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https://www.facebook.com/estudandodireitoresumos 
 
 
(QUESTÃO 1) É cabível controle de constitucionalidade abstrato de veto 
do Chefe do Executivo a projeto de lei? Em caso afirmativo, qual a ação 
cabível? 
 
 
O tema não é pacífico, sendo possível destacar 2 correntes na doutrina e na jurisprudência: 
 
Para uma 1ª corrente, tanto o veto político jurídico quanto o veto político são atos de natureza 
política, e portanto não são passíveis de controle judicial. Eles revelam competências políticas, 
e, portanto, discricionárias do presidente da república, sendo insindicáveis pelo poder 
judiciário. Essa 1º corrente foi adotada pelo STF na ADPF nº 1, que foi proposta em face de um 
veto imotivado do ex-prefeito do Rio de Janeiro. 
 
Argüição de descumprimento de preceito fundamental. Lei nº 9882, de 3.12.1999, que dispõe 
sobre o processo e julgamento da referida medida constitucional. (...) 8. No processo legislativo, 
o ato de vetar, por motivo de inconstitucionalidade ou de contrariedade ao interesse público, e a 
deliberação legislativa de manter ou recusar o veto, qualquer seja o motivo desse juízo, 
compõem procedimentos que se hão de reservar à esfera de independência dos Poderes Políticos 
em apreço. 9. Não é, assim, enquadrável, em princípio, o veto, devidamente fundamentado, 
pendente de deliberação política do Poder Legislativo - que pode, sempre, mantê-lo ou recusá-lo, 
- no conceito de "ato do Poder Público", para os fins do art. 1º, da Lei nº 9882/1999. 
Impossibilidade de intervenção antecipada do Judiciário, - eis que o projeto de lei, na parte 
vetada, não é lei, nem ato normativo, - poder que a ordem jurídica, na espécie, não confere ao 
Supremo Tribunal Federal, em via de controle concentrado. 10. Argüição de descumprimento de 
preceito fundamental não conhecida, porque não admissível, no caso concreto, em face da 
natureza do ato do Poder Público impugnado 
(STF - ADPF: 1 RJ , Relator: Min. NÉRI DA SILVEIRA, Data de Julgamento: 03/02/2000, Tribunal 
Pleno, Data de Publicação: DJ 07-11-2003 PP-00082 EMENT VOL-02131-01 PP-00001) 
 
 
Para uma 2ª corrente, capitaneada por Gustavo Binenbojm, seria passível de controle o veto 
jurídico, uma vez que neste são suscitados argumentos jurídicos passíveis de sindicabilidade 
pelo poder judiciário. 
Esse controle do veto jurídico poderia ser exercido pela via difusa, através de mandado de 
segurança (fundamentando-se na frustração ao devido processo legislativo) ou através de 
ADPF (se encaixando dentro do conceito genérico de ato do poder público do artigo 1º da 
L9882). 
Nessa linha, o Min. Celso de Melo, em decisão monocrática no julgamento da ADPF nº 45, 
chegou a suscitar a possibilidade de controle judicial das razões do veto. Contudo, essa 
arguição não chegou a ser julgada pelo Plenário, sendo possível concluir prevalece na 
jurisprudência o entendimento da insindicabilidade do veto, em uma atitude de 
autocontenção do STF. Dessa forma, só poderia ser feito o controle jurisdicional preventivo 
nas hipóteses taxativas estabelecidas pela CR (Ex: quando houver PEC que tenda a abolir 
cláusula pétrea e quando o processo legislativo violar o processo legislativo expressamente 
definido na constituição). 
 
Sobre o tema, importante trazer as lições de Luis Roberto Barroso, um dos poucos autores a 
expor a controvérsia: 
 
“A doutrina tem especulado se caberia controle judicial do veto aposto pelo Chefe do Executivo 
fundado em inconstitucionalidade, para aferir do acerto de seu juízo acerca da ilegitimidade 
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constitucional do projeto. O entendimento mais tradicional é o de que se trataria de uma 
competência política discricionária, e, consequentemente, insuscetível de apreciação de mérito 
pelo Judiciário. Nada obstante, a literatura jurídica mais recente tem optado, com melhor razão, 
pela vinculação do Chefe do Executivo à Constituição e à realidade dos motivos que invoca para 
a prática de determinado ato. Por essa linha, representantes da maioria que aprovou o projeto 
deveriam ter reconhecido a possibilidade de suscitar a controvérsia, utilizando-se, por exemplo, 
de mandado de segurança.” (BARROSO, Luis Roberto. O controle de constitucionalidade no 
direito brasileiro. 2011) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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(QUESTÃO 2) É possível a instituição de isenção de tributo de competência estadual 
por: 
a) lei federal?; 
b) tratado internacional, ratificado pelo Congresso Nacional e promulgado por 
decreto presidencial? 
 
 
A questão, apesar de constar na prova de Direito Constitucional, envolve conhecimentos 
básicos de Direito Tributário (matéria que muitas vezes é indiretamente exigida na Residência 
da PGE-RJ). O tema em foco é o da “vedação às isenções heterônomas”, estudadas como 
limitações constitucionais ao poder de tributar. 
 
Isenção heterônoma é aquela que é concedida por quem não tem o poder de tributar. 
A regra é a de que quem isenta é quem tem competência tributária, ou seja, quem pode criar 
o tributo. 
Por isso, a isenção heterônoma é proibida. Não se pode conceder isenção de um tributo que 
não tem competência pra instituir (Ex: União não tem competência pra conceder isenção de 
IPTU, que é um tributo de competência do Município). 
 
Na constituição passada a União era o único ente que poderia conceder isenção heterônoma, 
por meio de lei complementar. 
A CF de 1988, no entanto, vedou a possibilidade de concessão de isenções heterônomas, tanto 
pra União quanto pros Estados e Municípios. 
Em função dessa mudança, todas as isenções concedidas pela União por meio de lei 
complementar não foram recepcionadas pela constituição. 
 
 
Existem exceções à regra da vedação às isenções heterônomas? 
Sim, há 3 exceções a essa regra: 
 
1) Art 155, §2º, XII, “e” da CF 
 
A lei complementar pode excluir da incidência do ICMS as exportações para o exterior de 
determinados produtos. 
 
Quem aprova essa lei é o Congresso Nacional, e a imposto é o ICMS (estadual). Por isso, diz-se 
que seria uma isenção heterônoma constitucionalmente permitida. 
 
No entanto, esse artigo não se aplica mais na prática, pois hoje as exportações gozam de 
imunidade tributária, não fazendo mais sentido a lei complementar conceder isenções. 
 
2) Art 156, §3º, II da CF 
 
A hipótese também é de exclusão da incidência em exportações para o exterior, mas agora no 
caso de serviços (ISS). 
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Também é uma LC aprovada pelo Congresso Nacional, sendo certo que o ISS é um tributo 
municipal. Assim, também teríamos um caso de isenção heterônoma constitucionalmente 
prevista. 
 
Com base nessa previsão, a LC 116 (que traz normas gerais sobre o ISS) concedeu isenção para 
todas as exportações de serviços. Aqui é isenção mesmo, pois não há previsão de imunidade 
para esse caso na Constituição. 
 
3) Tratados internacionais: 
 
É uma exceção que não está expressa na CF. 
O STF entende que os tratados internacionais podem prever isenções de tributos dos Estados e 
municípios, pois tecnicamente não é a União que está concedendo a isenção, mas sim a 
República Federativa do Brasil. O presidente, ao assinar um tratado, age como chefe de 
Estado, e não como chefe de governo. 
 
Nessa linha, é possível citar o acórdão proferido nos autos da ADI 1.600, em cuja Ementa 
expressamente se afirma que o “âmbito de aplicação do art. 151, CF, é o das relações das 
entidades federadas entre si. Não tem por objeto a União quando esta se apresenta na ordem 
externa” (STF, Tribunal Pleno, ADI 1.600/UF, Rel. Min. Sydney Sanches, rel. p/ acórdão Min. 
Nelson Jobim, j. 26.11.2001, DJ 20.06.2003, p. 56). 
 
O caso concreto mais importante sobreo tema foi o do GATT, tratado internacional 
multilateral subscrito pelo Brasil que prevê a equivalência de tratamento entre o produto 
nacional e o importado, o que eventualmente acaba por estender ao âmbito interno algumas 
isenções previstas internacionalmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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(QUESTÃO 3) Pode a Constituição do Estado reservar determinada 
matéria à disciplina de lei complementar? 
 
 
Inicialmente, convém lembrar que uma das diferenças entre a lei ordinária e a lei 
complementar é uma distinção de ordem MATERIAL, segundo a qual as leis complementares 
podem versar apenas sobre as matérias reservadas pela Constituição. Em outras palavras, só 
cabe lei complementar nos casos que a constituição expressamente previu lei complementar. 
Já as leis ordinárias têm um espaço de atuação residual; elas incidem sobre o que não é 
reservado à lei complementar e sobre aquilo que é passível de regulamentação por lei. 
 
Essa sistemática, segundo iterativa jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, deve ser 
respeitada não apenas no âmbito federal, mas também nos planos estadual e municipal, pois 
as normas sobre processo legislativo traçadas pela Constituição Federal demandam 
observância cogente em toda a Federação. 
Ademais, não poderia o Estado-membro estabelecer que determinadas matérias para as quais 
a Constituição exige lei complementar pudessem ser disciplinadas por lei ordinária no plano 
estadual, sob pena de violação ao PRINCÍPIO DA SIMETRIA. O mesmo vale para o caso inverso, 
quando a norma estadual exige o quórum mais rigoroso das leis complementares (maioria 
absoluta) para matérias que, segundo a Constituição, poderiam ser tratadas por lei ordinária. 
 
Nesse sentido, o STF declarou inconstitucional dispositivos da Constituição do Estado do Piauí 
que previam que determinadas matérias de organização administrativa – para as quais se 
exigia apenas lei ordinária na Constituição Federal – só pudessem ser tratadas por lei 
complementar no âmbito estadual. Por sua importância, segue a ementa do julgado para 
leitura: 
 
 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO PIAUI. PREVISÃO DE 
NECESSIDADE DE EDIÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR. PROCESSO LEGISLATIVO. NORMAS QUE 
VERSAM SOBRE SERVIDOR PÚBLICO. SITUAÇÕES EM QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL EXIGE LEI 
ORDINÁRIA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SIMETRIA. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. I – A 
inconstitucionalidade dos preceitos impugnados decorre da violação ao princípio da simetria, 
uma vez que a Constituição do Estado do Piaui exige a edição de Lei Complementar para o 
tratamento de matérias em relação às quais a Constituição Federal prevê o processo legislativo 
ordinário. II – A jurisprudência reiterada desta Corte é no sentido de que o Estado-membro, em 
tema de processo legislativo, deve observância cogente à sistemática ditada pela Constituição 
Federal. Precedentes. III – Ação julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade dos 
incisos III, VII, VIII, IX e X, edo parágrafo único do art. 77 da Constituição do Estado do Piaui. 
(STF - ADI: 2872 PI , Relator: Min. EROS GRAU, Data de Julgamento: 01/08/2011, Tribunal Pleno, 
Data de Publicação: DJe-170 DIVULG 02-09-2011 PUBLIC 05-09-2011 EMENT VOL-02580-01 PP-
00001)

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