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8.DIREITO CIVIL

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DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITO CIVIL 
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DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS NOTARIAIS E REGISTRAIS DO RS 
 
 
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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITO CIVIL 
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SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO – SISTEMÁTICA DO CÓDIGO .......................................................... 03 
2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE DIREITO PRIVADO ......................................... 03 
3. RELAÇÃO JURÍDICA ................................................................................................ 09 
4. PESSOAS E DIREITOS DE PERSONALIDADE............................................................ 10 
5. TEORIA GERAL DOS FATOS JURÍDICOS: (ARTS. 104 A 188, CÓDIGO CIVIL) ............... 21 
6. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ................................................................................. 30 
7. OBRIGAÇÕES .......................................................................................................... 35 
8. DA RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................................................... 51 
9. CONTRATOS - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS ................................................... 65 
10. DOS CONTRATOS DE EMPRÉSTIMO (COMODATO E MÚTUO) ........................... 107 
11. DIREITOS REAIS .................................................................................................... 112 
12. DIREITO DE FAMÍLIA ........................................................................................... 128 
13. ESPÉCIES DE CASAMENTO .................................................................................. 134 
14. DIREITOS E DEVERES CONJUGAIS ....................................................................... 136 
15. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL ........................................................... 137 
16. DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO ........................................................................ 140 
17. PODER FAMILIAR ................................................................................................ 145 
18. REGIME DE BENS DO CASAMENTO .................................................................... 147 
19. DO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DE FILHOS MENORES .......... 150 
20. ALIMENTOS ......................................................................................................... 150 
21 BEM DE FAMÍLIA .................................................................................................. 153 
22. UNIÃO ESTÁVEL .................................................................................................. 153 
23. TUTELA ................................................................................................................ 154 
24. CURATELA ........................................................................................................... 157 
25. DA SUCESSÃO EM GERAL ................................................................................... 158 
26. DA SUCESSÃO LEGÍTIMA .................................................................................... 165 
27. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA ............................................................................... 168 
28. DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA ........................................................................ 179 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 DIREITO CONSTITUCIONA 
DIREITO CIVIL 
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O Código Civil (CC) divide-se em Parte Geral e Parte Especial. 
A Parte Geral volta-se às pessoas, aos bens e aos fatos jurídicos, trazendo elementos 
relevantes conceitos e disposições para as demais partes do Código. 
Na Parte Especial existem seis livros: 
1. do Direito das Obrigações; 
2. do Direito de Empresa; 
3. do Direito das Coisas; 
4. do Direito de Família; 
5. do Direito das Sucessões 
6. das Disposições Transitórias. 
 
 
 
 
 2.1 BREVES NOÇÕES GERAIS DE PRINCÍPIOS 
Em sentido jurídico, princípio significa as normas elementares, o conjunto de regras ou 
preceitos que contém as exigências do ideal de justiça e de valores éticos que servem de suporte e 
parâmetro ao sistema jurídico, são as diretrizes do direito. São mandatos de otimização, ou seja, é 
uma busca do ótimo. “Princípios são, por conseguinte, mandamentos de otimização, que são 
caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus variados e pelo fato de que a medida devida de 
sua satisfação não depende somente das possibilidades fáticas, mas também das possibilidades 
jurídicas”1. 
Há quem os defina como “enunciado” normativo tendo por função a solução de problemas e 
orientação de comportamentos, razão pela qual sua estrutura é deôntica, porquanto estabelece 
juízos de dever ser, muito embora não possa ser aplicado como regra jurídica. 
A Constituição é que dá unidade, fundamento, legitimidade e validade a todas as normas do 
sistema jurídico do Estado. Dentre as normas materialmente constitucionais, portanto, de mais alto 
grau, encontram-se os princípios fundamentais. 
Existem princípios contraditórios, complementares e competitivos entre si, por vezes gerando 
conflito de princípios ou colisão de direitos fundamentais, quando mais de um princípio incide sobre 
o mesmo fato. Nesses casos, entre princípios de igual importância hierárquica, a solução não é a 
escolha de um em detrimento de outro, mas sim um “juízo de ponderação”, sopesando o peso de 
cada um, e aplicar o maior no caso concreto. 
 
1 ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2008, p. 90. 
 
 
 
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O princípio, quando mera norma programática ou quando está implícito, tem a sua 
aplicabilidade mais restrita, pois, às vezes, necessita de regulamentação, embora existam casos em 
que ele (mesmo implícito) é invocado, aplicado e interpretado imediatamente. Mas, quando o 
princípio vem expresso, a sua implementação é direta, imediata; ele é aplicável como regra ou tem 
eficácia interpretativa. Por isso, entende-se que os princípios fazem parte do Direito Positivo, porque 
podem tomar o caráter de normas, converter-se em leis, subsidiarem o trabalho de interpretação e 
de aplicação do Direito (possuindo eficácia direta) ou terem sua aplicação concretizada diretamente. 
Não há que se confundir princípios constitucionais de direito privado com princípios gerais de 
direito, estes últimos consubstanciados pela analogia e os costumes, invocáveis na omissão ou lacuna 
da lei, enquanto aqueles se sobrepõem a toda organização judiciária e são a primeira regra a ser 
invocada para a leitura interpretativa da lei. 
 
 2.2 PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
O princípio da dignidade da pessoa humana é afirmado no primeiro artigo da Constituição 
Federal, denominada informalmente como Constituição Cidadã, como fundamento da república, e 
reflete-se por todo o ordenamento jurídico, ao qual tudo o mais se subordina, principalmente as leis 
enquanto regulamentadoras pela via das normas infraconstitucionais. Da mesma forma, há uma 
série de leis esparsas que versam sobre o tema, como é o caso da Lei do Transplante de Órgãos (Lei 
Federal 9.434-97). 
Constituição Federal, Art. 1º A Republica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos:[...] 
III – a dignidade da pessoa humana; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. 
 
O princípio da dignidade humana é um limite e um norte à atuação do Estado, visto ser este o 
mais central e importante princípio axiológico do ordenamento constitucional, pois dele irradiam 
todos os demais princípios como o da liberdade, autonomia privada, cidadania, igualdade, 
propriedade e muitos outros. É o caso da igualdade formal (art. 5º, inc. III), do direito geral de ação 
(art. 5º, inciso II), da liberdade religiosa (art. 5º, inciso IV), da liberdade de expressão (art. 5º, inciso 
IX), da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem (art. 5º, inciso X), da inviolabilidade do 
domicílio (art. 5º, inciso XI), do sigilo de correspondências e comunicações (art. 5º , inciso XII), do 
livre exercício profissional (art. 5º, inciso XIII), do sigilo processual (art. 5º, inciso LX), dos direitos 
sociais do art. 6º, dos princípios gerais da atividade econômica do art. 170, da usucapião 
constitucional dos arts. 183 e 191, do direito à saúde (art. 196), à educação (art. 205), à cultura (art. 
215), ao desporto (art. 217) e a um meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225), da 
proteção da família (art. 226 a 230); e das tutelas da integridade física (art. 5º, inciso III) e do dano 
moral e à imagem (art. 5º, inciso V).2 
O princípio da dignidade humana também serve de norte a novas realidades, notadamente ao 
desenvolvimento da medicina, que ainda não dispõe de legislação específica em questões 
controvertidas como a clonagem, barriga de aluguel, destinação de embriões fertilizados in vitro e 
terapias gênicas. 
 
 2.3 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA 
Este princípio recebeu diferentes denominações, tais como Princípio do Respeito às Pessoas, Princípio 
do Consentimento ou Princípio da Autonomia; 
 
2 COSTA, Judith Martins (org.). A Reconstrução do Direito Privado. 1. ed. Editora RT, 2002, p. 255. LOCAL DA PUBLICAÇÃO 
 
 
 
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Ao sujeito é atribuída a possibilidade de criar situações de direito subjetivo, pessoais ou reais. A 
autonomia privada é vista como um poder, que lhe é reconhecido, de regulamentar os próprios 
interesses, dentro de determinados parâmetros. Tal auto-regulamentação manifesta-se, 
precipuamente, no campo do direito contratual. 
Pode-se, assim, conceituar-se o princípio da autonomia da vontade como sendo a 
possibilidade de, em certos casos autorizados por lei - direitos disponíveis -, as partes 
convencionarem, livremente, o que lhes aprouver acerca de seus direitos e deveres, de maneira que, 
o que for pactuado será juridicamente exigível, ou, não sendo a exigibilidade possível, dará ao credor 
a possibilidade de pedir indenização por perdas e danos decorrentes do não cumprimento da 
obrigação convencionada. 
 
 2.4 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ 
O princípio da boa-fé vem se consolidando como base fundamental dos negócios jurídicos, 
flexibilizando a rigidez da pacta sunt servanda. Assim, na teoria dos contratos, em substituição ao 
princípio da autonomia da vontade, a tecnologia jurídica articula o princípio da boa-fé objetiva que 
implica um conjunto de deveres impostos pela lei às partes contratantes. 
O princípio da boa-fé tem sua origem na ética dos deveres formulada pelos filósofos estóicos. 
Ocorre que a tecnologia jurídica, por vezes, ao articular o princípio da boa-fé, suprime a sua base 
ética. Essa supressão reduz a amplitude do princípio, de modo que a sua incidência, muitas vezes, 
fica circunscrita às cláusulas do contrato de consumo. 
O Código de Defesa do Consumidor (CDC), por exemplo, introduz no direito brasileiro uma 
nova concepção de contrato, com o intuito de proteger determinados interesses sociais, valorizando 
a boa-fé das partes contratantes, as expectativas e a confiança depositadas no vínculo. Também o 
Código Civil (CC) de 2002, ao tratar dos contratos em geral, estabelece que os contratantes são 
obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da 
probidade e boa-fé (art. 421). 
As manifestações dos juristas contemporâneos sobre o real alcance e sentido do princípio da 
boa-fé estampado nos Códigos demonstram as ligações inexoráveis desse princípio com a bona fides 
do Direito romano inspirada na filosofia estóica. 
Para Cláudia Lima Marques3, fides significa o hábito de firmeza e de coerência de quem sabe 
honrar os compromissos assumidos, significa, mais além do compromisso expresso, a fidelidade e 
coerência no cumprimento da expectativa alheia, independentemente da palavra que haja sido dada 
ou do acordo que tenha sido concluído, representando, sob este aspecto, a atitude de lealdade, que 
é legitimamente esperada nas relações entre homens honrados, no respeitoso cumprimento das 
expectativas reciprocamente confiadas. O princípio da boa-fé significa o compromisso expresso ou 
implícito de fidelidade e cooperação nas relações contratuais, é uma visão mais ampla, menos 
textual do vínculo, a concepção leal do vínculo, das expectativas que despertam confiança. 
A relação contratual fundada no princípio da boa-fé irradia uma série de efeitos jurídicos antes, 
durante e depois da sua realização, motivo pelo qual o contrato faz nascer outros direitos e deveres, 
e não apenas os resultantes da obrigação principal. Como afirma Cláudia Lima Marques4, o contrato 
não envolve só a obrigação de prestar, mas envolve também uma obrigação de conduta. Liberar os 
contratantes de cumprir seus deveres de conduta, significaria afirmar que na relação contratual os 
indivíduos estão autorizados a agir de má-fé, a desrespeitar os direitos do parceiro contratual, a não 
agir lealmente, a abusar da sua posição contratual preponderante5. 
Boa-fé significa, portanto, ação que visa não apenas o próprio bem, mas o bem do parceiro 
contratual. A ação deve ser conduzida pela virtude, significa respeitar as expectativas razoáveis do 
parceiro, agir com lealdade, não causar lesão ou desvantagem e cooperar para atingir o bem das 
obrigações. É nesse sentido que o princípio da boa-fé se revela como fonte de novos deveres ou 
obrigações especiais, os denominados deveres de conduta, tais como: os deveres de esclarecimentos 
 
3 (2001, p. 181), 
4 Ibid., p. 181-184. 
5 Ibid., p. 183-184. 
 
 
 
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(incide sobre a obrigação de prestar todas as informações que se façam necessárias), deveres de 
proteção (incide sobre a obrigação de evitar danos), deveres de lealdade (incide sobre a obrigação de 
comportar-se com lealdade e evitar desequilíbrios), deveres de transparência (incide sobre a 
obrigação de, na publicidade e marketing, prestar boa, clara e correta informação), além de outros. 
O ilustre jurista Ministro Almir Pazzianotto Pinto teve o cuidado de verificar que o Código Civil 
em vigor alude à boa-fé em nada menos de 53 artigos, recriminando a má-fé em 43. 
 
 2.4.1 DISTINÇÃO ENTRE BOA-FÉ SUBJETIVA E OBJETIVA 
A boa-fé subjetiva consiste, sinteticamente, na observância da “intenção” do sujeito na relação 
jurídica, o seu estado psicológico ou íntima convicção. A antítese seria a má-fe, como a intenção de 
lesar a outrem. Portanto, a expressão sugere um “estado de consciência” de agir em conformidade 
ao direito, sendo aplicável, em regra, ao campo dos direitos reais. 
Já a boa-fé objetiva denota uma conduta social especifica, a conduta típica do homem reto, 
com deveres de lealdade, honestidade e probidade. Via deconsequência, esta conduta não é única, 
variando conforme o nível cultural, social e religioso de cada indivíduo, o que deve ser avaliado no 
caso concreto. Ou seja, a boa-fé objetiva diz com os conceitos de regras de conduta dos indivíduos, 
de acordo com o meio em que vive, como um conjunto social em relação aos interesses alheios 
juridicamente tutelados. Por fim, pode-se dizer que é o dever de adoção de normas de 
comportamento, o que implica em deveres objetivos de postura lisa e correta em relação a outrem, 
sob pena de lesá-lo. 
O direito civil atual contempla também a boa-fé objetiva pré-contratual, ou seja, a 
responsabilidade pré-negocial, que consiste no dever do pré-contratante de não fraudar as 
expectativas legitimamente criadas pelos seus próprios atos durante as tratativas, vindo depois a não 
cumpri-las. 
 
 2.5 PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE 
Solidariedade vem de sólido; é aquilo que faz algo compacto e coeso. É a união recíproca dos 
membros da sociedade, que faz com que os interesses de uns sejam, em certo grau, os interesses de 
todos. Tal valor opõe-se ao individualismo e ao coletivismo. 
Na Carta Constitucional o Princípio da Solidariedade está expresso no preâmbulo: “Nós, 
representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um 
Estado Democrático, destinado a assegurar uma sociedade fraterna”. 
O princípio da solidariedade está previsto no art. 3o, I, da Constituição Federal, que estabelece 
como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil a construção de uma sociedade 
solidária. 
Está, ainda, expresso no artigo 159, inciso I, alínea “c”; art. 43 (com seus parágrafos e incisos); 
art. 151 inciso I; art. 159, I alínea “c”; art. 165 § 6º, 7º e inciso II do § 9º; art. 170 e o seu inciso VII; 
caput do art. 192 e mais o seu inciso VII; artigos194 e 195; os direitos sociais previstos nos artigos 6º 
ao 11, bem como o § 10 do art. 34 das Disposições Constitucionais Transitórias – todos da 
Constituição brasileira. 
O Princípio da Solidariedade consiste em possibilitar a integração entre Estados ou entre 
regiões (de um mesmo Estado ou de Estados diferentes), visando ao desenvolvimento social e 
econômico, de forma equilibrada e harmônica, para a aferição e distribuição de riquezas, garantindo 
a subsistência da comunidade, o bem estar dos indivíduos e o fortalecimento dos entes estatais. 
Com isso, tal Princípio visa ao desenvolvimento social e econômico (de forma equilibrada, 
harmônica, sem discriminações) entre Estados ou entre regiões de um Estado, com a inserção de 
todos os entes estatais no contexto de aferição e distribuição de riquezas, para a devida subsistência 
da comunidade e, por consequência, do bem estar dos indivíduos. 
 
 
 
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O Princípio da Solidariedade (também conhecido como princípio da Integração ou Princípio da 
Solidariedade Comunitária) implica em dever recíproco, em cooperação, em lealdade, em ajuda 
mútua, em coesão entre os Estados, tudo em prol do desenvolvimento igualitário entre Estados, 
regiões e Comunidades de Estados. Está, portanto, tal princípio, ligado ao exercício da atividade 
econômica, ambiental, seguridade social e legislação trabalhista. 
 
 2.6 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL 
A função social, lato sensu, consiste na proteção conferida pelo ordenamento jurídico aos 
pobres e aos desamparados, "mediante adoção de critérios que favoreçam uma repartição mais 
equilibrada das riquezas". É a aplicação, no fundo, do princípio da igualdade substancial. Partindo da 
noção de função social, o Estado deve criar mecanismos de defesa que possam impedir que o mais 
fraco seja espoliado pelo mais forte. 
 
 2.6.1 FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO 
A função social do contrato pode ser conceituada como sendo a finalidade pela qual visa o 
ordenamento jurídico a conferir aos contratantes medidas ou mecanismos jurídicos capazes de coibir 
qualquer desigualdade dentro da relação contratual. Ou seja, o seu principal objetivo é tornar o 
contrato "equilibrado" entre as partes, para que as prestações e as obrigações equilibrem-se e 
tornem-se proveitosas para ambos os contraentes, como corolário, inclusive, dos princípios da boa-fé 
e da equidade (art. 422). 
Não significa limitar a liberdade contratual; garante-se a liberdade de contratar preservando, 
legalmente, valores fundamentais ligados à dignidade humana. Assim como a propriedade é vista 
como um "direito-função", no sentido de ser garantida a propriedade natural, condicionado o seu 
exercício ao fim coletivo, também o contrato deve perquirir este sentido: o bem-estar social. 
O que o imperativo da “função social do contrato” estatui é que este não pode ser 
transformado em um instrumento para atividades abusivas, causando dano à parte contrária ou a 
terceiros, uma vez que, nos termos do art. 187, “também comete ato ilícito o titular de um direito 
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela 
boa-fé ou pelos bons costumes”. 
A função social do contrato repousa na harmonia entre a autonomia privada e a solidariedade 
social. Fala-se, por isso mesmo, na transformação da moral individualista em moral social, dos 
códigos de puros direitos privados em códigos de direito privado social. 
O artigo 421 do CC estabelece que: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos 
limites da função social do contrato". 
Os princípios do novo Código Civil se harmonizam também com a lei consumerista. Essa 
mesma função social do contrato é buscada pela lei do consumidor ao atender ao princípio de sua 
vulnerabilidade. O elenco de práticas abusivas dos artigos 39 a 41 e o rol de cláusulas abusivas do 
artigo 51 do CDC são exemplos da procura pela função social do contrato. 
Todas as hipóteses legais ditadas pelo artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor, que se 
previstas num contrato levam à sua nulidade, revelam algumas das situações em que o contrato 
deixa de atingir sua finalidade social. Justamente por não atingir sua função social nessas hipóteses, 
o contrato é nulo de pleno direito, e não pode ter validade, pois fere o princípio da igualdade 
substancial. 
O Estado tem o dever de proteger o consumidor e isso decorre de imperativo constitucional – 
artigo 5º, inciso XXXII, artigo 170, inciso V, ambos da Carta Magna, bem como artigo 48 do Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias. 
 
 
 
 
 
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 2.6.2 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
Pelo princípio da função social da propriedade, depreende-se que somente será legítima a 
propriedade que atender aos fins coletivos. A propriedade individual, voltada exclusivamente para os 
interesses individuais e egoísticos do proprietário, não é mais concebida diante da ordem jurídica 
vigente. Na lição do Ministro Eros Roberto Grau, "a propriedade dotada de função social é justificada 
pelos seus fins, seus serviços, suas funções"6. 
A "função social da propriedade" não tem outro fim senão o de dar sentido mais amplo ao 
conceito econômico de propriedade, encarando-a como uma riqueza que se destina à produção de 
bens que satisfaçam as necessidades sociais. 
O uso da propriedade privada deve compatibilizar-se com o interesse social. Apenas para 
ilustrar, mesmo o condômino, quando utiliza área comum, exclusivamente, tem que arcar com as 
despesas, de forma exclusiva, a teor do artigo 1.340 do Código Civil Brasileiro. Não mais se admite, 
por exemplo, a aquisição da propriedade com finalidades especulativas ou sua manutenção apenas 
como reserva de valor, pois esses são usos que contrariam os interesses da sociedade.O princípio da função social da propriedade deu origem à doutrina da função social da 
empresa (não confundir com a chamada "responsabilidade social" da empresa). A função social da 
empresa implica que os bens de produção devem ter uma destinação compatível com os interesses 
da coletividade. A obrigação do proprietário desses bens é pô-los em uso para realizar a produção e a 
distribuição de bens úteis à comunidade, gerando riquezas e empregos. Uma empresa geradora de 
riqueza e de emprego cumpre sua função social. 
A função social da propriedade está expressa nos artigos 5º, XXIII, 170, III e § 2º do art. 182 da 
Constituição Federal. 
 
 2.7 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CÓDIGO CIVIL: 
Segundo Miguel Reale, jurista responsável pela coordenação do projeto de lei que resultou no 
Código Civil atual, a codificação civil é orientada por certos megaprincípios que lhe servem de norte 
para a sua compreensão e interpretação. Tais vetores de orientação são a socialidade, a eticidade, a 
operabilidade e a concretude. 
a) Socialidade: representa a vinculação do texto do Código Civil aos valores sociais que 
estejam em voga em determinado contexto sócio-político-econômico. É uma clara opção de oposição 
ao individualismo, que serviu de baliza para a elaboração do Código Civil de 1916. Assim, no contexto 
do Código Civil atual, o julgador, ao buscar soluções aos casos concretos que lhe são apresentados, 
deverá ater-se aos valores sociais contidos nos principais institutos do direito privado. Os grandes 
exemplos de aplicação desses princípios são as previsões contidas nos artigos 421 e 1228, §§ 4º e 5º 
do CC, que se referem, respectivamente, à função social do contrato e da propriedade. 
b) Eticidade: trata-se da correlação do direito positivo com os valores éticos, em oposição ao 
formalismo jurídico, que durante muito tempo foi tido como um verdadeiro sinônimo de segurança 
jurídica. A eticidade aplicada às relações civis abre caminho para a presença da probidade, correção 
de conduta e boa-fé. São exemplos de sua concretização as previsões dos artigos 187 e 422, que 
respectivamente cuidam do abuso no exercício de direito e da boa-fé objetiva nas relações negociais. 
c) Operabilidade: é a busca de atuação prática do direito, que deve se manter sempre em 
renovação e em compasso com a realidade social e com o entendimento que é manifestado pela 
práxis dos tribunais. Assim, o legislador do Código Civil não se preocupou em vincular-se a linhas 
teóricas ou fomentar grandes embates acadêmicos. O sistema jurídico normativo deve servir para 
facilitar a solução eficaz dos problemas que surgem no cotidiano da sociedade. Exemplo da 
incidência deste princípio pode ser encontrado nos artigos 317 e 478 do Código Civil, que se ocupam 
 
6 A Ordem Econômica na Constituição de 1988. 10 ed., p. 238. (LOCAL E ANO DA PUBLICAÇÃO) 
 
 
 
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da revisão e resolução dos contratos face à superveniência de casos extraordinários que tornem 
excessivamente onerosas as respectivas prestações. 
d) Concretude: representada pela adoção da técnica legislativa de criação de texto normativo 
flexível, por meio da criação de cláusulas gerais, que são figuras dotadas de uma proposital vagueza, 
permitindo uma maior liberdade de criação do julgador no momento de decidir. As cláusulas gerais 
têm função instrumentalizadora, dando mais mobilidade ao sistema jurídico e abrandando o rigor 
das normas de caráter casuístico. Para a confecção das cláusulas gerais o legislador pode se valer da 
positivação de princípios (artigos 421 e 422 do Código Civil, que dispõem sobre o princípio da função 
social dos contratos e da boa-fé) ou da técnica de legislar utilizando-se de conceitos abertos, como 
ocorre em relação ao artigo 50 do Código Civil, ai realizar a positivação da teoria da desconsideração 
da personalidade jurídica. 
 
 
 
 
 
É a expressão usada para indicar o vínculo jurídico que une uma pessoa, 
como titular de um direito, ao objeto deste mesmo direito.7 
 
 3.1. DIREITO SUBJETIVO 
O conceito de direito subjetivo está intimamente ligado ao conceito de relação jurídica, ou 
seja, é uma faculdade individual de agir de acordo com o direito objetivo, de invocar a sua proteção, 
gerando a possibilidade de praticar atos destinados a satisfazer suas pretensões previstas pelo direito 
objetivo. 
Oportuna a classificação dos direitos subjetivos: 
 Quanto ao conteúdo: a) direitos subjetivos públicos: direito de liberdade, direito de ação, 
direito de petição e direitos políticos; b) direitos subjetivos privados: patrimoniais, reais, 
obrigacionais, sucessórios, intelectuais, não-patrimoniais, personalíssimos e familiais. 
 
7 De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, editora Forense, 7ª edição, p.83; 
 
 
 
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 Quanto à eficácia: a) absolutos e relativos; b) transmissíveis e não-transmissíveis; c) 
principais e acessórios; d) renunciáveis e não-renunciáveis. 
O conteúdo da relação jurídica é constituído pelo direito subjetivo, que a norma assegura 
(direito objetivo), e pelo correspondente dever que impõe. 
 
 3.2 DIREITO OBJETIVO 
Já o direito objetivo é o conjunto de normas imposta pelo Estado, de caráter geral, a cuja 
observância dos indivíduos podem ser compelidos mediante coerção. 
 
 3.3 ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA: 
 Sujeitos: são os agentes que se envolvem na relação jurídica. 
 Objeto: é o próprio objeto do direito subjetivo, são as coisas ou utilidades sobre as quais 
incide o interesse legítimo do sujeito ativo a que se refere o dever do sujeito passivo. 
 Fato jurídico: a relação jurídica é o fenômeno jurídico mais simples na complexidade da vida 
jurídica. Os fatos jurídicos são os fatos que dão origem à constituição de uma relação jurídica (fatos 
constitutivos), à modificação de uma relação jurídica (fatos modificativos) ou à extinção de uma 
relação jurídica (fatos extintivos). 
 Garantia: a infração aos deveres previstos pelas normas jurídicas implica em aplicação de 
sanção, mediante solicitação dos titulares dos correspondentes direitos subjetivos (no direito privado 
civil), tendo a garantia de obter mediante coação a realização do interesse reconhecido e tutelado 
pela lei, gerando obrigações ou indenizações. 
 
 
 4.1. PREMISSAS BÁSICAS: 
 Pessoa Natural = sinônimo de pessoa física. 
 Pessoa = basta existir 
 Personalidade = é a capacidade para figurar em uma relação jurídica (toda pessoa tem 
desde o nascimento com vida – artigo 2º, CC). 
 Capacidade = é a medida da personalidade 
 Capacidade de direito = capacidade de aquisição ou gozo de direitos (toda pessoa tem). Art. 
1
o
, CC: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. 
 Capacidade de fato ou de exercício (ou de ação) = aptidão para exercer por si só os atos da 
vida civil (nem toda pessoa tem). 
 Capacidade Plena = capacidade de direito + capacidade de fato 
 Incapazes = só tem capacidade de direito, não tem a de fato. 
 
 
 
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 Incapacidade absoluta = precisa Representante Legal – art. 3º, CC. – não pode praticar 
nenhum ato da vida civil, sob pena de Nulidade (art. 166, I, CC). 
 Incapacidade Relativa = precisa Assistência – art. 4º, CC – pode praticar com Assistente, sob 
pena de Anulabilidade (art. 171, I, CC). 
 
Portanto, lembre-se: 
Pessoa Pessoa Natural PersonalidadeBasta existir É sinônimo de pessoa 
física 
É a capacidade para figurar 
em uma relação jurídica 
(toda pessoa tem desde o 
nascimento com vida – 
artigo 2º, CC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.2. PERSONALIDADE E CAPACIDADE 
Toda pessoa é dotada de personalidade, isto é, tem capacidade para figurar em uma relação 
jurídica. A pessoa tem aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. Assim, 
capacidade é a medida da personalidade. A que todos possuem é a capacidade de direito, de 
aquisição e gozo de direitos, porém nem todos possuem a capacidade de fato, que é a aptidão para 
exercer, por si só, os atos da vida civil, também chamada de “capacidade de ação”. 
Os recém-nascidos e aqueles que por doença ou deficiência mental não puderem 
compreender a vida civil têm somente a capacidade de aquisição de direitos, mas não têm a 
capacidade de fato. Podem herdar, mas não podem propor qualquer ação em defesa da herança 
recebida, precisam ser representados pelos pais e curadores. 
Assim, tem capacidade plena quem possui as duas espécies de capacidade (de direito e de 
fato), que se atinge com 18 anos. Tem capacidade limitada quem só tem a capacidade de direito, e 
por isso necessita de outra pessoa que substitua ou complete sua vontade. São chamados 
“incapazes”. 
Incapazes Incapacidade absoluta Incapacidade Relativa 
Só tem capacidade de 
direito, não tem a de fato. 
 
Precisa de Representante 
Legal – art. 3º, CC. – não 
pode praticar nenhum ato da 
vida civil, sob pena de 
Nulidade (art. 166, I, CC). 
Precisa de Assistência – art. 
4º, CC – pode praticar com 
Assistente, sob pena de 
Anulabilidade (art. 171, I, 
CC). 
Capacidade Capacidade de 
direito 
Capacidade de fato 
ou de exercício (ou 
de ação 
Capacidade Plena 
É a medida da 
personalidade 
É a capacidade de 
aquisição ou gozo 
de direitos (toda 
pessoa tem). Art. 
1
o
, CC: “Toda 
pessoa é capaz de 
direitos e deveres 
na ordem civil”. 
É aptidão para 
exercer por si só 
s atos da vida civil 
(nem toda pessoa 
tem). 
 
Capacidade de 
direito + 
Capacidade de fato 
 
 
 
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A incapacidade é a restrição legal aos atos da vida civil. Observe-se que no direito brasileiro só 
existe incapacidade de fato ou exercício, mas não existe incapacidade de direito, pois, ao nascer, 
todos se tornam capazes de adquirir direitos, conforme o art. 1° do CC. 
A incapacidade pode ser absoluta ou relativa. 
A absoluta acarreta a proibição total do exercício, por si só, do direito. O ato somente poderá 
ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz, sob pena de nulidade. O incapaz 
não participa do ato, que é praticado apenas pelo seu representante. De acordo com o art. 3° do CC, 
são absolutamente incapazes: 
 os menores de dezesseis anos: são os menores impúberes, que ainda não atingiram 
maturidade suficiente para participar da atividade jurídica; 
 os privados do necessário discernimento por enfermidade ou deficiência mental: refere-se a 
todos os casos de insanidade mental, permanente e duradoura, caracterizada por graves alterações 
das faculdades psíquicas; 
 os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade: diferentemente do 
item anterior, são as pessoas que não se encontram em perfeitas condições de exprimir sua vontade 
em determinado momento, por causas transitórias. 
A incapacidade relativa permite a prática de atos da vida civil desde que assistido, sob pena de 
anulabilidade. Reconhece-se ao relativamente incapaz certo discernimento, e, portanto, ele praticará 
o ato acompanhado, com a assistência de seu representante. 
São relativamente incapazes: 
 os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: são os menores púberes; 
 os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os deficientes mentais de discernimento 
reduzido: os alcoólatras e toxicômanos, que são viciados no uso e dependentes de substâncias 
alcoólicas ou entorpecentes. Os deficientes mentais de discernimento reduzido; 
 os excepcionais sem desenvolvimento mental completo: aqueles que, por não terem 
recebido educação adequada e permanecerem isolados, ressentem-se de um desenvolvimento 
mental completo. Se a tiverem recebido, e puderem exprimir plenamente sua vontade, serão 
capazes; 
 os pródigos: são os indivíduos que dissipam seu patrimônio. Trata-se de um desvio de 
personalidade, e não propriamente de estado de alienação mental. Importante salientar que o 
pródigo só ficará privado de praticar atos que extravasam a mera administração e implicam 
comprometimento do patrimônio, como emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, 
demandar ou ser demandado. Poderá praticar validamente, e por si só, os atos da vida civil que não 
envolvam seu patrimônio. 
OBS. Os silvícolas: o atual Código Civil excluiu os silvícolas do rol de sujeitos relativamente 
incapazes. A tutela dos silvícolas é regulada por legislação especial. 
Há, também, a questão da legitimidade para os atos da vida civil, mas que só será questionada 
nos casos estabelecidos pela lei. Exemplos: venda de bens imóveis por um dos cônjuges – é 
necessária a outorga marital ou uxória, exceto no regime de separação absoluta de bens; venda de 
bens feita por ascendente a descendente – é necessária a anuência dos demais descendentes. 
 
 4.3. CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE: 
 causas elencadas no art. 5º do CC; 
 emancipação com 16 anos completos. 
 
 
 
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Cessa a incapacidade quando cessar sua causa (enfermidade mental, menoridade, etc.) ou 
quando houver emancipação (com, no mínimo, 16 anos). A emancipação pode ser voluntária, judicial 
ou legal. A voluntária é a concedida pelos pais, se o menor tiver dezesseis anos completos (por 
instrumento público, independente de homologação judicial); a judicial é concedida por sentença, 
ouvido o tutor, em favor do tutelado que já completou dezesseis anos; a legal é a que decorre de 
fatos previstos na lei como o casamento, o exercício de emprego público efetivo, a colação de grau 
em curso de ensino superior e a aquisição de economia própria, quando advinda de estabelecimento 
civil ou comercial ou existência de relação de emprego, tendo o menor dezesseis anos completos. 
 A emancipação voluntária deve ser concedida por ambos os pais. A impossibilidade de 
qualquer deles participar do ato, por se encontrar em local ignorado ou por outro motivo relevante, 
deve ser devidamente justificada em juízo. Havendo divergência entre si, tal deverá ser dirimida pelo 
juiz. 
 A emancipação voluntária não produz o efeito de isentar os pais da obrigação de isentar as 
vítimas dos atos ilícitos praticados pelo menor antecipado, para evitar emancipações maliciosas. 
 As emancipações voluntária e judicial, para que produzam efeitos, devem ser registradas 
em livro próprio no Registro Civil da comarca do domicílio do menor, anotando-se também, com 
remissões recíprocas, no assento de nascimento. Quando concedida por sentença, o juiz deve 
comunicar, de ofício, a concessão ao escrivão do Registro Civil. 
 A emancipação legal independe de registro e produzirá efeitos desde logo, ou seja, a partir 
do ato ou do fato que a provocou. 
 A emancipação, em qualquer forma, é irrevogável, o que não impede o reconhecimento da 
invalidade do ato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4.4. COMEÇO DA PERSONALIDADE NATURAL 
A personalidade civil começa com o nascimento com vida, o que se constata com a respiração. 
Nascendo vivo, ainda que venha afalecer em seguida, o novo ente chegou a ser pessoa, adquiriu 
direitos, e com sua morte os transmitiu. Antes do nascimento não há personalidade. 
Emancipação voluntária Concedida pelos pais – deve ser registrada no 
1º ofício do Registro Civil p/produzir efeito 
art. 9º, CC. 
Emancipação judicial Concedida por sentença – Idem Registro art. 
9º, CC. 
Emancipação legal Decorre de fatos previstos em lei e não 
precisa registro: casamento, exercício de 
emprego público, colação de grau em curso 
superior, estabelecimento com economia 
própria, civil ou comercial; existência de 
relação de emprego. 
Consequências da emancipação  Extinção do poder familiar – art. 1.635,II do 
CC. 
 Cessação da condição de pupilo – art. 
1.763, CC. 
 
 
 
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Nascituro: não é sujeito de direito, mas o artigo 2° do CC ressalva os direitos do nascituro, 
desde a concepção. Os direitos assegurados ao nascituro encontram-se em estado potencial, sob 
condição suspensiva. Nascendo com vida, a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage 
ao momento de sua concepção. Assim, o direito protege a expectativa de um futuro sujeito de 
direitos. 
 
 4.5. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL: 
Morte real – art. 6º 
Morte presumida – art. 6º, 2ª parte – com ou sem declaração de ausência – e art. 7º, CC. 
Somente com a morte real termina a existência da pessoa natural, que também pode ser 
simultânea. Da doutrina: 
a) morte real prevista no art. 6° do CC. Prova pelo atestado de óbito ou pela justificação, em 
caso de catástrofe e não encontro do corpo. Acarreta a extinção do poder familiar, a dissolução do 
vínculo familiar, a extinção dos contratos personalíssimos, a extinção da obrigação de pagar 
alimentos etc.; 
b) morte simultânea ou comoriência, prevista no art. 8° do CC. Se dois ou mais indivíduos 
falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar qual deles morreu primeiro, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. Não há transferência de bens entre comorientes; 
c) morte presumida, com ou sem declaração de ausência. Presume-se a morte, quanto aos 
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. A declaração de ausência 
produz efeitos patrimoniais, permitindo a abertura de sucessão provisória e, depois, a definitiva. 
 
 
 4.6. DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Há direitos que afetam diretamente a personalidade, que não possuem conteúdo econômico 
direto e imediato. Os direitos de personalidade, portanto, são os que resguardam a dignidade 
humana. São poderes que a pessoa exerce sobre si mesma, tendo como objeto do direito a própria 
pessoa, seus atributos físicos e morais. São os direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é 
próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio 
idem), a sua integridade intelectual (liberdade, de pensamento, autoria científica, artística e literária) 
e a integridade moral (honra, recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e 
social). Não apenas as pessoas físicas, mas também as jurídicas são titulares de direitos da 
personalidade – expresso no artigo 52/CC. Estas fazem jus ao reconhecimento de atributos 
intrínsecos à sua essencialidade, como por exemplo, os direitos ao nome, à marca, a símbolos e à 
honra. 
a) O Código Civil prevê, exemplificativamente, os seguintes direitos da persona-lidade: os atos 
de disposição do próprio corpo. 
 Arts. 13 e 14. - A lei atual que atualmente disciplina os transplantes é a Lei n° 9.434/97, que 
dispõe sobre “ a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e 
tratamento e dá outras providências”, com as alterações determinadas pela Lei n° 10.211/01. O art. 
9° e parágrafos da Lei 9.434/97 permitem à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de 
tecidos, órgãos e partes do corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes, desde que o ato 
não represente risco para a sua integridade física e mental e não cause mutilação ou deformação 
inaceitável. A retirada post mortem é disciplinada nos arts. 3° ao 9°. A comercialização de órgãos do 
corpo humano é expressamente vedada pela Constituição Federal (art. 199, §4°). O art. 13/CC proíbe 
a ablação de órgãos do corpo humano realizada em transexuais, malgrado a legitimidade para 
 
 
 
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reclamar do ato e de suas consequências, em juízo, seja exclusivamente do paciente, que dispõe do 
próprio corpo e poderá dar-se por satisfeito com o resultado. 
 Importa destacar que o ato de disposição do corpo pode ser revogado a qualquer tempo, nos 
termos do artigo 14, em seu parágrafo único. 
b) O tratamento médico de risco 
 Art. 15 do CC. A regra obriga os médicos, nos casos mais graves, a não atuarem sem prévia 
autorização do paciente, que tem a prerrogativa de se recusar a se submeter a um tratamento 
perigoso. 
c) O direito ao nome 
 Arts. 16 a 19. Destacam-se, no estudo do nome, um aspecto público, que é disciplinado pelo 
Estado e que tem interesse na perfeita identificação das pessoas; e um aspecto individual, que é o 
direito ao nome (art. 16), que abrange o de usá-lo e o de defendê-lo contra usurpação e contra 
exposição ao ridículo. Basta o interesse moral (ver arts. 17 e 18).A tutela do nome, como vimos, 
alcança o pseudônimo, propiciando direito à indenização em caso de má utilização, inclusive em 
propaganda comercial. Quanto aos elementos do nome completo, são dois: o prenome e o 
sobrenome. Em alguns casos, há o agnome, sinal que distingue pessoas de uma mesma família 
(Júnior, Neto, Sobrinho etc.). O prenome pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não 
exponham o filho ao ridículo. O sobrenome é o sinal que identifica a procedência da pessoa, 
indicando sua filiação ou estirpe. É, de regra, imutável e adquirido com o nascimento, portanto não é 
escolhido. 
d) A proteção à palavra e à imagem 
 Art. 20 do CC. Poderão ser proibidas a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a 
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa, a requerimento do autor e sem 
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou 
se destinarem-se a fins comerciais, salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça 
ou à manutenção da ordem pública. 
e) A proteção à intimidade 
 Art. 21. Não se pode permitir que a tecnologia, os meios de comunicação e a própria 
atividade do Estado invadam um dos bens mais valiosos do ser humano, que é seu direito à 
intimidade, direito de estar só ou somente na companhia dos que lhe são próximos e caros. As 
fotografias e imagens obtidas à socapa, de pessoas dentro de seu lar, em atividade essencialmente 
privadas, são exemplos claros dessa invasão de privacidade, que deve ser coibida e pode gerar direito 
à indenização. Tanto mais será danosa a atividade quanto mais renomada e conhecida socialmente 
for a vítima, mas todos, independentemente de seu nível de projeção social ou cultural, gozam da 
proteção. 
Por serem intrínsecos à pessoa, possuem como características a irrenunciabilidade, a 
inalienabilidade e a imprescritibilidade, seja qual for a vontade do seu titular (art. 11/CC). Na 
realidade, são também absolutos, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis, inexpropriáveis e 
vitalícios. 
 
 4.6.1 CARACTERÍSTICAS 
- intransmissíveis (não podem ser transmitidos, nem por atos inter vivos, nem por causa 
mortis), 
- irrenunciáveis (o titular do direito pode deixar de exercê-lo, mas não pode “abrir mão”), 
- ilimitados, 
- caráter absoluto(oponível a todos – erga omnes), 
 
 
 
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- imprescritíveis (pode prescrever o direito à eventual indenização, mas o direito de 
personalidade não perde nunca), 
- generalidade (comum a todos), 
- indisponíveis, 
- impenhoráveis, 
- vitalícios e 
- sem caráter patrimonial (consequências patrimoniais são eventuais, como a indenização). 
 
 
 4.7 AUSÊNCIA 
Ausente é a pessoa que desaparece do seu domicílio sem informar paradeiro e sem deixar 
representante ou procurador (art. 22/CC), ou, deixando procuração com poderes insuficientes (art. 
23), situação na qual, a requerimento de qualquer interessado, o juiz declarará a ausência e nomeará 
curador. 
A lei autoriza que o juiz declare ausente a pessoa desaparecida de seu domicílio. Para que se 
verifique o desaparecimento não basta o afastamento da pessoa do lugar em que reside, por mais 
prolongado que seja. É necessário que se tenha perdido totalmente as notícias sobre a pessoa e seu 
paradeiro. A lei é, inclusive, redundante ao dizer que será declarada a ausência da pessoa que 
desaparecer sem dela haver notícia (art. 22). 
Para que seja decretada a ausência de uma pessoa é necessário que o desaparecido não tenha 
representante ou procurador cuidando de seus negócios e bens. Não exige a lei prazo mínimo para a 
caracterização do desaparecimento, nem determina que se diligencie a procura do desaparecido. 
Convencendo-se de que certa pessoa está realmente desaparecida e seus interesses 
encontram-se ao desamparo, o juiz, a pedido de qualquer interessado, declarará a sua ausência. A 
primeira consequência dessa declaração é a arrecadação dos bens do ausente e a nomeação de um 
curador para esses bens, fixando seus poderes e obrigações. 
Depois de transcorrido um ano da arrecadação dos bens da pessoa declarada judicialmente 
ausente, os legalmente tidos por interessados (art. 27) podem requerer ao juiz a abertura da 
sucessão que, inicialmente, terá caráter provisório. Também pode ser requerida a abertura de 
sucessão provisória da pessoa desaparecida que possuía representante ou procurador, se o 
desaparecimento perdura por três anos. Na sucessão provisória o ausente preserva a propriedade de 
seus bens, mas a posse é dada aos seus presumíveis sucessores. O curador dos bens do ausente, 
assim como o representante e o procurador do desaparecido, é dispensado de suas funções e a 
responsabilidade pela administração dos bens passa a ser do titular do direito à posse provisória. 
Durante a fase da sucessão provisória nenhum bem imóvel do ausente pode ser, como regra, 
alienado ou hipotecado, para impedir a perda dos bens. Há duas exceções, contudo: o imóvel pode 
ser desapropriado (que é uma hipótese de alienação) ou pode ser alienado ou hipotecado, mediante 
autorização judicial, para evitar sua ruína. Em relação aos bens móveis, quando sujeitos a 
deterioração ou a extravio, o juiz pode ordenar sua venda e posterior emprego do valor obtido em 
investimento de perfil conservador, lembrando a lei de imóveis e títulos federais (art. 29). 
Depois de transcorridos dez anos da abertura da sucessão provisória da pessoa declarada 
ausente, os interessados podem requerer ao juiz que abra a definitiva, quando se presumirá a morte 
do desaparecido. A sucessão definitiva pode ser aberta independentemente de prévia abertura da 
provisória, quando o desaparecido conta com 80 anos de idade e há pelo menos cinco anos não se 
tem notícias dele. 
 
 
 
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Se a pessoa declarada ausente retorna ao seu domicílio, variam os direitos que titulariza de 
acordo com o momento do reaparecimento. Se retorna antes da abertura da sucessão provisória, 
conserva não só o direito à propriedade de seus bens como a todos os frutos e rendimentos. Se 
depois da sucessão provisória, mas antes de aberta a definitiva, mantém o direito à propriedade dos 
bens, mas não à totalidade dos frutos e rendimentos desses. Se retorna após a sucessão definitiva, 
mas antes de transcorridos dez anos, tem apenas o direito à restituição dos seus bens no estado em 
que se encontram. Regressando depois de dez anos da sucessão definitiva, não tem mais direito aos 
seus bens. 
 
Síntese - O ordenamento jurídico prevê três fases a saber: 
1ª) preservação dos bens – logo após o desaparecimento, para caso de eventual 
retorno; 
2ª) interesse dos sucessores – é permitida a abertura de sucessão provisória após um 
ano de arrecadação dos bens do ausente; ou três anos caso tenha deixado procurador 
ou representante – art. 26; 
3ª) sucessão definitiva – 10 anos após transitar em julgado a sentença que concede a 
sucessão provisória, ou 5 anos da última notícia considerando que já tivesse oitenta 
anos de idade, ou, pela certeza da morte – art. 37. 
 
 
 4.8 PESSOA JURÍDICA 
A pessoa jurídica consiste num conjunto de pessoas ou bens, dotado de personalidade jurídica 
própria e constituída na forma da lei para a consecução de fins comuns. Pode-se afirmar, pois, que 
pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-se a serem sujeitos de 
direitos e obrigações. A sua principal característica é a de que atuam na vida jurídica com 
personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem. 
Quanto à natureza jurídica, várias teorias procuram explicar esse fenômeno, pelo qual um 
grupo de pessoas passa a constituir uma unidade orgânica, com individualidade própria reconhecida 
pelo Estado e distinta das pessoas que a compõem. Podem ser reunidas em dois grupos: o das 
teorias da ficção e o das teorias da realidade. 
Teorias da Ficção: podem ser da ficção legal e da ficção doutrinária. Para a primeira, 
desenvolvida por Savigny, a pessoa jurídica constitui uma criação artificial da lei. Para a segunda, 
uma criação dos juristas, da doutrina. Ambas não são aceitas. A crítica que se lhes faz é a de que o 
Estado é uma pessoa jurídica, e dizer-se que o Estado é uma ficção é o mesmo que dizer que o 
direito, que dele emana, também o é. 
 
Teorias da Realidade: opõem-se às do primeiro grupo e se dividem em 
a) Teoria da realidade objetiva – sustenta que a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, 
ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais. A crítica que se lhe faz é a de que os 
grupos sociais não têm vida própria, personalidade, que é característica do ser humano. 
b) Teoria da realidade jurídica – assemelha-se à da realidade objetiva. Considera as pessoas 
jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço ou ofício, e por isso personificadas. 
Merece a mesma crítica feita àquela. Nada esclarece sobre as sociedades que se organizam sem a 
finalidade de prestar um serviço ou de preencher um ofício. 
c) Teoria da realidade técnica – entendem seus adeptos, especialmente Ihering, que a 
personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito 
para reconhecer a existência de grupos de indivíduos, que se unem na busca de fins determinados. 
 
 
 
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Para a constituição da pessoa jurídica são necessários três requisitos: a vontade humana criadora 
(intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros), observância das condições legais 
(instrumento particular ou público, registro e autorização ou aprovação do governo) e liceidade dos 
seus objetivos (objetivos ilícitos ou nocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica – art. 69, 
CC). 
A vontade humana materializa-se no ato de constituição, que deveser escrito. São necessárias 
duas ou mais pessoas com vontades convergentes, ligadas por uma intenção comum (affectio 
societatis). 
O ato constitutivo é requisito formal exigido pela lei e se denomina estatuto, em se tratando 
de associações que não têm fins lucrativos; contrato social, no caso de sociedades, simples ou 
empresárias (antigamente denominadas civis e comerciais); e escritura pública ou testamento, em se 
tratando de fundações (CC, art. 62). 
O ato constitutivo deve ser levado a registro para que comece, então, a existência legal da 
pessoa jurídica de direito privado (CC, art. 45). Antes do registro, não passará de mera “sociedade de 
fato” ou “sociedade não personificada”, equiparada por alguns ao nascituro, que já foi concebido, 
mas que só adquirirá personalidade se nascer com vida. No caso da pessoa jurídica, se o seu ato 
constitutivo for registrado. 
A liceidade de seu objetivo é indispensável para a formação da pessoa jurídica. Deve ele ser , 
também, determinado e possível. Nas sociedades em geral, simples ou empresárias, o objetivo é o 
lucro pelo exercício de sua atividade. Nas fundações os fins só podem ser religiosos, morais, culturais 
ou de assistência (art. 62, § único). Nas associações de fins não-econômicos (art. 53), os objetivos 
colimados são de natureza cultural, educacional, esportiva, religiosa, filantrópica, recreativa, moral 
etc. Saliente-se que objetivos ilícitos ou nocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica (art. 
69). 
OBS.: A existência de pessoas jurídicas de direito público decorre de outros fatores, como a lei 
e o fato administrativo, bem como de fatos históricos, de previsão constitucional e de tratados 
internacionais, sendo regidas pelo direito público e não pelo Código Civil. 
O registro do contrato social de uma sociedade empresária faz-se na Junta Comercial. Os 
estatutos e os atos constitutivos das demais pessoas jurídicas de direito privado são registrados no 
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, mas os das sociedades simples de advogados só 
podem ser registrados na OAB. Algumas pessoas jurídicas precisam, ainda, de autorização ou 
aprovação do Poder Executivo (CC, art. 45), como as seguradoras, as instituições financeiras, as 
administradoras de consórcios etc. O cancelamento do registro da pessoa jurídica, nos casos de 
dissolução ou cassação da autorização para seu funcionamento, não se promove, mediante 
averbação, no instante em que é dissolvida, mas depois de encerrada sua liquidação (art. 51). 
No que concerne à classificação da pessoa jurídica, divide-se: 
a) Quanto à nacionalidade – nacional e estrangeira. 
 
b) Quanto à estrutura interna – corporação (conjunto ou reunião de pessoas) e fundação 
(reunião de bens). O que as distingue é que as corporações visam à realização de fins internos, 
estabelecidos pelos sócios. Os seus objetivos são voltados para o bem de seus membros. Nas 
corporações também existe patrimônio, mas é elemento secundário, apenas um meio para a 
realização de um fim. As fundações, ao contrário, têm objetivos externos, estabelecidos pelo 
instituidor, e o patrimônio é elemento essencial. 
 
 
 
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 As corporações dividem-se em associações e sociedades. 
As associações são pessoas jurídicas de base pessoal, ou seja, compõem-se de uma união de 
esforços para um fim comum não lucrativo, mas religioso, moral, cultural, desportivo, recreativo etc 
(só não pode visar lucro). Constitui-se uma associação pela inscrição no Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas de duas vias do estatuto, normalmente transcrito na ata da assembleia de fundação, 
assinada pelos associados que a criaram. A dissolução é aprovada pelos associados, de acordo com as 
normas estatutárias. À qualidade de associado corresponde um conjunto de direitos e deveres 
perante a associação, definidos e delimitados pelo estatuto. O associado pode assegurar o exercício 
de seus direitos estatutários, inclusive através de medida judicial, e pode ser penalizado, em alguns 
casos, até mesmo com a expulsão da associação, se não cumprir seus deveres estatutários. A 
exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, obedecido o disposto no estatuto; sendo 
este omisso, poderá também ocorrer se for reconhecida a existência de motivos graves, em 
deliberação fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à assembleia geral especialmente 
convocada para esse fim (art. 57). 
As sociedades representam a união de pessoas com um objetivo econômico. Podem ser 
simples ou empresárias. 
As sociedades simples têm fim econômico e visam lucro, que deve ser distribuído entre os 
sócios. Exploram atividade econômica desprovida de empresalidade. São constituídas, em geral, por 
profissionais de uma mesma área (sociedade de engenheiros, advogados, médicos etc.) ou por 
prestadores de serviços técnicos. Mesmo que eventualmente venham a praticar atos de 
empresários, tal fato não altera sua situação, pois o que se considera é a atividade principal por elas 
exercida. O registro é feito no cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. 
As sociedades empresárias também visam lucro. Distinguem-se das sociedades simples 
porque têm por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito ao registro previsto no 
art. 966 do CC, ou seja, organizam a exploração da atividade econômica como empresa, através da 
articulação dos fatores de produção: capital, mão-de-obra, insumo e tecnologia. Seu registro é 
realizado na Junta Comercial, e se regem pelas regras do Direito Comercial. 
As fundações constituem um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de 
fins determinados, ou seja, resultam da afetação, por vontade de seu instituidor, de certos bens à 
realização de finalidades não-econômicas. Tem base eminentemente patrimonial. Compõe-se de dois 
elementos: o patrimônio e o fim (estabelecido pelo instituidor e não lucrativo). Somente poderão 
constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (art. 62, § único). A limitação tem 
a vantagem de impedir a instituição de fundações para fins menos nobres ou mesmo fúteis. Institui-
se uma fundação com a inscrição, no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, do seu estatuto, elaborado 
pelo próprio instituidor ou pela pessoa por ele designada para viabilizar a constituição da nova 
pessoa jurídica. A alteração do estatuto não pode contrariar ou desvirtuar as finalidades da 
fundação. O Ministério Público tem a incumbência legal de velar pelas fundações, fiscalizando se a 
vontade do instituidor está sendo respeitada pelos administradores do patrimônio fundacional. 
c) Quanto à função (órbita de atuação) – de direito público e de direito privado. 
As pessoas jurídicas de direito público podem ser: de direito público externo (CC, art. 42), que 
são as diversas Nações, a Santa Sé, todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional 
público, inclusive organismos internacionais, como a ONU, a OEA, a Unesco etc.; e de direito público 
interno (art. 41), que podem ser da administração direta (União, Estados, Distrito Federal, Territórios 
e Municípios) e da administração indireta (autarquias, fundações públicas e demais entidades de 
 
 
 
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caráter público criadas por lei). São órgãos descentralizados, criados por lei, com personalidade 
própria para o exercício de atividades de interesse público. 
As pessoas jurídicas de direito privado são as corporações (associações, sociedades simples e 
empresárias, partidos políticos, organizações religiosas) e as fundações particulares (CC, art. 44). As 
empresas públicas e as sociedadesde economia mista sujeitam-se ao regime próprio das empresas 
privadas. 
OBS.: As Organizações não-Governamentais (ONGs) são entidades organizadas por particulares 
cujo objeto atende ao interesse público. Constituem-se como associações ou fundações, já que não 
têm finalidades econômicas. 
 De igual forma, há que se acrescentar as empresas individuais de responsabilidade 
limitada, acrescida pela Lei 12.441 de 2011, com o intuito de facilitar aquele que deseja exercer 
atividade negocial individualmente, não comprometendo ilimitadamente seu patrimônio. 
 
4.8.1 TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Em decorrência da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, as obrigações desta não são, em 
princípio, imputáveis aos seus membros. Porém, esse princípio pode ser manipulado na realização de 
fraudes, principalmente quando a pessoa jurídica é uma sociedade. Isso porque, toda vez que se cria 
uma pessoa jurídica, surge um novo sujeito de direito, distinto e autônomo em relação aos seus 
membros. Para evitar essa situação desenvolveu-se uma teoria que permite que o juiz, em casos de 
utilização indevida da pessoa jurídica, desconsidere o princípio de que estas têm existência distinta 
da dos seus membros e os efeitos dessa autonomia para atingir e vincular os bens particulares dos 
sócios à satisfação das dívidas da sociedade. Dessa forma, a teoria da desconsideração da pessoa 
jurídica (ou do superamento da personalidade jurídica) não questiona, mas relativiza o princípio da 
autonomia patrimonial, que continua válido e eficaz ao estabelecer que, em regra, os membros da 
pessoa jurídica não respondem pelas obrigações desta. Por tratar-se de aperfeiçoamento da teoria 
da pessoa jurídica, através da coibição do mau uso de seus fundamentos, a pessoa jurídica 
desconsiderada não é extinta, liquidada ou dissolvida, tampouco invalidada ou desfeita. Apenas 
determinados efeitos de seus atos constitutivos deixam de se produzir episodicamente. Dessa forma, 
a requerimento do credor ou do Ministério Público (quando lhe couber intervir no processo) o juiz 
pode declarar a responsabilidade pessoal dos sócios ou administradores, nos casos de abuso de 
direito. Ao contemplar essa teoria o Código Civil estabeleceu que o abuso se caracteriza pelo desvio 
de finalidade (“caixa dois”, fraude à contrato) ou pela confusão patrimonial (mistura de patrimônios 
em sociedades familiares, sociedade simulada). Esta matéria é tratada no art. 50/CC, nos seguintes 
termos: “em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela 
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando 
lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam 
estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”. 
 
 4.8.2 EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
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Termina a existência da pessoa jurídica pelas seguintes causas (CC, art. 54): 
- convencional: por deliberação de seus membros, conforme quorum previsto nos estatutos 
ou na lei; 
- legal: em razão de motivo determinante na lei; 
- administrativa: quando as pessoas jurídicas dependem de aprovação ou autorização do 
Poder Público e praticam atos nocivos ou contrários aos seus fins. Pode haver provocação de 
qualquer do povo ou do Ministério Público; 
- natural: resulta da morte de seus membros, se não ficou estabelecido que prosseguirá com 
os herdeiros; 
- judicial: quando se configura algum dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto e 
a sociedade continua a existir, obrigando um dos sócios a ingressar em juízo. 
Quanto às pessoas jurídicas de direito privado, sua extinção não se opera de modo 
instantâneo. Qualquer que seja seu fator extintivo (convencional, legal, judicial ou natural) tem-se o 
fim da entidade; porém, se houver bens de seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em 
fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos, 
cessando, de uma vez, quando se der ao acervo econômico o destino próprio. 
Com a extinção de uma associação cujo estatuto não disponha quanto ao destino de seus 
bens, e não tendo os sócios deliberado nada a respeito, evolver-se-á o patrimônio social a um 
estabelecimento municipal, estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes. Caso não haja 
estabelecimento nessas condições no Município, Estado, Distrito Federal ou Território, os bens irão 
aos cofres da Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União (art. 61). 
Com o término de uma sociedade o remanescente de seu patrimônio social deverá ser 
partilhado entre os sócios ou seus herdeiros. 
Extinta a fundação (art. 69), seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo 
ou estatuto, será incorporado ao de outras fundações designadas pelo juiz, que visem objetivos 
idênticos ou similares. 
Logo, a existência das pessoas jurídicas de direito privado finda pela sua dissolução, 
devidamente averbada no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita (art. 51, § 1°), e liquidação. 
Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica (art. 51, § 3°). 
A extinção da pessoa jurídica, com o cancelamento do registro, produzirá efeitos ex nunc (a partir do 
momento da extinção), mantendo-se os atos negociais por ela praticados até o instante de seu 
desaparecimento, respeitando-se direitos de terceiros. 
 
5.1 SUPORTE FÁTICO 
5.1.1 ELEMENTOS 
 Fatos da vida que interessam ao mundo jurídico 
 
 
 
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 Regra Jurídica = são as normas abstratas que subordinam os fatos da vida a uma previsibilidade e 
ordem = Regra jurídica = Direito objetivo 
 Fato de existir a regra jurídica 
 Fato de incidir = quando ocorre na vida o que a regra jurídica prevê e regula 
 REGRA JURÍDICA + INCIDÊNCIA 
 
 5.1.2 CONCEITO 
Suporte fático é o que é previsto pela regra jurídica e sobre o qual ela incide nos fatos da vida. * O 
suporte fático há que ser suficiente, sem mais nem menos elementos, ou seja, o fato há que se encaixar na 
descrição da regra, sob pena de ser insuficiente o suporte fático, tendo como consequência a não entrada para 
o mundo jurídico. 
 Resultado: Fato Jurídico = incidência do suporte fático ao fato da vida 
 Efeito dos fatos jurídicos = Direito Subjetivo 
 
5.2 FATO JURÍDICO 
5.2.1 CONCEITO8 
Fato Jurídico é o fato ou complexo de fatos sobre o qual incidiu a regra jurídica. 
Os fatos jurídicos, em sentido amplo, podem ser classificados em: fatos jurídicos em sentido 
estrito (fatos naturais, que decorrem da natureza), ato-fato jurídico (“mistura” de fatos e atos) e atos 
jurídicos em sentido amplo (fatos humanos, que decorrem da atividade humana). 
 
 5.2.2 FATO JURÍDICO 
Stricto sensu: Os fatos naturais ou fatos jurídicos em sentido estrito são frutos apenas de 
acontecimentos sociais, onde não importa a presença humana. Dividem-se em ordinários 
(nascimento, morte, maioridade, decurso do tempo) e extraordinários (terremoto, raio, tempestade 
e outros fatos que se enquadram na categoria de caso fortuito ou força maior). 
 Seu suporte fático tem como irrelevante o ato humano. O suporte fático descreve apenas o fato. Este 
fato produz efeitos ex lege. O ato humano é irrelevante (pode existir ou não, tanto faz). Ex: art. 2º do CC
9
: o 
suporte fático é o nascimento com vida. Com o nascimento está preenchido o suporte fático. 
 Fato jurídico = produz efeitos jurídicos = eficácia jurídica 
 
5.3 ATO JURÍDICO (ART. 185,CC.) 
 Ato humano 
 Exteriorização ou manifestação de vontade positiva ou negativa 
 Incidência da regra jurídica 
 
 
 
 
8 MIRANDA, Pontes. Tratado de Direito Privado(REFERENCIA INCOMPLETA) 
9 Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
 
 
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5.3.1 CONCEITO10 
É o ato humano sobre o qual incide a regra jurídica, e não sobre a sua consequência. *Quando 
a regra jurídica incidir sobre a consequência do ato humano é fato jurídico. 
Exemplo: (a) Se destruo o objeto, não pratico ato jurídico, sou causa de fato jurídico, que é o 
perecimento do objeto. (b) Se o meu ato é dentro de relação jurídica, v.g., se destruo o objeto de 
outrem, então o meu ato é ilícito e é causa do fato, que é o perecimento da coisa. (c) Declaração de 
vontade: o ato de declarar a vontade apto a ser suporte fático de fato jurídico é ato jurídico, 
enquanto a vontade manifestada produzindo efeitos após entrarem no mundo jurídico são fatos 
jurídicos. 
 
 5.4 ATO-FATO JURÍDICO 
É o acontecimento social onde a participação humana é relevante, mas não é qualificada, ou 
seja, não se faz qualificação da capacidade ou vontade. Ressalta-se a consequência do ato, o fato 
resultante, sem se levar em consideração a vontade em praticá-lo. Isso porque muitas vezes o efeito 
do ato não é buscado nem imaginado pelo agente, mas decorre de uma conduta e é sancionado pela 
lei (Ex.: pesca, caça, encontro de tesouro, em que demanda apenas o ato material de achar, 
independente da vontade ou consciência daquele que encontrou). 
 
É rejeitado por parte da doutrina. Como sua diferença em relação ao fato jurídico stricto sensu é apenas 
a descrição do ato no preceito, essas duas categorias tendem a ser unificadas. 
*Quando há relevância do ato humano, mas irrelevância da vontade. Os efeitos são ex lege. Também 
não passa pelo plano da validade, porque não há vontade. Aqui, no suporte fático há uma conduta humana. 
Ex.: art. 1265 do CC: fato: achar tesouro – efeito: pertencer ao proprietário do prédio. Ex.: art. 1253 do CC: aqui 
é diferente. Há descrição do fato, mas não do ato, então é fato stricto sensu. Deve-se analisar se há a descrição 
do ato. Descreveu o ato é ato-fato. Irrelevância da vontade: no ato-fato há o ato humano, mas não há vontade 
humana. Também aqui não incide a teoria das nulidades. 
*Não existe ação anulatória de ato-fato: posse, direito autoral, prescrição, decadência etc. 
*O ato-fato pode ser praticado por um agente incapaz, porque a vontade do agente é irrelevante. 
*Em que pese existir no suporte fático do ato-fato uma ação humana, esta é apenas a alavanca para 
fazer com que o resultado eventual entre no mundo jurídico. A ação não entra. Por isso diz-se que o ato-fato 
não passa pelo plano da validade. Não se perquire a capacidade do agente nem a forma do ato. 
 
5.5 ATOS JURÍDICOS LATO SENSU 
Os fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo são acontecimentos fruto da vontade do 
indivíduo sujeito de direito, ou seja, são ações humanas que criam, modificam, transferem ou 
extinguem direitos. O suporte fático tem o elemento vontade. Essa vontade deve ser livre, consciente e com 
resultado protegido pelo direito (para ser válido). Isso é o que o diferencia do ato-fato jurídico. Aqui passamos 
pelo plano da validade. Passamos pelos três planos. A eficácia é ex lege ou ex voluntate. Pode-se subdividir os 
atos jurídicos lato sensu em ato jurídico stricto sensu e negócio jurídico. 
*vicio de vontade: Há casos em que a manifestação de vontade pode ser viciada: erro, dolo, 
coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores (arts. 138/164 do CC). 
Os atos jurídicos lato sensu dividem-se em lícitos e ilícitos. 
 
 
10 MIRANDA, Pontes, Tratado de Direito Privado 
 
 
 
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 5.5.1 ATO ILÍCITO: (ART. 186, CC) 
Os ilícitos, por serem praticados em desacordo com o prescrito no ordenamento jurídico, 
embora repercutam na esfera do direito, produzem efeitos jurídicos involuntários, mas impostos por 
esse ordenamento. Em vez de direitos, criam deveres (geram obrigação de reparar o dano – art. 927, 
CC). 
 Ato humano 
 Contrariedade a direito 
 Incidência da regra 
São atos ilícitos os crimes, as ofensas a direitos absolutos, a partir-se das negações, as 
infrações de obrigações pessoais ou de outras pretensões. Ato ilícito é, portanto, fonte de obrigação: 
a de indenizar ou ressarcir o prejuízo causado. É praticado com infração a um dever de conduta, por 
meio de ações ou omissões culposas ou dolosas do agente, das quais resulta dano para outrem. 
 
 5.5.2 LÍCITOS 
São os atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente. Praticados em 
conformidade com o ordenamento jurídico, produzem efeitos jurídicos voluntários, queridos pelo 
agente. 
Os atos lícitos dividem-se em: ato jurídico em sentido estrito e negócio jurídico. 
 
5.6 ATO JURÍDICO STRICTO SENSU (OU MERAMENTE LÍCITOS) 
Quando os efeitos forem ex lege. Conduta humana voluntária onde o sujeito não pode escolher efeitos, 
ficando restrito aos efeitos determinados pela lei (ex lege). Ex.: reconhecimento de filho, adoção, emancipação 
expressa, prestar testemunho, laudo pericial etc. 
* Ato Jurídico Stricto sensu, tem de satisfazer as exigências de capacidade negocial, por serem 
declarações de vontade. As capacidades para negócios jurídicos, para atos jurídicos para atos ilícitos 
e para aquisição de direitos e deveres chamam-se, respectivamente, capacidade negocial, 
capacidade de atos jurídicos, capacidade delitual e capacidade de direito. 
*Nem todo ato jurídico é ilícito. A diferença é se é ou não ato contrário à direito. 
 
 5.7 NEGÓCIO JURÍDICO (ART. 104 E SEGUINTES) 
No negócio jurídico há uma composição de interesses, um regramento geralmente bilateral de 
condutas, como ocorre na celebração de contratos. A manifestação de vontade tem finalidade 
negocial, que em geral é criar, adquirir, transferir, modificar, extinguir direitos etc. Mas há alguns 
negócios jurídicos unilaterais, em que ocorre o seu aperfeiçoamento com uma única manifestação de 
vontade (testamento, instituição de fundação, renúncia de herança). 
Tem efeitos ex voluntate. Negócio jurídico porque os efeitos são juridicamente negociáveis, 
nos limites da lei. Conduta humana voluntária, que permite ao sujeito, além de acatar os efeitos 
legais, escolher outros que lhe sejam convenientes. Ocorrem quando existe por parte do homem a 
intenção específica de gerar efeitos jurídicos ao adquirir, resguardar, transferir, modificar ou 
extinguir direitos. Ex: contratos, testamento (negócio jurídico unilateral). 
*Para ser negócio jurídico não precisa haver duas partes. Basta que seja possível escolher 
alguns dos efeitos, como no caso do testamento. 
* O Código Civil utilizou a expressão negócio jurídico para regular pormenorizadamente os atos 
jurídicos lícitos, já que estes são ricos em conteúdo. Com relação aos atos jurídicos lícitos que não 
sejam negócios jurídicos, há um artigo único (art. 185), em que se determina que se lhes apliquem, 
no que couber, as disposições disciplinadoras do negócio jurídico. 
 
 
 
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 5.8 FATOS JURÍDICOS EM GERAL 
*Tabela extraída do Tratado de Direito Privado, de Pontes de Miranda, porém com atualização

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