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Construídascombaseeminteressespolíticoseeconômicos,asmetrópoles brasileirasnãoforammoldadasdeacordocomasnecessidadesdapopulação cheiro de pipoca doce no ar. O Museu da ?magem e do Som (M?S), em São Paulo, comemora o sucesso de uma mostra sobre a série infantilCastelo Fz!Hia!6ua. Localizado no bairro residencial Jardim Europa, a instituição rece- beu ônibus lotados de crianças de escolas públicas e particulares para visitar a atração, inaugurada no se- gundo semestre de 20'*. Os mo- radores, porém, não gostaram nem um pouco da iniciativa. “O museu está destruindo parte do bairro”, disse ao jornalCEstado de S" Paulo Maria Aparecida 8recheret, organi- zadora de um abaixo-assinado con- tra oM?S. “A rua já foi considerada a mais bonita do bairro, estamos desesperados.” Da região, uma das mais valorizadas da cidade, o preço dometro quadrado é estimado por imobiliárias em H� '7 mil. A pol mica é local, mas simbó- lica0 a disposição física da capital favorece determinados grupos so- ciais e acentua as desigualdades Å do momento em que a prefeitura reforma o asfalto das ruas de um bairro nobre e negligencia a cole- ta de lixo nas periferias até a se- leção de regies para que grandes grupos econômicos realizem seus investimentos. “A capacidade de fazer e refazer nossas cidades e a nósmesmos é, aomesmo tempo, o mais precioso e negligenciado dos direitos humanos”, afirma David >arveo, geógrafo brit~nico, no livro Cidades Febeldes. O tr~nsito inter- minável, a sensação de inseguran- ça e a falta de opçes populares de lazer e cultura são sinais de que as metrópoles não foram construídas para a maioria da população. Mas isso não significa que desenvolver um projeto de cidade mais partici- pativo seja uma tarefa impossível. CIDADE? QUEMÉ ADE 27 DOSSIÊ URBANISMO TEXTOBRUNOVAIANO ILUSTRAÇÃOVINI VALENTE DESIGN JOÃOPEDROBRITO EDIÇÃO THIAGO TANJI No de ha bi ta nt es (e m m ilh õe s) FOHTALEPA 1950 2010 8HASÞL?A 1960 2010 2 4 6 8 10 2000 2000 20 00 1991 19 91 20 00 2010 1991 20 10 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 são pau lo • fo rt al ez a • C E brasília • DF CADÊMINHA FRAÇÃO? O ADOx '879. Frederico =lette, imigrante ale- mão, é proprietário do =rande >otel, o mais luxuoso do 8rasil. Seu parceiro de negócios, Lítor Dothmann, é um rico sócio da cervejaria Stadt-8ern. Da época, o ciclo do café e o fim da escravidão aceleraram o processo de imigração de milhares de europeus, que lotavam cortiços com péssi- mas condiçes sanitárias lo- calizados nas áreas centrais da cidade de São Paulo. A população da capital atingiu 2*0 mil pessoas em '900, e a elite paulistana saiu em busca de ruasmais arejadas. Dothmann e =lette não perderam tempo dian- te dessa nova realidade. Compraram uma cháca- ra a oeste do centro, traça- ram terrenos com espaço para manses e jardins e venderam os lotes para os bares que não queriam morar tão perto dos traba- lhadores. Chamaram o bair- ro de Campos Elíseos. Gue aposta0 em São Paulo 5nti[o, obra de Antônio Egídio Martins publicada em '9'', os resultados rentáveis da dupla alemã são exibidos. “Foram despendidos com a abertura dessas ruas e ala- medas cerca de '00 contos, e apurados na venda dos lo- tes de terrenos perto de 800 contos.” Km lucro de 800%. Mais de um século depois, pouco mudou. “Os proprie- tários de terra ganhammui- to dinheiro disputando en- tre si os melhores pontos de crescimento da cidade”, diz JoãoMeoer, professor da Faculdade de Arquitetura e Krbanismo da KSP. >ámui- tos exemplos de =lettes e Dothmanns 8rasil afora, que veem crescer suas fortunas com amanipulação da legis- lação urbana para que bair- ros avancem em suas terras. Guando há obstáculos para a expansão urbana, a tend n- cia é concentrar mais gente no mesmo espaço0 então, o poder sai das mãos dos do- nos de terras e passa para in- corporadoras e construtoras. x o caso de 8alneário Camboriú, em Santa Catarina, cuja faixa litor~- nea de + quilômetros atrai arranha-céus residenciais de mais de *0 andares. As sombras dos prédios criam corredores frios nas ruas e, por ironia, escondem o sol dos banhistas que visi- tam a praia, localizada pró- xima a uma área de preser- vação ambiental. “A cidade precisa de incorporadores, mas é necessário orientar sua força”, diz Meoer. “>á metrópoles que atingiram um grau de complexidade social tão alto que existem questionamentos sobre essa atividade imobiliária.” … A CIDADE SÓ CRESCE ACIDADE SÓCRESCE ASMETRÓPOLES BRASILEIRAS SE EXPANDEM DE ACORDO COMOS RUMOS DITADOS POR PROPRIETÁRIOS DE TERRA E INCORPORADORAS NAS CINCOMAIORES CIDADES BRASILEIRAS, A QUALIDADE DE VIDA AUMENTOU NOS ÚLTIMOS 25 ANOS, MAS A DESIGUALDADE PERSISTE Fontes: Atlas do Desenvolvimento Urbano no Brasil – PNUD, 2013; Censos Demográficos – IBGE CALOR HUMANO Para trás, nem para pegar impulso. Nos anos 50, São Paulo era conhecida como a cidade que mais crescia no mundo. Veja a evolução da população das maiores capitais. IDHM ÍNDICE DE GINI (Índice de Desenvolvimento HumanoMunicipal) Avalia a qualidade de vida de uma cidade com base em indicadores como saúde, educação e renda. Quanto mais próximo de 1, melhor a situação social do local analisado. É um indicador de desigualdade. Quanto mais próximo de 0, mais igualitária é a cidade. Valores próximos de 1 revelam péssima distribuição de renda. 28 300DossieCidadesVB.indd 28 17/06/2016 20:31:16 SÀO PAKLO 1950 2010 H?O DE JADE?HO 1950 2010 SALLADOH 1950 2010 são paulo • SP 474.344 293.621 brasília • DF 126.169 62.977 salvador • BA 106.415 77.945 rio de janeiro • RJ 220.774 193.682 fortaleza • CE 95.166 53.327 2000 200 0 2000 20 00 1991 1991 2010 2010 20 10 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 o pau lo • SP salvador • BA rio de j ane iro • RJ … E O DE BAIXO DESCE AS PERIFERIAS CRESCEMMAIS POR FALTA DE DINHEIRO DO QUE POR FALTA DE ESPAÇO P xSS?MA distribuição de renda e rápido cres- cimento são uma com- binação que, aliada a interesses imobiliários, dá o retrato das metrópoles brasileiras. Guando há terra disponível por preço razoá- vel em regies distantes do núcleo urbano, ela é ocupa- da pela parcela da popula- ção que não pode pagar um imóvel em uma área central. A dist~ncia do emprego e dos serviços aumenta, e o poder público não é capaz de ex- pandir linhas de ônibus, rede elétrica, de água e esgoto na velocidade e qualidade neces- sárias. O resultado são con- diçes precárias de habitação e cidades que crescem pelas bordas, sem aproveitar os espaços intermediários. Para Lanessa Dadalin, do ?nstituto de Pesquisa Econômica Aplicada (?pea), 8rasília é um bom exemplo dessa situação. “As cidades que mais cres- cem estão no entorno, prin- cipalmente em =oiás, onde o preço dos imóveis é de um décimo do valor encontrado no Distrito Federal”, afirma. “Mas elas estão a mais de ,0 quilômetros da capital.” CADA VEZ MAIS LONGE SAUDOSA MALOCA LEGENDA COMO LER O GRÁFICO *O déficit habitacional representa o número de habitações que seria necessário para abrigar famílias sem-teto e pessoas que vivem em residências com situação precária 10 mil domicílios Déficit habitacional* Domicílios vagos Número de domicílios vagos é alto, mas não supera déficit habitacional R$ 100 R$ 5.000 R$ 200 R$ 4.000 R$ 1.000 R$ 3.000 R$ 2.000 IDHMÍndice de Gini Renda per capita dos 20% mais ricos Renda per capita dos 20% mais pobres Fontes: Déficit Habitacional Municipal no Brasil – Fundação João Pinheiro, 2010; Censo Demográfico – IBGE, 201029 300DossieCidadesVB.indd 29 17/06/2016 20:31:17 O PLANO DIRETORORIENTA A ATUAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS E PRIVADOS NA CONSTRUÇÃO DA CIDADE COMA CRIAÇÃO DE UMPLANO DIRETOR, AS CIDADES SÃO MAPEADAS EM REGIÕES COM PRIORIDADES E OBJETIVOS DIFERENTES Bairros residenciais nobres costumam ser avessos à presença de comércio e à circulação a pé. Durante o zoneamento, há uma disputa entre quem não quer alterar essa situação e os defensores da diversificação dos espaços. Em Salvador, Fortaleza e São Paulo é chamada "área de urbanização consolida- da". Corresponde a bairros com prédios comerciais e residenciais, lojas, serviços públicos e infraestrutura de transportes. Em geral, con- centram emprego e são alvo de deslocamentos diários. Áreas industriais e portuárias anti- gas, próximas a rodovias e ferrovias. Nessas regiões, o objetivo é renovar a atividade econômica, aproveitan- do a infraestrutura viária já existente, e aumentar a densidade habitacional. CADAUMNOSEUQUADRADO OSTENTAÇÃO1 1 ÁREA NOBRE2 2 6 GALPÕES3 E M 20'', após quase dez anos de discusses sobre o Plano Diretor (PDDK) de Salvador, um susto. Kma versão do pro- jeto de lei aprovada pelo pre- feito João >enrique (PP) entregava a cidade ao mercado imobiliário, autorizando um aumento de até +0% na altura dos prédios cons- truídos na orla e extinguindo áreas de proteção ambiental. A pressão popular levou o Tribunal de Justiça a emitir uma liminar de suspen- são dos artigos inconstitucionais. Essa não era a primeira vez que a aprovação da lei enfrentava di- ficuldades. “O Plano Diretor de 200* foi aprovado pela C~mara mesmo com questionamentos formais do Ministério Público da 8ahia. Mas o PDDK de 2008, re- sultado da revisão, apresentava mais problemas que o anterior�, diz Thais Hebouças, pesquisadora da Kniversidade Federal da 8ahia. Apesar de parecer um mistério para a maior parte da população, o papel do Plano Diretor é guiar o crescimento de uma cidade com base em critérios técnicos e prio- ridades socioeconômicas, como garantir o uso adequado do solo e evitar a retenção especulativa de imóveis. Desde a promulgação da Constituição de '988, é obri- gatório que cidades com mais de 20 mil habitantes elaborem um Plano Diretor, definido como um instrumento básico de desenvolvi- mento de acordo com o Estatuto da Cidade, lei federal de 200' que regulamenta a política urbana. UM OLHO NO GATO, O OUTRO NO PEIXE 3 30 300DossieCidadesVB.indd 30 17/06/2016 20:31:26 LEIS DE ZONEAMENTO E USO DO SOLO AJUDAM O PLANO DIRETOR A COLOCAR ORDEMNA CASA O PLADO D?HETOH não tra- balha sozinho. >á leis de caráter mais técnico que o acompanham, como a Lei de Poneamento, responsá- vel pela definição do que pode ou não ser construído em cada lugar. Entre os indicadores da lei estão o coeficiente de aproveitamento do terreno, que limita a área útil de um prédio, e a taxa de ocupa- ção, que garante uma dist~ncia razoável entre a fachada do edifí- cio e a rua. Esse tipo de limitação evita, por exemplo, a superlotação do sistema viário de uma região. Definir isso, porém, não de- pende só de boas intençes. “Kma decisão da C~mara de Lereadores pode duplicar o coe- ficiente de aproveitamento de um terreno, dobrando, portanto, o total permitido de área cons- truída”, explica Henato Sabooa, professor de Arquitetura da Kniversidade Federal de Santa Catarina (KFSC). “?sso pode re- presentar um aumento de vários milhes no lucro da incorporado- ra que construirá um prédio ali.” Sem audi ncias públicas, a bus- ca pelo lucro pode dar o tom em relação à qualidade de vida dos moradores da região. E não para por aí0 além de guiar o setor pri- vado e ouvir a população, o poder público também precisa ser proa- tivo. “x importante que o plano, como um todo, oriente as açes da prefeitura”, afirma Sabooa. A nós, resta ficar de olho. Subúrbios residenciais com pequenos prédios e comércio concentrado nas avenidas principais. Não apresentam problemas graves de infraestrutu- ra, mas precisam de investimentos. Localizadas às margens de represas e reservas ambientais, nos limites das metrópoles, essas áreas precisam equilibrar a resolução de problemas socioeconômicos e a preservação ambiental. Na cidade de Fortaleza, por exemplo, são caracterizadas como "zonas de ocupação moderada". Áreas destinadas à pre- servação ambiental estão no Plano Diretor da maior parte das cidades. Nessas regiões estão localizados parques, reservas naturais e mananciais com ecossiste- mas inalterados. Favelas são áreas de alta vulnerabilidade, consideradas, em muitas cidades, Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis). Devem receber investimento prioritário em infraestrutura. RESIDENCIAL4 4 QUASE LÁ6 AR PURO77 PRECÁRIO5 5 ÉUMA ZONA! Fontes: Lei no 16050/14 - PDE de São Paulo; Lei no 7400/2008 - PDDU de Salvador; Lei no 062/2009 - PDP de Fortaleza 31 300DossieCidadesVB.indd 31 17/06/2016 20:31:37 QUEMÉQUE MANDAAQUI? DEPOSITE SUASUGESTÃO CONSELHOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS FISCALIZAM A ATUAÇÃO DO ESTADO S E LOCÚ DESEJA ter voz em relação a decises que afe- tarão a saúde, a educação ou até o meio ambiente de sua cidade, o que não faltam são oportunidades de participar dessas discusses de maneira di- reta. O 8rasil possuía, em 2009, *3.'+, conselhos de gestão de po- líticas públicas, mais de oito por município, em média. x um nú- mero que cresce desde o início do processo de redemocratização, em '98,. Dem tudo são Óores, porém. A maior parte dos conselhos ainda não é de instituição obriga- tória. E muitas das votaçes, na prática, não atraem a população nem geram resultados notáveis. “x algo formal, acad mico. Faltam estratégias para alcançar mais pes- soas, já que não é todomundo que está acostumado ao formato”, afir- ma a urbanista Laura Sobral. Ela é presidente da organização sem fins lucrativos A Cidade Precisa de Loc , que pesquisa e desen- volve açes em espaços públi- cos. Sobral também participa da Comissão de Proteção à Paisagem Krbana (CPPK) de São Paulo, ór- gão autorizado a tomar decises independentemente de inst~ncias superiores Å algo raro, segundo a urbanista, que apoia a atuação em frentes múltiplas. “Fazem falta ins- t~ncias colaborativas e conselhos deliberativos”, diz. “x necessária a atuação do pessoal que gosta de ir a esses conselhos, mas também daqueles que ocupam as escolas.” Ana Carolina Dunes, articulado- ra do Sampapé, movimento que estimula caminhadas pela cidade, concorda. “Cada um cria a pró- pria maneira de fazer a cidade”, afirma. “>á militantes que atuam em conselhos participativos, mas há quem não consiga encaixar sua pauta e sua forma de trabalhar.” CONSELHOSPARTICIPATIVOSDIVIDEMESPAÇOCOMNOVOS PROJETOSDE INTERVENÇÃOEOCUPAÇÃODOESPAÇOURBANO MÃONAMASSA KM CODSEL>O DE =ESTÀO DE POLÞT?CAS Pæ8L?CAS é um colegiado criado por iniciativa do Estado que inclui membros da sociedade civil e do poder público. Em geral, qualquer cidadão que possua um título de eleitor pode ser conselheiro Å a função não é remunerada. A ideia é permitir que a população fiscalize a aplicação de recursos públicos de uma determinada área, sugerindo alteraçes e melhorias. Esses conselhos costumam ser temáticos0 de mobilidade, saúde, educação, meio ambiente e direitos huma- nos. Muitos deles são paritários e bipartites Å quando há igual representação de membros do Estado e da sociedade. Em outros casos, são tripartites ou múltiplos, em que existem diferentes gru- pos representados durante os momentos de discussão. Antes de ir para a Câmara de Vereadores , o plano deve passar por revisão popular Conselheiros HeaztiWos Fe[ionais Esse modelo é o adotado em Porto Alegre desde 1989 Consultijo MNLM Aojiaentos estaduais e auniWipais ELABORAÇÃO 5presentação da proposta Fejisão partiWipatija 5projação na C|aaraFontes: Instituições Participativas e Desenho Institucional, Leonardo Avritzer, 2008; Mapeamento de Institucionalização dos Conselhos Gestores de Políticas Públicas nos Municípios Brasileiros, Danitza Buvinich, 2013 32 300DossieCidadesVB.indd 32 17/06/2016 20:31:38 OORÇAMENTOPARTICIPATIVO PERMITEQUEOPOVO DECIDAPARAONDEVAIO DINHEIRODA PREFEITURA INVESTIMENTO DEMOCRÁTICO Um conselho vinculado é o que está diretamente associado a um programa governamental Em Porto Alegre, gestores locais são responsáveis pelos Centros Administrativos Regionais (CAR) Há ONGs mais hierárquicas e outras de organização horizontal SOCIEDADE GOVERNO :rua de dele[ados BIPARTITE TRIPARTITE TRADICIONAIS ALTERNATIVAS VinWulado Bão jinWulado Paritzrio Deliberatijo :isWalinado Boraatijo R ECOD>EC?DO pelo 8anco Mundial como refer ncia internacional em participa- ção popular, o Orçamento Participativo (OP) de Porto Alegre é, desde '989, um exemplo de 8rasil que dá certo. A prática iniciada na capital gaúcha já foi adotada em mais de 200 municí- pios brasileiros e inspirou políti- cas de transpar ncia administra- tiva em cidades comoMontevidéu e 8arcelona. Em um ciclo anual de reunies e votaçes �jeja [rzÐWo ao lado�, a população elege dele- gados e conselheiros, que atuam por região ou por tema e definem o destino das verbas públicas. A prática, agora, pode se benefi- ciar de ferramentas digitais. x o caso da cidade de Santos, no litoral paulista, que retomou seu OP em 20'3 e adotou o aplicativo Colab.re para conduzir o processo online a partir deste ano. “>á um tempo de assimilação necessário. x uma prática inovadora Å esse é um ano de experi ncia”, diz o pre- feito de Santos, Paulo Alexandre 8arbosa (PSD8). A parcela des- tinada ao OP ainda é pequena0 H� '0 milhes, ou 0,*% do or- çamento da cidade. Por meio do aplicativo, é possível escolher uma série predeterminada de obras em que os recursos serão aplicados. O prefeito promete, depois da experi ncia, ampliar a parcela do orçamento destinada ao OP. Até agora, só , mil cidadãos participa- ram do processo, o equivalente a ',*% da população santista. MO VIM EN TO S D E LU TA PO RM OR AD IA ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ASSOCIAÇÕES DE MORADORES OR GA NIZ AÇ ÕE S S EM FIN S L UC RA TIV OS CONSELHOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS AUDIÊNCIAS DE PLANO DIRETOR MÚLTIPLO Coordenadores teaztiWos SeWretaria AuniWipal de Planejaaento Estrat[iWo e Crçaaento ;estores loWais SeWretaria AuniWipal de ;ojernança @oWal PreZeitura ESTADO Bão paritzrio Cbri[atrio Bão obri[atrio COMOASOCIEDADECIVILSERELACIONA COMOESTADOPARAPLANEJARACIDADE 33 300DossieCidadesVB.indd 33 17/06/2016 20:31:38 PorWenta[ea de auniW pios brasileiros Woa pol tiWas de aWessibilidade 50% 25% 75% At é 5 m il 5 -1 0 m il 10 -2 0 m il 20 -5 0 m il 50 -1 00 m il No de ha bi ta nt es PorWenta[ea de auniW pios brasileiros Woa aWesso { internet sea Ðo 10 0 -5 00 m il +5 00 m il 6 milhões 3 milhões 9 milhões Nú m er o de tr an sf er ên cia s Via[ens por naero de transZerênWias na Fe[ião Aetropolitana de São Paulo 3 ou mais 210 FeWlaaaçes aais Woauns no apliWatijo 40% 20% 60% Es ta cio na m en to irr eg ul ar Bu ra co sn as vi as En tu lh o Li m pe za pú bl ica Ou tr os Extensão da aalha urbana brasileira Malha viária total 97.979 km Malha cicloviária total 1.118 km 19,30% CIDADENAPALMADAMÃO ACESSIBILIDADE GUIA DE RODAS O QUE É? Mapa colaborativo para pessoas com dificuldades de locomoção receberem informações sobre acessibilidade emdiferentes locais. POR QUE VOCÊ PRECISA DELE? Porque acessibilidade não é prioridade na maior parte dos municípios brasileiros. SOLUÇÃO DE PROBLEMAS COLAB.RE O QUE É? Plataforma em que cida- dãos colocam fotografias de problemas urbanos típi- cos, como buracos nas ruas. As prefeituras associadas contam com acesso direto à lista de reclamações. POR QUE VOCÊ PRECISA DELE? Porque não adianta reclamar de um problema se essa demanda não alcançar os ouvidos da prefeitura. INTERNET 4SQWIFI O QUE É? Identifica em ummapa de qualquer cidade do mun- do lugares que possuam pontos de wi-fi gratuitos. Não bastasse o favor, ele ainda oferece as senhas. POR QUE VOCÊ PRECISA DELE? Por que o wi-fi público no Brasil tem pouca disponibilidade de acesso aos cidadãos. ÔNIBUS CRUZALINHAS.COM O QUE É? Site paulistano que exibe todas as rotas das linhas de ônibus da cidade. Oferece as melhores opções de trajetos para o usuário e compara as alternativas. POR QUE VOCÊ PRECISA DELE? Para descobrir trajetos e transferências: às vezes, pegar dois ônibus pode ser mais rápido. BICICLETA BIKE ON O QUE É? Aplicativo que rastreia as rotas mais pedaladas de uma cidade, além de incluir avisos de obras, acidentes e trânsito, ao melhor estiloWaze. POR QUE VOCÊ PRECISA DELE? Porque as ciclovias ainda representam apenas 1% da malha viária do Brasil. Fo nt e: IB GE ,2 01 1 Fo nt e: IB GE ,2 01 4 Fo nt e: Ip ea Fo nt e: Co la b. re Fo nt e: Po rt al G1 ,2 01 4 APLICATIVOS E SERVIÇOS VIRTUAIS OFERECEM SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS ANTIGOS O smartphone é responsável por promover mudanças na maneira pela qual os cidadãos se relacionam com a cidade Å e não é só pelos eventuais esbarres de quem passeia pelas calçadas digitando no aparelho. O pernambucano =ustavo Maia, por exemplo, percebia um pro- blema nas formas tradicionais de pressionar o poder público0 denúncias feitas por um cidadão a rádios e TLs são isoladas e di- ficilmente chegam aos ouvidos de quem resolveria a questão. Junto de tr s sócios, ele fundou o Colab.re, rede em que o usuário pode publicar fotos de buracos nas ruas, calçadas irregulares e outros problemas urbanos. Gualquer pre- feitura que queira se associar ao aplicativo pode ter acesso dire- to às reclamaçes, aumentando a taxa de resolução dos problemas e criando um canal de comunicação. “Gueremos que a população co- labore com o governo, e o governo, com a população. Se as prefeituras não participarem, o aplicativo se tornará apenas um mural de re- clamaçes que não são ouvidas”, diz Maia. A proposta deu certo0 o aplicativo foi eleito pelo Morld Summit Amards (MSA), da ODK, como um dos cinco melhores do mundo na categoria =overno e Participação Popular. Dezenas de prefeituras brasileiras, como as de Diterói, Datal, Teresina e Porto Alegre, já o adotaram. A iniciati- va de Maia não está só0 a tecno- logia preenche lacunas e melhora a experi ncia urbana em diversas áreas (Wonheça outros serjiços e apliWatijos ao lado). 34 300DossieCidadesVB.indd 34 17/06/2016 20:31:38
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