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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA A REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA E DO DESRESPEITO NA ESCOLA
Suelen Silva Ramalho¹
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade apresentar práticas pedagógicas que possam ser desenvolvidas dentro do ambiente escolar pelo corpo docente, sob orientação do pedagogo escolar, para a redução da violência e do desrespeito entre seus alunos. Uma vez que a violência e o desrespeito constante envolvendo um aluno ou um determinado grupo de alunos podem levar a queda no rendimento escolar, assim como pode comprometer toda sua vida acadêmica, além de desenvolver dentro do corpo discente um clima de medo e angústia e a sensação de fracasso por parte do corpo docente tendo em vista que o fenômeno da violência escolar afeta também os professores promovendo o medo e impasses durante o processo de ensino aprendizagem. Procura-se apresentar o tema através de uma revisão bibliográfica, recorrendo a literaturas e artigos relacionados ao tema, buscando nelas o entendimento dos principais componentes que compõem o problema da violência e do desrespeito na escola, assim como os componentes que permeiam as práticas pedagógicas presentes neste artigo.
Palavras-chave: Violência. Desrespeito. Práticas pedagógicas. Bullying.
¹ Licenciada em Educação Física pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e concluindo o curso de pós-graduação latu-sensu em Gestão do Trabalho Pedagógico pelo Grupo Educacional UNINTER.
1 INTRODUÇÃO
	Nossa sociedade tem se mostrado cada vez mais violenta, e essa violência está presente em todos os lugares onde há situações de convivência humana, incluindo principalmente a escola. Atualmente a violência escolar tem sido tema de muitos estudos relacionados à educação e, ao observar o crescente interesse nesse tema, apresento este artigo tendo por base alguns desses estudos.
Resolver conflitos e problemas de relacionamento é uma atividade muito comum na prática educacional, atualmente essa prática tem se mostrado cada vez mais necessária diante da complexidade dos problemas e dos conflitos oriundos do desequilíbrio de poder que ocorrem em sala de aula.
A interferência deve ser imediata e incisiva. Esta intervenção deve ser realizada em conjunto, num trabalho de cooperação entre professor, comunidade escolar e pais. Busco neste trabalho relacionar um determinado conjunto de estratégias para que a escola, junto com o professor possa contribuir efetivamente no combate à violência e ao desrespeito entre seus alunos. 
Dessa forma, uma proposta de trabalho galgada no combate à violência requer uma análise dos conteúdos da educação, dos pilares culturais da nossa sociedade e das características que podem envolver as turmas e os alunos. Este conjunto de práticas pedagógicas podem ser desenvolvidas em escolas e dentro de salas de aulas. São relatos de trabalhos e projetos desenvolvidos por professores, organizações e encontrados nas bibliografias pesquisadas. Estas práticas pedagógicas envolvem alguns fatores que serão discutidos procurando estabelecer apoio e um caminho sobre como desenvolver um trabalho voltado para a redução da violência e do desrespeito dentro do ambiente escolar.
	
2 DESENVOLVIMENTO
O Minidicionário da Língua Portuguesa, descreve o termo violência como uma "qualidade ou estado do que é violento; força empregada contra o direito natural de outrem; ação que se faz com o uso da força bruta; crueldade; força; tirania; coação". Neste sentido, a violência significa obrigar a fazer algo, utilizando a força, a coagir alguém. 
A violência pode ser revestida de diversas formas, mas num sentido restrito, pode ser definida como uma ruptura brusca da harmonia num determinado contexto, podendo ser sob a forma de utilização da força física, psíquica, moral, ameaçando ou atemorizando os outros. 
A violência protagonizada pelos jovens nas escolas é uma realidade inegável. É percebido, que sociedade terá que se organizar e insurgir-se ativamente contra este fenômeno. De igual modo, a escola terá que ajustar os seus conteúdos programáticos e acercar-se mais as crianças. Devido as exigências, as famílias muitas vezes destituem-se da sua função educativa, delegando-a a escola. No meio de toda esta confusão, estão as crianças, que, atuam conforme aquilo que observam e agem consoante os estímulos do meio. Meio esse que por vezes oferece modelos de conduta e referências positivas questionáveis, provocando uma inadaptação social. A violência nas escolas não é um fenômeno novo. Todavia tem vindo a assumir proporções tais que a escola não sabe que medidas tomar para sanar este problema.
De acordo com Dimenstein (1997, p.24) nas famílias de hoje, abordam-se temas impensáveis no passado. Os pais já não são os senhores absolutos da lei e da ordem, nem os únicos cuidadores dos bens da família. Da mesma forma, as mães não são unicamente as protetoras do lar e zeladoras da educação e formação dos filhos. As exigências da atual sociedade fazem com que os pais coloquem seus filhos mais cedo em creches, infantanários e etc. Chegam do trabalho exaustos, têm ainda seus afazeres doméstico ou trazem trabalho para casa. E, quase sempre, a criança é colocada sozinha para ver televisão ou brincar sem um adulto que lhe dê atenção. A relação familiar centra-se prioritariamente nas necessidades físicas da criança, ou seja, na alimentação, na higiene, no descanso, etc.
Enquanto jovens, o lazer e o convívio com os colegas tem uma importância primordial no seu processo de socialização e formação. Machado Pais (1993) aponta que as culturas juvenis são fortemente viradas para o lazer, de certa forma em oposição ao saber tradicional da escola e da família, que privilegia a ordem e a certeza, o ensino e a transmissão de conhecimentos.
Embora haja certa continuidade na transmissão de valores de pais para filhos, a verdade é que os jovens de hoje adquirem a sua identidade não só dentro, mas também fora da família, através de discursos variados que a escola e a família poderão ou não integrar. Todavia, a família não se pode demitir do seu papel e atribuir responsabilidades aos outros agentes educativos na formação dos seus descendentes. Depois destas definições de violência e do papel da família e da escola na socialização da criança e do jovem podemos tratar da violência dentro do ambiente escolar que também pode ser chamada de bullying.
A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia) define violencia como a agressão premeditada, sistemática e por vezes mortal de um indivíduo ou grupo sobre outro. Quando essa agressão se torna freqüente e aparentemente sem motivo é denominada bullying. Não há na língua portuguesa uma palavra que possa abranger todas as situações em que este tipo de violência pode ser identificada. O adjetivo bully, oriundo do inglês, significa valentão e costuma ser utilizado para indicar aquele que é mais forte em relação a outros, que tiraniza, que oprime ou que amedronta.
O termo bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima (ABRAPIA, 2002).
	Em 2002, a (Abrapia) realizou um levantamento envolvendo 5.875 estudantes de 5° a 8° séries (6° a 9° anos) de onze escolas do município do Rio de Janeiro, e revelou que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de bullying naquele ano. Através destes dados, podemos observar a importância e a urgência que professores e profissionais da educação devem dar ao assunto.
	Hoje, o bullying e o desrespeito pode ser identificado em qualquer ambiente onde haja relações interpessoais de contato contínuo e diário,mas tendo sua origem no ambiente escolar. Quase sempre essa violência vem disfarçada como brincadeiras e podem passar despercebidas pelo adulto. Algumas escolas não admitem a ocorrência do fenômeno entre seus alunos ou simplesmente desconhecem o problema, pois este é de difícil identificação, uma vez que este é mascarado pelo medo das vitimas e dos espectadores que com medo de mais represarias por meio dos agressores não procuram ajuda, sendo necessário uma investigação mais profunda pelo corpo docente.
	Os alunos envolvidos com o bullying e com o desrespeito podem ser classificados em quatro grupos, sendo identificados por sua participação dentro do problema. Desta forma podemos identificar os autores como os alunos que exercem agressões físicas, morais ou psicológicas sobre outros alunos. As vítimas como aqueles que estão submetidos a esta violência ou ao bullying. Os espectadores são aqueles alunos que apenas observam os acontecimentos e que evitam se envolver por medo de se tornarem vítimas. Podemos observar também o grupo daqueles alunos que ora praticam o bullying e ora são vítimas, desempenhando os papéis ora de vítima ora agressor, de acordo com o a situação na qual este aluno está tendo contato com outros.
Todas as crianças são afetadas criando um ambiente de medo, ansiedade e insegurança. Como apresentado pela imprensa, em muitos casos as vítimas podem utilizar-se de armas para superar o poder a subjuga, em outros casos a reação da vítima não é contra quem a agride, mas sim contra todos da escola que, para ela, teriam se omitido e ignorado seu sofrimento. 
Segundo Middelton-Moz e Zawadski (2007, p. 20), o aluno que representa o papel de alvo pode desenvolver “sentimentos de medo e vergonha, aumentando sua vulnerabilidade, baixa auto-estima e levar à ansiedade, à depressão e a sensações de impotência”. Além disso, ao se envolver com esses sentimentos no ambiente escolar o aluno pode ter seu desenvolvimento e seu rendimento escolar afetado, podendo até mesmo, comprometer toda a sua vida acadêmica.
2.1 FILTRO CULTURAL E A IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO
Conforme Beaudoin e Taylor (2006, p. 23) um aluno pode vir a apresentar um comportamento agressivo por uma questão cultural, uma vez que para solucionar um problema a criança deve escolher uma solução. De acordo com os autores, a escolha dessa solução passa por um filtro cultural que irá determinar, dentro de um número infinito de soluções, quais as soluções mais adequadas dentro de um conjunto de comportamentos que julga correto por suas experiências pessoais. 
Um conjunto específico de comportamentos de um determinado discurso cultural tem um impacto significativo sobre os tipos de problemas que podem surgir e sobre as soluções que um individuo pode utilizar. De acordo com Beaudoin e Taylor (2006, p. 26) “o bullying freqüentemente acontecer nas culturas em que os meninos precisam mostrar que são durões”. Estes discursos podem ser observados, muitas vezes, nos meios de comunicação, onde há uma programação direcionada para crianças e que incentivam a violência e, também, vários conceitos preconceituosos ou deturpados sobre as relações interpessoais, onde muitas vezes apresentam um discurso de intolerância as diferença muitas vezes transmitidos de forma sutil. 
Vivemos em uma sociedade capitalista, patriarcal e individualista, que quase sempre é intolerante a diferenças, muitas pessoas não percebem a influência desses discursos culturais em seu cotidiano. Alguns desses discursos podem contribuir consideravelmente para o desrespeito e o bullying, uma vez que os alunos que lutam contra esse problema recebem uma carga de cobrança, avaliação e pressão muito maior dentro do ambiente escolar. 
Em sociedades capitalistas a competição é utilizada como método de incentivo para que as crianças melhorem seu desempenho escolar. Ela é uma forma fácil de incentivar os alunos em atividades cansativas, mas o fato é que toda competição gera apenas um vencedor, gerando desapontamento e frustração em todas as outras pessoas que não obtiveram vitória. Durante atividades competitivas os alunos concentram-se em si mesmos e a cooperação se torna uma opção pouco atrativa, aumentando a probabilidade de conflitos.
O sistema educacional acaba reforçando estes efeitos da competição sobre seus professores e alunos, uma vez que, buscam resultados em valores numéricos concretos e mensuráveis, priorizando a quantidade de maneira que esta justifique a qualidade do ensino por meio de notas e conceitos.
	O próprio processo avaliativo de examinar os alunos, quantificando numericamente todo o processo de construção de conhecimento, os desestimula, perdendo a confiança, diminuindo o desempenho e aumentando a intolerância, a impaciência e a raiva. Uma vez que este processo é classificatório, discriminando os alunos por pelos resultados de seu desempenho, para o aluno que não consegue se adequar a este sistema, não apresentando resultados aceitáveis ou não preenchendo todos os requisitos necessários para serem os vencedores, a escola pode ser uma instituição de opressão e marginalização. 
	De maneira semelhante a cultura patriarcal ajuda no desenvolvimento do bullying e desrespeito dentro do ambiente escolar, uma vez que cria padrões de comportamento para meninos e meninas, onde quem não se encaixa nestes padrões de comportamento se tornam alvos de bullies. As meninas, como exemplificam Middelton-Moz e Zawadski (2007, p.23) “são pressionadas para se adequar a uma imagem especifica daquilo que significa ser mulher”. No caso especifico de meninas dentro do ambiente escolar, o bullying se apresenta na forma de pressão psicológica, distorção de imagem e intrigas, não recorrendo propriamente a agressões físicas.
	Intervir significa estar presente ou tomar parte voluntariamente. A intervenção nos casos de bullying é de grande importância, uma vez que a escola deve ser um ambiente de colaboração, respeito e construção humana. O bullying e o desrespeito desenvolve dentro da escola um ambiente de medo, angústia e insegurança, estes sentimentos podem afetar coletivamente todos os alunos envolvidos. Individualmente o bullying pode gerar conseqüências diferentes nos alunos, sendo diferenciadas pelas suas atuações dentro do problema.
Para os alvos, as conseqüências podem variar de acordo com suas características individuais e com o relacionamento que possui nos meios em que vivem, principalmente na família. Nestes casos podem desenvolver na vida adulta sentimentos negativos, baixa auto-estima, comportamento agressivo e mais tarde podem vir a sofrer ou praticar o bullying no ambiente de trabalho, em casos extremos, alguns podem tentar ou cometer suicídio. No caso dos bullies autores, podem levar este comportamento anti-social para a vida adulta, adotando atitudes agressivas na família, no trabalho ou na vizinhança. Alguns podem, mais tarde, se envolver em atos criminosos ou de delinqüência. As testemunhas costumam envolver um número maior de alunos, já que todos os que presenciam o bullying e o desrespeito podem ser considerado testemunhas, neste caso, elas são afetadas por este ambiente de medo, tornado-se temerosas e inseguras.
	È necessário que a escola assuma e identifique o problema o mais rápido possível e desenvolva estratégias para contorná-lo ou diminuí-lo. A escola precisa desenvolver estratégias político pedagógicas e práticas pedagógicas que procurem desenvolver um ambiente que valorize a multiplicidade cultural, a cooperação e a expressão de idéias. Estas estratégias precisam envolver intervenções individuais e coletivas, que possam atingir a todos os envolvidos com a escola, como alunos, professores, funcionários, pais e comunidade.
	 Segundo Chalita (2007, p. 27) a escola deve desenvolver ações de solidariedade e de resgate dos valores de cidadania, tolerância, respeito mútuo, estimular e valorizar as individualidades e canalizar as diferenças de maneira positiva. Com base nesse autor, a falta de afeto, diálogo e de respeito nas relaçõesentre crianças e adolescentes parece ser a origem da agressividade infantil. 
 	Nosso país possui uma incrível diversidade cultural, neste caso, é indispensável que a escola desenvolva estratégias político pedagógicas e práticas pedagógicas que consigam englobar e valorizar o respeito à diversidade cultural. 
No caso especifico de nosso país, de tradição patriarcal e escravocrata e sob a égide de um capitalismo selvagem, destacamos ser imprescindível a consolidação de práticas pedagógicas contrárias a todo e qualquer tipo de racismo. Com a aprovação da Lei n° 10.630/2003, que torna obrigatória a inclusão de História e Cultura Afro-brasileira no currículo escolar, abriu-se uma importante oportunidade para o desenvolvimento de materiais didáticos e práticas pedagógicas voltados para a diversidade e o combate à discriminação (MARINHO E CAPUCHO, 2008, p. 10).
	Estes autores desenvolveram estudos sobre o bullying no estado de Pernambuco e nos descrevem um pouco sobre a realidade do desrespeito as diferenças em nosso país. Estas práticas devem partir da sala de aula para outros ambientes escolar e em seguida para a comunidade, para que desta forma, seja possível combater o bullying e o desrespeito na vizinhança e na comunidade onde a escola está inserida, colaborando para que a escola desempenhe seu papel social de superação dos problemas sociais e transformação da sociedade.
2.2 O PAPEL DO PROFESSOR E A CRIAÇÃO DO VÍNCULO
	 O sistema educacional vigente, pautado na apresentação de resultados quantitativos, exerce sobre o professor uma pressão que muitas vezes o leva a atitudes ou ações, em seu cotidiano escolar, que acabam colaborando com o bullying e o desrespeito. O professor precisa realizar sempre uma reflexão sobre sua postura e suas atitudes em sua prática educativa dento de sala de aula.
Em sua pratica educativa, é preciso que o professor esteja aberto e preparado para aceitar toda a bagagem cultural que o aluno traz para dentro da escola e aberto a todo o conhecimento adquirido pelo aluno em sua vida na comunidade, assim como também precisa estar aberto para o diálogo direto e sincero. 
A questão da identidade cultural, de que fazem parte a dimensão individual e a de classe dos educandos cujo respeito é absolutamente fundamental na prática educativa progressista, é problema que não pode ser desprezado (FREIRE, 1996, p.46).
	O professor deve, em sua prática educacional, manter um diálogo aberto as diferenças, do conhecimento de novas culturas e a novas experiências. Esta atitude pode ser de grande importância para a redução dos problemas que podem desencadear o bullying ou para a implementação eficaz de programas antibullying em sala de aula e na escola.
	Em sua prática educacional o professor deve adotar uma atitude que resulte na combinação entre a curiosidade, compaixão, colaboração e contextualização. Onde a compaixão permite ao educador acreditar que existe outra versão daquele indivíduo, uma pessoa atenciosa e bem intencionada com a qual é possível estabelecer uma ligação. Esta ligação, baseada na compaixão, confere segurança e franqueza na hora de compartilhar informações ou idéias e investigar algo.
	Sobre a curiosidade, o educador deve ter a habilidade de fazer perguntas úteis e de investigar novas possibilidades, assumindo uma postura de curioso e deixando-se intrigar pelos pensamentos, pelos valores, pelas esperanças e pelos sonhos dos alunos. 
Paulo Freire (1997, p. 96) O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos
	De acordo com o autor, tanto professor quanto alunos devem estar abertos a curiosidade, a indagação e a investigação. Esta se dá não só pelo conhecer, mas também pela abertura ao desconhecido, ao novo. Uma vez que ambos estiverem abertos ao novo, atitudes discriminatórias ou classificativas podem ser eliminados do ambiente da sala de aula e consequentemente do ambiente escolar.
	Outros dois componentes são a colaboração e a contextualização. A primeira implica na busca, pelos educadores, de minimizar o desequilíbrio de poder existente entre os alunos. O professor deve se envolver em uma jornada de investigação voltada para a colaboração e para a cooperação. O segundo influência diretamente a ação do professor ao ter de lidar com situações de desrespeito e violência. O professor deve manter em mente o contexto mais amplo de uma situação, pois isso implica em pensar em uma perspectiva sócio cultural maior, isso faz com que o professor tenha um numero maior de opções para a solução de problemas ao se deparar com situações de violência e desrespeito entre seus alunos. 
	Infelizmente, em nossa realidade, muito professores possuem dificuldades para aprimorarem seus estudos. Isto se dá por diversos fatores, entre eles a dificuldade de conciliar sua carga horária e sua rotina de trabalho com os estudos e as precárias condições de vida a qual muitos estão sujeitos. A escola deve incentivar e facilitar para que seus professores prossigam com a reflexão sobre suas práticas, procurando novas informações e estudos que norteiam seu trabalho, e revendo muitas das reflexões que fizeram parte de sua formação, garantindo o prosseguimento de seus estudos e sua formação continuada. No caso especifico do Bullying e do desrespeito, a escola pode desenvolver trabalhos para conhecimento e informação dos professores e funcionário sobre o assunto. É interessante que todos conheçam o problema, suas causas e conseqüências, isto pode ser feito por meio de palestras, cursos, grupos de discussões ou de estudos, entre outros. 
	Dentro disso, podemos perceber que muitas vezes a conversa entre adultos e crianças pode revelar uma profunda sensação de afastamento. O adultismo expressa a noção de que adultos são melhores que os jovens e que podem agir sobre eles sem consentimento. O trato inadequado e desrespeito a eles é institucionalizado pelos costumes sociais, leis, valores culturais e atitudes gerais. 
	Talvez isso ocorra porque todos nós um dia vivemos tal situação e, portanto, a aceitamos como normal e, instintivamente, internalizamos esta realidade como “o jeito que as coisas são”. Este tratamento negativo e sistêmico dos jovens e os efeitos colaterais que o acompanham é uma questão crítica no desenvolvimento de jovens e crianças.
	 De acordo com Beaudoin e Taylor (2006, p. 120), a “abertura e a aceitação de outra pessoa cria um vínculo, nesse processo de abertura e respeito mútuo ressalta-se o melhor de cada indivíduo”. Com base nesses autores, podemos dizer que o vínculo refere-se ao estar junto dos outros e também à realização de tarefas conjuntas, aceitando as diferenças e ressaltando a riqueza da diversidade, neste caso, entre o professor e o aluno.A interação entre uma criança e seu principal cuidador é a maior proteção contra comportamentos agressivos posteriores. Esse relacionamento é o alicerce para o desenvolvimento de vínculo e de empatia, regulando e equilibrando as emoções e a capacidade de aprender (Middelton-Moz e Zawadski, p. 59)
	Os autores reforçam a importância do vínculo ao se referirem a relação entre a criança e os pais, uma vez que os primeiros cuidadores têm um enorme influência no comportamento das crianças. Podemos transferir a importância deste relacionamento baseado no vinculo para a relação entre o professor e o aluno, pois representam as primeiras estruturas de relacionamento da criança, sendo a escola a primeira instituição social da qual a criança faz parte logo após a instituição familiar.
Quando os educadores tratam os alunos com integridade, as interações que demonstram respeito transformam-se em experiências vividas fáceis de serem reproduzidas. Quando os jovens crescem em um ambiente adultista, ficam ressentidos, receosos e dissimulados. Ao chegarem à adolescência perdem sua própria percepção do eu e sua opinião. Quando estão acostumados a serem ouvidos, expressam seus pensamentos com clareza e, geralmente, de um modo fascinante. É fundamental que, tanto em casa quanto na escola, a criança e o jovem tenha liberdade de dizer o que pensa e o que sofre. Tornando o diálogo peça fundamental para ajudar a entender o cotidiano da criança e do jovem, esse processo de respeito mútuo ressalta-se o melhor de cada indivíduo.
	Esse processo de aceitação do outro dentro da sala de aula leva o aluno a se esforçar mais em suas tarefas, constrói a auto-estima e permite a ele fazer tentativas sem ter medo de cometer erros, proporciona um ambiente de sala de aula na qual as crianças podem ser espontâneas, encoraja os alunos a assumir o seu eu e parar de tentar se encaixar em moldes, estimula um clima se satisfação, promove um compromisso maior em termos de freqüência, de participação e de retribuição. O vínculo significativo diminui o desrespeito, as comparações, a marginalização e a competição que há entre os alunos para atrair a atenção dos professores. 
2.3 A APRECIAÇÃO, A EXTERIORIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE HISTÓRIAS
	Para Beaudoin e Taylor (2006, p. 125) “Manifestar a apreciação é um processo de expressar reconhecimento, ser transparente em relação a nossa experiência pessoal de gratidão ou de admiração”. Ainda segundo os autores, a apreciação é um processo de expressar honestamente a gratidão sem a intenção de alterar o comportamento do receptor de nenhuma forma. 
	Nas escolas, é raro esse tipo de apreciação. Todos reconhecem seu valor e por ela anseiam; porém, falta as pessoas o contexto e os meios de expressá-la de forma significativa. Os educadores podem ser surpreendidos por seu dever de motivar os alunos e adquirir o hábito de simplesmente elogiar na esperança de reforçar certos tipos de comportamento. Os alunos desenvolvem o hábito de escutar e de fazer o que lhes é pedido, e talvez nem sequer imaginem que sua opinião ou seu feedback tenha tanto valor para um professor. 
Quando você compreende que a maior parte dos problemas são criados por pessoas que se vêem diante de uma falta de opções no contexto de suas vidas, torna-se completamente lógico falar dos problemas de modo exteriorizado. O conceito está baseado na idéia de que os problemas, assim como os hábitos indesejáveis, talvez se desenvolvam por uma série de circunstâncias da vida. A exteriorização implica a percepção do problema como algo distinto da identidade da pessoa. Assim como ninguém será tratado como brigão, mas, sim, como alguém que luta contra a raiva e o desrespeito. 
	O papel mais útil que os educadores podem assumir é o da criação de um contexto no qual os alunos possam refletir a respeito de sua experiência, examinar sua posição e ampliar o alcance de sua perspectiva. A exteriorização auxilia os alunos a ganhar plena consciência dos efeitos desses problemas, de forma que possam assumir uma postura clara contra o desrespeito e o bullying. Ao mesmo tempo em que o educador irá desenvolver vínculos mais estreitos e ricos com seus alunos, que responderão suas solicitações por estimá-lo e não por temê-lo.
Uma história consiste em uma seqüência no tempo. Todos tem histórias sobre suas identidades. Quando lidamos com pessoas que se sentem descontentes consigo mesmas ou com o modo como são vistas, torna-se importante ver as histórias pelo que elas são. Para ajudar a esclarecer esse conceito, considere um exemplo que tenha acontecido em sua própria vida. Pense em um problema que você tenha superado e identifique qual era o problema, quando começou, o que aconteceu, como você agiu, como se sentiu, qual foi o pior momento, quem poderia ter contribuído para seu problema e como ela contribuiu. Desta forma você consegue identificar o protagonista, o propósito, as ações e o tempo em que a história aconteceu.
Em uma abordagem voltada para a exteriorização a construção da história de uma pessoa que luta contra o bullying e o desrespeito é de grande importância, pois tanto o aluno quanto o professor torna-se capaz de identificar as verdadeiras transformações e o compromisso que o aluno desenvolveu com a mudança e a construção do seu eu verdadeiro.2.4 TRABALHANDO CONTRA O BULLYING E O DESRESPEITO NA ESCOLA E DENTRO DA SALA DE AULA
	Para compreendermos melhor este assunto, vamos observar os seguintes acontecimentos:
	Em janeiro do ano passado, Edmar Aparecido Freitas, de 18 anos, entrou no colégio onde tinha estudado, em Taiúva (SP), e feriu oito pessoas com disparos de um revólver calibre 38. Em seguida, se matou. Obeso, ele havia passado a vida escolar sendo vítima de apelidos humilhantes e alvo de gargalhadas e sussurros pelos corredores. Atitude semelhante tiveram dois adolescentes norte-americanos na escola de Ensino Médio Columbine, no Colorado (EUA), em abril de 1999. Após matar 13 pessoas e deixar dezenas de feridos, eles também cometeram suicídio quando se viram cercados pela polícia. Assim como o garoto brasileiro, os jovens americanos eram ridicularizados pelos colegas. 
	Os exemplos de Edmar e dos garotos de Columbine, que tiveram reações extremas, são um alerta para os educadores. Os meninos não quiseram atingir esse ou aquele estudante. O objetivo deles era matar a escola em que viveram momentos de profunda infelicidade e onde todos foram omissos ao seu sofrimento.
	Algumas escolas optam por realizar intervenções individuais, onde professores ou terapeutas encontram separadamente cada aluno que lhes são enviados. Essas intervenções são lentas e de mínima eficácia, já que nas escolas a maioria dos problemas com o desrespeito ocorrem no contexto dos relacionamentos; em sala de aula ou em outras áreas publicas, como playground, e em grande parte das interações dos alunos. O trabalho em sala de aula é extremamente valioso e poderoso para professores e alunos, porque promove uma abordagem colaborativa na qual todos os alunos fazem parte da mesma equipe, esforçando-se para promover o respeito. 	
Uma vez que cada escola possui uma realidade diferente, podemos dizer que não existem soluções simples para se combater o bullying e o desrespeito. Trata-se de um problema complexo e de causas múltiplas. Portanto, cada escola deve desenvolver sua própria estratégia para reduzi-lo. A escola deve agir precocemente contra o bullying e o desrespeito. Quanto mais cedo o bullying e o desrespeito cessar, melhores serão os resultados para todos os alunos. É preciso intervir imediatamente, tão logo seja identificado a existência do bullying e do desrespeito na escola, e manter atenção permanente sobre isso e buscar a estratégia ideal. A única maneira de se combater os sentimentos sobre o bullying é através da cooperação de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais.
Para Beaudoin e Taylor (2006, p. 145), o trabalho em sala de aula é extremamente valioso, pois promove uma abordagem colaborativa no qual todos fazem parte de uma equipe, mas exige que o professor tenha o cuidado extra de acompanhar a experiência dos alunos, de criar um formato seguro para as discussões, de manter o interesse da turma e de evitar a marginalização, uma vez que ele cumprirá o papel de mediador durante as práticas pedagógicas dentro de sala de aula.
Apresento aqui um conjunto de práticas pedagógicas desenvolvidas em escolas e dentro de salas de aulas. Estas práticas são relatos de trabalhos desenvolvidos e encontrados nas bibliografias pesquisadas. Elas envolvem alguns dos fatores discutidos anteriormente e procuram estabelecer um caminho sobre como desenvolver um trabalho voltado para a redução do bullying e do desrespeito dentro do ambiente escolar. É preciso lembrar que não há soluções prontas para o problema do bullying e do desrespeito, apesar de nosso exemplo tratar de um mesmo problema em dois paises diferentes, cada escola possui a sua própria realidade, por isso deve buscar entre os estudantes informações que possibilitem a realização de um trabalho voltado para a verdadeira transformação do ambiente escola e, por conseqüência, da comunidade.
2.4.1 PROGRAMA DE REDUÇÃO DO COMPORTAMENTO AGRESSIVO ENTRE ESTUDANTES
O programa inicia-se com uma pesquisa da realidade que envolve o problema. O primeiro passo a ser dado resume-se na aplicação de um questionário de pesquisa com a participação de todos os alunos da escola, antes de receberem qualquer tipo de informação sobre o bullying. Apenas um pequeno texto, apresentado no momento da aplicação, para tentar situar os estudantes dentro de conceitos sobre os quais se deseja obter opiniões. Nem mesmo os professores devem estar cientes do tema. No momento da aplicação do questionário, deve-se entregar a cada um deles uma carta explicando objetivo da pesquisa e fornecendo alguma orientação sobre a metodologia utilizada.
Os resultados dessa aplicação vão determinar a prevalência, a incidência e as conseqüências do bullying e do desrespeito em cada escola. Seus dados caracterizam a percepção espontânea dos alunos sobre a existência do bullying e seus sentimentos sobre isso. O questionário precisa ser aplicado simultaneamente em todas as turmas de um mesmo turno, evitando-se a troca de informações nos corredores ou a possível intimidação de alguns alunos que são alvo do bullying. Uma vez analisados os resultados, todo o corpo docente deve ser informado e incentivado a discutir suas implicações, definindo que estratégias devem ser utilizadas durante o processo de divulgação dos resultados e sensibilização dos alunos.
Em seguida forma-se um grupo de trabalho, esse grupo deve ser composto de representantes de todos os seguimentos da comunidade escolar, incluindo professores, funcionários, alunos e pais. Com base na realidade percebida por seus membros e com o auxilio dos dados da pesquisa, serão definidas coletivamente as ações a serem priorizadas e as táticas a serem adotadas. As propostas definidas pelo grupo de trabalho poderão ser submetidas a todos os alunos e funcionários, permitindo-se que sejam dadas sugestões sobre os compromissos e as ações que a comunidade escolar deverá adotar para a prevenção e o controle do bullying.
	A definição da relação final dos compromissos e das prioridades poderá ser feita em assembléia geral contando com todos os alunos, professores e funcionários ou apenas pelo grupo de trabalho. Os compromissos e as prioridades deverão ser amplamente divulgados. Diversas cópias podem ser afixadas em vários locais da escola. Os pais podem informados sobre os objetivos do projeto por meio de carta ou utilizando espaços dentro de reuniões organizadas pelas escolas.
Este programa apresentado pela ABRAPIA pode ser utilizado pela escola como uma base inicial para desenvolver um trabalho que envolva toda a comunidade escola, uma vez que cada escola possui uma realidade, o ideal é adaptá-lo apartir do levantamento de dados iniciais sugeridos pelo próprio programa.
2.4.2 PROJETO BULLYING, UMA HISTÓRIA QUE PRECISA TER FIM
Este projeto foi desenvolvido com os alunos da 4° série do ensino fundamental do Colégio Santa Emilia, em Olinda (PE) com o objetivo de informar e conscientizar todos de um problema que é mundial, podendo ser encontrado em qualquer escola. A base principal deste trabalho está na criatividade, nele os alunos encontram espaço para criarem, desenvolverem idéias e se expressarem. Uma vez que seu trabalhos são expostos dentro da própria escola, abre-se espaço para a apreciação do conteúdo desenvolvido por outras pessoas.
O projeto foi constituído de quatro etapas. Em sua primeira etapa os alunos, após terem pesquisado o assunto, organizaram um mural colorido relacionando algumas ações que podem estar presentes no bullying. Na segunda etapa os alunos desenvolveram uma produção textual realizando uma campanha publicitária que levou o conhecimento do assunto aos outros alunos, estimulando a criatividade, as crianças confeccionaram uma história em quadrinhos criando enredos e seus próprios desenhos em uma terceira etapa. Na última etapa os alunos foram divididos em equipes e foram levados a criar peças teatrais, que eram apresentadas em outras salas turmas da escola, estimulando a oralidade e a criatividade.
Paralelamente aodesenvolvimento do trabalho, o professor organizou as produções textuais, os desenhos, a réplica do mural, fotografias e filmagens das peças produzidas, e fotos de outros momentos em um portifólio, para acompanhar a trajetória de aprendizado de seus alunos. A produção deste portifólio é muito importante, pois através dele os alunos podem observar todo o trabalho após sua finalização e com isso desenvolver um sentimento de satisfação ao observarem o resultado final de suas criações e produções.
2.4.3 TORNANDO SUA ESCOLA À PROVA DE BULLYING (BULLY PROOFING YOU SCHOOL)
Atualmente, estão sendo implementadas diferentes abordagens para tornar nossas escolas mais seguras. Um programa que está em uso para intervir no problema do bullying e do desrespeito no Reino Unido é o uso de pequenos grupos onde não há confronto. Essa abordagem “sem culpa” ao bullying foi desenvolvida por George Robinson, Ph. D., da Universidade West England, e por Barbara Maines, Ph.D., psicóloga em Bristol, Inglaterra. Nesse método, o professor não repreende os bullies. A base dessa abordagem é que o bully não é uma criança “má”,mas uma criança cujo comportamento precisa mudar. 
	Atualmente, um programa chamado Tornando sua escola à prova de bullying (Bully Proofing You School) está sendo usado por muitas escolas no Estados Unidos. O programa é constituído a partir de uma série de intervenções ao bullying na escola. Alunos, professores e outros funcionários recebem formação nas habilidades necessárias para que se tornem uma comunidade preocupada, com tolerância zero ao bullying e do desrespeito.
	 O programa enfatiza a criação de um ambiente em que as crianças possam se sentir seguras e protegidas. Quando há um clima de segurança, o medo gerado pelo bullying é minimizado. As regras de sala de aula destacam a responsabilidade, a inclusão e os limites da comunidade. Neste programa, a responsabilização é estimulada pela comunidade de alunos como um todo. Uma das regras requer que as crianças que testemunhem bullying ajudem à vítima, denunciando, pedindo ajuda e apoio de adultos.
O treinamento de funcionários é realizado buscando ensinar intervenções especificas para bullies. O adulto deve ajudá-lo a redirecionar suas necessidades de poder para canais positivos. É claro que isso funciona melhor quando as normas culturais da escola forem direcionadas para o cuidado, cooperação e a gentileza. 
O importante nesta intervenção em sala de aula é dar poder à maioria das crianças, que, em geral, permanece em silêncio enquanto assiste ao bullying. Elas aprendem os elementos do bullying e recebem um questionário que inclui perguntas com relação ao quanto se sentem seguras na escola, se praticam o bullying ou se são vítimas, alguns de seus amigos de apoio, etc. Nas sessões seguintes, os alunos aprendem algumas estratégias para experimentar se forem vítimas e outras estratégias para quando testemunharem situações de bullying. Essas estratégias são discutidas e praticadas por meio de dramatização.
	As vítimas aprendem habilidades que lhes tornam menos sujeitas a assédio como, por exemplo, estar consciente de sua voz, de sua postura e de sua apresentação geral. Essas habilidades podem lhes ajudar a estarem menos vulneráveis, enquanto ganham maior confiança e respeito por si mesmas. 
2.4.4 PROJETO BICHO-QUE-IRRITA
O trabalho inicial deste projeto consiste em auxiliar os alunos a adquirir consciência dos efeitos do bullying e do desrespeito em si mesmos e nos outros. Para se chegar a esse ponto, exterioriza-se o problema de modo a poder examiná-lo sem atribuir culpa ou emitir juízo a respeito de qualquer pessoa. Uma maneira interessante de trabalhar esta exteriorização é atribuir um nome ao problema e uma forma definida, ambos devem ser criados pelos alunos num trabalho em conjunto. Depois de os alunos delinearem os efeitos do problema em suas próprias vidas e ficarem cientes de sua implicação, são gradualmente estimulados a tomar suas próprias decisões quanto ao tipo de pessoa que cada um deseja ser e por quê. 
As atividades seguintes transformam-se em uma jornada ao enriquecimento da história de uma pessoa que respeita as demais. O foco sobre a discussão do respeito concretiza o compromisso das turmas na mente de cada aluno. Quando o projeto vai chegando ao fim, cria-se um público em diversas ocasiões, a fim de testemunhar as histórias e as produções dos indivíduos. 
Este projeto, diferente dos outros, o projeto não é dividido em etapas, mas sim em seqüências de dinâmicas de trabalho, há apenas um foco para cada momento. Neste caso o professor se encontra livre para, se necessário, estender a atividade de uma semana para a outra ou adaptá-las as necessidades especificas de cada grupo, e continuar a desenvolvê-la paralelamente a atividade da semana seguinte. Uma vez que o trabalho a ser desenvolvido não consiste em blocos que precisam ser concluídos para darem início a outros. 
3 CONCLUSÃO
Podemos concluir que a violência e o desrespeito dentro da escola pode desenvolver um ambiente impróprio para o processo de educativo uma vez que se desenvolve, neste ambiente, diversos sentimentos que afetam o empenho e o desenvolvimento de todos os envolvidos. Estes efeitos podem se tornar permanentes e prejudicar toda a vida acadêmica e social dos alunos e profissional dos professores e demais envolvidos com o ambiente escolar. Por isso, é necessário que a escola desenvolva meios de intervenção individuais e coletivas, promovendo um ambiente de solidariedade, afeto, cooperação e valorização das diferenças sociais e culturais.
Não é possível encontrar projetos ou formas pré-determinadas de intervir contra o desrespeito e a violência dentro da escola. Uma vez que cada escola possui sua própria realidade, para promover estas intervenções é necessário que o professor conheça a realidade da escola e o verdadeiro perfil do problema dentro da escola. Conhecido os dados do problema em questão, o professor deve desenvolver um trabalho em sala de aula baseado em práticas pedagógicas voltadas para o trabalho coletivo, para a criatividade, para a apreciação das diferenças e que leve os alunos a entenderem quais os efeitos da violência e do desrespeito para si e para as pessoas que estão ao seu redor.
Para que a intervenção a violência e ao desrespeito seja satisfatória é importante que o professor esteja aberto a novas situações e assuma uma postura de curiosidade sobre os conhecimentos que o aluno traz para a escola de suas relações na comunidade. O professor deve, também promover um espaço onde os alunos possam se sentir livres para expressar suas opiniões e sentimentos de maneira que se sintam seguros e confortáveis.
Muitas vezes um aluno pode se envolver em problemas relacionados à violência e ao desrespeito por uma questão cultural, ou seja, sua maneira de se relacionar com as pessoas é influenciada pelo discurso cultural no qual este aluno está inserido. A escola deve reconhecer e assumir o problema da violência e do desrespeito dentro de seu espaço e procurar meios para que sua intervenção seja transformadora. Sua intervenção deve buscar a conscientização e a transformação da comunidade escolar para que, através deste, possa afirmar sua função de superação dos problemas sociais e transformação social.
EDUCATIONAL PRACTICES TO REDUCE VIOLENCE AND DESRESPECT AT SCHOOL
ABSTRACT
This article aims to present educational practices that may be developed inside the school environment by teachers under the guidance of pedagogue, to reduce violence and disrespect among students. The constant disrespect and violence involving a student or a group of students can decrease school performance, and can commit all his/her career, and develop within the student body a climate of fear and anxiety and a feeling of failure by teachers because the phenomenon of school violence also affects them by promoting fear and impasses during the teaching learning process.The aim is to introduce the topic through a bibliographic review, using literature and articles related to the subject. 
Keywords: Violence, Disrespect; Pedagogical practices.
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