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Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 1 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO OS: 0928/10/11-Felipe Direito Processual do Trabalho Prof. Alexandre Teixeira Módulo 2 Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 2 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 3 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO OAB – 1ª FASE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO MÓDULO 2 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO – DIFERENÇA ENTRE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL O Direito Material é o conteúdo do Direito do Trabalho, é o direito ao 13º, férias, reconhecimento de vínculo, jornada, indenização, reintegração, verbas rescisórias. O Direito Processual serve para efetivar o Direito Material, pois se o empregador não reconhecer o direito do trabalhador ele deverá instigar a Justiça para, por meio do processo, determine que o empregador cumpra a obrigação. Por meio do processo, o empregado pede que a Justiça determine que o empregador faça ou deixe de fazer determinado ato/obrigação. CONCEITO DE PROCESSO: É o conjunto de procedimentos/atos praticados pelas partes, pelo juiz e pelos órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho para aplicação do direito material no caso concreto e em última instância. Processo é um conjunto de atos, de procedimentos, para que o direito às férias, à garantia do emprego, ao vínculo empregatício, ao direito que não foi respeitado, seja respeitado. Só quem pode fazer isso é o Estado através do Poder Judiciário que é o responsável pelos processos. Se alguém violar o direito de outrem, nasce para este o direito de ação. Se o direito do trabalhador for violado, a reação dele é o ajuizamento da Reclamação Trabalhista. A Reclamação Trabalhista é ajuizada por intermédio de Petição (do latim petitum). O direito de ação consiste na utilização do processo para coagir a outra parte a fazer ou deixar de fazer algo. Quando alguém lesa ou ameaça lesar o direito de outrem faz nascer o direito de agir. É através do Processo que o empregador vai ser obrigado a obedecer ao direito, pois é o Processo do Trabalho é uma forma de efetivar o direito do trabalho, quando este não é observado. Se o empregador obedece a lei, não há direito de ação, não há que entrar com Reclamação, o problema surge quando o empregador não cumpre a lei, quando o empregador não respeita os direitos do empregado. A Justiça garante a aplicação do direito, caso ele não tenha sido observado. Se o empregador não observa o direito, resta ao empregado recorrer ao Poder Judiciário, órgão do Estado, que aplicará o direito no caso concreto em última instância, pois já apelou ao empregador e agora apela à Justiça. O processo é o conjunto destes procedimentos que a Justiça se utiliza para aplicar o direito material. Pois quando se acusa alguém, na vida cotidiana, a outra deve se defender. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 4 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Primeiro uma pessoa acusa outra e um “fofoqueiro” vai lá e conta para o acusado o que foi falado, nascendo para essa o direito de se defender. Quem acusou tem todo o direito de provar que a acusação é verdadeira e a acusada tem todo o direito de provar que é falsa. Quem tiver a prova mais robusta “ganha”. Esse exemplo se verifica no processo, pois o empregado que tem seu direito ferido, vai exercer sue direito de ação através de petição, explicando nesta que direitos foram violados (essa é acusação). O reclamado vai ser notificado e a partir desta vai tomar conhecimento de que contra ele existe uma ação/acusação, passando a ter todo o direito de se defender/apresentando sua contestação. Quem acusa tem todo o direito de provar que está certo e o acusado o contrário, sendo isso a produção de provas. Produzidas as provas, quem provar melhor sai vitorioso, sendo o processo julgado pela sociedade, através do Juiz. Até mesmo os recursos são cópia da vida privada. Nós estamos acostumados a recorrer desde pequenos/apelar. Ex: Uma criança faceira, doida para dormir na casa da amiguinha, pede para sua mãe, mas ela não deixa e a criança sai chorando para o pai (2ª instância), o pai, querendo se esquivar, diz para resolver com a mãe, mas a menina vai até a avó (3ª instância), pois não gostou da decisão do pai. Nesse caso, a criança peticionou direcionada à mãe e depois recorreu ao pai e à avó. Os atos processuais têm prazo, para não tornar o processo eterno. CAPÍTULO 2 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO 2.1. Competência Material da Justiça do Trabalho Trata‐se de saber quem pode julgar. Que órgão da jurisdição tem competência para apreciar e emitir ideia sobre a matéria. Basicamente existem três competências: material, territorial e funcional, sendo que a funcional somente interessa na fase processual. A competência da Justiça do Trabalho é em razão da Matéria, ex materia, e está prevista no art. 114, CF/88. Quando se fala em competência material se está falando em competência absoluta. A pergunta a ser respondida para concluir pela competência material da Justiça do Trabalho é: A Justiça do Trabalho é ou não competente para julgar determinada demanda? E deverá ser consultado o art. 114 da CF/88 para dirimi‐la. Quando se tratar de competência territorial, em razão do local, consultar‐se‐á o art. 561 e a pergunta será diferente, pois já se tem certeza que a Justiça do Trabalho é competente, restando dúvida em relação a qual Vara é a competente. Antigamente o art. 114, antes da Emenda 45 (8/12/2004, mas só entrou em vigor em 31/12/2004), previa a competência pessoal da Justiça do Trabalho e não material. De acordo com a redação anterior competia à JT conciliar e julgar os dissídios individuais ou coletivos havidos entre trabalhadores e seus empregadores. Antigamente a JT só seria competente para processar e julgar relação de emprego, ou seja, aquela que se dá entre empregado (art. 3º, CLT) e empregador. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 5 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO A JT antes da Emenda 45 tinha uma competência imprópria, pois, mesmo trabalhadores que não possuíam vínculo empregatício poderiam pleitear na justiça do Trabalho, eram os trabalhadores constantes do art. 652, III e V, CLT. Art. 652. Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento: a) conciliar e julgar: III ‐ os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice; V ‐ as ações entre trabalhadores portuário e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão‐de‐Obra ‐ OGMO decorrentes da relação do trabalho. Os avulsos, apensar da garantia de direitos iguais aos dos empregados, art. 7º, XXXIV, CF, não têm vínculo empregatício. Art. 7º ‐ São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXXIV ‐ igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatíciopermanente e o trabalhador avulso. O artífice previsto no inciso V é aquele trabalhador contratado para, por exemplo, pintar um apartamento, sendo que o objeto da contratação é a obra e não o serviço. Não interessando o tempo gasto para realizá‐la e sim a obra. É o pequeno empreiteiro que trabalha sozinho ou com a ajuda de um único ajudante. Sendo assim, a competência própria era para empregados e a imprópria para os trabalhadores previstos no art. 652, III e V, CLT. Com a atual redação não interessa quem são as partes, desde que a matéria esteja abrangida pelo art. 114, CF. O inciso I (I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios) deve ser dividido em três partes: 2.2.1. Ações oriundas da relação de trabalho: é gênero da qual a relação de emprego é espécie; relação de trabalho é mais abrangente. Trabalho, de acordo com o conceito econômico, é o dispêndio de energia por pessoa natural ou física para a consecução de um certo fim. É manter pessoa natural prestando serviços. Ter‐se‐á relação de trabalho quando a pessoa natural for o prestador dos serviços, independente se há subordinação, se é voluntário, religioso. Pode ser prestação de serviços descontínua, serviços de estágio, prestação de serviços de pessoa física que preste esses serviços de forma não eventual, subordinada, onerosa e pessoal. Assim, a relação de trabalho é gênero e trabalho é a prestação de serviços por pessoa física para a consecução de determinado fim. Hoje a Justiça do Trabalho é competente para julgar, em tese, toda e qualquer relação de trabalho onde uma pessoa física preste serviços a outra pessoa física ou jurídica. No entanto, o STF e o STJ mitigaram a competência contida no art. 114, I, tendo em vista que restringiu a interpretação do termo “ações oriundas da relação de trabalho”. Com a redação dada pela Emenda n. 45, a Justiça do Trabalhou entendeu que seria competente para julgar ações que envolvesse servidor público estatutário (seria pessoa física trabalhando). A Justiça do Trabalho fez interpretação amplíssima da norma estatuída no art. 114, I, CF. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 6 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Em março de 2005 a Associação Nacional dos Juízes Federais propôs ADIN nº 3395‐6, tendo sido liminarmente julgada pelo Min. Sepúlveda Pertence, depois confirmada pelo Min. Cezar Peluso e, por fim, pelo pleno do STF. De acordo com o entendimento do STF em referida ADIN, é inconstitucional toda e qualquer interpretação do inciso I do art. 114, CF/88 que leve para a Justiça do Trabalho a competência para processar e julgar os litígios havidos entre os servidores estatutários e a Administração Pública, direta ou indireta. A decisão, além de política, deve‐se ao fato de o inciso I ter duas interpretações possíveis, quais sejam: a) ampla: incluindo os servidores estatutários; b) restritiva: distinguindo relação de trabalho (adotando‐se a teoria contratualista moderna, existindo entre empregado e empregador relação jurídica de emprego decorrente obrigatoriamente e necessariamente de contrato de emprego, regulamentado pelo art. 444, CLT) da relação jurídico institucional (não há contrato, existe uma relação de estatuto, não existe negociação com a Administração as cláusulas contratuais). No contrato de trabalho pode haver, ou não, debate acerca das cláusulas contratuais, diferentemente de uma relação jurídico institucional. Exemplo da inexistência de negociação das cláusulas contratuais. Art. 169, I, CF/88. De acordo com o STJ e de acordo com a FCC, quando a relação de trabalho envolver relação de consumo, a competência para processar e julgar a demanda é da Justiça Comum Estadual. Art. 14 da Lei 8.078/90 (CDC). É o caso da prestação de serviços por pessoa física a consumidor. Por mais que se celebre contrato de trabalho, se o tomador de serviços é um consumidor final, a essa relação de trabalho aplicar‐se‐á o CDC, levando a competência para a Justiça Estadual. Esse entendimento do STJ está expresso na Súmula 363 do STJ, quando um profissional liberal pretender buscar sua remuneração judicialmente, deverá buscá‐la na Justiça Comum Estadual e não na Justiça do Trabalho. * Abrangidos os entes de direito público externo: se inserido aqui as embaixadas e consulados. Apesar das Convenções Internacionais 62 e 65 da Bélgica, que tratam dos servidores que já vêm acreditados no país originário, os empregados brasileiros contratados para trabalhar para os consulados, cônsules, embaixadas e embaixadores serão regidos pelo direito interno, sobretudo pelo direito processual trabalhista. A competência da Justiça do Trabalho é só para o processo de conhecimento, quando passa para a fase de execução não é competente, pois os bens das embaixadas e consulados têm imunidade de jurisdição. De acordo com o STF (1990, Min. Francisco Rezek) a imunidade de jurisdição cível, penal e tributária se estende à trabalhista na fase de execução. * Abrangidos os entes da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: não se confunde com o fato do STF ter retirado a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações de servidores estatutários. Há de se lembrar que de 1988 até antes da E.C 19 havia regime jurídico único, regime estatutário. A administração Pública só poderia admitir servidores ocupantes de cargos público. Com a E.C 19 a Administração Pública, até outubro de 2007, quando esta emenda foi julgada liminarmente inconstitucional, passou a poder contratar servidores públicos celetistas ocupantes de emprego público. Essa liminar só teve efeitos ex nuc, logo, quem já havia sido admitido ao serviço público mediante emprego público fica no emprego até o STF julgar o mérito. De outubro de 2007 para a atualidade a Administração não pode mais contratar servidor público ocupante de emprego público. *ex nunc = nunca retroage ex tunc = retroage tudo Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 7 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Muito embora o sujeito mantenha com a administração pública relação celetista, não há relação contratual e sim jurídico institucional, no entanto, por força da parte final do art. 114, I, CF/88, os servidores públicos celetistas continuam submetidos à Justiça do Trabalho. De acordo com o entendimento do STF, os servidores públicos celetistas admitidos por concurso público para ocuparem empregos públicos terão suas ações processadas e julgadas pela Justiça do Trabalho. 2.1.2. Ações que envolvam o exercício do direito de greve: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar II as ações que envolvam exercício do direito de greve. A greve é constitucionalmente prevista no art. 9º, que prevê e garante o exercício do direito de greve. A regulamentação da greve não é constitucional e sim em norma infraconstitucional, Lei n. 7.783/89 (Lei de Greve). Não existe greve ilegal, pois o art. 14 da Lei de Greve é claro ao dizer que considera‐se abusiva a deflagração de greve em desconformidade com esta lei. Sempre que a greve for deflagrada em desconformidade com a lei, será abusiva e não ilegal. É aabusividade do direito de greve. O art. 2º da Lei de Greve considera legítimo o direito de greve quando respeitados os requisitos lá previstos. Assim, o direito de greve ou é legitimo ou é abusivo. O art. 114, II, CF, trata da competência da Justiça do Trabalho para as ações decorrentes do exercício abusivo do direito de greve. Quando de alguma forma a greve for deflagrada em desacordo com a lei, será abusiva, mas o empregador não pode fazer justiça com as próprias mãos, devendo, pois movimentar a máquina do judiciário. Caberá ao empregador buscar a justiça através de petição. Se o empregador quer ver declarada judicialmente a greve abusiva, deverá ajuizar dissídio coletivo de greve, que é ação judicial. O dissídio coletivo de greve tem por objeto/finalidade o empregador ver a declaração judicial da abusividade da regre. Quando a justiça declara a greve abusiva, ela própria determina o retorno dos empregados ao trabalho, sob pena de dispensa por justa causa e multa diária em face do sindicato laboral. A competência para processar e julgar dissídio de greve é, pois, da Justiça do Trabalho. Existem outras ações relativas ao direito de greve que também são de competência da JT, como por exemplo as ações possessórias nos casos em que os grevistas estejam ameaçando invadir a empresa. A ameaça de invasão é a turbação da posse, podendo o empregador ajuizar ação possessória, no caso a ação de manutenção da posse. O Juiz garantirá a posse, inclusive com força policial, assim como, o caso de esbulho, determinará a reintegração de posse. Quando as ações possessórias forem decorrentes do exercício abusivo do direito de greve, será da JT a competência para processá‐las e julgá‐las. 2.1.3. Ações envolvendo sindicatos: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 8 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores. O art. 8º, II, CF/88 afirma que as partes interessadas podem criar sindicatos. Os sindicatos têm muito dinheiro e onde tem muito dinheiro tem confusão. Exemplo de problema que pode surgir entre sindicatos é quando um sindicato já existe, por exemplo o sindicato dos médicos de Fortaleza, e os médicos já recolhem suas contribuições sindicais (art.578, CLT) para esse sindicato, mas um determinado grupo dissidente resolve criar um novo sindicato, o sindicato dos médicos descontentes de Fortaleza. No entanto, por força do art. 8º, inciso II, CF/88, aplica‐se o principio da unicidade sindical (um sindicato por categoria na mesma base territorial, sendo certo que a base territorial mínima será um município). Essa criação do novo sindicato fere o princípio da unicidade sindical e gera uma confusão com o sindicato antigo que vai deixar de ganhar dinheiro, vai haver diminuição de receita do sindicato dos médicos. Esse caso é típico de competência sobre ações sobre representação sindical entre sindicatos e o sindicato antigo pode ajuizar ação ordinária de nulidade de registro sindical, sendo competente a JT. Lembrando que a contribuição sindical é obrigatória, independente da filiação, vinculação ou sindicalização. Antes da Emenda 45, a competência para processar e julgar ações sobre representação sindical entre sindicatos era da Justiça comum estadual. O mesmo raciocínio se aplica em relação às ações sobre representação sindical entre sindicatos e empregados ou entre sindicatos e empregadores. De acordo com a doutrina e a Jurisprudência dominante é da competência da Justiça do Trabalho processar e julgar ações que envolvam disputas sobre eleições sindicais. Não há previsão na lei ou na CF. É uma interpretação super ampla do inciso III do art.114, CF. Caberá, portanto, à Justiça do Trabalho resolver as disputas entre chapas nas eleições para o sindicato. 2.1.4. Ações de indenização por dano moral: Art. 114‐ Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VI. as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho O dano moral ou material que tiver sua origem na relação de trabalho deverá ser julgado pela Justiça do Trabalho. Decorre da relação de trabalho o dano oriundo de ação ou omissão de empregado ou empregador, pois tanto o empregado como o empregador pode causar dano (moral ou material) ao outro. As ações de indenização por dano moral, material e estético são muito comuns quando se trata de acidente de trabalho é perfeitamente possível que o empregado sofra acidente de trabalho ou adquira doença profissional ou doença do trabalho. Sendo doença profissional aquela que se adquire como consequência da sua prestação se serviços, ou seja, decorre diretamente do exercício da profissão (doença ocupacional ou profissional). Exemplos comuns de doença profissional são a LER (lesão por esforço repetitivo) adquirida por profissionais digitadores e os problemas nas cordas vocais adquiridos por professores. Já a doença ocupacional é adquirida no trabalho, mas não decorre do exercício da profissão, é ocupacional porque adquirida no trabalho. Seja doença profissional ou ocupacional pode ser que surja para o empregador a obrigação de indenizar. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 9 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO A doença do trabalho, assim como o acidente, pode gerar dano moral, material ou estético para o empregado, sendo a ação de indenização por esses danos de competência da Justiça do Trabalho. Até junho de 2005 o STF entedia que as ações de indenização por dano material ou moral eram processadas na Justiça Comum Estadual. De julho de 2005 até os dias atuais, o STF, por 10 votos a 0, passou a entender que a competência para processar e julgar ação de indenização por dano moral ou material decorrente da relação de trabalho é da Justiça do Trabalho. A Súmula 15 do STJ diz que em se tratando de acidente de trabalho a competência é da Justiça comum estadual, mas isso não se confunde com o entendimento do STF, pois quando se fala de ação de acidente de trabalho deve se ter mente que ela gera duas competências, ou seja que existem dois tipos de ações sobre acidente de trabalho e cada uma delas é julgada em uma Justiça diferente. ACIDENTE DE TRABALHO Competência Residual da Justiça Estadual ‐ Art.109, I, CF Em se tratando de acidente de trabalho a responsabilidade é subjetiva, conforme prevê a CF no art. 7º, XXVIII. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXVIII ‐ seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; Exemplo: empregado está no percurso casa trabalho dentro do ônibus lotado e abre‐se uma vala na rua engolindo o ônibus. Não houve ação ou omissão do empregador que tenha ocasionado o acidente, ter‐se‐á acidente de trabalho, mas não nascerá para o empregador a obrigação de indenizar o empregado acidentado. No entanto, se o empregado está em ônibus do empregador e este ônibus está sem manutenção, razão pela qual um acidente ocorre em função da omissão dolosa do empregado, logo, surge para o empregador a obrigação de indenizar o empregado. Na responsabilidade objetiva existe a teoria do risco, não interessando se existiu dolo ou culpa do empregador, bastando a comprovaçãoda existência do acidente e de sua relação com o trabalho. A obrigação de indenizar nasce automaticamente. Ação Acidentária, proposta em face do INSS: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL (competência residual, art. 109, I, CF). Tem por objeto Direito Previdenciário. Ação de Indenização de corrente de Acidente de Trabalho, proposta contra o empregador: COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 10 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Na responsabilidade subjetiva, a responsabilidade do empregador decorrerá necessariamente da comprovação da existência de dolo ou culpa do empregador. Antigamente existia a súmula 366 do STJ, mas em 2009 foi cancelada. De acordo com o entendimento do STF, que redundou no cancelamento da súmula 366 do STJ, é da competência da Justiça do Trabalho processar e julgar a ação de indenização proposta pela viúva e pelos herdeiros contra o empregador em decorrência de acidente de trabalho em que faleceu o empregado. Esse é o dano em ricochete, pois o empregado morreu, mas o dano com sua morte ricocheteia em seus herdeiros. De acordo com o entendimento do STJ e do TST, quando é o espolio que promove a ação de indenização contra o empregador a competência é da Justiça Comum Estadual. Ainda sobre a competência da Justiça do Trabalho para julgar ações de indenização decorrente da relação de trabalho, até junho de 2005 o STF dizia que a competência era da Justiça comum estadual e a partir de julho a competência passou a ser da Justiça do Trabalho. Mesmo depois da Emenda 45, que alterou o art. 114 da CF, continuou a confusão, porque o STF dizia que era competente a Justiça Estadual e a JT dizia que era ela a competente. Em relação as ações que já estavam tramitando na Justiça Comum Estadual foi necessário conflito de competência (7442‐1 MG) para concluir que essas ações só seriam remetidas à Justiça do Trabalho se até a data da entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 45 (dezembro de 2004) não houvesse sentença de mérito. Se na época da entrada em vigor da Emenda 45 as ações já tivessem tido o primeiro julgamento, elas permaneceriam na Justiça Comum, não sendo remetidas para a do Trabalho. Com a Súmula Vinculante 22 esse entendimento foi ratificado: SÚMULA VINCULANTE Nº. 22 A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR AS AÇÕES DE INDENIZAÇAO POR DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO PROPOSTAS POR EMPREGADO CONTRA EMPREGADOR, INCLUSIVE AQUELAS QUE AINDA NAO POSSUÍAM SENTENÇA DE MÉRITO EM PRIMEIRO GRAU QUANDO DA PROMULGAÇAO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45/04. Sentença de mérito é aquela que decide a matéria (MM‐ MÉRITO/MATERIAL), é aquela que julga o Direito material em análise. Através da sentença de mérito defere‐se ou indefere‐se o direito material perseguido. 2.1.5. Ações relativas às penalidades administrativas: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; O órgão responsável pela fiscalização das relações de trabalho é a SRT, Superintendência Regional do Trabalho, antiga DRT. Se forem encontradas irregularidades, os auditores fiscais do trabalho lavrarão auto de infração, restando ao empregador que quiser discutir judicialmente este auto, manejar ação junto a Justiça do Trabalho. Antes da Emenda 45, esses autos de infração eram discutidos na Justiça Comum Federal e ao momento de transição aplica‐se a previsão contida na Súmula vinculante 22. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 11 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO 2.1.6. Execução das contribuições previdenciárias: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir As Contribuições Previdenciárias são devidas à União, devido a criação das Super Receita, Lei 11.457/2007, sendo competente a Justiça do Trabalho para processar e julgar alguns casos em que sejam executadas contribuições previdenciárias. Execução de contribuição previdenciária pode acontecer na Justiça do Trabalho como na comum Federal. EXECUÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA O fato gerador da Contribuição Previdenciária é o salário de contribuição, arts. 28 e 29 da Lei 8.212/91 (Lei de custeio da Previdência Social). Sobre a remuneração do empregado surge o salário de contribuição e a obrigação de recolher a contribuição previdenciária. Se o empregador não proceder ao recolhimento das contribuições devidas, poderá ser autuado pela fiscalização previdenciária, sendo lavrado o auto de infração que se tornará dívida ativa da união. Com a Certidão de Dívida Ativa da União (CDA) poderá ser executada a previdência devida pelo empregador inadimplente, pela atuação do Procurador da Fazenda. É, no entanto, perfeitamente cabível que a execução surja da Sentença Trabalhista. A execução da contribuição previdenciária pode decorrer da sentença. O empregador paga a remuneração do empregado e sobre ela deve fazer o recolhimento da CP, se não fizer e for autuado, a execução originada no auto de infração será na Justiça Comum. Mas nos casos em que o empregado vai à Justiça para buscar verbas trabalhistas de natureza remuneratória (Aviso Prévio, férias acrescidas do 13º, horas extras, férias proporcionais, 13º salário) e sobre elas incide a CP. Quando o Juiz julgar o processo (sentença de mérito) e reconhece a existência de verbas trabalhistas remuneratórias não pagas, e sobre elas incide CP, tem‐se a execução dessa CP na própria Justiça do Trabalho. 2.1.7. Controvérsias decorrentes da relação de trabalho: Art. 114, IX, e demais controvérsias decorrentes da relação de trabalho nos termos da lei. Renato Saraiva e Carlos Henrique Bezerra Leite dizem que este inciso é um apêndice, merecendo ser retirado. Eles acham que repete o inciso I do mesmo artigo. Auto de Infração: Justiça Comum Federal Sentença Trabalhista: Justiça do Trabalho. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 12 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Há diferença, vejamos: Inciso I – fala de ações oriundas: são ações que se originam naturalmente da relação de trabalho. Ex: descumprimento de cláusulas contratuais (não pagamento de remuneração), essas ações têm natureza jurídica trabalhistas. Inciso IX‐ fala de controvérsias decorrentes: essas ações não têm natureza trabalhista (e sim penal, cível, tributária), mas mantêm um elo com a relação de trabalho. Mas a parte final do inciso IX fala nos termos da lei, razão pela qual não basta decorrer da relação de trabalho para ser de competência da Justiça do Trabalho. Os crimes contra a organização do trabalho não são de competência da JT, mas podem vir a ser se a lei assim determinar. A Justiça do Trabalho não tem competência penal nem tributária, mas um dia pode vir a ter, pois o inciso nono, que é norma de eficácia limitada, é uma possibilidade de alargar a competência trabalhista. 2.2. Competência territorialda Justiça do Trabalho: Trata‐se de competência relativa. Já se sabe que a JT é competente, restando definir qual vara do trabalho é competente. A competência territorial esta prevista no art. 651 da CLT, sendo a regra prevista no caput e as exceções previstas nos parágrafos do artigo. Art. 651 – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro. § 1º – Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. § 2º – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende‐se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário. § 3º – Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços A regra geral dispõe que a competência das varas do trabalho é determinada pelo local da prestação de serviços, ainda que o empregado tenha sido contratado noutro local e até mesmo no estrangeiro. Fortaleza Recife São Paulo Porto Alegre Matriz Filial Filial Filial O empregado contratado em Fortaleza para trabalhar em Recife, de lá foi transferido para São Paulo e depois para Porto Alegre, onde foi dispensado. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 13 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO De acordo com parte da Doutrina, FCC e parte da Jurisprudência, a Vara competente é a do último local da prestação de serviços. O TST tem entendido que quando o local da última prestação de serviços dificultar o acesso do empregado ao Poder Judiciário, flexibilizar‐se‐ía a regra. Mas para as organizadoras de concurso não há flexibilização, aplicando‐se o artigo na sua literalidade, incrementando, apenas, a questão da vara do último local ser a competente, quando diversos os locais de prestação de serviços. O art. 651 traz a regra geral sobre competência territorial da Justiça do Trabalho, mas existem exceções previstas nos parágrafos deste mesmo artigo. 2.2.1. Empregador que promove a realização das atividades fora do local do contrato: O §3º diz que: em se tratando de empregador que promova a realização de atividades fora do local de contrato, é facultado ao empregado propor a ação no local da prestação de serviços ou no da contratação. § 3º – Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços Existem atividades empresariais itinerantes, que é aquela que só se desenvolve ou melhor se desenvolve com a mudança do local da prestação de serviços. O §3º é direcionado para esse tipo de atividade. Poderá ser no local da realização do contrato ou do último local da prestação dos serviços. Exemplo: atividade circense. Existem atividades empresariais itinerantes, que é aquela que só se desenvolve ou melhor se desenvolve com a mudança do local da prestação de serviços. O §3º é direcionado para esse tipo de atividade. Poderá ser no local da realização do contrato ou do último local da prestação dos serviços. Exemplo: atividade circense, construção civil, transporte, auditoria. No caso das construtoras, não há necessidade de filial em outro local, no máximo ela abre um canteiro de obra, é uma típica atividade itinerante, pois ela melhor se desenvolve com a mudança do local da prestação de serviços. A atividade de transporte também é eminentemente itinerante. O piloto, por exemplo, mesmo sendo contratado em São Paulo, fará o transporte de passageiros por todo o pais. O transporte marítimo, aéreo, rodoviário, fluvial ou ferroviário só se desenvolve se houver mudança no local da prestação de serviços. As empresas de auditoria também é exemplo de empregador que desenvolve suas atividades em local distinto do da prestação de serviços. As questões costumam omitira o fato da empresa desenvolver suas atividades fora do local da contratação, mas o concursando deverá se ater aos detalhes. Exemplo disso é a situação em que o elaborador da questão informa que o empregado foi contratado em Fortaleza para prestar serviços em recife e a empresa tem filial no Rio de janeiro, note‐se que não falou da existência de filial em recife, subentendendo‐se que não, razão pela qual incide a regra do art. 651, §3º, CLT. 2.2.2. Agente ou viajante comercial: § 1º – Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. Não fosse o parágrafo primeiro do art. 651 da CLT, o caso relato lá se encaixaria perfeitamente na regra do § 3º. É o caso do empregado vendedor viajante, agente comercial ou pracista. Este empregado é empregado vendedor, mas não vende em um só local, sendo que suas atividades são desenvolvidas em locais diversos durante a vigência do contrato de trabalho. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 14 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO A empresa que fornece os produtos é a representada e o empregado é o representante, mas se não houvesse essa previsão especifica do §1º, a atividade se encaixaria no §3º por se tratar de atividade típica itinerante. Exemplo: O empregado foi contratado em Fortaleza, mas atende todo o interior do Ceará e é dispensado em trânsito entre uma cidade, mas para ele não interessa onde foi dispensado, pois a regra não é a da última localidade onde prestou serviços e sim do local onde está localizada a agência ou filial da empresa contratante (de acordo com a doutrina, filial à qual ele está subordinado). Caso não haja filial será competente a do local do domicilio do empregado ou, caso ai não tenha vara, a do local mais próximo. 2.2.3. Competência extraterritoral: § 2º – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende‐se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário. É um parágrafo incompleto, trata da competência extraterritorial trabalhista. Um empregado contratado no Brasil para prestar serviços em agencia ou filial estrangeira, ou seja, a empresa contratante tem pelo menos uma filial, agencia, sucursal, escritório, fase ou matriz no Brasil. A empresa que existe no estrangeiro também existe no Brasil, existindo, pois, conexão. Desde que o empregado seja brasileiro e nãohaja convenção internacional em contrário, as varas do Brasil serão competentes para processar e julgar a reclamação, no entanto, o artigo não especifica qual Vara do Trabalho. A doutrina é discrepante, tendo autores que dizem que é o domicilio do autor, outros o local da contratação e outros, ainda, afirmam ser competente a capital do Brasil. O dispositivo, apesar de incompleto, é inteligente, pois ele afirma que essa empresa tem que ter braço no Brasil, pois se não tivesse qualquer vinculo no território nacional seria difícil a notificação, assim como a execução. O Brasil só será competente se tiver correspondente da empresa estrangeira no Brasil e 5% do capital deve ser nacional, consoante Lei 7.064/82. O Direito Processual aplicado será o brasileiro, mas em relação ao direito material deverá ser aplicada a Lei do Trabalho estrangeira, salvo quando a lei brasileira for mais favorável a cada instituto. A lei material brasileira só é aplicada quando é mais favorável (art. 3º, II, Lei 7‐064/82), conforme súmula 207 do TST que traz a Lex loci executionis contractus, ou seja, a lei aplicada é a do local da prestação de serviços, ou seja, da execução do contrato. Enunciado nº 207 ‐ Relação Jurídica Trabalhista ‐ Conflitos de Leis Trabalhistas no Espaço ‐ Princípio da "Lex Loci Executionis” Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 15 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO A relação jurídica trabalhista é regida pelas leis vigentes no país da prestação de serviço e não por aquelas do local da contratação. Observe‐se que até junho de 2009 a Lei 7.064/82 só se aplicava aos trabalhadores brasileiros contratados para prestar serviços de engenharia e similares no exterior, no entanto essa exigência não resiste e se estende a todos os empregados. 2.3. Conflitos de competência: Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; Um conflito de competência pode ser positivo ou negativo, podendo ser entre dois Juízes do Trabalho, entre um Juiz do trabalho e um Juiz comum, entre TST e outro Tribunal Superior ou entre dois Tribunais Regionais distintos. O conflito positivo ocorre quando pelo menos dois órgãos se assumem competentes para processar e julgar um mesmo processo. O conflito negativo é quando dois ou mais órgãos se dizem incompetentes para julgar uma mesma ação. CONFLITOS DE COMPETÊNCIA – BIZU Regra1: O conflito de competência sempre será julgado por órgão superior; E Regra2: O conflito de competência sempre será julgado pelo órgão mais imparcial possível. A Lei 6.947/81, em seu art. 2º, diz que o raio de jurisdição de uma Vara do Trabalho é de aproximadamente 100 km. No entanto, esta regra é flexibilizada pelo próprio §2º deste artigo diz que o TRT da Região poderá, mediante procedimento administrativo, aumentar o raio de abrangência da Vara do Trabalho. Pode ser que algum município não esteja sob jurisdição de nenhuma Vara do Trabalho, mas ainda assim haverá foro para processar e julgar ações trabalhistas, mas serão julgadas pelo Juiz comum, preferindo o cível ao penal, conforme artigos 668 e 669 da CLT. O Juiz de direito será investido em jurisdição trabalhista e aplicará as leis do Direito Material e Processual do Trabalho, sendo considerado, perante o processo, como juiz do trabalho. Da decisão proferida caberá Recurso Ordinário para o TRT. É oq eu diz o artigo 668 CLT e o art. 115 CF. Regra1: O conflito de competência sempre será julgado por órgão superior; E Regra2: O conflito de competência sempre será julgado pelo órgão mais imparcial possível. 1‐ VTR1 x VTR1= TRTR1 2‐ VTR1 x VTR2= TST 3‐ VTR1 x JDR1= TRTR1 4‐ VTR1 x JDR2= TST 5‐ JDRI x JDR1= TRTR1 Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 16 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO 6‐ JDR1 x JDR2= TST 7‐ VT x VC= STJ 8‐ TRTR1 x TRTR2= TST 9‐ TRT x TJ= STJ 10‐ TST x TRIBUNAL SUPERIOR= STF Art. 102, I, o, CF Art. 105, I, d, CF Art. 608, a e b, CLT OBS: art. 608, d, CLT – a competência para julgar o conflito de competência entre órgãos da Justiça do Trabalho e de outra justiça seria da Justiça do Trabalho, mas este dispositivo é anterior à CF/88, razão pela qual não foi recepcionado pelo art. 105, I, d, CF/88 que afirma ser competente o STJ. CAPÍTULO 3 ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS Os atos processuais têm que ter prazo. Ato processual é espécie de ato jurídico, é coisa que se faz, age. Quando se apresenta uma reclamação trabalhista se age, se pratica ato e como é no processo, tem‐se ato processual. Quando se processa alguém se pratica ato processual inicial. A notificação, a audiência, a defesa, são todos atos processual, assim como o recurso e a sentença. Existem prazos específicos ou gerais para que os atos processuais sejam praticados. A contagem dos prazos processuais merece atenção, tendo em vista que o dia do início do prazo é um e o dia do início da contagem é outro. Veja‐se: Início do prazo (art. 774, CLT) Prazos Processuais: Início da contagem do prazo Todos só podem ser dias úteis (775, CLT) Término do Prazo Art. 774 ‐ Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam‐se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 17 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. (Redação incluída pela Lei nº 2.244, de 23.6.1954) Parágrafo único ‐ Tratando‐se de notificação postal, no caso de não ser encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê‐la, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem. Art. 775 ‐ Os prazos estabelecidos neste Título contam‐se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada. Parágrafo único ‐ Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte. O princípio da Celeridade rege o Processo do Trabalho e os prazos são exíguos, contando‐se a partir do dia útil subsequente ao da notificação, não se aguarda o retorno do AR para o processo!!!! O início do prazo é em um dia, o início da contagem e outro e o término em outro diferente dos dois últimos, tendo em comum o fato de só poder ser dia útil (os dias inúteis são aqueles nos quais não há expediente forense). Para contar o prazo excluí o dia do início e inclui o do final. Se a notificação é recebida em uma quarta‐feira, o inicio do prazo é na quarta‐feira,mas a contagem é só no dia útil seguinte ao início do prazo, no caso, quinta‐ feira. Consequentemente o final do prazo será na próxima quinta‐feira (se estivermos diante de prazo de 8 dias), partindo do princípio que os mencionados dias são todos úteis. Se a notificação chegar numa sexta‐feira, o prazo se inicia na própria segunda, mas a contagem só na segunda‐ feira, se for dia útil. Esse é o raciocínio da Súmula 1 do TST. TST Enunciado nº 1 ‐ Intimação Trabalhista ‐ Prazo Judicial Quando a intimação tiver lugar na sexta‐feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda‐feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá do dia útil que se seguir. De acordo com o parágrafo único do art. 775, CLT, os prazos só podem terminar em dias úteis, de modo que se o último dia do prazo cair em dia que não tenha expediente forense, prorroga‐se o prazo para o primeiro dia útil subsequente. Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título contam‐se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada. Parágrafo único. Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte. Os dias inúteis não podem coincidir com o início do prazo, com o inicio da contagem e com o final, mas, uma vez iniciada a contagem, o prazo será contínuo, conforme artigo 775, caput, CLT. Alguns atos processuais podem acontecer em dias inúteis (não úteis), excepcionalmente. Quanto a esta possibilidade, há divergência entre a Súmula 262, I, TST e o entendimento da FCC, pois esta última aplica a lei seca contida no CPC. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 18 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO O artigo 770, caput, da CLT diz que os atos ocorrerão entre às 6 horas e as 20 horas dos dias úteis, mas excepcionalmente e com a autorização do Juiz, os atos processuais poderão acontecer em dia inútil, exemplo da penhora. Exemplo prático: A citação, através do mandado de execução, foi feita em um domingo, sendo que o início do prazo só será na segunda‐feira e o início da contagem será na segunda‐feira. O ato “notificação” ocorreu em dia inútil, mas o início do prazo e o início de sua contagem, como também o final, não podem ser em dia inútil. Esse é o raciocínio da Súmula 262, I, TST. TST Enunciado nº 262 ‐ Intimação ou Notificação Trabalhista ‐ Prazo ‐ Contagem I ‐ Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subseqüente. II ‐ O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais. O entendimento da FCC difere do acima e aplica o CPC, mas é igual no fato de se o ato acontecer em dia inútil, o início do prazo será no dia útil seguinte e o da contagem o dia útil posterior ao início da contagem. A diferença é que para o TST se o ato aconteceu no domingo, o dia do ato é o próprio domingo, mas para o CPC (e a FCC) se o ato processual é domingo, o ato só ocorre na segunda (Parágrafo único do art. 240 CPC), ou seja, no primeiro dia útil seguinte, coincidindo, portanto, o dia do ato com o do início do prazo. O efeito prático é o mesmo, mas a teoria difere no aspecto em que o CPC e consequentemente a FCC não autoriza ocorrência de ato em dia inútil. Art. 240 ‐ Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a Fazenda Pública e para o Ministério Público contar‐se‐ão da intimação. Parágrafo único ‐ As intimações consideram‐se realizadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense. Exemplo aplicado: 07. (ANAJUD‐TRTAL‐2008‐FCC) Ana Maria, representante legal da empresa XUB, recebeu intimação na reclamação trabalhista proposta por Ana Joaquina, sua ex‐funcionária. Considerando que a intimação ocorreu no sábado e que segunda‐feira é feriado nacional, será considerada que a intimação foi realizada. a) no próprio sábado e o prazo processual começará a correr na terça‐feira. b) no próprio sábado e o prazo processual começará a correr na segunda‐feira. c) na terça‐feira e o prazo processual começará a correr na quarta‐feira. d) na sexta‐feira antecedente e o prazo processual começará a correr na terça‐feira. e) na sexta‐feira antecedente e o prazo processual começará a correr na terça‐feira. Mas para o TST a intimação teria ocorrido no próprio sábado, o início do prazo seria na terça feira e o prazo correria a partir da quarta‐feira. A Lei 5.010/66, em seu art. 62, criou feriados para os servidores da Justiça Federal comum e especial, como por exemplo, a quarta‐feira da semana santa e a segunda e a terça de carnaval. Essa mesma Lei chama de feriado aquele recesso que existe entre 20 de dezembro de um ano e 06 de janeiro do seguinte. Em tese, os prazos nem se suspendem nem se interrompem em feriado, mas leis, portarias e outros atos normativos dos Tribunais podem determinar a suspensão dos prazos durante estes períodos. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 19 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO A suspensão do prazo significa que quando o fato que suspendeu o prazo cessar, o prazo retorna sua contagem de onde parou, já a interrupção acarreta o reinício do prazo, ou seja, volta a contar do zero quando o evento que o interrompeu cessar. Se já houve início do prazo antes do feriado, o prazo continua correndo normalmente, desde que o feriado não coincida com o início do prazo, da contagem ou do final do prazo. Para a Lei, se a parte foi notificada em 18 de dezembro para praticar ato processual em 05 dias, começando o prazo nesta data e sua contagem em 19 de dezembro, como os feriados não suspendem nem interrompem os prazos, em tese, contaria corridos os dias 19, 20, 21, 22 e 23, mas como o dia 23 é feriado, prorrogar‐se‐ía o final do prazo até o dia útil posterior ao dia 23 (07 de janeiro, em tese). No entanto, esse raciocínio não se aplicará no caso do recesso forense, pois, o inciso II, da Súmula 262 do TST coloca de forma diversa. TST Enunciado nº 262 ‐ Intimação ou Notificação Trabalhista ‐ Prazo ‐ Contagem I ‐ Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subseqüente. II ‐ O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais. Assim, a regra geral dos feriados, persiste (não suspendendo ou interrompendo o prazo), mas em relação ao recesso forense e às férias coletivas dos ministros do TST (de 20/12 a 06/01), apesar de legalmente considerados feriados, suspenderão os prazos processuais trabalhistas. Assim, se a parte recebeu a notificação no dia 18/12 para praticar ato em 5 dias, o dia do início da contagem será o dia 19, mas a partir do dia 20/12 o prazo estará suspenso, somente voltando a contar a partir do dia 07 de janeiro, razão pela qual o prazo final será o dia 10 de janeiro (já contou um dia no início). Se por um acaso o início da contagem coincidir no dia 20/12, o prazo somente iniciará sua contagem no dia 07 de janeiro, pois suspenderá o prazo sem nem começar sua contagem.19dez. 20 dez. ‐‐‐‐‐ 06jan. 07jan. 08 jan. 09jan. 10 jan. 11jan. notificação recesso início da contagem CAPÍTULO 04 JUSTIÇA GRATUITA E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA 4.1. Justiça Gratuita: é um instituto diferente da assistência judiciária gratuita. Tanto a Justiça Gratuita quanto à assistência judiciária gratuita têm o mesmo requisito Pobreza na forma da Lei: remuneração mensal de até dois salários mínimos ou, caso ganhe mais que dois salários, afirme que os custos judiciais colocarão o sustento seu e de sua família em risco. O conceito de pobre está no art. 790,§3º, CLT. Os §§ 1º e 2º do art. 14 da Lei 5.584/70 vão dizer o que é pobre para efeitos de assistência judiciária gratuita. A aplicação destes dispositivos deve ser em conjunto, razão pela qual basta declarar que é pobre na forma da lei, não sendo necessária a comprovação, pairando presunção de veracidade da alegação. Se a parte adversa alegar que a declaração de pobreza é falsa, deverá comprovar. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 20 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Na própria petição trabalhista pode ser feita a declaração de pobreza, não sendo necessário documento apartado para tanto, aplicando‐se a OJ 304, SDI‐I, TST. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. COMPROVAÇÃO. DJ 11.08.03 Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/70 (art. 14, § 2º), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu nova redação à Lei nº 1.060/50). A pobreza tanto dá direito à Justiça Gratuita quanto à Assistência Judiciária Gratuita. O fato de ser beneficiário da Justiça Gratuita significa que estará isento dos custos do processo (custas e emolumentos), incluídos aí cópias, traslado de peças, carimbos, papel, autenticações, honorários periciais, honorários advocatícios de sucumbência. Além dos beneficiários da Justiça gratuita, são isentos dos custos do processo: a União, os Estados, os Municípios e o DF, suas autarquias e fundações públicas e o Ministério Público do Trabalho. Em relação aos órgãos fiscalizadores de profissões (OAB, CRE, CRM, CRECI, CRO, CRC, CREFITO, CRN), apesar de serem autarquias especializadas, não há isenção em relação aos custos do processo. Art. 790‐A. São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários da Justiça Gratuita: I‐ a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica; II‐ o Ministério Público do Trabalho; Parágrafo único: A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realizadas pela parte vencedora. A parte final do parágrafo único do art. 790‐A deverá ser vista quando do estudo das custas processuais. O parágrafo 3º do art. 790, CLT autoriza a concessão da Justiça Gratuita de ofício, logo, não é necessário, caso a parte aparente ser pobre na forma da Lei, o requerimento. Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (redação dada pela L‐010.537‐2002) § 1º Tratando‐se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. § 2º No caso de não‐pagamento das custas, far‐se‐á execução da respectiva importância, segundo o procedimento estabelecido no Capítulo V deste Título. § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 21 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Em regra, a jurisdição deve ser provocada, princípio do dispositivo, no entanto, em determinados casos, a Lei autoriza o Juiz agir sem impulso (de ofício). O normal é a parte se declarar pobre na forma da Lei, mas ainda que não se declare, se o Juiz entender ser a parte pobre, pode deferir a Justiça Gratuita sem requerimento. Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. (redação dada pela L‐010.537‐2002) § 1º Tratando‐se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas. § 2º No caso de não‐pagamento das custas, far‐se‐á execução da respectiva importância, segundo o procedimento estabelecido no Capítulo V deste Título. § 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. Importante: A Justiça Gratuita não é benefício restrito ao empregado. Se o empregador, seja reclamante ou reclamado, for pobre na forma da Lei, terá direito a gozar dos beneplácitos da Justiça Gratuita. O reclamado deverá declarar no bojo de sua contestação que é pobre na forma da Lei. De acordo com o entendimento do TST, o benefício da Justiça Gratuita pode ser estendido também aos empregadores, pessoas naturais (físicas) ou jurídicas, nos termos e condições do § 3º, 790, CLT. 4.2. Assistência Judiciária Gratuita: o pobre na forma da Lei não tem condições de pagar advogado. É o que diz o art. 5º, LXXIV, CF/88. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo‐se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXIV ‐ o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; Na Justiça federal existe a Defensoria Pública da União, na Justiça Estadual a Defensoria Pública do Estado, no entanto, na Justiça do Trabalho não tem a Defensoria Pública, sendo que os sindicatos prestam a assistência judiciária gratuita na Justiça do Trabalho (Art. 14, § §1º e 2º da Lei 5.584/70). O empregado pobre tem direito a que o sindicato laboral contrate advogado para representá‐lo. Se a categoria do trabalhador não for organizada emsindicatos, serão alternativas o Ministério Pública da União e Defensoria Pública da União ou na ausência desta a Defensoria Pública do Estado, conforme o art. 17 da Lei 5.584/70. 4.3. Jus Postulandi Na Justiça do Trabalho não é necessária a assistência de advogado, sendo perfeitamente possível que o empregado ou o empregador reclame ou se defenda sozinho. O Jus Postulandi está previsto no art. 791, CLT: Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 22 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. O jus postulandi é a capacidade postulatória, que no caso da JT é privativa (em regra é o advogado quem pede diretamente ao Juiz) do advogado, mas não é exclusiva. Exceções à capacidade postulatória do advogado (situações em que vigora o jus postulandi). Nos Juizados especiais cíveis quando a causa não ultrapassar 20 salário mínimos; Na Justiça do Trabalho, O jus postulandi no processo do Trabalho é a regra e no processo Civil é a exceção. No entanto, a capacidade postulatória das partes no Processo do Trabalho é limitada, pois a expressão “acompanhar o processo até o final”, constante na parte final do art. 791, CLT não quer dizer que a parte pode acompanhar sozinho o processo até o TST. De acordo com a Súmula 425 do TST, o jus postulandi só pode ser exercido até instância ordinária, ou seja, o limite é o Recurso Ordinário da Vara par ao TRT. De modo que, o Recurso de Revista, do TRT par ao TST, sem a assistência de advogado é tido como inexistente. Também há impossibilidade de exercício do jus postulandi quanto a ações que sejam de competência originária dos Tribunais Regionais do Trabalho. Competência originária é quando se propõe ação pela primeira vez junto a determinado órgão. O jus postulandi não pode ser exercido em instância cível, ou seja, para levar a ação ao STF ou ao STJ deve a parte constituir advogado. Súmula nº 425 ‐ TST ‐Jus Postulandi ‐ Justiça do Trabalho ‐ Alcance ‐ Limitação O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita‐se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Para constituir advogado faz‐se necessário que a parte dê instrumento de mandato para o advogado. Quem dá o mandato (dá os poderes) é o mandante e quem recebe os poderes é o mandatário. Através da procuração/mandato uma pessoa autoriza outra a praticar atos processuais em seu nome. O mandante autoriza outra pessoa através da procuração/mandato. O procurador pratica os atos jurídicos em nome do mandante. A procuração ou o mandato podem ser tácitos ou expressos. Tácito: os atos praticados pelas partes demonstram a intenção. Mandato Expresso: as partes de forma inequívoca manifestaram a sua intenção. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 23 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Verbal Escrito A Lei processual trabalhista não prevê prazo para juntada de procuração, razão pela qual se utiliza a regra do art. 165, CPC, aplicado subsidiariamente, concedendo‐se 5 dias. Nesse prazo de cinco dias junta a procuração ou na própria audiência o assistido declara que está constituindo o advogado, constando na ata da audiência. Art. 165 ‐ As sentenças e acórdãos serão proferidos com observância do disposto no Art. 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo conciso. Assim, com a declaração, tem‐se o mandato apud acta, sendo este expresso e verbal, mas reduzida a termo. O mandato tácito ocorre quando o Juiz não percebe que o advogado estava sem procuração, logo, não consta na ata mandato verbal reduzido a termo nem é concedido prazo para juntada e o advogado praticou atos processuais em audiência e o nome dele consta na ata, mas não consta nela a concessão de poderes pelo cliente. Na procuração tácita a única coisa que existe é o nome do advogado, demonstrando que compareceu À audiência e lá praticou atos, diferentemente do mandato apud acta, pois nesse é reduzido a termo o texto verbal que expressa a constituição de advogado pela parte. Se o Juiz notou que o advogado estava sem procuração, deu prazo de cinco dias par ajuntada de procuração e o advogado não juntou a procuração fica caracterizada a irregularidade de representação, decorrendo daí a inexistência de Recurso interposto por esse advogado, exceto se na interposição do recurso regularizar a representação (juntando procuração ao recurso). No caso da procuração tácita, como não foi concedido prazo para juntar procuração, como ficou constando o nome do advogado na ata, a representação processual está regular, o que autoriza a interposição de Recurso pelo advogado detentor de mandato tácito. Súmula 164, TST ‐ O não cumprimento das determinações dos §§ 1º e 2º do art. 5º, da Lei. 8.906/94, e do art. 37, parágrafo único do CPC, importa o não conhecimento de recurso, por inexistente, exceto na hipótese de mandato tácito. A procuração tácita só é válida dentro da instância trabalhista, logo para o STF e o STJ é necessária procuração expressa. Poderes ordinários cláusula ad juditia: interpor ações, recorrer, acompanhar o assistido em audiência, contestar, impugnar atos. Só para defesa de interesses. Poderes extraordinários cláusula et extra: receber valores, firmar recibo de quitação, renunciar direitos, desistir da ação, confessar, fazer acordo. Poderes normalmente da parte. Quando a procuração é expressa é comum os poderes ordinários e extraordinários, mas a procuração tácita é especial, pois só se presumem os poderes ordinários. É necessário que os poderes extraordinários venham expressos na procuração. A procuração tácita é tão especial que não comporta poderes especiais, porque são especiais e precisam ser expressos o que é incompatível com a procuração tácita. De acordo com o entendimento dominante do TST, a procuração tácita não comporta poderes especiais, mas apenas os da cláusula ad juditia. A procuração tácita não admite substabelecimento. Substabelecer é transferir os poderes que detém para outra pessoa. OJ 200 SDI‐I, TST – É inválido o substabelecimento investido em mandato tácito. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 24 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Os procuradores do Estado, municípios, Distrito Federal e União, que sejam concursados, não precisam fazer juntada de instrumento de mandato, no entanto, se for procurador terceirizado é obrigatória a juntada de procuração. OJ SDI‐1 Nº 52 ‐ MANDATO. PROCURADOR DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. DISPENSÁVEL A JUNTADA DE PROCURAÇÃO. A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas dajuntada de instrumento de mandato. Súmula nº 395 ‐ TST ‐ Mandato e Substabelecimento ‐ Condições de Validade I ‐ Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da demanda. Alcança só o processo de conhecimento. Se a procuração não fixa prazo de validade, por si só ela já é válida pra o processo de conhecimento e o de execução. Se a procuração tem prazo de validade e o prazo é até o fim da demanda quer dizer que a validade é até o fim do processo de conhecimento (transito em julgado da decisão), logo, se quiser executar a decisão, uma nova procuração é necessária. II ‐ Diante da existência de previsão, no mandato, fixando termo para sua juntada, o instrumento de mandato só tem validade se anexado ao processo dentro do aludido prazo. (ex‐OJ nº 313 ‐ DJ 11.08.2003) Quando é dado prazo para o mandatário realizar os atos processuais, a procuração só é válida se juntada dentro do prazo constante na procuração. III ‐ São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer Só não pode substabelecer se a procuração vedar ou se o mandato for tácito. Se o mandato for omisso quanto à possibilidade de substabelecer, o substabelecimento é possível. IV ‐ Configura‐se a irregularidade de representação se o substabelecimento é anterior à outorga passada ao substabelecente. Antes mesmo de ter procuração no processo o substabelecente substabelece, o que não é possível, pois se ainda não tem os poderes não se pode substabelecer. OJ nº 349 — MANDATO. JUNTADA DE NOVA PROCURAÇÃO. AUSÊNCIA DE RESSALVA. EFEITOS. DJ 25.04.2007 A juntada de nova procuração aos autos, sem ressalva de poderes conferidos ao antigo patrono, implica revogação tácita do mandato anterior. A nova procuração só não revoga os poderes dos outros advogados se ressalvar os poderes da antiga procuração. A revogação nesse caso é tácita. Quando a pessoa jurídica constituir advogado através de procuração é necessário que a pessoa jurídica, o representante legal e o advogado estejam devidamente identificados e qualificados. É o entendimento da OJ 373: IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. PROCURAÇÃO INVÁLIDA. AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO DO OUTORGANTE E DE SEU REPRESENTANTE. ART. 654, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL. Não se reveste de validade o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica em que não haja a sua identificação e a de seu representante legal, o que, a teor do art. 654, § 1º, do Código Civil, acarreta, para a parte que o apresenta, os efeitos processuais da inexistência de poderes nos autos. Se a representação processual estiver irregular o Juiz pode dá prazo para juntada de instrumento de mandato, Súmula 263, TST TST Enunciado nº 263 ‐ Res. 11/1986, DJ 31.10.1986 ‐ Nova redação ‐ Res. 121/2003, DJ 21.11.2003 Indeferimento ‐ Petição Inicial ‐ Instrução Obrigatória Deficiente. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11/Felipe 25 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO Salvo nas hipóteses do art. 295 do CPC, o indeferimento da petição inicial, por encontrar‐se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 10 (dez) dias, a parte não o fizer. Mas na fase recursal (que começa com a apresentação do recurso e não com o simples julgamento da ação) o Juiz não pode conceder prazo para juntada de mandato, não sendo possível regularizar a representação processual na fase recursal. Iniciada a fase recursal, não pode mais haver regularidade de representação. Súmula nº 383 ‐ TST ‐ Res. 129/2005 ‐ DJ 20, 22 e 25.04.2005 ‐ Conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 149 e 311 da SDI‐1 Mandato ‐ Fase Recursal ‐ Aplicabilidade I ‐ É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de procuração, nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto por posterior juntada, já que a interposição de recurso não pode ser reputada ato urgente. (ex‐OJ nº 311 ‐ DJ 11.08.2003) II ‐ Inadmissível na fase recursal a regularização da representação processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao Juízo de 1º grau. (ex‐OJ nº 149 ‐ Inserida em 27.11.1998) Assim, a parte deverá, antes de iniciada a fase recursal, juntar procuração ou juntar no próprio recurso (anexo ao próprio recurso). Mas é perfeitamente possível que apresente recurso com procuração tácita, conforme Súmula 164, TST. TST Enunciado nº 164 ‐ RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982 ‐ Ex‐Prejulgado nº 43 ‐ Nova redação ‐ Res. 121/2003, DJ 21.11.2003 Não Conhecimento ‐ Recurso Trabalhista ‐ Mandato ‐ Procuração ‐ Juntada O não‐cumprimento das determinações dos §§ 1º e 2º do art. 5º da Lei nº 8.906, de 04.07.1994 e do art. 37, parágrafo único, do Código de Processo Civil importa o não‐conhecimento de recurso, por inexistente, exceto na hipótese de mandato tácito. OJ 371. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. SUBSTABELECIMENTO NÃO DATADO. INAPLICABILIDADE DO ART. 654 , § 1º , DO CÓDIGO CIVIL . Não caracteriza a irregularidade de representação a ausência da data da outorga de poderes, pois, no mandato judicial, ao contrário do mandato civil, não é condição de validade do negócio jurídico. Assim, a data a ser considerada é aquela em que o instrumento for juntado aos autos, conforme preceitua o art. 370 , IV , do CPC . Inaplicável o art. 654 , § 1º , do Código Civil . Súmula nº 395 ‐Mandato e Substabelecimento ‐ Condições de Validade II ‐ Diante da existência de previsão, no mandato, fixando termo para sua juntada, o instrumento de mandato só tem validade se anexado ao processo dentro do aludido prazo. Prof. Alexandre Teixeira OS: 0928/10/11-Felipe 26 PROCESSUAL DO TRABALHO DIREITO OJ 371. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. SUBSTABELECIMENTO NÃO DATADO. INAPLICABILIDADE DO ART. 654 , § 1º , DO CÓDIGO CIVIL . Não caracteriza a irregularidade de representação a ausência da data da outorga de poderes, pois, no mandato judicial, ao contrário do mandato civil, não é condição de validade do negócio jurídico. Assim, a data a ser considerada é aquela em que o instrumento for juntado aos autos, conforme preceitua o art. 370 , IV , do CPC . Inaplicável o art. 654 , § 1º , do Código Civil . Súmula nº 395 ‐Mandato e Substabelecimento ‐ Condições de Validade II ‐ Diante da existência de previsão, no mandato, fixando termo para sua juntada, o instrumento de mandato só tem validade se anexado ao processo dentro do aludido prazo. O inciso II, da Súmula 395, TST, informa que a procuração só existe se, e somente se, a procuração for juntada até a data termo final do prazo, sendo que a própria procuração prevê condição de validade. Em regra geral as procurações não têm prazo para juntada no processo. Já a OJ 371 diz que mesmo que na procuração ou no substabelecimento não conste a data em que foi feita, a procuração será válida e os poderes ter‐se‐ão por constituídos a partir da juntada do mandato ao processo. OJ nº 349 — MANDATO. JUNTADA DE NOVA PROCURAÇÃO. AUSÊNCIA DE RESSALVA. EFEITOS. DJ 25.04.2007 A juntada de nova procuração aos autos, sem ressalva de poderes conferidos ao antigo patrono, implica revogação tácita do mandato anterior. A nova
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