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Revista Eletrônica de Educação Física Falar das perspectivas de uma determinada carreira profissional nos dias atuais, é algo desafiador e temeroso, pois tanto o conhecimento, como os meios de comunicação e principalmente a sociedade, vem sofrendo uma série enorme de alterações, a cada instante, o que acaba por inviabilizar qualquer projeção de ocupação profissional que não esteja prevista para ocorrer imediatamente. No campo da tecnologia, os avanços são tão grandes e rápidos, que todo indivíduo que se encontre responsável pela missão de preparação de pessoal técnico especializado, deverá manter-se sempre em contato com o universo de desenvolvimento científico, tecnológico e social, para que não se deixe levar, pelos acenos e promessas de toda natureza, que a mídia e a imprensa acabam destacando. Em algumas áreas do conhecimento, a organização da preparação profissional a ser oferecida por um determinado curso acadêmico, tem ocasionado debates, análises e estudos aprofundados sobre diferentes níveis de abstração, principalmente em relação ao perfil do profissional a ser preparado, uma vez que, considerando-se a velocidade com que vêem ocorrendo mudanças no mercado, em muito pouco tempo esse profissional estará desatualizado e por essa razão deslocado para a missão que foi formado. Essa situação não é verificável tão somente nos países em desenvolvimento, caso do Brasil, mas no mundo todo, uma vez que a ocorrência de rápidas e significativas alterações, tanto dos conceitos, quanto das necessidades da sociedade, acabam levando geralmente a que profissões até então consideradas inatingíveis por mudanças, tendam a desaparecer, surgindo profissões e ou ocupações novas e por vezes mais adequadas às exigências da sociedade. Nesse sentido, alguns estudiosos, do trabalho, têm mesmo declarado, enquanto hipótese, que os empregos tendem a acabar, não sendo mais permitido ao profissional, sair à busca de garantias de estabilidade, por dominar determinado tipo de conhecimento especializado, como ocorreu nas décadas que antecederam a virada do Milênio, e portanto, o que passará a existir, serão serviços especializados, de acordo com as necessidades de cada cidadão ou grupo de pessoas Estar falando em preparação profissional na atualidade, principalmente devido às condições em que ela ocorre em nosso país, tanto em relação ao tempo de duração, como no que diz respeito à qualidade dos cursos e também quanto às dificuldades encontradas para que determinados conteúdos sejam substituídos na grade curricular, visando adequá-la às necessidades de desenvolvimento de conhecimentos que possam sustentar a atuação do futuro profissional no mercado, pode ser comparado a estar navegando em Mar revolto, sem poder contar com o apoio de uma tão preciosa Bússola que, sem grandes aparatos tecnológicos, sempre consegue dar indicações corretas do rumo certo e seguro de ser seguido. A sociedade, de hoje, passou a exigir profissionais melhor-preparados e adequados as suas necessidades e expectativas, graças à quantidade de informações, a difusão maciça, segura e constante de novos conhecimentos e tecnologias que se encontram a sua disposição e principalmente pela incessante busca de qualidade no atendimento, o que passou a requerer a existência de profissionais mais qualificados e conseqüentemente éticos. PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES (formação e atuação profissional) Prof. Dr. João Batista A. G. Tojal Conselho Federal de Educação Física Revista Eletrônica de Educação Física O que se pode considerar, é que para preparar o profissional, que vá atuar no mercado de trabalho junto à sociedade, será indispensável, que exista, a preocupação de dotá-lo de habilitação suficiente, não só para atender os atuais anseios da sua clientela, mas para que seja capaz de mudar de ocupação, dentro da mesma área, no momento em sentir necessidade, sem que para isso, seja obrigado a recomeçar sua vida , retornando a ponto de partida, ou seja, ingressar em novo curso acadêmico. No mundo do trabalho, vêem sendo desenvolvidos diferentes estudos sobre o perfil desejável e necessário de profissional a ser preparado nas diversas áreas do conhecimento, que seja capaz e eficiente no desenvolvimento de atuação em atenção aos seus beneficiários, e o resultado tem indicado a preferência por profissionais que consigam exercer múltiplas funções. Portanto, se passarmos a considerar, que o mercado de trabalho, vem buscando profissionais com capacidade para exercer uma multiplicidade de funções numa mesma área do conhecimento, é desejável, que tanto o jovem acadêmico, quanto o programa do curso de preparação para o trabalho, que vem sendo desenvolvido nas diferentes Universidades, encontrem-se o mais ajustado e adequado possível , à perspectiva de que esse futuro profissional poderá estar mudando de funções, certamente dentro de uma mesma área de prestação de serviços à sociedade, pelo menos três a quatro vezes no decorrer de sua vida profissional produtiva. Ao observarmos por esse prisma, as condições de relações existentes no mercado de trabalho, quanto à prestação de serviços especializados, é desejável, que passe a existir no seio da Universidade, uma preocupação forte e real quanto ao oferecimento ao futuro profissional de uma condição formativa intelectual, que lhe permita o exercício de múltiplas funções dentro de sua área do conhecimento, e não mais, nem uma preparação altamente especializada e segmentada, como vem ocorrendo, nem tão pouco uma preparação generalista, que acabe alijando-o do mercado de trabalho, mas uma preparação forte na estruturação básica de conhecimentos de uma determinada área, que possa favorecer seu retorno à universidade ou outros segmentos, na busca de novos conhecimentos especializados, sem que com isso sinta-se deslocado ou mesmo fora do campo de atuação, necessitando unicamente que esteja sempre comprometido com seu aperfeiçoamento, o que é uma demonstração do seu posicionamento ético profissional. Essa condição de manutenção das relações de emprego graças ao componente básico e genérico do conhecimento desenvolvido na preparação em determinada área, o que acaba possibilitando certa flutuabilidade do profissional numa boa parcela de funções ou ocupações no mercado de trabalho, mesmo nas ocasiões em que ocorram alterações de rumo nos envolvimentos e desenvolvimentos da empresa com a produção e com o atendimento à sociedade, tem sido chamado pelos estudiosos das relações do trabalho, de “EMPREGABILIDADE”. Todas essas colocações, até aqui apresentadas, dão a impressão de nada terem a ver com o profissional de Educação Física, uma vez que este já executa múltiplas funções junto ao mercado de trabalho, mas contudo, tiveram a intenção de chamar a atenção, tanto dos alunos, como dos docentes do curso, para o fato, de que profissionais criativos, competentes, comprometidos com o processo de aprendizado e de atualização permanente, desde que bem preparados em relação ao conhecimento genérico básico de sua área de atuação, sempre terão espaço, voz e reconhecimento no mundo do trabalho. Como profissional de Educação Física e interessado nos estudos e pesquisas sobre as questões de preparação profissional e mercado de trabalho nessa área e ainda como Vice Presidente da diretoria e Presidente da Comissão de Ética do Conselho Federal de Educação Física, acabei trazendo essas preocupações para o universo tanto da preparação como da atuação do profissional dessa área do conhecimento. Revista Eletrônica de Educação Física Assim, considero como importante, necessário e urgente, que a Educação Física brasileira, passe a preocupar-se em discutir e definir questões que a coloquem nas mesmas condições de outras profissões, pelo estabelecimento da Motricidade Humana, enquanto Objeto de estudo , o que certamente ocasionará alterações profundas no currículodos Cursos de preparação profissional, e na composição do Corpo Docente desses Cursos, uma vez que o conhecimento e prática que certos docentes hoje detêm, não mais serão o suficiente, como base de sustentação de suas permanências à frente de disciplinas, que certamente, deverão ser mais teorizadas e estruturadas, sob aspectos de cunho filosófico-social. Dentre os problemas causados pela indefinição do Objeto de estudo para essa área, posso citar, o desenvolvimento dos programas de pós-graduação em Educação Física existentes no país, nos quais, o que se desenvolve, são projetos e estudos sobre as mais variadas questões e temas, sem contudo, conseguirem interferir de forma real e positiva no conhecimento específico a ser oferecido ao profissional em preparação, e o que se vê, são currículos organizados, geralmente, através de disciplinas que tratam das diferentes modalidades desportivas, ministradas por docentes, que foram antigos e bons praticantes do desporto que ensinam, mas que nunca se preocuparam em estarem se preparando para a missão de docência Acadêmica, sendo mesmo, que muitos, não possuem mais do que o diploma do curso de Licenciatura em Educação Física, e alguns, o certificado de participação em cursos de técnica desportiva na modalidade, como foi a sistemática de preparação anteriormente adotada em nosso país. Não quero que esta minha colocação seja considerada como uma crítica destrutiva, levando esses docentes a uma situação de descrédito, principalmente, porque foram eles que sustentaram a nossa profissão com atuações competentes no campo do desporto, mas é preciso que seja dado um alerta, no sentido de que a sociedade atual interessa-se e necessita de um profissional que consiga resolver-lhe as questões de movimentação, stress, lazer, obesidade, saúde, bem estar físico e mental, recreação, estética e também pratica de atividades físico-desportivas, sem a busca da competição ou resultados performáticos. É de suma importância que se perceba que em todos os momentos em que são desenvolvidos estudos referentes a profissões, empregos, economia, comportamento social, educação, saúde, violência, juventude, idosos, a pratica de atividades físicas é sempre muito referenciada como uma das atividades mais desejadas pela sociedade, e o Desporto tem sido destacado como o fenômeno social de maior significação no mundo atual, chegando mesmo a ser o evento que mais está presente nos noticiários de todos os meios de comunicação, e o que envolve a maior soma de recursos tanto da mídia, quanto dos diferentes governos. Contudo, é preciso destacar que o desporto pelas próprias características que carrega, não é a atividade física mais procurada, e portanto a mesma sociedade que exalta a pratica de atividades físicas, a consome, na maioria das vezes, sem conhecimento dos padrões e referenciais de qualidade, graças a uma total falta de cultura na área, certamente fruto da falta de preocupação e ou de preparo dos profissionais graduados em Educação Física, que acabam não esclarecendo das formas, vantagens, desvantagens, pontos de observação para acompanhar os resultados do trabalho, diferenciação entre procedimentos de qualidade ou desprovidos dela, execução correta ou inadequada, e outros pontos importantes que possam definir competências. Tanto é assim, que por vezes , em inúmeras atividades, a sociedade tem sido atendida por indivíduos que nem sequer passaram por um Curso Superior de preparação profissional pedagógica, científica, tecnológica e ética, como é necessário e desejável, e não conseguem identificar qualquer diferença entre a atuação desse indivíduo leigo e do profissional que freqüentou a universidade, e é fácil demonstrar-se essa situação, bastando para isso que se procure verificar dentro do corpo discente de qualquer Curso de Graduação em Educação Física, quantos são os acadêmicos de primeiro e segundos semestres que já atuam em Revista Eletrônica de Educação Física academias, clubes sócio- esportivos, prefeituras e como personal trainers, como se pelo simples fato de se acharem matriculados, tenham obtido todos o conhecimento por osmose, e estejam assim preparados, para assumir funções profissionais específicas, junto à sociedade. Para falar um pouco sobre as Perspectivas Profissionais da Área de Educação Física e Esportes, quero destacar alguns momentos significativos da história recente dessa profissão. Inicialmente, que graças a Resolução CFE nº 03/87, de junho de 1987, foi oportunizada a criação da Formação do Bacharel em Educação Física no Brasil, o que veio lhe dar o Status de Carreira Acadêmica e da carga horária mínima de 1800 para as atuais 2880 horas, garantindo assim, a preparação, não mais de unicamente o Licenciado, o que quer significar de um professor, da área da educação, mas de um profissional, que possui um determinado conhecimento específico e genérico, que é só seu, e que necessita ser estudado, desenvolvido e sedimentado, visando o bem estar da sociedade, no campo do movimento, livre, desinteressado, espontâneo, que permita a condição do superar e superar-se, isto é, que permita ao individuo a busca da transcendência até que atinja seu absoluto, que é só seu, definido por ele mesmo, e que somente ele pode alcançar, e para tanto, deve poder contar com a ajuda de um profissional especialmente preparado para esse fim. Depois, com a necessidade determinada pela resolução CFE nº 03/87, passou-se a discutir no país, agora de forma mais organizada, o Objeto de Estudo da Educação Física, e nessa oportunidade a Faculdade de Educação Física da Unicamp, trouxe como professor convidado por dois anos no Brasil, o Filósofo Português Manuel Sergio Vieira e Cunha, docente da Universidade Técnica de Lisboa, que foi o autor da proposta da Ciência da Motricidade Humana. Essa permanência foi profícua, tanto é verdade, que a maioria dos programas de Mestrado e Doutorado em Educação Física em nosso país, se não passaram a denominarem- se Motricidade Humana, adotaram a denominação abrasileirada e de maior significação pela nossa cultura, de Mestrado ou doutorado em Movimento Humano, ou mesmo, essa denominação é encontrada em alguma área de estudos e pesquisas desses programas, ou ainda como linha de pesquisa específica. Também, a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96 de dezembro de l996, que colocou em seu artigo 26º, 3º, que : “a Educação Física , integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”. Em momento algum, foi colocado, que seria diminuída ou extinta nas propostas pedagógicas das escolas, mas, se assim acabou ocorrendo, foi muito mais, graças a sua própria incompetência do que aos aspectos legais, pois, quem define a sua inclusão ou não e com que freqüência semanal é unicamente o conselho pedagógico da própria escola, e se esse conselho, não a elegeu como de utilidade educacional, certamente é porque de fato, não vinha anteriormente, se prestando a essa finalidade. Nessa ocasião, houve, por parte dos docentes das escolas de ensino fundamental e médio, uma série de reclamações, que em alguns casos resultaram , não em apoio ou atendimento a situação, mas a desestabilização de alguns antigos professores de Educação Física, que já se encontravam sem ânimo até mesmo para o desempenho de suas funções, mas que devido à provocação e mal estar causados, voltaram a freqüentar cursos de especialização na busca de novos conhecimentos e formas de atenderem a clientela escolar, garantindo assim seus empregos. Dentre os momentos de maior significação para a Educação Física Brasileira, quero abordar agora a promulgação da Lei Federal n º 9696/98 de 1º de setembro de l998, que regulamentou a profissão de Educação Física e criou os Conselho Federal e Regionais.Essa luta pelo reconhecimento da profissão duraram muitos anos e no primeiro projeto de Lei apresentado na Câmara dos Deputados sob o n º 57/88, foi vetado pelo Presidente da Revista Eletrônica de Educação Física Republica José Sarney, através da mensagem nº 11, de 05 de janeiro de 1990, por considera- lo contrário ao interesse público, “uma vez que o profissional da Educação Física é, antes de qualquer coisa, professor e instrutor, estando, na maioria das vezes, ligado a um estabelecimento de ensino, naquela qualidade”. Depois desse veto, uma ‘serie de profissionais de Educação Física, comandados pelo prof. M. Jorge Steinhilber, acabou por criar o Movimento Nacional pela Regulamentação do Profissional de Educação Física, e obteve o apoio do Deputado Federal Eduardo Mascarenhas, que apresentou o projeto de Lei que recebeu o nº 330/95, através do qual seria reconhecida a profissão, mas que necessitou uma ação política bastante firme e organizada, e conseguiu, antes da votação fazer chegar ao executivo, todas as pretensões da categoria. Ponto destoante, mas que merece ser referido para que seja feita justiça a história das lutas dessa área, foi à ação contrária a regulamentação da profissão, estabelecida por alguns membros do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte - CBCE. Mais precisamente o sr. Lino Castellani Filho, que fez grande esforço no sentido do impedimento do reconhecimento da profissão, mas que contudo, graças a sua incompetência, segundo suas próprias palavras, não conseguiu atrapalhar nossa categoria, que agora goza de enorme prestigio na sociedade, e da qual, ele teima em fazer parte, apesar de posicionar-se sempre contrário, procurando desencadear ações políticas no sentido de desacreditar o Conselho Federal, mas que tenho certeza, nele estaria, caso lhe fosse oferecida qualquer oportunidade. Entendo, que uma Aula Magna, não é a melhor ocasião para esse tipo de relato, mas gostaria que considerassem, tratar-se de um episódio importante da história, que muitos certamente não conheciam, pois à parte das derrotas, dificilmente os opositores se propõem a relatar. A conjugação de todos esse momentos, com a criação do Conselho Federal, em 1998, veio oportunizar, que a categoria profissional de Educação Física, pudesse estar vivendo atualmente, certamente o seu melhor momento, pois se anteriormente era uma classe desunida e sem qualquer tipo de representatividade, hoje, já pode ser considerada uma categoria profissional emergente e participativa da vida da sociedade nacional Procurando esclarecer um pouco essa afirmação, gostaria de relatar alguns momento vividos, tanto pelo Sistema CONFEF/CREFs, como pela comunidade profissional em geral e beneficiários que se servem de seus préstimos especializados, sejam eles, políticos importantes, dirigentes educacionais ou mesmo membros da comunidade brasileira. A Educação Física Escolar, que se viu diminuída em sua carga horária semanal, e que parecia estar órfã, pois não recebeu qualquer apoio no início da entrada em vigência das medidas advindas da LDB, pôde perceber, que mesmo depois dos professores das escolas fundamental e média terem se recusado a registrarem-se no Conselho da profissão, esse organismo ainda saiu em defesa dos direitos, não dos profissionais estarem trabalhando, mas das crianças, enquanto alunos, poderem exercer seus direitos de participarem das aulas de Educação Física Escolar, pois são enormes os benefícios que ali recebem. Concordando com a reivindicação do Conselho, de que os prejudicados seriam tão unicamente os componentes da comunidade escolar, a classe médica, fez publicar o resultado de um estudo , anteriormente desenvolvido, de que a ausência às aulas de Educação Física escolar, estava tornando os adolescentes brasileiros obesos, e expostos, a uma série de doenças, geralmente causadas pela falta de atividades físicas no período de desenvolvimento. Ainda nesse mesmo sentido, provocado pelo Conselho Federal, o Sr. Ministro dos Esportes e Turismo, Carlos Melles, durante o Fórum Nacional dos Cursos de Formação Profissional em Educação Física, declarou : “A Educação Física voltará a ser obrigatória nas escolas. Foi um erro tornar essa matéria facultativa, pois ela é fundamental para a massificação do esporte”. Continuou dizendo que já havia estabelecido contatos com o Ministro da Educação e afirmou : “Nós queremos que esta obrigatoriedade já esteja em vigor em 2001. É uma questão Revista Eletrônica de Educação Física de educação, de saúde de nossos jovens. A Educação Física jamais deveria ter deixado de ser praticada nas escolas”. (jornal O Estado de Minas, 18/08/2000). Também, os dirigentes dos Cursos de preparação profissional na área puderam perceber os benefícios que toda a categoria, certamente estará recebendo com a existência do Conselho de profissão, uma vez que a sua função não é de cunho corporativista, mas sim, batalhar junto aos profissionais e demais entidades e organismos prestadores de serviços especializados na área que representa, pelo desenvolvimento e desempenho de uma sempre melhor qualidade dos serviços prestados à sociedade, saindo em defesa dessa sociedade, frente às ações dos maus profissionais, devendo mesmo, se necessário, puni-los, chegando em casos extremos, a cassar-lhes o registro profissional, o que os impedirá de desenvolverem qualquer atuação nessa área. A Comunidade de Dirigentes dos Cursos de preparação profissional em Educação Física do Brasil, nunca havia conseguido se reunir em torno de um único objetivo, ou seja, discutir seus próprios rumos, e nesse sentido o Conselho Federal e seus respectivos Conselhos Regionais, fez realizar, na cidade de Belo horizonte, no período de 17 a 20 de agosto de 2000, o Fórum Nacional dos Cursos de Formação em Educação Física, ocasião em que estiveram presentes dirigentes de 182 Faculdades, número que representa mais de 80% do total de entidades que atuam nessa área, no país, e estiveram discutindo questões como: Novas Diretrizes Curriculares; Provão - a avaliação dos cursos pelo MEC; o quadro da Classificação Brasileira de Ocupações -CBO, do ministério do Trabalho; A Comissão de Especialistas do MEC. E sua possível composição; Criação das Associações Estaduais das Faculdades de Educação Física; a Pós-Graduação em Educação Física no país. Durante a realização dos diferentes momentos do Fórum, foram discutidos assuntos de interesse geral da categoria e foi terminada a versão final de um documento que visava orientar os caminhos futuros da profissão no Brasil. Como desse Fórum Nacional estavam participando além das autoridades representantes de mais de 80% das Faculdades existentes, os conselheiros do Sistema CONFEF/CREFs; os membros da Comissão de Especialistas do MEC, tanto os que deixavam os cargos, como os que assumiam as funções; o Sr. Ministro dos Esportes e Turismo, Dois Senadores da Republica , O Governador do Estado de Minas Gerais, Secretários da Educação, da Saúde e dos Esportes do Governo do Estado de Minas Gerais; o Sr. Prefeito Municipal da cidade de Belo Horizonte; o Secretário de Esportes de Belo Horizonte; e membros do INEP/MEC. e do Ministério do Trabalho , e outros participantes , a versão final do documento preparada pelo conselheiro Prof. Dr. Manuel José Gomes Tubino, após lida e aceita pelos presentes,e por decisão dessa platéia composta pelas maiores autoridades representativas da categoria profissional , e portanto um fórum categorizado, resolveu por unanimidade que o documento que representou o resultado democrático e participativo, contemplando manifestações, propostas e opiniões de diferentes setores da sociedade, deveria denominar-se de CARTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FISICA . Portanto, acredito, que cabe agora, ao coletivo de nossa profissão, adotar novos paradigmas, e assim através dos termos contidos nesta carta, que se tornou uma referência de qualidade, buscarrefletir sobre os novos rumos que possam vir a legitimar essa categoria profissional, visando favorecer e auxiliar a comunidade na melhoria do estilo de vida. O que gostaria que fosse absorvido desta minha fala , é que a Educação Física, vem vivendo momentos de intensa movimentação, busca de cientificidade e reconhecimento social, o que leva a que se considere que no Milênio que se inicia, ela certamente apresentará além das possibilidades de crescimento e desenvolvimento científico, algumas outras necessidade e missões, as quais sem querer ser adivinho, futurólogo, profeta, passo a referir-me. Como já me referi anteriormente, em todas as tentativas de busca de soluções para questões como : emprego, stress, envelhecimento precoce, comportamento social, violência, Revista Eletrônica de Educação Física economia, educação, cooperativismo, cultura, bem estar, qualidade de vida, a prática da atividade física, tem sido sempre referenciada como uma das atividades mais desejadas pela sociedade, tanto como componente de lazer, recreação, busca de melhoria da qualidade de vida, forma de desenvolvimento de atitudes de comportamento social aprazível, respeito aos demais participantes, meio de obtenção de melhor cultura social e de cooperativismo, eliminação do stress e afastamento do ócio. Dessa mesma corrente, participam os estudiosos e sociólogos do trabalho, como é o caso de Domenico De Masi, sociólogo do trabalho Italiano, que em seu estudo aponta que por ocasião da segunda metade da década de 2010, isto é, após 2015, devido a diferentes transformações que estão ocorrendo na esfera tecnológica, todo trabalho intelectual repetitivo, será executado por máquinas, devido também a descobertas de medicamentos e cura de diferentes doenças que hoje vitimam a sociedade, pela melhoria da atenção a saúde e alimentação, o indivíduo deverá chegar próximo ou mesmo passar dos 100 anos de vida, aumentando sua longevidade, a educação , intensa e permanente, ocupará boa parte da vida das pessoas, portanto, será cada vez mais difícil, fazer uma exata distinção entre trabalho, estudo e tempo livre, e será mesmo necessário que determinados seguimentos profissionais passem a se ocuparem na busca de saídas e soluções para essa sociedade. Ao observar o resultado de todos esses estudos que tratam das mudanças na maneira de vida da sociedade, fico com o sentimento de que os sociólogos estão tentando alertar a nossa categoria profissional, para que comece desde já, a se organizar e se preparar dignamente para desenvolver a atenção, atendimento e resolução da problemática da vida das pessoas, tanto em quantidade como em qualidade, pois essa responsabilidade deverá recair sobre a ação dos profissionais que consigam atuar na área do prazer, da atenção ao belo, ao estético, a saúde, ao físico, em relação ao stress causado pelo ócio e pelo tédio, e a obesidade devido ao sedentarismo. Levando-se em consideração essas condições de mudanças no estilo de vida da sociedade, será oportuno que a preparação dos futuros profissionais de Educação Física, possa estar encontrando novos paradigmas, sem contudo deixar de lado os aspectos positivos da preparação para a continuidade do atendimento aos diferentes componentes do desporto, tanto participativo, enquanto cultura desportiva, quanto competitiva, enquanto necessidade social pela demonstração de capacidade desenvolvida. De maneira bastante incisiva, quero propor que a preparação profissional dessa área se volte para aspectos importantes e seguros, pois antes de qualquer proposta técnica de atuação, é preciso que se entenda que existe o individuo, que merece e deve ser atendido na sua individualidade; integralidade; espontaneidade; satisfação de necessidades e anseios pela pratica orientada de atividades físicas, que possam leva-lo a ocupar o tempo livre de forma a evitar o tédio, como se estivesse se preparando para uma ação séria e organizada como atualmente só se faz para o trabalho, procurando competentemente atender as exigências de formalidade da ação, uma vez que as pessoas não mais aceitarão tarefas e trabalhos que as impeçam de viver bem e livremente. Visto por outro ângulo, esse processo de qualificação para o trabalho, deve ser levado muito a sério, pois segundo esses estudos não mais existirão empregos, mas sim trabalhos e serviços, e somente possuirão oportunidades de prestar serviços os profissionais que conseguirem dar conta da resolução dos problemas dos seus beneficiários, o que quer dizer, que não bastará atender, mas sim dar conta de atender bem, e isto está intimamente ligado a uma questão ética, que é a de sempre prestar o melhor serviço que seja capaz, e aqui o que importa não é o desejo do profissional, mas tão somente a satisfação do cliente. Portanto, como contribuição, quero afirmar que a Motricidade Humana, por seu caráter de atendimento ao movimento livre e espontâneo do indivíduo, pelo respeito que lhe dedica ao ajudá-lo na busca de sua transcendência , neste caso representada pela condição de busca Revista Eletrônica de Educação Física de superação de seu próprio absoluto, que em muitos casos não vai além da satisfação e necessidade de superar-se, sem que para essa finalidade exista a obrigatoriedade de utilização da técnica, ficando relacionada, a simples, mas importante condição da obtenção do prazer, e em outras oportunidades, poderá esse mesmo individuo, vir a apresentar, o desejo de superar, e então, desejará poder contar com a capacidade do profissional, pelo oferecimento da ajuda técnica, tão apurada quanto é necessário, para que vença o obstáculo do seu desejo É importante que se consiga perceber, que para a Motricidade Humana, na forma que Manuel Sergio a concebeu, nada ocorre, sem que o individuo tenha sua própria percepção, a partir da qual, consiga elaborar seu pensamento e decidir-se, conscientemente, sobre aquilo que pretende realizar, e assim, estará se expressando através do movimento, tão elaborado quanto for sua necessidade, e desejo, de estar procurando declarar sua intencionalidade. Essa mudança de paradigma, certamente, estará ocasionando que os Cursos de preparação profissional em Educação Física, passem a oferecer, condições, para que o seu egresso, possa estar capacitado a atender os indivíduos, mesmo que em grupo, mantendo uma postura competente e ética, em atendimento ao conceito de complexidade de Edgard Morin, que define o homem, como um apelo à transcendência e, como tal, um ser práxico, que na totalidade : corpo/alma/natureza/sociedade, e pela motricidade, procura transcender ou transcender-se, e assim, visa sempre o seu próprio absoluto. Proponho, portanto, que a comunidade da Educação Física, passe a estudar, desenvolver conhecimentos, estabelecer processos de ensino e de ajuda, através dos conceitos e conhecimentos advindos da Motricidade Humana, por considerar que todo profissional que seja capaz de analisar, entender e atender prestando ajuda ao individuo em suas limitações, necessidades, projeto de vida individual e próprio, intencionalidade, busca de bem estar geral e sistêmico através do processo de transcendência, na construção da sua identidade ou seja do seu absoluto, certamente estará capacitado a prestar qualquer tipo de ajuda técnica, tanto de maneira individual quanto coletiva para que seus beneficiários atinjam o absoluto que se impuseram. Como neste novo Milênio, as pessoas necessitarão cada vez mais de ajuda e atendimento personalizado, tenho comigo a convicção de que os conceitos definidos pela Motricidade Humana em muito nos auxiliarão a prestar-lhes o atendimento que favoreça a mudança do estilo de vida, aumentando assim sua qualidade, o que representará uma melhor saúde, uma vez que saúde não mais se define simplesmente como “ausência de doença”, mas como “uma perfeita harmonia entre todos os processos vitais ambientais e humanos”. E ficando ainda subentendido que segundoessa nova maneira de conceituar saúde, “não há pessoas deficientes, o que há, são pessoas diferentes”. Visando concluir, quero destacar duas condições que devem ser observadas e atendidas na preparação dos profissionais de Educação Física em nosso país: Primeira - A CARTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, no que diz respeito ao objetivo de toda a ação do profissional. · Invariavelmente, deve constituir-se numa Educação Física de QUALIDADE; · Não deve existir distinção de qualquer condição humana; · Não deve perder de vista a formação integral das pessoas, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos; · Terá que ser conduzida pelos profissionais de Educação Física, como um caminho de desenvolvimento de estilo de vida ativo nos brasileiros; · Terá que ser desenvolvida de modo a contribuir para a Qualidade de vida da população. Segunda - O CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, em seus fundamentos. Revista Eletrônica de Educação Física · dever fundamental da preservação da saúde dos beneficiários, implica em responsabilidade social do profissional de Educação Física; · Esse dever profissional, não deve e não pode ser compartilhado, com pessoas não credenciadas, quer de modo formal, institucional ou legal; · dever à preservação da saúde dos beneficiários é o de alcance e manutenção da Qualidade, Competência e Responsabilidade Profissional; · Qualidade, Competência e Responsabilidade, representam o mais elevado nível de conhecimento que possa legitimar a intervenção e exercício do Profissional de Educação Física. Encerro, esta Aula Magna, agradecido pelo convite, e satisfeito pela mensagem aqui deixada, fazendo ainda uma recomendação aos jovens acadêmicos e demais profissionais presentes: “Neste Milênio, a Ética de um profissional, será seu mais alto patrimônio”.
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