Buscar

Polígrafo de Nutrição

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 138 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 138 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 138 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Nutrição Animal 
Conceitos e Definições 
CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
 
1- Objetivos da disciplina : 
 Aplicar os conhecimentos adquiridos sobre as exigências nutricionais dos animais e 
sobre a composição dos alimentos para uma correta nutrição das diferentes espécies 
zootecnicamente exploradas. 
 
2- Nutrição : 
 É a ciência que envolve um conjunto de processos que vão desde a ingestão de 
alimentos até o metabolismo dos nutrientes. Abrange uma série de processos físicos, 
químicos e biológicos através dos quais o organismo digere o alimento e absorve os 
nutrientes para atender suas exigências de manutenção e produção. 
 É uma ciência que estuda os fenômenos bioquímicos e fisiológicos, no qual os 
alimentos ingeridos pelos animais são digeridos e os produtos de digestão são absorvidos e 
metabolizados para atender suas exigências de manutenção e produção. 
 Finalidades da utilização dos nutrientes: 
- Reparar os tecidos corporais que sofrem um desgaste de forma natural; 
- Formar tecidos novos (músculos, ossos, pele...) quando o animal está em crescimento; 
- Produzir energia. 
 
3- Alimentação : 
É um ramo da nutrição que estuda os alimentos utilizados pelos animais. 
Sendo essencialmente prática, visa o preparo dos alimentos e a melhor maneira de 
fornecê-los aos animais. Portanto abrange desde a escolha dos alimentos (volumosos, 
concentrados), o preparo dos mesmos (processamento) e o fornecimento aos animais. 
São todas as operações que o homem realiza, com o fim de selecionar, preparar e 
distribuir os alimentos destinados aos animais. Também as ações que os animais realizam 
voluntariamente para aproveitar os alimentos que são postos ao seu alcance, através da 
apreensão, mastigação e deglutição . 
 
4- Alimento : 
É todo ingrediente presente na dieta que pode ser ingerido pelo animal, ser parcial 
ou totalmente digerido, absorvido e assimilado, contribuindo assim para a manutenção e 
produção dos animais. 
É tudo o que é possível de ser consumido com um fim nutricional. 
São aquelas substâncias que o homem coloca a disposição dos animais, direta ou 
indiretamente, para que eles consumindo possam manter com normalidade suas funções 
vitais e alcançarem o desenvolvimento corporal próprio da espécie e da raça a que 
pertencem, além das suas produções, ou seja, carne, leite, ovos, lã, etc. 
Os alimentos não são completos, sempre há falta de um ou mais nutrientes com 
exceção do leite para o lactente e do ovo para o pinto quando ainda embrião. 
 Os alimentos variam sua composição devido a fatores ambientais tais como a 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
2 
2 
fertilidade do solo, clima, diferenças entre variedades, métodos de colheita e etc. 
 
5- Nutrientes ou Princípios Nutritivos : 
São os constituintes dos alimentos que nutrem o animal. 
Nutrientes são compostos químicos ou grupos de compostos que ao serem 
ingeridos são aproveitados pelo organismo animal preenchendo alguma função nutricional, 
ou seja, são utilizados na síntese de compostos químicos ou queimados para a produção de 
energia. 
Nutriente é o constituinte ou o grupo de constituintes dos alimentos de igual 
composição química geral que contribui para a manutenção da vida dos animais. 
 Os nutrientes requeridos pelos animais são : energia, proteína, minerais, vitaminas e 
água. 
 
6- Nutriente Digestível : 
 É a fração possível de ser digerida pelo animal e que pode ser aproveitada para a 
produção de energia e manutenção ou crescimento dos tecidos. 
 
7- Nutrientes Digestíveis totais (NDT) : 
 É uma das formas de expressar a concentração energética dos alimentos e representa 
o somatório das frações orgânicas digestíveis. Sendo que o sistema de NDT se baseia no 
fato de que todas as frações da matéria seca de um alimento, exceto das cinzas, possam 
gerar energia, levando-se em conta que o aproveitamento só ocorre com as partes 
digestíveis. 
 
8- Digestibilidade : 
 É a fração do alimento aparentemente aproveitada pelo animal, ou seja, a diferença 
entre a quantidade ingerida e aquela excretada nas fezes. 
 A determinação da digestibilidade pode ser feita através de ensaios de 
digestibilidade“in vivo” ou através de técnicas aproximativas como a digestibilidade in 
vitro e/ou in situ. 
 
9- Ração : 
É a quantidade total de alimento que um animal recebe em um período de 24 horas. 
 
10- Dieta : 
 São todos os alimentos que o animal ingere. 
 É o ingrediente alimentar ou misturas de ingredientes, incluindo água, consumida 
pelos animais. 
 
11- Ração Balanceada : 
 É o total de alimento que um animal recebe em 24 horas, capaz de atender as suas 
exigências nutricionais. Normalmente a ração balanceada é preparada para um grupo de 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
3 
3 
animais com necessidades idênticas ou semelhantes. 
 É a ração ou alimento que contém todos os nutrientes requeridos em quantidade e 
proporção adequada, para satisfazer um conjunto conhecido de requerimentos fisiológicos 
de um animal, de acordo com as recomendações de autoridades reconhecidas no campo de 
nutrição animal, tal como o NRC. Deve-se especificar as espécies para as quais se destina e 
as funções, tais como manutenção, ou manutenção + produção (crescimento, gestação, 
engorda, leite, ovos, lã, penas ou trabalho). 
 É o conjunto de alimentos que se fornece a um animal durante um dia para cobrir 
todas as necessidades nutricionais que ele tem, tanto do ponto de vista quantitativo como 
qualitativo, ou seja, deve ser completa. Ex: Em aves, não se deve verificar apenas a 
quantidade de proteína digestível total, mas também os aminoácidos essenciais, que elas 
são incapazes de sintetizar em velocidade suficiente para atender a demanda. 
 A ração deve também ser fisiológica, isto é, os alimentos que a compõem devem ser 
adequados para cada animal, para que ocorra um perfeito funcionamento do aparelho 
digestivo. Ex: A ração para ruminante adulto deve conter alimentos ricos em fibra para que 
os movimentos do rúmen e da ruminação não sejam alterados. Já para suínos, a ração não 
pode ser excessivamente fibrosa, devida a sua baixa capacidade de digestão da celulose. 
 A ração deve ser barata (custo-benefício). Deve-se conhecer a relação do valor 
nutritivo ou quilos de nutrientes pelo preço dos alimentos disponíveis, a fim de poder 
compará-los e utilizar em maior quantidade os que são mais econômicos. 
 A ração deve ser higiênica . Os alimentos devem estar em boas condições, sem 
sofrer fermentações indesejáveis ou outras alterações que ponham em risco a saúde dos 
animais. Cuidar dos gorgulhos e traças que atacam os grãos armazenados, também dos 
ratos, pois na urina pode conter leptospira, transmitindo para os animais e o homem a 
leptospirose. 
 A ração deve ter um preparo adequado, para que os animais possam ingerir e 
aproveitar com facilidade os alimentos. Ex.: 
Picar forragens ou palhas: para facilitar a mistura com outros alimentos diminuindo 
assim a seleção, ou para fazer silagem, reduzindo-se o ar de dentro do silo, 
facilitando a compactação e favorecendo a fermentação láctica.. 
Cortar as raízes : Como da mandioca (2-3 cm) para facilitar a ingestão e eliminar o 
princípio tóxico. 
Moagem de grãos : Os suínos não mastigam bem os grãos, não sendo estes bem 
digeridos. Para um melhor aproveitamento deve-se moer ou triturar. 
 Mistura de alimentos : para evitar que os animais selecionem e consumam os mais 
palatáveis. 
 Granulação : principalmente para alimentos farinhosos, pois produzem pó ao 
manejá-los, ruim para os tratadores e para os animais. Também porque ocupam muito 
volume (maior custo de frete)e tem muita superfície de contato com o ar (oxidação das 
gorduras). 
 
12- Refeição : 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
4 
4 
 É a parte da ração distribuída e consumida de cada vez. 
 
 
 
13- Volumosos : 
São alimentos que possuem um alto teor de fibra (18% ou mais de fibra bruta na 
matéria seca) e são utilizados para a alimentação principalmente de ruminantes, podendo 
ser aquosos (silagens) ou secos (fenos). 
 
14- Concentrados : 
São alimentos que possuem baixo teor de fibra bruta na matéria seca ( 18%) e alto 
teor em proteína ou energia. Dividem-se em : 
 
1) Concentrados energéticos : São aqueles que contém menos de 20% de proteína bruta na 
matéria seca.. Ex: Grãos de cereais (milho, sorgo, aveia), culturas de raízes (mandioca), 
farelos e resíduos desde que tenham menos de 18% de fibra bruta na MS. 
2) Concentrados protéicos : São aqueles que contém mais de 20% de proteína bruta na 
matéria seca. Ex: Podem ser de origem vegetal (farelo de soja, de algodão), de origem 
animal ( farinha de peixe, farinha de carne) e nitrogênio não protéico (uréia, sulfato de 
amônia, cama de aviário, esterco de poedeiras). 
 
15- Aditivos: 
São ingredientes adicionados na dieta, em pequena quantidade, com ou sem valor 
nutritivo, com a finalidade de melhorar sabor, coloração, textura ou fazer a conservação. 
Ex: Antioxidantes (para gorduras), pigmentantes (para gema de ovo e pele de frangos), 
antifúngicos (para a ração), palatabilizantes. 
 São substâncias adicionadas à ração, com a finalidade de conservar, intensificar ou 
modificar suas propriedades, desde que não prejudiquem o seu valor nutritivo. 
 
16- Suplementos : 
São alimentos utilizados associados com outros para melhorar o balanço nutritivo. 
Podendo ser suplementos minerais ou vitamínicos, fornecidos isoladamente ou misturado 
com outros ingredientes. 
 
17- Vitaminas : 
 São substâncias químicas que regulam diversas funções do organismo animal.
 Classificam-se em lipossolúveis (vitaminas A,D,E e K) e hidrossolúveis (vitaminas 
C,. do complexo B, niacina, etc). 
 Em ruminantes adultos, os microorganismos do rúmen sintetizam todas as vitaminas 
do complexo B e K, a não ser em vacas leiteiras de alta produção, em que a quantidade 
produzida é inferior a necessária. 
 Os suínos devem receber alimentos com as vitaminas A, D, E, B2, B6, B12 e ácido 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
5 
5 
pantotênico e as aves com A, D, E, K, B2, B12, ácido pantotênico e colina. 
 
 
 
18- Minerais : 
Os alimentos destinados a alimentação animal contém vários minerais. Eles estão 
classificados em macro (cálcio, fósforo, magnésio, potássio, sódio, cloro e enxofre) e em 
microminerais (ferro, zinco, cobre, manganês, iodo, cobalto, molibdênio, selênio e flúor). 
Esta classificação é feita segundo a quantidade requerida pelos animais podendo ser em 
macrogramas, microgramas ou ppm ( partes por milhão). 
 
19- Normas ou Tabelas de Alimentação : 
 São guias inseparáveis para a correta formulação de rações, exceto quando se tem a 
análise laboratorial dos alimentos a serem utilizados. As normas de alimentação são 
descrições quantitativas das quantidades de nutrientes que necessitam os animais. O 
uso destas normas vem desde o início de 1800. Nos Estados Unidos são utilizadas as 
normas do NRC - National Research Council (Conselho Nacional de Investigação), as 
quais são revisadas e reeditadas em intervalos de poucos anos. Na Inglaterra, as normas são 
emitidas pelo AFRC – Agricultural Food Research Council ( Conselho de Investigação 
Agropecuária). No Brasil, existem as tabelas da UFV (Universidade Federal de Viçosa), da 
UFPEL (Universidade Federal de Pelotas) e do Andriguetto. Nestas normas, estão 
expressas os requerimentos diários e a composição dos nutrientes dos principais alimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
6 
6 
 
ANÁLISE DOS ALIMENTOS 
 
1- Considerações Gerais: 
 A avaliação dos alimentos é necessária para que se possa obter um eficiente 
desempenho dos animais, principalmente quando estão sendo utilizados resíduos ou 
subprodutos agroindústriais. 
 O principal objetivo da análise é o de conhecer a composição química, além de 
verificar a identidade e a pureza dos alimentos, sejam eles de natureza orgânica ou 
inorgânica. Permite também o conhecimento das propriedades gerais como aspecto, aroma, 
sabor, alterações, sua estrutura microscópica e, ainda, a determinação do teor das 
substâncias nutritivas, por intermédio das análises aproximativas. Contudo além das 
análises aproximativas há também a necessidade de se conhecer a sua digestibilidade, ou 
seja, a parte do alimento que realmente está disponível para o animal. 
 Nos alimentos de um modo geral, os constituintes químicos podem ser agrupados 
em 2 categorias: 
Constituintes básicos ou nutritivos: água, carboidratos, gordura, proteínas, minerais e 
vitaminas. 
Constituintes secundários: Enzimas, ácidos orgânicos, compostos voláteis, pigmentos, 
pectina, substâncias aromáticas, etc. 
 Os constituintes químicos são responsáveis pelas características nutritivas ou 
sensoriais do alimento, como pode ser visto abaixo: 
 
Característica do alimento Constituinte químico responsável 
Valor nutritivo Proteínas, açúcares, gorduras, etc. 
Cor Enzimas, pigmentos, etc. 
Sabor Ácidos orgânicos, açúcares, fenólicos, etc. 
Odor Óleos essenciais, compostos voláteis, etc. 
Textura Pectina, gomas, proteínas, etc. 
 Algumas substâncias são chamadas “acessório” e são importantes na organização 
dos sistemas biológicos, tais como as enzimas, vitaminas, sais minerais e hormônios. 
 O método usado para a análise dos alimentos que se faz normalmente é chamado de 
MÉTODO DE WEENDE e foi desenvolvido por STOHMANN e HENNEBERG entre 
1860 e 1864, na Estação Experimental de Weende na Alemanha. As técnicas para se 
analisar os alimentos ainda são quase as mesmas, com excessão do nitrogênio que é feito 
segundo o método KJELDAHL. 
 Este método separa o alimento em frações que contém substâncias que apresentam 
alguma propriedade em comum, que permite a análise química do grupo. Logo não é uma 
análise de nutrientes do alimento. O significado nutritivo de cada uma das frações não é 
muito claro, exatamente porque cada fração é uma combinação de substâncias das quais 
algumas são nutrientes e outras não tem nenhum significado nutritivo. 
 De acordo com o MÉTODO DE WEENDE o alimento pode ser fracionado no 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
7 
7 
seguinte esquema: 
 
 Alimento 
 Água Matéria seca (MS) 
 Mufla a 600 
0 
C 
 Matéria orgânica (MO) Matéria mineral (MM) 
 
Proteína Bruta (PB) Fibra Bruta (FB) Extrato Etéreo (EE) ENN 
(nitrogênio x 6,25) (CHO estrut.) (gordura + subst. (CHO soluv.) 
 solúveis em éter) 
 
 O método de Weende não é totalmente satisfatório, principalmente no que diz 
respeito a determinação dos carboidratos,pois incluí no grupo da FB a celulose e apenas a 
lignina insolúvel em álcali; e no grupo dos extrativos não nitrogênados (ENN) encontram-
se frações de natureza diversa, como: amido, hemicelulose, pectina, lignina solúvel em 
álcali e os CHOs solúveis em H2O. Esta divisão é insatisfatória, pois a hemicelulose, a 
pectina e a lignina solúvel em álcali não apresentam as mesmas características nutricionais 
dos outros componentes englobados sob o termo de ENN. Contudo uma separação química 
dos polissacarídeos somente seria útil se descermos aos pormenores do peso molecular, 
posição das ligações glicosídicas, etc. Portanto uma análise extremamente sofisticada seria 
necessária para separar os vários componentes do alimento sob os aspectos químicos e 
nutricionais. Na tentativa de resolver o problema foi proposto em 1963 por VAN SOEST, 
um método que fracionasse a fibra bruta em componentes solúveis em detergente neutro e 
ácido permitindo assim a obtenção das frações da parede celular ou Fibra Detergente 
Neutra (FDN), Fibra Detergente Ácida (FDA) e Lignina Detergente Ácida. Portanto, por 
cálculo, é possível estimar os teores de hemicelulose e de celulose, caracterizando melhor 
os componentes da fibra bruta. 
 
2 - Coleta de Amostras de Alimento : 
 A técnica da coleta de amostras dos alimentos, visando a análise química, tem por 
finalidade obter uma amostra perfeitamente representativa do material a ser analisado. 
Amostra é o conjunto de unidades de amostragem selecionadas dentro de uma população. A 
coleta das amostras é o ponto de partida para obter uma análise o mais próximo possível da 
composição real do estoque. Portanto caso ocorram erros durante a amostragem estes não 
poderão ser retificados ou compensados, por mais cuidadosos que venham a ser as futuras 
análises. Amostras representativas são difíceis de se obter, principalmente quando se coleta 
alimentos grosseiros ou alimentos misturados. O erro da amostragem tende a aumentar 
conforme se aumenta a heterogeneidade, com a quantidade de material a ser amostrado e 
com relação ao volume da amostra (quantidade de amostra tomada). 
 
A amostragem compreende as seguintes fases : 
1) Coleta da amostra bruta. 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
8 
8 
2) Preparação da amostra do laboratório por meio de uma adequada redução do volume da 
amostra bruta. 
3) Preparação da amostra para análise. 
 
 Existem 2 métodos de coleta : 
a) Amostragem ao acaso : São utilizados para alimentos homogêneos. 
b) Amostragem representativa : São utilizados para alimentos heterogêneos. 
 
Tipos de Amostragem : 
 
1) Amostras a Granel : Recomenda-se que se tomem 6 amostras de 100g por tonelada, 
homogenizar e destas retirar 1Kg para ser enviado ao laboratório. 
2)Amostras Ensacadas : Devem ser amostradas diagonalmente devido a segregação das 
partículas, na mesma quantidade citada acima, utilizando um calador (tubo simples ou 
duplo perfurado, com a extremidade ponteaguda). 
3) Amostras de Pastagens : Quando as análises não forem processadas imediatamente, é 
necessário que as amostras fiquem embaladas em sacos plásticos e que sejam conservadas 
em congelador, entre -5 e -10
0
 C, sendo enviadas ao laboratório em caixas térmicas com 
gelo. 
 Dependendo do propósito, devemos amostrar : 
a- Parte aérea da planta : 
- Escolher ao acaso no mínimo 10 pontos para a coleta. 
- Plantas de pequeno porte coletar cerca de 2 a 3 Kg e colocar direto em sacos plásticos. 
- Plantas de porte alto removê-las inteira, picar, amostrar e colocar em sacos plásticos em 
torno de 2 a 3 kg. 
 
b- Parte que o animal está consumindo : 
- Cortar a planta simulando o pastejo do animal (Hand clipping). 
- Utilizar animais fistulados no esôfago. 
 Coletar cerca de 2 a 3 Kg e manter em sacos plásticos. 
 
4) Amostras de silagem : A coleta pode ser feita diretamente no silo, contudo esta não é 
uma amostra representativa. O ideal seria amostrar na ocasião do fornecimento aos animais, 
tirando amostras diárias. A quantidade a ser enviada ao laboratório varia entre 3 a 4 Kg, 
acondicionada em sacos plásticos e resfriada. Caso não possam serem logo analisadas, 
deve-se congelar imediatamente. 
5) Amostras de fenos e palhas : O instrumento utilizado é o coletor de forragem da 
Pensilvânia, que consiste num tubo de aço inoxidável de 0,45m de comprimento por 0,03m 
de diâmetro. O coletor deve ser introduzido no fardo sempre na diagonal. A amostragem 
também pode ser feita com a mão coletando em locais diferentes do fardo. Número de 
amostras a ser coletada: 
- De 1 a 10 fardos : Tirar pelo menos 1 amostra de cada fardo. 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
9 
9 
- Mais de 10 fardos : Amostrar no mínimo 10 fardos. 
 Deverá ser coletado cerca de 1 Kg do material e enviado ao laboratório em sacos 
plásticos ou de papel. 
6)Amostras de farelo, grãos e concentrados : O instrumento utilizado é o calador, que 
consiste num tubo com uma ponta na sua extremidade e uma ou mais ranhuras em um dos 
lados; a coleta deverá ser feita no sentido diagonal, sendo coletada cerca de 1 Kg de 
material e armazenado em recipiente de plástico ou vidro fechado e identificado. 
Quantidade a ser amostrada : 
- Até 10 sacos : Retirar amostras de todos. 
- Mais de 11 sacos : Coletar cerca de 2% do total do lote. 
 Após a chegada da amostra ao laboratório o material deve ser preparado para que 
possa ser analisado. O preparo conta de : 
a) Trituração prévia : A maioria, das amostras de volumosos exigem inicialmente uma 
trituração grosseira. Após a trituração prévia o material deve ser pré-seco (exceto silagens e 
produtos tratados com amônia, para a determinação de nitrogênio). Em grãos e rações 
fareladas não há necessidade de trituração prévia. 
b) Moagem final : é feita após a secagem. A moagem final visa obter um pó bastante fino e 
o mais homogêneo possível. 
 
3- Determinação dos Alimentos através do Método de Weende : 
 
A - Deteminação da Matéria Seca (MS) : 
 A determinação da Matéria Seca é o ponto de partida da análise dos alimentos; é de 
grande importância já que a preservação do alimento depende do teor de umidade presente 
no material, além disso para se comparar o valor nutritivo de 2 ou mais alimentos é 
necessário considerar os respectivos teores de matéria seca. 
 A matéria seca de certos alimentos aquosos (+ de 14% de umidade) é feita em 2 
etapas, sendo a primeira denominada pré-secagem e é feita em estufas, normalmente de ar 
forçado e a uma temperatura de 55 a 60 
0
C até que a amostra atinja peso constante, o que 
leva cerca de 2 ou 3 dias. A pré-secagem é importante para conservação da amostra, para 
facilitar a moagem final e as demais análises. A segunda é denominada secagem definitiva 
e é realizada em estufa de 100 a 105
0
C por cerca de 3 horas. Para alimentos como os grãos 
e farelos normalmente usa-se somente a secagem definitiva. 
 
B- Matéria Mineral (MM) ou Cinzas (CZ) : 
 Cinza ou resíduo mineral é o produto que se obtém após o aquecimento de uma 
amostra, à temperatura de 500 a 600
0
C, durante 4 horas ou até a combustão total da matéria 
orgânica. 
 A determinação de cinzas nos fornece uma indicação do teor de elementos minerais 
presentes em uma amostra. O teor de cinzas é muito importante quando são analisados os 
produtos de origem animal (Farinha de carnes e ossos, Farinha de ostras), onde se estima o 
teor de Ca e P; contudo nos produtos de origem vegetal a determinação de cinzas tem 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
10 
10 
pouco valor, devido a variação da composição da cinza e pela presença de sílica 
(principalmente da casca de arrozno farelo de arroz) , que gera um alto teor de cinzas, 
contudo com baixo valor nutritivo. 
 As vezes a fração cinzas pode ser elevada em função da terra aderida às plantas, 
uma alternativa seria lavar a planta com água, contudo isto pode provocar também uma 
lixiviação dos carboidratos solúveis, sendo que este erro provavelmente é muito mais sério 
do que a introdução de pó na matéria mineral. 
 Após a determinação da cinza se determina a matéria orgânica por diferença de 
100. 
 
C- Nitrogênio - Proteína Bruta (PB) : 
 Esta fração é constituída de protídeos, aminoácidos, peptonas, peptídeos, nitrogênio 
não protéico, etc. É importante conhecer o teor de proteína bruta dos alimentos, pois além 
de classificar os alimentos em função do percentual de proteína bruta o fornecimento 
excessivo de proteína significa uma energia onerosa, já que os animais não armazenam 
proteína e esta será desdobrada em energia (ATP). 
 Concentração protéica dos alimentos : 
 
Concentrados : - Protéicos  PB Volumosos : - Leguminosas:  PB 
 - Energéticos :  PB - Gramíneas : Média PB 
 - Palhas :  PB 
 
 Na realidade a análise da PB é feita através da determinação do teor de nitrogênio 
contido na matéria orgânica, incluindo o nitrogênio não protéico e outros compostos 
nitrogenados como as aminas, amidas, lecitinas, nitrilas, aminoácidos, etc; com excessão 
dos nitratos e nitritos. 
 O método determina que o nitrogênio deve ser multiplicado por um fator de 
correção de 6,25, pressupondo que, em média, as proteínas apresentam 16% de nitrogênio. 
 O método de KJELDHAL é o mais prático e o mais empregado, sendo que a 
determinação do nitrogênio total baseia-se na digestão da amostra com ácido sulfúrico 
concentrado, seguindo-se um tratamento com álcali concentrado e destilação da amônia 
captando-a em ácido diluído, determinando-se finalmente o nitrogênio por titulação. 
 
Este método apresenta 2 problemas : 
a) Não avalia a qualidade da proteína, e sim determina o nitrogênio total, sendo que este 
muitas vezes não está disponível e o animal não pode utilizá-lo. 
b) Não usa um fator de correção específico para cada alimento o que pode alterar o valor 
real da proteína, pois como pode ser observado no quadro abaixo o percentual de nitrogênio 
na proteína é diferente nas diferentes fontes protéicas. 
 
 Fatores de conversão de N total para as proteínas em diferentes fontes protéicas : 
 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
11 
11 
Fontes protéicas % de N na proteína Fator de correção 
Semente de algodão 18,87 5,30 
Semente de soja 17,51 5,71 
Cevada (grão) 17,15 5,83 
Milho (grão) 16,00 6,25 
Aveia (grão) 17,15 5,83 
Trigo (grão) 17,15 5,83 
Ovo 16,00 6,25 
Carne 16,00 6,25 
Leite 15,58 6,38 
Folhas de plantas 15,00 6,60 
 
D- Extrato etéreo (EE) - Gordura bruta (GB) : 
 As gorduras ou lipídeos são substâncias solúveis em éter ou outros solventes 
orgânicos chamados de extratores. Nesta análise o éter é aquecido, volatilizado e 
condensado, caindo sobre a amostra, o que permite a retirada de todas as substâncias 
solúveis em éter, como os triglicerídeos, fosfolipídeos, ácidos graxos livres, colesterol, 
lecitina, vitaminas lipossolúveis, clorofilas, substâncias alcalinas, óleos voláteis, resinas e 
ceras. O éter é recuperado em outro recipiente, após nova volatização e o extrato etéreo 
extraído é calculado por diferença de pesagem. 
 A gordura constitui a fração mais energética dos alimentos, fornecendo 2,25 vezes 
mais energia que proteína e os carboidratos. O percentual de gordura afeta a conservação 
dos alimentos, uma vez que a gordura é uma fração bastante instável rancificando 
facilmente. Com a rancificação ocorre além do gosto desagradável, uma grande perda de 
certos nutrientes essenciais como as pró-vitaminas A e D, caroteno, complexo B, etc, bem 
como alguns ácidos graxos que são destruídos pela oxidação. A rancificação pode chegar a 
um ponto de grande aquecimento, podendo ocorrer uma combustão espontânea do material. 
Grãos com alto percentual de gordura quando inteiros são estáveis, porém quando moídos 
pode ocorrer a ativação da lipase, devido o calor e umidade liberados no processamento, 
provocando uma rápida rancificação do material. Todas as gorduras das plantas oleaginosas 
rancificam-se facilmente. Métodos para a obtenção do extrato etéreo : 
1- Método com aparelho GOLFISCH : Utiliza o éter de petróleo, com tempo de extração 
de 4-8 horas. Contudo este não é efetivo para a extração de alguns ácidos graxos. 
2- Método com aparelho tipo SOXLET : Utiliza o éter sulfúrico, com tempo de extração 
de 8-10 horas, podendo chegar a 20 horas. O éter sulfúrico é um solvente mais eficaz, 
contudo absorve água e álcool durante o seu uso. O éter misturado com água dissolve os 
carboidratos solúveis, aumentando a percentagem de extrato etéreo, por isso, o éter deve 
estar isento de água e álcool. 
 Recentemente as técnicas para extração tem utilizado solventes acidificados para 
extrair os sabões insolúveis, dentre eles a mistura de clorofórmio : metano na proporção de 
2:1 (v/v) com 0,1 % de HCl. Também tem-se utilizado o ácido acético glacial a 10% no éter 
de petróleo ou dietílico. 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
12 
12 
 Todos os métodos para a extração de gordura tendem a superestimar a quantidade 
de lipídeos disponíveis para os animais devido a presença de materiais solúveis em 
solventes orgânicos, que não são ácidos graxos, como : 
as resinas, ceras, óleos voláteis, clorofilas, etc, que não apresentam valor nutritivo nenhum 
para o animal. O grau de superestimação depende do tipo de alimento analisado. 
 
E- Fibra bruta (FB): 
 A fibra bruta pode ser definida como um resíduo orgânico indigestível de uma 
amostra de um alimento depois de ser seca, desengordurada e submetida a uma digestão 
ácida com ácido sulfúrico seguida de uma digestão alcalina com hidróxido de sódio, 
subtraído do resíduo das cinzas insolúveis. Este procedimento tenta medir as frações de 
celulose, hemicelulose, xilases, lignina, pentoses e alguns outros componentes associados 
com os carboidratos fibrosos. 
 A fibra bruta para monogástricos tem entre outras funções a de auxiliar nos 
movimentos peristálticos, porque a fibra é hidrófila (retém água) ajudando a manter a 
consistência branda e a umidade das fezes, facilitando a sua progressão para o intestino 
grosso. Para os ruminantes é considerada fonte de energia tendo como produto final ácidos 
graxos e gases. 
 O processo de determinação da fibra bruta está gradativamente sendo substituída 
por outros métodos mais precisos pois no processo de obtenção da fibra bruta não se 
consegue separar os seus principais constituintes : celulose, hemicelulose, lignina e 
carboidratos solúveis; na digestão alcalina parte da lignina poderá ser dissolvida e 
solubilizada pelo tratamento substimando a fração fibra bruta e descaracterizando-a como a 
parte do alimento de digestibilidade mais difícil. Caso a proteína ou outros produtos 
químicos estejam ligados a lignina estes também serão incluídos na fibra bruta. 
 
F- Extrativo não nitrogenado (ENN): 
 É constituída pela fração solúvel dos alimentos incluindo amido, açúcares, parte da 
lignina, hemicelulose, celulose e também vitaminas hidrossolúveis. Pelo método de 
Weende não é determinada quimicamente mas é obtida por cálculo, somando-se as 
porcentagens de EE, FB, PB e MM, expressas na base de matéria seca e subtraindo o total 
de 100. Consequentemente todos os erros cometidosnas análises anteriores irão refletir 
nestas frações, principalmente as imprecisões do método de determinação da fibra bruta. 
 Na maioria das vezes o ENN dos alimentos volumosos é superestimado devido as 
contaminações por constituintes que deveriam ficar retidos na fração fibra bruta. Nos 
alimentos volumosos o ENN representa em média 40% da MS e nos alimentos 
concentrados cerca de 70% de MS. 
 
ENN = 100- (%H2O +%EE + %PB + %FB + %MM) 
 
 
 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
13 
13 
 
Vantagens do MÉTODO DE WEENDE : 
- Prático e de fácil execução; 
- Aceitável mundialmente; 
- Possibilita o cálculo da % NDT = %FBD + %PBD + %ENND + (%EED x 2,25); 
- Baixo custo; 
- Não surgiu um método substituto eficaz; 
- Utilizado em rótulos como garantia. 
 
 Desvantagens do MÉTODO DE WEENDE : 
- Separa o alimento em grupo de substância e não em nutriente; 
- Analisa na fração proteína bruta todos os compostos nitrogenados, sendo ou não 
protéicos; 
- O fator de correção do nitrogênio não é específico para cada alimento, e sim 6,25, 
considerando que todos os alimentos tenham 16% de nitrogênio; 
- Não separa os componentes da fibra bruta; 
- Parte da lignina que é indigerível pelos animais, é considerada ENN, pois é solubilizada 
na digestão alcalina com hidróxido de sódio. 
- Todos os erros aparecem no ENN, mesmo sendo de outras frações, por ser este calculado 
por diferença e não determinado; 
- Na determinação da matéria mineral alguns sais podem sofrer redução. 
 
4- Determinação das frações dos alimentos através do Método de VAN SOEST 
 O método é baseado na separação das diferentes frações dos alimentos através do 
uso de reagentes específicos denominados detergentes. Este método foi desenvolvido por 
Van Soest em 1963 e é utilizado principalmente com alimentos volumosos. 
 De acordo com Van Soest, na parede celular é onde estão localizadas as substâncias 
menos digestíveis e esta é formada principalmente por celulose ligadas a lignina dentro de 
uma matriz de hemicelulose, pectina e goma vegetal (estes dois últimos são bastantes 
digestíveis no caso dos ruminantes). A lignina é indigestível e dificulta a digestão da 
celulose e talvez dos outros componentes da parede celular. Por meio do detergente neutro 
(sulfato de lauril-sódio tamponada a pH = 7,0  0,1) é possível separar a parede celular do 
conteúdo celular. 
O conteúdo celular (CC) possui 95 a 98% de digestibilidade e é constituído, 
principalmente, por proteína solúvel, glicídeos solúveis, amido, carboidratos solúveis, 
lipídeos, pectina, compostos nitrogenados não protéicos e outras substâncias solúveis. 
Todas estas substâncias são altamente nutritivas para os mononogástricos e ruminantes. 
A parede celular (PC) também é chamada de Fibra Detergente Neutra (FDN) e é 
uma fração fibrosa constituída basicamente por celulose, hemicelulose, lignina, proteína 
lignificada (proteína insolúvel) e sílica que são as cinzas insolúveis. A sua digestibilidade 
depende do grau de lignificação. A hemicelulose e a celulose são digeridas 
significativamente pelos ruminantes e apresentam nenhuma ou baixa digestibilidade para 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
14 
14 
monogástricos. Alto conteúdo de PC tende limitar o consumo, pois dá muito volume a 
ração dando a sensação de enchimento ruminal e portanto a saciedade do animal. 
 Através de um detergente ácido específico (detergente de trimetil-cetil-amônio em 
ácido sulfúrico a 1 normal) é possível solubilizar o conteúdo celular e a hemicelulose, além 
da maior parte de proteína insolúvel, obtendo-se um resíduo insolúvel no detergente ácido, 
denominada de Fibra Detergente Ácida (FDA) constituída em sua quase totalidade de 
celulose (lignocelulose), lignina, sílica, nitrogênio lignificado e cutina. 
 Por intermédio do ácido sulfúrico (H2SO4) a 72% ou por uma solução de 
permanganato de potássio (KMnO4), a celulose ou a lignina são respectivamente 
solubilizadas, completando-se o fracionamento dos constituintes da parede celular. A 
celulose é determinada por diferença de pesagens antes e depois da determinação das 
cinzas. A diferença entre a FDN e FDA dá uma estimativa do conteúdo de hemicelulose. 
Hemicelulose = PC –FDA ou FDN – FDA. 
Celulose = FDA – LAD 
LAD (Lignina Ácido Detergente) = é constituída por lignina + contaminação por sílica. 
 
Vantagens do método de VAN SOEST : 
- Maior precisão dos dados. 
- Faz a separação dos principais constituintes da fibra bruta em celulose, hemicelulose, 
lignina e cinzas. 
 
Desvantagens do método de VAN SOEST: 
- A separação entre o conteúdo celular e a parede celular não é perfeita : ocorrendo 
solubilização de parte da hemicelulose, retenção de proteínas do conteúdo celular e a 
retenção variável de mucinas e gomas. 
- Não ocorre também uma real separação da parede celular lignificada e da não lignificada. 
- O tratamento com detergente ácido da parede celular não dissolve totalmente as 
hemiceluloses. O FDA contém de 15 a 20% de hemicelulose; contém também menos 
lignina que o material de origem. 
-Pode ocorrer a retenção de pectinas e taninos se a análise não for sequencial. 
 
 
Alimento 
 Digestão com detergente neutro 
 (componente da parede celular/FDN) Insolúvel Solúvel (conteúdo celular) 
 Digestão com detergente ácido 
(Ligninocelulose/FDA) Insolúvel Solúvel (hemicelulose,nitrogênio da parede celular) 
 Digestão com ácido sulfúrico a 72% 
(Lignina,sílica e cutina)Insolúvel Solúvel (celulose) 
 Incineração (Lignina e cutina perdidas ) 
 Cinzas (Sílica) 
 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
15 
15 
5- Outras análises e testes: 
 Com o passar dos anos, a ciência da nutrição evoluiu muito e houve a necessidade 
de desenvolver outros tipos de análises para avaliar melhor o valor nutritivo dos alimentos. 
Além disso, existe a necessidade de que sejam feitos testes de controle de qualidade dos 
ingredientes a serem usados. Assim temos : 
 
1- Análises de Minerais : A análise de minerais é realizada através das técnicas de 
absorção atômica, fotometria de chama, e fotocolorimetria, sendo que os macrominerais são 
expressos em % dos ingredientes e os microminerais em base de mg/Kg de alimento ou 
ppm (partes por milhão). As análises mais comuns são para a determinação de cálcio e 
fósforo. 
2- Análises de vitaminas: Atualmente a análise de vitaminas está sendo efetuada por 
espectrofotometria ou por cromatografia ao invés dos antigos métodos microbiológicos. As 
vitaminas A, D e E são expressas em unidades internacionais (UI.), e as demais são 
expressas em miligramas. 
3- Análise de aminoácidos: Os aminoácidos que antigamente também eram determinados 
por métodos biológicos, hoje estão sendo analisados quantitativamente por cromatografias. 
Na análise de aminoácido é necessário inicialmente hidrolisar as proteínas, o que é feito 
com o ácido clorídrico a 6 N. Contudo com a hidrólise ácida, muitos aminoácidos poderão 
ser destruídos e para contornar esta falha, usa-se a hidrólise ácida para certos aminoácidos e 
hidrólise alcalina para outros. Posteriormente, o hidrolisado pode ser analisado por 
cromatografia gasosa ou separada por cromatografia em coluna, e analisado por 
colorimetria usando ninidrina como reagente. O aminograma separa e analisa os 
aminoácidos.4-Teste de Éber: O teste de Éber tem como objetivo identificar o estado de 
decomposição dos produtos de origem animal, como a farinha de carne, farinha de peixe, 
farinha de ossos, etc. 
5- Teste de Peróxidos: O objetivo do teste de peróxidos é verificar a presença de 
peroxidases, através da formação de peróxidos. A presença de peróxidos é indicativo da 
existência de rancidez oxidativa, esta rancidez rompe os ácidos graxos nos pontos de dupla 
ligação. 
6- Teste de Gossipol: É usado para medir o teor de gossipol no farelo de algodão ou na sua 
semente. É considerado de baixo índice, menor que 0,04%. 
7- Testes Biológicos : Vários testes podem ser realizados, entre eles estão a determinação 
do valor biológico das proteínas, o valor energético dos alimentos e a determinação da sua 
digestibilidade. 
8-Testes microscópicos: Através dos testes microscópicos pode-se analisar o formato 
das células e das quantidades de amido dos ingredientes; e em função destes parâmetros é 
possível detectar as falsificações. 
9- Testes Físicos e Bacteriológicos: Existe uma grande quantidade de testes que podem ser 
feitos para controlar a qualidade dos alimentos, entre eles estão a cor, odor, granulometria, 
densidade, secagem , tonificação, presença de escamas, excessos de ossos, cascos, chifres e 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
16 
16 
pêlos, presença de cartilagem, sangue, salmonelas, coliformes, fungos, etc. 
10- Reação de Kreis: Mede rancidez hidrolítica das gorduras; portanto avalia a presença de 
ácidos graxos livres nos alimentos. 
11- Índice de urease: A urease é uma enzima que desdobra a uréia em CO2 + amônia e 
encontra-se presente em todas as sementes de leguminosas. Por ser uma enzima termolábil 
a avaliação de suas atividades em produtos como o farelo de soja, da uma indicação do seu 
grau de tostamento. A alta urease indica uma falta de tostamento, já a baixa atividade em 
urease, indica um tostamento adequado e, consequentemente, a sojina presente na soja 
também terá uma atividade baixa. 
 
6- Avaliação dos alimentos através de experimentos de digestibilidade 
 A digestibilidade é definida como sendo a fração do nutriente ingerido que não é 
recuperada nas fezes. Quando esta fração é dada em relação a 100, denomina-se coeficiente 
de digestibilidade e é expresso em percentagem. 
 A determinação da composição química de um alimento através de análises 
laboratoriais é o ponto de partida para a avaliação de seu valor nutritivo. Contudo é 
necessário conhecer a sua digestibilidade, ou seja, a parte do alimento que realmente está 
disponível para o animal. O não conhecimento do real aproveitamento do alimento tem 
levado os nutricionistas a recomendações errôneas e em muitos casos, os animais não 
respodem ao tratamento, devido a uma quantidade insuficiente de nutrientes disponíveis, 
mesmo que ele esteja presente no alimento. Portanto a determinação da digestibilidade de 
um alimento compreende a medida quantitativa dos nutrientes consumidos e as quantidades 
excretadas nas fezes. 
 Normalmente na avaliação de alimentos utiliza-se o coeficiente de digestibilidade 
aparente, e este é definido como a parte de um determinado nutriente do alimento que não é 
excretado nas fezes. Portanto este tipo de coeficiente não faz distinção entre os nutrientes 
que aparecem nas fezes, podendo ser originários da fração indigerível do alimento ou de 
substâncias endógenas do próprio animal que são excretados no trato digestivo na forma de 
enzimas, outras secreções endógenas e descamações das mucosas epitelial, baixando assim 
o valor do que seria a digestibilidade verdadeira ou real. 
 A digestibilidade constituí-se numa determinação indispensável para a avaliação de 
um alimento, e tem sido amplamente utilizada na avaliação de forrageiras para ruminantes e 
de concentrados para monogástricos. Uma série de fatores influenciam os dados de 
digestibilidade obtidos com animais, entre eles a espécie animal, a frequência de 
alimentação, a restrição de água, a temperatura ambiente e o nível de alimentação. 
Normalmente o grau de digestibilidade diminui com o aumento do consumo a partir de um 
certo nível, melhorando o desempenho do animal devido a maior quantidade de nutrientes 
disponíveis, contudo a utilização do alimento é mais eficiente quando a digestibilidade é 
maior. 
 Em ruminantes, os trabalhos de pesquisa mostram que a digestibilidade da matéria 
seca deve ser, em média, de 68%, ponto em que o animal consegue aliar o máximo 
consumo de matéria seca ao de energia. Forragens de baixa digestibilidade (abaixo de 50%) 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
17 
17 
são menos consumidas pelos ruminantes, pelo excessivo tempo de retenção no rúmen, fato 
agravado quando a taxa protéica estiver abaixo de 7%. 
 Fatores que afetam a digestibilidade: 
a) Composição química do alimento. 
b) Adição de nutrientes, como a proteína. 
c) Estágio de desenvolvimento da planta. 
d) Presença de minerais na dieta. 
e) Permanência do alimento no trato digestivo. 
f) Processamento físico do alimento. 
g) Taxa de consumo. 
h) Idade do animal (hábito alimentar) 
i) Frequência de alimentação. 
 
6.1- Digestibilidade “in vivo” ou método convencional : É realizado com animais 
mantidos em gaiolas metabólicas. O processo básico consiste em se medir a quantidade de 
nutrientes consumido e a quantidade excretada nas fezes durante um determinado período 
de tempo. A partir da quantidade de alimento consumido, das fezes excretadas e das 
composições químicas do alimento e das fezes, computam-se a digestibilidade da matéria 
seca do alimento e de suas várias frações. A quantidade de nutrientes que é aparentemente 
digerida, é então igual à diferença entre a quantidade do nutriente consumido e aquela 
excretada nas fezes. O coeficiente de digestibilidade aparente de um nutriente é a 
percentagem digerida do nutriente consumido, e é expresso com seguinte fórmula: 
 
Coef. de Dig.% = nutriente consumido-nutriente excretado nas fezes x 100 
 nutriente consumido 
 Nos ruminantes e em algumas outras espécies, as fezes oriundas de uma 
determinada fração de alimento são identificadas somente na base do tempo. Assim, 
admite-se que os ovinos demoram 24 horas para excretar as fezes oriundas de um 
determinado alimento ingerido e os bovinos demoram cerca de 2 a 3 dias, podendo ir até 7 
a 8 dias. Turnover é o período de tempo no qual, teoricamente, todo o conteúdo ruminal 
seria trocado por outro. O problema de se identificar quais fezes são oriundas de um 
determinada quantidade de alimento ingerido pode resultar em erros na estimativa da 
digestibilidade, isto se deve ao fato da taxa de passagem da digesta no trato digestivo ser 
variável e das fezes não poderem ser separadas por alimentação ou por dia. É então 
necessário aceitar que a ingestão de uma dieta é constante e que deve ser mantida constante 
durante um período suficientemente longo, sendo assim a excreção das fezes também será 
relativamente constante. Portanto o método empregado para se obter estimativas mais 
exatas do coeficiente de digestibilidade com ruminantes consiste em se fornecer 
quantidades fixas de um determinado alimento durante um período relativamente longo 
para assegurar uma taxa constante de excreção fecal e então fazer a coleta das fezes 
excretadas durante um determinado intervalo de tempo. Se restos de alimentos são deixados 
em um determinado dia, a precisão do método é reduzida, portanto a quantidade de 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
18 
18 
alimento fornecida deve ser a nível de mantença para se evitar sobras. Emgeral, considera-
se 90 % do consumo voluntário máximo. 
 
Considerações : 
- Animais : Devem provir de um mesmo rebanho para que tenham tido um mesmo manejo 
pré-experimental, caso forem animais provenientes de diferentes rebanhos, estes deverão 
ser submetidos a um tratamento pré-experimental para serem padronizados. Devem ser 
selecionados e uniformizados quanto a raça, sexo, tamanho ou peso, idade e estado 
nutricional. Utilizar de preferência machos adultos, castrados e com boas condições 
sanitárias, quando a digestibilidade é feita com fêmeas ou aves, um conduto especial é 
adaptado ao animal para se obter coletas quantitativas de fezes separadas da urina. O 
número mínimo de animais em cada dieta deve variar de 3 a 5 para diminuir a margem de 
erro. Antes dos animais entrarem no período experimental eles deverão ser everminados e 
vacinados. 
- Gaiolas : As gaiolas de metabolismo podem ser construídas de madeira ou de metal. A 
estrutura metálica é mais vantajosa porque evita os problemas relacionados com a 
infiltração da urina e, em consequência, permite melhor higiene. O animal deve ter 
liberdade de movimentos no tocante a deitar-se e levantar-se, contudo ele deve ser mantido 
de maneira que não possa virar-se, sendo o comprimento da gaiola adaptável ao tamanho 
do animal, a fim de que as fezes caiam no coletor de fezes, colocado na parte posterior da 
gaiola. Pode-se fazer também uma adaptação do coletor de fezes ao coletor de urina, neste 
caso, o piso da gaiola é de tela metálica por onde passam as fezes através da grade, sendo 
recolhida em caixa em forma de funil com leve inclinação das paredes. A urina também 
passa pela grade, escorre pelo funil, sendo coletada em recipiente colocado sob a gaiola. 
 Nos ruminantes ao invés de caixa coletora de fezes podem ser utilizadas sacolas 
coletoras, e estas devem ser feitas de lona e internamente revestida de material 
impermeável (napa ou courvin), visando diminuir a perda de umidade das fezes. As sacolas 
são adaptadas na região posterior e fixas ao animal por meio de arreios, normalmente 
possuem um ziper que possibilita a retirada das fezes sem desarrear o animal. A maior 
vantagem de utilização das sacolas coletoras reside no fato de permitir ao animal uma 
maior liberdade dentro da gaiola, além de evitar a contaminação das fezes com a urina. Para 
o uso das sacolas torna-se necessário fazer a caudectomia. 
 Para o fornecimento adequado do alimento, o comedouro é anexado a parte anterior 
da gaiola e colocado de maneira a evitar desperdícios, ou seja para que o animal não jogue 
alimento para fora. É essencial que elas tenham uma superfície interna lisa para permitir a 
remoção completa do alimento. O melhor material para se usar são folhas de aço 
inoxidável, podendo também ser confeccionados com madeira, folhas de zinco ou lata. Os 
animais devem receber água à vontade. Os bebedouros automáticos são ideais e eles podem 
ser acoplados a um hidrômetro para se medir a água consumida. 
 A determinação da digestibilidade com animais em gaiolas é executada em 3 
períodos : 
 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
19 
19 
a) Período de adaptação: Com duração de 7 a 14 dias. É importante para promover a 
adaptação do animal ao novo meio ambiente e ao novo tipo de alimento que será avaliado. 
Inicialmente, a todos os animais deverá ser fornecido água e sal mineral ad libitum e apenas 
a ração basal. Esta devera ser substituída paulatinamente pelo novo alimento até atingir o 
nível correspondente de cada tratamento, por um período variável entre 7 e 14 dias, e que 
sejam suficientes para eliminar do trato digestivo os resíduos da dieta anterior, e para que 
os processos de fermentação e digestão da nova dieta funcionem adequadamente. Durante 
este período deverá ser observado o comportamento dos animais, e em caso de se 
manifestar diarréias, diminuição drástica do consumo ou outros sinais de intolerância à 
dieta, este tratamento deverá ser reavaliado. 
b) Período para determinar o consumo voluntário máximo: Com duração de 7 dias. O 
alimento é oferecido ad libitum para a medida de consumo voluntário, quando um excesso 
de 10 a 20% de alimento lhe é oferecido, dando condições de seletividade. Neste período 
são computados as quantidades de alimento que sobrou no cocho. 
c) Período para determinar os coeficientes de digestibilidade: Com duração de 9 dias. É 
determinado na semana posterior a do consumo voluntário, após ocorrer a uniformização da 
oferta de alimento. O alimento deverá ser fornecido duas vezes ao dia em intervalos 
regulares de 12 horas e sempre nos mesmos horários, onde limita-se em 90 % do consumo 
máximo para evitar seleção e sobra no cocho. Como o consumo é determinado na base da 
exigência energética da mantença do animal, haverá a necessidade de se pesar os animais 
no início do período preliminar e no início e no fim do período de 7 dias onde se 
determinou o consumo voluntário. As pesagens deverão ser feitas antes do animal receber a 
primeira alimentação do dia, no entanto sem um jejum prévio e sempre num mesmo 
horário, onde se admite que o enchimento do trato digestivo é o mesmo. 
 A amostragem do alimento fornecido deverá ser feita durante a pesagem das 
quantidades de alimento que cada animal deverá receber. As amostras do alimento 
fornecido deverão ser reunidas em uma amostra composta para cada tratamento. As fezes 
de cada animal deverão ser pesadas diariamente durante o período de coleta, amostragens 
deverão ser feitas após homogeinização do material, correspondendo a cerca de 10% do 
total de fezes coletadas, sendo estas amostras reunidas numa amostra composta ao final dos 
7 dias. A coleta e pesagens das fezes deverá iniciar 24 horas após o início do terceiro 
período e terminar 24 horas após. Todas as amostras deverão ser colocadas em sacos 
plásticos e congeladas a uma temperatura ao redor de -15
0
C, sendo posteriormente secadas 
e analisadas quimicamente. 
Procedimentos para a coleta de fezes: 
- Coleta em gaiolas : Os animais, geralmente machos, são confinados em gaiolas 
específicas para a coleta quantitativa de fezes, sem a contaminação pela urina ou pelo 
alimento. As aves são confinadas em gaiolas para a coleta total das excreções. 
- Coleta em sacos : Quando o animal não pode ser confinado, sacos coletores com arreios 
são adaptados aos animais. Este método é utilizado especialmente para a coleta de fezes de 
animais em pastejo. 
- Uso de indicadores : A excreção fecal pode ser estimada com o uso de indicadores que 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
20 
20 
são substâncias indigestíveis como o óxido crômico, lignina e sílica, que são misturados à 
dieta. Logo se o consumo do indicador é conhecido, a excreção fecal pode ser calculada 
pela relação percentual do indicador na MS das fezes. Logo : 
Produção fecal = Quantidade de indicador consumido x 100 
 % indicador na amostras das fezes 
 Este procedimento evita a coleta total das fezes porém aumenta o erro, pois se 
verifica uma variação de 10 a 15% no volume de fezes por dia devido a variabilidade de 
concentração do indicador que depende da hora da coleta das fezes que é feita diretamente 
no reto do animal. Se a relação entre o indicador e o nutriente é determinada sem a medida 
quantitativa, tanto do material ingerido como das fezes produzidas, então a % de 
digestibilidade é dada por : 
%digestibilidade = 100 - 100 x % indicador no alimento x % nutrientes nas fezes 
 % indicador nas fezes x % nutrientes no alimento 
Ex: Teor de lignina no alimento = 5% 
 Teor de lignina nas fezes = 10% 
 Teor deproteína no alimento = 12,5 % 
 Teor de proteína nas fezes = 11% 
 Digestibilidade da proteína = 100-100 x (5% no alimento x 11% nas fezes 
 ( 10% nas fezes x 12,5 % no alimento 
Digestibilidade da proteína = 56% 
6.2- Digestibilidade indireta (calculada por diferença ) : Alguns alimentos não devem 
ser ministrados sozinhos. Por exemplo, se formos determinar a digestibilidade da torta de 
soja, ou milho grão para vacas, alimentando somente com estes alimentos, por um mês, 
ocorrerão doenças metabólicas nos animais. Nestes casos há a necessidade de recorrer a 
métodos indiretos, portanto, dois experimentos devem ser conduzidos. No primeiro, uma 
ração auxiliar é fornecida e sua digestibilidade determinada, no segundo, a digestibilidade 
dos nutrientes na ração auxiliar mais o alimento em questão é determinado. Supõe-se que 
que a digestibilidade da ração auxiliar permanece constante nos dois experimentos, assim a 
digestibilidade dos nutrientes no alimento pode ser calculada por diferença. 
Vantagens do MÉTODO “IN VIVO” : 
- Oferece resultados mais exatos. 
- Oferece estimativas da digestibilidade aparente e do consumo voluntário máximo do 
animal. 
Desvantagens do MÉTODO “IN VIVO” 
- Trabalhoso. 
- Exige grande quantidade de alimento. 
- Exige grande quantidade de mão-de-obra. 
- É oneroso e de demorada execução. 
7- Digestibilidade “In vitro”, indireto ou Método de TILLEY e TERRY: 
 Método desenvolvido por Tilley e Terry em 1963, com o objetivo de reproduzir em 
laboratório algumas das condições existentes no trato gastrointestinal dos ruminantes. As 
amostras de alimento a serem avaliadas são incubadas em tubos de vidro, com saliva 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
21 
21 
artificial (solução tampão) e líquido ruminal, que é coletado de um animal dotado de uma 
cânula ruminal permanente. O material é levado a uma estufa com temperatura em torno de 
39
0
C por 48 horas mais CO2 proporcionando um ambiente adequado para a atividade 
microbiana. Após este período, o meio é acidificado, com HCl, e em seguida é adicionada 
uma solução de pepsina, permanecendo nestas condições por mais 48 horas, onde ocorre a 
digestão enzimática, que simula o que ocorre no abomaso e intestino delgado. A matéria 
orgânica que desaparece após os 2 estágios é considerada como tendo sido digerida. Logo a 
seguir é feita a filtração, recuperando-se o material residual, ou seja, a fração que não 
sofreu a digestão e por diferença de 100 calcula-se a fração digestível. 
Vantagens do MÉTODO “IN VITRO” 
- Menor custo. 
- Maior rapidez. 
- Exige menos mão-de-obra. 
- Exige pouquíssima quantidade de alimento, em torno de 0,5 g. 
- Imita o sistema digestivo do ruminante de forma prática. 
Desvantagens do MÉTODO “IN VITRO” : 
- Oferece resultados menos exatos. 
- Utiliza apenas uma enzima (pepsina). 
- Não se adecua para alimentos com digestibilidade inferior a 55%. 
 
8- Digestibilidade “in situ” ou Degradabilidade Ruminal (naylon bag): 
 Em 1938, QUINN et al desenvolveram uma técnica para medir a digestão de 
alimentos diretamente no rúmen de ovinos fistulados utilizando sacos de material sintético. 
Depois dele, inúmeros pesquisadores tem investigado formas de se obter uma estimativa do 
valor nutricional dos alimentos através de micro-técnicas que requerem pequenas 
quantidades de amostras, já que em programas rotineiros a digestibilidade in vivo torna-se 
inviável devido ao tempo consumido e os gastos envolvidos. A técnica mede o 
desaparecimento do alimento que é degradável e passa através dos poros do saco de nylon 
que estão suspensos no rúmen. Este método tem sido utilizado não somente para o cálculo 
do desaparecimento de MS, mas também para verificar o desaparecimento de diversos 
constituintes do vegetal separadamente, tais como a celulose e a proteína. 
 Apesar da técnica “in situ” com sacos de nylon ser utilizada obtendo-se boa 
estimativa de digestibilidade aparente “in vivo”, existe a necessidade de uniformização da 
técnica entre laboratórios, pois alguns fatores são responsáveis pela variação dos dados 
encontrados e devem ser levados em consideração na tentativa de obter melhores 
resultados. Os fatores são : preparo da amostra, porosidade e tamanho dos sacos de nylon, 
relação amostra/superfície, ancoragem (localização dos sacos), tempo de incubação, 
método de lavagem dos sacos, animais receptores, regime alimentar do animal fistulado, 
etc. 
 A técnica “in situ” constiuí-se, portanto, num método simples, bastante exato, 
requerendo pouco equipamento e pessoal especializado, propiciando testar um grande 
número de amostras simultaneamente e empregando pequenas quantidades de alimento 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
22 
22 
 
OS NUTRIENTES E SEU METABOLISMO 
 
 Os nutrientes requeridos pelos animais são : a energia (carboidratos e lipídios), 
proteína, água, minerais e vitaminas. A energia e a proteína são quantitativamente os mais 
importantes que frequentemente limitam a produção animal. 
 
1- ENERGIA : 
 A energia resulta da interação de todos os nutrientes. De fato todos os constituintes 
orgânicos de um alimento, ou seja, proteínas, lipídios e os carboidratos, representam uma 
energia química de constituição potencial a ser utilizado pelo organismo animal, enquanto 
que as vitaminas e os minerais representam os meios de viabilização desta energia. O que 
realmente ocorre é um processo de transferência de energia, ou seja, a energia química se 
transforma em energia mecânica (atividade muscular) ou calorífica (regulação da 
temperatura corporal), ou ainda, passa de uma forma para outra (síntese de gordura a partir 
de Carboidratos). 
 Portanto, o valor energético constitui uma base para expressar o valor nutritivo dos 
alimentos. O fato dos nutrientes exercerem funções especiais no organismo, notadamente as 
proteínas, não altera a sua utilidade como fonte de energia. Assim, o glicogênio e as 
gorduras constituem reservas que serão utilizadas a medida das necessidades, mas, quando 
elas faltam, as proteínas podem ser desdobradas para produzir energia. 
 
Unidades Energéticas : 
 Todos as formas de energia podem ser convertida em calor, e, por isso, as unidades 
energéticas usadas para medir as trocas de energia do organismo são expressas em base de 
calorias. Convém salientar que não é somente o calor em si que é utilizado pelo corpo, mas 
sim a energia química contida nos nutrientes. As unidades energéticas empregadas 
nos estudos de energia são: 
a) Pequena Caloria: A abreviatura é cal e corresponde a quantidade de calor necessária para 
elevar um grama de água de 14,5
0
C para 15,5
0
C. 
b) Grande Caloria : A abreviatura é Cal (com C maiúsculo) e corresponde a quantidade de 
calor necessária para elevar um quilograma de água de 14,5
0
 a 15,5
0
C. Corresponde então a 
1.000 cal. Para evitar confusões com a unidade anterior é também chamada de quilocaloria 
e sua abreviatura é Kcal. 
c) Megacaloria ou Termia : A abreviatura é Mcal e corresponde a quantidade de calor 
necessária para elevar um 1000 Kg de água de 14,5
0
C a 15,5
0
C.Corresponde então a 
1.000 Kcal. 
 
 
 
 
 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
23 
23 
 
A avaliação energética dos alimentos pode ser feita da seguinte maneira: 
 
Energia Bruta (EB) : 
A energia bruta é a quantidade de calor gerada pela oxidação do alimento ( até produzir 
CO2, H2O e outros gases) em um instrumento chamado de bomba calorimétrica ou 
calorímetro. Este é um ponto de referência que indica a quantidade de energia que existe 
em um alimento, porém édado com pouca utilidade prática já que alimentos com baixa 
digestibilidade, como a palha, podem ter valores de energia bruta semelhante a alimentos 
com alta digestibilidade como a sacarose. 
O calor de combustão dos nutrientes varia segundo a sua composição e, 
especialmente com a relação entre o oxigênio e os outros elementos. As gorduras 
apresentam cerca de 2,25 vezes mais energia que os carboidratos e as proteínas. Nos 
carboidratos somente o carbono é oxidado, pois o oxigênio é apenas suficiente para formar 
água com o hidrogênio. Já nas gorduras tanto o carbono quanto o hidrogênio são oxidados; 
sabe-se que 1g de hidrogênio produz 4 vezes mais calor que 1g de carbono. Nas proteínas o 
carbono e o hidrogênio são oxidados, mas o nitrogênio escapa livremente na forma gasosa, 
e, portanto não produz calor. 
Uma outra maneira de determinar a energia bruta dos alimentos é através de 
cálculos aproximativos, conhecido neste caso como composto centesimal do alimento. 
Supondo um alimento “X”, cuja análise laboratorial seja conhecida, o cálculo da energia 
bruta pode ser feito da seguinte maneira : 
 
Nutrientes Percentagem Kcal/g EB ( Kcal ) 
Umidade 10,0 
PB 9,00 5,65 50,85 
EE 4,00 9,40 37,60 
FB 5,00 4,15 20,75 
Cinzas 5,00 
ENN 67,0 4,15 278,05 
Fonte : Andriguetto et al, 1984. 
 
O alimento apresenta, portanto 387,25 Kcal por 100g ou 3.872,5 Kcal/Kg valores que se 
forem determinados na bomba calorimétrica seriam bastante aproximados. 
 
Energia Digestível ou Energia Digestível Aparente (ED): 
 A energia digestível é uma medida de quantidade de energia que é absorvida pelo 
animal depois de consumir um determinado alimento. Os valores de energia digestível são 
obtidos pela diferença entre a energia bruta (EB) do alimento consumido e a energia fecal 
(EF), que não foi aproveitada. É chamada de energia digestível aparente, pois não é 
verdadeiramente uma medida de energia que foi realmente absorvida, porque alguma 
energia que foi detectada nas fezes é devido a substâncias endógenas. Portanto : 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
24 
24 
ED = EB consumida - EF. 
 A energia fecal pode ser: de origem alimentar (fração do alimento não digerido) e 
de origem endógena (descamações do eptélio do trato digestivo, muco intestinal, enzimas 
não utilizadas, corpos de bactérias,etc). 
 
Energia Metabolizável (EM) : 
 É utilizada em cálculos de ração para aves. A energia digestível também não é 
totalmente aproveitada pelo organismo. Parte dela é perdida através dos gases 
combustíveis, sem valor algum, como o metano, formado no organismo pelas fermentações 
que ocorrem no rúmen e intestinos. Outra parte da ED é perdida na urina (EU), através das 
substâncias que são nitrogenadas como a uréia e de outras não nitrogenadas como o ácido 
cítrico, cuja a energia, portanto, não é aproveitada. O restante da ED é utilizada pelo 
organismo e corresponde a EM. A energia metabolizável é definida como a diferença entre 
a EB e as perdas de energia ocorrida nas fezes, urina e gases (EG – eructação, 
principalmente metano). 
 A energia metabolizável é uma medida mais segura do valor nutritivo do que a ED, 
mas a sua determinação envolve maiores complicações. A urina precisa ser coletada 
separadamente, e, além disso, torna-se necessário medir as perdas de gases, o que se faz 
com máscaras de difícil manuseio. 
 Portanto, a energia metabolizável é expressa em Kcal, considerando-se as perdas 
fecais, gasosas e urinárias; e é calculada com a seguinte fórmula: 
EM = ED - (EG + EU) 
Fórmulas para se estimar EM para Ruminantes : EM (Kcal/Kg) = ED x 0,82 
1g NDT contém 3,6155 Kcal de EM. 
 
 
Energia Líquida (EL) : 
 A energia metabolizável segue duas vias no organismo : 
1- Parte desta energia é perdida nos trabalhos de digestão e absorção dos alimentos. 
Quando um animal ingere alimentos, várias coisas ocorrem : 
 Perda de energia devido aos trabalhos mecânicos de apreensão, mastigação, 
peristaltismo, regurgitação e evacuação. 
 Perda de energia devido a intensificação da atividade glandular, bem como a das 
bactérias (rúmen e ceco) que produzem as fermentações. 
 Perda de energia devido ao aumento dos batimentos cardíacos. 
 Perda de energia devido a intensificação do metabolismo, através do desdobramento e 
síntese das substâncias. 
 Estas perdas de energia são denominadas de diferentes maneiras, como: trabalho de 
digestão, ação dinâmica específica ou incremento calérico. Esta perda pode ser expressa em 
termos absolutos (Kcal/Kg de MS do alimento ingerido) ou relativos, como uma fração de 
% da EB ou % da EM. Esta energia perdida na forma de calor não tem nenhuma utilidade 
para o animal, a menos que este se encontre em um ambiente particularmente frio. 
Nutrição Animal 
Os Nutrientes e seu Metabolismo 
25 
25 
2 - O restante da energia é aproveitada pelo organismo para diferentes fins como : 
manutenção, crescimento, produção de leite, lã, gordura ou trabalho. Esta energia sobrante 
é denominada de EL. 
 A EL empregada para manutenção é usada sobretudo para produzir trabalho e 
abandona o organismo na forma de calor. Este calor não é considerado perdido, mas sim 
uma forma inútil em que a energia já usada foi transformada. 
 A EL empregada para crescimento, engorda, produção de leite ou lã só armazena 
no organismo ou dele se elimina na forma de energia química, e, por isso é chamada de 
energia retida ou fixada pelo organismo. Portanto, a EL é obtida da seguinte maneira: EL = 
EM – IC, sendo que o IC (Incremento calórico) é o calor produzido pelo metabolismo dos 
nutrientes (calor metabólico), mais o calor de fermentação e da energia gasta para a 
mastigação, ruminação e propulsão do bolo alimentar. 
 
 A partição da energia é expressa da seguinte maneira: 
 EB 
  Energia das fezes (EF) 
 ED aparente 
  Energia Gases (EG) e da Urina (EU) 
 EM 
  Incremento Calórico (IC) 
 EL 
  
 ELmanutenção ELprodução 
 
 
 
Outras Formas de Medir a Energia : 
 
NUTRIENTES DIGESTÍVEIS TOTAIS (NDT) : É expresso em % e é baseado nas 
determinações das frações obtidas pelo método de Weende e nos coeficientes de 
digestibilidade. O cálculo se dá com a seguinte fórmula: 
 NDT = PD + FD + ENND + (EED x 2,25) 
Onde : 
- PD = Proteína Digestível; 
- FD = Fibra Bruta Digestível; 
- ENND = Extrativos Não Nitrogenados Digestíveis; 
- EED = Extrato Etéreo Digestível. 
 Normalmente é expresso em porcentagem, mas também pode ser expresso em 
gramas. 
 A utilização dessa unidade vem sendo desaconselhada no meio científico já 
que sua determinação é morosa e sujeita a erros, como : 
a)o fator 2,25 usado para corrigir o valor energético da gordura é baseado na relação da 
Nutrição Animal 
Suplementos Minerais 
26 
26 
Energia Bruta dos lipídios e dos carboidratos; 
b) não se faz correção para o valor energético da proteína, admitindo-se que 
fisiológicamente as proteínas tem valor energético igual ao dos carboidratos; 
c) em alguns alimentos o extrato etéreo contém outros compostos além de lipídios como 
ceras, resinas que não apresentam função nutritiva; 
d) não considera as perdas decorrentes da digestão e do metabolismo. 
 
1.1 - CARBOIDRATOS (CHO5): 
São compostos orgânicos também chamados de hidratos de carbono ou glicídios 
constituídos de átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio (CHO). Cerca de 80% da matéria 
seca dos grãos e 75% da matéria seca dos volumosos é constituída de carboidratos portanto 
os carboidratos representam a fonte mais abundante e barata de energia para os animais. 
Quando existe falta de carboidratos e delipídios na ração as proteínas são usadas para 
produção de energia e podem ser transformadas em gordura de reserva, no entanto, como 
fonte de energia são antieconômicos e portanto contraindicadas. É na forma de caboidratos 
que a energia química é armazenada, sendo na forma de glicogênio nos animais e na forma 
de amido nos vegetais. 
 
Classificação dos carboidratos: 
 
a) Quanto ao número de carbonos: 
 
 Os carboidratos são incluídos na fração fibra bruta (celulose e hemicelulose) e na fração 
extrativo não nitrogenado (amido e açúcares). Quanto ao nº de carbonos podem ser 
classificados como: Monossacarídeos, Dissacarídeos, Trissacarídeos, Tetrassacarídeos, 
Homo-polissacarídeos e Hetero-polissacarídeos. 
 
b) Quanto a estrutura : 
 
1) Carboidratos não estruturais : Presentes na fração extrativos não nitrogenado no 
método de Weende. São os açúcares simples e os polissacarídeos (amido). A digestão dos 
carboidratos solúveis é diferente para monogástricos e ruminantes. 
Monogástricos : Os carboidratos solúveis são digeridos e absorvidos nos intestinos após 
sofrerem uma digestão parcial na boca e estômago. 
Ruminantes : Os carboidratos solúveis são normalmente digeridos no rúmen sendo primeiro 
hidrolizados à açúcares simples e posteriormente fermentados à ácidos graxos voláteis, 
como também acontece com os carboidratos estruturais. Contudo a hidrólise e fermentação 
dos carboidratos solúveis no rúmen envolvem bactérias de diferentes espécies daquelas 
envolvidas na hidrólise e fermentação dos carboidratos estruturais. 
Ex: amido – amilolíticas, celulose – celulolíticas 
 
2) Carboidratos estruturais : Presentes na fração fibra bruta no método de Weende, sendo 
Nutrição Animal 
Suplementos Minerais 
27 
27 
que nesta fração além da celulose e da hemicelulose também entram a lignina, sílica e 
cutina que não são carboidratos. 
 Os animais não dispõem de mecanismos para utilizar carboidratos estruturais 
(fração fibrosa dos alimentos) como nutrientes, porém os microorganismos ruminais e 
intestinais transformam a fração fibrosa em açúcares simples (glicose, frutose, xilose) que 
são fermentados produzindo os ácidos graxos voláteis que são absorvidos e utilizados pelo 
organismo do animal como fonte de energia. 
 
1.2-LIPÍDIOS: 
 São compostos orgânicos, formados por átomos de C,H e O podendo apresentar N 
e P sob a forma de ácidos gordurosos, de glicerídeos, de fosfolipídios, de lipoproteína, 
esfingoglicolipídios e também de substâncias não lipídicas unidas a ele como por exemplo : 
hormônios, esteróides, vitaminas, ácidos biliares, colesterol e de pigmentos como 
carotenóides. Contém mais C e H do que O quando comparado aos carboidratos. São 
insolúveis na água e solúveis em solventes orgânicos como éter, clorofórmio, benzeno, 
álcool. Suas unidades básicas são os ácidos graxos e compreendem : 
 Glicerídeos - Gorduras neutras ou lipídios propriamente ditos. Os glicerídios sob a ação 
de álcalis se transformam em Ácidos Graxos + Glicerol. 
 Ésteres - Que são substâncias análogas como fosfatídios e esteróis. 
 
Classificação dos lípidios: 
a) Lipídios Simples : São ésteres de ácidos graxos de diferentes álcoois. 
 Glicerídios - Ésteres dos ácidos graxos e do glicerol (gorduras neutras). 
 Cerídios - Ésteres de ácidos graxos e álcoois superiores (ceras). 
 Esterídios - Ésteres dos esteróis. 
b) Lipídios Complexos : São ésteres de ácidos graxos, compreendendo um grupamento 
suplementar, outro álcool e ácidos graxos. 
 Fosfolipídios - Lecitina, cefalina, esfingomielina. 
 Glicolipídios - Compostos de ácidos graxos e glicídios 
 Cerebrosídios. 
c) Derivados Lipídicos : São substâncias obtidas por hidrólise dos elementos acima 
citados. Poderão ser : 
 Saponificáveis : Convertem-se em sabões, ou seja, transformam um éster em ácido e 
álcool. 
 Insaponificáveis : São álcoois de elevado peso molecular. Nos animais a forma mais 
importante é o colesterol e nos vegetais o ergosterol que se transforma por irradiação ultra 
violeta em vit. D2 (calciferol). 
 Os ácidos graxos são em geral compostos monobásicos e alifáticos, que diferem 
entre si pelo número de átomos de carbono e pelas ligações etilênicas (duplas ligações), 
portanto se classificam-se pelo tipo de ligação (simples ou dupla): 
 Saturado : São aqueles que não apresentam ligações duplas como o butírico, capróico, 
caprílico, cáprico, láurico, mirístico, palmítico, esteárico, lignocérico. 
Nutrição Animal 
Suplementos Minerais 
28 
28 
 Não saturado ou insaturado : São aqueles que apresentam ligações duplas e encontram-se 
no estado líquido, como o oléico, linoléico, araquidônico, linolênico. Estes ácidos 
contribuem para reduzir o colesterol no sangue. 
 
Pelo número de átomos de carbono : 
 Ácidos graxos voláteis : Compreendem os ácidos de 2 até 10 átomos de carbono. São 
solúveis em água e diminuem a solubilidade a medida que aumenta o tamanho da cadeia 
carbonada. 
 Ácidos graxos verdadeiros : Compreendem os ácidos com mais do que 10 átomos de 
carbono. São insolúveis na água e solúveis em solventes orgânicos. 
 
Funções dos lipídios: 
1)Fonte de alta densidade energética pois 1 grama de lipídios produz 9,3 Kcal de energia; 
2)Fonte de ácidos graxos essenciais; 
3)Age como isolante térmico; 
4)Forra as cavidades corporais a fim de proteger os órgãos internos, principalmente os rins; 
5)São necessárias para a síntese de vitaminas lipossolúveis (A,D,E e K); 
6)Aumenta a eficiência energética na utilização das dietas. 
 
Vantagens da adição de gordura na dieta dos animais : 
 Correção do nível energético; 
 Adição de ácido graxo essencial; 
 Facilita a peletização da ração; 
 Evita a formação do pó, diminuindo as perdas; 
 Aumenta a vida útil do misturador de ração pois atua como lubrificante; 
 Aumenta a palatabilidade. 
 
Desvantagens da adição de gordura na dieta dos animais: 
 Aumenta o custo; 
 Exige cuidados para a conservação devido a facilidade de rancificação. 
 
2-PROTEÍNA: 
 As proteínas são componentes essenciais dos tecidos de todos os organismos 
biológicos, e nos animais se encontram nos tecidos musculares e nos órgãos em 
concentração mais alta que qualquer outro elemento, exceto da água. Todas as células 
sintetizam proteínas durante parte ou todo o seu ciclo de vida, deste modo sem a síntese 
protéica, a vida não poderia existir. As proteínas podem variar desde tipos muito insolúveis, 
tais como a das penas, pêlo e lã, até as proteínas líquidas e altamente solúveis, tais como as 
globulinas do plasma sangüíneo. 
 As proteínas que são formadas por uma cadeia de aminoácidos (Aas), são 
sintetizadas nas células dos animais e vegetais, nos quais o núcleo contém um material 
genético que determina a natureza da proteína a ser sintetizada. O material genético é o 
Nutrição Animal 
Suplementos Minerais 
29 
29 
DNA (Ácido Desoxirribonucleíco) e se transfere de uma geração a outra. Didaticamente as 
proteínas são definidas como compostos orgânicos, de origem coloidal (consistência 
gelatinosa, que não se cristaliza e que em dissolução se difunde com lentidão extrema), de 
elevado peso molecular, constituídos por C, H, O + N, podendo conter ainda S, P, Cu, Fe, 
Co, etc. 
 As proteínas são constituídas por moléculas mais simples de aminoácidos, que são 
ácidos orgânicos que apresentam um grupo amino NH2 (propriedade básica) e um grupo 
carboxílico (COOH) (propriedade ácida), unidos através de uma ligação específica 
chamada ligação peptídica. Estas propriedades lhe conferem um carácter anfótero, pois 
reúne propriedades opostas, se comportando ora como base, ora como ácido. Portanto, os 
aminoácidos podem existir como

Outros materiais