Buscar

DossieCidadesGalileu

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Construídascombaseeminteressespolíticoseeconômicos,asmetrópoles
brasileirasnãoforammoldadasdeacordocomasnecessidadesdapopulação
cheiro de pipoca doce no ar.
O Museu da ?magem e do Som
(M?S), em São Paulo, comemora
o sucesso de uma mostra sobre a
série infantilCastelo Fz!Hia!6ua.
Localizado no bairro residencial
Jardim Europa, a instituição rece-
beu ônibus lotados de crianças de
escolas públicas e particulares para
visitar a atração, inaugurada no se-
gundo semestre de 20'*. Os mo-
radores, porém, não gostaram nem
um pouco da iniciativa. “O museu
está destruindo parte do bairro”,
disse ao jornalCEstado de S" Paulo
Maria Aparecida 8recheret, organi-
zadora de um abaixo-assinado con-
tra oM?S. “A rua já foi considerada
a mais bonita do bairro, estamos
desesperados.” Da região, uma das
mais valorizadas da cidade, o preço
dometro quadrado é estimado por
imobiliárias em H� '7 mil.
A pol…mica é local, mas simbó-
lica0 a disposição física da capital
favorece determinados grupos so-
ciais e acentua as desigualdades Å
do momento em que a prefeitura
reforma o asfalto das ruas de um
bairro nobre e negligencia a cole-
ta de lixo nas periferias até a se-
leção de regies para que grandes
grupos econômicos realizem seus
investimentos. “A capacidade de
fazer e refazer nossas cidades e a
nósmesmos é, aomesmo tempo, o
mais precioso e negligenciado dos
direitos humanos”, afirma David
>arveo, geógrafo brit~nico, no livro
Cidades Febeldes. O tr~nsito inter-
minável, a sensação de inseguran-
ça e a falta de opçes populares de
lazer e cultura são sinais de que as
metrópoles não foram construídas
para a maioria da população. Mas
isso não significa que desenvolver
um projeto de cidade mais partici-
pativo seja uma tarefa impossível.
CIDADE?
QUEMÉ ADE
27
DOSSIÊ URBANISMO
TEXTOBRUNOVAIANO
ILUSTRAÇÃOVINI VALENTE
DESIGN JOÃOPEDROBRITO
EDIÇÃO THIAGO TANJI
No
de
ha
bi
ta
nt
es
(e
m
m
ilh
õe
s)
FOHTALEPA
1950 2010
8HASÞL?A
1960 2010
2
4
6
8
10
2000
2000
20 00
1991
19
91
20
00
2010
1991
20
10
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
são pau lo •
fo
rt
al
ez
a
• C
E
brasília • DF
CADÊMINHA FRAÇÃO?
O
ADOx '879. Frederico
=lette, imigrante ale-
mão, é proprietário do
=rande >otel, o mais
luxuoso do 8rasil. Seu
parceiro de negócios, Lítor
Dothmann, é um rico sócio
da cervejaria Stadt-8ern. Da
época, o ciclo do café e o fim
da escravidão aceleraram o
processo de imigração de
milhares de europeus, que
lotavam cortiços com péssi-
mas condiçes sanitárias lo-
calizados nas áreas centrais
da cidade de São Paulo. A
população da capital atingiu
2*0 mil pessoas em '900,
e a elite paulistana saiu em
busca de ruasmais arejadas.
Dothmann e =lette não
perderam tempo dian-
te dessa nova realidade.
Compraram uma cháca-
ra a oeste do centro, traça-
ram terrenos com espaço
para manses e jardins e
venderam os lotes para os
bares que não queriam
morar tão perto dos traba-
lhadores. Chamaram o bair-
ro de Campos Elíseos. Gue
aposta0 em São Paulo 5nti[o,
obra de Antônio Egídio
Martins publicada em '9'',
os resultados rentáveis da
dupla alemã são exibidos.
“Foram despendidos com a
abertura dessas ruas e ala-
medas cerca de '00 contos,
e apurados na venda dos lo-
tes de terrenos perto de 800
contos.” Km lucro de 800%.
Mais de um século depois,
pouco mudou. “Os proprie-
tários de terra ganhammui-
to dinheiro disputando en-
tre si os melhores pontos
de crescimento da cidade”,
diz JoãoMeoer, professor da
Faculdade de Arquitetura e
Krbanismo da KSP. >ámui-
tos exemplos de =lettes e
Dothmanns 8rasil afora, que
veem crescer suas fortunas
com amanipulação da legis-
lação urbana para que bair-
ros avancem em suas terras.
Guando há obstáculos para a
expansão urbana, a tend…n-
cia é concentrar mais gente
no mesmo espaço0 então, o
poder sai das mãos dos do-
nos de terras e passa para in-
corporadoras e construtoras.
x o caso de 8alneário
Camboriú, em Santa
Catarina, cuja faixa litor~-
nea de + quilômetros atrai
arranha-céus residenciais
de mais de *0 andares.
As sombras dos prédios
criam corredores frios nas
ruas e, por ironia, escondem
o sol dos banhistas que visi-
tam a praia, localizada pró-
xima a uma área de preser-
vação ambiental. “A cidade
precisa de incorporadores,
mas é necessário orientar
sua força”, diz Meoer. “>á
metrópoles que atingiram
um grau de complexidade
social tão alto que existem
questionamentos sobre essa
atividade imobiliária.”
… A CIDADE SÓ CRESCE
ACIDADE
SÓCRESCE
ASMETRÓPOLES BRASILEIRAS SE EXPANDEM
DE ACORDO COMOS RUMOS DITADOS POR
PROPRIETÁRIOS DE TERRA E INCORPORADORAS
NAS CINCOMAIORES CIDADES BRASILEIRAS,
A QUALIDADE DE VIDA AUMENTOU NOS ÚLTIMOS
25 ANOS, MAS A DESIGUALDADE PERSISTE
Fontes: Atlas do Desenvolvimento Urbano no Brasil – PNUD, 2013;
Censos Demográficos – IBGE
CALOR HUMANO
Para trás, nem para pegar
impulso. Nos anos 50,
São Paulo era conhecida
como a cidade que mais
crescia no mundo. Veja a
evolução da população
das maiores capitais.
IDHM
ÍNDICE DE GINI
(Índice de Desenvolvimento
HumanoMunicipal)
Avalia a qualidade de vida de uma
cidade com base em indicadores
como saúde, educação e renda.
Quanto mais próximo de 1, melhor a
situação social do local analisado.
É um indicador de
desigualdade. Quanto
mais próximo de
0, mais igualitária
é a cidade. Valores
próximos de 1
revelam péssima
distribuição de renda.
28
300DossieCidadesVB.indd 28 17/06/2016 20:31:16
SÀO PAKLO
1950 2010
H?O DE JADE?HO
1950 2010
SALLADOH
1950 2010
são paulo • SP
474.344 293.621
brasília • DF
126.169 62.977
salvador • BA
106.415 77.945
rio de janeiro • RJ
220.774 193.682
fortaleza • CE
95.166 53.327
2000
200
0
2000
20 00
1991
1991
2010
2010
20
10
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
o pau lo • SP
salvador
• BA
rio
de j
ane
iro
• RJ
… E O DE BAIXO DESCE
AS PERIFERIAS CRESCEMMAIS POR FALTA
DE DINHEIRO DO QUE POR FALTA DE ESPAÇO
P
xSS?MA distribuição
de renda e rápido cres-
cimento são uma com-
binação que, aliada a
interesses imobiliários,
dá o retrato das metrópoles
brasileiras. Guando há terra
disponível por preço razoá-
vel em regies distantes do
núcleo urbano, ela é ocupa-
da pela parcela da popula-
ção que não pode pagar um
imóvel em uma área central.
A dist~ncia do emprego e dos
serviços aumenta, e o poder
público não é capaz de ex-
pandir linhas de ônibus, rede
elétrica, de água e esgoto na
velocidade e qualidade neces-
sárias. O resultado são con-
diçes precárias de habitação
e cidades que crescem pelas
bordas, sem aproveitar os
espaços intermediários. Para
Lanessa Dadalin, do ?nstituto
de Pesquisa Econômica
Aplicada (?pea), 8rasília é um
bom exemplo dessa situação.
“As cidades que mais cres-
cem estão no entorno, prin-
cipalmente em =oiás, onde
o preço dos imóveis é de um
décimo do valor encontrado
no Distrito Federal”, afirma.
“Mas elas estão a mais de ,0
quilômetros da capital.”
CADA VEZ MAIS LONGE
SAUDOSA MALOCA
LEGENDA
COMO LER O GRÁFICO
*O déficit habitacional representa o número de habitações que seria necessário para
abrigar famílias sem-teto e pessoas que vivem em residências com situação precária
10 mil domicílios
Déficit habitacional*
Domicílios vagos
Número de domicílios vagos é alto, mas não supera déficit habitacional
R$ 100 R$ 5.000
R$ 200 R$ 4.000
R$ 1.000 R$ 3.000
R$ 2.000
IDHMÍndice de Gini
Renda
per capita
dos 20%
mais ricos
Renda
per capita
dos 20%
mais pobres
Fontes: Déficit Habitacional Municipal no Brasil – Fundação João Pinheiro, 2010;
Censo Demográfico – IBGE, 201029
300DossieCidadesVB.indd 29 17/06/2016 20:31:17
O PLANO DIRETORORIENTA
A ATUAÇÃO DE AGENTES
PÚBLICOS E PRIVADOS NA
CONSTRUÇÃO DA CIDADE
COMA CRIAÇÃO
DE UMPLANO
DIRETOR, AS
CIDADES SÃO
MAPEADAS EM
REGIÕES COM
PRIORIDADES
E OBJETIVOS
DIFERENTES
Bairros residenciais nobres
costumam ser avessos à
presença de comércio e à
circulação a pé. Durante
o zoneamento, há uma
disputa entre quem não
quer alterar essa situação
e os defensores da
diversificação dos espaços.
Em Salvador, Fortaleza e
São Paulo é chamada "área
de urbanização consolida-
da". Corresponde a bairros
com prédios comerciais e
residenciais, lojas, serviços
públicos e infraestrutura de
transportes. Em geral, con-
centram emprego e são alvo
de deslocamentos diários.
Áreas industriais e portuárias anti-
gas, próximas a rodovias e ferrovias.
Nessas regiões, o objetivo é renovar
a atividade econômica, aproveitan-
do a infraestrutura viária já existente,
e aumentar a densidade habitacional.
CADAUMNOSEUQUADRADO
OSTENTAÇÃO1 1
ÁREA NOBRE2
2
6
GALPÕES3
E
M 20'', após quase dez anos
de discusses sobre o Plano
Diretor (PDDK) de Salvador,
um susto. Kma versão do pro-
jeto de lei aprovada pelo pre-
feito João >enrique (PP) entregava
a cidade ao mercado imobiliário,
autorizando um aumento de até
+0% na altura dos prédios cons-
truídos na orla e extinguindo áreas
de proteção ambiental. A pressão
popular levou o Tribunal de Justiça
a emitir uma liminar de suspen-
são dos artigos inconstitucionais.
Essa não era a primeira vez que
a aprovação da lei enfrentava di-
ficuldades. “O Plano Diretor de
200* foi aprovado pela C~mara
mesmo com questionamentos
formais do Ministério Público da
8ahia. Mas o PDDK de 2008, re-
sultado da revisão, apresentava
mais problemas que o anterior�,
diz Thais Hebouças, pesquisadora
da Kniversidade Federal da 8ahia.
Apesar de parecer um mistério
para a maior parte da população,
o papel do Plano Diretor é guiar
o crescimento de uma cidade com
base em critérios técnicos e prio-
ridades socioeconômicas, como
garantir o uso adequado do solo
e evitar a retenção especulativa
de imóveis. Desde a promulgação
da Constituição de '988, é obri-
gatório que cidades com mais de
20 mil habitantes elaborem um
Plano Diretor, definido como um
instrumento básico de desenvolvi-
mento de acordo com o Estatuto
da Cidade, lei federal de 200' que
regulamenta a política urbana.
UM OLHO NO GATO,
O OUTRO NO PEIXE
3
30
300DossieCidadesVB.indd 30 17/06/2016 20:31:26
LEIS DE ZONEAMENTO E
USO DO SOLO AJUDAM
O PLANO DIRETOR A
COLOCAR ORDEMNA CASA
O
PLADO D?HETOH não tra-
balha sozinho. >á leis de
caráter mais técnico que o
acompanham, como a Lei
de Poneamento, responsá-
vel pela definição do que pode ou
não ser construído em cada lugar.
Entre os indicadores da lei estão
o coeficiente de aproveitamento
do terreno, que limita a área útil
de um prédio, e a taxa de ocupa-
ção, que garante uma dist~ncia
razoável entre a fachada do edifí-
cio e a rua. Esse tipo de limitação
evita, por exemplo, a superlotação
do sistema viário de uma região.
Definir isso, porém, não de-
pende só de boas intençes.
“Kma decisão da C~mara de
Lereadores pode duplicar o coe-
ficiente de aproveitamento de
um terreno, dobrando, portanto,
o total permitido de área cons-
truída”, explica Henato Sabooa,
professor de Arquitetura da
Kniversidade Federal de Santa
Catarina (KFSC). “?sso pode re-
presentar um aumento de vários
milhes no lucro da incorporado-
ra que construirá um prédio ali.”
Sem audi…ncias públicas, a bus-
ca pelo lucro pode dar o tom em
relação à qualidade de vida dos
moradores da região. E não para
por aí0 além de guiar o setor pri-
vado e ouvir a população, o poder
público também precisa ser proa-
tivo. “x importante que o plano,
como um todo, oriente as açes
da prefeitura”, afirma Sabooa.
A nós, resta ficar de olho.
Subúrbios residenciais com pequenos
prédios e comércio concentrado nas
avenidas principais. Não apresentam
problemas graves de infraestrutu-
ra, mas precisam de investimentos.
Localizadas às margens
de represas e reservas
ambientais, nos limites
das metrópoles, essas
áreas precisam equilibrar
a resolução de problemas
socioeconômicos e a
preservação ambiental.
Na cidade de Fortaleza,
por exemplo, são
caracterizadas como "zonas
de ocupação moderada".
Áreas destinadas à pre-
servação ambiental estão
no Plano Diretor da maior
parte das cidades. Nessas
regiões estão localizados
parques, reservas naturais
e mananciais com ecossiste-
mas inalterados.
Favelas são áreas de
alta vulnerabilidade,
consideradas, em muitas
cidades, Zonas Especiais
de Interesse Social
(Zeis). Devem receber
investimento prioritário
em infraestrutura.
RESIDENCIAL4
4
QUASE LÁ6
AR PURO77
PRECÁRIO5
5
ÉUMA
ZONA!
Fontes: Lei no 16050/14 - PDE de São Paulo; Lei no 7400/2008 - PDDU de Salvador; Lei no 062/2009 - PDP de Fortaleza
31
300DossieCidadesVB.indd 31 17/06/2016 20:31:37
QUEMÉQUE
MANDAAQUI?
DEPOSITE SUASUGESTÃO
CONSELHOS
DE POLÍTICAS
PÚBLICAS
FISCALIZAM
A ATUAÇÃO
DO ESTADO
S
E LOCÚ DESEJA ter voz em
relação a decises que afe-
tarão a saúde, a educação
ou até o meio ambiente de
sua cidade, o que não faltam
são oportunidades de participar
dessas discusses de maneira di-
reta. O 8rasil possuía, em 2009,
*3.'+, conselhos de gestão de po-
líticas públicas, mais de oito por
município, em média. x um nú-
mero que cresce desde o início do
processo de redemocratização, em
'98,. Dem tudo são Óores, porém.
A maior parte dos conselhos
ainda não é de instituição obriga-
tória. E muitas das votaçes, na
prática, não atraem a população
nem geram resultados notáveis.
“x algo formal, acad…mico. Faltam
estratégias para alcançar mais pes-
soas, já que não é todomundo que
está acostumado ao formato”, afir-
ma a urbanista Laura Sobral. Ela
é presidente da organização sem
fins lucrativos A Cidade Precisa
de Loc…, que pesquisa e desen-
volve açes em espaços públi-
cos. Sobral também participa da
Comissão de Proteção à Paisagem
Krbana (CPPK) de São Paulo, ór-
gão autorizado a tomar decises
independentemente de inst~ncias
superiores Å algo raro, segundo a
urbanista, que apoia a atuação em
frentes múltiplas. “Fazem falta ins-
t~ncias colaborativas e conselhos
deliberativos”, diz. “x necessária
a atuação do pessoal que gosta de
ir a esses conselhos, mas também
daqueles que ocupam as escolas.”
Ana Carolina Dunes, articulado-
ra do Sampapé, movimento que
estimula caminhadas pela cidade,
concorda. “Cada um cria a pró-
pria maneira de fazer a cidade”,
afirma. “>á militantes que atuam
em conselhos participativos, mas
há quem não consiga encaixar sua
pauta e sua forma de trabalhar.”
CONSELHOSPARTICIPATIVOSDIVIDEMESPAÇOCOMNOVOS
PROJETOSDE INTERVENÇÃOEOCUPAÇÃODOESPAÇOURBANO
MÃONAMASSA
KM CODSEL>O DE =ESTÀO DE POLÞT?CAS Pæ8L?CAS
é um colegiado criado por iniciativa do Estado que inclui membros
da sociedade civil e do poder público. Em geral, qualquer cidadão
que possua um título de eleitor pode ser conselheiro Å a função
não é remunerada. A ideia é permitir que a população fiscalize a
aplicação de recursos públicos de uma determinada área, sugerindo
alteraçes e melhorias. Esses conselhos costumam ser temáticos0
de mobilidade, saúde, educação, meio ambiente e direitos huma-
nos. Muitos deles são paritários e bipartites Å quando há igual
representação de membros do Estado e da sociedade. Em outros
casos, são tripartites ou múltiplos, em que existem diferentes gru-
pos representados durante os momentos de discussão.
Antes de ir para
a Câmara de
Vereadores ,
o plano deve
passar por
revisão popular
Conselheiros
HeaztiWos
Fe[ionais
Esse modelo
é o adotado em
Porto Alegre
desde 1989
Consultijo
MNLM
Aojiaentos
estaduais e
auniWipais
ELABORAÇÃO
5presentação
da proposta
Fejisão
partiWipatija
5projação
na C|aaraFontes: Instituições Participativas e Desenho Institucional, Leonardo Avritzer, 2008; Mapeamento de
Institucionalização dos Conselhos Gestores de Políticas Públicas nos Municípios Brasileiros, Danitza Buvinich, 2013
32
300DossieCidadesVB.indd 32 17/06/2016 20:31:38
OORÇAMENTOPARTICIPATIVO
PERMITEQUEOPOVO
DECIDAPARAONDEVAIO
DINHEIRODA PREFEITURA
INVESTIMENTO
DEMOCRÁTICO
Um conselho
vinculado é o que
está diretamente
associado a
um programa
governamental
Em Porto Alegre,
gestores locais
são responsáveis
pelos Centros
Administrativos
Regionais (CAR)
Há ONGs mais
hierárquicas
e outras de
organização
horizontal
SOCIEDADE
GOVERNO
:Šrua de dele[ados
BIPARTITE TRIPARTITE
TRADICIONAIS
ALTERNATIVAS
VinWulado Bão jinWulado
Paritzrio
Deliberatijo :isWalinado Boraatijo
R
ECOD>EC?DO pelo 8anco
Mundial como refer…ncia
internacional em participa-
ção popular, o Orçamento
Participativo (OP) de Porto
Alegre é, desde '989, um exemplo
de 8rasil que dá certo. A prática
iniciada na capital gaúcha já foi
adotada em mais de 200 municí-
pios brasileiros e inspirou políti-
cas de transpar…ncia administra-
tiva em cidades comoMontevidéu
e 8arcelona. Em um ciclo anual de
reunies e votaçes �jeja [rzÐWo
ao lado�, a população elege dele-
gados e conselheiros, que atuam
por região ou por tema e definem
o destino das verbas públicas.
A prática, agora, pode se benefi-
ciar de ferramentas digitais.
x o caso da cidade de Santos, no
litoral paulista, que retomou seu
OP em 20'3 e adotou o aplicativo
Colab.re para conduzir o processo
online a partir deste ano. “>á um
tempo de assimilação necessário.
x uma prática inovadora Å esse é
um ano de experi…ncia”, diz o pre-
feito de Santos, Paulo Alexandre
8arbosa (PSD8). A parcela des-
tinada ao OP ainda é pequena0
H� '0 milhes, ou 0,*% do or-
çamento da cidade. Por meio do
aplicativo, é possível escolher uma
série predeterminada de obras em
que os recursos serão aplicados.
O prefeito promete, depois da
experi…ncia, ampliar a parcela do
orçamento destinada ao OP. Até
agora, só , mil cidadãos participa-
ram do processo, o equivalente a
',*% da população santista.
MO
VIM
EN
TO
S D
E
LU
TA
PO
RM
OR
AD
IA
ORÇAMENTO
PARTICIPATIVO ASSOCIAÇÕES DE
MORADORES
OR
GA
NIZ
AÇ
ÕE
S S
EM
FIN
S L
UC
RA
TIV
OS
CONSELHOS DE
POLÍTICAS PÚBLICAS
AUDIÊNCIAS DE
PLANO DIRETOR
MÚLTIPLO
Coordenadores
teaztiWos
SeWretaria AuniWipal
de Planejaaento
Estrat[iWo e Crçaaento
;estores loWais
SeWretaria AuniWipal
de ;ojernança @oWal
PreZeitura
ESTADO
Bão paritzrio
Cbri[atŠrio Bão obri[atŠrio
COMOASOCIEDADECIVILSERELACIONA
COMOESTADOPARAPLANEJARACIDADE
33
300DossieCidadesVB.indd 33 17/06/2016 20:31:38
PorWenta[ea de auniW…pios
brasileiros Woa pol…tiWas
de aWessibilidade
50%
25%
75%
At
é
5
m
il
5
-1
0
m
il
10
-2
0
m
il
20
-5
0
m
il
50
-1
00
m
il
No
de
ha
bi
ta
nt
es
PorWenta[ea de auniW…pios
brasileiros Woa aWesso {
internet sea Ðo
10
0
-5
00
m
il
+5
00
m
il
6 milhões
3 milhões
9 milhões
Nú
m
er
o
de
tr
an
sf
er
ên
cia
s
Via[ens por naero de
transZerênWias na Fe[ião
Aetropolitana de São Paulo
3 ou
mais
210
FeWlaaaçŽes aais
Woauns no apliWatijo
40%
20%
60%
Es
ta
cio
na
m
en
to
irr
eg
ul
ar
Bu
ra
co
sn
as
vi
as
En
tu
lh
o
Li
m
pe
za
pú
bl
ica
Ou
tr
os
Extensão da aalha
urbana brasileira
Malha viária total
97.979 km
Malha cicloviária total
1.118 km
19,30%
CIDADENAPALMADAMÃO
ACESSIBILIDADE
GUIA DE RODAS
O QUE É?
Mapa colaborativo
para pessoas com
dificuldades de locomoção
receberem informações
sobre acessibilidade
emdiferentes locais.
POR QUE VOCÊ
PRECISA DELE?
Porque acessibilidade
não é prioridade
na maior parte dos
municípios brasileiros.
SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
COLAB.RE
O QUE É?
Plataforma em que cida-
dãos colocam fotografias
de problemas urbanos típi-
cos, como buracos nas ruas.
As prefeituras associadas
contam com acesso direto
à lista de reclamações.
POR QUE VOCÊ
PRECISA DELE?
Porque não adianta
reclamar de um
problema se essa
demanda não alcançar os
ouvidos da prefeitura.
INTERNET
4SQWIFI
O QUE É?
Identifica em ummapa de
qualquer cidade do mun-
do lugares que possuam
pontos de wi-fi gratuitos.
Não bastasse o favor, ele
ainda oferece as senhas.
POR QUE VOCÊ
PRECISA DELE?
Por que o wi-fi público
no Brasil tem pouca
disponibilidade de
acesso aos cidadãos.
ÔNIBUS
CRUZALINHAS.COM
O QUE É?
Site paulistano que exibe
todas as rotas das linhas de
ônibus da cidade. Oferece
as melhores opções de
trajetos para o usuário e
compara as alternativas.
POR QUE VOCÊ
PRECISA DELE?
Para descobrir trajetos
e transferências: às
vezes, pegar dois ônibus
pode ser mais rápido.
BICICLETA
BIKE ON
O QUE É?
Aplicativo que rastreia
as rotas mais pedaladas
de uma cidade, além de
incluir avisos de obras,
acidentes e trânsito, ao
melhor estiloWaze.
POR QUE VOCÊ
PRECISA DELE?
Porque as ciclovias
ainda representam
apenas 1% da malha
viária do Brasil.
Fo
nt
e:
IB
GE
,2
01
1
Fo
nt
e:
IB
GE
,2
01
4
Fo
nt
e:
Ip
ea
Fo
nt
e:
Co
la
b.
re
Fo
nt
e:
Po
rt
al
G1
,2
01
4
APLICATIVOS E SERVIÇOS
VIRTUAIS OFERECEM
SOLUÇÕES PARA
PROBLEMAS ANTIGOS
O
smartphone é responsável
por promover mudanças na
maneira pela qual os cidadãos
se relacionam com a cidade
Å e não é só pelos eventuais
esbarres de quem passeia pelas
calçadas digitando no aparelho.
O pernambucano =ustavo Maia,
por exemplo, percebia um pro-
blema nas formas tradicionais
de pressionar o poder público0
denúncias feitas por um cidadão
a rádios e TLs são isoladas e di-
ficilmente chegam aos ouvidos
de quem resolveria a questão.
Junto de tr…s sócios, ele fundou o
Colab.re, rede em que o usuário
pode publicar fotos de buracos nas
ruas, calçadas irregulares e outros
problemas urbanos. Gualquer pre-
feitura que queira se associar ao
aplicativo pode ter acesso dire-
to às reclamaçes, aumentando a
taxa de resolução dos problemas e
criando um canal de comunicação.
“Gueremos que a população co-
labore com o governo, e o governo,
com a população. Se as prefeituras
não participarem, o aplicativo se
tornará apenas um mural de re-
clamaçes que não são ouvidas”,
diz Maia. A proposta deu certo0
o aplicativo foi eleito pelo Morld
Summit Amards (MSA), da ODK,
como um dos cinco melhores do
mundo na categoria =overno e
Participação Popular. Dezenas de
prefeituras brasileiras, como as de
Diterói, Datal, Teresina e Porto
Alegre, já o adotaram. A iniciati-
va de Maia não está só0 a tecno-
logia preenche lacunas e melhora
a experi…ncia urbana em diversas
áreas (Wonheça outros serjiços e
apliWatijos ao lado). 34
300DossieCidadesVB.indd 34 17/06/2016 20:31:38

Outros materiais