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atitude frente a morte

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Prévia do material em texto

, PSICOLOGIA DA CULTURA I 
Atitudes frente à morte: Implicações na fonnação de equipes profissionais 
multidisciplinares· 
WILMA DA COSTA TORRES·· 
WANDA GURGEL GUEDES 
RUTH DA COSTA TORRES 
THEREZINHA H. EBERT 
1. Introdução; 2. Método; 3. Resultados; 4. Discussão; 
5. Conclusões e recomendações. 
O presente artigo focaliza os resultados de uma pesquisa que investiga as atitudes 
escatológicas, psicológicas e sociais frente à morte em estudantes universitários 
das áreas de saúd~, psicologia e teologia, tendo em vista identificar diferenças 
entre as atitudes destes grupos e apontar para possíveis áreas de.conflitos poten-
ciais, quando da formação de equipes multidiscipIinares. A pesquisa é realizada 
em uma amostra de 598 estudantes através do Questionário de Atitudes Frente à 
Morte (QAFM), elaborado' pelos próprios pesquisadores (Torres et alii, 1985). 
Os resultados sugerem um .perfil e uma dinâmica próprios de cada grupo estuda-
do em relação às atitudes frente à morte que são apontados como geradores de 
conflitos, quando da atuação profissional multidisciplinar destes grupos. 
1. Introd ação 
A tensão criada pelus possíveis áreas de conflitos potenciais entre diferentes gru-
pos profissionais, quando da fommção de equipes multidisciplinares, é um dos 
grandes problemas da moderna in~tituição hospitalar. Segundo Thomas (1985), a 
frustração no trabjilho, os problemas e atritos dentro da equipe são causas impor-
tantes para o alto índice de rotatividade entre os profissionais. 
Uma vez que o confronto com a morte é um dos maiores desafios a serem 
enfrentados no contexto institucional hospitalar, pelos membros de equipes multi-
disciplinares, constituindo assim, uma. área de tensão potencial, pesquisas sobre 
atitudes frente à morte se revestem de maior importância. 
Uma revisão da literatura revela que os estudos sobre atitudes frente à morte, 
em diferentes populações, consideram a relevância de algumas variáveis, tais co-
mo religiosidade e crença na vida depois da morte (Feifel, 1959; Shneidman, 
1971; Wass et alii, 1978-79; Jeffers et alü, 1961; Martin e Wrightsman, 1964, 
• Artigo apresentado 11 RedaçAo em 21.7.88, baseado no relaúSrio da pesquisa de sondagem de atitudes frente 
à morte em univeJSitm08 das áreas de sadde, psicologia e teologia. . 
•• PsiccSIogas do programa de Tanatologia do CBPPIISOPIFGV: Endereço da I! autora: Rua Conde de 
Boofim, 8011302 - 20530 - Tijuc:a - Rio de Janeiro - RJ 
Arq. bras. Psic., Rio de Janeiro, 41(1)43-72, 12 trim. fev.1989 
1965; Osarchuck e Tatz, 1973; Templer, 1972; Adlerstein e Alexander, 1959; 
Kierkniesky'eo Groelinger, 1977; Torres et alii, 1983, 1985, 1986: Kovacs, 1985; 
Fulton, 1965; Kalish, 1963; Templer e Dodson, 1970; Berman, 1974; Aday, 
1984-85; Kunzendorf, 1985-86; Pfister, 1948; Rank, 1958-61; Shearer, 1973, e 
outros, sexo (lammarino, 1976; McDonald, 1976; Kovacs, 1985; Tcmpler, 1970; 
Dickstein, 1972; Pollak, 1977; Torres et alii, 1983; Lowry, 1965; Doggery e Ro-
thman, 1965; Lester, 1971, 1972; Florian e Har-Even, 1983-84), estilos defensi-
vos (Byrne, 1961; Tolor e Reznikoff, 1967; Templer, 1971; Rosenheim e Much-
nick, 1984-85; Kane e Hogan, 1985-86; Dickstein, 1972), atitudes sociais (1or-
genson e Neubccker, 1980-81; Carey e Posavac, 1978-79; Shneidman, 1971; Tor-
res et alii, 1983; Kalish, 1963; Faria, 1986; Wass et alii, 1978-79; Burton, 1978; 
Costa, 1977) e outros. 
No que sc refere à variável papel profissional, entretanto, apesar do crescen-
te número de pesquisas sobre o morrer e a terminalidade, pouca atenção ten. sido 
dada às possíveis diferenças de atitudes entre os grupos profissionais ou aos 
possíveis efeitos que estas diferenças possam ter nos programas de atendimento ao 
paciente. 
Em unm rcvisão da literatura, ~eifel (1959) revela que, em relação à rc-
pressão do mcdo da morte, alguns aspectos têm surgido como mais importantes, c, 
entre estcs, mcnciona o papel da proximidade c da distância da morte. Se a per-
manência Junto ao pacicnte com uma doença termina, é freqüentemente vista como 
uma anlCa, .. 1 pcssoal, é possível que, devido a isto, os médicos apresentem uma 
maior repressão de que os demais grupos da área da saúde. White (1977), Rob-
bins, McDonald e Park (1953) e Alvarez (1931) citam exemplos de médicos que 
ignoram sintomas pessoais de doenças graves a fim de evitar a realidade do 
diagnóstico. Para Verwoerdt (1966), a repressão do medo da morte no médico po-
de ser explicada porque uma profissão o coloca do lado da saúde biológica, que se 
opõc à morte e à doença, ocupando assim uma posição única de quem vi ve com o 
dilema de usar suas aptidões para retardar a morte. Já Welsman (1974) considera 
que a própria definição de médico como "aquele que cura" pode ser um meio de 
evitar o reconhecimento pessoal da morte. Feitd, Hanson, Jones e Edwards 
(1967), ao avaliarem a preocupação dos médicos em relação à mortc, encontraram 
que eles como grupo, expressam mais ansiedade consciente de morte do que o 
grupo dos que estão fisicamente doentes. Na interpretação destes resultados, pos-
tulam que o medo da morte acima da média em alguns indivíduos seria uma variá-
vel relevante para a escolha da carreira médica, uma vez que esta opção profissio-
nal ajudaria a controlar as preocupações em relação à morte e refletiria um narci-
sismo profissional relativo ao poder sobre o processo de morrer. Livingston e Zi-
met (1965) encontraram que residentes em cirurgia eram mais autoritários e verba-
lizavam menos ansiedade de morte do que residentes em psiquiatria, que tinham 
mais medo e revelavam uma característica menos autoritária. Para estes- autores, 
esta relação autoritarismo-repressão sugere que tais resultados refletem estilos de-
fensivos. Na pesquisa de Silvia Furtado (1981) o fator proximidade/distância da 
morte não surge como uma variável importante para a repressão do medo da mor-
te, uma vez que diferenças significativas não foram encontradas entre psiquiatras e 
cancerologistas. Entretanto, os médicos,. de modo geral, revelaram uma atitude 
menos favorável do que o grupo de controle, de físicos. 
De modo geral, os estudos apontam para o fato de que médicos, quando 
comparados com enfermeiros, têm atitudes diferentes em relação a pacientes ter-
minais. Assim, embora a morte do paciente seja traumaticamente vivenciada por 
44 A.B.P.1I89 
todos os profissionais, os enlcnnciros expressam maiS diretamcnte seus sentimen-
tos do que os médicos, os yuais tcndcm a intelectualizá-los (Barton, Crowder, 
Flexner, 1979-80; Campbell et alii, 1~83-X4). 
Campbell et alii (I ~83-X4), cm sua pcsyuisa, constataram a existêncIa de 
dois paradigmas atitudinais yuc distmguem os papéis profissionais de médicos c 
enfermeiros. As respostas Jus médicos ccntralizaram-se em tomo da no<;ão de' 
"alguém que é responsável"' c as dos enfermeiros em tomo da no<;ão de "alguém 
yue cuida". Uma vez que a responsabilidade com o paciente implica também em 
responsabilidade potencial pela sua morte, esta no<;ão de responsabilidade deve 
evocar sentimentos de culpa, o que resulta em um aumento da ansiedade no médi-
co em relação à morte. A ênfase exccssiva na competência técnica e na tomada de 
decisões objetivas seria talvez uma forma de lidar com esta ansiedade. É possível, 
pois, que seja este estilo defensivo, com sua ênfase na cura, que negue o compo-
nente "cuidar" do papel do médico e explique a menor capacidade do mesmo para 
atender às necessidades emocionais do paciente. Na medida em que o enfermeiro 
tem menor responsabilidade na tomada de dccisões, a morte do paciente não se 
traduz em uma amea<;a adicional ao ego e ele pode lidar melhor com a ansiedade. 
Kovacs (1985), ao estudar o medo da morte em estudantes, verificou yue os 
estudantes de psicologia revelaram um índice de medo da morte - quer medido 
globalmente, quer medido unidimensionalmente - significativamentemaior do que 
os de medicina e enfermagem, embora estes tenham um índice maior do que ayue-
leso Tais resultados podem refletir a importância do fator distância/proximidade, 
mas, segundo a autora, também podem ser explicados em função de terem os 
psic610gos condições mais favoráveis para expressar seu medo em função do pró-
prio curso. 
Em suma, todas essas variáveis inter1Crem nas atitudes frente à morte e de-
vem ser consideradas como tendo implica<;ões para a compreensão da tensão 
freyüentemente observada entre os diferentes profissionais de equipes multidisci-
phnares. 
A presente pesyuisa investiga as atltudcs escatológicas, psicológIcas e so-
ciais de universitários das áreas de saúde, psicologia e tcologia, tcndo em vista 
identificar diferenças entre as atitudes destes grupos c apontar para possíveis áreas 
de contlitos potenciais quando da formação dc eyuipcs multidIsciplinares. 
2. Método 
2./ Amostra 
Foi composta de 598 estudantes universitários de Campinas (Unicamp e PUCC) 
dos grupos de saúde - biologia (36); medicina (170), enfermagem (119); terapia 
ocupacional-fisioterapia-nutrição (122); psicologia (94); teologia (67). Dos 598 
sujeitos, 189 eram do sexo masculino e 409 do feminino. A idade média era de 21 
anos e nove meses (tabela 1). 
2.2 Instrumento 
A investigação foi feita através do questinário de atitudes frente à morte - QA~M 
(Torres et alii, 1985, 1987) que em sua forma atual consta de 45 itens assim distri-
buídos: três para a área escatológica, destinados a avaliar atitudes em relação à 
Atitlules frente à mone 45 
..... 
~ 
;J:. 
b:, 
~ 
...... 
õc 
'C 
Dados pessoais 
Masculino 
Feminino 
Total 
Solteiro 
Casado 
Separado! 
viúvo 
Total 
Biologia 
N~ ('i; ) 
14 38,9 
22 61,1 
36 100,0 
36 100,0 
36 100,0 
Tabela 1 
Fn:4üência das r<:spostas relativas 
aos dados pessoais 
para os dikr<:nt<:s grupos d<: formw,;ão universitária 
l\kdicina 
N~ (',; ) 
94 55,3 
76 44,7 
170 100,0 
163 95,9 
7 4,1 
170 100,0 
( irupos 
Saúd<: 
Lnl <:rmagcm 
N" , - (,/, ) 
Ó 5 
113 95 
119 100,0 
115 96,6 
4 3,4 
119 100,0 
T aapia ocupo 
Fisiot. 
Nutrição 
N~ ('/c ) 
7 5,7 
115 94 
122 100,0 
115 94,3 
7 5,7 
122 100,0 
Psicologia Teologia 
N~ ('7c ) N!? (%) 
12 12,8 56 98,2 
82 87,2 1 1,8 
94 100,0 57 100,0 
86 91,5 56 98,2 
7 7,5 1,8 
I 1.0 
94 100,0 57 100,0 
sobrevivência depois da morte; 32 para a área psicológica, sendo 11 destinados a 
avaliar mecanismos de defesa - sublimação, negação, depressão paralisante, de-
pressão culposa, racionalização - e atitude de aceitação frente à morte, 16 desti-
nados a avaliar as atitudes frente aos aspectos inquietadores da morte e do morrer 
- dependência no processo de morrer, isolamento na morte, sofrimento e pânICO 
no processo de morrer, indignidade no processo de morrer, desconhecimento so-
bre o além da morte, deterioração física depois da morte, deixar projetos inacaba-
dos, sofnmento das pessoas amadas, perda de identidade pela morte, ruptura de 
comunicação pela morte - e cinco destinados a avaliar os tipos de decisão frente à 
mformação do diagnóstico de uma doença tenninal; 10 itens para a área social, 
sendo três destinados a avaliar a atitude frente à eutanásia - ativa e passiva, três 
relatIvos ao culto dos mortos e quatro, ao destino a ser dado ao corpo dos rPOrtos. 
2.3 Procedimentos 
As freqüências das respostas dos 598 sujeitos aos 45 itens do QAFM foram calcu-
ladas para cada grupo de formação universitária, a fim de avalÍar as atitudes esca-
tológicas, psicológicas e sociais de cada um dos grupos de saúde, de psicologia e 
de teologia. As respostas foram ainda agrupadas por sexo e posição escatológica, 
a fim de contr9lar, até certo ponto, a possível interferência destas variáveIS nos re-
sultados dôs~ âiferentes grupos universitários. Para a verificação da diferença entre 
percentagens, utilizou-se a fónnula de Guilford para proporções independentes, 
estabelecendo-se o nfvel de significância em 0,05. 
3. Resultados 
3.1 Freqüência das respostas das áreas escatológica, psicológica e social nos 
grupos de formação universitária 
J. I. I Área escatológica 
Conforme os resultados da tabela 2, a resposta de crença na sobrevivência predo-
minou para todos os grupos, sendo o percentual do grupo de teologia significati-
vamente mais alto do que todos os demais (para os grupos de biologia, enferma-
gem e psicologia p < 0,01; para medicina p < 0,05), à exceção do grupo de tera-
pia ocupacional-fisioterapia-nutrição. Observa-se, ainda, uma tendência para a 
posição agnóstica nos grupos de biologia c psiCOlogia significativamente maior do 
que nos demais grupos (para teologia p < O, I; para os demais grupos p < 0,05), à 
exceção do grupo de terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição. Verifica-se 
também uma tendência para a atitude de crença na não-sobreVIvência no grupo de 
enfermagem significatIvamente maior do que nos demaIS grupos (para biologia e 
teologlap <0,05; para os demais gruposp < 0,01). 
3.1.2 Área psicológica 
Com relação aos mecanismos de defesa e atitude de aceitação à morte (tabela 3), 
os dados revelaram a predominância em todos os grupos da atitude de aceitação e 
da utilização da sublimação sobre os demais mecanismos. O grupo de teologia re-
velou o percentual mais alto nas respostas de aceitação da morte, significativa-
mente maior do 4ue todos os demais grupos (para psicologia p < 0,05; para os 
A (itudes frente à morte 47 
Tabela 2 
Freqüência das respostas da área escatol6gica para os grupos de 
formação universitária 
Categorias de respostas 
Grupos 
Agn6stico Total Sobrevivência Não-sobrevivência 
Saúde: 
Biologia 22 2 10 34 
64,71 5,88 29,41· 6,34 
Medicina 124 21 24 169 
73,37 12,43 14,20 31,52 
Enfermagem 71 29 14 114 
62,28 25,44 12,28 21,27 
Tcrayia ocupa-
cional, fIsiotera-
pia e nutrição 82 3 20 105 
78,10 2,86 19,05 19,59 
Psicologia 56 9 22 105 
64,37 10,34 :25,29 16,23 
Teologia 26 1 0,00 27 
96,30 3,70 0,00 5,04 
Total 381 65 90 536 
71,08 12,13 16,74 100,00 
demais grupos p < 0,01), não havendo entre estes diferenças significativas. Os 
grupos de terapia ocupacional - fsioterapia - nutrição e enfermagem apresentaram 
os percentuais mais altos nas r ... spostas de sublimação, sendo o percentual daque-
les significativamente mais alto do que o dos grupos de psicologia (p < 0,01) e o 
.percentual de eilfermagem significativamente mais alto do que o do grupo de me-
dicina (p < 0,05). 
Como segundo mecanismo mais utilizado por todos os grupos de formação 
universitária, surgiu a depressão cuiposa, sendo os percentuais mais altos os dos 
grupos de teologia, terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição e enfermagem. En-
tretanto, 0& grupos de terapia ocupacional - fisioterapia - nutrição e enfermagem 
foram os únicos que apn .. sentaram um percenlual significativanlente maior quando 
comp:!fados com psicologia (p < 0,05). 
Entre os 111ecanlsmos menos utilizados e~tão a depressão parahsante, a racio-
nalização e a negação, sendo que o grupo de teologia apresentou nos mecimismos 
de negação um percentual significativamente mais baixo do que os demais grupo" 
(para medicina p < 0,01; para os demais grupos p < 0,05). Já o grupo óe medici-
na mostrou um percentual significativamente mais baixo do que teologia 
(p < 0,01), psicologia e enfermagem (p < 0,05), no mecanismo de racionalização, 
e o grupo de enfermagem, um percentual significativamente mais alto do que os 
48 A.B.P.l!89 
~ Tabela 3 
~ Freqüência das re~postas dos grupos de formaçiio universitária .., aos itens relativos aos mecanismos de defesa e atitude 
~ de aceitação frente a morte* ;:s 
~ Grupos ~ 
~ 
~ Saúde Psicologia Teologia Total . 
Biologia Medicina Enfermagem Terapia ocupacional 
Fisioterapia 
NutriçãoCategorias de respostas Sim Sim 3im Sim Sim Sim Sim 
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) 
Negação 13 63 41 41 31 8 197 
18,31 18,92 17,:m 17,23 16,94 7,24 7,31 
Racionalização 10 29 37 30 26 25 157 
14,08 8,61 15,68 13,10 14,05 22,73 5,82 
Depressão 
eParalisante 5 23 31 18 1l 1l 99 
6,94 6,99 13,42 7,44 6,08 10,19 3,67 
e Culposa*.!< 17 108 79 80 48 38 370 
50,00 63,33 66,95 66,12 52,17 67,87 13,72 
Sublimação 57 263 202 212 142 92 968 
82,61 78,51 85,23 87,87 7R,45 82,88 35,91 
Aceitação 49 251 180 184 144 97 905 
69,01 74,93 76,27 76,35 78,69 88,18 33,57 
Total 151 737 570 565 402 271 2686 
5,60 27,33 21,14 20,95 14,91 10,05 100,00 
* As percentagens foram calculadas considerando-se em cada grupo o mimero de respostas SIM· NÃO para o conjunto de itens de cada categoria isoladameh· 
te. Na elaboração da tabela estão apontadas apenas as freqüências das respostas Sim. 
"" 
** Categorias avaiiadas por um I1nico item. 
\O 
grupos de medicina (p < 0,01), terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição e psico-
logia (p < 0,05), no mecanismo de depressão paralisante. 
Em relação aos aspectos inquietadores da morte e do mOff(.:r (tabela 4), não 
se observou uma predominância, em todos os grupos, dos mesmos aspectos. Entre-
tanto, de modo geral, "indignidade no processo de morrer" surgiu para a maioria 
dos grupos como o aspecto mais inquietador, seguindo-se, embora que a mesma 
seqüência não seja observada para os d;ferentes grupos, de sofrimento e pânico no 
processo de morrer", "ruptura de comunicação pela morte", "dependência no 
processo de morrer" e "sofrimento das pessoas amadas". 
"Indignidade no processo de morrer" foi o aspecto mais inquietador para os 
grupos de psicologia, biologia, enfermagem e teologia, não havendo diferenças 
significativas entre eles, à exceção de teologia, que apresentou o percentual mais 
baixo e significativamente diferente dos grupos de biologia e psicologia 
(p < 0,05). Em sofrimento e pânico no processo de morrer, os mais altos índices 
percentuais foram encontrados nos grupos de psicologia, enfermagem, cujos índi-
ces percentuais são significativamente mais elevados que teologia (respectivamen-
te p < 0,01 e p < 0,05), e no grupo de terapia ocupacional-fisioterapia-nu-
trição, cujo índice percentual foi significativamente mais alto do que medicina 
(p < 0,01). O grupo de teologia foi aquele que apresentou o percentual mais baixo 
e significati vamente diferente dos demais grupos, à exceção dos grupos de biolo-
gia e medicina. Em relação à "ruptura de comunicação pela morte", também não 
foram encontradas diferenças significativas entre os grupos, à exceção de teologia 
que apresentou índice percentual mais baixo e significativamente diferente dos 
grupos de medicina, enfermagem, terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição e 
psicologia (p < 0,01). Ainda em relação à dependência no processo de morrer não 
houve diferenças significativas entre os grupos, à exceção, mais uma vez de teo-
logia, cujo índice percentual foi significativamente mais baixo do que todos os 
demais grupos (para medicina, biologia e terapia ocupacional - fisioterapia - nu-
trição -, p < 0,01; para enfermagem e psicologia p < 0,05). Em relação ao sofri-
mento das pessoas amadas, os grupos de biologia, terapia ocupacional-fisiotera-
pia-nutrição apresentaram os mais altos índices percentuais, sendo que, para este 
t1ltimo, foi o aspecto mais inquietador, diferindo seu índice percentual significati-
vamente dos grupos de medicina, psicologia e teologia (p < 0,01). O grupo de bio-
logia diferiu significativamente de psicologia (p < 0,05) e teologia (p < 0,01). O 
grupo de teologia foi aquele que apresentou o percentual mais baixo de todos os 
demais, à exceção de psicologia (p < 0,05 para os grupos de medicina e enferma-
gem; p < 0,01 para os grupos de biolegia e te °apia ocupacional - fisioterapia - nu-
trição). 
Chama atenção nos resultados o fato de o grupo de medicina, diferentemente 
dos demais, ter apresentado como aspecto mais inquietador da morte e do morrer 
"deixar projetos inacabados", com um índice percentual mais alto e significativa-
mente diferente dos grupos de biologia e enfermagem (p < 0,05) e teologia 
(p < 0,01). Aliás, teologia, também neste aspecto, apresentou o percentual mais 
baixo e significativamente diferente de todos os demais grupos (p < 0,01), à <.x-
ceção de biologia. 
Finalmente, chamou a atenção ainda o alto grau de consistência encontrada 
entre os grupos, no que concerne aos aspectos que surgiram como menos inquie-
tadores. Desta forma, "isolamento na morte", deterioração física depois da mor-
te", "desconhecimento sobre o além da morte" e "perda de identidade pela mor-
te" apresentaram os índices percentuais mais baixos em todos os grupos. 
50 A.B.P.1/89 
~ 
S· Tabela 4 
~ Freqiiéncia das respostas dos grupos de fOffi13ção universitária aos itens relativos aos aspectos inquietadores da morte e do morrer. o 
1 Grupos 
::: Sa6de Psicologia Teologia Total ~ 
l::), Biologia Medicina Enfermagem Terapia Ocupacional ~ Fisioterapia 
~ Nutrição 
Categorias de respostas Sim Sim SinJ Sim SinJ SinJ SinJ 
(%) (%) (%). (%) (%) (%) (%) 
PIM 15 79 44 60 41 29 268 
21,13 23,30 19,05 24,79 22,40 25,66 5,10 
DAM 34 146 95 117 85 24 501 
47,89 43,07 41,48 47,95 45,21 21,05 9,54 
SPA 61 255 181 205 136 73 911 
84,72 75,00 77,35 84,36 72,34 64,04 17,34 
IPMo, 32 129 94 94 80 39 468 
88,72 75,1l11 111,74 77,05 85,11 68,42 8,91 
DFM 16 45 55 71 46 18 251 
22,22 13,24 23,91 29,22 24,47 15,79 4,78 
SPPM" 27 125 91 101 78 34 456 
77,14 73,53 79,13 83,47 83,1l7 61,82 8,68 
DPI" 22 138 79 92 68 25 424 
61,11 81,18 68,70 75,41 72,34 43,86 8,07 
IPM 58 259 17i IIlI 138 69 876 
80,56 76,85 73,71 74,18 74,59 60,53 16,68 
RCM" 26 130 92 100 73 33 454 
74,29 76,47 79,31 81,97 78,49 57,89 8,64 
IM 24 169 141 159 105 46 644 
33,80 50,00 61,30 65,43 56,15 40,71 12,26 
Total 315 1475 1043 1180 850 390 5253 
6,00 28,07 19,85 22,46 16,18 7,42 100,00 
• As percentagens foram calculadas consideranllo .. sd em cada grupo o nlimero de rcs['Ostas Sim e Não, para o conjunto de itens de cada categoria isoladamente. 
N. elahoração da tabela esrão apontadas apenas as freqüências das respostas Sim • 
•• Categorias avaliadas por um dnico item. 
Ohs.: PIM perda t.Jc idcntidallc pela morte. DAM dc~onhcÇimcntu suhrc o além da morte; SPA ,- sofrimento da.\ pcs.'Was 3matJa.o;;. IPM -- indignidade no 
VI prOf.:csso de morrer; DFM = dctcrior.JI..:ão fl:oo;ca depois t.b Ii~"rt'!: SPP~1 ..:.; sofri·"tento c pânico no pr'X:csso de morrer. DPI = deixar projetos inacabados; 
'- OI'M dcpcndênci:'1 no pnx..es.\o de morrer; HeM = ruptura da comunicação pcl<.lIl,,)Il ..... 1~1 i:;,,!am-:-nto na morte. 
No que se refere ao isolamento na morte, biologia, teologia e medicina tive-
ram os percentuais mais baixos, sendo o índice de biologia significativamente di-
ferente de todos os demais grupos (p < 0,01), à exceção de teologia; o índice per-
centual de teologia foi significativamente mais baixo do que os de enfermagem, 
terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição e psicologia (p < 0,01), e o índice de 
medicina, significativamente mais baixo do que enfermagem e terapia ocupacio-
nal-fisioterapia-nutriçã0:.{p < 0,01). 
No que se refere à "deterioração física depois da morte", não houve diferen-
ças significativas entre os grupos, à exceção de medicina, com índice percentual 
significativamente .. mais baixo do que enfermagem, terapia ocupacional-fisiotera-
pia-nutrição e psicologia (p < 0,01), e teologia, com índice percentual significati-
vamente mais baixo do que terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição (p < 0,01). 
Em relação ao desconhecimento sobre o além da morte, não foram encontra-
das diferenças significativas entre os grupos, à exceção de teologia, que apresen-
tou o índice percentual mais baixo e significativamente diferente dos demaisgru-
pos (p < 0,01). 
Finalmente, no que conceme à perda de identidade pela morte - aspecto me-
nos inquietador para a maioria dos grupos -, não foram encontradas diferenças 
significativas entre os grupos. 
No que se refere ao "desejo ou não de ser infonnado do diagnóstico de uma 
doença terminal" (tabela 5), predominou sobre todas as demais categorias de res-
postas em todos os grupos de formação universitária o desejo de ser informado pe-
lo médico, sendo que os grupos de psicologia e terapia ocupacional-fisioterapia-
nutrição apresentaram nesta categoria os índices percentuais mais baixos e signifi-
cativamente diferentes dos grupos de biologia e enfermagem (p < 0,05). Na cate-
goria "ser infonnado pela famOia", não foram observadas diferenças significativas 
entre os grupos, à exceção do de teologia, que apresentou o percentual mais baixo 
e significativamente diferente do grupo de terapia ocupacional-fisioterapia-nu-
trição (p < 0,01). Também não foram encontradas diferenças significativas entre 
os grupos, na categoria "não ser infonnado e sim famOia", à exceção do grupo de 
psicologia, que apresentou o índice percentual mais alto e significativamente dife-
rente do de teologia (p < 0,05). 
3.1.3 Área social 
Em relação à atitude frente à eutanásia, avaliada através dos itens relativos aos 
procedimentos a serem adotados para com o doente terminal (tabela 6), todos os 
grupos de formação universitária optaram predominantemente pelo não-uso de 
aparelhagem para manter artificialmente a vida - eutanásia passiva - à exceção do 
grupo de biologia, que é, nesta categoria de resposta, o que apresentou o percen-
tual mais baixo e significativamente diferente dos grupos de psicologia, medicina 
e enfermagem (p < 0,05). O de biologia, entretanto, foi aquele que apresentou o 
maior índice percentual na categoria que se refere ao amparo legal para extinguir a 
vida - eutanásia ativa -, significativamente diferente de todos os grupos 
(p < 0,01). 
O grupo de teologia apresentou o maior índice percentual no item que se refere a 
realizar todos os esforços para manter vivo o paciente terminal, significativamente 
diferente de todos os grupos (p < 0,05), à exceção do de terapia ocupacional-fi-
sioterapia-nutrição. 
52 A.BP.1I89 
;r. 
f ~ 
l Tabela 5 ~ 
1:1- Freqüência das respostas dos grupos de follll8Çio universitária 
I aos itens relativos aos tipos de decisão no diagn6stico de doença terminal Categorias de respostas 
Pelo médico Pela famflia Pelo sacerdote ~io informado! Todos Total 
Grupos SimfamOia ocultarem 
Saáde: 
Biologia 32 1 O 2 1 36 
88,89 2,78 0,00 5,56 2,78 6,12 
Medicina 124 14 1 11 19 169 
73,37 8,28 0,59 6,51 11,24 28,74 
Enfermagem 95 5 3 5 7 115 
82,61 4,35 2,61 4,35 6,09 19,55 
Terapia ocupacional, 
fJSioterapia, nutrição 85 16 1 9 ~ 120 
70,83 13,33 0,83 7,50 7,50 20,41 
Psicologia 63 7 O 10 12 92 
68,48 7,61 0,00 10,87 13,04 15,65 
Teologia 46 1 5 1 3 56 
82,14 1,79 8,93 1,79 5,36 9,52 
Total 445 44 10 38 51 588 
75,68 7,48 1,70 6,46 8,67 100,0 
~ 
Tabela 6 
Freqüência das respostas dos grupos de formação universitúia aos itens relativos 
aos procedimentos adotados com o doente terminal 
Categorias de respostas 
Grupos Todos os esforços Não manter vivo 
Amparo legal 
para extinguir Total para manter vivo com aparelhagem a vida 
Saóde: 
Biologia 8 13 15 36 
22,22 36,11 41,67 6,18 
Medicina 45 91 29 165 
27,27 55,15 17,58 28,35 
Enfermagem 31 64 19 114 
27,19 56,14 16,67 19,58 
Terapia ocupacional, 
fJSioterapia, nutrição 37 63 21 121 
30,58 52,07 17,36 20,79 
Psicologia 22 53 15 90 
24,44 58,89 16,67 15,46 
Teologia 25 26 5 56 
44,64 46,43 8,93 9,62 
To~ 168 310 104 582 
28,87 53,26 17,87 100,00 
Em relação ao culto dos mortos (tabela 7), todos os grupos de formação uni-
versitária optaram predominantemente por culto sem cerimônia, à exceção do de 
teologia, cujo índice percentual, nesta categoria, foi significativamente mais baixo 
do que todos os outros grupos (para psicologia p < 0,05; para os demais grupos 
p 0,01); e que optou preferencialmente por culto com cerimônia, apresentando 
perct:ntual significativamente maior do que todos os demais grupos (p < 0,01). 
Tabela 7 
Freqüência das respostas dos grupos de formação universitúia aos itens relativos ao culto dos 
mortos 
Categorias de respostas 
Grupos Não-culto Culto sem Culto com Total 
Cerimônia Cerimônia 
Saáde: 
Biologia 11 17 4 32 
34,38 53,13 12,50 5,85 
Medicina 44 74 45 163 
26,99 45,40 27,61 29,80 
Enfermagem 31 50 30 111 
27,93 45,05 27,03 20,29 
Terapia ocupacional, 
fJSioterapia, nutrição 27 55 28 110 
24,55 50,00 25,45 20,10 
Psicologia 29 31 20 80 
36,25 38,75 25,00 14,63 
Teologia 14 10 27 51 
27,45 19,61 52,94 9,32 
Total 156 237 154 547 
28,50 43,30 28,20 100,00 
54 A.B.P.l!89 
No que se refere ao destino do corpo do mono (tabela 8), todos os grupos de 
formação universitária optaram predominantemente pela cremação, à exceção de 
teologia. Os grupos de enfermagem, terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição e 
psicologia apresentaram índices percentuais significativamente mais altos do que 
medicina e teologia (p < 0,01). O grupo de teologia optou, predominantemente, 
por enterrar o corpo, apresentando índice percentual significativamente maior nes-
ta categoria do que todos os demais grupos (para os grupos de enfennagem, tera-
pia ocupacional-mioterapia-nutrição, p < 0,05; e para os grupos de biologia, me-
dicina e psicologia, p < 0,01). 
Tabela 8 
Freq080cia das respostas dos grupos de formação universitúia aos itens 
n:lativos ao destino do corpo dos mortos 
Categorias de respostas 
Grupos Enterrar Doar Cremar Indiferente Total 
Sadde: 
Biologia 7 7 12 8 34 
20,59 20,59 35,29 23,53 6,24 
Medicina 42 32 47 38 159 
26,42 20,13 29,56 23,90 29,17 
Enfermagem 31 11 54 11 107 
28/J7 10,28 50,47 10,28 19,63 
Terapia ocupacional, 
fisioterapia, nutrição 32 14 58 7 111 
28,83 12,61 52,25 6,31 20,36 
Psicologia 18 17 43 6 84 
21,43 20,24 51,19 7,14 15,41 
Teologia 24 8 10 8 50 
48,00 16,00 20,00 16,00 9,17 
Total 154 89 224 78 545 
28,26 16,33 ·41,10 14,31 100,00 
3.2 Freqülncia das respostas das dreas escato16gica, psicol6gica e social para 
os dois sexos 
Como se observa, pelos dados da tabela 9, houve uma predominância da resposta 
de crença na sobrevivência em ambos os sexos, não sendo encontradas diferenças 
significativas entre o grupo feminino e masculino em relação à posição escatológi-
ca. 
Atitudes frente d morte 55 
Tabela 9 
Freqüência das respostas da área escatol6gica nos dois sexos 
Categorias de respostas 
Grupos Sobrevivência Não-sobrevivência Agn6stico Total 
Masculino 117 20 19 156 
75,00 12,82 12,18 29,10 
Feminino 264 45 71 380 
69,47 11,84 18,68 70,90 
381 65 90 536 
71,08 12,13 16,79 100,00 
3.2.1 Área psicol6gica 
A sondagem dos mecanismos de defesa e da atitude de aceitação frente à morte 
(tabela 10) revelou a predominância em ambos os sexos da utilização do meca-
nismo de sublimação e da atitude de aceitação frente à morte, sendo aquela signi-
ficativamente maior no grupo feminino do que no masculino (p < 0,05). Obser-
vou-se ainda no grupo masculino uma tendência para a utilização do mecanismo de 
raciOIJalização, significativamente maior do que no feminino (p < 0,01). 
A investigação dos aspectos inquietadores da morte e do morrer (tabela 11) 
revelou que - à exceção dos aspectos "indignidade no processo de morrer" e 
Tabela 10 
Freqüência das respostas dos dois sexos aos itens relativos aos mecanismos de defesa 
e atitude de aceitação frente à morte* 
Grupos 
Masculinos Feminino Total Categorias de respostas Sim Sim 
(%) (%) 
Negação 58 139 197 
15,89 17,27 7,31 
Racionalização 67 90 157 
18,16 11,26 5,82 
Depressão 
Paralisante 27 72 99 
7,40 9,02 3,67Culposa** 108 262 370 
57,75 64,85 13,72 
Sublimação 289 679 968 
78,11 84,45 35,91 
Aceitação 290 615 905 
79,23 75,93 33,57 
Total 839 1.857 2.696 
31,12 68,88 100,00 
* As percentagens foram calculadas, considerando-se em cada grupo o nWnero total das respostas Sim e 
Não, para o conjunto de itens de cada categoria isoladamente. Na elaboração da tabela estio apontadas ape-
nas as freqüências das respostas Sim. 
** Categorias avaliadas por um Wrlco item. 
56 A.B.P.1I89 
t 
Tabe1all 
Freqüência das respostas aos itens relativos aos aspectos inquietadores da morte e do morrer* 
Grupos 
i Categorias de respostas Masculino Feminino Total 
~ Sim Sim 
I (%) (%) 
PIM 88 ISO 268 
23,53 22,36 5,04 
DAM 127 374 501 
33,78 46,23 9,43 
SPA 265 646 911 
70,11 79,46 17,15 
IPM** 143 325 468 
75,66 80,25 8,81 
DFM 46 205 251 
12,17 25,34 4,72 
SPPM** 127 329 456 
68,28 81,64 8,58 
DPI** 121 303 424 
64,02 74,81 7,98 
DPM 253 623 876 
67,47 77,01 16,49 
ReM** 187 327 514 
67,91 80,54 9.67 
IM ISO 494 644 
40,21 61,06 12,12 
Total 1.507 3.806 5.313 
28,36 71.64 100,00 
v. • As percentagens foram calculadas co .. iderando-se em cada grupo o mimem total de respostas Sim e Não. para o conjunto de itens de cada categoria isolada-
"I mente. Na elaboração da tabela estio apontadas apenas as freqüências das respostas Sim . 
•• Categorias avaliadas por um dnico item. 
Tabela 12 
Freqüência das respostas aos itens relativos aos tipos de decisão no diagnóstico de doença 
terminal 
Categorias de respostas 
Grupos Pelo Pela Pelo Não informadol Todos Total 
Médico famffia sacerdote Simfamffia ocultaram 
Masculino 153 9 6 7 12 187 
81,82 4,81 3,21 3,74 6,42 31,80 
Feminino 292 35 4 31 39 401 
72,82 8,73 1,00 7,73 9,73 68,20 
Total 445 44 10 38 51 588 
75,68 7,48 1,70 6,46 8,67 100,00 
"perda de identidade pela morte" nos quais não foram encontradas diferenças sig-
nificati vas entre os sexos -, o grupo feminino apresentou índices percentuais sig-
nificativamente maiores do que o masculino em todos os demais aspectos (para o 
aspecto "deixar projetos inacabados", p < 0,05; para todos os outros aspectos 
p < 0,01). 
No que se refere ao desejo de ser ou não informado do diagnóstico de uma 
doença terminal (tabela 12) predominou, para ambos os sexos, sobre as demais ca-
tegorias de respostas, o desejo de ser informado pelo médico, sendo que o índice 
percentual do grupo masculino foi significativamente mais alto do que o do femi-
nino (p < 0,05). Não foram encontradas diferenças significativas entre os sexos 
nas demais categorias de resposta. 
3.2.2 Área social 
No que se refere à atitude frente à eutanásia, avaliada através dos itens relativos 
aos procedimentos a serem adotados para com o doente terminal (tabela 13), pre-
dominou, em ambos os sexos, a opção pelo não-uso de aparelhagem para manter 
artificialmente a vida - eutanásia passiva -, sendo o índice percentua,l do grupo 
feminino significativamente mais alto do que o do masculino (p < 0,05). O grupo 
masculino apresentou um índice percentual mais alto e significativamente diferen-
te do feminino (p < 0,05), no item que se refere a realizar todos os esforços e usar 
todos os recursos para manter vivo o paciente terminal- atitude contra a eutanásia 
quer passiva, quer ativa. Não houve diferença significativa entre os dois sexos no 
item que se refere ao amparo legal para extinguir a vida - eutanásia ativa -, que 
atingiu em ambos os sexos os mais baixos índices percentuais. 
Em relação ao culto dos mortos (tabela 14), ambos os sexos optaram prefe-
rencialmente por culto sem cerimônia, não havendo diferença significativa entre 
os dois grupos nesta categoria de resposta e nem nas demais. 
No que se refere ao destino do corpo dos mortos (tabela 14), o grupo femi-
nino optou predominantemente pela cremação, apresentando um índice percentual 
mais alto nesta categoria de resposta e significativamente diferente do grupo mas-
58 A.B.P.lI89 
Tahela 13 
Freqüência das respo' tas aos itens relativos aos 
procedimentos adotaoos com o doente terminal 
Categorias de respostas 
Grupos Todos os esforços Não manter vivo Amparo legal para Total para manter vivo com aparelhagem extinguir vida 
Masculino 66 85 34 185 
35,68 45,95 18,38 31,79 
Feminino 102 225 70 397 
25,69 56,68 17,63 68,21 
Total 168 310 104 582 
28,87 53,26 17,87 100,00 
Tabela 14 
Freqüência das respostas aos itens relativos ao cuIto dos mortos 
Categorias de respostas 
Grupos Não culto Culto sem Culto com Total 
cerimônia cerimônia 
Masculino 53 66 59 178 
29,78 37,08 33,15 32,54 
Feminino 103 171 95 369 
27,91 46,34 25,75 67,46 
Total 156 237 154 547 
28,52 43,33 28,15 100,00 
Tabela 15 
Freqüência das respostas aos itens relativos ao destino do corpo dos mortos 
Categorias de respostas 
Grupos Enterrar Doar Cremar Indiferente Total 
Masculino 59 34 42 37 172 
34,30 19,77 24,42 21,51 31,56 
Feminino 95 55 182 41 373 
25,47 14,75 48,79 10,99 68,44 
Total 154 89 224 78 545 
28,26 16,33 41,10 14,31 100,00 
Atitudes frente à morte 59 
culino (p < 0,01), cujo perceptual na categoria "enterrar" foi maior e significati-
vamente diferente do grupo feminino (p < 0,05). O grupo masculino ap;:esentou 
também um percentual maior e significativamente diferente do feminino (p <.0,01) 
no item que avalia a atitude de indiferença em relação ao destino do corpo dos 
mortos. Quanto à opção relativa à doação do corpo dos mortos, não houve dife-
rença significativa entre os dois grupos. 
3.3 Freqülncia das respostas das dreas psico16gica e social nos diferentes grupos 
de posição escato16gica 
3.3.1 Área psicológica 
No que se refere à sondagem dos mecanismos de defesa e da atitude de aceitação 
frente à morte (tabela 16), os dados revelaram a predominância, em todos os três 
grupos, da utilização do mecanismo de sublimação, da atitude de aceitação frente 
à morte e da depressão culposa. No que se refere ao mecanismo de sublimação, o 
grupo de crença na sobrevivência apresentou o mais alto índice percentual, signi-
ficativamente diferente do de crença na não-sobrevivência (p < 0,01). Também no 
que se refere à atitude de aceitação, o grupo de crença na sobrevivência apresen-
tou índice percentual mais alto e significativamente diferente do de crença na 
Tabela 16 
Freqüência das respostas dos diferentes grupos de posição escatológica aos itens relativos 
aos mecanismos de defesa e atitude de aceitação frente à morte* 
Grupos 
Sobrevivência Nil> -!OOrevivênda Agnóstico Total 
Sim Sim Sim 
Categorias de respostas (%) (%) (%) 
Negação 121 26 31 178 
16,13 20,16 17,82 7,43 
Racionalização 99 15 13 127 
13,29 11,72 7,47 5,30 
Depressão 
Paralisante 49 18 15 82 
6,59 14,6 8,77 3,42 
Culposa** 251 36 44 331 
66,23 56,25 50,00 13,81 
Sublimação 643 94 132 869 
84,83 73,44 79,04 36,27 
Aceitação 594 90 125 809 
78,88 69,77 71,02 33,76 
Total 1.757 279 360 2.396 
73,33 11,64 15,03 100,00 
* As perce!1tagens ~oram calculadas co~i~rando-se em cada grupo o número total de respostas Sim e Não, 
para o conJW1to de Itens de cada categona ISOladamente. Na elaboração da tabela estão apontadas apenas as 
freqüências das respostas Sim. 
** Categorias avaliadas por um único item. 
60 A.B.P.l/89 
não-sobrevivência e do agndstico (p < 0,05), que, por sua vez, teve um f'odice 
percentual significativamente maior do que o gruPQ de crença na n~sobrevivên­
cia (p < 0,05). Quanto ao mecanismo de depressão culposa, o grupo de crença na 
sobrevivência mostrou índice percentual significativamente mais alto do que o de 
posição agndstica (p < 0,01). No que se refere à depressão paralisante, obser-
vou-se no grupo de crença na não-sobrevivência um índice percentual significati-
vamente mais alto do que o do grupo de crença na sobrevivência(p < 0,01). Ain-
da em relação ao mecanismo de racionalização, o grupo de crença na sobrevivên-
cia apresentou índice percentual significativamente mais alto do que o agndstico 
(p < 0;05). 
A pesquisa dos aspectos inquietadores da morte e do morrer (tabela 17) reve-
lou o seguinte: o grupo de crença na sobrevivência apresentou os mais altos índi-
ces percentuais em "ruptura de comunicação", "indignidade no processo de mor-
rer" e. "sofrimento das pessoas amadas", não havendo, entretanto, diferença signi-
ficativa em relação aos demais grupos, todos com altos índices percentuais nestas 
categorias. Com relação ao 'isolamento na morte", o índice percentual deste grupo 
Tabela 17 
Freqüência das respostas dos diferentes grupos de posição escatol6gica aos 
itens relativos aos aspectos inquietadores da morte e do morrer* 
Grupos 
Categ. de respostas Sobrevivência Não-sobrevivência Agn6stico 
PIM 379 96 139 
50,00 74,42 72,22 
DAM 308 53 100 
40,79 41,41 56,18 
SPA 579 96 139 
76,39 74,42 77,22 
IPM** 292 52 77 
77,25 81,25 85,56 
DFM 167 22 42 
22,12 17,05 23,33 
SPPM** 282 56 73 
75,20 88,89 81,11 
DPI** 265 50 72 
70,11 78,13 80,00 
DPM 559 95 '36 
74,34 73,64 75,98 
RC** 294 46 72 
77,98 70,77 80,00 
IM 423 60 109 
56,18 46,88 60,89 
Total 
614 
11,96 
461 
8,98 
814 
15,86 
421 
8,20 
231 
4,50 
411 
8,01 
387 
7,54 
790 
15,39 
412 
8,03 
592 
11,53 
Total 3.548 626 959 5.133 
69,12 12,20 18,68 100,00 
* As ~tageDS ~oram calculadas, ~~o-se em cada grupo o ndmero total de respostas Sim e Não, 
para o conjUnto de Itens de cada categona ISOladamente. Na elaboração da tabela estio apontadas apenas as 
freqüências das respostas Sim. 
** Categorias avaliadas por um dnico item. 
Atitudesfrente d morte 61 
de crença na sobrevivência foi significativamente mais alto do que o do de crença 
na não-sobrevivência (p < 0,05). Neste último "o sofrimento e pânico no processo 
de morrer" surgiram com o mais alto índice percentual e significativamente dife-
rente do grupo de crença na sobrevivência (p < 0,05). Também neste grupo, a 
"perda de identidade pela morte" apresentou um percentual significativamente 
maior do que o do grupo de crença na sobrevivência (p < 0,01). No grupo agnós-
tico, a "perda de identidade pela morte" revelou um percentual significativamente 
maior do que o do grupo de crença na sobrevivência (p < 0,01), "o desconheci-
mento sobre o além da morte" apresentou um percentual significativamente maior 
do que o dos outros dois grupos (p < 0,01), e "o isolamento na morte" teve um 
percentual significativamente mais alto do que o do grupo de crença na não-so-
brevivência (p '< 0,05). 
Tabela 18 
Freqüência das respostas dos diferentes grupos de posição escatológica aos itens 
relativos aos tipos de decisão no dillgnóstico de doença terminal 
Categorias de respostas 
Pelo Pela Pelo Não-infor- Todos ocul- Total 
Grupos médico família sacerdote mado/Sim taram 
família 
Sobrevivência 285 29 5 32 27 378 
75,4 7,70 1,32 8,47 7,14 71,19 
Não-sobrevivên- 47 4 1 1 11 64 
cia 73,44 6,25 1,56 1,56 17,19 12,05 
Agnóstico 68 8 
° 
2 11 89 
76,40 8,99 0,00 2,25 12,36 16,76 
Total 400 41 6 35 49 531 
75,33 7,72 1,13 6,59 9,23 100,00 
No que se refere ao "desejo de ser ou não informado do diagnóstico de uma 
doença tenninal" (tabela 18), predominou para os três grupos de posição esca-
tológica, sobre todas as demais categorias de resposta, "o desejo de ser informa-
do pelo médico", não sendo encontradas diferenças significativas nesta categoria 
de resposta. 
O grupo de crença na sobrevivência revelou um índice percentual significa-
tivamente mais alto do que o grupo agnóstico, no item que se refere ao "desejo de 
não ser informado e sim família" (p < 0,05). O grupo de crença na não-sobre-
vivência mostrou um percentual significativamente maior do que o grupo de cren-
ça na sobrevivência no item que se refere a "todos ocultarem o diagnóstico de 
doença tenninal" (p < 0,01). 
3.3.2 Área social 
No que se refere à atitude frente à eutanásia, avaliada atmvés dos itens relativos 
aos procedimentos a serem adotados para com o doente terminal (tabela 19), pre-
dominou, nos três grupos de posição escatológica, a opção pelo "não-uso de apa-
relhagem para manter artificialmente a vida" - eutanásia passiva -, não havendo, 
62 A.B.P.lI89 
Tabela 19 
Freqüência das respostas dos diferentes grupos de posição escatológica aos itens relativos aos 
procedimentos adotados com o doente terminal 
Categorias de respostas 
Todos os esforços Não manter vivo Amparo legal para Total 
Grupos . para manter vivo com aparelhagem extinguir a vida 
Sobrevivência 113 199 60 372 
30,38 53,49 16,13 71,13 
Não-sobrevivên- 11 39 13 63 
cia 17,46 61,90 20,63 12,05 
Agnóstico 19 47 22 88 
21,59 53,41 25,00 16,83 
Total 143 285 95 523 
27,34 54,49 18,16 100,00 
nesta categoria de resposta, diferenças significativas entre os grupos. Para os gru-
pos de crença na sobrevivência e na não-sobrevivência seguiu-se, como segunda 
opção, "realizar todos os esforços e utilizar todos os recursos para manter vivo o 
paciente terminal" - atitude contra eutanásia -, sendo que o índice percentual do 
grupo de crença na sobrevivência foi significativamente maior do que o do de 
crença na não-sobrevivência (p < 0,05). Para o grupo agnóstico, a segunda opção 
se refere ao "amparo legal para extinguir a vida" - eutanásia ativa -, sendo o ín-
dice percentual deste grupo nesta categoria de resposta significativamente mais al-
to do que o do grupo de crença na sobrevivência (p < 0,05). 
Com relação ao culto dos mortos (tabela 20), os grupos de crença na sobre-
vivência e agnóstico optaram predominantemente pelo "culto sem cerimônia", não 
havendo diferença significativa entre estes dois e entre estes e o grupo de crença 
na não-sobrevivência. Este optou igualmente por "culto sem cerimônia" e "não 
culto", sendo o índice percentual deste grupo em "não culto" significativamente 
mais elevado do que os índices dos outros dois grupos (p < 0,05). 
Tabela 20 
Freqüência das respostas dos diferentes grupos de posição escatológica aos 
itens relativos ao culto dos mortos 
Categorias de respostas 
Não culto Culto sem Culto com Total 
Grupos cerimônia cerimônia 
Sobrevivência 97 157 98 352 
27,56 44,60 27,84 71,11 
Não-sobrevivên- 25 25 10 60 
cia 41,67 41,67 16,67 12,12 
Agnóstico 21 37 25 83 
25,30 44,58. 30,12 16,77 
Total 143 219 133 495 
28,89 44,24 26,87 100,00 
Atitudes frente d morte 63 
No que se refere ao destino do corpo dos mortos (tabela 21), os três grupos 
de posição escatológica optaram predominantemente pela "cremação", não ha-
vendo diferença significativa entre os grupos. O grupo de crença na sobrevivência 
mostrou um índice percentual significativamente mais alto do que o agnóstico na 
categoria "doar o corpo dos mortos" (p < 0,05). Este último revelou o mais alto 
índice percentual na categoria "ser indiferente", significativamente distinto dos 
grupos de crença na sobrevivência (p < 0,01) e na não-sobrevivência (p < 0,05). 
Tabela 21 
Freqüência das respostas dos diferentes grupos de posição escatológica aos 
itens relativos ao destino do corpo dos mortos 
Categorias de respostas 
Grupos Enterrar Doar Cremar Indiferente Total 
Sobrevivência 99 61 148 45 353 
28,05 17,28 41,93 12,75 71,46 
Não-sobrevivência 14 13 26 7 60 
23,33 21,67 43,33 11,67 12,15 
Agnóstico 19 7 34 21 81 
23,46 8,64 41,98 25,93 16,40 
Total 132 81 208 73 494 
26,72 16,40 42,11 14,78 100,00 
4. Discussão 
Embora os dados tenham revelado que as atitudes escatológicas, psicológicas e 
sociais frente à morte são basicamente semelhantes em todos os grupos, uma aná-
lise das diferenças encontradas aponta para um perfil e uma dinâmica próprios de 
cada grupo noconfronto com a morte. 
O grupo de teologia revelou uma atitude de crença na sobrevivência nitida-
mente superior aos demais, à exceção de terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição. 
Situou-se entre os grupos menos defensivos, caracterizando-se por um índice me-
nor do que os demais do mecanismo de negação. Quando comparado com os de-
mais grupos, foi o que revelou menor inquietação frente aos aspectos da morte e 
do morrer, distinguindo-se de todos os demais DO que se refere à "baixa inquie-
tação em relação ao desconhecimento sobre o além da morte". Portanto, o alto 
índice da resposta de aceitação neste grupo, superior a todo!: os demais, não pare-
ce encobrir uma repressão, mas refletir uma aceitação mais autêntica. Tal acei-
tação decorre, presumivelmente, de uma orientaÇão religiosa intrínseca (Allport e 
Ross, 1967), na qual a posição escatológica de crença na sobrevivência, que im-
plica uma perspectiva dimensional de tempo futuro e uma esperança metafísica de 
imortalidade, corresponde a uma vivência e atitude mais verdadeiras. 
Estes dados são ainda reforçados pela nítida opção, acima de todos os gru-
pos, pelo "culto com cerimônia" e "por enterrar o corpo dos mortos", atitudes in-
terpretadas na literatura como indicadoras de meDOr negação da morte (Ari~s, 
1977, 1982). A opção pelo "culto com cerimônia" mais uma vez reforça a im-
portância de uma perspectiva de tempo futuro, na medida em que o culto implica 
64 A.BP.1I89 
em alguma fonna de anseio de projeção no tempo. Quanto à opção por "enterrar" , 
mais do que a opção de "cremar" - que predomina nos demais grupos -, embora 
sugestiva de uma maior aceitação da morte, provavelmente reflete também uma 
posição ético-religiosa mais conservadora. 
Finalmente, no que se refere à eutanásia, o grupo de teologia revelou uma 
atitude de ambivalência. Oscilou entre a aceitação da eutanásia passiva - opção 
predominante em todos os grupos de fonnação universitária - e a recusa a qual-
quer tipo de eutanásia passiva - opção predominante em todos os grupos de for-
mação universitária - e a recusa a qualquer tipo de eutanásia, uma vez que apre-
sentou um índice superior a todos os demais grupos, à exceção do de terapia ocu-
pacional-fisioterapia-nutrição, na categoria de resposta que se refere a "realizar 
todos os esforços e empregar todos os recursos e aparelhagens para manter vivo o 
paciente terminal". Tal ambivalência se justifica, até certo ponto, pela presença, 
neste grupo, de normas ético-religiosas que levam a um maior questionamento 
acerca do direito de tomar decisões quanto ao instante da morte. 
Em suma, este conjunto de dados aponta no grupo de teologia para a via da 
transcendência como via por excelência para lidar com a morte. 
O grupo de medicina situou-se entre os menos defensivos, destacando-se so-
bretudo pelo baixo índice de racionalização. Embora não esteja entre os grupos de 
maior inquietação frente aos aspectos da morte e do morrer, revela forte inquie-
tação em relação a "deixar projetos inacabados", categoria de resposta em que 
apresenta o mais alto índice de todos os grupos de fonnação universitária, à ex-
ceção de psicologia e terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição. 
Estes dados indicam a importância da formação profissional. Paradoxalmen-
te, ao mesmo tempo em que ela confere um poder de atuação e de controle em re-
lação à morte que aplica, até certo ponto, a inquietação frente aos aspectos da mor-
te e do morrer, concorre também para um maior inconformismo deste grupo frente 
à ruptura provocada pela morte, na medida em que esta ruptura interrompe o maior 
projeto profissional deste grupo, que é justamente o compromisso com a cura. Po-
de-se, entretanto, indagar se este inconformismo - que estaria na raiz da onipotên-
cia médica - seria uma motivação para a escolha profissional ou uma decorrência 
da pr6pria formação profissional, academicamente direcionada para a cura. 
Cabe ainda ressaltar que o grupo de medicina, juntamente com os de teolo-
gia e biologia, revelou o mais baixo índice de inquietação em relação à "deterio-
ração física do corpo". Embora este dado possa estar em parte associado à variá-
vel sexo, uma vez que o sexo masculino, predominante nos grupos de teologia e 
medicina, revela menor inquietação em relação a este aspecto do que o feminino, 
pode, no caso da medicina, decorrer, mais uma vez, do fato de estar a inquietação 
deste grupo concentrada no projeto de cura. 
Observaram-se ainda, no grupo de medicina, atitudes favoráveis ao desejo de 
"ser infonnado pelo médico no caso de diagn6stico de doença terminal", e "à prá-
tica da eutanásia passiva", dados que contrariam a prática médica vigente, que se 
caracteriza justamente por privar o paciente da informação e agir compulsivamente 
no sentido de manter o corpo funcionando. 
Em relação ao "destino do corpo dos mortos", ao contrário do que ocorre na 
maioria dos grupos de fonnação universitária, não se observou uma ênfase na 
"cremação". As respostas distribuem-se em relação às diferentes opções - "enter-
rar", "cremar", "doar" e "indiferente" - de fonna praticamente equivalente. Este 
dado parece refletir perplexidade deste grupo diante do corpo morto, percebido 
como expressão de seu fracasso frente ao compromisso com a cura. Quanto à 
Atitudes frente à morte 65 
opção pela "doação do corpo", embora não seja característica de nenhum dos 
grupos de formação universitária, a medicina, juntamente com a psicologia, estão 
entre os que apresentaram índices mais altos nesta categoria, acima da enferma-
gem. É possível que, no caso da medicina, esta leve inclinação para a doação do 
corpo expresse mais uma vez o inconformismo diante do fracasso em relação à cu-
ra e, portanto, uma necessidade de reparação. 
Este conjunto de dados aponta para o fato de que o grupo de medicina pro-
cura confrontar-se com a morte através da ênfase na competência técnica e de uma 
práxis voltada para a cura. 
O grupo de biologia, embora revele um predomínio da crença na sobre-
vivência, manifesta paralelamente uma tendência para a posição agn6stica. Em re-
lação aos mecanismos de defesa não apresentou nenhuma característica que o dis-
tinguisse dos outros grupos, utilizando-se predominantemente, como os demais, 
da sublimação e depressão culposa. Quando comparado com os outros de for-
mação universitária, não se situou entre aqueles que expressam maior ansiedade 
frente aos aspectos inquietadores da morte e do morrer, caracterizando-se pelo 
baixo índice de inquietação em relação ao isolamento na morte, aspecto no qual se 
situou abaixo de todos os outros grupos, à exceção de teologia. Este resultado su-
gere a importância da opção e/ou fonnação universitária, uma vez que o grupo de 
biologia, embora predominantemente feminino (61,1%), contraria, nesta categoria 
os resultados do grupo do mesmo sexo, que revela maior ansiedade do que o mas-
culino em relação a este aspecto. 
Estes dados - não-exacerbação dos mecanismos de defesa e da inquietação 
frente aos aspectos da morte e do morrer - permitem formular a hip6tese de que, 
subjacente à formação universitária do grupo de biologia, estaria a visão da mo-
derna biologia, que implica uma perspectiva de tempo futuro e uma esperança te6-
rico-cient(fica de que a biologia possa recuar cada vez mais a fronteira da morte e, 
conseqüentemente, minimizar a inquietação frente à mesma. 
Esta hip6tese é reforçada pelo fato de ser o grupo de biologia aquele que 
mais se posiciona a favor da prática da eutanásia, pois embora oscilando entre as 
suas duas formas - ativa e passiva -, é o único que se coloca predominantemente 
a favor do amparo legal para extinguir a vida, o que pode refletir, inclusive, uma 
inclinação deste grupo para manipular o momento da morte. 
Em suma, este conjunto de dados parece apontar para o fato, de que a biolo-
gia procura lidar no confronto com a mortebaseada em uma atitude intelectualiza-
da ancorada na ciência. 
O grupo de psicologia, embora revelasse predominância da crença na sobre-
vivência depois da morte, manifestou paralelamente uma tendência para a posição 
agn6stica. 
Situou-se também entre os grupos menos defensivos - caracterizando-se, so-
bretudo, pelo baixo índice de depressão culposa - e entre aqueles que mais ex-
pressaram a inquietação frente aos aspectos da morte e do morrer, sobretudo, 
quando comparado com o de teologia. Estes dados sugerem, portanto, uma maior 
lucidez emocional. Caracterizou-se, ainda, por uma nítida opção pela eutanásia 
passiva. Por outro lado, embora expressasse, como os demais grupos, o desejo de 
"ser informado pelo médico, no caso de diagn6stico de uma doença terminal", 
quando comparado com os outros grupos é aquele que menos deseja a informação 
médica, caracterizando-se, ainda, por uma nítida opção pela "cremação" do cor-
66 
po, estes dados apontam, em princípio, para uma maior negação no confronto com 
a morte. Entretanto, na medida em que o grupo de psicologia surgiu como um dos 
menos defensivos e emocionalmente mais lúcido, pode-se formular a hip6tese d, 
que, neste caso, não se trata de negação, mas de uma recusa consciente. Esta in-
terpretação é reforçada pelo fato de o grupo de psicologia, embora tenha optado 
claramente pela "cremação", ser dos poucos a revelar também uma abertura para a 
atitude favorável "à adoção do corpo". É possível que tal característica decorra da 
pr6pria lucidez emocional que, tornando menos persecut6rias suas fantasias em re-
lação à morte, favorece a adoção de atitudes menos radicais e mais inovadoras, 
como a de "doar o corpo para fins científicos". 
Finalmente, em relação ao culto dos mortos, o grupo de psicologia oscilou 
entre a recusa a qualquer tipo de culto e a aceitação do culto sem cerimônia. 
Este conjunto de dados, portanto, revela uma ambivalência do grupo de psi-
cologia no confronto com a morte? decorrente da existência de uma maior lucidez 
emocional e de uma atitude de recusa consciente. 
O grupo de enfermagem, embora tivesse revelado predominância da crença 
na sobrevivência depois da morte, manifestou paralelamente uma tendência para a 
não-crença, sendo este tipo de associação atípica entre os grupos estudados. Si-
tuou-se entre os grupos mais defensivos, sobressaindo a alguns, mesmo nos mecét-
nismos de sublimação e depressão culposa. Destacou-se, ainda, ,quando compara-
do com os outros grupos, em depressão paralisante. Esta ênfase na associação su-
blimação - depressão permite supor que a necessidade de reparação estaria entre 
as motivações primárias na opção pela enfermagem. Este grupo também está entre 
os que expressaram maior inquietação frente aos aspectos da morte e do morrer, 
caracterizando-se por estar entre aqueles que mais optaram pela "cremação" e os 
que menos aceitam "doar o corpo para fins científicos". Estes dados indicam uma 
maior dificuldade deste grupo no confronto com a morte, para a qual pode estar, 
pelo menos em parte, interferindo a discrepância entre o alto nível de responsabi-
lidade quanto ao cuidado com o corpo e o baixo poder de decisão quanto às con-
dutas de intervenção e a adoção de procedimentos técnicos para com este corpo. 
Esta discrepância, aliás, está implCcita no pr6prio exercício da enfermagem. 
Em face destes resultados, o fato de o grupo de enfermagem ter se situado 
entre aqueles que mais desejam a "informação médica na, caso do diagn6stico de 
uma doença terminal" possivelmente expressa uma desarticulação entre o emocio-
nal e o cognitivo, típica de uma reação contraf6bica. 
O grupo de terapia ocupacional-fisioterapia-nutrição revelou uma seme-
lhança com o de enfermagem, situando-se entre os mais defensivos e entre os que 
mais expressaram inquietação frente à morte e ao morrer. Caracterizou-se, ainda, 
por estar entre os grupos que mais optaram pela "cremação". Embora tenha reve-
lado o desejo de a "informação no caso de doença terminal lhe ser dada pelo mé-
dico", foi o único grupo de formação universitária que se inclinou a aceitar que 
este tipo de informação lhe "fosse fornecida pela família". É possível que, da 
mesma forma que no grupo de enfermagem, sua maior dificuldade no confronto 
com a morte decorra também do menor poder de decisão em relação ao corpo. 
Cabe ressaltar a possibilidade de que estes dados do grupo de terapia ocupa-
cional - fisioterapia - nutrição não reflitam as características destes grupos e que, 
portanto, a necessidade de reuni-los em um único grupo tenha, de alguma forma, 
distorcido a feaIidade das atitudes próprias de cada um deles. 
Atitudes frente à nwrte 67 
5. Conclusôes e recomendaçôes 
Com base na análise dos resultados obtidos conclui-se que: 
- A crença na sobrevivência depois da morte é a atitude escatol6gica predominante 
e parece ser uma variável importante na redução da inquietação frente à morte, 
conforme Já sugerido em algumas pesquisas (Jeffers et alii, 1961; Martin e Wri-
ghtsman, 1965; Osarchuch e Tatz, 1973; Templer, 1972; Adlerstein e Alcxander, 
1959; Kierkniesky e Groelinger, 1977; Torres et alii, 1983, 1985; Kovacs, 1985). 
Entretanto, o resultado da presente pesquisa, reforçando dados da de Torres et alii 
(1985, 86), sugere que esta variável s6 atua realmente como fator redutor da in-
quietação frente à morte quando vinculada a uma orientação religiosa do tipo 111-
trÍnseco (Allport e Ross, 1967); 
- A atitude expressa de aceitação frente à morte, presente em todos os grupos, 
surge, tal como em estado anterior (Torres et alii, 1983), como pouco convincente, 
uma vez que, independente dos demais resultados, não foram encontradas 
diferenças entre os grupos no que se refere ~l atitude de aceitação, à exceção do 
grupo de teologia; 
- Os mecanismos de sublimação e depressão culposa surgem como predominantes 
para lidar com a morte. Entretanto, de acordo com os resultados da presente pes-
quisa, não fica claro como os mecanismos de defesa medeiam a inquietação frente 
a ela. Tanto assim que surgem grupos pouco defensi vos e com baixo Índice de 
1I1quietação (teologia); igualmente pouco defensivos com maior inquietação (psi-
cologia); e mais defensivos com alto Índice de inquietação (enfermagem); 
- No que se refere aos aspectos inquietadores da morte e do morrer não se observa 
lima predominância dos mesmos aspectos cm todos os grupos. Entretanto, de mo-
do geral, "indignidade", "sofrimento", "pânico" e "dependência no processo de 
morrer", "ruptura de comunicação pela morte", e "sofrimento das pessoas ama· 
das" surgem como aspectos mais inquietadores, embora sem que a mesma sequên· 
cia seja observada para os diferentes grupos. Por outro lado, chama atenção o tato 
de alguns grupos (como medicina e biologia) se caracterizarem quer pela ênfase, 
quer pela redução, em relação a um determinado aspecto. Estes dados apontam, 
portanto, para a importância da abordagem multidimensional do medo da morte, 
tal como assinalado na literatura (~pilka et a1ii, 1977; Florian e Har-Even, 19~3; 
Torres et alii, 1985); 
- Os resultados indicam também a importância da variável sexo no que se refere à in-
quietação frente à morte e o morrer. Confirmando dados da pesquisa de lammari-
no (1976), McDonald (1976) e Kovacs (1985), os resultados revelam um nível 
mais alto de inquietação, p~ra a maioria dos aspectos, entre as mulheres; 
- O desejo de "ser informado pelo médico no caso de diagn6stico de doença ter-
minal" surge como uma atitude predominante em todos os grupos estudados, con-
firmando estudos anteriores (Blumenfield, 1978, 1979; Shneidman, 1971; Kelly et 
alii, 1950; Torres et alii, 1983; Costa, 1977). Tal atitude, entretanto, deve ser in-
terpretada com cautela, uma vez que os grupos cujos 'dados apontam para uma 
menor ou maior inquietação frente à morte revelam igualmente o desejo de que 
lhes seja dadaesta informação. 
- No que se refere à "prática da eutanásia", os resultados indicam uma possível 
zona de conflito entre a ciência e a religião. Tanto assim que, embora haja 
uma predominância da opção pela eutanásia passiva, confirmando dados de pes-
quisas anteriores (Jorgenson e Neubecker, 1980-81; Carey e Posavac, 1978, 1979; 
Shneidman, 1971), o grupo de biologia é o único que opta predominantemente pe-
68 A.B.P.1I89 
la "eutanásia ativa", enquanto que o de teologia inclina-se mais do que todos os 
grupos para a "recusa a qualquer tipo de eutanásia"; 
- Com relação ao culto dos mortos, predomina, à exceção de teologia, a opção pelo 
"culto sem cerimônia", confirmando resultados de pesquisas anteriores (Shneid-
man, 1971; Wass et alii, 1978, 1979; Torres et alii, 1983). Este dado tanto pode 
refletir um esvaziamento dos rituais (Aries, 1977, 1982; Rodrigues, 1983), e, por-
tanto, de uma das formas necessárias para lidar com a morte, como também a insa-
tisfação com os atuais rituais e a necessidade de revisá-los (Burton, 1978); 
Com relação ao destino do corpo, prevalece, para todos os grupos, à exceção 
de teologia, a opção pela "cremação", parecendo haver uma certa relação entre o 
maior (ndice de respostas favoráveis à cremação e a maior dificuldade no confron-
to com a morte. Este dado fornece algum embasamento empírico para a afirmação 
de Aries (1977, 1982), que considera que a crescente tendência para a aceitação 
da cremação, tal como ocorre em alguns países, seria um dos indicadores da ne-
gação da morte. 
Em relação aos diferentes grupos de formação universitária estudados, a aná-
lise dos resultados permite concluir que: 
- O grupo de teologia surge como aquele de melhor adequação nas atitudes frente 
à morte, podendo, portanto, funcionar como um dos elementos estabilizadores da 
equipe multidisciplinar nos casos de tensão frente à morte e ao morrer; 
- No grupo de medicina, o poder de decisão e de atuação conferidos pela for-
mação universitária parece ser uma via com a qual lidar no confronto com a morte. 
Entretanto, o ponto de atrito com os demais grupos da equipe multidisciplinar resi-
de na possibilidade da exacerbação de seu compromisso com a cura e conseqüen-
temente no seu inconformismo com a ruptura provocada pela morte. Isto é eviden-
ciado, sobretudo, pelo alto (ndice de inquietação deste grupo em relação a "deixar 
projetos inacabados"; 
- Os resultados do grupo de biologia sugerem que ele procura lidar com a morte 
através de uma atitude ancorada na ciência, ou que permite conjeturar que subja-
cente à formação universitária deste grupo estaria o projeto te6rico científico de 
busca da imortalidade. Assim sendo, é possível que o ponto de atrito com os de-
mais grupos que compõem a equipe multidisciplinar reside na tendência de este 
manipular e determinar o momento da morte. Tantõ assim, que é o dnico grupo fa-
vorável ao amparo legal para extinguir a vida; 
- Os resultados do grupo de psicologia revelam a coexistência de uma maior luci-
dez emocional e uma atitude de recusa consciente frente ao confronto com a mor-
te. Portanto, o ponto de atrito com os demais grupos de uma equipe multidiscipli-
nar residirá, provavelmente, na capacidade de este desmascarar resistências incons-
cientes no confronto com a morte. Mas, por outro lado, é provável que sua 
atuação nessa equipe fique em parte prejudicada por sua própria recusa consciente 
frente a este confronto; 
- No grupo de enfermagem, o conflito gerado pelo desequilíbrio entre o nível de 
responsabilidade no cuidado com o corpo e o baixo nível de poder de decisão, que 
o leva, inclusive, a utilizar-se, mais do que os outros grupos, do mecanismo de 
depressão - culposa e paraJisante - parece ser fator de tensão no confronto com a 
morte e um possível ponto de atrito com a equipe médica, a qual é revestida deste 
poder de decisão. 
- No grupo de terapia ocupacional - fisioterapia - nutrição é provável]ue, 
da mesma maneira que no de enfermagem, o menor poder de decisão estimule até 
Atitudes frente à morte 69 
cel J) po: Ito de id( ntificação com o paciente, favoreça a exacerbação da inquie-
taç5., freme à morte e seja o ponto de atrito com a equipe médica. 
Em SUlra, os resultados da presente pesquisa permitem identificar algumas 
atitu,les fre:1te à morte, comuns aos diferentes grupos estudados. Apontam, 
tam~)ém, paIa algumas diferenças entre estas atitudes, às quais, possivelmente, in-
terferem "la atuação de equipes multidisciplinares, gerando pontos de atrito na 
execução dos programas de atendimento hospitalar e especialmente em relação aos 
pacientes terminais. 
Desta forma, algumas recomendações se impõem: 
- A nível da formação profissional destes grupos, torna-se imprescindível e urgen-
te uma reformulação curricular, visando inserir um treinamento nas áreas da dor, 
da perda e da morte. Tal treinamento, que objetiva propiciar a cada aluno a identi-
ficação de seus pr6prios padrões de reação e de seus métodos para lidar com a 
morte, é uma etapa prévia e necessária para que qualquer tipo de mudança possa 
ocorrer, uma vez que toda mudança exige um conhecimento prévio daquilo que é 
necessário mudar; 
- A nível da formação profissional destes grupos, toma-se imprescindível e urgen-
promova a oportunidade para que os diferentes grupos profissionais se conscienti-
zem de suas diferenças nas perspectivas frente à morte. Isto concorrerá para ate-
nuar a frustração no trabalho e os problemas e atritos dentro da equipe, promo-
vendo um melhor atendimento ao paciente e evitando o alto índice de rotatividade 
entre profissionais. 
Abstract 
This paper focuses on results of a research study that investigates the scatological, 
psychological, and social altitudes before death, arnongst college students of health 
psychology, and theology, aiming the identification of differences in altitudes 
between these groups, and to point out potential conflict areas in the constitution 
of interdisciplinary staffs. lbis research study has been perforrned on a 580 stu-
dent sample, using the QAFM (Questionário de Atitudes Frente à Morte), construc-
ted by the researchers themselves (rorres et alH, 1985, 1987). The results suggest 
pro file and dynarnics particular to each group studied, conceming those attitudes 
before death pointed out as conflict generators during the interdisciplinary action 
of these groups. 
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