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1 NOTAS DE AULA MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 10. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. VÁZQUEZ, A. S. Ética. 28. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. KANT – TEORIA DEONTOLÓGICA DA NORMA 1. As três principais obras de Kant sobre questões éticas: Fundamentação da metafísica dos costumes (1785), Crítica da razão prática (1788), que tratam da ética no sentido puro, e Metafísica dos costumes (1797). 2. A ética é estritamente racional, bem como universal, no sentido de que não está restrita a preceitos de caráter pessoal ou subjetivos, nem a hábitos e práticas culturais ou sociais. Os princípios éticos são derivados da racionalidade humana. 3. A moralidade trata assim do uso prático e livre da razão. 4. Os princípios da razão prática são leis universais que definem nossos deveres. Os princípios morais resultam da razão prática e se aplicam a todos os indivíduos em qualquer circunstância. 5. Ética kantiana é uma ética do dever, ou seja, uma ética prescritiva. 6. O homem é essencialmente um ser racional e se distingue da ordem natural, não estando, no campo do agir moral, submetido às leis causais, mas sim aos princípios morais derivados de sua razão, ao dever. 7. Sentido da liberdade humana no plano moral: a moral é independente do mundo da natureza. 8. Objetivo fundamental de Kant: estabelecer os princípios a priori, ou seja, universais e imutáveis, da moral. Seu foco é o agente moral, suas intenções e motivos. 9. Kant divide os imperativos em categóricos e hipotéticos. 10. Imperativos categóricos (ou absolutos): • O dever consiste na obediência a uma lei que se impõe universalmente a todos os seres racionais. • “Age de tal forma que sua ação possa ser considerada como uma norma universal”. • Toda ação exige a antecipação de um fim, o ser humano deve agir como se este fim fosse realizável. • Declaram que uma ação é objetivamente necessária sem que a sua realização esteja subordinada a um fim ou a uma condição; por isto, é uma norma que vale sem exceção. • Todas as normas morais (como “não matar”, “não roubar”, “não mentir”, “não quebrar uma promessa” etc.) são imperativos categóricos. • Proíbem atos que não podem ser universalizados e não admitem exceções em favor de alguém. 11. Imperativos hipotéticos: • Têm um caráter prático, estabelecendo uma regra para a realização de um fim, como: “Se você quiser ter credibilidade, cumpra suas promessas”. • Postulam uma ação praticamente necessária se a vontade se propõe determinado fim; por conseguinte, subordinam a sua realização aos fins previstos como condições. • As regras práticas, da habilidade, são deste tipo; por exemplo, “se queres informar-se sobre este assunto, lê esse livro”. A validade desta regra depende de uma condição: querer informar-se. • A ação deve ser realizada somente enquanto se pretende alcançar este fim, e, portanto, é a sua condição ou meio de realização. 2 12. Teorias deontológicas da norma (a teoria kantiana da obrigação moral): sustentam que o dever em cada caso particular deve ser determinado por normas que são válidas independentemente das consequências de sua aplicação. 11. Teses fundamentais: a) o único bom moralmente, sem restrições, é a boa vontade; b) a boa vontade é a vontade de agir por dever; e c) a ação moralmente boa, como ação querida por uma boa vontade, é aquela que se realiza não somente de acordo com o dever, mas pelo dever. 12. Uma ação pode cumprir-se conforme o dever, mas não por dever, e sim por inclinação ou interesse; neste caso, não será moralmente boa. Atuamos realmente por dever quando agimos como seres racionais. 13. Agir por dever é operar puramente conforme a lei moral que se expressa nos imperativos universalizáveis, e a vontade que age desta maneira, movida pelo sentimento do dever, independentemente de condições e circunstâncias, interesses ou inclinações, é uma vontade “boa”. O dever não é outra coisa senão exigência de cumprimento da lei moral, em face da qual as paixões, os apetites e inclinações silenciam. O dever se cumpre pelo próprio dever, pelo sentimento do dever de obedecer aos imperativos universalizáveis. 14. Como a razão é a faculdade do universal, dizer que a boa vontade age por dever significa que age apenas de um modo universal, ou seja, de acordo com a máxima universalizável (válida não somente para mim, mas para os demais: máxima que não admite exceções em nosso favor). 15. A exigência da razão é uma exigência de universalidade, e esta exigência com a qual apresenta a sua lei – lei moral “a priori”, válida para todos os seres racionais – à vontade do homem, que é, ao mesmo tempo, racional e sensível, assume a forma de um mandamento ou de um imperativo. 16. Todos os imperativos expressam o que deve fazer uma vontade subjetiva imperfeita que, pertencendo a um ser ao mesmo tempo racional e sensível, não está infalivelmente determinada por uma lei racional objetiva. Os imperativos indicam um dever à vontade imperfeita (humana, neste caso).
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