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HIPNÓTICOS E SEDATIVOS QUÍMICA FARMacêutica Ansiedade – Edvard Munch 1894 2 2 2 INTRODUÇÃO A. Conceito Hipnóticos e sedativos são depressores gerais do SNC; são usados para reduzir a inquietação e tensão emocional e para induzir sono ou sedação. A insônia – que aflige cerca de 20% da população – pode ser sintoma de distúrbio físico ou emocional. Portanto, antes de lançar mão dos hipnóticos e sedativos, importa determinar a causa da insônia. Este tratamento, é recomendado apenas para insônia aguda, que pode resultar de tensão causada por viagens, distúrbio emocional e necessidade de dormir em outro ambiente que não aquele a que o insone está acostumado. Nos casos de insônia crônica, deve-se tratar da causa básica, em vez de recorrer somente ao alívio sintomático, apenas temporário, por meio de hipnóticos. Ansiolíticos Fármacos utilizados no tratamento da ansiedade, reduzir sintomas ou intensidade das crises Hipnóticos São fármacos que causam sonolência e facilitam o início e manutenção do sono Pequenas doses sedação Doses maiores hipnose Doses ainda maiores anestesia cirúrgica SÃO DEPRESSORES DO SNC 4 OUTRAS MANIFESTAÇÕES CORRELATAS Fobias especificas (altura, insetos, clausura) Fobia social Pânico (agorafobia a ambientes públicos) Depressão ansiosa Estresse pós-traumático Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) 5 5 6 INSÔNIA: PRINCIPAIS CAUSAS estresse, depressão, ansiedade, dores ocasionais ou crônicas, efeitos colaterais de fármacos, uso de cafeína e álcool, alterações no ciclo circadiano, alterações comportamentais, alterações fisiológicas e patológicas. 7 7 Esquizofrenia crônica: têm problemas nos receptores do GABA Epilepsia Ansiedade Biossíntese GABA Metabolismo Receptor Efeito biológico Bloqueadores (valproato de sódio) Agonistas Modeladores alostéricos (BDZ) Abertura do canal de Cl- (barbitúricos) Distúrbios relacionados ao GABA 8 8 8 Síntese GABA 9 9 9 Ionotrópicos GABAA GABAC Metabotrópicos GABAB Receptores GABA 10 10 10 Receptores GABAA 11 11 11 B. Empregos São largamente consumidos em todo o mundo em quantidades crescentes. Procura-se a sedação em uma ou mais das seguintes situações: tensão emocional, tensão crônica, hipertensão, potenciação de analgésico, controle de convulsões, adjuvantes da anestesia, narcoanálise. A diferença entre a ação hipnótica e a sedativa depende da dose: doses maiores causam efeitos hipnóticos, ao passo que doses menores produzem somente sedação. Em doses altas alguns destes fármacos são utilizados para induzir anestesia cirúrgica ou como anestésicos basais. C. Efeitos adversos Sonolência, letargia e ressaca. Coma e até morte, resultam de superdose. O uso prolongado, pode causar dependência física e psíquica. A retirada abrupta desses fármacos pode resultar em grave síndrome de abstinência, caracterizada por convulsões e delírio, podendo ocorrer também coma e morte. A intoxicação é tratada por indução ao vômito, se possível; se não, por lavagem estomacal e manutenção da respiração e circulação adequadas. II. HISTÓRICO O bíblico Noé pode ter sido o primeiro homem a experimentar o poder indutor de sono do etanol, não muito após o dilúvio. Na antiguidade, além do álcool etílico, eram usados outros agentes dotados de efeitos similares, tais como a beladona e o ópio (não são hipnóticos-sedativos). Os agentes que produzem esse efeito foram descobertos paulatinamente, começando há muitas centenas de anos. O hidrato de cloral (tricloroetanol), foi experimentado com êxito como hipnótico por Liebreich, em 1869. Os brometos foram usados pela primeira vez como sedativos em 1857. O paraldeído foi descoberto em 1829, mas foi introduzido como hipnótico em 1882. II. HISTÓRICO Em 1864, Baeyer sintetizou o ácido barbitúrico, uma ureída cíclica. O ácido barbitúrico, porém, não apresenta atividade. O barbital, derivado do ácido barbitúrico, foi sintetizado em 1882; suas propriedades hipnóticas foram descobertas por Ficher que o sintetizou por um método diferente e o introduziu na clínica sob o nome de Veronal. O fenobarbital foi o seguinte a ser introduzido, pela Bayer, em 1912, sob o nome de Luminal. II. HISTÓRICO Em 1954, na Alemanha, partindo do ácido N-ftalilglutâmico, foi sintetizada a talidomida, hipnótico que, lançado no comércio, em 1957, tanto na Europa quanto no Brasil, alcançou boa aceitação. Descobriu-se, a partir de 1961, que causa focomelia (membros de foca), grave efeito teratogênico, caracterizado pela ausência de braços e pernas, o que motivou a retirada da talidomida do comércio em todos os países e tornou mais rígidas as medidas de liberação de novos fármacos, principalmente nos Estados Unidos. Anos depois, porém, a talidomida foi reintroduzida na terapêutica como hansenostático. Os compostos benzodiazepínicos (como nitrazepam) foram introduzidos como sedativos, em 1965. III. CLASSIFICAÇÃO Variam muito quanto à estrutura química. Os mais usados pertencem aos seguintes grupos químicos: brometos, álcoois, amidas, sulfonas, aldeídos e derivados, carbamatos, ureídas acíclicas, barbitúricos, piperidinodionas, compostos quinazolinônicos, benzodiazepínicos e diversos FARMACOTERAPIA ANSIEDADE E INSÔNIA Barbitúricos Benzodiazepínicos Agonistas serotonérgicos Antidepressivos Outros 18 BARBITÚRICOS AMOBARBITAL FENOBARBITAL PENTOBARBITAL SECOBARBITAL TIOPENTAL 19 BARBITÚRICOS Agonistas de receptores GABA, prolongam o tempo de abertura do canal Cl- Fármacos com efeito depressor no eixo cerebroespinhal e na atividade neuronal; Deprimem a atividade cardiovascular e a respiratória; Atuam por a excitabilidade do neurônio pós-sináptico, etc. Causam dependência física, psíquica e tolerência. Pouco uso como hipnóticos e sedativos (BZD) 28 Administração oral (i.v. anestesia) Ácidos fracos absorvidos no estômago Lipossolubilidade com redistribuição Metabolismo hepático, rins e pulmões Tolerância metabólica BARBITÚRICOS FARMACOCINÉTICA 29 29 Barbitúricos Tem-se cerca de 30 barbitúricos comercializados. Síntese O método clássico é aquele utilizado por Ficher e Dilthey, em 1904, para preparar o barbital. Consiste na condensação de uréia substituída (I) com ésteres dissubstituídos do ácido malônico (II) em presença de etóxido de sódio. Síntese dos barbitúricos. Método clássico da síntese dos barbitúricos. 2. Propriedades físico-químicas Os barbitúricos são sólidos cristalinos incolores, com ponto de fusão entre 96 e 205oC. Possuem caráter ácido que, no caso do ácido barbitúrico, resulta de três fatores: (a) sistema cíclico conjugado e simétrico na forma enólica; (b) metileno ativo entre dois grupos carbonílicos; (c) presença de um tipo de sistema diiminocarbonílico na forma tautômera (Fig. 5.4). 3. Ação e Metabolismo Os efeitos são geralmente atribuídos à sua ação ao nível do tálamo e da formação reticular ascendente, ação esta que interfere com a transmissão dos impulsos nervosos para o córtex. São uniformemente distribuídos em todos os tecidos, atingindo concentrações maiores no fígado e nos rins. Sua eliminação é principalmente através dos rins, nas seguintes formas: inalterados, parcialmente oxidados na cadeia lateral, parcialmente conjugados. Metabolismo No metabolismo, os barbitúricos lipossolúveis são transformados em metabólitos mais polares, que possam ser excretados. Os metabólitos resultantes podem ser inativos, ter a mesma atividade ou ser mais ativos que o barbitúrico inicial. Por exemplo, o fenobarbital é hidroxilado na posição para do anel fenílico, fornecendo um composto inativo. O tiopental é oxidado a um álcool, um ácido carboxílico e um pentobarbital, que é um barbitúrico de ação mais longa. 4. Relações estrutura-atividade Foi observado que diversos hipnóticos contêm carbono quaternário. Tatum dividiu os barbitúricos em quatro grupos, de acordo com a duração de seu efeito. 1. Duração de efeito prolongado (4 a 12 horas): fenobarbital; 2. Duração de efeito intermediário (2 a 8 horas): amobarbital. 3. Duração de efeito curta (até 3 horas): secobarbital; 4. Duração de efeito ultracurta (menos de 3 horas): tiopental. Relações estrutura-atividade Os barbitúricos com duração de efeito prolongada são principalmente usados para o tratamento de epilepsia e para manter a sedação em estados de ansiedade e tensão. Os de duração de efeito intermediária e curta são usados mormente como hipnóticos e sedativos para o tratamento de insônia e para a sedação pré-anestésica. Os que possuem duração de efeito ultracurta são usados principalmente como agentes anestésicos intravenosos para anestesia basal. Relações estrutura-atividade No estudo das relações estrutura-atividade dos barbitúricos encontraram-se alguns parâmetros gerais: 1. A duração do efeito depende principalmente dos substituintes na posição 5, que conferem lipossolubilidade. (a) efeito ultracurto: cadeia longa na posição 5 e átomo de S em vez de O na posição 2; (b) efeito curto: cadeia longa na posição 5 e átomo de O na posição 2; (c) efeito intermediário: cadeia mais curta e menos ramificada na posição 5 e átomo de O na posição 2; (d) efeito longo: grupo fenila ou cadeia curta e saturada na posição 5 e átomo de O na posição 2; Relações estrutura-atividade 2. Grupos alquílicos ligados nas posições 1 e 3 diminuem o efeito e dão origem a propriedades estimulantes; 3. A metilação de um átomo de N aumenta a afinidade por lipídios e tem tendência a diminuir o efeito; 4. O átomo de S na posição 2 encurta o tempo de latência em razão de sua passagem muito rápida para o sistema nervoso central e diminui a duração de ação devido à rápida redistribuição no tecido adiposo; 5. O grupo fenila na posição 5 confere propriedades anticonvulsivantes. Relações estrutura-atividade Fenobarbital Cristais brancos ou pó cristalino branco, inodoro, de sabor ligeiramente amargo, estável ao ar, pouquíssimo solúvel em água e que pode apresentar polimorfismo. Além de hipnótico e sedativo, é também anticonvulsivante. Tem ação longa, de 10 a 16 horas. Pentobarbital sódico Grânulos brancos, ou pó branco, inodoro, de sabor ligeiramente amargo, muito solúvel em água. Tem ação curta, de menos de três horas. PRINCIPAIS EFEITOS Ansiolítico (abandonado) Anticonvulsivante Hipnótico Anestésico Sedativo 40 BENZODIAZEPÍNICOS ALPRAZOLAM BROMAZEPAM (Lexotan) CLONAZEPAM ( Rivotril) DIAZEPAM(Valium) LORAZEPAM(Lorax) MIDAZOLAM (Dormonid) 41 41 . Benzodiazepinas Inúmeros fármacos desta classe foram introduzidos, entre os quais os seguintes: clobazan, clordiazepóxido, flurazepam, lorazepam, nitrazepam, nordazepam. Embora tenham ação hipnótica e sedativa, estes fármacos, são mais usados como ansiolíticos (flurazepam, lorazepam, nitrazepam são mais empregados como hipnóticos). Nitrazepam É também usado como anticonvulsivante, ansiolítico e miorrelaxante. MECANISMO DE AÇÃO Atuam em sítios alostéricos (unidade alfa) dos receptores GABA-A no SNC, facilitando abertura de canais de íons Cl- (inibitórios) Não atuam na ausência de GABA Variantes da unidade alfa do receptor seriam responsáveis pelos diferentes efeitos dos BDZ (ansiolítico, anticonvulsivante,etc.) 54 54 RECEPTOR GABA A : LOCAIS E LIGANTES DO RECEPTOR Canal de Cloro Benzodiazepínico Esteróides Barbitúricos GABA Canal de Cloro 55 55 BENZODIAZEPÍNICOS Redução da ansiedade Redução da agressividade Sedação Indução do sono (manutenção) Redução do tônus muscular Efeito anticonvulsivante 56 56 EFEITOS ADVERSOS Fraqueza, náuseas, vômitos, dores abdominais, diarreia, dores articulares, dores torácicas, além de incontinência urinária. O uso crônico aumenta o risco de eventos coronarianos e de doenças cerebrovasculares. Em idosos pode induzir a um maior risco de depressão respiratória. 57
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