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Leoa; a cordilheira do Centro-Atlântico através das rochas de São Pedro e São Paulo para o Brasil; ou ainda a cadeia de Walvis, atravessando a cordilheira do Centro-Atlântico do sul da África em direção ao Brasil, através das ilhas de Martim Vaz e Trinidad e da elevação do Rio Grande. Uma ligação de terra entre o Velho e o Novo Mundo através de ilhas que poderiam servir de passagem desapareceu devido a grandes alterações no fundo do oceano Atlântico, alterações essas causadas por distúrbios vulcânicos. A existência dessa ligação pode explicar, por exemplo, a presença de elefantes, camelos e cavalos pré-históricos na América. Em 1969 uma expedição de pesquisadores da Universidade de Duke, ao estudar o fundo do Mar do Caribe, fez uma importante descoberta geológica no que diz respeito a continentes perdidos. Rochas de granito foram trazidas à tona em cinqüenta locais diferentes ao longo da cordilheira das Aves, uma cordilheira submarina que vai da Venezuela às Ilhas Virgens. Essas rochas ígneas e ácidas são classificadas como "continentais", encontradas apenas em continentes ou locais onde houve um continente. O Dr. Bruce Heezen, do Observatório Geológico de Lamont, disse a esse respeito: "Até agora os geólogos acreditavam que o granito claro ou rochas ígneas ácidas se restringiam aos continentes e que a crosta da Terra sob o oceano fosse composta de uma rocha basáltica mais pesada e escura... mas a presença de granito de cor clara vem confirmar uma velha teoria de que existiu um continente a leste do Caribe." O fundo do Atlântico é uma das regiões mais instáveis da superfície terrestre. Foi abalado por distúrbios vulcânicos durante séculos e, na realidade, a atividade vulcânica ainda não acabou. Na Islândia, um quinto da população pereceu num terremoto em 1783, cujas conseqüências se fizeram mostrar ao longo de toda a cordilheira do Atlântico. Em 1845, no mesmo país, a erupção do vulcão Hecla durou sete meses. A Islândia, até hoje, tem uma enorme atividade vulcânica. Lima nova ilha, vinte milhas a sudoeste da Islândia, chamada Surtsey, formou-se devido a uma erupção submarina que durou de novembro de 1963 a junho de 1966. A lava solidificada formou a terra, e a ilha, que ainda está crescendo, logo estará coberta por vegetação permanente. Desde que Surtsey emergiu, mais duas ilhas apareceram na mesma região. A Islândia, como a Atlântida, possui fontes de água quente tão aquecidas por correntes térmicas subterrâneas que são usadas no sistema de aquecimento de Reikjavik, capital do país. Existem muitos relatos de terremotos na Irlanda. Mais ao sul, em 1775, um terrível terremoto abalou Lisboa, matando sessenta mil pessoas em alguns minutos, baixando o nível do porto principal e afundando as docas e os cais menores a seiscentos pés abaixo do nível da água. A atividade vulcânica é constante na região dos Açores, onde ainda há cinco vulcões ativos. Em 1808 surgiu, em São Jorge, um vulcão de milhares de pés de altura, e em 1811 uma ilha vulcânica emergiu e foi denominada Sambrina, até que tornou a afundar. As ilhas de Corvo e Flores, nos Açores, que são conhecidas desde 1351, mudam constantemente de forma, e grandes áreas de Corvo desapareceram no mar. Em outros arquipélagos, como o das Canárias, cujo principal vulcão, o pico de Teyde, explodiu em 1909, a incidência de distúrbios vulcânicos é bastante alta. Um grande terremoto, em 1692, fez com que a maior parte de Port Royal afundasse no mar, juntamente com os piratas que usavam a cidade como refúgio, mercado e centro de rebelião. Mais uma vez podemos estabelecer uma analogia com a Atlântida: ambas eram cidades "pecadoras" e, de acordo com a lenda, a Atlântida foi destruída pela cólera dos deuses. No Caribe, ainda dentro da área vulcânica do Atlântico, ocorreu um terremoto ainda maior quando o monte Pelée, na Martinica, explodiu com tal violência, em 1902, que matou literalmente todas as pessoas, menos uma, na cidade de Saint Pierre. (Poderíamos estabelecer uma comparação com a salvação de Noé?) Em 1931 a atividade vulcânica no arquipélago de Fernando de Noronha fez aparecerem duas novas ilhas, que foram reivindicadas simultaneamente pela Grã-Bretanha e pelos países da América do Sul. Não se chegou a nenhum acordo, e as ilhas desapareceram novamente. Nas Ilhas Selvagens, perto da Madeira, surgiram várias ilhotas devido à emersão de picos vulcânicos. Da Islândia até o litoral do Brasil o Atlântico sempre teve uma enorme atividade vulcânica. Segundo o Dr. Maurice Ewing, do Observatório Geológico de Lamont, estas falhas mais profundas "formam um verdadeiro cinturão vulcânico marinho". Parece lógico, portanto, que uma atividade vulcânica ainda maior possa ter ocorrido há milhares de anos atrás, principalmente levando-se em conta que essa atividade ainda existe, nas mesmas regiões em que, segundo a lenda, estava a Atlântida. Não se discute que sempre houve emersões e submersões de terra na superfície terrestre. Há várias provas de que o Saara já foi maré de que o Mediterrâneo já foi terra. Ferramentas da Idade da Pedra e dentes de mamute, encontrados no fundo do Mar do Norte, indicam que essa região já pertenceu ao continente. Fósseis de tubarão foram encontrados nas Montanhas Rochosas, e fósseis de peixe nos Alpes. A maior parte dos geólogos concorda que existiu o continente da Atlântida, mas ainda não chegou a uma conclusão quanto a ele ter existido na era do Homem. Há várias teorias que tentam explicar a lenda da Atlântida através de outros terremotos e conseqüentemente submersão, como a enchente do Mediterrâneo pelo mar, a separação da Sicília da Itália, a catástrofe que se abateu sobre Thera, no Mar Egeu, e os terremotos de Creta. Há quem pense também que a Atlântida ficava no norte, nas plataformas continentais do Mar do Norte, no Saara e em muitos outros lugares. K. Bilau, um cientista alemão estudioso da Atlântida, que dedicou muito tempo ao estudo do fundo do mar e gargantas submarinas, defende a tradição da Atlântida no Atlântico, e expressa numa linguagem mais poética que científica seu ponto de vista sobre a localização do continente perdido. "No fundo do mar, a Atlântida repousa agora, e apenas seus picos mais altos ainda são visíveis, na região dos Açores. Suas fontes de água fria e quente, descritas pelos autores antigos, ainda correm como corriam há muitos milênios. Os lagos das montanhas da Atlântida estão submersos. Se seguirmos exatamente as indicações de Platão e procurarmos o trono de Poseidon entre os picos submersos dos Açores, encontrá-lo-emos ao sul da ilha de Dollabarata. Ali. no meio de um grande vale, que era bem protegido contra o vento, ficava a capital, centro de uma cultura pré-histórica desconhecida: entre nós e a Cidade dos Portões de Ouro há uma camada de água de duas milhas de profundidade. É estranho que os cientistas tenham procurado a Atlântida por roda parte, mas tenham dado pouca atenção a este local, que foi claramente indicado por Platão." 6 - Como a Atlântida Mudou a História Para uma terra que pode ou não ter existido, a Atlântida causou um impacto considerável tanto na História quanto na Literatura. Quando, depois da queda de Constantinopla em 1543, a cultura clássica começou a se dirigir para o oeste, o relato de Platão, assim como todos os antigos relatos a respeito das ilhas do Atlântico, começou a intrigar a imaginação humana. Colombo; leitor interessado em relatos de viagens e que se correspondia com cartógrafos, não era o único a acreditar que a Terra era redonda. Sua circunferência atual já havia sido calculada em Alexandria há muito tempo, com uma diferença de apenas quinhentas milhas. Mas os estudantes da escola alexandrina, embora pudessem medir a Terra, nunca, ao que sabemos, navegaram em torno dela para provar que era redonda. No tempo de Colombo existiam muitos "mapas do mundo" que davam informações inteiramente diversas entre si, já que as rotas de navegação