecionados para transmitir a ideia com mais eficácia. 
Por último, na unidade três, trabalhamos o discurso 
sob a ótica do receptor, ou seja, quais os caminhos 
que este pode selecionar para chegar mais rapida-
mente e com propriedade ao que o texto tem a 
dizer. Por isso, evidenciamos três conceitos: enten-
dimento, compreensão e interpretação. De posse 
de tais estudos, é possível a todos nós perceber que 
o texto assim o é quando conta com uma lógica 
organizada, a fim de que realmente tenhamos a 
comunicação, ou seja, a fim de que consigamos 
tornar comuns as nossas ideias que tão grandemen-
te nos fazem evoluir para transformamos o mundo. 
Espero que você, ao final dos nossos estudos, faça 
do nosso olhar o seu, e passe a estar no dia a dia em 
contato tanto com a escrita quanto com a leitura, 
com mais leveza e propriedade. 
Bom estudo e nós nos encontramos na sequên-
cia deste material. Aprecie-o com dedicação para 
você.
su
m
ár
io 01
12 a comunicação
24 elementos da comunicação e funções da linguagem
28 considerações finais
A COMUNICAÇÃO
02 03
47 conteúdo
51 conteúdo
53 conteúdo
54 conteúdo
54 conteúdo
55 conteúdo
58 conteúdo
72 conteúdo
76 conteúdo
82 conteúdo
87 conteúdo
95 conteúdo
96 conteúdo
96 conteúdo
TÍTULO TÍTULO
1 A COMUNICAÇÃO
Professora Mestre Vilma Lúcia Iori Franco
objetivos de aprendizagem
•	 Refletir o conceito de comunicação na prática da manifestação 
e organização do pensamento no convívio social.
•	 Internalizar outros conceitos, como o de linguagem, língua, con-
texto e interlocutor enquanto elementos constitutivos da prática 
de uma comunicação com mais eficácia. 
•	 Distinguir linguagem de língua bem como texto de contexto 
para categorização da comunicação em si. 
•	 Estabelecer limites plausíveis na comunicação que a tornem mais 
objetiva e clara nas práticas de convívio social. 
•	 Identificar os elementos da comunicação bem como as suas 
funções com critério de domínio da linguagem e da realização 
desta. 
•	 Reconhecer os principais pontos característicos da língua falada 
e escrita de acordo com o contexto a serem empregadas. 
•	 Concluir que a comunicação depende muito da adequação da 
língua ao receptor de tal forma que resulte na prática social es-
perada: o discurso em si.
Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você 
estudará nesta unidade:
•	 A Comunicação
•	 Linguagem 
•	 Língua
•	 Texto e Contexto
•	 Interlocutor
•	 Discurso 
•	 Elementos da Comunicação e Funções da 
Linguagem
Caro(a) Acadêmico(a),
esta é uma oportunidade que nos foi dada para falarmos com 
você sobre análise do discurso. Dessa forma, nesta primeira 
parte do livro “Análise do discurso”, vamos fixar-nos em uma 
breve exposição sobre o que é a comunicação. Trabalharemos 
conceitos de linguagem, língua, do discurso que aqui muito 
nos importa e contexto; pautaremos os elementos da comu-
nicação bem como as funções da linguagem a eles ligadas.
 Com esse conhecimento, você, com certeza, entenderá melhor 
como lidar com o outro no dia a dia, por meio da linguagem e 
da língua, para que a comunicação ocorra com sucesso bem 
como fazer uso do discurso que permitirá que as suas ideias 
fluam com o objetivo pretendido. Na análise do discurso, o me-
canismo do nosso estudo surge a partir de três referenciais: o 
primeiro é a partir do emissor; o segundo, a partir do receptor 
e o terceiro, do texto enquanto referencial ou assunto. São três 
vertentes que nascem das principais pessoas de um discur-
so: primeira (emissor), segunda (receptor) e terceira o assunto 
(texto). Estas três pessoas do discurso nos remetem a mais três 
situações que os circundam: o elo, o ponto comum e o pen-
samento. O elo seria o canal. O ponto comum, a língua e o 
pensamento, a mensagem.
 Nesta visão global, temos elementos circundantes da comunica-
ção em si. Por isso, logo no início, vamos tratar de tais elementos, 
fixando-nos mais nos conceitos de linguagem e língua. Sobre 
isso também, falaremos com mais propriedade no nosso livro. 
Bom estudo a todos.
Análise do Discurso
12
A necessidade de nos fazer entender trans-
forma-nos, com grande probabilidade, em 
elementos ativos, passivos e reflexivos sobre 
o que nos rodeia. Dessa forma, nasce a impe-
rativa de ser a escrita o resultado dos registros 
de nossas variadas formas de comunicação 
na oralidade, a fim de que o outro possa nos 
compreender e formar uma versão própria do 
que quisemos transmitir. Damos a esse proces-
so o nome de perpetuação das ideias, o que, 
para nós, em muito, caracteriza o homem em 
evolução. Compreender melhor isso é funda-
mental e resulta no domínio de variados textos 
os quais nascem da propriedade humana de 
nos comunicarmos pela razão, de tal modo 
que as diversas circunstâncias nos conduzam 
aos mais diferentes motivos de nos manter 
sintonizados com o outro e com o mundo.
É esse processo que nos torna mais 
motivados para optá-la por formas 
intencionadas da veiculação das nossas 
ideias e fazê-las viraram marcas de uma 
época e de uma cultura, por exemplo. 
Por esse motivo, resolvemos elencar itens 
que vão permitir você, leitor, a mergulhar 
no mundo da comunicação e perceber a 
fonte de elementos que ela constitui para 
a efetivação das nossas ideologias. Mas 
onde isso tudo começa? Talvez não nos seja 
possível delimitar o onde, mas mencionar 
como isso começa e é por meio de uma 
palavra conhecida: comunicação. Para tanto, 
queremos compartilhar com você um con-
ceito de comunicação, tão bem articulado 
por Blikstein (2003, p.19), em que autor diz 
que comunicar é “tornar comum”.
A COMU-
NICAÇÃO
Pós-Graduação | Unicesumar
13
Vale a pena investir neste conceito, 
fazendo um breve relato do que Blikstein 
apresenta quando ele expõe uma história sob 
um discurso muito didático e bem articula-
do, sobre duas personagens: o patrão com 
a secretária. O texto começa com a escrita 
de um bilhete pelo patrãopara a secretá-
ria, mas, pela análise da escrita do bilhete, 
não foi mencionado com clareza o que o 
patrão queria que a secretária providenciasse. 
Isso ocorreu porque a escrita foi construí-
da de uma forma muito lacônica e sem a 
mínima organização factual do que se de-
sejava. Nasce daí todo um questionamento 
sobre quem errou: quem escreveu o bilhete 
ou quem o leu? A questão é que o resulta-
do não foi o esperado. Em outras palavras, a 
secretária não conseguiu cumprir o que lhe 
fora pedido. A história prossegue com certo 
humor, dando leveza à explicação, deixan-
do claro que grande parte da ausência de 
uma boa comunicação depende do emissor 
e o contrário também. É isso mesmo. Muito 
diferente do que muitos pensam ser a co-
municação de maior responsabilidade do 
receptor, chegamos à conclusão de que ela 
depende realmente bem mais do emissor. 
Paremos, então, de pôr, exclusivamente, 
a culpa no outro quando este não entende 
o que nós desejamos, pois, muito provavel-
mente, nós não fomos claros o suficiente 
para isso. Bem, então é oportuno aqui que 
mencionemos como este processo deve 
acontecer para que possamos transmitir o 
que desejamos, evitando assim a mesma 
falha entre o patrão e a secretária. O interes-
sante é que para expor tal conceito, o autor 
do texto apresentou a teoria de forma mais 
amistosa, por meio de uma história, ou seja, 
ele selecionou um discurso mais leve para 
explicar algo, muitas vezes, considerado 
complexo. Percebemos, então, que, em um 
mesmo texto, foram usadas formas distintas 
de transmitir a mesma ideia. Foram usadas 
linguagem e línguas compreensíveis, para dar 
leveza à teoria. Tivemos a fala do autor, pela 
fala do patrão, pela fala do bilhete que fixa 
a intenção do autor do livro em demonstrar 
entre outras visões sobre o assunto a de que, 
muitas vezes, o emissor só se vê no próprio 
contexto e não se preocupa com o recep-
tor. Então vamos lá. Quando quero construir 
uma ideia, preciso então dominar uma série 
de elementos bem como de estratégias que 
me levem a isso. Certo! Comecemos, então, 
por conhecer alguns desses pontos estrutu-
radores da ideia, um deles a linguagem e o 
outro, a língua. 
Análise do Discurso
14
A nossa sobrevivência depende da capaci-
dade de nos manter ligados uns aos outros 
em um mundo bastante amplo. Para isso 
fazemos uso da linguagem. Dessa forma, a 
linguagem é uma atividade humana que visa 
às representações do mundo pelo homem. 
É por isso que afirmamos ser a linguagem 
uma revelação de aspectos sociais, cultu-
rais, históricos, por exemplo. Por isso o uso 
da linguagem surge da interação social e se 
sustenta pela pressuposição de interlocuto-
res. Ora, mencionamos aqui a palavra revelar 
uma vez que ela é propícia para fixar o con-
ceito de linguagem: expressar o que está 
velado, escondido, ou seja, o pensamento. Já 
ouvimos também que os animais irracionais 
têm linguagem, visto que eles se comunicam, 
como, por exemplo, quando as formigas se 
organizam em fileiras.
Esse comportamento geralmente ocorre 
porque elas estão em busca de fonte de ali-
mento. Isso, no entanto, não é linguagem, 
é sistema de comunicação, uma vez que 
sistematização tem tal nome por ser algo 
estabelecido, fixo, imutável, proveniente de 
sinais (muitos deles da própria natureza) 
e repetições de ação. A natureza humana 
vai além da sistematização, pois não ocorre 
somente de forma fixa nas suas manifesta-
ções. Ela se molda conforme o pensamento 
de quem a emite e para quem a pessoa quer 
se fazer compreender. Por isso se constituir de 
formas livres de manifestação, como gestos, 
modalidades artísticas, símbolos diversos, 
conforme afirma Medeiros (1992, p.48). Essas 
formas vão sendo adaptadas por nós, seres 
humanos, capacidade esta mantida pelo ra-
ciocínio, por isso a linguagem passa a ser 
essencialmente humana. Fica mais fácil então 
nos lembrarmos de linguagem não verbal 
e verbal. A primeira se apresenta de forma 
mais livre ainda, percebida nos gestos, sons, 
ícones. Já a verbal utiliza a palavra em si, seja 
ela escrita ou falada. Há também, no entanto, 
a junção das duas, a mista, conforme vemos 
muito nas figuras em quadrinhos.
“Se falares a um homem numa linguagem que ele compreenda, a tua mensagem entra na 
sua cabeça. Se lhe falares na sua própria linguagem, a tua mensagem entra-lhe diretamente 
no coração.”
Nelson Mandela
Fonte: < http://www.citador.pt/frases/citacoes/t/comunicacao>. Acesso em: 28 jul. 2014.
Linguagem
Pós-Graduação | Unicesumar
15
E já que no estudo anterior falamos sobre 
língua, vamos fixar o conceito dela aqui para 
aprofundarmos nossos estudos. O que é 
então língua? É uma sistematização da lin-
guagem verbal. Ela é um afunilamento da 
linguagem. Dada a amplitude desta, a língua 
é uma tentativa de tornar o que é comple-
xo em algo mais específico. Podemos dizer 
que ela é também uma espécie de “filtro” da 
linguagem a fim de nos conduzir a uma co-
municação mais imediata e eficaz. Mas há 
que possa questionar se a língua é somente 
coletiva. A nossa resposta é não. A língua é 
também solitária, pois podemos ser emis-
sores e receptores de nós mesmos, e isso 
ocorre, quando já organizamos o nosso pen-
samento e chegamos ao que muito comum 
ouvimos: “Estava falando comigo mesmo 
ou mesma”. Então a língua passa a ser uma 
regra, uma convenção também social, mas 
não apenas, conforme afirmam Silva e Koch 
(1983, p.8):
Em seu relacionamento social, dispõe o ho-
mem de um instrumento que lhe caracteriza 
a condição humana: a linguagem, seja tra-
duzida por gestos, modalidades artísticas, 
seja por símbolos diversos, que também são 
meios efetivos de comunicação (...)
Não há dúvidas, porém, de que entre os 
meios de comunicação que permitem ao 
homem uma vida com sucesso, predomina 
a linguagem oral, com logicidade e articula-
ções racionais, já que o terceiro sub-cérebro: 
(MACLEAN; ALBUQUERQUE, 1982, p.5) “... é o 
complexo do neocórtex, a última e fulguran-
te etapa da evolução da mente, relacionada 
à nossa racionalidade, à linguagem articu-
lada e lógica e, que muito provavelmente 
permitiu ampliação do aparelho fonador 
para o desempenho dessas funções pela 
oralidade”. 
A linguagem, então, enquanto atividade 
humana é cultural. Ela se torna um fenôme-
no dinâmico, condição para a existência de 
qualquer grupo social. Embora seja diver-
sificada em sua realização concreta, é um 
fenômeno universal.
Então, a linguagem, quando em relação ao 
homem, caracteriza-se como um conjunto 
de recursos e possibilidades de comunica-
ção entre pessoas. Para a realização da lin-
guagem como instrumento de comunicação 
e interação, a sociedade adota um conjunto 
de signos e de regras que, convencional-
mente, são aceitos e deixam de ser arbi-
trários. Exclui-se, portanto, a possibilidade 
de escolha de símbolos novos, estranhos 
ao grupo social, porque tal escolha geraria 
incompreensões. Para se permitir assim o 
exercício da linguagem, o corpo social adota 
a língua, um conjunto de convenções neces-
sárias à prática dessa linguagem (...) 
Fonte: a autora.
Língua
Análise do Discurso
16
Ao lermos um “sistema de valores que se 
opõem” vale fixar que há línguas muito di-
ferentes, opostas em aspectos variados. Por 
exemplo: a língua portuguesa segue o racio-
cínio na escrita da esquerda para a direita. A 
hebraica, da direita para a esquerda. Temos 
aqui um exemplo de oposição. Por saber-
mos também que não pode nem ser criada, 
nem modificada, precisamos entender que 
a língua deve se manter próxima de uma 
exatidão possível para que possa facilitara 
comunicação. Com isso, costumamos dizer 
que a língua é uma tentativa de tornar exato 
o que não é, uma vez que a nossa capacida-
de de comunicação é complexa e, por isso, 
inexata. 
A língua é ao mesmo tempo um sistema de valores que se opõem uns aos outros 
e um conjunto de convenções necessárias adotadas por uma comunidade linguís-
tica para se comunicar. Ela está depositada como produto social na mente da cada 
falante de uma comunidade que não pode nem criá-la, nem modificá-la. Assim de-
limitada, ela é de natureza homogênea.
Comunidade de Países de Língua Portuguesa: breve retrato estatístiCo
A população residente no conjunto dos oito países da Comunidade de Países de Língua 
Portuguesa (CPLP) estimava-se em cerca de 244 milhões de habitantes, em 2010, tendo 
registrado uma taxa de crescimento médio anual de 1,1%, durante o período 2003-2010. 
A população de Moçambique foi a que teve um crescimento mais intenso (2,7% ou mais 
por ano) nesse período.
Todos os países africanos de língua portuguesa (à exceção de Cabo Verde) e Timor-Leste 
registravam uma percentagem de população jovem superior a 40% da população total. 
No Brasil, o peso relativo dos jovens situava-se em 24,1% e em Portugal apenas nos 15,1%. 
A maior percentagem de população “potencialmente ativa” (15-64 anos) vivia no Brasil 
(68,5%) e a menor em Angola (50,1%).
Fonte: <http://www.cplp.org/Files/Filer/cplp/12CPLP_2012_201307.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2014.
Pós-Graduação | Unicesumar
17
Bem, mas não paramos por aqui. Vem agora outra lembrança para os nossos estudos: no nosso caso, a língua é a 
portuguesa, certo? Ótimo. Mas, apesar desta 
comunhão da língua portuguesa, sabemos 
que nem sempre a articulação dela nos 
leva a comunicarmos bem. Como então ar-
ticulá-la para chegarmos à eficácia de nos 
fazer compreender? Quem deve nos ensinar 
isso? A escola se incumbe disso? A família? A 
comunidade? Não nos cabe aqui responsa-
bilizar alguém ou algum grupo sobre o que 
ensinar no que compete à língua, mas nos 
cabe afirmar que não é apenas dominan-
do a língua portuguesa na forma culta que 
teremos a garantia de uma boa comunica-
ção. É claro que precisamos saber a diferença 
entre a língua culta e inculta, visto que a elite 
acadêmica exige que saibamos isso. Mas é 
necessário também fixar que, na comuni-
cação, uma não exclui a outra. Em outras 
palavras, precisamos das duas e, conforme 
a situação, poderemos fazer uso delas de 
forma distinta e necessária.
Vamos refletir com mais detalhes em 
relação a isso. Antes, porém, precisamos nos 
lembrar de duas expressões bem distintas: a 
língua culta ou padrão e a língua inculta ou 
não padrão. A culta é a que segue a norma, as 
leis, ou seja, aquela que é o timbre da marca 
cultural de uma nação e, portanto, regrada 
e registrada. A inculta, também conhecida 
como língua não padrão, é a marcada pela 
coloquialidade, pela fala, com mais frequên-
cia, e pelo imediatismo. Devido a isso, ela varia 
bastante. Infelizmente, muitos que se julgam 
letrados, no meio acadêmico, acabam por 
incorrer em uma falha grave: criticam muito 
quem comete deslizes na língua culta, mas 
se esquecem, porém, de que, dependendo 
da situação, talvez nem seja um deslize, seja 
uma adaptação ao contexto. Vale fixar então 
que adaptado é quem prega que devemos 
fazer uso sempre da norma culta só porque 
somos letrados, ou, no nosso caso, professo-
res. Triste engano. Se uso uma língua que não 
está de acordo com o contexto, com quem 
estou falando, com o que desejo falar, não 
comunico. 
Então, perdemos o valor social, a convivên-
cia, as boas relações e passamos a impulsionar 
os desentendimentos, as desavenças. É isto 
mesmo que você está pensando: muitos de 
nossos problemas geramos pela falta de sen-
sibilidade do que devemos ou não devemos 
comunicar e isso inclui a língua. Ousamos 
mencionar então que, ao dizer que tal palavra 
está errada, é preciso repensar tal afirmação, 
pois pode ser que ela esteja inadequada, mas 
não errada. Vejamos o seguinte diálogo:
Análise do Discurso
18
Ao observarmos o diálogo, verificamos que 
não houve uma comunicação eficaz devido 
ao uso da palavra “Atenazar”. Se quem estava 
trabalhando queria sossego, não seria uma 
situação adequada para usar um termo, 
embora culto, não adaptado ao interlocutor. 
Foi usado um vocábulo que o ouvinte não co-
nhecia e isso irritou ainda mais quem estava 
escrevendo o livro. É interessante mencionar 
que o falante preza pelo culto, mas não se 
preocupou com que o ouvinte poderia não 
saber o estava sendo falado. Então a irritação 
se agravou pelo próprio emissor que não ve-
rificou essa situação e usou um termo não 
adequado ao receptor. 
Assim procedendo, percebemos que 
não houve uma habilidade linguística por 
parte do falante para adaptar o vocabulá-
rio, com uma língua mais simples e desse 
modo, não ocorreu a comunicação, termi-
nando o diálogo sob uma forma de “falta de 
educação”. Então nem sempre o culto é o 
adequado. Por isso muitas falhas de comuni-
cação ocorrem dadas também à inabilidade 
de uso da língua, por não estar de acordo 
com o contexto e com o ouvinte em si ou 
até mesmo, em outra situação, com o leitor. 
Vai aqui uma sugestão de como poderia ser 
a fala do “por favor”: 
- Por favor, pare de me incomodar.
Vale fixarmos aqui que o uso da língua 
adequada exige um conhecimento mais 
meticuloso de com quem vamos nos co-
municar, porque nem sempre falamos para 
uma, mas para várias pessoas e, neste caso, 
é ainda mais complicada a situação, uma vez 
que precisamos encontrar a língua comum 
para o que pretendemos transmitir o seja. 
Logo, não podemos usar somente a língua 
padrão, é óbvio, pois a língua deve ser in-
terativa, comum e nunca excludente. Pelo 
- Olá?
- Ah! Olá.
- O que está fazendo?
- Trabalhando.
- Sim. Eu sei, Mas trabalhando em quê? 
- Em um livro.
- Livro de quê? 
- Livro científico?
- Ah, você virou cientista?
- Por favor, pare de me atenazar?
- Como? Atenaz... O quê? O que é isso?
- Ai, suma daqui!!!!!
(Texto estruturado pela autora)
Pós-Graduação | Unicesumar
19
menos é assim que devemos pensar para que 
nos mantenhamos conectados, tendentes ao 
entendimento, nos abstendo dos mal-enten-
didos e isolamento social. 
Assim, a língua não deve ser usada 
sempre da mesma forma, já que o contexto, 
os interlocutores e o objetivo da mensagem 
são algumas situações que influenciam a va-
riação de tal língua. Por isso, queremos abolir 
os termos certo ou errado e sugerimos os 
termos adequado ou inadequado no que se 
refere ao uso da língua no dia a dia.
A situação seguinte é a do cultivo à língua 
que não é culta, no caso uma variante na lín-
gua inculta, a gíria. O emissor (no caso o réu) 
ficaria sem a possibilidade de julgamento 
adequada se não houvesse a tradução do 
professor Dino Preti. Aqui estamos diante 
da responsabilidade social da língua e o 
quanto o uso inadequado dela ou a falta 
do mínimo de conhecimento de uma lín-
gua comum pode causar um transtorno no 
nosso dia a dia.
Papo de malandro
Diante dos jurados cariocas, o réu deixa claro 
(graças à tradução de Dino Preti, professor 
da USP), que nada fez.
O que o malandro diz:
Seu doutor, o patuá é o seguinte: depois 
de um gelo da coitadinha, resolvi esquiar 
e caçar outra cabrocha. Plantado como um 
poste na quebrada da rua, veio uma para-
quedas se abrindo. Eu dei a dica, ela bolou...
chutei. Ela bronquiou, mas foi na despista, 
porque, vivaldina, tinha se adernado e visto 
que o cargueiro estava lhe comboiando. 
Morando na jogada, o Zezinho aqui ficou 
ao largo. Procurei engrupiro pagante, mas 
recebi um cataplum. Aí, dei-lhe um bico 
com o pisante na altura da dobradiça. Ele 
se coçou, sacou a máquina e queimou duas 
espoletas. Papai, rápido, virou pulga e fez 
Dunquerque.”
(Extraído do jornal Correio da Manhã, de 
5/04/1959)
O que ele quer dizer:
Seu doutor, a conversa é a seguinte: depois 
que fui abandonado por minha companhei-
ra, resolvi procurar uma outra. Parado na 
esquina, aproximou-se uma morena faceira. 
Eu a olhei, ela correspondeu...eu insisti. Ela 
achou ruim, mas foi para disfarçar, porque, 
muito esperta, havia olhado de lado e vira 
que o seu companheiro a estava seguindo. 
Percebendo tudo, fiquei de longe. Procurei 
enganar o malandro, mas, inesperadamente, 
fui agredido. Aí, dei-lhe um chute na altura 
do joelho. Ele procurou a arma, sacou-a e 
deu dois tiros. Eu, rápido, pulei e fugi.”
(Trechos do livro A Gíria e Outros Temas, de 
Dino Preti)
O caso é verídico bem como o fato de Dino 
Preti ter traduzido o texto para o juiz tam-
bém ser verídico. 
Fonte: <http://super.abril.com.br/cultura/afinal-
qual-giria-436436.shtml> >. Acesso em: 28 jul. 2014.
Muito bem, durante esta nossa exposição, 
surgiram alguns termos que são necessá-
rios para a continuidade dos nossos estudos, 
como contexto e interlocutor. Vamos nos 
atentar um pouco mais a eles.
Análise do Discurso
20
O termo texto nos leva ao contexto. Então, comecemos pelo primeiro termo: texto 
é a organização da linguagem por meio da seleção da língua pertinente. Desse 
modo, ele apresenta três características distintas segundo COSTA VAL (1994, p.5). A 
primeira delas é o pragmatismo, ou seja, função informacional e comunicativa. A 
segunda é o semântico-conceitual, ou seja, o significado e a fixação dele conforme 
a construção particular do pensamento. Por último, a formal, em outras palavras, a 
concretização do conceito por meio dos elementos da língua em uma dada orga-
nização. Pela ordem, o texto apresenta uma ideia a ser revelada (pragmatismo) por 
meio de seleção de prioridade do que a circunda (semântico-conceitual, também 
conhecido como coerência), concretizado pela língua (articulação do que é ade-
quado e pertinente para que a ideia venha à tona), é a conhecida coesão.
Estas características é que, quando sistematizadas, nos fazem chegar ao texto. 
O texto pode ser oral ou escrito. Quando oral, existem muitos artifícios para que o 
seja mais rapidamente. Já, na escrita, a situação se torna mais lenta, pois é neces-
sário selecionar os elementos realizadores da ideia com o maior critério possível 
para que realmente o que se imagina seja explicitado a quem desconhece tal 
imagem ou ideia. Sejamos claros então: texto é tornar uma imagem, que é ob-
viamente virtual, em algo real. Vale lembrar que ele não surge do nada. O texto 
nasce de um contexto uma vez que este é o conjunto das circunstâncias, sejam 
elas sociais, políticas, históricas, culturais e outras, a que um texto se refere. A partir 
dessas condições, começamos a esmiuçar algumas particularidades que refor-
çam o contexto. Uma delas é o interlocutor. 
Texto e Contexto
Interlocutor
Podemos então perceber que o texto parte de uma ideia com vistas em um 
foco ao qual chamamos de receptor, para o qual a ideia é veiculada quando 
sem maiores preocupações, ou seja, com mais imediatismo. Quando a ideia é 
direcionada, ou seja, ela tem um propósito de atingir um elemento específico, 
chamamos tal elemento de interlocutor. Então, fica certo que o termo receptor 
é amplo e o interlocutor é específico. Por isso afirmamos que o interlocutor é 
uma versão contextualizada do receptor, uma vez que ser interlocutor de alguém 
Pós-Graduação | Unicesumar
21
ou algo consiste em ter de forma clara e precisa cada um dos participantes de 
um diálogo, ou seja, é o leitor ou o ouvinte em que o autor pensa no momento 
de elaborar o texto. Muito bem. Surge aqui outra informação que precisa ser elu-
cidada: discurso. 
Discurso
Chegamos agora à terminologia-base dos nossos estudos, o termo discurso. 
Trata-se do uso da língua em um determinado contexto. Exemplo. Estamos em 
um julgamento. Lembra-se da língua? Então, qual deve ser ela na fala, no caso, 
se for a de um advogado em um julgamento, por exemplo. Bem, de modo geral, 
culta, mas com termos próprios do âmbito jurídico, recheada por expressões re-
buscadas, jargões jurídicos e palavras latinas, por exemplo.
Não devemos, portanto, estranhar essa situação, pois faz parte do discurso 
em questão. Então o discurso seria mais comumente conhecido como a voz de 
um grupo social. Por isso afirmamos também que o texto liga-se diretamente 
ao discurso que o originou e a maneira que um texto específico manifesta certo 
discurso é o que representa o caráter subjetivo do texto, pois este nasce de uma 
forma individualizada do autor, uma vez que toma decisões particulares sobre 
como falar de determinado tema. Aqui entra também algo típico do discurso: o 
estilo. Estilo é a forma assumida pelo emissor a qual ele julga melhor, em dado 
contexto, para transmitir o que deseja. Por isso vale ressaltar que a liberdade do 
emissor nunca será total já que o estilo também vai marcar a versão de um grupo 
social bem como a ideologia que permeia tal grupo, enfatizando assim o discurso. 
Ratificando isso, afirma Koch (1984, p.21-22) que Discurso é considerado como a:
Atividade comunicativa de um locutor, numa situação de comunicação determina-
da, englobando não só o conjunto dos enunciados por ele produzidos, (...), como 
também o evento de sua enunciação. 
Então todo discurso constrói uma representação que age como uma memória 
compartilhada e mais, alimentada pelo próprio discurso. Por isso dizemos que o 
processamento do discurso é estratégico e realizado sempre por sujeitos ativos, 
isto é, implica da parte dos interlocutores, a realização de escolhas significativas 
entre as várias possibilidades que a língua oferece. 
Análise do Discurso
22
Dadas as observações sobre interlocutor e discurso, vale lembrar ainda que o 
texto se rege sob discursos assumidos, dispostos em duas modalidades bem 
conhecidas: oral e escrita. Tanto um quanto o outro assumem particularidades, 
porém, conforme o discurso a ser conduzido, devem obedecer a padrões que o 
grupo social propaga. O texto escrito, no entanto, administra mais o código, ou 
seja, zela por ele, e este zelo também se centra na norma culta quando o discur-
so a exige. Então o texto depende da comunidade representada, do momento, 
da situação e do grau de compreensão do interlocutor ou emissor, para que, evi-
dentemente, seja estruturado de tal forma que resulte na comunicação desejada, 
conforme afirma Garcez (2008, p. 3):
Conhecimentos de natureza diversa são acessados para que o texto tome forma. É 
necessário que o redator utilize simultaneamente seus conhecimentos relativos ao 
assunto que quer tratar, ao gênero adequado, à situação em que o texto é produzi-
do, aos possíveis leitores, à língua e suas possibilidades estilísticas. Portanto, escrever 
não é fácil, e principalmente escrever é incompatível com a preguiça.
Por isso, o texto enquanto veiculador do discurso, no qual nós nos concentrare-
mos nos estudos mais adiante, exige uma dose de paciência e observação, uma 
vez que o texto oral pode em muito ter a participação do ouvinte e as também 
expressões faciais deste, por exemplo, uma vez que tais artifícios já ajudam na 
confirmação ou retificação de uma ideia articulada oralmente. O escrito tem, no 
entanto, suas especificidades e exigências, pois acaba por ser uma comunicação 
a distância, sem apoio do contexto ou de expressões faciais e gestos. 
O texto escrito, por menos formal que seja, exige de nós uma dose mínima 
de sintaxe, vocabulário e até mesmoa organização do discurso e esse lidar cons-
tante com o texto é que nos proporciona um efetivo conhecimento da escrita. 
Se observarmos toda esta exposição, verificamos que tal processo ocorre por 
uma visão mais cuidadosa do meio que nos circunda, incluindo nele, é claro, as 
pessoas, conforme reforça Brandão (2001, p.12):
Eu sou na medida em que interajo com o outro. É o outro que dá a medida do que 
sou. A identidade se constrói nessa relação dinâmica com a alteridade. O texto 
encena, dramatiza essa relação. Nele o sujeito divide o seu espaço com o outro 
porque nenhum discurso provém de um sujeito adâmico que, num gesto inaugural, 
Texto Oral e Escrito
Pós-Graduação | Unicesumar
23
emerge a cada vez que fala/escreve como fonte única do seu dizer. Segundo essa 
perspectiva, o conceito de subjetividade se desloca para um sujeito que se cinde 
porque átomo, partícula de um só corpo histórico-social no qual interage com 
outros discursos, de que se apossa ou diante dos quais se posiciona (ou é posicio-
nado) para construir sua fala.
Assim todas essas ações partem do conhecimento do mundo que passamos a 
ter antes de compor um texto, a partir do contexto e do discurso selecionado. 
Dessa forma, afirmamos que o texto é resultado de nossa leitura sobre aquilo 
que nos diz respeito ou de que necessitamos. Por isso, o texto nasce da nossa 
avaliação dos objetos e pessoas com os quais temos contato frequentemente 
e, a partir disso, montamos os nossos objetos para que evidentemente seja do 
nosso interesse, compreende? Conforme o meio, o texto se veste de um discur-
so para se fazer entender no meio em que efetivamente se faz necessário. Veja 
a situação seguinte. 
discurso é a prática humana de construir 
textos, sejam eles escritos ou orais. Sendo 
assim, todo discurso é uma prática social. 
A análise de um discurso deve, portanto, 
considerar o contexto em que se encontra, 
assim como as personagens e as condições 
de produção do texto. Em um texto narrati-
vo, o autor pode optar por três tipos de dis-
curso: o discurso direto, o discurso indireto 
e o discurso indireto livre. Não necessaria-
mente estes três discursos estão separados, 
eles podem aparecer juntos em um texto. 
Dependerá de quem o produziu.
discurso direto: Neste tipo de discurso as 
personagens ganham voz. É o que ocorre 
normalmente em diálogos.(...) O discurso 
direto reproduz fielmente as falas das per-
sonagens. Verbos como dizer, falar, pergun-
tar, entre outros, servem para que as falas 
das personagens sejam introduzidas e elas 
ganhem vida, como em uma peça teatral. 
discurso indireto: O narrador conta a 
história  e reproduz fala, e reações das 
personagens. É escrito normalmente em 
terceira pessoa.
discurso indireto Livre: O texto é escri-
to em terceira pessoa e o narrador conta a 
história, mas as personagens têm voz pró-
pria, de acordo com a necessidade do autor 
de fazê-lo (...)
FONTE: Celso Cunha in Gramática da Língua Por-
tuguesa, 2ª edição. http://www.infoescola.com/
redacao/tipos-de-discurso/
Análise do Discurso
24
Veja o quadro seguinte e depois acompa-
nhe conosco a nossa forma de analisar os 
estudos até então. 
Considere que a linguagem é a nossa 
tal capacidade de comunicação, a nossa 
ideia o nosso raciocínio. Vamos aproximá
-la do que chamamos de ideia. O contexto 
(meio), no qual se enquadra o discurso 
(caráter da composição produzida). A língua 
e o texto são os instrumentalizadores desta 
linguagem e tudo isso parte de alguém para 
outro alguém. Temos aí seis situações que 
lembram os seis elementos da comunica-
ção: mensagem, referencial, código, canal, 
emissor e receptor. Quando reconhece-
mos esses elementos e a eles associamos as 
funções passamos a ter mais domínio sobre 
a comunicação. Vamos rever tais elemen-
tos com as respectivas funções, segundo 
Medeiros (1992, p.58-59):
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
E FUNÇÕES DA LINGUAGEM
REFERENTE
Função Referencial
MENSAGEM
Função Poética
EMISSOR
Função Expressiva
RECEPTOR
Função Conotativa
CANAL
(Contato)
CÓDIGO
Função Metalinguística
FONTE: MEDEIROS, João Bosco. Comunicação escrita: a moderna 
prática da redação. 2 ed. São Paulo: Atlas,1992, p.58-59
Agora você pode estar diante da seguinte 
pergunta: mas o que são tais funções em 
si? Elas são o conjunto das finalidades da 
comunicação e de posse de tal conheci-
mento, podemos construir a fala e a escrita 
pelas marcas pertinentes. No caso da fala, 
por exemplo, a entoação, e da escrita, a 
pontuação. Vamos a um exemplo para 
que essa teoria assuma um caminho mais 
preciso.
Pós-Graduação | Unicesumar
25
Imaginemos uma pessoa que vai viajar. Ela, 
no primeiro momento da comunicação, é 
o emissor e o que ela expressa é parte de si 
mesma, ou seja, a emotividade. Então, a pessoa 
em evidência vai a uma agência de viagem 
e escolhe o roteiro do próprio gosto, com 
os lugares que lhe causarão alegria, prazer, 
emoção. Mas esta pessoa precisa deixar isso 
claro para o agente de viagem (o qual no 
primeiro momento, é o receptor, e a função 
a ele pertinente é a apelativa ou conativa). 
Para que o receptor entenda o emissor, este 
seleciona um canal pelo qual vai conduzir o 
que deseja. O canal seria uma voz agradável, 
com tom mavioso e educado, por exemplo. 
Ora, fez-se assim o primeiro contato por 
meio da fala, seguido de expressões de boa 
educação, como um cumprimento amável, 
um elogio ao meio e outros mais elogios. 
Temos então, neste momento, duas funções 
ativas: a do canal, que é fática, e a que visa 
ao receptor, conforme já mencionamos, e a 
conativa ou apelativa, um formato discursivo 
assumido por meio dos elogios, do cumpri-
mento, dos pedidos de, ”por favor”. Estas duas 
funções nos fazem efetivamente reconhecer 
o código utilizado, no caso do Brasil, a Língua 
Portuguesa, sob uma coloquialidade cordial, 
razoavelmente culta, uma vez que o domínio 
da língua muitas vezes já permite contextu-
alizar a pessoa, facilitando ao receptor o que 
oferecer ao emissor e como fazê-lo.
Chegamos assim ao contexto geral: 
agência de viagem, com belos pacotes. O 
emissor, querendo algo que lhe agrade; o re-
ceptor, o qual proporcionará a viagem dos 
sonhos ao emissor. Daí resulta o esperado 
entre ambos, a ideia comum, a efetivação da 
venda e da compra do produto em questão. 
Essa efetivação é o tema, ou seja, foi captada a 
ideia do emissor e assim chegamos à função 
poética, aquela do plano das imagens que o 
emissor passa a ter da viagem, com muitas 
figuras de linguagem, como metáforas, me-
tonímias, sinestesia, hipérboles, eufemismo 
Realmente, um sonho de viagem! 
Então, o que percebeu? Houve uma co-
munhão emissor – receptor e o esquema da 
comunicação se fez presente semelhante a 
um circuito fechado, em que emissor vira 
receptor e receptor emissor à medida que 
as ideias vão se expandindo no contexto, 
por meio do referencial e código adequados. 
Ocorre a comunicação e vai tudo muito bem! 
O cliente sai feliz, o colaborador também 
e a viagem tende a acontecer! Em outras 
palavras, emissor vira receptor, receptor vira 
emissor; o canal de um se torna o do outro, 
o código também, tudo em um mesmo con-
texto para que se chegue possivelmente à 
mesma ideia. Esta, valendo lembrar aqui, que 
nunca será igual, pela própria natureza abs-
trata a que pertence, mas poderá chegar 
próximo do que o emissor tem em mente e 
assim acontecendo, haverá a comunicação, 
porque a ideia se tornou comum e dela nasce 
um produto. E daí começa tudo de novo!
Bem, as funções da linguagem e os ele-
mentos da comunicação nos fazem lembrar 
muito bem aquela expressão é dandoque se 
recebe. Em outras palavras, o que você faz, 
como faz, onde faz, para quem faz, volta para 
Análise do Discurso
26
você, porque você transformou a sua ideia. 
Filosófico ou não, é bem por aí que vai a co-
municação ou o tornar comum. 
Fixando de forma sucinta, temos: o 
emissor manifesta as suas emoções a partir 
da seleção adequada do canal, pelo qual 
mantém o contato com o receptor, a fim 
de que este tenha uma reação ao que lhe 
foi proposto. Isso só ocorre, se o código se-
lecionado é pertinente ao receptor e se o 
referencial ou a informação pertence ao 
contexto do receptor, pois, só assim, o que 
o emissor quer transmitir chegará o mais 
próximo possível do que o receptor conse-
guiu perceber. Atingimos então a chamada 
ideia, cujo campo é o da abstração, prova 
maior de que ocorreu a comunicação.
Se você analisar com mais atenção ainda, 
todo o processo da comunicação se preo-
cupa em fazer com que o receptor chegue 
o mais próximo possível do que o emissor 
tem em mente. Desse modo, não nos equi-
vocamos em dizer que a responsabilidade 
maior da comunicação está no emissor, 
em quem tudo começa e a quem cabem 
muitas responsabilidades na arte de se fazer 
compreender. Evidentemente, vale lembrar, 
que o emissor não o é sempre na comuni-
cação. Trata-se de um processo complexo, 
mutante e progressivo. Se em um determi-
nado momento o emissor o é, uma fração de 
segundos o transforma em receptor e assim 
se formam os sistemas de comunicação, va-
riando-se os elementos, permutando-os e 
ampliando-os. Com isso teremos uma relação 
infinita de ideias que se encontram, reen-
contram e desenvolvem-se. Daí, caro leitor, a 
comunicação ser ativa, pois parte do emissor, 
passiva, quando falamos do receptor e reflexi-
va quando a ideia de um vai ao outro e volta 
para o primeiro como resultado do proces-
so de se comunicar.
o ruído na ComuniCação e 
as reLações humanas
Marcos Gross*
Na infância costumávamos brincar de 
“telefone sem fio”. André mandava uma 
mensagem para Carla, que a reenviava para 
Marcelo, que a repassava para Roberta. No 
final do processo a mensagem inicial era al-
terada e terminava com o conteúdo original 
completamente deformado. Às vezes, isso 
acontecia porque repassávamos somente 
aquilo que compreendíamos; em outras 
ocasiões, “aumentávamos um ponto” da 
mensagem – de propósito – para distorcer 
a comunicação original. O resultado final 
era muita confusão.
Hoje não vejo mais como brincadeira. No 
mundo dos adultos, o ruído de comunicação 
está vivo e prejudica as relações pessoais e 
profissionais através de comunicação falada 
e escrita mal elaborada. Ele afeta os resulta-
dos das organizações e a qualidade de vida 
dos funcionários, consumindo energia dos 
colaboradores e causando prejuízo de mi-
lhões de dólares nos processos de trabalho e 
gestão de equipes. Se os ruídos representam 
confusão, é melhor encontramos antídotos 
eficazes para neutralizar sua presença nas 
organizações e mantermos as informações 
fluindo com lógica e coerência. (...)
http://www.dicasprofissionais.com.br/o-ruido-na-
comunicacao-afeta-as-relacoes-humanas> acesso 
em: 30 de ago. de 2014.
Pós-Graduação | Unicesumar
27
Portanto, na interação emissor/receptor, 
há um percurso a ser bem medido, calculado 
e direcionado. A comunicação não apresen-
ta em si grau de importância. Ela ocorre, sim, 
por necessidade humana e resulta naquilo 
que mantém a humanidade conectada em 
si. Tal conexão não se dá por meros meca-
nismos e interação, mas sim por organização 
do pensamento e manutenção dele pela di-
nâmica da sua propagação de tal forma que 
não assuma um processo de destruição da 
ideia que a moveu. Mantém-se, assim a men-
sagem inicial, por percursos selecionados 
para que ela chegue ao destino desejado, 
sem, portanto, deformidade ou variação que 
a impeçam de ser um elemento de cresci-
mento e enriquecimento humano. 
 A partir de todas as correlações por nós 
evidenciadas, a começar pelo conceito de 
comunicação até as funções dela, devemos 
nos lembrar de que todas as vezes que, 
por exemplo, formos escrever um texto, 
deveremos pensar primeiro nos leitores 
aos quais dirigiremos tal texto. Devemos 
também, como bons emissores, chegar a 
uma imagem criteriosa a qual mais pro-
ximamente define o perfil dos leitores 
(interlocutores em si) e depois começarmos 
a selecionar argumentos e optar, informa-
ções, dados, fatos que os sustentem bem 
como que atenderão com mais eficácia à 
finalidade do texto. Então, ousamos afirmar 
que não é possível escrever bons textos 
ou até mesmo fazer uso de um texto oral 
bem construído sem controlar muito bem 
os aspectos da comunicação por nós apre-
sentados nesta primeira parte dos nossos 
estudos.
Análise do Discurso
28
considerações finais
Os estudos desta unidade tenderam a enfati-
zar que o reconhecimento de elementos, como 
contexto, recursos discursivos e linguísticos 
utilizados para atingir o receptor constituem 
a chave da comunicação. O conjunto (língua, 
contexto, discurso, interlocutor, adaptação do 
código permite a base estável para a manifes-
tação de uma fala pertinente bem como uma 
escrita construída a partir de adequações ne-
cessárias à transmissão de ideias).
 A observação meticulosa de tais recursos 
vai facilitar a veiculação do conhecimento 
como fonte de registro e perpetuação da 
ideias, sustentando o caráter social a que a lin-
guagem se propõe. A comunicação depende, 
portanto, do entrosamento dos elementos 
aqui citados bem como da habilidade do 
emissor em fazer uso deles em um discur-
so modulado na atribuição de significados. 
Queremos também enfatizar a necessi-
dade do acesso ao material complementar 
sugerido. A indicação do filme “O Sexto 
Sentido”, por exemplo, nos permite perceber 
o quanto a relação discursiva do texto com 
o contexto, adotados pelo filme, vai tecendo 
a igualdade das personagens e a identifica-
ção entre elas, dadas as relações intrínsecas 
da linguagem estabelecidas pelas persona-
gens, em um meio conturbado o qual não 
se preocupa com o fato em si, somente com 
as relações desgastadas e superficiais. 
Do mesmo modo, com o livro “ O Menino 
do Pijama Listrado”, fixamos a importância 
do entrosamento emissor e receptor pelo 
discurso comum às duas crianças, uma vez 
que, apesar do contexto conturbado em que 
as personagens Bruno e Shmuel se encon-
tram, ambas passam a dominar a mesma 
língua: a da amizade e a da inocência. Vale 
a pena, portanto, investir no filme e no livro 
para enriquecermos nossos estudos deste 
primeiro momento do nosso trabalho, pois 
assim veremos que conseguimos nos co-
municar, à medida que temos o mesmo 
propósito: estar em contato com o outro 
sempre, já que acreditamos que situações 
de comunicação coadjuvantes deste propó-
sito acontecerão também para o resultado 
esperado: ser entendido, compreendido e 
interpretado. Vamos adiante! 
Pós-Graduação | Unicesumar
29
1. Com base no anúncio seguinte, reescreva-o de dois modos: 
1. O primeiro, em que você deixará claro que prestará os serviços aponta-
dos na placa;
2. O segundo, em que você necessitará de que alguém lhe preste tais ser-
viços. Lembre-se de que a comunicação tem de ser clara, eficaz e a mais 
exata possível do que você necessita.
 Fonte: <http://www.placaserradas.com.br/images/211.jpg>. Acesso em: 28 jul. 2014.
2. Leia o texto seguinte:
Parada cardíaca
Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.
Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,sentir é muito lento.
(Paulo Leminski)
 Pode-se afirmar que:
I. O texto apresenta a função emotiva;
II. Há presença da denotação ou função referencial, pelo uso da hipérbo-
le “não tem ninguém que segure”;
III. O texto se dirige ao interlocutor pela presença marcante da primeira 
pessoa.
 Então: 
a. Somente a I está correta.
b. Somente a II está correta.
c. Somente a III está correta.
d. Somente a I e a II estão corretas
e. Somente a II e a III estão corretas.
atividades de autoestudo
Análise do Discurso
30
Filme
O Sexto Sentido
Diretor: Manoj Nelliattu Shyamalan
Ano: 1999
Sinopse: O psicólogo infantil Malcolm Crowe (Bruce Willis) abraça com dedicação o caso 
de Cole Sear (Haley Joel Osment). O garoto, de 8 anos, tem dificuldades de entrosamen-
to no colégio e vive paralisado de medo. Malcolm, por sua vez, busca se recuperar de 
um trauma sofrido anos antes, quando um de seus pacientes se suicidou na sua frente.
Livro 
Título: O Menino do Pijama Listrado
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final 
contra os judeus. Também não faz ideia que seu país está em guerra com boa parte da 
Europa, e muito menos que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno 
sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e a 
mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada 
para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e para além dela centenas de 
pessoas de pijama, que sempre o deixam com frio na barriga.
Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca 
que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se in-
tensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de 
seu pai. O menino do pijama listrado é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, 
e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e 
inimaginável.
filme
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origem e histÓria da Linguagem
Artigo por Levi Vargas Júnior - sábado, 2 de março de 2013
Há necessidade de comunicação entre os seres humanos. Há várias teorias que procu-
ram explicar a origem e a história da linguagem humana. Não é fácil, porém, determinar 
com certeza a origem da linguagem.
As primeiras tentativas de explicação da origem da linguagem são de natureza religio-
sa, incluindo o relato da Torre de Babel. Na verdade, quase todas as sociedades antigas 
se valem de uma narrativa mítica para explicar a origem da linguagem ou a diversidade 
das línguas. Encontramos também explicações provenientes da filosofia, como veremos 
a seguir:
O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) supôs que a linguagem humana teria 
evoluído gradualmente, a partir da necessidade de exprimir os sentimentos, até formas 
mais complexas e abstratas. Para Rousseau, a primeira linguagem do homem foi o “grito 
da natureza”, que era usado pelos primeiros homens para implorar socorro no perigo ou 
como alívio de dores violentas, mas não era de uso comum. (SILVA, 2007)
A linguagem propriamente dita só teria começado “quando as ideias dos homens come-
çaram a estender-se e a multiplicar-se, e se estabeleceu entre eles uma comunicação mais 
íntima, procuraram sinais mais numerosos e uma língua mais extensa; multiplicaram as infle-
xões de voz e juntaram-lhes gestos que, por sua natureza, são mais expressivos e cujo sentido 
depende menos de uma determinação anterior”. (ROUSSEAU, 1989, p. 35).
Para outros pensadores, o gestual é anterior à linguagem falada. Com a necessidade de 
uma comunicação mais elaborada, a linguagem do gestual vai evoluindo para uma lin-
guagem mais sofisticada.
Nesse processo, a comunicação se torna possível pelo fato de os indivíduos adotarem o 
mesmo significado para um gesto evocando uma vivência anterior do próprio indivíduo. 
Segundo Mead (1967), quando o gesto chega a essa situação, converte-se no que chama-
mos de “linguagem”, ou seja, um símbolo significante que representa certo significado. Com o 
passar do tempo, esse conjunto de gestos significantes dá lugar a formas mais elaboradas de 
linguagem, compondo um universo de discurso. Nesse estágio, o sentido já não é articulado 
apenas tendo por base a interiorização das expectativas de ação do outro. Há uma sofisticação 
da comunicação, que se torna possível pelo fato de os indivíduos adotarem o mesmo signifi-
cado para o objeto dentro deste universo de discurso. (SILVA, 2007; cf. MEAD, 1967, p. 13-16).
Alguns cientistas observam que o uso dos gestos está muito relacionado com as práticas 
de comunicação humana. Os gestos até mesmo nos ajudariam a desenvolver melhor o 
pensamento. Essas observações apontariam para a possibilidade de os gestos estarem 
na base da linguagem humana.
Experiências feitas com chimpanzés fortaleceriam a hipótese de que os gestos ancestrais 
em determinados macacos poderiam fornecer uma base simbólica para a linguagem 
humana.
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado. http://www.
portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/36682/origem-e-historia-da-linguagem#ixzz3DG6Bx0Zi> 
acesso em: 12 de set. de 2014.
Gestão de Negócios
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relato de 
caso
Em uma aula de redação, em um cursinho pré-vestibular, foi apresentada 
pela professora da disciplina uma proposta de composição de dissertação 
em até 30 linhas sob a seguinte temática: “O segredo do sucesso e os cami-
nhos para chegar a ele”. 
Na época, um aluno muito estudioso compôs a redação, mas dado o número 
intenso de redações para corrigir, a professora passava o corretor gramati-
cal no texto, por meio do uso da caneta vermelha, a sinalizar as principais 
falhas quanto à norma bem como escrevia algumas palavras-chave no que 
referia ao conteúdo do texto. Na redação do aluno mencionado, a professo-
ra escreveu apenas a palavra “prolixo”. O aluno, por sua vez, a cada entrada 
da professora em sala, retirava-se. 
Em uma destas saídas rápidas do aluno, a professora resolveu perguntar-
lhe por que ele não mais assistia às aulas de redação. Ele, de forma muito 
áspera, respondeu que perdera a vontade em virtude do que a professo-
ra havia escrito no texto dele. Ela, não se lembrando efetivamente do que 
havia escrito, uma vez que eram muitos textos, pediu-lhe que, se possível, 
trouxesse o texto para que pudessem conversar sobre o ocorrido e, quem 
sabe, entrar em uma acordo e o aluno pudesse voltar às aulas. Assim ele re-
solveu fazer. 
Ao chegar à professora com o texto em mão, mostrou-o a ela e esta, com 
muito cuidado, pediu que ele lesse o que ela escrevera quanto ao conteúdo. 
Ele então leu “prolixo” como se fosse” pro lixo”, ou seja, ele entendeu a que a 
professora pediu que jogasse a redação no lixo. Ela, percebendo que escre-
vera uma palavra não pertencente ao contexto do aluno, com muito zelo, 
disse que ali estava escrito “prolixo”, com o X com som de KS, e explicou que 
aquela palavra significava” muitas informações que fugiam ao ponto princi-
pal”. O aluno percebeu o equívoco cometido e pediu desculpas à professora 
e ela também o fez ao aluno. Os dois chegaram à seguinte conclusão: não 
conseguiram se comunicar porque ela havia usado um vocábulo muito di-
ferente do contexto dele, e este, tão obcecado por julgar ter feito um bom 
texto, não conseguiu enxergar que o que entendera deveria ser escrito de 
forma, no mínimo, separada: “pro lixo”. Trata-se de uma fato que marca muitos 
mal-entendidos decorrentes do uso inadequado do código do receptor. Mas 
este caso, no entanto, teve um final feliz porque os dois cederam à língua 
para chegar a um entendimento. 
O caso é verídico e foi vivenciado pela autora.

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