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1 2 Olá galera, como estão os estudos? Tenho certeza que destruindo! Sabemos que o tempo é uma das coisas mais preciosas em nossa vida, sabemos também que hoje em dia é algo que nos falta... e MUITO!! Por isso, nós, equipe do Direito Esquematizado, reunimos todo o nosso conhecimento e produzimos um conteúdo fácil, esquematizado e rápido de aprender Antes de iniciar o conteúdo, gostaria de pedir 2 favores: 1. Compartilhem esse material com seus amigos da Faculdade, Advogados, MP, etc., e claro, pode compartilhar também com sua mãe, pai, cachorro, papagaio... Pois somente com a ajuda de vocês o nosso trabalho irá crescer cada vez mais 2. Deixem sugestões, críticas, feedbacks em nosso site, em nosso e-mail contatodireitoesquematizado@gmail.com, ou até mesmo em nossa página do Facebook. Somente desta forma os materiais ficarão cada vez melhores Bem, chega de papo afiado e vamos lá! “O conhecimento quando compartilhado é muito melhor, pois, todos são beneficiados com novas formas de enxergar o mundo” 3 DIREITO PENAL No início deste E-Book serão tratados alguns pontos da Parte Geral do Direito Penal, como forma de relembrar/revisar temas necessários que serão muito utilizados nos delitos em espécie Em especial, serão tratados Crimes contra a Pessoa, mais especificamente os Crimes contra a Vida: Homicídio em todas suas espécies Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio Infanticídio Aborto Parte Especial do Código Penal NORMAS PENAIS Na parte especial do Código Penal, existem basicamente TRÊS MODALIDADES de normas penais: INCRIMINADORA – Definem as infrações penais e fixam as respectivas penas. São as chamadas tipos penais, que se subdividem-se em: Primário: Descreve a conduta típica, ou seja, os elementos necessários para que o fato seja considerado criminoso. Ex.: Art. 121: Matar Alguém o Elementos – Requisitos que compõem o tipo penal: Objetivos – São os verbos constantes dos tipos penais. Não requer explicação nenhuma para ser entendido, sua descrição é chamada de tipos normais. Ex.: Matar, ato libidinoso, vantagem Subjetivos – Expressões dentro do tipo penal que faz menção a intenção do agente, chamados de tipos anormais. Ex.: Subtrair coisa móvel para si ou para outrem, sendo assim diz respeito a intenção do agente obter vantagem Normativos – Palavras que dependem de uma interpretação jurídica e que irá se socorrer de outro dispositivo, chamados também de tipos anormais Secundário: Encontra a sanção penal, prevê a quantidade da pena a ser aplicada. Ex.: Art. 121: Pena – reclusão, de seis a vinte anos INCRIMINADORAS 1 PERMISSIVAS 2 EXPLICATIVAS 3 4 PERMISSIVA – Prevê a licitude ou a impunidade de determinados comportamentos, apesar de se enquadrarem na descrição típica. Está disposto tanto na parte geral quanto na parte especial do Código. Ex.: Legítima Defesa (parte geral), Aborto possível no caso de salvar a gestante (parte especial) EXPLICATIVA – O próprio legislador escreve no texto da lei o que ele quis dizer ao utilizar determinada expressão (Interpretação Autêntica). Encontra um parágrafo explicando o artigo da lei. Ex.: Art. 150, §4º e 5º do CP esclarece o que está e o que não está contido no significado da palavra “casa” OBS.: Alguns temas já foram abordados na primeira parte do estudo da parte geral do Direito Penal. Entretanto são temas necessários para estudar os delitos em espécie, previstos na parte especial do Código. Então, vamos revê-los: OBJETOS JURÍDICOS Quando o legislador incrimina determinada conduta, a intenção é evitar que ela se realize. Sendo assim ao tipificar determinada conduta, tem por objetivo proteger algum ou alguns bens jurídicos, essa finalidade de proteção é chamada de objetividade jurídica. O Objeto Jurídico é dividido em: Simples Crime cujo tipo penal tutela um único bem jurídico, como ocorre no homicídio, em que a vida humana é o único bem tutelado Complexo Crime cujo tipo penal tutela mais de um bem jurídico, como o latrocínio que tutela o patrimônio e a vida A CONDUTA E SUAS CLASSIFICAÇÕES Crimes Comissivos Praticados por meio de uma ação, ou seja, a partir de um comportamento positivo em que o agente faz ou realiza algo. Nesses casos a lei determina um NÃO fazer e o agente comete o crime exatamente por fazer aquilo que a lei proíbe Crimes Omissivos Subdivididos em: Próprios: Descreve como ilícito um NÃO FAZER, o sujeito está em situação que deve agir, ou seja, estabelece certas situações em que a pessoa deve agir e, caso não o faça, incorre no delito Ex.: Omissão de socorro, em que uma pessoa vislumbra outra em situação de perigo, e podendo ajuda-la, nada faz Impróprios ou Comissivos por Omissão: Não está previsto na Parte Especial do CP como delitos autônomos. Sua verificação decorre da norma do art. 13, §2º, do CP, que estabelece hipóteses que o sujeito tem o dever jurídico de evitar o resultado e, caso não o faça, responde pelo crime. Ex.: Pais devem zelar pelos filhos, responsabilidade da babá cuidar da criança, quando o agente deu causa aquele perigo 5 Crimes de Ação Livre Não exige nenhuma forma especifica de praticar a conduta, pode executar por qualquer meio. Ex.: O homicídio pode ser cometido por meio de disparo de arma de fogo, afogamento, golpe de faca, etc Crimes de Ação Vinculada Descreve a forma de execução. Ex.: Art. 136 CP, crimes de maus tratos só se configura quando há privação de alimentação ou de cuidados indispensáveis Crimes de Ação Múltipla Possuem vários verbos separados pela partícula “ou”. Tem vários verbos dentro do mesmo tipo penal. Ex.: Crime de tráfico, art. 36 da Lei de Drogas Crimes Habituais Configuram pela reiteração de atos da mesma espécie, como os crimes de curandeirismo (art. 284 CP) e casa de prostituição (art. 229 CP) Crimes Comuns São aqueles que podem ser cometidos por qualquer pessoa pelo simples fato do tipo penal não exigir qualquer condição especial De Mão Própria A conduta só pode ser praticada por uma única pessoa, razão pela qual NÃO é possível coautoria, mas ADMITE participação. Ex.: Auto aborto, ninguém além da gestante pode praticar o aborto, porém o namorado dela pode incentiva-la a tomar um medicamento abortivo Crimes Próprios Só podem ser cometidos por determinada categoria de pessoas, por exigir do tipo penal certa qualidade ou característica no sujeito ativo. Entretanto a pessoa que não se reveste da referida qualidade também pode ser responsabilizada pelo crime próprio, caso tenha, dolosamente, colaborado para sua prática (Art. 30 CP). Sendo assim ADMITE coautoria e participação. Ex.: Crime de corrupção passiva Crimes Unissubjetivos Crimes que podem ser praticados por uma pessoa ou por duas ou mais. Não exige pluralidade de agentes, chamados de concurso eventual Crimes Plurissubjetivos Crimes que só podem ser praticados por duas ou mais pessoas em concurso. Exige a pluralidade de agentes, chamados de concurso necessário, divididos em: Condutas Paralelas – Os agentes auxiliam-se mutuamente, visando um resultado comum. Ex.: Crime de associação criminosa (Art. 288 CP) Condutas Convergentes – As condutas se encontram gerando imediatamente o resultado, como ocorre no crime de bigamia (Art. 235 CP) Condutas Contrapostas – Os envolvidos agem uns contra os outros, como ocorre no crime de rixa (Art. 137 CP)6 MODALIDADES DE SUJEITO SUJEITO ATIVO Este tópico diz respeito ao sujeito ativo do crime, ou seja, quem pode cometer determinada infração penal, e, ainda, se é possível que duas ou mais pessoa o pratiquem em conjunto Diante disto há várias denominações para cada um desses aspectos: o Autor – Quem executa a conduta típica descrita na lei, realiza o verbo contido no tipo penal. o Coautoria – Duas ou mais pessoas, conjuntamente, realizam o ato executório. o Participação – Forma de concurso de agentes em que o envolvido não realiza quaisquer das condutas típicas, mas, de alguma outra forma, concorre para o delito. SUJEITO PASSIVO É a pessoa ou entidade que sofre os efeitos do delito, é a vítima do crime Existem alguns crimes em que o sujeito passivo é uma entidade sem personalidade jurídica, como a família, a sociedade, etc. Esses delitos são chamados de crime vagos CONSUMAÇÃO E CLASSIFICAÇÕES DOS CRIMES Um crime se considera consumado quando se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Consumado o delito, estará o Juiz autorizado a aplicar por completo a pena prevista em abstrato na norma penal incriminadora Para se verificar se um delito se consumou, faz-se necessário analisar quais os elementos componentes de sua descrição típica e à existência de quais deles a lei vinculou a aplicação da pena prevista na Parte Especial Refere-se ao RESULTADO do crime como condição para se consumar: CRIMES MATERIAIS – A lei descreve uma ação e um resultado e exige a ocorrência desta ação e resultado para considerar o crime consumado, Ex.: Morte no homicídio CRIMES FORMAIS – A lei descreve uma ação e um resultado, mas a redação do dispositivo deixa evidenciado que a consumação se dá no momento da ação, sendo assim não exige o resultado para ser considerado crime, Ex.: Extorsão mediante sequestro, quando é sequestrada já se consuma, não é necessário receber o resgate CRIMES DE MERA CONDUTA – A lei descreve apenas uma ação e, portanto, consumam-se no exato instante em que esta é realizada, Ex.: Violação de domicílio 7 Refere-se à DURAÇÃO no momento da consumação: ELEMENTOS SUBJETIVOS CRIMES DOLOSOS São aqueles em que o agente QUER o resultado (dolo direto) ou ASSUME o RISCO de produzi-lo (dolo eventual ou alternativo). O dolo pode ser: DIRETO – O agente quer o resultado INDIRETO – O agente assume o risco de produzir o resultado. (É o foda-se!!). Dividido em: Dolo Eventual – Quando o agente assume o risco de produzir o resultado, sendo indiferente a sua vontade em cometer o crime ou não comete-lo Dolo alternativo – Tanto faz para o agente cometer um crime ou outro crime CRIMES CULPOSOS São aqueles em que o resultado ilícito decorre de imprudência, negligência ou imperícia. A existência da modalidade culposa de determinada infração penal pressupõe expressa previsão no texto legal CULPA CONSCIENTE Ocorre quando o agente prevê o resultado, mas diferente do dolo indireto, o agente não aceita de qualquer maneira aquele resultado. (É o fudeu!!) CRIMES PRETERDOLOSOS São considerados crimes híbridos, em que a lei descreve uma conduta inicial dolosa agravada por um resultado culposo. Ocorre dolo no antecedente e culpa no consequente. Ex.: Dar um murro para apenas machucar, mas a vítima cai no chão bate a cabeça e morre. Neste caso irá responder pelo dolo antecedente em uma modalidade mais grave CRIMES DE PROGRESSÃO CRIMINOSA A primeira e a segunda conduta criminosa são na modalidade dolosa, porém a primeira conduta é menos grave que a segunda. Desta forma a mais grave absorve o crime menos grave CRIMES INSTANTÂNEOS – O momento da consumação ocorre no mesmo instante, não se prolonga no tempo. Ex.: Crime de lesões corporais CRIMES PERMANENTES – O momento da consumação se estende no tempo por vontade do agente. Ex.: Crime de sequestro CRIMES INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES – Ocorre no mesmo instante, mas que seus efeitos se prolongam permanente. Ex.: Homicídio 8 DOS CRIMES CONTRA A VIDA A vida é o bem jurídico mais valioso de que dispõe o ser humano, de modo que o primeiro crime previsto na Parte Especial do Código Penal é o homicídio. Além dele, prevê a punição do infanticídio, a punição de quem instiga ou auxilia o suicídio e a punição da provocação dolosa do aborto Os crimes previstos neste Capítulo, com exceção da modalidade culposa de homicídio, são julgados pelo Tribunal do Júri, na medida em que o art. 5º, XXXVIII, d, da CF, confere ao Tribunal Popular competência para julgar os crimes dolosos contra a vida O Tribunal de Júri competente para julgar será aonde ocorreu a morte, quando for consumado, e no local de onde ocorreu o crime, quando for tentado Em relação a Justiça Competente para julgar os crimes contra a vida, a regra é o Tribunal do Júri da Justiça Estadual, porém tem casos que é da Justiça Federal (art. 89, VI e IX CF – Homicídio praticado contra um servidor federal no exercício de sua função) Obs.: Só responde pelo homicídio perante a Justiça Militar quando um militar matar outro militar. Se um militar matar um civil é atribuição da Justiça Estadual HOMICÍDIO O homicídio pode ser: DOLOSO ou CULPOSO O Homicídio Doloso subdivide-se em 3 Modalidades: CONCEITO O homicídio consiste na eliminação da vida humana extrauterina provocada por outra pessoa. A vítima deixa de existir em decorrência da conduta do agente. Desta forma como é tutelado um único bem jurídico é classificado como crime simples (Não vamos confundir crime simples com homicídio simples, pois até homicídio qualificado é classificado como crime simples, afinal tutela apenas um bem jurídico) O ato homicida pode ser realizado pessoalmente, atiçado por algum animal feroz, ou até mesmo se valendo de um inimputável O texto legal não define quando um homicídio é considerado simples. O legislador preferiu definir expressamente apenas as hipóteses em que o crime é privilegiado ou qualificado Vida humana intrauterina é tutelada pelo Aborto, para saber se o bebe nasceu com vida, retira o pulmão da criança e coloca na agua, se boiar nasceu com vida, se afundar não nasceu com vida SIMPLES - Art. 121, caput CP PRIVILEGIADO - Art. 121, §1º CP QUALIFICADO - Art. 121, §2º CP 9 MEIOS DE EXECUÇÃO Alguns meios de execução tornam o crime qualificado, como, por exemplo, o fogo, asfixia, explosão etc. Desta forma o fato de admitir qualquer meio de execução faz com que o homicídio seja classificado como crime de ação livre É possível até que o crime de homicídio seja praticado por omissão, como, por exemplo, no caso da mãe querer a morte do seu bebê e deixa de alimenta-lo. Neste caso ocorre um crime comissivo por omissão, em que a mãe tinha o dever jurídico de evitar o resultado, sendo a autora do crime Entretanto pode acontecer também a participação por omissão, como no caso de um policial ver uma pessoa estrangulando a outra, porém permite que o homicídio aconteça, deixando o dever jurídico de agir de lado ABSOLUTA INEFICÁCIA DO MEIO Quando o agente realiza um ato agressivo visando matar a vítima, mas esta sobrevive, ele só pode ser responsabilizado por tentativa de homicídio se ficar demonstrado que o meio executório por ele empregado poderia ter causado a morte e que isso só não ocorreu por circunstancias alheias à sua vontade Para entender melhor, vamos citar um exemplo: Se uma pessoa diz a outra que quer cometer um homicídio e pede a ela uma arma emprestada e esta última entregauma arma de brinquedo, dizendo ao executor que ela é verdadeira, mas este se aproxima da vítima e aperta o gatilho, sem conseguir, evidentemente, causar-lhe qualquer arranhão, não responde por qualquer ilícito penal, muito embora tenha apertado o gatilho da arma de brinquedo querendo matar a vítima Desta forma arma de brinquedo simulado é absoluta ineficácia do meio, pois se trata de crime impossível, não irá responder contra a vida Outra modalidade é a arma descarregada ou quebrada, que também serão casos de crime impossível Já a arma ou munição que falha há uma ineficácia relativa, nesses casos não são considerados crimes impossíveis, portanto o agente irá responder por tentativa de homicídio Esquematizando: Arma de brinquedo, descarregada ou defeituose Meio absolutamente ineficaz Crime impossível Conduta atípica Arma ou projétil que falha Meio relativamente ineficaz Tentativa de homicídio 10 SUJEITOS DO CRIME O homicídio é classificado como crime comum, pois qualquer pessoa pode praticar esse crime Sujeito Ativo Pode ser qualquer um, não havendo nenhuma condição especial para a autoria, salvo o infanticídio Admite também coautoria e participação. COAUTORIA ocorre quando duas pessoas realizam os atos executórios do homicídio, sendo uma intenção só dos dois agentes. PARTICIPAÇÃO ocorre quando a pessoa não realizar ato executório do homicídio, mas, de alguma forma, colaborar para o delito AUTORIA COLATERAL Ocorre quando duas pessoas querem matar a mesma vítima e realizam o ato executório ao mesmo tempo, sem que uma saiba da intenção da outra AUTORIA INCERTA Ocorre quando estiverem presentes os requisitos da autoria colateral, mas NÃO for possível estabelecer qual dos envolvidos deu causa à morte AUTORIA MEDIATA O autor se serve de uma pessoa que não tem consciência do que está fazendo ou se serve de uma pessoa que não tem vontade, desta forma não há coautoria pois não tem culpabilidade, sendo o executor apenas um mero instrumento ESQUEMATIZANDO COAUTORIA OU PARTICIPAÇÃO Um sabe da intenção do outro Ambos causam a morte Ambos respondem pelo homicídio consumado AUTORIA COLATERAL Ambos ignoram a intenção do outro Sabe-se qual causou a morte Um responde por consumado e outro por homicídio tentado AUTORIA INCERTA Ambos ignoram a intenção do outro Não se consegue saber qual causou a morte Ambos respondem pela tentativa Sujeito Passivo Pode ser qualquer ser humano. Após o nascimento toda e qualquer pessoa que tenha vida pode ser vítima do crime de homicídio Todavia, dependendo de certas características do sujeito passivo, haverá um deslocamento do crime de homicídio para outros previstos em Leis Especiais Por exemplo, quem mata dolosamente o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal, comete o crime do art. 29 da Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83) 11 Comete o Crime de Genocídio quem mata, com intenção de destruir, no todo ou em parte, Grupo Racional, Étnico, Racial ou Religioso – Previsto no art. 1º da Lei nº 2.889/56 – O cara é tipo Hitlerzão OBS¹.: O Sujeito passivo no crime de homicídio tem que estar vivo no momento do homicídio. Estando já morto é considerado crime impossível por absoluta impropriedade do objeto OBS².: No caso de Carta Bomba em que foi enviada antes da vítima morrer por outra causa, irá responder por tentativa de homicídio OBS³.: No caso do agente dar um tiro em uma pessoa, sem saber que ela já está morta, não irá responder por nada, nem por desrespeito ao cadáver, pois não tinha o dolo de desrespeito, mas sim o dolo de matar, o que foi impossível, isso acontece porque o Código não prevê a modalidade culposa na destruição de cadáveres CONSUMAÇÃO A consumação do homicídio, por óbvio, se dá no momento da morte decorrente da conduta dolosa do agente. Desta forma o homicídio é um crime instantâneo de efeitos permanentes A morte é um processo que envolve várias etapas (circulação, musculatura, batimento cardíaco). Sendo assim só acontece a morte com a cessação da atividade encefálica (feita a leitura zerada de eletroencefalograma, devem os médicos manter a circulação e respiração para ser feita a doação de órgãos – Lei nº 9.434/97) A materialidade do homicídio é demonstrada pelo exame necroscópico. Se não for possível o exame de corpo por ter desaparecido, a materialidade do homicídio pode ser demonstrada por prova testemunhal (Art. 167 CPP), na qual o condenado irá ser condenado por homicídio sem o corpo, como foi o caso do goleiro frangueiro Bruno TENTATIVA É plenamente possível a tentativa de homicídio, para tanto exigem 3 Elementos para ser considerado: 1) Prova inequívoca que o agente pretendia matar – Leva em conta o elemento subjetivo do agente, pois é o que diferencia do crime de lesão corporal e da tentativa de homicídio 2) Efetivo início de execução – Só é possível reconhecer a existência de tentativa se o agente já deu início à execução do crime, antes disso, eventuais atos perpetrados pelo agente são meramente preparatórios e ainda não constituem infração penal 3) Inocorrência do resultado – Precisa se dar por circunstância alheia a vontade do agente É possível que uma pessoa responda por 2 tentativas de homicídio contra a mesma vítima, desde que os atos agressivos que visavam a sua morte tenham sido realizados em contexto fáticos diferentes Se o agente tenta matar a vítima em uma oportunidade e, cessada a execução deste crime, em outro contexto fático, realiza novo ato agressivo conseguindo matá-la, responde por dois crimes, um tentado e outro consumado A tentativa pode ser: TENTATIVA BRANCA – A vítima sai ilesa, não atinge o corpo e não sofre sequer alguma lesão; ou TENTATIVA CRUENTA – A vítima sofre lesão corporal 12 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA Configura desistência voluntária quando o agente desiste voluntariamente de prosseguir na execução do assassinato, sendo assim responde somente pelos atos já praticados Elementos da Desistência voluntária: 1) Efetivo início de execução 2) Possibilidade de prosseguimento na execução 3) Omissão no prosseguimento por vontade própria ARREPENDIMENTO EFICAZ Ocorre nos casos em que o sujeito já tenha realizado os atos executórios ao seu alcance, que, como decorrência causal, já seriam suficientes para ocasionar a morte, porém, se arrepende e pratica novo ato para salvar a vida da vítima Elementos do Arrependimento eficaz: 1) Término na execução 2) Possibilidade de consumação 3) Impede o resultado A consequência é a mesma que a desistência voluntária, não responde por tentativa de homicídio, apenas pelos atos praticados HOMICÍDIO SIMPLES Art. 121, caput – Matar alguém: Pena – Reclusão, de 6 a 20 anos Se o assassino cometer um homicídio simplão, sem utilizar nenhum tipo de meio cruel, sem nenhuma ferramenta, escolher um zé ninguém para matar... Ele cometerá um homicídio simples, ou seja, não terá nenhuma qualificação, majoração etc Esse tipo de homicídio é muito difícil de acontecer, pois, sempre há algum tipo de “detalhe mais sangrento” 13 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO Art. 121, §1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto aum terço Se o agente cometer o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço Situações de homicídio privilegiado: RELEVANTE VALOR SOCIAL A pessoa comete o homicídio pensando causar um benefício a coletividade MORAL Diz respeito a um sentimento pessoal, ex.: vingança, eutanásia OBS.: Ortotanásia o médico não vai dar causa a morte da pessoa, ele simplesmente vai deixar de aplicar um tratamento que só prolongaria até acontecer o resultado, não é considerado homicídio Sob o DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO à INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA A injusta provocação pode ser a vítima que sofre uma agressão e em legitima defesa acaba fazendo em excesso ou não atual/iminente. Quanto a violenta emoção exige domínio (não mera influência) e deve ser logo em seguida, de reação imediata (no mesmo contexto fático ou no máximo minutos depois, não mais do que isso) a provocação. OBS.: O adultério é uma provocação OBS.: A atenuante do art. 65, III, c, CP não necessita ser logo em seguida Ambos as minorantes tem caráter subjetivo. Por serem apenas circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam - Art. 30 CP HOMICÍDIO QUALIFICADO Existem 21 Qualificadoras de Homicídio Qualificado, hipótese em que o Legislador entendeu que o agente deve ter uma pena maior. A primeira separação será dividida em dois grupos, que serão subdivididos em quatro modalidades: Qualificadoras Subjetivas Conexão do Homicídio com outro Crime Qualificadoras quanto ao Meio de Execução Qualificadoras quanto ao Modo de Execução 14 QUALIFICADORAS SUBJETIVAS Essas qualificadoras subjetivas podem se dar por conta dos: MOTIVOS DO CRIME Nesta modalidade o delito é considerado mais grave em decorrência do motivo do crime ser considerado imoral ou desproporcional Paga – Assassino mercenário, o que faz agir é simplesmente o interesse financeiro Promessa de Recompensa OBS.: Tanto o motivo da paga quanto da promessa de recompensa são os casos excepcionais em que é necessário o homicídio ser plurissubjetivo, pois precisa de alguém que pague e outro que execute Há 2 Correntes que falam sobre a comunicação da qualificadora: Diante do art. 30 CP, vários doutrinadores dizem que as qualificadoras da paga ou da promessa de recompensa não se comunicam entre o executor e o mandante, pois a qualificadora do homicídio é uma circunstância e não uma elementar do crime Já outros doutrinadores, como Damásio e Mirabete, dizem que devido a peculiaridade da plurissubjetividade, é para ser considerado como um crime especial de homicídio, sendo assim a qualificadora se comunica entre o executor e o mandante Motivo Torpe – É o motivo que mais vivamente ofende a moralidade média ou o sentimento ético social comum. Desta forma é o motivo abjeto, ignóbil, repugnante, que imprime ao crime um caráter de extrema vileza ou imoralidade. Ex.: Matar o chefe para assumir o cargo, matar por prazer, vingança por ato justo (matar o Juiz que condenou), morte de policiais de civis e militares por fação criminosa etc Motivo Fútil – É aquele que pela sua mínima importância não é causa suficiente para o crime. É um motivo banal em que manifesta desproporcionalmente à gravidade do fato. Pode- se considerar motivo fútil uma modalidade de motivo torpe, que tem uma importância pequena. Ex.: Patrão mata o empregado porque ele errou ao efetuar um serviço, mata o dono do bar porque recusou servir uma bebida, mata porque perdeu uma partida de futebol etc. OBS.: Uma briga de transito poder ser considerado motivo fútil, entretanto se começar com futilidade e já matar será considerado, mas se começar com um motivo fútil e for esquentando cada vez mais a discussão até acontecer a morte, não será considerado motivo fútil 15 CONEXÃO DO HOMICÍDIO COM OUTRO CRIME Decorre também da motivação do agente, ou seja, do fato dele matar a vítima com a finalidade de viabilizar a prática de outro crime, ou assegurar a ocultação, imunidade ou vantagem de um delito anterior o Garantir a execução de outro crime o Garantir a ocultação o Garantir a impunidade o Garantir a vantagem obtida com outro crime Conexão Consequencial é garantir a ocultação, impunidade ou vantagem, entretanto primeiro é cometido o outro crime e posteriormente o homicídio Conexão Teleológica é praticado em razão de assegurar a execução de outro crime, o homicídio vem antes do outro crime Ocultação – Outro crime acontece e a morte posterior se dá para evitar que o fato criminoso anterior seja descoberto. Ex.: Funcionário do banco que há muitos anos pega dinheiro do caixa, num certo dia é feito uma auditoria e o funcionário mata o auditor para ocultar todo o dinheiro que havia pegado Impunidade – A prática do crime anterior já é sabida, o que evita é ser punido por aquele crime que já é conhecido. Ex.: Matar a única testemunha que irá testemunhar o crime A Vantagem pode ser: Produto do crime – O produto é o objeto material do próprio crime anterior, Ex.: Crime contra o patrimônio, é a própria coisa subtraída em caso de roubo. Visando não perder o produto, mata alguém Preço do crime – Dinheiro que se paga para alguém cometer um crime Proveito de crime – Vantagem auferida indiretamente, Ex.: Casa comprada com dinheiro roubado QUALIFICADORAS QUANTO AO MEIO DE EXECUÇÃO Praticados por meios cruéis ou dissimulados e executados de uma maneira que a vítima tem uma dificuldade muito grande em se defender. Essas qualificadoras são divididas por: MEIOS UTILIZADOS Veneno Pode ser químico ou biológico Fogo Crueldade e o perigo em comum Explosivo Qualquer tipo de explosivo, causando perigo em comum 16 Asfixia Há várias modalidades: Mecânica Esganadura – Com as próprias mãos aperta o pescoço da vítima com muita força, de modo a impedir que o ar passe Estrangulamento – Não usa o próprio corpo, mas sim algum objeto para apertar o pescoço da vítima Enforcamento – Utiliza algum objeto junto com a ação da gravidade Sufocação – Utiliza um objeto para de outra forma obstruir as vias respiratórias (interna e externa), como utilizar um travesseiro, colocar coisas na garganta da vítima e até mesmo com a própria mão tapar o nariz e a boca Afogamento – Pode ser em agua ou em outro liquido qualquer (álcool, gasolina). Ocorre a substituição do ar pelo liquido Soterramento – Aterrar a vítima viva, obstruindo as vias aéreas Sufocação Indireta – Não ocorre o trancamento das vias aéreas, mas por estar soterrada, o pulmão não consegue se expandir Tóxica Confinamento – Ambiente completamente lacrado, aonde não ocorre a entrada de oxigênio. A vítima morre por respirar outro gás que não seja o oxigênio Gás Asfixiante – Esses gases asfixiantes não são necessariamente o veneno, porém com a respiração constante leva a vítima a morte. Ex.: Garagem fechada com veículo ligado Tortura Provocar sofrimento físico ou mental na vítima. A tortura costuma ser devagarzinho, se prolonga no tempo. Há duas modalidades: Crime de Tortura simples – O agente quer torturar e matar Crime de Tortura qualificado pelo resultado morte – Modalidade exclusivamente preterdolosa (dolo no antecedente e culpa no consequente), o agente não quer matar, mas somente torturar, porém ocorrea morte OBS.: Se o agente tortura uma pessoa, depois leva a um outro local para ocultar a tortura e a executa com um tiro na cabeça, o agente irá responder por homicídio qualificado não pela qualificadora da tortura, mas sim pela qualificadora de ocultação de outro crime Insidioso Dissimulado na sua eficiência maléfica, ao qual a vítima não tem ciência. Ex.: Armadilha, sabotagem, cortar freio do carro Cruel Provoca forte sofrimento físico na vítima Que possa causar perigo comum Não precisa resultar, mas que possa resultar um perigo comum. Perigo a um número elevado e indeterminado de pessoas 17 QUALIFICADORAS QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO Recursos que inviabilizam a defesa da vítima Traição Só pode configurar-se quando há quebra de fidelidade e lealdade entre a vítima e o agente, fazendo com que dificulte ou impossibilite a defesa. OBS.: O ataque brusco e de surpresa. Emboscada É a tocaia. No caso, o agente se oculta com o fim de aguardar a passagem da vítima (agente escondido) Dissimulação O agente oculta sua intenção ofensiva e se utiliza de meio fraudulento para enganar a vítima. Pode ocorrer de 2 formas: Quando o agente esconde o seu propósito delituoso, sendo a vítima de surpresa Quando há emprego de aparato ou disfarce para a prática do crime OBS.: Premeditação não considera qualificadora Aplicação das Qualificadoras Diante dos motivos qualificados do art. 121 §2º, só poderá usar UMA QUALIFICADORA, para não ferir o princípio do bis in iden. Entretanto o art. 61, II é uma cópia das qualificadoras do art. 121 §2º, desta forma quando se encontrar várias modalidades de qualificadoras, usa uma como qualificadora e as demais usa como agravante genérica. Salvo asfixia, pois não é repetida na agravante genérica OBS.: É impossível ter a figura privilegiada e qualificadoras subjetivas, mas é possível ter a figura privilegiada e qualificadoras objetivas O homicídio será CRIME HEDIONDO em 2 Situações (Lei nº 8.072/90): a) Quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente b) Quando se tratar de homicídio qualificado Consequências dos Crimes Hediondos: Não pode se beneficiar por anistia, graça e indulto O regime inicial será sempre o fechado Para progredir de regime não será suficiente 1/6 como no crime comum, precisa cumprir 2/5 se for primário e 3/5 se for reincidente O livramento condicional só será concedido quando cumprido 2/3 da pena, se for reincidente em crime hediondo não haverá livramento condicional em qualquer hipótese Em caso de homicídio privilegiado com qualificadora objetiva não é considerado crime hediondo, pois a solução que se encontrou for interpretar o art. 67 CP, sendo que, como a minorante tem caráter subjetivo ela deve pesar mais do que a qualificadora que é objetiva OBS.: Se forem coautores as circunstâncias de comunicam 18 OBS².: Se for partícipe presente na cena dificilmente irá ignorar o meio ou modo de execução, ainda que não execute, sendo assim as circunstâncias se comunicam. Caso não soubesse não se comunica Desta forma se for partícipe ausente na cena deve verificar se sabia ou não sabia do meio ou do modo de execução. Se sabia as circunstâncias se comunicam. Se não sabia as circunstâncias não se comunicam CAUSA DE AUMENTO de pena em homicídio doloso (Art. 121, §4º, 2ª parte) - É uma majorante, sendo que o limite máximo pode passar do previsto pelo legislador, ocorre se a vítima é menor de 14 anos ou maior de 60 anos OBS³.: Para aplicar a majorante considera-se o tempo da ação, e não do resultado HOMICÍDIO CULPOSO Art. 121, §3º - Se o homicídio é culposo: Pena – Detenção de um a três anos Ocorre pela não observância dos deveres e cuidados objetivos. Todo mundo deve ter um cuidado em relação ao proceder no dia a dia que o Legislador toma como referência o cuidado do homem médio O legislador quis dizer como homem médio uma pessoa equilibrada, cuidadosa, gente boa É possível que alguém cause a morte de outra pessoa, observando os cuidados que o homem médio tomaria, nesse caso o fato é impunível, sendo uma fatalidade Os CASOS de não tomar os cuidados que um homem médio deve ter, são: Imprudência – Uma ação, um fazer irresponsável Negligência – É uma omissão, uma ausência de precaução. Ex.: Não fazer a manutenção de uma máquina, não fazer a manutenção dos freios do carro Imperícia – Tem a qualificação técnica, porém não observa os preparos da sua qualificação O resultado do homicídio culposo é o aspecto mais importante, sendo assim não existe tentativa de homicídio culposo. Mesmo que o agente tenha imaginado o resultado, chamado de culpa consciente, é considerado ainda assim crime culposo Concorrência de Culpas – Não há concurso de pessoas em homicídio culposo, pois não há liame subjetivo, porém, pode haver a pluralidade de agentes no homicídio culposo Não existe compensação de culpas, se 2 pessoas agem com culpa e uma machuca a outra, não será compensado uma por uma, serão ambos responsabilizados pelos danos causados A consumação sempre é com a morte da vítima 19 Aumento de Pena no Homicídio Culposo 1ª parte do §4º do Art. 121 – Aumento de pena no homicídio culposo “No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante (...)” O autor do crime culposo tem obrigação de agir, pois, senão, irá responder pelo homicídio culposo qualificado, caso haja outros no local do crime culposo, também terão a obrigação de agir, pois senão irão responder por omissão de socorro Fugir para evitar o flagrante é diferente de não socorrer. Segundo o art. 68, não é possível utilizar duas majorantes, sendo aplicado a que mais aumente, sendo assim se fugir e omitir socorro, irá ser utilizado apenas uma majorante Perdão judicial – Art. 121, §5º CP A aplicação do perdão judicial decorre do sofrimento percebido pelo próprio agente em face de sua conduta culposa Sendo assim no caso de homicídio culposo, se o fato já atingiu o autor de uma maneira tão grave, que deixa de ter razão a própria pena, o juiz irá conceder essa causa de extinção de punibilidade, chamado de perdão judicial. O perdão pode ser moral (pai que mata filho) ou material (explode a máquina por falta de manutenção, mata um e fere o que não fez a manutenção) O perdão judicial não se comunica (art. 30 CP) O perdão judicial deve ser concedido na sentença, momento após que o Juiz iria condenar. Para alguns a natureza dessa sentença é condenatória, para outros é declaratória. O art. 120 diz que a sentença que conceder o perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência Homicídio Culposo no Código de Trânsito Brasileiro Homicídio culposo na direção de transito acontece geralmente por alguma infração de trânsito, porém, nem sempre é possível que tenha culpa mesmo respeitando todas as regras Crimes de trânsitos somente ocorre nas vias terrestres na direção de veículo automotor, metrôs (trens não entram, mas trólebus sim, que são ônibus elétricos) Previsto no Art. 302 do CTB CAUSA DE AUMENTO DE PENA - Aumenta a pena de um terço até a metade, isso ocorre nos casos em que o agente não possui Permissão para dirigir ou Carteira de Habilitação, se o crime é praticado em faixa de pedestre ou sobre a calçada, se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima ou no exercício de sua profissão ou atividade, dirigindoveículo de transporte de passageiros 20 INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena – Reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave Quando estudamos concurso de agentes, se alguém induz, instiga ou auxilia, essa pessoa é chamada de partícipe e responde pelo mesmo crime, em alguns casos de maneira até mais severa. Chamamos informalmente esse crime de “participação em suicídio”, porque pune quem colabora com o suicídio alheio Entretanto o verdadeiro partícipe leva a mesma pena do autor do crime, porém quem se suicida não comete crime, pois suicídio não é crime, por isso que o correto é não usar essa nomenclatura, afinal das contas quem induz, instiga ou auxilio é autor e não partícipe, pois configura o verbo do tipo penal Não tem como falar simplesmente em tentativa deste crime por induzimento, instigação ou auxílio. Sendo necessário resultar lesão corporal grave ou se consumar Induzimento O agente faz surgir a ideia do suicídio na vítima, sugerindo a ela tal ato e a incentivando a realizá-lo Instigação Consiste em reforçar a intenção suicida já presente na vítima. Desta forma a pessoa já estava pensando em ceifar a própria vida, e o agente, ciente disso, a estimula a fazê-lo Auxílio Chamado também de participação material, pois consiste em colaborar de alguma forma com o ato executório do suicídio. A vítima já está convicta de que quer se matar, e o agente a ajuda a concretizar o ato O auxilio pode ser material ou intelectual, como transmitir os conhecimentos necessários para que a pessoa se suicide Mas para essa modalidade o ato letal deve ser cometido pela própria vítima É possível o AUXÍLIO POR OMISSÃO, nos casos em que a pessoa tenha a responsabilidade Entre o auxílio ao suicídio deve ter um nexo causal, se auxiliar com uma corda, e a pessoa se matar com uma arma, não responderá por auxilio ao suicídio OBS.: Roleta russa quem participar responde pelo art. 122 OBS².: Não existe a modalidade culposa AUMENTO DE PENA Ocorre nos casos: Se o crime é praticado por motivo egoístico – A intenção do agente é auferir algum tipo de vantagem em decorrência da morte da pessoa Se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência 21 INFANTICÍDIO Art. 123 – Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena – Detenção, de dois a seis anos O fenômeno do parto, em razão da intensa dor que provoca, da perda de sangue, do esforço necessário, dentre outros fatores decorrentes da grande alteração hormonal que passa o organismo feminino, pode levar a mãe a um breve período de alteração psíquica que acarrete forte rejeição àquele que está nascendo ou recém-nascido, visto como responsável por todo aquele sofrimento Em razão dessa perturbação, a mãe matar o filho, incorrerá no crime de infanticídio, em que a pena a ser aplicada é muito mais branda do que a de um homicídio Trata-se de um crime sui generis porque a perturbação psíquica decorrente do estado puerperal reduz apenas temporariamente a capacidade de discernimento da mãe, não se enquadrando no conceito de semi imputabilidade O crime de infanticídio pode ocorrer no momento em que o filho está nascendo ou logo após o nascimento. Sendo assim a circunstância temporal constitui elemento normativo do tipo do infanticídio, pois a morte do feto, antes do início do trabalho de parto, constitui crime de autoaborto A consumação ocorre no momento da morte A tentativa é possível, pois se trata de crime plurissubsistente OBS.: Não existe modalidade culposa de infanticídio Possibilidade de coautoria e participação A Doutrina Majoritária diz que, caso alguma outra pessoa tenha também tomado parte no ato executório, isto é, se a mãe e o terceiro mataram o recém-nascido, serão considerados COAUTORES do crime. Se apenas a mãe cometer ato executório, tendo sido estimulada a fazê-lo por terceiro, este será PARTÍCIPE do infanticídio 22 ABORTO Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena – Detenção, de um a três anos Aborto é a interrupção da gravidez com a morte do produto da concepção – Arts. 124 ao 127 CP Os crimes de aborto tutelam a vida humana intrauterina, diferentemente dos outros crimes até aqui estudados A gravidez passa por várias fases, sendo chamado de ovo nos dois primeiros meses, de embrião nos dois meses seguintes e, finalmente, de feto no período restante O aborto é possível desde o início da gravidez, porém o início da gravidez tem uma divergência em relação ao momento que se inicia, sendo para alguns no Momento da Fecundação, para outros no Momento da Nidação Momento da Fecundação ocorre quando o espermatozóide é recepcionado pelo óvulo Momento da Nidação ocorre quando acontece a implantação do óvulo é fecundado no útero Uma questão polêmica é a pílula do dia seguinte que ocorre justo no momento entre a fecundação e a nidação. Todavia a pílula do dia seguinte é lícita no Brasil, conforme esse entendimento, para aqueles que a gestação se inicia na nidação não se pune a pílula por ser tratar de fato atípico, para aqueles que a gestação se inicia na fecundação não se pune o aborto com fundamento na excludente de ilicitude do exercício regular do direito No caso das primeiras etapas (fecundação do óvulo com o espermatozóide) serem feitas em vidro, para ser implantado depois na mulher, não há no que se falar em aborto, caso ocorra qualquer coisa será considerado um fato atípico MODALIDADES DE ABORTO Aborto Natural – A gravidez é interrompida e o produto da concepção morre por motivos naturais. Ex.: Doenças, má formação, dentre outros Aborto Acidental – Ocorre por algum tipo de acidente. Ex.: Acidente de carro, queda, atropelamento Aborto Criminoso – Aborto provocado (Nem todos os abortos provocados são criminosos) Aborto Legal – Situações em que o Legislador autoriza o aborto SITUAÇÕES DE ABORTO CRIMINOSO AUTO ABORTO – Art. 214 CP Refere justamente a gestante, ela mesma efetua as práticas abortivas visando interromper a gestação, necessita de dolo ou dolo eventual Pune também quando a gestante consentir com o aborto 23 O auto aborto é crime próprio e de mão própria, não tem como um terceiro praticar esses verbos do art. 214 CP Na tentativa de suicídio, se a gestação permanece, não será punida a tentativa de aborto, porque não se pune a autolesão, mas se ocorrer o aborto, alguns doutrinadores entendem que o fato é atípico, porque o dolo dela não era matar o filho e sim matar a si mesma, outros doutrinadores entendem que agiu com dolo eventual e que portanto responde pelo auto aborto OBS.: Não há coautor nesse artigo porque se alguém auxilia cai no art. 126, sendo praticados crimes diferentes OBS².: É possível partícipe no auto aborto. Ex.: Fornecer o medicamento para o aborto ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE – Art. 125 Esta é a modalidade mais grave do crime de aborto e pode se caracterizar em duas hipóteses: Quando não houve, no plano fático, qualquer autorização por parte da gestante Quando houve, no plano físico, uma autorização da gestante, mas tal anuência carece de valor jurídico em razão do que dispõe o próprio texto legal – Emprego de fraude, obtido com grave ameaça,obtido com violência, menor de 14 anos e sem capacidade mental de consentir ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO COM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE – Art. 126 Une o que pratica o aborto com o consentimento da gestante. Entretanto quem provoca o aborto tem uma pena maior do que a gestante que consentiu O consentimento da gestante deve ser até o momento da consumação do ato, caso a gestante se arrependa, quem praticar o aborto irá responder pelo art. 125 CP O consentimento deve ser também, obtido de forma livre e espontânea No caso da gestante ser menor de 14 anos, alienada ou débil mental o consentimento dela não é válido, sendo o autor do aborto punido pelo art. 125 CP OBS1.: No caso de aborto com o consentimento da gestante NÃO É CONSIDERADO PLURISSUBJETIVO, pois a gestante responde pelo art. 124 e o autor do aborto pelo art. 126, então NÃO HÁ CONCURSO DE PESSOAS OBS2.: A tentativa cabe em todas as figuras de aborto criminoso Em caso de absoluta impropriedade do objeto (art. 17 CP) o crime é impossível. Ex.: Feto morto, gravidez psicológica OBS3.: NÃO EXISTE ABORTO CULPOSO, responde por lesão corporal culposa somente o terceiro que for imprudente, imperito ou negligente, se for a própria gestante o fato é atípico OBS4.: Anunciar algum meio abortivo pune somente com pena de multa, sendo uma contravenção penal 24 CAUSA DE AUMENTO DE PENA Art. 127 CP – O correto é definir como forma majorada e não forma qualificada, pois NÃO traz novos limites de penalidade. Essas majorantes são aplicadas somente ao terceiro. Não se aplica a gestante porque na seguida de morte a gestante morreu. No caso de lesão corporal grave ela não pode ser autor e vítima OBS¹.: O caso do participe do art. 124 CP não pode ser aplicada essa majorante OBS.²: Pode ocorrer a majoração do art. 127 da tentativa de aborto e a minorante do art. 14, § único, ex.: tenta abortar a criança, mas mata a gestante e a criança se salva SITUAÇÕES DE ABORTO LEGAL São excludentes de antijuridicidade específicas Ocorrem em 2 SITUAÇÕES: Aborto Necessário – Não há outro meio de salvar a vida da gestante. Justifica pelo risco de vida da gestante, o próprio médico que vai verificar esta necessidade. Quando o perigo não é atual ocorre a excludente de ilicitude do inciso I do art. 128 CP, sendo feito somente por médico. Se estiver o perigo atual, não precisa ser feito necessariamente por médico, estando a excludente de ilicitude amparado pelo estado de necessidade de terceiro Aborto Sentimental – Necessita de três requisitos: o Gravidez resultante de estupro – Mesmo que não seja identificado o estuprador pode ser feito o estupro o Haja consentimento da gestante ou de seu representante legal se ela for incapaz o Seja realizado por médico Portaria nº 1145/05 do Ministério da Saúde – Se trata do procedimento de justificação e autorização do aborto sentimental. Ouvida por 2 médicos, se estiverem de acordo, deve ser colhida a assinatura da própria gestante ou de seu representante legal e procede-se o aborto. Se esse procedimento dos 2 profissionais da saúde não for seguido, mas for produto de estupro, o médico não vai responder pelo crime de aborto, mas somente administrativamente. Quem irá analisar se a gravidez foi por estupro é o médico Induzir o médico a erro, o médico não responde porque o inciso II do art. 128 é uma excludente de ilicitude, sendo assim ocorre a excludente putativa, a gestante que enganou responde pelo crime de consentimento para pratica do aborto, segunda parte do art. 124, e pela falsa comunicação de crime Aborto em caso de anencefalia foi decidido na ADPF nº 54 25 O conteúdo de Direito Penal sobre Crimes contra a Vida encerra por aqui Galera, esperamos que este conteúdo tenha ajudado um pouquinho, conforme dissemos, o objetivo deste material é ajudar cada um nos estudos, fazendo com que fique fácil, esquematizado e rápido de aprender Aproveitem sem moderação, #foco nos estudos e acessem www.direitoesquematizado.com para terem mais conteúdos como esse Caso não tenham feito ainda aqueles 2 favorzinhos pra nós: 1. 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