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Potencialidades dos Perímetros Irrigados e Estratégias para Reduzir os Efeitos da Estacionalidade sobre a Oferta de Forragem para os Rebanhos no Nordeste

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DOI: http://dx.doi.org/10.15528/2176-4158/rcpa.v15n2p91-97
Potencialidades dos Perímetros Irrigados e Estratégias para Reduzir os Efeitos
da Estacionalidade sobre a Oferta de Forragem para os Rebanhos no Nordeste
Raimundo J. C. dos Reis Flho1
1 Zootecnista, mestre em produção em gado leiteiro e sócio diretor da Leite & Negócios Consultoria
Resumo: A região Nordeste apresenta condições naturais favoráveis à produção de forragem, o 
principal alimento dos ruminantes, portanto pode-se de dizer que a região apresenta grande potencial para 
o desenvolvimento de atividades pecuárias, como a bovinocultura de leite e a caprinovinocultura. Apesar do 
potencial existente e o mercado de carne e lácteos em expansão, as atividades convivem com baixos índices 
de produtividade e eficiência. Como exemplo, a produção e leite por vaca/ano na região nordeste é de apenas 
833 litros, abaixo da média brasileira, que é de 1.382 litros, e muito abaixo da produção da região Sul, 2.471 
litros/vaca/ano. São vários os fatores que levam a essa baixa produtividade; porém, a estacionalidade na 
oferta de forragem aos rebanhos, principalmente nos períodos secos do ano (Julho a Janeiro), gera impacto 
direto em todos os indicadores zootécnicos e reprodutivos nas atividades, como produção de leite e carne, 
índice de parição, taxa de natalidade, mortalidade, dentre outros. Para resolver a questão é necessário que os 
produtores planejem melhor a atividade e adequem o suporte forrageiro nas propriedades. Porém, de forma 
peculiar, existe na região Nordeste vários perímetros irrigados implantados, com infraestruturas montadas e 
com disponibilidade hídrica, os quais apresentam áreas ociosas, podendo ser utilizadas para a produção de 
forragem em larga escala.
Palavras-chave: estacionalidade, forragem, pecuária, produção de leite, perímetros irrigados, volumoso
Potentiality of Irrigated Areas and Strategies to Reduce the Seasonality Effects
of Forage Support for Livestock in the Northeast Brazil
Abstract: The Northeast region has favorable natural conditions to forage production, principal base of 
feeding ruminants. So, it can be established that the region has great potential for the development of livestock 
activities such as dairy cattle, goat and sheep. Despite of the production potential and the expanding beef 
and dairy market these activities coexist with low levels of productivity and efficiency. As an example, the 
production and milk per cow/year in the Northeast is only 833 liters, below the national average - 1382 
liters, and far below the production in the South region, 2471 liters/cow/year. Several factors lead to this low 
productivity, but seasonality in available forage to livestock, especially during dry periods of the year (July 
to January), generates a direct impact on all husbandry and reproductive indicators, such as milk and meat 
production, calving rate, birth rate, mortality, etc. To solve this problem it is necessary that breeders develop 
a good plan to reach a sufficient forage support. In the Northeast region there are several irrigated areas with 
good infrastructure and water availability that could be used for large scale forage production.
Key words: seasonality, forage, livestock, milk production, irrigated area
Rev. Cient. Prod. Anim., v.15, n.2, p.91-97, 2013
92
Introdução
Em 2012 a pluviosidade na região nordeste foi 
muito abaixo da média histórica. A esperança de um 
inverno regular em 2013 deu lugar ao desespero pela 
ocorrência da pior seca dos últimos 50 anos neste 
ano. A situação que já era crítica em 2012 ficou ainda 
pior, gerando grandes prejuízos econômicos no setor 
agropecuário nordestino, especialmente na agricultura 
de sequeiro e nas atividades pecuárias.
A contabilização das perdas ainda não foram 
oficialmente divulgadas, porém em relatórios 
preeliminares, a produção de grãos na região reduziu 
em 80%, enquanto que a captação de leite diminuiu 
60% em alguns estados. Além disso, houve redução 
dos rebanhos bovinos e caprinos, tanto pela morte de 
animais, em função da falta de alimento, quanto pela 
venda para abate ou envio desses para outros estados 
brasileiros.
A ocorrência de secas na região semiárida é um 
fenômeno cíclico e conhecido, porém, após as 
secas de 1997/1998, a região conviveu com certa 
regularidade de chuvas, fato que parece ter levado os 
produtores a medirem mal, ou desconsiderarem, os 
riscos das atividades agropecuárias, principalmente 
às desenvolvidas em sistemas de sequeiro. 
A pecuária de leite e a ovinocaprinocultura, que são 
atividades de grande importância para os nordestinos, 
foram as que mais sofreram. Diferentemente de outras 
atividades pecuárias, como avicultura e suinocultura, 
que tem os grãos (milho, soja, etc) como principal 
fonte alimentar, os ruminantes dependem de alimentos 
volumosos, os quais a sua oferta exige planejamento 
prévio e condições climáticas favoráveis a sua 
produção.
O baixo nível de estoque de alimentos volumosos 
nas propriedades, o inverno irregular de 2012 e a severa 
seca em 2013, comprometeram a oferta de forragem 
aos rebanhos, levando a falta quase generalizada 
do alimento, mesmo em fazendas maiores e mais 
estruturadas. 
Diante dessa realidade ficou mais evidente a 
necessidade de se estruturar o suporte forrageiro nas 
propriedades, caso contrário a pecuária leiteira na 
região nordeste continuará vulnerável às intepéries 
climáticas. Muitos podem se perguntar, mesmo diante 
de dois ou três anos de seca, é possível garantir oferta 
de forragem aos rebanhos? Bom, é verdade que em 
algumas regiões o desafio é maior que outras, porém 
o conhecimento técnico e científico disponíveis e 
às tecnologias de produção de forragem existentes, 
permitem que os criadores minimizem os riscos. 
Utilizar espécies forrageiras adequadas às condições 
de cada propriedade e da região a qual está localizada, 
dimensionar o suporte forrageiro ao tamanho do 
rebanho e proporcionar reservas de volumoso 
suficientes para, pelo menos, dois anos, são algumas 
das alternativas para os produtores.
Fazendas com disponibilidade hídrica e 
possibilidade de uso da irrigação garantem mais 
segurança aos empreendimentos, maior eficiencia 
e rentabilidade à atividade leiteira, sendo essa uma 
vantagem competitiva do Nordeste quando comparada 
às demais regiões brasileiras.
A Produção Comercial de Forragem e Potencial 
dos Perímetros Irrigados
Diante da seca de 2013, foi com o uso da tecnologia 
da irrigação em larga escala no perímetro irrigado 
Jaguaribe - APODI/CE que, em parte, minimizou o 
impacto da falta de forragem em pelos menos quatro 
estados: Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande 
do Norte. A demanda de alimento volumoso fez com 
que muitos agricultores especializados na produção 
de soja, milho verde e outros cultivos agrícolas, 
passassem a produzir, em caráter de emergência, 
forragem para comercialização. Segundo os gestores 
Rev. Cient. Prod. Anim., v.15, n.2, p.91-97, 2013
93
do distrito Jaguaribe-APODI (DIJA), em 2012 foram 
produzidas mais de 350 mil toneladas de forragem 
(silagem de milho). Surgiu assim o serviço de 
terceirização na produção de forragem, negócio até 
então inimaginável. 
Além do surgimento de um novo negócio no setor 
agropecuário, a produção comercial de forragem 
evidenciou o potencial de produção da região 
Nordeste e dos perímetros irrigados, os quais, esses 
últimos, apresentam infra estruturas montadas, 
disponibilidade hídrica (em sua maioria) e dinâmica 
de serviços terceirizados, dentre eles, a mecanização.
Os perímetros irrigados existentes na região 
Nordeste são administrados pela CODEVASF e o 
DNOCS(os federais), e os estaduais, pelos seus 
respectivos governos. 
Dos 37 perímetros irrigados de responsabilidade do 
DNOCS, a área total prevista dos projetos perfazem 
124,2 mil hectares (Tabela 1), sendo que 72,3 mil 
já foram concluídos e entregues aos produtores, ou 
seja, 58,2% (DNOCS, 2013). Do total da área já 
disponibilizada, em média, menos da metade está 
em produção. As justificativas e os motivos para que 
isso esteja acontecendo são variadas, como gestão do 
distrito, problemas com infraestrutura, falta de água, 
dentre outros.
Um exemplo dessa situação está no Ceará, onde 
existe dois perímetros construídos recentemente, 
Tabuleiro de Russas e Baixo Acaraú, os quais 
foram concebidos principalmente para a produção 
de frutas. Nesses perímetros existem infra estrutura 
pronta, disponibilidade hídrica e todas as condições 
necessárias ao seu uso, porém a expansão da área 
cultivada através da fruticultura nos últimos anos 
foi muito lenta, resultado do baixo crescimento no 
consumo desses produtos no mercado interno e 
externo. Em 2013 a ocupação da área desses dois 
projetos era de apenas 45% do total dos 19.101 
hectares (Tabela 2). 
A fruticultura é a principal atividade explorada 
nesses perímetros irrigados. Apesar do potencial de 
produção e a disponibilidade de terra para expansão 
dos cultivos no estado do Ceará, esta possibilidade 
esbarra na limitação de mercado, sendo necessário um 
forte e prévio trabalho na área comercial, de resposta 
lenta, e que torna a expansão da fruticultura um 
processo que carece de muita cautela. A atividade que 
apresentou entre 2000 e 2008 crescimento em área 
plantada de 106% (8,38% ao ano) deverá desacelerar 
a sua expansão nos próximos anos (Reis Filho, 2010). 
Segundo a ADECE, entre 2009 e 2018 a expectativa 
de crescimento é de 4% aa. Diante dessa realidade, 
pode-se inferir que a ocupação das áreas desses 
perímetros irrigados, através apenas da expansão da 
fruticultura, não será suficiente para se utilizar os 
quase 10.500 mil hectares de terras já licitadas nestes 
dois perímetros e que não estão sendo exploradas.
É de certa forma incoerente ver projetos da 
magnitude dos perímetros irrigados Tabuleiro de 
Russas e Baixo Acaraú sendo pouco aproveitados. 
Ao mesmo tempo, existem outras atividades que 
despontam como muito promissoras, alavancadas 
pelo aumento do consumo na região Nordeste e 
necessidade de aumento da produção local, sendo 
o leite o melhor exemplo a ser citado. Porém, 
nesses perímetros irrigados, até 2010, era vedada 
a implantação de projetos voltados para produção 
pecuária, o que impedia, até então, a exploração e, 
por consequência, a utilização das áreas existentes 
por atividades voltadas para produção animal.
Estudo Mostra Viabilidade da Pecuária
Leiteira nos Perímetros Irrigados
Foi diante dessa realidade que a Agência de 
Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará, 
ADECE, encomendou em 2009 um estudo de 
viabilidade econômica da exploração da pecuária de 
Rev. Cient. Prod. Anim., v.15, n.2, p.91-97, 2013
94
Tabela 1 - Dados das áreas dos Perímetros irrigados administrados pelo DNOCS na região Nordeste
DNOCS
Área
irrigável
Área irrigável
implantada
% de área
implantada/área
existente
Área irrigável
a implantar
(ha)(ha)
PERÍMETROS - DNOCS 124.168 72.309 58,2 51.859,12
Piauí 40.298 9.917 24,6 30.381,00
Caldeirão 459 397 86,5 62,00
Fidalgo 470 308 65,5 162,00
Gurguéia 5.929 1.974 33,3 3.955,00
Lagoas do piauí 2.440 557 22,8 1.883,00
Platôs de guadalupe 14.957 3.196 21,4 11.761,00
Tab. de são bernardo-ma 6.140 542 8,8 5.598,00
Tab. Lit. Do piauí 8.183 2.443 29,9 5.740,00
Várzea do flores-ma 1.720 500 29,1 1.220,00
Ceará 52.900 39.720 75,1 13.180,56
Araras-norte 3.243 1.625 50,1 1.618,56
Ayres de souza 1.158 615 53,1 543,00
Baixo-acaraú 12.603 8.335 66,1 4.268,00
Curu-paraipaba 3.357 3.357 100,0 -
Curu-pentecoste 1.180 1.068 90,5 112,00
Ema 42 42 100,0 -
Forquilha 261 218 83,5 43,00
Icó-lima campos 4.263 2.712 63,6 1.551,00
Jaguaribe-apodi 5.658 5.658 100,0 -
Jaguaruana 231 231 100,0 -
Morada nova 4.474 4.474 100,0 -
Quixabinha 293 293 100,0 -
Tabuleiros de russas 15.507 10.766 69,4 4.741,00
Várzea do boi 630 326 51,7 304,00
Pernambuco 9.233 7.128 77,2 2.104,80
Boa vista 131 131 100,0 -
Cachoeira ii 210 210 100,0 -
Custódia 296 296 100,0 -
Moxotó 8.596 6.491 75,5 2.104,80
Bahia 10.776 6.152 57,1 4.623,84
Brumado 5.800 4.313 74,4 1.486,85
Jacurici 478 352 73,6 126,05
Vaza-barris 4.498 1.487 33,1 3.010,94
Rio grande do norte 7.363 6.435 87,4 927,78
Baixo-açu 6.000 5.168 86,1 832,05
Cruzeta 196 138 70,4 58,00
Itans 107 107 100,0 -
Pau dos ferros 657 619 94,3 37,73
Sabugi 403 403 100,0 -
Paraiba 3.598 2.957 82,2 641,14
Engº ARCOVERDE 279 279 100,0 -
São gonçalo 3.046 2.404 78,9 641,14
Sumé 274 274 100,0 -
Fonte: DNOCS, 2013
Perímetro irrigado
Área irrigável
total prevista*
Área irrigável
cocluída*
Área em
produção**
% da área concluída/
produção
Baixo Acaraú 12.603 8.335 4.000 48,0
Tabuleiro de Russas 15.507 10.766 4.600 42,7
Total 28.110 19.101 8.600 45,0
Tabela 2 - Dados de área irrigável, concluída e em produção nos perímetros Irrigados Baixo Acaraú e Tabuleiro 
de Russas, Ceará
Fonte: DNOCS, 2012* / ADECE, 2013**
Rev. Cient. Prod. Anim., v.15, n.2, p.91-97, 2013
95
leite nos perímetros irrigados. O objetivo do trabalho 
foi mostrar que a atividade leiteira explorada de 
forma tecnificada, em sistema intensivo, apresentava 
rentabilidade equivalente a outras culturas de alto 
valor agregado, como a fruticultura. 
Para a realização do estudo foi concebido seis 
propostas de projetos, diferenciadas entre si em 
função do tamanho da área a ser explorada (08, 16, 24, 
50, 105 e 210 hectares), porém baseados no mesmo 
sistema de produção e tecnologias empregadas, o 
que permitiu avaliar coerentemente a viabilidade 
dos empreendimentos quando os resultados foram 
comparados entre si. 
Os dados desse estudo, que foram publicados em 
2010, foram atualizados em 2012, e mostrou mais 
uma vez a sua viabilidade na produção de leite em 
áreas irrigáveis.
Conforme dados da Tabela 3, os projetos estudados 
apresentam produção média entre 64 e 66 litros de leite/
hectare/dia, resultando em uma produção de pouco 
mais de 23.000 litros de leite/ha/ano. Nos seis projetos 
avaliados, apesar de pequenas variações, a lotação de 
pastagens ficou entre 9,15 e 9,6 UA/ha, sendo este um 
grande diferencial no sistema de produção a base de 
pastagem irrigada no Nordeste brasileiro.
Conforme os dados da Tabela 4, em todos os 
tamanhos dos lotes estudados os custos de produção 
foram altamente competitivos, variando entre 0,6775/
litro de leite (lote de 8 hectares) e R$ 0,5500 (lote de 
210 hectares).
Fazendo estimativa de renda líquida da atividade 
leiteira nos seis diferentes empreendimentos, os 
resultados evidenciaram bons resultados encontrados 
em todos os projetos, com margem líquida/ha/
mês variando entre R$ 511,00 e R$ 787,00 (Tabela 
5), sendo estas compatíveis com outras atividades 
desenvolvidos de alto valor agregado, como a 
fruticultura irrigada.
Nos modelos de produção estudados, os resultados 
indicaram a viabilidade econômica de todos os 
Fonte: Reis Filho, J.C.R. Estudo de viabilidade técnica e econômica da atividade leiteira em perímetros 
irrigados - ADECE, 2010. Dados revisados e ajustados - Jul/2012.
Indicador
Tamanho da área explorada (hectares)
8 16 24 50 105 210
Produção de leite/ano (litros) 186.660 387.328 559.980 1.166.625 2.473.245 4.899.825
Participação das despesas do leite no
total despesas (%)
72,1% 73,5% 72,8% 73,8% 73,8% 73,6%
Preço recebido/litro de leite 0,76130,7613 0,7613 0,7613 0,7613 0,7613
Custo total - (CT) 0,6775 0,6109 0,6067 0,5862 0,5664 0,5500
Custo oportunid. capital (6%) 0,0732 0,0694 0,0666 0,0614 0,0590 0,0588
Custo operacional (CO) 0,6043 0,5415 0,5401 0,5248 0,5074 0,4912
Depreciações 0,0532 0,0497 0,0469 0,0408 0,0416 0,0381
Desembolso 0,5511 0,4918 0,4932 0,4840 0,4658 0,4531
Tabela 4 - Custo total e operacional por litro de leite produzido a partir do sexto ano do projeto, expressos em R$
Fonte: Reis Filho, J.C.R. Estudo de viabilidade técnica e econômica da atividade leiteira em perímetros 
irrigados - ADECE, 2010. Dados revisados e ajustados - Jul/2012.
Produto
Tamanho da área explorada (hectares)
8 16 24 50 105 210
Produção propriedade/dia (lts) 512 1.061 1.534 3.196 6.776 13.424
Produção de leite/ha/dia (lts) 64 66 64 64 64 64
Total de vacas no plantel 40 83 120 250 530 1060
Vacas lactação no plantel 30 62 90 188 399 790
Prod. leite vaca/lact/dia (kg) 17,0 17,0 17,0 17,0 17,0 17,0
Prod.total vaca/lactação (kg) 5.185 5.185 5.185 5.185 5.185 5.185
Total de UA 73 149 216 444 933 1.960
Tabela 3 - Índices zootécnicos e reprodutivos do rebanho e de produtividade da atividade
Rev. Cient. Prod. Anim., v.15, n.2, p.91-97, 2013
96
empreendimentos, o que levou o DNOCS em 2010 
a autorizar a implantação de projetos voltados para 
atividades pecuárias nesses perímetros.
Desde a liberação feita pelo DNOCS, vários projetos 
voltados para a produção de leite foram implantados e 
outros estão em implantação, além de empreendimentos 
direcionados à produção de volumosos como feno, 
palma forrageira e silagem de milho. 
É importante salientar que em muitos dos perímetros 
irrigados, principalpmente os mais antigos, já existem 
áreas exploradas com atividades pecuárias, porém 
conduzidos com baixo nível tecnológico, o que não 
condiz com as condições de produção existentes nestes 
projetos. De acordo com o relatório anual do DNOCS, 
em 2012, dos perímetros irrigados administrados por 
este órgão, foram produzidos 13,7 milhões de litros/
ano, explorados em 2.203 hectares. Isso representa 
uma produtividade de apenas 6.243 litros hectare/ano, 
ou seja, muito aquém do potencial de produção. 
Produção Comercial de Forragem
tem Crédito Agrícola Aprovado
Com as secas de 2012 e 2013, ficou mais evidente 
a necessidade de estruturação das propriedades que 
desenvolvem atividades pecuárias, especialmente 
quanto ao suporte forrageiro. A produção emergencial 
de forragem em alguns perímetros irrigados nestes 
dois anos despertou o interesse de empresários em se 
especializarem nesses novo negócio, porém, apesar 
da demanda e do potencial de produção, um entrave 
inibia a expansão rápida das áreas cultivadas para 
produção de forragens: o crédito!
No intuito de quebrar esta barreira, a FAEC/
ADECE/SDA e outros órgãos do estado do Ceará, 
pleitiaram junto ao Banco do Nordeste do Brasil/
BNB, a inclusão na linhas de financiamentos 
FNE Irrigação, a produção de forragem para fins 
comerciais. Por solicitação do BNB, foi realizado 
estudo de viabilidade econômica em cinco diferentes 
culturas: Capim Elefante, Cana de Açúcar, Palma 
Forrageira, Milho e Sorgo. 
O estudo realizado pela Leite & Negócios 
Consultoria em 2013, mostrou viabilidade em todas as 
culturas avaliadas (Tabela 6), resultado que subsidiou 
o BNB a tomar a decisão em financiar a produção de 
forragem para fins comerciais. 
Perspectivas de Uso das Áreas dos Perímetros 
Irrigados no Desenvolvimento da Pecuária 
Nordestina
A disponibilidade de áreas em perímetros irrigados 
já entregues e ainda sem exploração, considerando 
apenas aqueles administrados pelo DNOCS, somam 
mais que 30 mil hectares. Tendo como parâmetro os 
indicadores de produção utilizados no estudo da Leite 
& Negócios Consultoria (Tabela 6), em uma situação 
Indicador
Tamanho da área explorada (hectares)
8 16 24 50 105 210
Renda total (ano) 201.683 409.646 598.671 1.231.395 2.611.629 5.189.885
Desembolso (ano) 142.648 259.132 379.016 765.031 1.561.718 3.018.475
Margem bruta (MB = RT - Des) 59.035 150.515 219.655 466.364 1.049.911 2.171.410
Depreciações (ano) 9.939 19.271 26.311 47.646 103.054 186.875
Margem líquida (ML = MB - Dep) 49.096 131.244 193.344 418.718 946.857 1.984.535
Margem Líquida/mês 4.091 10.937 16.112 34.893 78.904 165.377
Margem Líquida/ha/mês 511 683 671 697 751 787
Fonte: Reis Filho, J.C.R. Estudo de viabilidade técnica e econômica da atividade leiteira em perímetros 
irrigados - ADECE, 2010. Dados revisados e ajustados - Jul/2012.
Tabela 5 - Estimativas de renda líquida anual e mensal da atividade leiteira a partir do sexto ano do projeto, 
expressos em R$/ano e mês, em seis diferentes tamanhos de lotes
Rev. Cient. Prod. Anim., v.15, n.2, p.91-97, 2013
97
Tabela 6 - Indicadores técnicos e econômicos da produção de cana de açúcar, capim elefante, palma forrageira, 
milho e sorgo em áreas irrigadas
Indicadores
Cana de
açúcar
Capim
elefante
Palma
forrageira
Milho Sorgo
Financiamento Total 199.971 199.853 182.017 199.275 191.686
Custeio - 70.687 59.739 114.567 103.278
Investimento 199.971 129.166 122.278 84.708 88.408
Prazo Custeio (em meses) - 12 12 12 12
Prazo para pagamento (em meses) 96 60 72 72 72
Período de carência (Investimento) - meses 24 12 12 12 12
Taxa Interna de Retorno - TIR (%) 14,05% 17,04% 17,43% 17,70% 14,32%
% de utilização mínima capac. pagamento 36,39% 47,18% 50,88% 31,15% 35,08%
% de utilização máxima capac. pagamento 40,59% 51,25% 57,69% 63,28% 62,65%
Período de recuperação do capital - Payback 60 38 42 40 45
Encargos 4,54% 4,54% 4,54% 4,54% 4,54%
Taxa de Atratividade 1,53% 1,53% 1,53% 1,53% 1,53%
DADOS DE PRODUÇÃO
Indicadores
Cana de
açúcar
Capim
elefante
Palma
forrageira
Milho Sorgo
Área de produção 18,0 10,0 4,5 11,5 12,0
Produção por ciclo (ton/ha) 200 200 700 45 45
Ciclos/ ano 1,00 1,00 1,50 3,00 3,00
Produção por ha/ano 200 200 1.050 135 135
Produção total (ton/proriedade/ano) 3.600 2.000 4.725 1.553 1.620
Preço de venda (R$/ton) 55,00 50,00 35,00 120,00 110,00
Receita total (R$/ha) 11.000,00 10.000,00 36.750,00 16.200,00 14.850,00
Fonte: Reis Filho, J.C.R. Leite & Negócios Consultoria, 2013.
hipotética, caso essa área fosse destinada ao cultivo 
de forregeiras, poderia significar uma produção de 6 
milhões de toneladas de cana de açúcar ou 32,5 milhões 
de toneladas de palma forrageira ou 4,05 milhões de 
toneladas de silagem de milho/sorgo. Portanto, essas 
áreas poderiam garantir parte do volumoso necessários 
às explorações pecuárias na região Nordeste, regulando 
a oferta de forragem e diminuindo a vulnerabilidade 
dessas cadeias produtivas.
Diante da instabilidade climática no Nordeste e 
suas incertezas quanto a pluviosidade, a existência 
de áreas irrigáveis disponíveis na região podem, e 
devem, ser utilizadas para a produção forragem ou 
mesmo para a exploração pecuária, especialmente 
a bovinocultura de leite. Para tanto é importante 
internalizar que essas áreas são muito nobres e que 
precisam ser exploradas de forma intensiva e com 
maior eficiência possível. 
Será que isso possível? Só saberemos daqui a alguns 
anos, porém a exemplo do estado da Califórnia/EUA, 
que produz feno em larga escala e o comercializa 
até para o Japão, porque não podemos suprir as 
propriedades nordestinas com forragem produzida 
nas áreas dos perímetros irrigados na própria região?
Literatura Citada
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 
Pesquisa Pecuária Municipal. Produção de leite no 
Brasil, Regiões Geográficas e Estados. Disponível 
em <www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em Jul. 
2013.
Reis Filho, R.J.C. dos. Plano de Desenvolvimento da 
Pecuária Leiteira nas Áreas Irrigáveis do Estado 
do Ceará. ADECE- Fortaleza - CE, 11/2010.
Reis Filho, R.J.C. dos. Estudo de Viabilidade 
Técnico-económica da produção de forragens 
em áreas irrigáveis. LEITE & NEGÓCIOS 
CONSULTORIA, 2013 (dados não publicados). 
Relatório anual de acompanhamento das áreas 
administradas pelo Departamento Nacional de 
Obras Contra as Secas. DNOCS, 2013.

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