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Execucao e Recursos PGE PGM

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Nota da Redação: 
 
O presente trabalho foi organizado pela equipe do Portal “Estudando Direito”, tendo por 
objetivo a seleção de temas atuais e importantes para concursos de Procuradorias. Nosso 
intuito não foi o de esgotar o conteúdo da disciplina, mas tão somente de selecionar potenciais 
assuntos para provas futuras, sendo indispensável que o aluno complemente o estudo com 
uma doutrina ou com suas anotações pessoais sobre os fundamentos da matéria. 
 
O material foi organizado na forma de resumo, com o intuito de condensar o conteúdo e 
otimizar o estudo. Por isso, serão comuns expressões abreviadas e coloquiais. 
 
Abraços e bons estudos! 
 
 
CAPÍTULO 1 – TEMAS SOBRE RECURSOS 
 
 
1.1 – Reexame Necessário 
Em que consiste o reexame necessário? 
 
O reexame necessário consiste em uma prerrogativa processual da fazenda pública prevista no 
art. 475 do CPC, o qual traz um rol de sentenças contrárias ao poder público que estão sujeitas 
a uma reapreciação obrigatória pelo tribunal, independente da interposição de recurso de 
Apelação: 
 
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de 
confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) 
 
I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias 
e fundações de direito público; 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da 
Fazenda Pública (art. 585, VI). 
 
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou 
não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. 
§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, 
for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de 
procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. 
§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em 
jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do 
tribunal superior competente. 
 
Perceba que o §2º do referido artigo traz uma limitação quantitativa à exigência do reexame 
necessário. Assim, só será aplicável a remessa obrigatória às condenações superiores a 60 
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salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução 
de dívida ativa de mesmo valor. 
 
Nessas hipóteses, a sentença não produz efeitos senão depois de confirmada pelo tribunal. Em 
outras palavras, o reexame necessário condiciona a eficácia da sentença à sua reapreciação 
pelo tribunal ao qual está vinculado o juiz que a proferiu. 
 
 
Qual a natureza jurídica do reexame necessário? 
 
Atualmente, a doutrina e a jurisprudência entendem quase que pacificamente pela natureza 
de CONDIÇÃO DE EFICÁCIA DA SENTENÇA. 
 
O reexame necessário condiciona a eficácia da sentença à sua reapreciação pelo tribunal ao 
qual está vinculado o juiz que a proferiu. Enquanto não for procedida a reanálise da sentença, 
esta não transita em julgado, não produzindo seus regulares efeitos. 
 
Sendo assim, encontra-se superada a clássica posição sustentada por Araken de Assis, segundo 
o qual o reexame necessário poderia ser entendido como um “recurso de ofício”. 
Tal natureza recursal não pode ser aceita em virtude do princípio da taxatividade, sendo certo 
que a legislação não prevê o reexame necessário como recurso. Ademais, o reexame 
necessário não atende ao princípio da voluntariedade, o qual exige que o recurso seja 
interposto através de provocação espontânea de um dos legitimados previstos em lei. 
 
 
Estão sujeitas ao reexame necessário as sentenças proferidas contra empresas públicas e 
sociedades de economia mista? 
 
NÃO. O art. 475 é claro ao se referir à sentença proferida contra a União, o Estado, o Distrito 
Federal, o Município e suas respectivas autarquias e fundações de direito público. 
 
Sendo assim, uma vez que as empresas públicas e sociedades de econômica mista são pessoas 
jurídicas de direito PRIVADO, não se encaixando no conceito de fazenda pública, as sentenças 
a elas contrárias não se sujeitam ao reexame necessário. 
 
 
A exigência do reexame necessário alcança as decisões interlocutórias? 
 
NÃO. A exigência do reexame necessário alcança apenas as sentenças, não atingindo as 
decisões interlocutórias proferidas contra as pessoas jurídicas de direito público. Nesse sentido 
é a jurisprudência do STJ: 
 
“A decisão que antecipa os efeitos da tutela proferida no curso do processo tem natureza de 
interlocutória, não lhe cabendo aplicar o art. 475 do CPC, o qual se dirige a dar condição de 
eficácia às sentenças proferidas contra a Fazenda Pública, quando terminativas com apreciação 
do mérito (art. 269 do CPC).” (Acórdão unânime da 6ª Turma do STJ, REsp 659.200/DF, rel. Min. 
Hélio Quaglia Barbosa, j. 21/9/2004, DJ de 11/10/2004, p. 384) 
 
 
 
 
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Aplica-se o reexame necessário à sentença que julga reconvenção ou ação declaratória 
contrariamente à fazenda pública? 
 
SIM. Se a reconvenção ou a ação declaratória incidental forem julgadas contrariamente à 
Fazenda Pública estarão igualmente sujeitas ao reexame necessário. Nesse sentido, convém 
transcrever as lições de Leonardo Carneiro: 
 
“A circunstância de estarem inseridas num processo principal não retira delas a natureza de 
ação. Mesmo porque poderiam, perfeitamente, constituir ação autônoma. Devendo, em nosso 
entender ser a respectiva sentença, na parte em que prejudica aquelas pessoas de direito 
público, submetida ao juízo ad quem, não produzindo, nesta parte, efeito algum senão depois de 
reapreciada pelo Tribunal.” 
 
 
O reexame alcança as sentenças terminativas? 
 
NÃO. Em que pese a existência de tese contrária (defendida, por exemplo, por Cândido 
Dinamarco), o STJ entende que as sentenças de extinção do processo SEM julgamento de 
mérito (art. 267 do CPC), NÃO são atingidas pela remessa necessária. Assim, o reexame 
necessário só se aplica às sentenças definitivas, e não às terminativas. 
 
“RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. ART. 475 DO CPC. 
INAPLICABILIDADE ÀS SENTENÇAS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. 
PROCEDENTES. 
É cediço o entendimento de que a exigência do duplo grau de jurisdição obrigatório, prevista 
no artigo 475 do Código Buzaid, somente se aplica às sentenças de mérito. Consoante lição dos 
ilustres processualistas Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, ‘as sentenças de 
extinção do processo sem julgamento de mérito (CPC 267), bem como todas as decisões 
provisórias, não definitivas, como é o caso das liminares e das tutelas antecipadas, não são 
atingidas pela remessa necessária. (...). Apenas as sentenças de mérito, desde que subsumíveis 
às hipóteses do CPC 475, é que somente produzem efeitos depois de reexaminadas pelo tribunal’ 
(in ‘Código de Processo Civil Comentado e Legislação Processual Civil em Vigor’. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2002, p. 780, nota n. 3 ao artigo 475 do CPC). Nesse diapasão, a colenda 
Sexta Turma desta egrégia Corte Superior de Justiça, em recente julgado, asseverou que o artigo 
475 do Código de Processo Civil ‘se dirige a dar condição de eficácia às sentenças proferidas 
contra a Fazenda Pública, quando terminativas com apreciação do mérito (art. 269 do CPC).’ 
(REsp 659.200/DF, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 11.10.2004. No mesmo sentido, confira-
se: REsp 424.863/RS, da relatoria deste Magistrado, DJ 15.09.2003) 
Recurso especial improvido.” (Acórdão unânime da 2ª Turma do STJ, REsp 688.931/PB, rel. Min. 
Franciulli Netto, j. 14/12/2004, DJ de 25/4/2005,p. 324) 
 
 
PROCESSUAL CIVIL. REEXAME NECESSÁRIO. ART. 475 DO CPC. SENTENÇA QUE EXTINGUE O 
PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. INAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. 
1. Não está sujeita ao reexame necessário (art. 475 do CPC) a sentença que extingue o 
processo sem julgamento de mérito. Precedentes: REsp 640.651/RJ, Min. Castro Meira, 2ª 
Turma, DJ 07.11.2005; REsp 688.931/PB, Min. Franciulli Netto, 2ª Turma, DJ 25.04.2005) 
 
 
Admite-se a “reformatio in pejus” em reexame necessário? 
 
NÃO. Assim como ocorre no recurso de apelação, não se admite a reforma da sentença em 
reexame necessário no sentido de agravar a condenação da fazenda. Assim, se a fazenda foi 
condenada a pagar, por exemplo, 100 mil reais, não poderia o tribunal, em sede reexame 
necessário, impor uma condenação de R$200 mil. 
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STJ, Súmula nº 45: No reexame necessário, é defeso, ao tribunal, agravar a condenação imposta 
à Fazenda Publica. 
 
 
Aplica-se ao reexame necessário a sistemática do art. 557 do CPC (possibilidade de 
julgamento monocrático pelo relator)? 
 
SIM. Ao reexame necessário também se aplica o art. 557 do CPC, podendo o relator, em 
decisão monocrática, negar ou dar provimento à remessa nas hipóteses previstas no referido 
artigo. Nesse sentido, há entendimento sumulado do STJ: 
 
STJ, Súmula 253: O art. 557 do CPC, que autoriza o relator a decidir o recurso, alcança o reexame 
necessário. 
 
 
Admite-se a interposição de embargos infringentes da decisão por maioria do tribunal em 
reexame necessário? 
 
De acordo com o STJ, NÃO. 
NÃO cabem embargos infringentes de acórdão que, por maioria de votos, dá provimento ao 
reexame necessário. Nesse sentido: 
 
STJ, Súmula 390: “Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargos 
infringentes” 
 
 
É admissível recurso extraordinário ou especial interposto pela Fazenda contra o acórdão 
proferido em reexame necessário, ainda que aquela tenha deixado de apelar da sentença? 
 
Imagine a seguinte situação: a fazenda pública é condenada em 1º grau e a sentença é 
submetida ao reexame necessário, sendo reapreciada pelo tribunal sem que a fazenda tenha 
interposto recurso de apelação. Caso venha a perder também no tribunal, em última instância, 
seria possível a interposição de recurso extraordinário ou recurso especial dessa decisão? 
 
Antigamente, o STJ entendia que não, argumentando que teria havido preclusão lógica: não 
tendo a fazenda publica se irresignado contra a sentença através do recurso de apelação, 
eventual recurso especial ou extraordinário em face do acórdão do tribunal que confirmou a 
sentença revelaria uma conduta contraditória. 
 
No entanto, a corte especial do STJ acabou pacificando o entendimento de que NÃO há que se 
falar em preclusão lógica no caso, tendo em vista que não se vislumbra aquiescência tácita 
quando a Fazenda Pública deixa de interpor recurso de apelação. Isso porque se trata de um 
ato omissivo da fazenda, sendo certo que a preclusão lógica pressupõe a prática de ato 
inequivocamente incompatível com a vontade de recorrer (é o caso, por exemplo, do réu 
sucumbente que paga a dívida materializada na sentença). 
 
Nesse sentido, destaca-se o seguinte precedente: 
 
“PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - REEXAME NECESSÁRIO – AUSÊNCIA DE 
APELAÇÃO DO ENTE PÚBLICO – PRECLUSÃO LÓGICA AFASTADA – CABIMENTO DO RECURSO 
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ESPECIAL. 1. A Corte Especial, no julgamento do REsp 905.771/CE (rel. Min. Teori Zavascki, 
julgado em 29/06/2010, acórdão pendente de publicação), afastou a tese da preclusão lógica e 
adotou o entendimento de que a Fazenda Pública, ainda que não tenha apresentado recurso de 
apelação contra a sentença que lhe foi desfavorável, pode interpor recurso especial. 2. Embargos 
de divergência conhecidos e providos.” (grifou-se) (STJ. Corte Especial. ERESP 201000652941. 
Relatora: Min. Eliana Calmon. DJE DATA:08/11/2010) 
 
O Supremo Tribunal Federal também possui jurisprudência no mesmo sentido: 
 
CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
ANISTIA. MILITAR. PROMOÇÃO. ART. 8º ADCT/88. REMESSA NECESSÁRIA. AUSÊNCIA DE 
PRECLUSÃO. 1. Não há que falar em preclusão porquanto o recurso de ofício devolve à instância 
superior o conhecimento integral da causa, impedindo a preclusão do que decidido na sentença. 
Precedentes. 2. Recurso extraordinário provido com fundamento em entendimento do Plenário 
da Suprema Corte: RE 165.438/DF, rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 23.08.2002. 3. Agravo 
regimental improvido.” (STF. RE 540508 AgR – RJ. 2ª Turma. Relatora: Min. Ellen Gracie. DJE 
data: 22/11/2008). 
 
 
Desse modo, ainda que não haja a interposição do recurso de apelação pela fazenda pública, é 
sim possível a interposição de recurso especial ou recurso extraordinário da decisão do 
tribunal que confirma a sentença em reexame necessário, desde que preenchidos os requisitos 
específicos de admissibilidade e cabimento desses recursos. 
 
 
1.2 – Efeitos dos Recursos 
 
 
A doutrina costuma citar uma série de outros efeitos produzidos pelos recursos. Vejamos 
separadamente: 
 
1 – Efeito Obstativo: O recurso impede o trânsito em julgado da decisão recorrida. É um efeito 
de todo e qualquer recurso. 
 
2 – Efeito Regressivo: É a possibilidade de juízo de retratação pelo juiz. É um efeito 
excepcional, que em regra não é aplicável, já que o art. 463 do CPC diz que publicada a 
sentença o juiz só poderá alterá-la em caso de erro material ou em caso de interposição de 
embargos de declaração. Na apelação, em regra, não há efeito regressivo. No entanto, o 
ordenamento jurídico prevê 3 exceções: 
 -> Art. 296 do CPC: apelação contra sentença que indefere a inicial (48 horas para se 
retratar) 
 -> Art. 198 do ECA: na apelação (ECA), possibilidade de retratação, no prazo de 5 dias. 
 -> Art. 285-A, §1º: apelação contra sentença que julga improcedente o pedido 
liminarmente (possibilidade de retratação também em 5 dias). 
 
3 - Efeito substitutivo (art. 512 do CPC): a decisão proferida em sede de recurso substitui a 
decisão recorrida. O acórdão do tribunal, por exemplo, substitui a sentença. Isso tem 
importância principalmente para fins de ação rescisória, pois em virtude desse efeito é o 
acórdão que deve ser objeto da rescisão, e não a sentença substituída. 
 
4 – Efeito devolutivo: é o efeito segundo o qual toda a matéria recorrida é submetida à 
apreciação de outro órgão do poder judiciário. É comum a quase todos os recursos, com 
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exceção dos embargos de declaração e dos embargos infringentes de alçada (cabíveis contra 
sentença proferida em execução fiscal com valor de até 50 OTN; não se confundem com os 
embargos infringentes do CPC). 
 
Esse efeito pode ser dividido em 2 espécies: 
- Efeito devolutivo horizontal (no plano da extensão) 
- Efeito devolutivo vertical (no plano da profundidade) 
 
No plano da extensão, devolvem-se ao tribunal os PEDIDOS formulados pelo autor. 
No plano da profundidade, devolvem-se ao tribunal os ARGUMENTOS das partes sobre esses 
pedidos. 
 
Exemplo: Ação pleiteando dano moral e dano material. 
São 2 pedidos (dano material e dano moral). 
Cada um desses pedidos tem seus argumentos (Ex: dano material -> responsabilidade civil 
subjetiva alegada pelo autor e culpa exclusiva da vítima alegada pelo réu) 
 
No plano da extensão, devolvem-se os pedidos (dano moral e dano material) 
No plano da profundidade, devolvem-se os argumentos (responsabilidade civil subjetiva e 
culpa exclusiva da vítima). 
 
E qual a importância dessa subdivisão? 
No plano da extensão quem define quais os pedidos que serão devolvidos ao tribunal é o 
APELANTE. 
Se elerecorrer do dano moral e do dano material, o tribunal aprecia os 2. Mas se ele recorrer 
só do dano material, o tribunal não pode apreciar o dano moral. 
 
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. 
 
Assim, o tribunal só pode conhecer do que está na apelação (o que foi impugnado). É o famoso 
princípio do “tantum devolutum quantum apelatum”: só se devolve ao tribunal o que está 
impugnado na apelação. 
 
Mas esse princípio só vale para o efeito devolutivo HORIZONTAL (plano da extensão). 
No efeito devolutivo VERTICAL (plano da profundidade), a regra é diferente: quem define os 
argumentos que serão devolvidos é a própria LEI, e não o autor. 
E a LEI diz que todos os argumentos são devolvidos ao tribunal. 
 
Art 515, § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as 
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha 
julgado por inteiro. 
 
Por isso é tão importante distinguir o efeito devolutivo horizontal do vertical, para não 
confundir a regra do caput do art. 515 com a regra do §1º. 
 
No exemplo mencionado, ainda que só se recorra do pedido de dano material, os argumentos 
são devolvidos por inteiro (responsabilidade civil subjetiva e culpa exclusiva da vítima). 
Todos os argumentos suscitados para o pedido são devolvidos ao tribunal, ainda que não 
tratados na sentença ou na apelação. 
 
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Observação: Alguns autores chamam o efeito devolutivo vertical de EFEITO TRANSLATIVO DO 
RECURSO. 
 
5 – Efeito suspensivo: os efeitos da sentença ficam suspensos até que ela transite em julgado. 
É a regra no recurso de apelação, segundo o caput do art. 520. No entanto, este mesmo 
dispositivo já traz as exceções, dispondo 6 incisos situações em que o efeito suspensivo não 
será aplicado como regra. Vejamos: 
 
CPC, Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no 
entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: 
I - homologar a divisão ou a demarcação 
II - condenar à prestação de alimentos; 
III - Revogado 
IV - decidir o processo cautelar; 
V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; 
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. 
VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; 
 
Entretanto, o relator, em alguns casos, pode atribuir ao recurso de apelação o efeito 
suspensivo que a lei não deu como regra. Para isso, são necessários 2 requisitos: 
- Possibilidade de causar ao devedor da execução provisória grave lesão. 
- Relevantes fundamentos para se reverter a sentença. 
 
CPC, Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil, 
adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em 
outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo 
relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o 
pronunciamento definitivo da turma ou câmara. 
 
Quanto aos recursos especiais e extraordinários, a sistemática é diferente: o efeito suspensivo 
não é aplicável como regra, somente se admitindo em casos excepcionais. 
 
CPC, Art 542, § 2o Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito 
devolutivo. 
 
 
Sobre o tema, veja a jurisprudência do STF: 
 
RECURSO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CARÁTER INFRINGENTE. EMBARGOS 
RECEBIDOS COMO AGRAVO. AÇÃO CAUTELAR MANEJADA PARA ATRIBUIÇÃO DE 
EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE 
JURÍDICA DA PRETENSÃO. QUESTÃO INFRACONSTITUCIONAL. MEDIDA LIMINAR 
INDEFERIDA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. A atribuição de efeito suspensivo 
a recurso extraordinário é medida extrema que deve ser concedida em situações 
excepcionalíssimas, sob pena de tornar inócuo o disposto no § 2º do art. 542 do CPC. 
(STF - AC: 3138 SC , Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 22/05/2012, 
Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-109 DIVULG 04-06-2012 PUBLIC 05-06-2012) 
 
Nesses casos, admite-se a propositura de uma cautelar atípica, voltada especificamente a 
conferir efeito suspensivo ao recurso extraordinário e ao recurso especial. O tribunal 
competente para julgar essa cautelar irá depender do fato de ter havido ou não o exame de 
admissibilidade do recurso pelo tribunal de origem. Sobre o tema confira as súmulas 634 e 634 
do STF, sempre muito cobradas em provas: 
 
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STF, Súmula 634: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar 
efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na 
origem. 
 
STF, Súmula 635: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar 
em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade. 
 
 
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. MEDIDA CAUTELAR. CONCESSÃO DE EFEITO 
SUSPENSIVO A RECURSO PENDENTE DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. SÚMULAS N.º 634 E 635 DO 
STF. 1. Compete ao Tribunal de origem à apreciação de pedido de efeito suspensivo a recurso 
especial pendente de admissibilidade. Incidência dos verbetes sumulares n.ºs 634 e 635 do STF. 
(...) 3. Agravo regimental desprovido. 
(STJ - AgRg na MC: 10248 SP 2005/0100230-5, Relator: Ministro LUIZ FUX, Data de Julgamento: 
06/09/2005, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 26/09/2005 p. 178) 
 
 
6 – Efeito extensivo: 
 
O efeito extensivo dos recursos, também chamado de efeito EXPANSIVO, ocorre quando há 
uma ampliação do objeto ou dos sujeitos afetados pela decisão, para além do que foi 
impugnado no recurso. 
 
De acordo com Daniel Assumpção Neves, “haverá efeito expansivo dos recursos toda vez que o 
julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada – ou 
ainda quando atingir sujeitos que não participaram como partes no recurso, apesar de serem 
partes na demanda” 1 
 
Dessa leitura, fica claro que o efeito extensivo ou expansivo subdivide-se em duas espécies: 
- Efeito expansivo subjetivo. 
- Efeito expansivo objetivo. 
 
O efeito expansivo subjetivo ocorre na hipótese de litisconsórcio unitário e consiste na 
possibilidade de um recurso atingir determinado sujeito processual que não recorreu da 
decisão. 
 
No litisconsórcio unitário, como a decisão precisa ser a mesma para ambos os litisconsortes, 
caso o recurso de um dos litisconsortes seja provido, ao outro também aproveitará, por haver 
fundamento comum entre eles, atendendo ao comando do artigo 509 do CPC. 
 
Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou 
opostos os seus interesses. 
 
Pense por exemplo na hipótese de A e B serem litisconsortes passivos em uma determinada 
ação, havendo entre eles litisconsórcio necessário. Sobrevindo uma sentença a eles 
desfavorável, A apela e B se mantém inerte. Caso a apelação de A seja provida, a decisão 
também aproveitará à B, uma vez que o fundamento do recurso lhe é comum, por se tratar de 
litisconsórcio unitário. 
 
1 (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 2 ed. Rio de Janeiro:Forense; 
São Paulo: Método, 2010, p. 545) 
 
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Parte da doutrina ainda entende ser possível a aplicação de tal efeito às hipóteses de 
litisconsórcio simples, especialmente quando se vislumbra caso de solidariedade entre os 
litisconsortes. É o que ocorre, por exemplo, na hipótese do parágrafo único do art. 509. 
 
Art. 509, P.U: Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará 
aos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns. 
 
Entretanto, se evidenciado que são distintos ou opostos os interessesdos litisconsortes, 
inviável seria a aplicação do efeito expansivo subjetivo, pois tal situação não atenderia à parte 
final do caput do art. 509. 
 
Já o efeito expansivo objetivo refere-se à ampliação do objeto do recurso (da matéria 
impugnada). Pode ainda ser subdivido em: 
- Efeito expansivo objetivo interno – Quando o julgamento acarretar modificação da própria 
decisão recorrida, a partir do julgamento de “capítulos” que não foram impugnados, mas que 
serão atingidos pelo recurso, em virtude de um vínculo de prejudicialidade. 
Sobre o tema, exemplifica Cassio Scarpinella Bueno com o caso em que “se dá provimento a 
apelação para anular sentença proferida a despeito da não-ocorrência das condições da ação 
ou dos pressupostos processuais ou quando se dá provimento para julgar improcedente o 
pedido condenatório acolhido em primeira instância, restando prejudicada, com isto, a fixação 
do valor pago pelo réu em atenção ao art. 475, § 3º”. 
 
- Efeito expansivo objetivo externo: Ocorre quando o julgamento do recurso atinge outros atos 
do processo (que não a própria decisão recorrida). 
Exemplificando, Cassio Scarpinella Bueno menciona que “é o que se verifica quando se dá 
provimento a agravo de instrumento tirado contra decisão que indeferira, por ocasião do art. 
331, §§ 2º e 3º, a produção de prova pericial, que terá função verdadeiramente rescindente da 
sentença eventualmente proferida com o desfazimento de todos os atos processuais praticados 
desde então”. 
Outro exemplo é quando há o provimento do recurso e há uma execução provisória em curso. 
Como a execução provisória fundava-se em uma sentença que foi desconstituída pelo recurso, 
todos os atos executórios serão prejudicados. 
 
 
1.3 – Teoria da Causa Madura: 
 
Está prevista no art. 515, §3º do CPC. 
 
Art 515, § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal 
pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em 
condições de imediato julgamento. 
 
É uma hipótese excepcional em que o tribunal, na apelação, pode apreciar diretamente o 
mérito da causa, mesmo que o processo tenha sido extinto em 1ª instância sem resolução do 
mérito. 
 
É uma hipótese excepcional. Em regra, não pode ser aplicada. 
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A regra é que, no provimento de apelação contra decisão que julgou o processo sem resolução 
do mérito, o tribunal deve anular essa sentença (por error in procedendo) e mandar o processo 
seguir em 1º instância para a instrução probatória e a posterior resolução do mérito. 
 
Mas, excepcionalmente, é possível que o tribunal anule a sentença e ingresse diretamente no 
mérito da causa. Isso tem que ser excepcional, pois violaria o direito ao duplo grau de 
jurisdição, em uma clara supressão de instância. 
 
E isso pode ocorrer quando a causa já estiver “madura” para ter o mérito julgado de imediato. 
Mas para tanto, é preciso que sejam preenchidos os requisitos do art. 515, §3º: 
- A causa deve versar exclusivamente sobre questão de direito. 
- A causa deve estar em condições de imediato julgamento (Ex: já teve toda a instrução 
probatória, as provas já foram produzidas). 
- A sentença apelada não resolveu o mérito. 
 
Preenchidos esses requisitos, o tribunal pode julgar desde logo o mérito da lide, com base no 
art. 515, §3º. 
 
 
A aplicação da teoria da causa madura pode desrespeitar o princípio da “non reformatio in 
pejus”? 
A aplicação da teoria da causa madura PODE sim gerar reforma para pior. Ela pode gerar uma 
piora da situação do apelante, sendo uma exceção ao princípio da “non reformatio in pejus”. 
Quando a sentença era sem resolução de mérito na 1ª instancia, o pretenso apelante poderia 
propor a ação novamente, em virtude de inexistir coisa julgada material, mas tão somente 
formal. 
Mas se ele apela dessa sentença e o tribunal julga diretamente o mérito com base na teoria da 
causa madura, haverá coisa julgada material e o sujeito não poderá propor novamente a ação. 
 
 
A teoria da causa madura pode ser aplicada sem pedido expresso do apelante, de ofício pelo 
tribunal? 
1ª corrente: Didier defende que não, pois a teoria da causa madura pode piorar a situação do 
apelante. Por isso, ele precisa ter pedido o julgamento de mérito pelo tribunal. Se ele só pediu 
a anulação da sentença, não poderia o tribunal adentrar ao mérito. 
2ª corrente: Já Alexandre Camara e Dinamarco entendem que pode sim, pois ainda que o 
apelante não tenha feito pedido expresso, a lei (no art. 515, §3º) impôs o ônus da parte de 
suportar essa possibilidade. É uma faculdade do tribunal aplicá-la. 
 
O STJ adota essa segunda corrente e entende pela possibilidade de aplicação de ofício da 
teoria da causa madura (AgRg no REsp: 1192287 SP). 
 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSOESPECIAL. EMBARGOS À 
EXECUÇÃO. ICMS. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃOCONFIGURADA. SENTENÇA PROFERIDA 
SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. ARTIGO 515,§ 3º, DO CPC. APLICABILIDADE DA TEORIA DA CAUSA 
MADURA. (...). 2. Ademais, consoante entendimento pacífico do STJ, extinto o processo sem 
julgamento de mérito, o Tribunal pode de imediato julgar o feito, ainda que inexista pedido 
expresso nesse sentido, caso a controvérsia trate de questão de direito, tese conhecida como 
teoria da causa madura. 3. Agravo regimental não provido. 
(STJ - AgRg no REsp: 1192287 SP 2009/0101676-4, Relator: Ministro BENEDITO GONÇALVES, 
Data de Julgamento: 03/05/2011, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/05/2011) 
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CAPÍTULO 2 – TEMAS SOBRE EXECUÇÃO 
 
 
2.1 – Atipicidade dos meios executivos: 
 
Apesar do enorme rol de meios executivos previsto no CPC (penhora, expropriação, busca e 
apreensão etc), a doutrina é pacífica no entendimento de se tratar de rol meramente 
exemplificativo, podendo o juiz adotar outros meios executivos que não estejam 
expressamente consagrados em lei. 
 
Trata-se do princípio da ATIPICIDADE DOS MEIOS EXECUTIVOS, previsto no art. 461, §5º : 
 
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, 
poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a 
imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, 
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força 
policial. 
 
Nesse sentido, o STJ já consolidou o entendimento pela admissão de bloqueio de verbas 
públicas para efetivar a execução de uma ordem de fornecimento de medicamento, 
considerando que a proteção constitucional à saúde, à vida e à dignidade humana prevalece 
sobre os princípios de direito financeiro e administrativo (AgRg no EREsp 796.509/RS). 
 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO ESTADO. 
MEDIDAS EXECUTIVAS. BLOQUEIO DE VALORES DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE (ART. 461, 
§ 5º, DO CPC). MEDIDA EXCEPCIONAL. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. O entendimento pacífico desta Corte Superior é no sentido de que é possível ao juiz - ex officio 
ou a requerimento da parte -, em casos que envolvam o fornecimento de medicamentos a 
portador de doença grave, determinar medidas executivas para a efetivação da tutela, inclusive 
a imposição do bloqueio de verbas públicas, ainda que em caráter excepcional. 
 
Tais meios podem inclusive ser adotados de ofício pelo juiz, mas devem levar em conta o 
princípio da razoabilidade e o da menor onerosidade ao executado (art. 620 do CPC) 
 
 
2.2 – Meios de coerção na execução: 
 
1) Meios de coerção: 
 
A coerção do executado pode se dar principalmente através dos seguintes meios: 
- Pessoais: são excepcionais. Hoje existe só a prisão civil como meio de coerção pessoal, uma 
vez que incide sobrea pessoa do executado. No entanto, com a declaração de 
inconstitucionalidade da prisão civil do depositário infiel, admite-se hoje tão somente a prisão 
civil pelo inadimplemento de prestação alimentícia. 
- Patrimoniais: o principal são as multas, No Brasil usa-se o modelo francês de multas que é o 
modelo das astreintes. A multa não tem limite de valor e nem limite de tempo. O 
comportamento do devedor altera o valor da multa. Isso gera um questionamento sobre 
enriquecimento sem causa, porque no Brasil as astreintes revertem para a parte contrária, e 
acaba que às vezes a multa é muito maior que o valor da obrigação. 
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Já tentou se limitar o valor da multa utilizando-se do limite da cláusula penal no direito civil. O 
problema é que essas multas não têm relação com a resolução da lide, e sim com interesses 
públicos, como a efetividade do processo. Por isso, essa solução de equiparar as astreintes 
com a cláusula penal é equivocada. 
 
Um outro modelo de coerção é o chamado “contempt of court”. Seria reputar qualquer ato do 
de embaraço à execução pelo executado como um desrespeito à corte, sujeito até mesmo à 
prisão por crime de desobediência. É muito comum no direito norte-americano. Dinamarco é o 
maior defensor desse pensamento no Brasil, defendendo que estaria previsto nas sanções pelo 
litigante de má-fé. Mas a doutrina não é pacífica acerca desse entendimento. 
Informativo 407 do STF -> o ministro Celso de Mello diz que não é crime o descumprimento da 
astreinte. Portanto, essa tese da contempt of court , nos moldes norte-americanos, não se 
mostrou vitoriosa na jurisprudência pátria. 
 
 
Qual a diferença entre as multas previstas no art. 461 e 461-A e a multa prevista no art. 475-
J? 
As multas previstas no art. 461 e 461-A são estipuladas para execuções de obrigação de fazer 
(ou não fazer) e execuções para entrega de coisa, respectivamente. 
 
Art. 461, § 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa 
diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a 
obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 
8.952, de 13.12.1994) 
 
Essas duas multas seguem o modelo das astreintes acima estudado, não tendo valor nem 
forma de cálculo especificada pela lei. Ademais, podem ser aumentadas ou reduzidas pelo juiz, 
mesmo após o cumprimento da obrigação pelo executado. O STJ, indo além entende que essa 
multa pode ser revista até mesmo após o trânsito em julgado: 
 
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. 
MULTA COMINATÓRIA. REVISÃO. POSSIBILIDADE. COISA JULGADA. PRECLUSÃO. NÃO 
OCORRÊNCIA. PRECEDENTES. 1. Segundo a jurisprudência desta Corte, o artigo 461 do Código de 
Processo Civil permite que o magistrado, de ofício ou a requerimento da parte, afaste ou altere o 
valor da multa quando este se tornar insuficiente ou excessivo, mesmo depois de transitada em 
julgado a sentença, não havendo espaço para falar em preclusão ou em ofensa à coisa julgada. 
2. Agravo regimental não provido. 
(STJ - AgRg no REsp: 1440720 SP 2011/0014223-8, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS 
CUEVA, Data de Julgamento: 07/08/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 
19/08/2014) 
 
Já a multa do art. 475-J refere-se ao cumprimento de sentença para obrigações de pagar 
quantia, sendo fixa (10%) e incidindo uma única vez. 
A aplicação de tal multa depende da intimação específica do advogado, que só pode ser feita 
após o trânsito em julgado. Ademais, tendo em vista que o cumprimento de sentença depende 
de requerimento da parte para ser iniciado, esta multa não pode ser aplicada de ofício pelo 
juiz, incidindo “ex lege” após o descumprimento do prazo previsto no art. 475-J. 
 
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em 
liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de 
multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 
614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. 
 
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Tais multas são aplicáveis à fazenda pública? 
De acordo com o STJ, as multas do art. 461 e 461-A são sim aplicáveis à Fazenda Pública, uma 
vez que o procedimento de execução para obrigação de fazer ou para entrega de coisa em face 
da fazenda não apresentam grande peculiaridades. 
No entanto, em relação à multa do art. 475-J, esta NÃO é aplicável à fazenda pública, tendo 
em vista que não se aplica à fazenda a sistemática do cumprimento de sentença, devendo ela 
ser citada para opor embargos, na forma do art. 730 do CPC. 
 
 
A multa fixada em sede de tutela antecipada pode ser exigida antes do transito em julgado? 
O tema não é pacífico, nem mesmo na jurisprudência do STJ. 
Uma 1ª corrente, favorável à fazenda pública, é no sentido de que NÃO é possível que tal 
multa seja exigida antes do trânsito em julgado, tendo em vista que a decisão na tutela de 
urgência é precária. Não confirmada a tutela antecipada pela sentença, a multa deixará de 
existir. Ademais, como visto, a multa poderia ser revista após o cumprimento da obrigação e 
até mesmo após o trânsito em julgado. 
Não obstante, há uma segunda corrente doutrinária que entende pela possibilidade de 
exigência da multa do art. 461, tão logo haja o descumprimento da obrigação. Assim, logo 
após o descumprimento da decisão que fixou a multa seria possível ao beneficiário executá-la. 
Essa era a corrente adotada pelo STJ (AgRg no AREsp 50.816/RJ). 
O STJ, por outro lado, parece esta pacificando sua jurisprudência em uma 3ª corrente, no 
sentido de que só seria possível a execução provisória das astreintes após a sua confirmação 
pela sentença de mérito, e desde que eventual recurso contra ela interposto não seja dotado 
de efeito suspensivo. Assim, não se exigiria o trânsito em julgado para a exigibilidade da multa, 
mas seria necessário ao menos uma sentença de mérito a confirmando. O tema foi tratado no 
recente Informativo 546: 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE MULTA COMINATÓRIA FIXADA EM 
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). 
A multa diária prevista no § 4º do art. 461 do CPC, devida desde o dia em que configurado o 
descumprimento, quando fixada em antecipação de tutela, somente poderá ser objeto de 
execução provisória após a sua confirmação pela sentença de mérito e desde que o recurso 
eventualmente interposto não seja recebido com efeito suspensivo. Isso porque se deve 
prestigiar a segurança jurídica e evitar que a parte se beneficie de quantia que, posteriormente, 
venha se saber indevida, reduzindo, dessa forma, o inconveniente de um eventual pedido de 
repetição de indébito que, por vezes, não se mostra exitoso. Ademais, o termo "sentença", assim 
como utilizado nos arts. 475-O e 475-N, I, do CPC, deve ser interpretado de forma restrita, razão 
pela qual é inadmissível a execução provisória de multa fixada por decisão interlocutória em 
antecipação dos efeitos da tutela, ainda que ocorra a sua confirmação por acórdão. Esclareça-se 
que a ratificação de decisão interlocutória que arbitra multa cominatória por posterior acórdão, 
em razão da interposição de recurso contra ela interposto, continuará tendo em sua gênese 
apenas a análise dos requisitos de prova inequívoca e verossimilhança, próprios da cognição 
sumária que ensejaram o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela. De modo diverso, a 
confirmação por sentença da decisão interlocutória que impõe multa cominatória decorre do 
próprio reconhecimento da existência do direito material reclamado que lhe dá suporte, o qual é 
apurado após ampla dilação probatória e exercício do contraditório. Desta feita,o risco de 
cassação da multa e, por conseguinte, a sobrevinda de prejuízo à parte contrária em decorrência 
de sua cobrança prematura, tornar-se-á reduzido após a prolação da sentença, ao invés de 
quando a execução ainda estiver amparada em decisão interlocutória proferida no início do 
processo, inclusive no que toca à possibilidade de modificação do seu valor ou da sua 
periodicidade. REsp 1.200.856-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 1º/7/2014. 
 
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Quanto à exigibilidade da multa do art. 461 antes do trânsito em julgado em face da fazenda 
pública, entendemos NÃO ser possível, pois tal execução provisória esbarraria na exigência de 
pagamento através de precatório ou requisição de pequeno valor, na forma do art. 100 da 
CRFB. O tema não é pacífico e há inclusive repercussão geral reconhecida no STF, mas caso 
seja indagado em sua prova, essa tese deve ser mencionada. 
 
 
2.3 – Defesas do Executado e Exceção de pré-executividade: 
 
 
A) Cumprimento de sentença e Impugnação: 
 
Depois da reforma de 2005, o processo independente que se criava com os embargos passou a 
ser fundido com o processo de execução (ideia de “PROCESSO SINCRÉTICO”). 
 
Hoje, nas execuções por título judicial, não se tem mais 2 processos (um de conhecimento e 
um de execução), mas sim um único processo com uma FASE de cumprimento de sentença. 
Assim, a impugnação ao cumprimento de sentença é tratada como um incidente dentro do 
próprio da fase execução. Por isso, não haverá citação, e sim intimação do devedor. 
 
Essa impugnação vai ser decidida por uma decisão judicial que tem uma natureza variável. 
Pode ser considerada uma decisão interlocutória (agravável) ou uma sentença (apelável). 
Quando põe fim ao processo é uma sentença. 
Quando manda seguir é uma interlocutória. 
 
§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo 
quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação. 
 
No que se refere à matéria cabível, o art 475-L diz que: 
 
Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre: (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005) 
 
I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia 
II – inexigibilidade do título; 
III – penhora incorreta ou avaliação errônea; 
IV – ilegitimidade das partes 
V – excesso de execução; 
VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, 
novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença 
 
Quando a alegação na impugnação for de excesso de execução, o executado deve indicar o 
valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar. 
 
§ 2o Quando o executado alegar que o exeqüente, em excesso de execução, pleiteia quantia 
superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende 
correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação. 
 
 
Não há mais o efeito suspensivo pelo mero protocolo, ao contrário do regramento anterior. 
Mas, excepcionalmente, o juiz pode suspender a execução. 
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Essa suspensão terá natureza cautelar, a partir da plausibilidade das alegações do executado 
(periculum in mora e fumus boni iuris) e depende da garantia do juízo (que se dá com a 
penhora). 
 
Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito desde 
que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente 
suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação. 
 
No entanto, ainda que concedido o efeito suspensivo, se o exequente oferecer caução a 
execução poderá ir adiante. Assim, mesmo com a plausibilidade dos argumentos do 
executado, a execução irá seguir diante da caução prestada. 
 
§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o 
prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea, arbitrada pelo 
juiz e prestada nos próprios autos. 
 
OBS: Em prol da dignidade da pessoa humana, a caução pode ser relevada motivadamente 
pelo juiz, aplicando-se por analogia o disposto no art. 475-O, §2º, relativo à execução 
provisória. 
 
 
B) Embargos do executado: 
 
A natureza dos embargos é diferente da impugnação e da exceção de pré-executividade 
(incidentes processuais), uma vez que os embargos inauguram uma nova ação na execução, de 
cunho cognitivo. 
 
Hoje, os embargos do executado são a modalidade de defesa para a execução por títulos 
extrajudiciais ou para a execução fiscal. 
 
Requisitos para propositura: 
- Tempestividade (15 dias, contados da data da juntada aos autos do mandado de citação). Se 
houver litisconsórcio, não se aplica o artigo 191 do CPC, mas o prazo pra cada um vai ser 
contado a partir da juntada do respectivo mandado. 
Exceção: quando os executados forem cônjuges, caso em que se aplicará a regra geral do 
processo de conhecimento (juntada do último mandado citatório) 
 
 
OBS: Hoje pode haver a apresentação dos embargos independentemente de penhora, caução 
ou depósito. 
 
Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à 
execução por meio de embargos. 
 
Parágrafo único. Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em 
apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser declaradas 
autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal. 
 
A partir da reforma de 2005, com o oferecimento dos embargos, eles serão recebidos, 
processados e julgados. Mas eles não têm mais efeito suspensivo automático. 
Essa é a regra geral, mas há exceções. 
A suspensão da execução pode ser feita pelo juiz cautelarmente. 
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Para haver esse efeito suspensivo, é preciso que haja um juízo de plausibilidade do alegado e 
perigo de lesão grave e irreparável ,caso não seja suspensa a execução. Para suspender 
também é indispensável a garantia do juízo! 
 
OBS: Na execução fiscal a sistemática é bem diferente, uma vez que lá os embargos dependem 
de garantia do juízo, ainda que o executado seja beneficiário da justiça gratuita (vide recente 
Informativo 538 do STJ, do ano de 2014). 
 
OBS²: Caso entenda necessário, o juiz pode suspender apenas parcialmente a execução. 
Ademais, se os embargos atacarem excesso de execução, o juiz pode suspender só o excesso, 
deixando correr a execução em relação ao valor incontroverso. 
 
Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo 
 
§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos 
quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente 
possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já 
esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. 
§ 2o A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser 
modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as 
circunstâncias que a motivaram 
§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do 
objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante. 
§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não 
suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivo fundamento disser 
respeito exclusivamente ao embargante. 
§ 5o Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá 
declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob 
pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento 
§ 6o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos depenhora e de 
avaliação dos bens. 
 
 
Os embargos serão julgados por sentença, que será apelável. 
Essa apelação não tem, em regra, efeito suspensivo. 
 
 
Qual a natureza da execução na pendência de embargos? 
O STJ, através da súmula 317, entendeu que se tratava de execução definitiva, ainda que 
pendente o julgamento de apelação contra a sentença dos embargos. 
 
STJ, súmula 317 “É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação 
contra sentença que julgue improcedentes os embargos” 
 
Mais aí veio a nova redação do artigo 587, que trouxe um entendimento diferente: 
 
Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória enquanto pendente 
apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com 
efeito suspensivo (art. 739). 
 
Assim, quando a apelação da sentença de improcedência dos embargos for recebida com 
efeito suspensivo, a execução passa a ser PROVISÓRIA. 
 
 
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C) Exceção de pré-executividade: 
 
Não possui nenhuma previsão na legislação, tendo sido criada pela doutrina e pela 
jurisprudência. 
 
Surgiu porque havia na execução brasileira uma concentração da defesa nos embargos, que 
dependiam de garantia do juízo. Assim, a jurisprudência consagrou a possibilidade de exceção 
de pré-executividade, com fundamento no acesso à justiça. 
 
No entanto, este incidente só seria cabível quando o vício fosse escandaloso e o juiz pudesse 
conhecer de ofício a matéria. 
 
Assim, a exceção de pré-executividade só pode versar sobre matérias de ordem pública 
(cognoscíveis de ofício pelo juiz, como inconstitucionalidade da norma, condições da ação, 
pressupostos de validade do título etc). 
OBS: O STJ já admitiu a prescrição como matéria alegável em exceção de pré-executividade. 
No entanto, não é admissível a exceção de pré-executividade para discutir questão de 
legitimidade, quando esta demandar dilação probatória, vide recente precedente do STJ: 
 
PROCESSO CIVIL - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO DE CRÉDITOS DE ITBI - 
ILEGITIMIDADE PASSIVA DO RECORRENTE - RECONHECIMENTO EM EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE - DESCABIMENTO - SÚMULA 7/STJ. 1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do 
REsp 1.104.900/ES, submetido à sistemática dos recursos repetitivos, firmou entendimento de só 
admitir a exceção de pré-executividade quando não se fizer necessária a dilação probatória. 2. 
No caso dos autos, a instância de origem asseverou estar a matéria acerca da legitimidade do 
agravante para figurar no polo passivo de ação de cobrança do ITBI na dependência de 
apreciação mais aprofundada do conjunto fático-probatório. Incidência do óbice da Súmula 
7/STJ. 3. O agravo ataca decisão não fundamentada em precedente de recurso repetitivo, sendo 
injustificável a aplicação de multa do art. 557, § 2º, do CPC. 4. Agravo regimental não provido. 
(STJ - AgRg no AREsp: 63483 SP 2011/0175247-8, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de 
Julgamento: 03/09/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/09/2013) 
 
 
É necessária a garantia do juízo? 
NÃO. A segurança do juízo não é e nunca foi necessária para a exceção de pré-executividade. 
Era uma alternativa barata para os embargos, antigamente. 
A exceção de pré-executividade também não possui efeito suspensivo. 
 
Qual o prazo para apresentação? 
Como levanta matérias de ordem pública, poderia haver a cognição a qualquer tempo pelo 
juiz. Portanto, essa exceção também não teria prazo. 
 
E cabível em execução fiscal? 
SIM, desde que sejam matérias cognoscíveis de oficio e que não demandem dilação 
probatória. 
 
Súmula nº 393: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às 
matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória. 
 
 
 
 
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2.4 – Execução contra a Fazenda Pública: 
 
Sobre execução contra a Fazenda Pública, as peculiaridades se dão em relação à execução por 
quantia certa. Em relação às demais espécies de execução (fazer, não fazer, etc.) não há 
peculiaridades, aplicando-se o Código de Processo Civil. 
 
A grande particularidade é que os bens da Fazenda Pública são impenhoráveis (não são 
passíveis de constrição judicial). Dessa forma, como toda execução por quantia certa 
envolve a penhora e a expropriação de bens do devedor, é preciso que o exequente ajuíze 
uma ação autônoma de execução, requerendo a citação da fazenda pública para opor 
embargos, na forma do art. 730 do CPC. Assim, nas execuções por quantia certa, não se 
aplica a sistemática do cumprimento de sentença à fazenda pública, mas sim a do art. 730 
do CPC. 
 
Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para 
opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as 
seguintes regras: 
I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente; 
II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo 
crédito. 
 
OBS: Embora o caput do art. 730 mencione o prazo de 10 dias para a apresentação dos 
embargos, o art. 1º-B da L9494 alterou esse prazo para 30 dias. 
 
Art. 1o-B. O prazo a que se refere o caput dos arts. 730 do Código de Processo Civil, e 884 da 
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, 
passa a ser de trinta dias (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) 
 
Ademais, não há atos de expropriação na execução intentada contra a Fazenda Pública, 
devendo o pagamento submeter-se à sistemática do precatório (ou da Requisição de Pequeno 
Valor). Em outras palavras, ajuíza-se a execução, através do procedimento previsto no art. 730 
do CPC, seguindo-se a oposição de embargos pela Fazenda Pública para, ao final, ser, então, 
expedido o precatório, em atendimento à regra inscrita no art. 100 da Constituição Federal de 
1988. 
 
 
Os embargos pela fazenda pública dependem de garantia do juízo para terem efeito 
suspensivo? 
 
NÃO. Como vimos, a regra no processo civil em geral é que os embargos não dependem de 
garantia do juízo (salvo na execução fiscal) e não possuem mais efeito suspensivo automático 
(salvo se, garantido o juízo, o juiz assim o determinar, havendo juízo de plausibilidade do 
alegado e perigo de lesão grave e irreparável). 
No entanto, essa sistemática é inaplicável à fazenda pública. Em outras palavras, não precisa a 
fazenda pública garantir o juízo pra embargar, sendo que estes embargos terão efeito 
suspensivo automático. 
 
Dois são os fundamentos para tanto: 
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(I) – Como o efeito suspensivo depende de penhora, depósito ou caução e a Fazenda Pública 
não se sujeita a essas medidas de constrição e expropriação – por conta da impenhorabilidade 
de seus bens - não será necessária a garantia do juízo; 
(II) - a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor depende do prévio trânsito em 
julgado (CF/88, art. 100, parágrafos 3º e 5º), de modo que somente pode ser determinado o 
pagamento se não houver mais qualquer discussão quanto ao valor executado, devendo haver 
o efeito suspensivo automático com a apresentação dos embargos pela fazenda. 
 
Não obstante, nos termos do parágrafo 3º do art. 739-A do CPC, quando os embargos forem 
parciais, a execução, prosseguirá quanto à parte não embargada. Assim o STJ entende que é 
possível a expedição de precatório ou a requisição de pequeno valor em relação à parte 
incontroversa (que não foi embargada). 
 
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. EMBARGOS PARCIAIS. PROSSEGUIMENTO DA 
EXECUÇÃO PELA PARTE INCONTROVERSA. POSSIBILIDADE. 1. Em se tratando de execução contra a Fazenda 
Pública, fundada em sentençatransitada em julgado, a propositura de embargos parciais não impede o 
seu prosseguimento, com a expedição de precatório (ou, se for o caso, de requisição de pequeno valor), 
relativamente à parte não embargada, como prevê o art. 739, § 2º, do CPC. Tratando-se de parcela 
incontroversa, tanto na fase cognitiva, quanto na fase executória, está atendido, em relação a ela, o 
requisito do trânsito em julgado previsto nos §§ 1º e 3º do art. 100 da CF. (STJ - EREsp: 551991 RS 
2005/0129409-3, Relator: Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, Data de Julgamento: 22/02/2006, S1 - 
PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJ 20/03/2006 p. 182) 
 
 
Há reexame necessário do julgamento dos embargos da fazenda pública? 
NÃO. 
Julgados os embargos opostos pela Fazenda Pública, a sentença não está sujeita ao reexame 
necessário, uma vez que o reexame já foi procedido em relação à sentença do anterior 
processo de conhecimento. Ademais, o art. 475, II, do CPC alude apenas aos embargos opostos 
à execução fiscal (que são apresentados pelo devedor executado em uma execução fiscal), 
excluindo-se aqueles opostos à execução não fiscal, fundada em sentença condenatória. 
 
Qual o recurso cabível contra a sentença que julga os embargos da fazenda pública? 
O recurso cabível contra essa sentença é a apelação, que será recebida em seu duplo efeito, 
uma vez que a expedição de precatório ou de requisição de pequeno valor depende do prévio 
trânsito em julgado (CF/88, art. 100, parágrafos 3º e 5º). 
 
E contra as decisões interlocutórias na execução? 
Embora autores como Leonardo Carneiro sustentem que eventuais decisões interlocutórias na 
execução devam, em regra, ser atacadas por agravo retido, o STJ já firmou posição de que este 
recurso é incompatível com a sistemática executória. Assim, o agravo de instrumento é o 
recurso cabível para buscar a impugnação de decisões interlocutórias em execução. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONVERSÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AGRAVO RETIDO NO ÂMBITO 
DE EXECUÇÃO. 
O agravo de instrumento não pode ser convertido em agravo retido quando interposto com o objetivo 
de impugnar decisão proferida no âmbito de execução. Isso porque a retenção do referido recurso é 
incompatível com o procedimento adotado na execução, em que não há sentença final de mérito. 
Precedentes citados: AgRg no AREsp 5.997-RS, Primeira Turma, DJe 16/3/2012; e REsp 418.349-PR, 
Terceira Turma, DJe 10/12/2009. RMS 30.269-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/6/2013 
(Informativo nº 0526). 
 
 
“A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, contra decisão interlocutória proferida em processo de 
execução é cabível agravo de instrumento, mesmo após o advento da Lei 11.187 /05, por ser o agravo 
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retido incompatível com a sistemática do processo de execução.” (AgRg no AREsp 5997 RS 2011/0081204-
0 (STJ) 
 
 
 
Isenção de Honorários: 
 
O artigo 1º-D da Lei 9494 de 1997 isenta a Fazenda do pagamento de honorários quando 
ela não embargar a execução: 
 
Lei nº 9494/97. Art. 1º-D. Não serão devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas 
execuções não embargadas. 
 
No entanto, o STF decidiu que esse dispositivo só se aplica às execuções superiores a 60 
salários mínimos, porque apenas essas são regidas pelo sistema de precatórios. Assim, 
excluiu-se a incidência da norma para as execuções de pequeno valor, sujeitas ao 
pagamento através de RPV, caso em que não haverá a referida isenção. Desse modo, nas 
execuções de pequeno valor, havendo ou não embargos pela fazenda, deverá ser fixada a 
verba referente aos honorários advocatícios. 
 
PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO DE PEQUENO VALOR CONTRA A FAZENDA PÚBLICA - 
HONORÁRIOS - CABIMENTO - MULTA PROCESSUAL - INCABIMENTO - SÚMULA 98/STJ. 1. O STF, 
no RE 420.816/PR, interpretou a MP 2.180/2001 à luz do art. 100, § 3º da CF/88, estabelecendo 
como exceção à regra as execuções de pequeno valor, em que serão devidos honorários 
advocatícios pela Fazenda Pública. 2. Embargos de declaração opostos para prequestionar 
questão federal não são protelatórios, nos termos da Súmula 98/STJ. 3. Recurso especial provido. 
(STJ - REsp: 1186880 GO 2010/0050234-3, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de 
Julgamento: 20/05/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 31/05/2010) 
 
PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL 
CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. RENÚNCIA A VALOR EXCEDENTE A 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. 
REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR. 
1. A Seção de Direito Público do STJ, no julgamento dos EREsp 676.719/SC, firmou a orientação 
de que, nas execuções de título judicial contra a Fazenda Pública ajuizadas após a vigência da 
Medida Provisória 2.180-35/2001 e não embargadas, os honorários advocatícios serão devidos 
na hipótese de se tratar de débitos de pequeno valor. 
2. Vencida a Fazenda Pública, a fixação dos honorários advocatícios é estabelecida de acordo 
com o art. 20, § 4º, do CPC, de forma equitativa pelo juiz, sem a imposição de observância aos 
limites previstos no § 3º do mesmo dispositivo legal. 
3. Agravo Regimental não provido.” (Acórdão da 2ª Turma do STJ, AgRg no REsp 1.275.875/RS, 
rel. Min. Herman Benjamin, j. 7/2/2012, DJe de 13/4/2012) 
 
OBS: Ainda que a execução se submeta à sistemática do precatório, é possível ao autor 
renunciar ao valor excedente, a fim de receber por meio de Requisição de Pequeno Valor - 
RPV. Nessa situação, haverá honorários na execução, ainda que não haja embargos. 
 
“Processual Civil - Administrativo - Agravo Regimental no Recurso Especial - Execução - 
Requisição de Pequeno Valor (RPV) - Renúncia de Valor Excedente a Quarenta Salários 
Mínimos - Condenação em Honorários - Cabimento. 
1. É cabível a condenação da Fazenda em honorários, mesmo nos casos em que a 
parte exequente renuncie aos valores excedentes a 40 (quarenta) salários mínimos, a 
fim de possibilitar o pagamento por meio de Requisição de Pequeno Valor - RPV. 
2. Agravo regimental não provido.” (Acórdão da 2ª Turma do STJ, AgRg no REsp 
1.328.643/RS, rel. Min. Eliana Calmon, j. 23/10/2012, DJe de 30/10/2012 
 
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OBS²: O art. 1º-D não se aplica às execuções individuais de sentença coletiva em face da 
fazenda pública. 
Nessa hipótese, aplica-se o art. 20, parágrafo 4º do CPC, e não o art. 1º-D da Lei nº 9.494/1997 
(STJ, EDREsp 475.573/PR, rel. Min. Eliana Calmon, j. 5/6/2003). 
 
Nesse sentido, súmula 345 do STJ: 
 
STJ, Súmula 345: “São devidos os honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções 
individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas”. 
 
Assim, na execução individual fundada em sentença coletiva proposta contra a Fazenda 
Pública haverá a condenação em honorários com ou sem a apresentação de embargos. 
 
Leonardo Carneiro discorda dessa orientação. 
Para o autor, é preciso que o STJ ajuste-se ao entendimento do STF (Recurso Extraordinário 
420.816/PR), estabelecendo-se que, nos casos de sentença coletiva, cabem honorários nos 
processos de liquidação individual, e não nas execuções individuais. 
Isso porque, no caso das execuções de sentenças coletivas, é o incidente de liquidação que 
apresenta cunho cognitivo, uma vez que nele é que será aferido se o exequente possui ou não 
o direito concedido por uma sentença coletiva e em que medida deve se dar sua reparação. 
Após a liquidação, sobrevém a execução, na qual não deveria haver honorários, aplicando-se o 
disposto no art. 1º-D da Lei nº 9.494/1997 (salvo em se tratando de execuções de pequeno 
valor, sem precatório, à luz do entendimento do STF). 
 
 
São devidos honorários na execuções fundadas em títulos EXTRAJUDICIAIS em face da fazenda 
pública? 
SIM. Nas execuções fundadas em títulos extrajudiciais em face da fazenda pública, ainda que 
seja caso de precatórioe não haja a apresentação de embargos, deve haver a condenação em 
honorários. Em outras palavras, o art. 1º-D da Lei nº 9.494/1997 não se aplica às execuções 
fundadas em título executivo extrajudicial. 
 
Sobre o tema, importante lembrar da Súmula 279 do STJ: 
 
Súmula nº 279: É cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública. 
 
É o caso, por exemplo, de uma dívida liquidada em um contrato administrativo ou de um 
cheque não pago pela Administração Pública. Nessas hipóteses, como a fazenda pública foi 
inadimplente, deu causa ao processo de execução, sendo devidos os honorários 
independentemente do valor da execução e da apresentação de embargos, em virtude do 
princípio da causalidade.

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