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4.DIREITOS HUMANOS

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a 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
1 
 
 
 
 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITOS HUMANOS 
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DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITOS HUMANOS 
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 Os direitos humanos não são um fenômeno particular do século XX. Há um longo processo 
histórico que justifica a sua emergência, evolução e consolidação. Para muitos doutrinadores a sua 
gênese está situada em pleno período medieval com a Carta Magna, de 1215, na Inglaterra. Outros, 
por sua vez, percebem o marco inicial desses direitos na modernidade, a partir dos grandes 
movimentos que conduziram a Europa à invasão do restante do globo. 
 Aqui, nos interessa uma concepção contemporânea dos direitos humanos, isto é, a que veio 
a surgir com a Declaração Universal de 1948, reiterada pela Declaração de Direitos Humanos de 
Viena de 1993. Essas duas declarações são marcos obrigatórios para se compreender o tema dos 
direitos humanos em nossa contemporaneidade. 
 A escolha desses marcos se dá pelo fato de que o movimento de internacionalização desses 
direitos humanos constitui um processo muito próximo da nossa história, vez que surge como 
conseqüência dos efeitos da segunda guerra mundial (1939-1945). 
 Durante essa segunda guerra mundial, o Estado surgiu como agente capaz de violar e 
justificar a violação dos direitos humanos, através de meios destrutivos e banais da figura física, 
psíquica e cultural daqueles sujeitos compreendidos como inferiores ou descartáveis. 
 Durante esse período ocorreu uma banalização do mal em tal intensidade que todo o 
restante do século XX ficou marcado pela necessidade de se impedir uma nova experiência dessa 
natureza. 
 Em 10 de dezembro de 1948 é aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e se 
considera essa declaração como ponto de partida para a reconstrução de uma ideia de homem, de 
direitos humanos universais, e com práticas que obriguem inclusive e principalmente o Estado, a 
respeitar e garantir a existência de uma dignidade humana. 
 Suas duas grandes características são a UNIVERSALIDADE e a INDIVISIBILIDADE. 
 
É universal porque clama pela extensão universal dos direitos humanos, sob a certeza de que a 
condição de pessoa é o requisito único para a dignidade e titularidade de direitos. 
 
 
É indivisível porque a garantia dos direitos civis e políticos é uma condição fundamental para a 
observância dos direitos sociais, econômicos e culturais, e vice-versa. 
 
Dessa forma, quando um dos direitos humanos, ou de seus elementos característicos são 
violados, todos os demais são, igualmente, feridos. Portanto, os direitos humanos se revestem de 
uma unidade indivisível, interdependente e inter-relacionada, com capacidade de conjugar, de forma 
indissolúvel, o rol dos direitos civis e políticos com àquele dos direitos sociais, econômicos e 
culturais. 
 
 
 
 
 
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DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITOS HUMANOS 
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Assim, ATENÇÃO: 
 
“O reconhecimento integral de todos esses direitos pode assegurar a existência real de cada um 
deles, já que sem efetividade de gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais os direitos civis e 
políticos se reduzem a meras categorias formais. Inversamente, sem a realidade dos direitos civis e 
políticos, sem a efetividade da liberdade entendida em seu mais amplo sentido, os direitos 
econômicos, sociais e culturais carecem, por sua vez, de verdadeira significação”. (ESPIELL, 
1998:149) 
 
Pelo que se disse já se pode afirmar que não se pode falar em classe de direitos humanos. 
Todos os direitos que compõe o rol dos direitos humanos são direitos legais. Direitos sociais, 
econômicos e culturais são verdadeiros direitos fundamentais, nesse sentido, amplamente 
acionáveis, exigíveis, demandando por parte do Estado e da própria sociedade uma objetiva e 
responsável observância. 
 É a Declaração Universal de 1948 um marco decisivo do movimento que aprofunda e 
internacionaliza os direitos humanos, vez que essa declaração torna pública a necessidade, o 
interesse e a responsabilidade em torno desses direitos do homem, de todo e qualquer ser humano. 
Assim, ATENÇÃO: 
 
“O direito internacional dos direitos humanos pressupõe como legítima e necessária a 
preocupação dos atores estatais e não-estatais a respeito do modo pelo qual os habitantes de 
outros Estados são tratados”. (SIKKINK) 
 
Importa, portanto, reforçar a ideia de que a proteção dos Direitos Humanos não pode ser 
limitada e restrita a um domínio reservado de um Estado político, quer dizer, 
a defesa desses direitos não é competência exclusiva de uma nação ou de uma jurisdição 
doméstica, vez que se fala em um homem que independe dos limites físicos, culturais e políticos, 
mas de todos os homens. Três são as consequências dessa posição: 
 
a) Revisão da noção tradicional de soberania absoluta do Estado nacional; 
b) Consolidação da ideia de que os indivíduos devem estar protegidos em qualquer lugar ou 
local, pois a sua proteção se dá numa esfera internacional; 
c) O homem é homem em qualquer cultura e estrutura nacional. 
 
Os direitos humanos como estão concebidos delimitam o fim de uma era: o Estado Nacional 
fica suscetível de sofrer um processo de relativização de sua soberania, na medida em que são 
possíveis e admissíveis intervenções no espaço nacional em nome da defesa e proteção dos direitos 
humanos. Quer dizer: é a substituição de uma ideologia que previa ao Estado Nacional tratar os seus 
nacionais como um problema exclusivamente interno, enfrentado apenas por uma jurisdição 
doméstica, pois agora, são admitidas formas de monitoramento e responsabilização internacional 
quando os direitos humanos foram de uma ou de outra forma violados. 
 Com a Declaração Universal de 1948, e o tratamento que passa a dar do tema dos direitos 
humanos, se inicia o desenvolvimento do direito internacional desses direitos humanos, a partir da 
prática da adoção de variados tratados internacionais que são elaborados com o objetivo de proteger 
os direitos do homem. 
 
 
 
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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITOS HUMANOS 
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 Os direitos humanos nascem, portanto, como direitos naturais universais, desenvolvendo-se 
como direitos positivos particulares que são incorporados por cada 
Constituição Nacional (na medida em que elas passam a se constituir em declarações de 
direitos, de reconhecimento de garantias e de normativização dos direitos fundamentais). 
 Em face da crescente consolidação e reconhecimento desse direito positivo universal 
concernente aos direitos humanos, pode-se afirmar que tratados, convenções e acordos 
internacionais de proteção aos direitos humanos representam, sobretudo, uma consciência ética 
compartilhada por todos os Estados, vez que invocam um consenso internacional acerca dos direitos 
civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, a proibição da tortura, o combate e a eliminação da 
discriminação de todos os tipos, a proteção à criança e ao adolescente, ao idoso, a família, ao 
trabalho, etc. 
 A Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993 ratifica toda essa posição apresentada 
em 1948, quando em seu parágrafo 5º, destaca que: 
 
“Todos os direitos humanos são universais, interdependentes e inter-relacionados. A comunidade 
internacional deve tratar os direitos humanos globalmente de forma justa e equitativa, em pé de 
igualdade e com a mesma ênfase”.Está, assim, a Declaração de Viena ao encontro da de 1948, vez que consagra uma tese 
consensual da universalidade, da indivisibilidade e uniformidade dos direitos humanos em todos os 
Estados Nacionais. 
Assim, ATENÇÃO: 
Os elementos constitutivos dos Direitos Humanos são: 
 
a) UNIVERSALIZAÇÃO 
b) INDIVISIBILIDADE 
c) UNIFORMIDADE 
 
 Contudo, esses se justificam na medida em que trazem características internas de 
 Multiplicação e Diversificação, que impulsionam esses elementos constitutivos dos direitos 
humanos a se imporem sobre as velhas ideias de uma soberania nacional e absolutamente 
independente quanto ao tema da violação dos direitos do homem. 
É importante ressaltar que os direitos humanos devem, em nosso momento histórico, ser 
percebidos para além da concepção já clássica da conjunção entre os direitos civis individuais e 
políticos e os direitos econômicos e sociais. 
Note-se, igualmente, que o acesso a esses direitos está em constante disputa. Isto é, a luta da 
qual fala Ihering1, é tanto ou mais aplicável a essa gama de direitos, uma vez que a despeito de sua 
conceituação teórica ser constantemente referenciada e de sua positivação ter ocorrido na ampla 
maioria dos países ocidentais - seja através do Direito Internacional consuetudinário, seja através de 
legislações próprias - sua real efetivação ainda está longe de ser alcançada de pleno. 
 
 
1 ““O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para consegui-lo é a luta”” in A Luta Pelo Direito, Rudolf von Ihering, p. 27. 
 
 
 
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DIREITOS HUMANOS 
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1.1 DA RELAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS COM A TEORIA DAS 
DIMENSÕES DE DIREITO 
O processo que permite compreender a consolidação atual dos direitos humanos veio 
acompanhado de uma alteração na natureza dos próprios direitos a partir de sua 
constitucionalização. As dimensões de direito representam esse longo caminho em direção ao 
reconhecimento de que no espaço social muitas são as formas de manifestação do direito e variados 
e distintos são os seus efeitos nos sujeitos sociais. 
 
1.2 DA PRIMEIRA DIMENSÃO DE DIREITOS – OS DIREITOS CIVIS E 
POLÍTICOS 
 Esses são direitos voltados a uma maior atenção à vida, a liberdade, à propriedade, à 
segurança pública, a proibição da escravidão, a proibição da tortura, a igualdade perante a lei, a 
proibição da prisão arbitrária, o direito a um julgamento justo, o direito de habeas corpus, o direito à 
privacidade do lar e ao respeito de própria imagem pública, a garantia de direitos iguais entre 
homens e mulheres no casamento, o direito de religião e de livre expressão do pensamento, a 
liberdade de ir e vir dentro do país e entre os países, o direito de asilo político e de ter uma 
nacionalidade, a liberdade de imprensa e de informação, a liberdade de associação, a liberdade de 
participação política direta ou indireta, o princípio da soberania popular e regras básicas da 
democracia (liberdade de formar partidos, de votar e ser votado, etc.). 
 São direitos marcados pelos eventos do século XIX, da consolidação do liberalismo, das 
transformações sócio-econômico-políticas da revolução industrial, a partir de um Estado Nacional 
que se propunha ser de mínima intervenção, conhecido como ‘mão invisível’. 
 As consequências desse período fomentaram críticas de grande força ideológica, tais como as 
teses do marxismo e as afirmações da Igreja Católica. A partir da oposição desses dois agentes, os 
Estados Nacionais, fundamentalmente na Europa Ocidental, empreenderam a transformação de suas 
estruturas jurídicas, políticas e sócio-econômicas para aquilo que se convencionou chamar de 
segunda dimensão de direitos. 
 
1.3 DA SEGUNDA DIMENSÃO DE DIREITOS – OS DIREITOS 
ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS 
 Esses são os direitos voltados à seguridade social, ao direito ao trabalho e a segurança no 
trabalho, ao seguro contra o desemprego, ao direito a um salário justo e satisfatório, a proibição da 
discriminação salarial, ao direito a formar sindicatos, ao direito ao lazer a ao descanso remunerado, 
ao direito à proteção do Estado do Bem-Estar-Social, a proteção especial para a maternidade e a 
infância, ao direito à educação pública, gratuita e universal, ao direito a participar da vida cultural da 
comunidade e a se beneficiar do progresso científico e artístico, a proteção dos direitos autorais e 
das patentes científicas. 
 Percebe-se, aqui, que os Estados Nacionais incorporaram as críticas que o marxismo e a 
Igreja católica vinham realizando, transformando o espaço público numa área de realização dos 
direitos sociais. 
 A Constituição Mexicana de 1917, e a Constituição de Weimar em 1919, Constituição da 
Alemanha, são marcos dessas transformações, colocam o Estado como principal agente da defesa 
dos direitos sociais, esvaziando, fundamentalmente no cenário ocidental, a força revolucionária da 
proposta marxista e, permitindo ao espaço político, reafirmar o seu papel de principal espaço para a 
consagração dos valores sociais. 
 
 
 
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DIREITOS HUMANOS 
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 A dificuldade enfrentada por essa dimensão de direitos não poderia ter sido prevista, pois a 
primeira guerra mundial, o período entre guerras e a segunda guerra mundial foram limites 
concretos e de grande significação que acabaram minando a legitimidade dessas transformações 
normativas, vez que toda essa dimensão estava centrada na figura do Estado de direito. 
 O Estado de direito não conseguiu frear a opção em vários países ao autoritarismo e ao 
totalitarismo, colocando o próprio agente estatal como principal responsável pela violação aos 
direitos do homem. 
 Sob o efeito do conhecimento de todos os danos sofridos pela figura humana ao longo da 
segunda guerra mundial, numa intensidade que permitiu, inclusive, que se cunhasse a expressão 
‘banalidade do mal’, a necessidade de se recriar algum espaço consistente para a defesa dos direitos 
humanos levou o processo histórico-jurídico a Declaração Universal de 1948, e a uma nova dimensão 
de direitos a ser defendidos. 
Ainda, é importante reconhecer o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos como outro 
marco nessa defesa de Direitos Humanos. 
 
1.4 DA TERCEIRA DIMENSÃO DE DIREITOS – UMA NOVA ORDEM 
INTERNACIONAL 
 Esses são os direitos a uma ordem social e internacional em que os direitos e as liberdades 
estabelecidos na Declaração Universal do Homem possam ser plenamente realizados. Propugnam a 
defesa do direito à paz, ao desenvolvimento, ao ambiente, ao reconhecimento da existência de um 
direito difuso, pertencente a toda a sociedade, a fraternidade e a solidariedade. 
 A necessidade de se alcançar novos espaços obriga ao sistema jurídico reconhecer novos 
institutos passíveis de defesa, uma vez que esses novos espaços, como o direito difuso, o direito ao 
ambiente não estão afastados e isolados da figura humana. Ao contrário, o direito à vida pressupõe 
uma necessária condição de dignidade do ambiente aonde essa se desenvolve. 
 Sob o manto da Declaração Universal de 1948, uma ideia de homem em sentido lato obriga o 
sistema jurídico, a Constituição a reconhecer um papel decisivo para os princípios fundamentais, 
bem assim para os direitos humanos. E a sua melhor aplicabilidade se dá na medida em que eles são 
reconhecidos como universais e indivisíveis e uniformes. 
 
1.5 DA QUARTA DIMENSÃO DE DIREITOS – UMA NOVA ERA NA 
TECNOLOGIA GENÉTICA E COMUNICACIONAL 
 Esses direitos não representam a superação das outras dimensões, mas sim que se 
reconhece uma nova natureza de direitos que ainda estão em discussão, masque fazem parte dessa 
nova humanidade multimídia, sem espaços territoriais definidos e de temporalidade acelerada, e que 
trazem para universos biológicos e físicos preocupações quanto ao patrimônio genético de tudo 
aquilo que é e está em contato com o homem, bem assim quanto a nossa responsabilidade quanto 
às gerações futuras, quer dizer, quanto a um compromisso de se deixar o mundo em que vivemos, 
melhor, se for possível, ou o ‘mais possível’ ou ‘menos pior’ do que aquele que recebemos. Implica 
isto, uma série de políticas que envolvem todas as três gerações de direitos e a obrigatória 
constituição de uma nova ordem econômica, política, jurídica e ética internacional. 
 Observe-se que existe uma controvérsia doutrinária sobre a oportunidade de se considerar 
como direitos “efetivos” os de terceira e quarta geração, porque para alguns não existiria, ainda, um 
poder que os garanta, bem assim como há divergência quanto à lista dos direitos a serem incluídos 
nessas categorias. 
 
 
 
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DIREITOS HUMANOS 
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 Entretanto, apesar da controvérsia, ou de uma ausência de positivação de normas, esta lista 
crescente e ampla de direitos nos leva a reconhecer a existência de vários e multíplices aspetos dos 
diretos humanos: em verdade, não se tratam simplesmente de “direitos” naquele sentido mais 
estritamente jurídico da palavra, mas de um conjunto de “valores” humanos que implicam várias 
dimensões da humanidade. 
RELEMBRE: 
 
 
1.6 DAS OUTRAS DIMENSÕES QUE ENVOLVEM OS DIREITOS 
HUMANOS A PARTIR DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE 1948 
1.6.1 DA DIMENSÃO ÉTICA 
 A Declaração Universal de 1948 afirma que “todas as pessoas nascem livres e iguais”, quer 
dizer que isto confirma o CARÁTER NATURAL dos direitos: OS DIREITOS HUMANOS são inerentes à 
natureza de TODO e QUALQUER ser humano, e esses estão reconhecidos na sua dignidade 
INTRÍNSECA. Portanto, eles se constituem em um conjunto de valores éticos universais que estão 
“acima” do nível estritamente jurídico e que devem orientar a legislação dos Estados, uma vez que 
envolvem não um sujeito nacional, mas uma condição de humanidade universal. 
 
 1.6.2 DA DIMENSÃO JURÍDICA 
 Importa lembrar que uma vez que todos os princípios contidos na Declaração Universal de 
1948 estão especificados e determinados em protocolos, tratados, convenções internacionais, eles 
se tornam parte do direito internacional, vez que esses tratados passam a se constituir de um valor e 
uma força jurídica enquanto assinados elos Estados Nacionais. 
 Eles se ampliam na medida em que deixam, portanto, de serem apenas orientações éticas ou 
de direito natural, para se tornarem um conjunto de direitos positivos que vinculam as relações 
internas e externas dos Estados, assimilados e incorporados pelas Constituições e, através delas, 
pelas leis ordinárias. 
 Essa necessária assimilação por parte das Constituições, e no caso brasileiro a partir de uma 
votação em dois turnos no Congresso Nacional, com a aprovação exigida a partir de uma votação de 
3/5 dos membros desse poder legislativo nacional, ratifica a sua positivação interna, sem que isso 
signifique uma afirmação de uma soberania exclusiva ou mesmo de um ferimento em relação à 
soberania dos Estados Nacionais. 
 
 
 
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DIREITOS HUMANOS 
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 1.6.3 DA DIMENSÃO POLÍTICA 
Os direitos humanos, enquanto conjunto de normas jurídicas, se tornam critérios de 
orientação e de implementação das políticas públicas institucionais nos vários setores da relação 
estado-sociedade. 
 Isso é assim porque o Estado, enquanto agente representativo do titular do poder político, 
isto é, o cidadão, assume o compromisso de ser o principal promotor do conjunto dos direitos 
fundamentais, tanto do ponto de vista “negativo”, isto é, não interferindo na esfera das liberdades 
individuais dos cidadãos, quanto do ponto de vista “positivo”, quer dizer, através de um amplo 
processo que justifica a implementação de políticas que garantam a efetiva realização desses direitos 
para todos. 
 Está nesse espaço, por exemplo, o Programa Nacional de Direitos Humanos desenvolvido 
pelo governo federal e que constitui um avanço na assunção de responsabilidades concretas por 
parte do Estado no Brasil, fazendo com que os direitos humanos se tornem parte integrante das 
políticas públicas, não somente como indicadores da natureza dessas políticas, mas como fins a 
serem alcançados pela ação dos agentes públicos. 
 
 1.6.4 DA DIMENSÃO ECONÔMICA 
 Não se pode desvincular a dimensão econômica daquela dimensão política, ainda que se 
possa olhá-la por ela mesma. Essa dimensão significa que sem a existência de uma mínima satisfação 
de um mínimo de atendimento das necessidades humanas básicas, isto é, sem a realização dos 
direitos econômicos e sociais, não é possível o exercício dos direitos civis e políticos, enfim, dos 
direitos humanos como se afirma na Declaração Universal de 1948. 
 Dessa forma, ao Estado, portanto, não se pode esperar que se limite, apenas, a garantia 
abstrata dos direitos de liberdade, mas sim, ao contrário, que ele deve igualmente agir e exercer um 
papel ativo na realização de programas que busquem efetivamente os direitos de igualdade, que 
somente podem ser percebidos em sua plena existência a partir de uma melhor capacidade 
econômica do indivíduo. Atuar contra as condições da desigualdade sócio-econômica são 
necessidades existenciais para uma maior política de defesa dos direitos humanos. 
 E o reconhecimento dessa dimensão de direitos está no próprio texto da Constituição, 
conforme se podem anotar na compreensão, mais especificamente, dos artigos 1º a 3º da 
Constituição promulgada de 1988. 
 
 1.6.5 DA DIMENSÃO SOCIAL 
 Mas não cabe somente ao Estado a implementação dos direitos, também a sociedade civil 
organizada tem um papel importante na luta pela efetivação dos direitos, através dos movimentos 
sociais, sindicatos, associações, centros de defesa e de educação, conselhos de direitos. É a luta pela 
efetivação dos direitos humanos que vai levar estes direitos no cotidiano das pessoas e vai 
determinar o alcance que os mesmos vão conseguir numa determinada sociedade. 
 
 1.6.6 DA DIMENSÃO CULTURAL 
 Os direitos humanos implicam algo mais do que uma mera dimensão jurídica, isto significa 
que é preciso que eles encontrem um respaldo e um espaço na cultura, na história, na tradição, nos 
costumes de uma dada realidade social se tornem de certa forma, parte do seu corpo coletivo, isto é, 
de sua identidade cultural e maneira de ser. 
 
 
 
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DIREITOS HUMANOS 
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 É importante que os direitos humanos integrem o MORUS (hábitos) de uma coletividade 
quer dizer, que se realize na cotidianidade dos sujeitos sociais, o que exige certo lapso de tempo para 
se afirmar e pôr raízes num determinado contexto. 
 
 1.6.7 DA DIMENSÃO EDUCATIVA 
 Afirmar que os direitos humanos são “direitos naturais”, que as pessoas “nascem livres e 
iguais”, não significa afirmar que a consciência dos direitos seja algo espontâneo. O homem é um ser, 
ao mesmo tempo, natural e cultural que deve ser socializado pelo espaço social. A educação para a 
cidadania constitui, portanto, uma das dimensões fundamentais para a efetivação dos direitos, tanto 
na educação formal, quanto num aprendizado informal ou popular, bem assim nos meios de 
comunicação. 
 A partir dessas dimensões se percebe o caráter complexo dos direitos humanos, vez que eles 
implicam num conjunto de espaços de direito que devem estarinterligados. Elas não podem ser 
vistas como espaços isolados e separados, mas a partir de uma organicidade relacional, de tal forma 
que uma dimensão se integra e se realiza junto com todas as outras. 
 
“Nunca è demais ressaltar a importância de uma visão integral dos direitos humanos. As 
tentativas de categorização de direitos, os projetos que tentaram – e ainda tentam – privilegiar 
certos direitos a expensas dos demais, a indemonstrável fantasia das “gerações de direitos”, 
têm prestado um desserviço à causa da proteção em direitos humanos. Indivisíveis são todos 
os direitos humanos, tomados em conjunto, como indivisível é o próprio ser humano o titular 
desses direitos”. (Trindade, 1998). 
 
 Importa, ainda, observar como no sistema jurídico nacional a doutrina compreende os 
direitos humanos a partir daquelas características reconhecidas pela atual Constituição e pelos 
Tribunais Superiores: 
 
a) Imprescritibilidade: os direitos humanos fundamentais não se perdem pelo decurso do 
prazo; 
b) Inalienabilidade: não há possibilidade de transferência dos direitos humanos 
fundamentais, seja a título gratuito, seja a título oneroso; 
c) Inviolabilidade: os direitos humanos são impossíveis de serem violentados por 
desrespeito a determinações infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas, 
sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal; 
d) Universalidade: a abrangência dos direitos humanos engloba todos os homens, 
independente de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político-filosófica; 
e) Efetividade: a atuação do poder público estatal deve ser no sentido de garantir 
efetivamente a realização dos direitos e garantias previstos, com a previsão de 
mecanismos coercitivos para tanto, uma vez que a Constituição não se satisfaz com o 
simples reconhecimento abstrato; 
f) Interdependência: as várias previsões constitucionais, apesar de autônomas, possuem 
diversas intersecções para atingirem suas finalidades; 
g) Complementaridade; os direitos humanos fundamentais não devem ser interpretados 
isoladamente, mas sim de forma conjunta com a finalidade de alcance dos objetivos 
previstos pelo legislador constituinte. 
 
 
 Os direitos humanos ou direitos do homem são uma terminologia muito vaga e suas 
definições dirigem-se a uma tautologia. 
 
 
 
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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITOS HUMANOS 
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 Afirma Norberto Bobbio que “direitos do homem são os que cabem ao homem enquanto 
homem. (...) Direitos do homem são aqueles que pertencem, ou deveriam pertencer, a todos os 
homens, ou dos quais nenhum homem pode ser despojado.” 
 Para a doutrina alemã, os direitos fundamentais seriam os direitos humanos positivados no 
sistema jurídico. Dentre estes direitos fundamentais se afirma que o princípio da dignidade da pessoa 
humana é o que mais se destaca na construção histórica, principalmente a partir do pensamento da 
doutrina alemã, desenvolvido a partir do século XVIII, quando se afirma que o homem tem um valor 
em si próprio. 
 Entretanto, Não se pode falar em uma unanimidade com relação ao legado deixado pela 
Antiguidade a respeito dos direitos humanos. Se os direitos humanos são considerados como 
quaisquer direitos atribuídos a seres humanos, então, o espaço de sua presença é muito largo: já o 
Código de Hamurabi (Babilônia, século XVIII a.C.), o pensamento de Amenófis IV (Egito, século XIV a. 
C), a filosofia de Mêncio (China, século IV a.C), a influência filosófico-religiosa de Buda, basicamente 
sobre a igualdade de todos os homens (500 a.C.), a República de Platão (Grécia, século IV a. C.), o 
Direito Romano e outras contribuições de civilizações e culturas ancestrais constituir-se-iam em 
fontes desses direitos humanos. 
 Sobre a presença de direitos humanos na Grécia e em Roma, manifesta-se Ricardo Schmitt: 
 
“(...) surgem na Grécia vários estudos sobre a necessidade da igualdade e liberdade do homem, 
destacando-se as previsões de participação política dos cidadãos (democracia direta de Péricles); a 
crença na existência de um direito natural, anterior e superior às leis escritas, definida no 
pensamento dos sofistas e estóicos (por exemplo, na obra Antígona – 441 a.C. -, Sófocles defende a 
existência de normas não escritas e imutáveis, superiores aos direitos escritos pelo homem). 
Contudo, foi o Direito romano quem estabeleceu um complexo mecanismo de interditos visando 
os direitos individuais em relação aos arbítrios estatais. A lei das doze tábuas pode ser considerada 
a origem dos textos escritos consagradores da liberdade, da propriedade e da proteção dos direitos 
do cidadão”. (SCHMITT, 2007, p. 175) 
 
Igualmente o cristianismo passou a estimular uma crença na igualdade de todos os homens, 
independentemente de sua origem, e raça, e sexo ou credo, influenciando diretamente a 
consagração dos direitos fundamentais, enquanto necessários à dignidade de uma pessoa humana 
em sentido lato. 
 Alguns autores, por outro lado, só passam a considerar os direitos humanos, no momento 
em que há o balizamento do poder do Estado pela lei. Nas palavras de Fábio Konder Comparato: 
 
“Nesse sentido, deve-se reconhecer que a proto-história dos direitos humanos começa nos séculos 
XI e X a.C. , quando se institui, sob Davi, o reino unificado de Israel, tendo como capital Jerusalém. 
(...) o reino de Davi, que durou 33 anos (996 a.C. -963 a.C.), estabeleceu, pela primeira vez na 
história política de humanidade, a figura do rei-sacerdote, o monarca que não se proclama Deus 
nem se declara legislador, mas se apresenta, antes, como o delegado do Deus único e o 
responsável supremo pela execução da lei divina. (...) Essa experiência notável de limitação 
institucional do poder de governo foi retomada no século VI a.C., com a criação das primeiras 
instituições democráticas em Atenas, 
 
 Assim, se observa que os direitos humanos, sob esta perspectiva, nascem a partir de uma 
mudança na relação do Estado com o cidadão. 
 
 
 
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 Os direitos são vistos como pertencentes aos cidadãos e não aos súditos. Dessa forma, a 
sociedade representa um todo que vem antes do indivíduo, diluindo o caráter individualista que está 
já presente antes da era moderna. 
 Essa seria a primeira fase dos direitos humanos. Neste período, como destaca Norberto 
Bobbio, afirmam-se: 
 
“os direitos de liberdade, isto é, todos aqueles direitos que tendem a limitar o poder do Estado e a 
reservar para o indivíduo, ou para os grupos particulares, uma esfera de liberdade em relação ao 
Estado.” 
 
 Durante a Idade Média, a Europa Ocidental encontrava-se esfacelada em várias e individuais 
propriedades conhecidas como feudos. O poder era, assim, fragmentado nas mãos dos senhores 
feudal. Essa fragmentação começa a ser dissolvida já no século XI, quando se pode anotar uma luta 
para a reunificação dessas unidades auto-suficientes. 
 O imperador Carlos Magno e o poder papal reclamavam para si essas terras européias 
divididas entre uma aristocracia agrária. Os reis, por sua vez, tinham o desejo de ter sob o comando 
da coroa os domínios que naquele momento estavam nas mãos da nobreza e do clero. 
 Diante da luta de reconcentração e reunificação administrativo-jurídico do poder político 
estatal, surgem documentos como A Declaração das Cortes de Leão de 1188, na península ibérica e a 
Magna Carta de 1215, na Inglaterra. 
 Importa destacar que a Magna Carta de 1215 serviu como referência para alguns direitos e 
liberdades civis clássicos, tais como o habeas corpus (direito de liberdade do cidadão perante o juiz, 
mas ainda não compreendidocomo a consagração do direito de ir e vir), o devido processo legal e a 
garantia inviolável da propriedade. 
 A Petition of Right, de 1628, o Habeas Corpus Act, de 1679, o Bill of Rights, de 1689, e o Act 
of Seattlemente, de 1701, igualmente fazem parte dos antecedentes históricos das declarações dos 
direitos humanos fundamentais. 
 Ainda na Idade Média percebe-se a primeira fase dos direitos humanos. Como destaca Fábio 
Konder Comparato: 
 
No embrião dos direitos humanos, portanto, despontou antes de tudo o valor da liberdade. Não, 
porém, a liberdade geral em benefício de todos, sem distinções de condição social, o que só viria a 
ser declarado ao final do século XVIII 
 
Após o período medieval, emerge na Inglaterra um sentimento de liberdade que busca 
reafirmar-se numa harmonia social, decorrente, sobretudo, da devastação provocada pela guerra 
civil e a oposição à tirania. O poder absoluto (da realeza dos reis Stuart e da ditadura republicana do 
Lord Protector (Oliver Cromwell) passa a representar um perigo ao que já estava consagrado pela 
Magna Carta. 
 A Declaração de Direitos do povo da Virgínia, de 1776 e a própria Declaração de 
Independência dos Estados Unidos, no mesmo ano trazem a ideia de que todos os homens são 
igualmente vocacionados por suas próprias naturezas ao aperfeiçoamento constante deles mesmos. 
O sujeito é em si um espaço de realização de direitos. 
 
 
 
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 Com a Revolução Francesa, em 1789, reforçam-se os ideais de igualdade e liberdade, como 
se percebe na passagem a seguir: “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos” 
(Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, art. 1º). 
O que se percebe nesse momento é a evidencia de uma segunda fase dos direitos humanos, na 
medida em que se defende a liberdade, no sentido da autonomia, da participação dos membros da 
comunidade no poder político, isto é, liberdade no Estado, além da defesa dos próprios direitos 
econômicos. 
No preâmbulo da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, consta: 
“Os representantes do povo francês, reunidos em Assembléia Nacional, tendo em vista que a 
ignorância, o esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males 
públicos e da corrupção dos Governos, resolveram declarar solenemente os direitos naturais, 
inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente em todos os 
membros do corpo social, lhes lembre permanentemente seus direitos e deveres; a fim de que os 
atos do Poder Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a quaisquer momentos comparados 
com a finalidade de toda a instituição política, sejam por isso mesmo, mais respeitados; afim de 
que as reivindicações dos cidadãos, doravante fundados em princípios simples e incontestáveis, se 
dirijam sempre à conservação da Constituição e à felicidade geral”. (SCHMITT) 
 
Em toda essa linha histórica é perceptível uma afirmação dos direitos humanos gradual, vez 
que determinada pelos eventos históricos que ora a estimulam e ora a retraem. 
A Constituição Francesa de 1848, por exemplo, consagrava o que já havia sido posto nas 
Constituições de 1791 e 1793, além de apresentar exigências econômicas e sociais, mas na visão de 
Fábio Konder Comparato: 
 
“a plena afirmação desses novos direitos humanos só veio a ocorrer no século XX, com a 
Constituição mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919.” 
 
 Finalmente, A Declaração dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembléia Geral das 
Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 representa, como já visto, uma nova fase histórica. E 
este documento novo não contém, apenas, os direitos individuais, de natureza civil e política ou 
direitos de caráter econômico e social, mas é uma novidade na medida em que afirmam novos 
direitos humanos, como os direitos do povo e da humanidade, além de reconhecer a fraternidade, 
isto é, uma ampla solidariedade. Como quer Norberto Bobbio: 
 
“(...) Somente depois da Declaração Universal é que podemos ter a certeza histórica de que a 
humanidade – toda humanidade – partilha alguns valores comuns; e podemos, finalmente, crer na 
universalidade dos valores, no único sentido em que tal crença é historicamente legítima, ou seja, 
no sentido em que universal significa não algo dado objetivamente, mas algo subjetivamente 
acolhido pelo universo dos homens. (...) Com a Declaração de 1948, tem início uma terceira e 
última fase, na qual a afirmação dos direitos é, ao mesmo tempo, universal e positiva: universal no 
sentido de que os destinatários dos princípios nela contidos não são mais apenas os cidadãos deste 
ou daquele Estado, mas todos os homens; positiva no sentido de que põe em movimento um 
processo em cujo final os direitos do homem deverão ser não mais apenas proclamados ou apenas 
idealmente reconhecidos, porém efetivamente protegidos até mesmo contra o próprio Estado que 
os tenha violado”. (BOBBIO, 1992, pp.28-30) 
 
 
 
 
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 A terceira fase desses direitos consagra, portanto, os direitos sociais, a igualdade formal e 
material e a liberdade através ou por meio do Estado. 
 Merecem serem registradas, em derradeiro, as considerações que levaram à proclamação da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948: 
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da 
humanidade e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade e da paz no 
mundo; 
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos 
bárbaros que ultrajam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os 
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor 
e da necessidade foi proclamando como a mais alta aspiração do homem comum; 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para 
que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e opressão, 
se faz obrigatório realinhar um novo espaço de ingerência dos direitos humanos. 
 
 Decorrido mais de meio século da proclamação da Declaração Universal de 1948 e partir do 
surgimento da ONU em 1945, adentra-se na era internacional dos direitos. 
 Nessa fase, os direitos humanos solidificam-se de forma definitiva, gerando, por via de 
conseqüência, a adoção de inúmeros tratados internacionais, destinados a proteger os direitos 
fundamentais dos indivíduos. 
 
“Os direitos humanos passaram, então, com o amadurecimento evolutivo desse processo, a 
transcender os interesses exclusivos dos Estados, para salvaguardar, internamente, os interesses 
dos seres humanos protegidos”. (Valério Mazzuolli). 
 
Não há apenas direitos humanos em face do Estado, mas também direitos reclamáveis pela 
pessoa em face dos grupos sociais e das estruturas econômicas. E há também direitos reclamáveis 
por grupos humanos e nações, em nome da pessoa humana, dentro da comunidade universal. 
É importante analisar o Decreto n. 7037/2009, assim como o anexo desse, que tratam do Plano 
Nacional de Direitos Humanos. 
Igualmente, para melhor entendimento da matéria, deve-se analisar a Convenção America de 
Direitos Humanos, datada de 1969, conhecida também como Pacto de San José da Costa Rica. 
Outrossim, insta ressaltar a fundamentalidade de análise da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. 
Da Resolução nº 34/169, de 17/12/1979 – Código de Conduta para os Policiais (Code of 
Conduct for Law Enforcement Officials): 
 
Código de Conduta para os Policiais: 
 
ARTIGO1.º: Os policiais devem cumprir, a todo o momento, o dever que a lei lhes impõe, servindo a 
comunidade e protegendo todas as pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau 
de responsabilidade que a sua profissão requer. 
ARTIGO 2.º: No cumprimento do seu dever, os policiais devem respeitar e proteger a dignidade 
humana, manter e apoiar os direitos fundamentais de todas as pessoas. 
 
 
 
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ARTIGO 3.º: Os policiais só podem empregar a força quando tal se apresente estritamente necessário, e 
na medida exigida para o cumprimento do seu dever. 
ARTIGO 4.º: As informações de natureza confidencial em poder dos policiais devem ser mantidas em 
segredo, a não ser que o cumprimento do dever ou as necessidades da justiça estritamente exijam 
outro comportamento. 
ARTIGO 5.º: Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar ou tolerar 
qualquer ato de tortura ou qualquer outra pena ou tratamento cruel, desumano ou degradante, nem 
invocar ordens superiores ou circunstâncias excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça 
à segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como 
justificação para torturas ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 
ARTIGO 6.º: Os policiais devem assegurar a proteção da saúde das pessoas à sua guarda e, em especial, 
devem tomar medidas imediatas para assegurar a prestação de cuidados médicos sempre que tal seja 
necessário. 
ARTIGO 7.º: Os policiais não devem cometer qualquer ato de corrupção. Devem, igualmente, opor-se 
rigorosamente a eles, e combater todos os atos desta índole. 
ARTIGO 8.º: Os policiais devem respeitar a lei e o presente Código. Devem, também, na medida das 
suas possibilidades, evitar e opor-se vigorosamente a quaisquer violações da lei ou do Código. Os 
policiais que tiverem motivos para acreditar que se produziu ou irá produzir uma violação deste Código, 
devem comunicar o fato aos seus superiores e, se necessário, a outras autoridades com poderes de 
controle ou de reparação competentes. 
 
1.7 PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DA FORÇA E DE 
ARMAS DE FOGO PELOS POLICIAIS 
DISPOSIÇÕES GERAIS: 
Princípio 1º: 
 Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem adotar e aplicar regras sobre a utilização da 
força e de armas de fogo contra as pessoas, por parte dos policiais. Ao elaborarem essas regras, os 
Governos e os organismos de aplicação da lei devem manter sob permanente avaliação as questões 
éticas ligadas à utilização da força e de armas de fogo. 
 
Princípio 2º: 
 Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem desenvolver um leque de meios tão amplos 
quanto possível e habilitar os policiais com diversos tipos de armas e de munições, que permitam uma 
utilização diferenciada da força e das armas de fogo. Para o efeito, deveriam ser desenvolvidas armas 
neutralizadoras não letais, para uso nas situações apropriadas, tendo em vista limitar de modo 
crescente o recurso a meios que possam causar a morte ou lesões corporais. Para o mesmo efeito, 
deveria também ser possível dotar os policiais de equipamentos defensivos, tais como escudos, 
viseiras, coletes anti-balísticos e veículos blindados, a fim de se reduzir a necessidade de utilização de 
qualquer tipo de armas. 
 
Princípio 3º: 
O desenvolvimento e utilização de armas neutralizadoras não letais deveria ser objeto de uma avaliação 
cuidadosa, a fim de reduzir ao mínimo os riscos com relação a terceiros, e a utilização dessas armas 
deveria ser submetida a um controlo estrito. 
 
 
 
 
 
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Princípio 4º: 
Os policiais, no exercício das suas funções, devem, na medida do possível, recorrer a meios não 
violentos antes de utilizarem a força ou armas de fogo. Só poderão recorrer à força ou a armas de fogo 
se outros meios se mostrarem ineficazes ou não permitirem alcançar o resultado desejado. 
 
Princípio 5º: 
 Sempre que o uso legítimo da força ou de armas de fogo seja indispensável, os policiais devem: 
a) Utilizá-las com moderação e a sua ação deve ser proporcional à gravidade da infração e ao objetivo 
legítimo a alcançar; 
b) Esforçar-se por reduzirem ao mínimo os danos e lesões e respeitarem e preservarem a vida humana; 
c) Assegurar a prestação de assistência e socorros médicos às pessoas feridas ou afetadas, tão 
rapidamente quanto possível; 
d) Assegurar a comunicação da ocorrência à família ou pessoas próximas da pessoa ferida ou afetada, 
tão rapidamente quanto possível. 
 
Princípio 6º: 
 Sempre que da utilização da força ou de armas de fogo pelos policiais resultem lesões ou a morte, os 
responsáveis farão um relatório da ocorrência aos seus superiores, de acordo com o princípio 22. 
 
Princípio 7º: 
Os Governos devem garantir que a utilização arbitrária ou abusiva da força ou de armas de fogo pelos 
policiais seja punida como infração penal, nos termos da legislação nacional. 
 
Princípio 8º: 
Nenhuma circunstância excepcional, tal como a instabilidade política interna ou o estado de 
emergência, pode ser invocada para justificar uma derrogação dos presentes 
 
Princípio 9º: 
Policiais não devem usar armas contra pessoas, exceto para se defender ou defender terceiros contra 
iminente ameaça de morte ou lesão grave, para evitar a perpetração de um crime envolvendo grave 
ameaça à vida, para prender pessoa que represente tal perigo e que resista à autoridade, ou para evitar 
sua fuga, e apenas quando meios menos extremos forem insuficientes para atingir tais objetivos. 
Nesses casos, o uso intencionalmente letal de arma só poderá ser feito quando estritamente necessário 
para proteger a vida. 
 
Princípio 10: 
 Nas circunstâncias referidas no princípio 09º, os policiais devem identificar-se como tal e fazer uma 
advertência clara da sua intenção de utilizarem armas de fogo, deixando um prazo suficiente para que o 
aviso possa ser respeitado, exceto se esse modo de proceder colocar indevidamente em risco a 
segurança daqueles responsáveis, implicar um perigo de morte ou lesão grave para outras pessoas ou 
se se mostrar manifestamente inadequado ou inútil, tendo em conta as circunstâncias do caso. 
Princípio 11: 
 As normas e regulamentações relativas à utilização de armas de fogo pelos policiais devem incluir 
diretrizes que: 
a) Especifiquem as circunstâncias nas quais os policiais sejam autorizados a transportar armas de fogo e 
prescrevam os tipos de armas de fogo e munições autorizados; 
b) Garantam que as armas de fogo sejam utilizadas apenas nas circunstâncias adequadas e de modo a 
reduzir ao mínimo o risco de danos inúteis; 
c) Proíbam a utilização de armas de fogo e de munições que provoquem lesões desnecessárias ou 
representem um risco injustificado; 
d) Regulamentem o controle, armazenamento e distribuição de armas de fogo e prevejam 
procedimentos de acordo com os quais os policiais devam prestar contas de todas as armas e munições 
que lhes sejam distribuídas; 
e) Prevejam as advertências a serem efetuadas, se for o caso, quando armas de fogo forem utilizadas; 
 
 
 
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f) Prevejam um sistema de relatórios de ocorrência, sempre que os policiais utilizem armas de fogo no 
exercício das suas funções. 
Manutenção da ordem em caso de reuniões ilegais 
 
Princípio 12: 
 Sendo a todos garantido o direito de participação em reuniões lícitas e pacíficas, de acordo com os 
princípios enunciados na DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem e no Pacto Internacional sobre 
os Direitos Civis e Políticos, os Governos e as organizações policiais devem reconhecer que a força e as 
armas de fogo só podem ser utilizadas de acordo com os princípios 13º e 14º. 
 
Princípio 13: 
 Os policiais devem esforçar-se por dispersar as reuniões ilegais, mas não violentas sem recorrer à força 
e, quando isso não for possível, devem limitar a utilização da força ao estritamente necessário. 
 
Princípio 14: 
 Os policiais só podem utilizar armas de fogo para dispersar reuniões violentas se não for possível 
recorrer a meios menos perigosos, e somente nos limites do estritamente necessário. Os policiais não 
devem utilizar armas de fogo nesses casos, salvo nas condições estipuladas no princípio 9º. 
Manutenção da ordem entre pessoas detidas ou presas 
 
Princípio 15º: 
 Os policiais não devem utilizar a força na relação com pessoas detidas ou presas, exceto se isso for 
indispensável para a manutenção da segurança e da ordem dentro dos estabelecimentos prisionais, ou 
quando a segurança das pessoas esteja ameaçada. 
 
Princípio 16: 
 Os policiais, em suas relações com pessoas detidas ou presas, não deverão utilizar armas de fogo, 
exceto em caso de defesa própria ou para defesa de terceiros contra perigo iminente de morte ou lesão 
grave, ou quando essa utilização for indispensável para impedir a evasão de pessoa detida ou presa 
representando o risco referido no princípio 09º. 
 
Princípio 17: 
 Os princípios precedentes não prejudicam os direitos, deveres e responsabilidades dos funcionários 
dos estabelecimentos penitenciários, estabelecidos nas Regras Mínimas para o Tratamento de Presos, 
particularmente as regras 33, 34 e 54. 
Habilitações, formação e aconselhamento 
 
Princípio 18: 
 Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir que todos os policiais sejam 
selecionados de acordo com procedimentos adequados, possuam as qualidades morais e aptidões 
psicológicas e físicas exigidas para o bom desempenho das suas funções e recebam uma formação 
profissional contínua e completa. Deve ser submetida à reapreciação periódica a sua capacidade para 
continuarem a desempenhar essas funções. 
 
Princípio 19: 
 Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem garantir que todos os policiais recebam 
formação e sejam submetidos a testes de acordo com normas de avaliação adequadas sobre a 
utilização da força. O porte de armas de fogo por policiais só deveria ser autorizado após completada 
formação especial para a sua utilização. 
 
Princípio 20: 
 Na formação dos policiais, os Governos e os organismos de aplicação da lei devem conceder uma 
atenção particular às questões de ética policial e de direitos do homem, em particular no âmbito da 
investigação, às alternativas para o uso da força ou de armas de fogo, incluindo a resolução pacífica de 
conflitos, ao conhecimento do comportamento de multidões e aos métodos de persuasão, de 
 
 
 
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negociação e mediação, bem como aos meios técnicos, visando limitar a utilização da força ou de armas 
de fogo. Os organismos de aplicação da lei deveriam rever o seu programa de formação e 
procedimentos operacionais à luz de casos concretos. 
 
Princípio 21: 
Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem disponibilizar aconselhamento psicológico aos 
policiais envolvidos em situações em que tenha sido utilizada a força e armas de fogo. 
Procedimentos de comunicação hierárquica e de inquérito 
 
Princípio 22: 
 Os Governos e os organismos de aplicação da lei devem estabelecer procedimentos adequados de 
comunicação hierárquica e de inquérito para os incidentes referidos nos princípios 06º e 11º. Para os 
incidentes que sejam objetos de relatório por força dos presentes Princípios, os Governos e os 
organismos de aplicação da lei devem garantir a possibilidade de um efetivo procedimento de controle, 
e que autoridades independentes (administrativas ou do Ministério Público), possam exercer a sua 
jurisdição nas condições adequadas. 
Em caso de morte, lesão grave, ou outra conseqüência grave, deve ser enviado de imediato um 
relatório detalhado às autoridades competentes encarregadas do inquérito administrativo ou do 
controle judiciário. 
 
Princípio 23: 
As pessoas contra as quais sejam utilizadas a força ou armas de fogo ou os seus representantes 
autorizados devem ter acesso a um processo independente, incluindo um processo judicial. Em caso de 
morte dessas pessoas, a presente disposição aplica-se aos seus dependentes. 
 
Princípio 24: 
 Os Governos e organismos de aplicação da lei devem garantir que os funcionários superiores sejam 
responsabilizados se, sabendo ou devendo saber que os funcionários sob as suas ordens utilizam ou 
utilizaram ilicitamente a força ou armas de fogo, não tomaram as medidas ao seu alcance para impedir, 
fazer cessar ou comunicar este abuso. 
 
Princípio 25: 
Os Governos e organismos responsáveis pela aplicação da lei devem garantir que nenhuma sanção 
penal ou disciplinar seja tomada contra policiais que, de acordo com o 
Código de Conduta para os Policiais e com os presentes Princípios Básicos, se recusem cumprir uma 
ordem de utilização da força ou armas de fogo ou denunciem essa utilização por outros policiais. 
 
Princípio 26: 
A obediência a ordens superiores não pode ser invocada como meio de defesa se os policiais sabiam 
que a ordem de utilização da força ou de armas de fogo de que resultaram a morte ou lesões graves era 
manifestamente ilegal e se tinham uma possibilidade razoável de recusar-se a cumpri-la. Em qualquer 
caso, também será responsabilizado o superior que proferiu a ordem ilegal. 
 
 
 O nosso país, com a CF/88 compreendeu a complexidade em torno da importância de criar 
mecanismos efetivos para a implementação dos direitos humanos. É com essa perspectiva que a 
CF/88 abre todo um capítulo sobre os direitos sociais, aprofundando a defesa de índios, criança e 
adolescente, família, idosos, etc. No caso destes últimos, importa destacar que o IBGE estima que 
nos próximos trinta anos a previsão é de que os idosos ultrapassem cinquenta milhões de pessoas, o 
que corresponderá a 28% da população brasileira. Para a Lei 8.842/94 (POLITICA NACIONAL DO 
IDOSO) e para a Lei 10.741/03(ESTATUTO DO IDOSO), são consideradas pessoas idosas toda a 
pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. 
Contudo, para alguns benefícios especiais, tais como aposentadoria e benefício de gratuidade 
nos transportes há pequenas distinções que não podem ser esquecidas: 
 
 
 
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Segundo a Constituição de 1988, para o direito à aposentadoria compulsória idosa 
é a pessoa com mais de 70 anos, e também é considerada idosa àquela pessoa que tem 
mais de 65 anos no que diz respeito ao recebimento da gratuidade dos transportes 
coletivos conforme o artigo 230, §2º (lembrando a exceção nos serviços seletivos 
especiais, quando estes são realizados paralelamente aos serviços regulares). Esta última 
particularidade já foi, inclusive, alvo de atenção do STF que decidiu assim: 
“EMENTA: Ação direta de Inconstitucionalidade. Artigo 39 de Lei 10.741/03 
(Estatuto do Idoso), que assegura gratuidade dos transportes públicos urbanos e 
semiurbanos aos que têm mais de 65 (sessenta e cinco) anos. Direito Constitucional. 
Norma constitucional de eficácia plena e aplicabilidade imediata. Norma legal que repete 
a norma constitucional garantidora do direito. Improcedência da ação”. (ADI 3.768, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, j. 19/09/2007, DJ de 26/10/2007). 
 
 
 Os DireitosHumanos inerentes à população idosa no Brasil são amplamente reconhecidos, 
recebendo chancela atenta do constituinte originário. Buscando respeitar os limites da própria 
capacidade de ação do Estado, a Constituição Federal compartilha esta proteção do Idoso, pois 
estabelece que a família, o Estado e toda a sociedade têm o dever de amparar as pessoas idosas, 
realizando o possível para a defesa de sua dignidade e bem‐estar. 
 Neste sentido, o STF já decidiu que os idosos devem ter um atendimento (lato senso) 
prioritário, uma vez que a sua proteção está imbuída a defesa da própria vida, bem como a 
solidariedade de todos com esta mesma expectativa de vida, pois como já disse Cecília Meireles em 
um poema de 1968, intitulado “A Velhice pede desculpas”, o Estado e a Sociedade precisam 
compreender a condição especial da condição de vida de um ser humano que se encontra nesta 
condição de idoso e assim protegê-los. Conforme a Lei 10.741/03, em seu artigo 3º, § único, são 
elementos constitutivos do direito de prioridade da pessoa idosa: 
 
a) O atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e 
privados prestadores de serviços à população (a natureza do serviço público equipara os 
órgãos privados aos órgãos públicos); 
b) A preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; 
c) A destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção 
ao idoso; 
d) A viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso 
com as demais gerações; 
e) A priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do 
atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de 
manutenção da própria sobrevivência; 
f) A capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia 
e na prestação de serviços aos idosos; 
g) O estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de 
caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; 
h) A garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais. 
 
 
 São, igualmente, princípios dos idosos, conforme a concepção da dignidade humana 
efetivada em nosso país: 
Direito do sustento 
Direito à saúde; 
Gratuidade do transporte público (como já mencionado acima) 
Fiscalização do atendimento prestado aos idosos; 
Obrigações das entidades de atendimento; 
Prioridade na tramitação dos procedimento judiciais (A lei 10.741/03 reduziu para 60 anos a idade 
necessária para o benefício da prioridade na tramitação de procedimentos judiciais – artigo 1, lei 
10.741/03). 
 
 
 
 
a 
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITOS HUMANOS 
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