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Apostila de Dreito Internacional Público

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0 
 
 
 
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 
 
PROF. MARIO DRUMOND 
 
 
 
 
 
 
 
2009 
 
 
1 
 
PRIMEIRA PARTE 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL 
SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
TEORIAS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
________________________________________________________________________________ 
 
1. SUJEITOS DE DIRETO INTERNACIONAL PÚBLICO. 
 
Nota explicativa: o Direito Internacional Público, em pouquíssimas palavras, 
compreende o estudo do Estado na esfera internacional. Há, nesse sentido, dois marcos 
referenciais fundamentais para a compreensão da disciplina: o próprio Estado e a chamada 
comunidade internacional (ou sociedade internacional). 
 
1.1. Características do Estado e características da comunidade internacional. 
 
  Características do Estado: 
 
 1. centralização de poder; 
 2. organização vertical; 
 3. existência de hierarquia das normas; 
 4. obediência obrigatória às leis; 
 5. jurisdição obrigatória; 
 6. existência de representação parlamentar; e 
 7. subordinação dos súditos ao próprio Estado. 
 
  Características da comunidade internacional: 
 
 1. descentralização de poder; 
 2. organização horizontal; 
 3. inexistência de hierarquia das normas; 
 4. obediência às leis decorre do consentimento; 
 5. jurisdição facultativa; 
 6. inexistência de representação parlamentar; e 
 7. coordenação/cooperação entre os Estados. 
 
1.2. Caráter jurídico do Direito Internacional Público. 
 
 O Direito Internacional Público compreende um sistema jurídico autônomo, 
destinado a disciplinar as relações entre os Estados, entre as organizações internacionais e, ainda, 
entre aqueles e estas. Há, nesse sentido, três combinações possíveis de relações jurídicas entre os 
sujeitos de Direito Internacional Público: 
 
Estado ↔ Estado 
 
Organização Internacional ↔ Organização Internacional 
 
Estado ↔ Organização Internacional 
 
 
2 
 
 Ademais, o Direito Internacional Público deve ser interpretado como fruto do 
consentimento; ou seja, trata-se de ramo do Direito Público que se materializa única e 
exclusivamente por meio da vontade dos sujeitos possuidores de personalidade jurídica 
internacional. 
 
► PACTA SUNT SERVANDA: A noção de consentimento está fundamentalmente 
vinculada ao princípio pacta sunt servanda, de inspiração romana, segundo o qual aquilo que foi 
acordado deve ser cumprido. Trata-se de princípio orientado muito mais por valores éticos 
abstratos que por normas jurídicas concretas. 
 
1.3. Desenvolvimento histórico do Direito Internacional Público. 
 
  1o tratado internacional registrado na História: Tratado de Paz celebrado entre Hatusil 
III, rei dos hititas, e Ramsés II, faraó egípcio da XIX
a
 dinastia (assinado em algum momento entre 
1280 e 1272 a.C). O referido tratado pôs fim às guerras entre os dois povos, estabelecendo aliança 
contra inimigos comuns e disciplinando as respectivas relações de comércio, migração e extradição. 
 
  Os tratados, na origem, fundamentavam-se no costume. As grandes navegações iniciadas 
no séc. XV, resultantes da expansão dos impérios europeus (principalmente Espanha e Portugal), 
tornaram mais complexas as relações entre os Estados. Por mais ou menos duzentos anos, os 
tratados celebrados são quase sempre bilaterais. Somente no séc. XVII começam a surgir os 
primeiros tratados multilaterais e, no mesmo período, verifica-se a constitucionalização dos 
Estados europeus, fenômeno que dá origem à inserção dos parlamentos no contexto do Direito 
Internacional Público. Consolida-se, assim, o vínculo formal entre o Direito Internacional Público e 
o Direito Constitucional. 
 
1.4. Cronograma histórico simplificado do Direito Internacional. 
 
1280
1
 0 1494
2
 2006 
 
Notas: (1) Tratado de Paz celebrado entre os hititas e os egípcios. 
 (2) Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Espanha e Portugal. 
 
1.5. Teorias do Direito Internacional Público. 
 
 
▪ DUALISMO. Conceito: “Coexistência de dois princípios ou posições 
contrárias, opostas.”1 
 
TEORIAS DUALISTAS (Carl Heinrich Triepel, ALEMANHA; Dionisio 
Anzilotti, ITÁLIA): a ordem internacional e a ordem interna 
compreendem sistemas autônomos e distintos, o que significa dizer que a 
validade e a eficácia de uma lei vigente em determinado Estado não estão 
condicionadas às regras ou aos costumes adotados pela comunidade 
internacional. 
 
▪ MONISMO. Conceito: “Doutrina filosófica segundo a qual o 
conjunto das coisas pode ser reduzido à unidade.”2 
 
 
1
 Fonte: Dicionário Aurélio. 
2
 Fonte: Dicionário Aurélio. 
 
 
3 
TEORIAS MONISTAS (duas correntes): 
 
 1
a
 corrente monista (Hans Kelsen): unidade da ordem 
jurídica com a supremacia do Direito Internacional Público, ficando o 
ordenamento jurídico de cada Estado numa posição hierárquica inferior 
às leis internacionais; 
 
 2
a
 corrente monista (durante o período da Guerra Fria: 
União Soviética e aliados; atualmente: Bolívia, Coréia do Norte, Cuba e 
Venezuela): unidade da ordem jurídica com a supremacia do 
ordenamento jurídico de cada Estado, sendo facultativa a adoção das leis 
internacionais. 
 
“o monismo sustenta que o Direito Internacional e o Direito Interno são dois ramos de um único 
sistema, defendendo uns o primado do primeiro, e outros, a primazia do segundo. Se uma norma de 
Direito Interno for de encontro ao Direito Internacional, será aquela nula (Kelsen), ou constitui o 
Estado em infração (Verdross). Há aqueles que entendem, dentro do monismo, que o Direito 
Interno deve prevalecer, porque o Direito das Gentes é parte do Direito do Estado, uma 
conseqüência de suas leis. 
Os monistas partem do princípio de que todos os Direitos emanam de uma só fonte, daí ser a 
consciência jurídica uma só. São seus defensores Kelsen, Verdross e, dando prioridade ao Estado, 
Wenzel. 
Partilhamos da idéia de que o Direito é um somente, sendo-nos mais simpática a teoria monista com 
prevalência do Direito Internacional.” 
 
 
2. ESTADOS. 
 
Nota explicativa: para efeito didático, são dois os sujeitos de Direito Internacional 
Público: (1) os Estados; e (2) as organizações internacionais. Estes sujeitos (entes, 
entidades, pessoas jurídicas) possuem personalidade jurídica internacional, uma 
característica que produz três capacidades, a saber: 
 
1
a
: capacidade para celebrar tratados; 
2
a
: capacidade para usufruir de privilégios e imunidades; e 
3
a
: capacidade para patrocinar reclamações internacionais. 
 
2.1. Estado (perspectiva interna). 
 
 Conceito: realidade política construída por força da combinação dos elementos (a) 
população, (b) território e (c) governo soberano. 
 
 Conceito de Thomas HOBBES3: “Uma grande multidão institui a uma pessoa, 
mediante pactos recíprocos uns com os outros, para em nome de cada um como autora, poder usar a 
força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa 
comum”4 (grifei). 
 
 
3
 Conceito instrumental de Estado; em outras palavras, o Estado como meio. 
4
 HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. São Paulo: Martin Claret, 
2001, p. 131. 
 
 
4 
 Conceito de Georg HEGEL5: “O Estado, como realidade em ato da vontade 
substancial, realidade que esta adquire na consciência particular de si universalizada,é o racional 
em si e para si: esta unidade substancial é um fim próprio absoluto, imóvel, nele a liberdade obtém 
o seu valor supremo, e assim este último fim possui um direito soberano perante os indivíduos que 
em serem membros do Estado têm o seu mais elevado dever”6 (grifei). 
 
2.2. Estado (perspectiva externa). 
 
 Conceito: sujeito central do Direito Internacional Público, entidade possuidora de 
personalidade jurídica internacional. 
 
 Conceito de Francisco REZEK: “O Estado, sujeito originário de direito internacional 
público, ostenta três elementos conjugados: uma base territorial, uma comunidade humana 
estabelecida sobre essa área, e uma forma de governo não-subordinado a qualquer autoridade 
exterior”7 (grifei). 
 
2.3. Território. 
 
 Conceito: área sobre a qual o Estado exerce sua jurisdição, incluídos o limite terrestre, o 
mar territorial (no caso dos Estados banhados pelo mar) e o espaço aéreo. 
 
2.4. População. 
 
 Conceito: total de indivíduos domiciliados no território do Estado. 
 
 Conceito de Francisco REZEK: “População do Estado soberano é o conjunto das 
pessoas instaladas em caráter permanente sobre seu território: uma vasta maioria de súditos locais, e 
um contingente minoritário – em número proporcional variável, conforme o país – de estrangeiros 
residentes.”8 
 
 
3. GOVERNO. 
 
Nota explicativa: a idéia de “governo soberano” traduz uma dimensão binária, 
integrada pela noção de governo e pelo conceito de soberania. Inicialmente, devemos 
analisar o significado da noção de governo, fundamental para o estudo do Direito 
Internacional Público, especialmente no que diz respeito à análise do tema relacionado ao 
reconhecimento de Estado e de governo. 
 
 
3.1. Governo. 
 
 Conceito: a organização política e administrativa do Estado. 
(aula 10/8/09) Elementos centrais: político (representação, questão ideológica, processo decisório) e 
administrativo (a pergunta embutida é “como fazer”, a idéia de Poder Executivo encontra-se aí) 
Governo é um elemento do Estado, 
 
 
5
 Conceito finalístico de Estado; em outras palavras, o Estado como fim. 
6
 HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da filosofia do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 217. 
7
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 163. 
8
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 179. 
 
 
5 
 Conceito de Manoel Gonçalves FERREIRA FILHO: “O complexo de estruturas e 
funções centrais e superiores, em que se exerce no Estado o máximo poder político, atribuído 
conforme as normas da Constituição.”9 
 
 Conceito de Herman FINER: “O exercício da autoridade dos homens sobre os 
homens.”10 
 
 Ainda de acordo com Herman FINER (Universidade de Chicago, maio de 1949), governo 
é a combinação de dois elementos: (1) elemento político e (2) elemento administrativo; no 
mesmo sentido e vinte anos depois, outro FINER (Samuel, Universidade de Manchester, dezembro 
de 1969), haveria de confirmar tal entendimento, ao afirmar que “o governo, no sentido de processo 
de governar, se compõe de dois elementos – escolher uma linha de ação e executá-la.”11 Assim, a 
“linha de ação” é o elemento político (conteúdo da ação: “o que fazer”) e a correspondente 
“execução” representa o elemento administrativo (forma da ação: “como fazer”). 
3.2. Reconhecimento de Estado e de governo. 
 
(1) reconhecimento de Estado: manifestação unilateral do Estado (declaração), expressa ou tácita, 
no sentido de admitir a existência de outro Estado. 
O que acontece no âmbito da Comunidade Int qdo surge um novo Estado Soberano? Os outros 
Estados o reconhecem, unilateralmente, de forma tácita, como a abertura de embaixadas 
Reconhecimento expresso: MANIFESTAÇÃO POR NOTA OU DOC FORMAL 
Ex. Timor-Leste era dependente da Indonésia quando ficou independente 
 
(2) reconhecimento de governo: manifestação unilateral do Estado (declaração), expressa ou 
tácita, no sentido de admitir a legitimidade da ordem política vigente em determinado Estado. 
De que maneira a Comunidade Int reage qdo aparece um novo Governo, qdo ocorre uma guerra? 
O governo do Irã foi reeleito sob fortes denúncias de corrupção e não deixou de ser um Estado 
na Com. Int. na 1ª. semana de agosto de 2009 (os EUA) reconheceu o “novo governo” do Irã. O 
Br também reconheceu o novo governo do Irã, de forma tácita de reconhecimento de governo 
pode ser como o Governo Lula fez em declaração televisiva dizendo que houve vencedor como 
em um jogo de futebol. 
- Existem 2 mecanismos de reconhecimento de um Estado e de um Governo: expresso ou tácito. 
Qdo o reconhecimento é expresso, para não gerar dúvida, é gerada uma “nota internacional”. 
- Reconhecimento tácito de um Estado: O Estado silencia, embaixadas, manutenção das relações 
comerciais, dos tratados 
- Reconhecimento expresso: nota internacional, voto em reuniões das Org Int 
 
ADERIR= A ENTRADA DE UM ESTADO EM UMA ORG INT 
DENUNCIAR = SAIR UNILATERALMENTE DE UMA ORGANIZAÇÃO INT 
AB-ROGAÇÃO= SAÍDA DE VÁRIOS OU TODOS PAÍSES DE UMA ORG. INT 
 
HONDURAS sofreu um golpe de Estado em julho de 2009, (houve uma ruptura institucional) 
mas não deixou de fazer parte da Comunidade Int. 
Três Exemplos Clássicos: golpe de Estado, revolução e guerra 
De que maneira a Comunidade Int reage a um golpe de Estado? A maioria dos países não 
reconhece o novo governo de Honduras, por exemplo, mas não interferem pelo princípio de 
soberania. 
 
Artigo 18,CF = forma do federalismo do Estado Br 
 
9
 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 75. 
10
 FINER, Herman. Theory and practice of modern government. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1960, p. 04. 
11
 FINER, Samuel Edward. Governo comparado. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1981, p. 22. 
 
 
6 
- repartição vertical de poder: União é = Estados + DF +Municípios 
União não é sinônimo de Estado 
*A União é quem representa o Br na comunidade Int.* 
 
Hoje existe a possibilidade de Agente internacional celebrar contratos com um não-agente 
Int? A tendência é que as relações Int. se regionalizem, então é possível, contudo o Estado 
dá aval para o seu membro federado celebra algum contrato. 
Os EUA não assinaram o protocolo de Kyoto, contudo a Califórnia assumiu o que propõe o 
protocolo de Kyoto, assinando o tratado. 
 
4. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. 
 
Nota explicativa: as organizações internacionais são, para todos os efeitos, sujeitos 
de Direito Internacional Público. Entretanto, ao contrário dos Estados, as organizações 
internacionais representam um fenômeno recente do Direito Internacional Público, na 
medida em que surgiram no final do séc. 19 (considerada a primeira organização 
internacional, a Universal Postal Union – UPU, ou “União Postal Universal”, estabelecida 
em 1874, é atualmente integrada por 191 Estados-membros). Entretanto, a doutrina indica 
1919 como marco inicial da participação das organizações internacionais na comunidade 
internacional, ano de fundação da Sociedade das Nações – SDN (também conhecida como 
“Liga das Nações”), a qual seria extinta de fato em 1939 e extinta de direito em 1946. 
 
4.1. Organizações internacionais. 
 
 Conceito: organizações possuidoras de personalidade jurídica de Direito Internacional 
Público, formadas pela associação de Estados. 
 
 Conceito de Ian BROWNLIE: “Associação permanente de Estados, que prossegue 
fins lícitos, dotada de órgãos próprios.”12 
 
OBS: 
- O queé uma organização internacional? É uma associação formal de Estados 
“é permanente, formal (a natureza jurídica é CONSTITUTIVA (doc que dá origem à Org 
Int.), um ex. no Mercosul temos o Tratado, Carta da ONU deu origem à ONU, Constituição é 
o nome do documento que deu origem à OIT); 
- Existem tribunais internacionais que também se constituem em Org. Int. autônoma; 
- Alguns órgãos não são Org. Int., mas sim órgãos próprios. 
 
4.2. Elementos constitutivos: 
(1) elemento material (agrupamento de Estados); e (2) elemento formal (personalidade jurídica 
internacional). 
 
4.3. Características, estrutura organizacional e processo decisório no âmbito das 
organizações internacionais. 
 
 Características: 
 
 (1) competência para celebrar tratados; 
 (2) personalidade jurídica autônoma e derivada; 
 (3) multiplicidade de membros; 
 
12
 BROWNLIE, Ian. Princípios de direito internacional público. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, p. 709. 
 
 
7 
 (4) duração permanente; 
 (5) estatuto próprio; 
 (6) sede própria (acordo-sede, tratado bilateral: “país de acolhimento”). 
 
 Estrutura organizacional: 
 
 (1) assembléia geral (sempre); 
 (2) secretaria (sempre); 
(3) conselho permanente (em alguns casos; ex.: Conselho de Segurança da 
ONU). 
 
 Processo decisório: 
 
 (1) método deliberativo; 
 (2) voto unitário em assembléia geral; 
 (3) aplicabilidade eventual do princípio majoritário; 
 (4) atos revestidos de formalidade (ex.: Resoluções da ONU). 
 
4.4. Outros sujeitos. 
 
  Indivíduo. O indivíduo não possui personalidade jurídica de Direito 
Internacional Público. Por outro lado, pode-se afirmar que o individuo é destinatário de normas de 
Direito Internacional Público. Todavia, conforme assinala Fernando Gamboa SERAZZI, “já se 
reconhece ao indivíduo a titularidade de certos direitos e obrigações internacionais e, 
excepcionalmente e com bastante limitação, capacidade para fazer valer tais direitos”13 perante 
algumas organizações internacionais. Nas palavras de Carolina Ghinato DAOUD, “a classificação 
da doutrina quanto ao tema, no século XX não é uniforme; entretanto, é possível dividi-la em dois 
grandes grupos: os que negam e os que afirma ser o homem sujeito de Direito Internacional.”14 
 
  Organizações não-governamentais (ONG’s). “A sigla ONG corresponde a 
organização não-governamental — uma expressão que admite muitas interpretações. A definição 
textual (ou seja, aquilo que não é do governo) é tão ampla que abrange qualquer organização de 
natureza não-estatal. Em âmbito mundial, a expressão surgiu pela primeira vez na Organização das 
Nações Unidas (ONU) após a Segunda Guerra Mundial, com o uso da denominação em inglês 
“Non-Governmental Organizations (NGOs)” para designar organizações supranacionais e 
internacionais que não foram estabelecidas por acordos governamentais. Do ponto de vista formal, 
uma ONG é constituída pela vontade autônoma de mulheres e homens, que se reúnem com a 
finalidade de promover objetivos comuns de forma não lucrativa. Nossa legislação prevê quatro 
formatos institucionais para a constituição de uma organização sem fins lucrativos, com essas 
características – associação, fundação, organização religiosa e partido político. Por não ter 
objetivos confessionais ou eleitorais, juridicamente toda ONG é uma associação civil ou uma 
fundação privada. No entanto, nem toda associação civil ou fundação é uma ONG. Entre clubes 
recreativos, hospitais e universidades privadas, asilos, associações de bairro, creches, fundações e 
institutos empresariais, associações de produtores rurais, associações comerciais, clubes de futebol, 
associações civis de benefício mútuo, etc. e ONG’s, temos objetivos e atuações bastante distintos, 
às vezes, até opostos.”15 
 
 
13
 SERAZZI, Fernando Gamboa. Tratado de derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2003,p. 
303. 
14
 DAOUD, Carolina Ghinato. In O indivíduo como pessoa de Direito Internacional Público e a Corte Internacional 
Penal (http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1637). 
15
 Fonte: Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – ABONG (www.abong.org.br). 
 
 
8 
 As organizações não-governamentais (ONG’s) não possuem personalidade jurídica de 
Direito Internacional Público, razão pela qual não celebram tratados. Contudo, é inegável a 
importância de determinadas ONG’s no cenário internacional, tais como o Greenpeace e a WWF. 
 
  Empresas transnacionais. As empresas transnacionais (ou empresas 
multinacionais) são empresas comerciais (possuem finalidade lucrativa) que exercem suas 
atividades não apenas nos Estados de origem, mas igualmente em territórios estrangeiros. Empresas 
como a Kodak, Pfizer, Shell, Toshiba, e Adidas, são empresas transnacionais. Assim como as 
ONG’s, as empresas transnacionais não possuem personalidade jurídica de Direito Internacional 
Público. 
 
  Casos especiais. 
 
 (a) Santa Sé: sediada em Roma, a Santa 
Sé (nome oficial: Estado da Cidade do Vaticano) é a cúpula de governo da Igreja Católica; a Santa 
Sé possui personalidade jurídica de Direito Internacional Público (por força de razões históricas). A 
Santa Sé integra mais de 30 organizações internacionais e mantém relações diplomáticas com mais 
de 150 Estados. O embaixador da Santa Sé nos Estados estrangeiros recebe o título de “núncio” (do 
latim nuntiu), palavra que significa “Embaixador do Papa.” A Nunciatura Apostólica (nuntiatus 
apostolicu) é a residência do núncio; ou seja, a residência do Embaixador do Papa. 
 
 (b) Micro-Estados: os micro-Estados 
possuem personalidade jurídica de Direito Internacional Público. Entretanto, parcela das 
competências dos micro-Estados é transferida a outros Estados soberanos (via de regra um Estado 
vizinho), tais como a emissão de moeda e a segurança de fronteiras. Alguns exemplos: (1) Mônaco, 
(2) Liechtenstein, (3) São Marinho e (4) Andorra. 
 
 
5. PERSONALIDADE JURÍDICA INTERNACIONAL. 
 
Nota explicativa: a maioria dos autores fala em “personalidade jurídica 
internacional” (ao invés de apenas “personalidade internacional”) para descrever o status 
jurídico inerente aos sujeitos de Direito Internacional Público (Estados e organizações 
internacionais). 
 
5.1. Personalidade jurídica internacional. 
 
 Conceito: característica jurídica fundamental dos sujeitos de Direito 
Internacional Público, qualidade que confere aos Estados e às organizações internacionais 
(1) capacidade para celebrar tratados; (2) capacidade para usufruir de privilégios e 
imunidades; e (3) capacidade para patrocinar reclamações internacionais. 
 
 A personalidade jurídica internacional é original (ou originária), no caso dos Estados; e 
derivada (ou não-originária), quando falamos das organizações internacionais. Na primeira 
hipótese, a personalidade jurídica internacional decorre do próprio surgimento do Estado; na 
segunda hipótese, a personalidade jurídica internacional emana das organizações internacionais, as 
quais não se confundem com os Estados-membros (Estados que se associam para instituir as 
organizações internacionais). 
 
 
 
9 
 De acordo com Jorge Bacelar GOUVEIA, a personalidade jurídica internacional deve 
ser interpretada como um dos três elementos da subjetividade internacional
16
: 
 
(1) personalidade jurídica internacional: “A personalidade 
jurídica internacional é a susceptibilidade para ser 
destinatário de normas e princípios de Direito Internacional, 
dos quais diretamente decorre a oportunidade para a 
titularidadede direitos (situações jurídicas ativas) ou para se 
ficar adstrito a deveres (situações jurídicas passivas).” 
 
(2) capacidade jurídica internacional: “A capacidade 
jurídica internacional afere-se pelo conjunto dos direitos e 
dos deveres que podem estar inscritos na esfera jurídico-
internacional da entidade em causa, também se diferenciando 
entre uma dimensão de titularidade e uma dimensão de 
exercício dos mesmos.” 
 
(3) pessoa jurídica internacional: “A pessoa jurídica 
internacional significa que, numa entidade singular 
(ESTADO) ou coletiva (Org. Int.), se junta a susceptibilidade 
para ser titular de direitos e destinatário de deveres (...).” 
 
 
QUESTÕES: 
1-A teoria dualista defende a tese segundo a qual a ordem internacional e a ordem interna 
compreendem sistemas dependentes e distintos, o que significa dizer que a validade e a eficácia de 
uma lei vigente em determinado Estado não estão condicionadas às regras ou aos costumes 
adotados pela comunidade internacional. 
FALSO 
JUSTIFICAR: A ordem Internacional e a ordem interna compreendem sistemas autônomos e 
distintos 
 
2- Para os teóricos da primeira corrente Monista, o DIP deve ser interpretado na perspectiva da 
fragmentação da ordem jurídica 
FALSO 
JUSTIFICAR: Teoria Monista 
Para Hans Kelsem o DIP deve possuir uma ordem jurídica hierarquizada, na qual os Estados 
apresentam posições hierárquica diferenciada 
 
3- Para os teóricos da 2ª. corrente Monista, o DIP compreende uma realidade unitária caracterizada 
pela Supremacia do ordenamento jurídico de cada Estado, sendo facultativa a adoção das leis 
internacionais. 
VERDADEIRO 
JUSTIFICATIVA: 
Segundo o pensamento da segunda corrente Monista 
TEORIAS MONISTAS (duas correntes): 
 
 1
a
 corrente monista (Hans Kelsen): unidade da ordem jurídica com a 
supremacia do Direito Internacional Público, ficando o ordenamento jurídico de cada Estado numa 
posição hierárquica inferior às leis internacionais; 
 
 
16
 GOUVEIA, Jorge Bacelar. Manual de direito internacional público. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 353. 
 
 
10 
 2
a
 corrente monista (durante o período da Guerra Fria: União Soviética e 
aliados; atualmente: Bolívia, Coréia do Norte, Cuba e Venezuela): unidade da ordem jurídica com a 
supremacia do ordenamento jurídico de cada Estado, sendo facultativa a adoção das leis 
internacionais. 
 
4- Carl Heinrich Triepel e Dionísio Anzilotti são autores vinculados às teorias monistas. 
FALSO 
JUSTIFICATIVA: são autores vinculados às TEORIAS DUALISTAS (Carl Heinrich Triepel, 
ALEMANHA; Dionisio Anzilotti, ITÁLIA) 
 
OBS: 
 
Unasul: em maio de 2008 nasce bloco político dos países sul-americanos 
→Tratado assinado por 12 países da América do Sul confere personalidade jurídica internacional 
para o subcontinente. Trocando em miúdos, a América do Sul ganha status de organização 
internacional, reconhecida na ONU (Organização das Nações Unidas) e capaz de negociar com outros 
países, blocos de países e instâncias multilaterais. 
 
- Poder Constituinte Supranacional é o poder que cria uma Constituição, na qual cada Estado 
cede uma parcela de sua soberania para que uma Constituição comunitária seja criada. O 
titular deste Poder não é o povo, mas o cidadão universal. 
 
NACIONALIDADE: 
 É um vínculo (elo) entre determinado Estado (país) entre um indivíduo 
 A natureza do vínculo: jurídico-político 
 
→1947 Declaração universal do direito dos homens 
 Todos tem direito a uma nacionalidade 
 Natureza jurídica da nacionalidade: direito subjetivo público 
 
→Art. 12 CF 
 NATOS NATURALIZADOS 
ORIGINÁRIA DERIVADA/ADQUIRIDA 
a)Jus soli = nascidos em território 
brasileiro 
a) destinatários (critério linguístico): estrangeiros de língua 
portuguesa 
- critério temporal: 1 ano ininterrupto (é objetivo) 
-requisito moral: idoneidade moral (é subjetivo) 
*Competência da União (Art. 21CF) reconhece ou não a 
idoneidade por meio do Ministério da Justiça – ato 
administrativo 
*Princípio da Discricionariedade = conveniência e 
oportunidade 
b)Jus sanguinis=nascidos no estrangeiro 
de pai ou mãe brasileiros desde que um 
esteja a serviço do Br 
b)destinatários: todos os outros estrangeiros 
- critério temporal objetivo: 15 anos 
- critério processual: sem condenação penal (é objetiva é 
prova documental) 
- critério volitivo: requerer a nacionalidade 
c)Jus sanguinis=nascidos no estrangeiro, 
desde que registrado em repartição 
competente OU optem 
 
 
“não confundir os destinatários da norma Constitucional (estrangeiros) com os pré-requisitos 
necessárias à concessão da nacionalidade” 
 
-1-Pressupostos definidores da nacionalidade 
 
 
11 
- indica domicílio de nacionalidade 
*Onde se nasceu? Territorialidade 
Jus soli 
 
2-Quais são as ancestralidades? Jus sanguinis (critério por sangue) 
 
- APÁTRIDA = sem pátria - APATRIA = condição jurídica de ser apátrida 
 
NACIONALIDADE 
“Art. 12. São brasileiros: 
I – natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço de seu país; (hipótese de jus soli) 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço 
da República Federativa do Brasil; (Jus sanguinis=nascidos no estrangeiro) 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente (o registro de nascimento é um serviço CONSULAR – atua como se 
cartório fosse, quem efetua é o consulado) 
OU venham a residir na República Federativa do Brasil E optem, em qualquer tempo, depois de atingida a 
maioridade, pela nacionalidade brasileira; (chamado direito de opção, o titular do direito é quem nasceu) 
(hipótese= Jus sanguinis – em questão de dupla nacionalidade pelo menos terá o jus sanguinis, mas o jus 
soli somente pode ocorrer uma vez (ninguém nasce em dois lugares ao mesmo tempo) 
 
II – naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto E idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de 
quinze anos ininterruptos E sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, 
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, SALVO os casos previstos nesta Constituição. 
§ 2º – A LEI NÃO poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, SALVO nos casos 
previstos nesta Constituição. 
§ 3º – São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I – de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II – de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III – de Presidente do Senado Federal; 
IV – de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V – da carreira diplomática; 
VI – de oficial das Forças Armadas. 
VII – de Ministro de Estado da Defesa 
§ 4º – Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse 
nacional; (BR naturalizado) 
II – adquirir outra nacionalidade, SALVO no casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, 
como condição para permanência em seu território ou para o exercíciode direitos civis. 
 
 
CURIOSIDADES: 
- Lei 6815/1980 = sobre o estrangeiro, visto, permanência 
- Um dos princípios do Dir Int. é o da “Reciprocidade” 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
SEGUNDA PARTE 
 
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
O ARTIGO 38 DO ESTATUTO DA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA 
TRATADOS, COSTUMES E PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO 
JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL, DOUTRINA E EQÜIDADE 
OUTRAS FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
________________________________________________________________________________ 
 
1. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO. 
 
Nota explicativa: para efeito de compreensão didática das fontes do Direito 
Internacional Público, deve-se ter em mente o disposto no artigo 38 do Estatuto da Corte 
Internacional de Justiça – CIJ (principal tribunal internacional do mundo). Há que se 
ressaltar, no entanto, que as fontes do Direito Internacional Público não se limitam àquelas 
citadas no artigo 38. 
- Função: julgar conflitos 
- a CIJ julga quem? Jurisdição sobre Estados 
- Geralmente julga conflitos territoriais – julga conflitos entre Países 
- CIJ ou TRIBUNAL INTERNACIONAL DE JUSTIÇA ou Haia 
a) ato ilícito por ação ou omissão 
b) imputabilidade 
c) ocorrência de dano a partir do ato ilícito 
 
- AS 3 FONTES + IMPORTANTES DO DIR. INTERNACIONAL, não são só essas fontes 
 
“Artigo 38. 
1. A Corte, cuja função é decidir em conformidade com o direito 
internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
a. As convenções (TRATADOS) internacionais, quer gerais 
(PROTOCOLO DE KIOTO), quer especiais, que estabeleçam regras 
expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;(TRATADOS) 
b. O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita 
como direito;(COSTUMES, CONSUETUDINÁRIO) 
c. Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações 
civilizadas (QUEM É CIVILIZADA); 
d. Com ressalva das disposições do artigo 59, as decisões judiciais e a 
doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como 
meio auxiliar para a determinação das regras de direito (significa 
instrumentos de interpretações: decisões judiciais ou jurisprudências do 
próprio tribunal ou dos países + doutrina) . 
- regras de direito: tratados, costumes e princípio geral do direito 
 
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir 
uma questão ex aequo et Bono (o que é equilibrado é bom = equidade), 
se as partes assim convierem.” (a CIJ pode utilizar o princípio de 
Equidade desde que as partes assim convencionem). 
 
 Ver o conceito de equidade de Aristótesles: p.18 
 
 
13 
 Da leitura do artigo 38, poderíamos imaginar a existência de uma “hierarquia das normas” 
internacionais. Em verdade, não há, no domínio do Direito Internacional Público, hierarquia 
normativa de qualquer tipo. Entretanto, a moderna doutrina aponta a supremacia do Princípio jus 
cogens em relação ao conjunto de normas, convencionais ou consuetudinárias, que integram a 
ordem jurídica internacional. O artigo 38 não é taxativo, mas apenas uma referência indicativa de 
fontes do Direito Internacional Público. O termo “decisões judiciais” se refere à jurisprudência 
internacional; a infeliz expressão “nações civilizadas” deve ser compreendida como sinônimo de 
Estados. Por fim, “decidir uma questão ex aequo et bono” significa que a CIJ poderá valer-se da 
eqüidade em seus julgamentos, desde que haja concordância das partes em conflito em relação à 
adoção de tal método. 
 
*FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
1- Tratados = fonte formal 
2- Costumes = fonte informal 
3- Princípios Gerais de Direito = são os princípios mais gerais como cumprir pagamento 
 
- Onde está o Direito? = a fonte é a origem 
 
As fontes estão listadas no Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (CIJ) 
 
-TPI = TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL = foi criado pelo Instituto de Roma, só julga pessoa 
física, mas o ambiente de cometimento de crimes podem levar à “responsabilidade 
internacional”. 
- Autor: Antônio Casesse 
 
QUESTÃO: O Tribunal Penal Internacional tem competência para julgar pessoas 
 a) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio, ocorridos a partir 
da entrada em vigor do Estatuto de Roma, em 2002. 
 b) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio, ocorridos a partir da 
entrada em vigor do Estatuto de Roma, em 1998. 
 c) acusadas de crimes de guerra, contra a humanidade, genocídio e terrorismo. 
 d) e Estados acusados de crimes de guerra, contra a humanidade, genocídio e terrorismo. 
 e) e Estados acusados de crimes de guerra, contra a humanidade e genocídio 
 
2-O denominado "Sistema ONU" de proteção dos direitos humanos inclui 
 a) o Conselho de Direitos Humanos e o Tribunal Penal Internacional. 
 b) o Conselho de Direitos Humanos, os altos comissários, os relatores especiais, os 
comitês criados pelos tratados internacionais e o Tribunal Penal Internacional. 
 c) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, a Corte Européia de Direitos Humanos e a 
Corte Africana de Direitos Humanos. 
 d) o Conselho de Direitos Humanos, os altos comissários, os relatores especiais, os comitês 
criados pelos tratados internacionais e a Corte Internacional de Justiça. 
 e) o Conselho de Direitos Humanos, Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Penal 
Internacional. 
 
2. TRATADOS. 
- É pacto, aplica-se o princípio Pacta Sunt Servanda (o que foi pactuado deve ser cumprido); é 
elemento constitutivo de uma norma jurídica, muitas vezes a norma incorpora o princípio geral do 
direito. 
- Tratado é dever-ser = existe para ser cumprido, mas não significa que irá ser cumprido; 
- É norma jurídica = direitos e obrigações para as partes signatárias; as partes serão sempre sujeitos 
internacionais 
 
 
14 
- É ato jurídico = alguém tem de assinar o texto 
→ Nesse sentido, o tratado possui, também, natureza binária: é ao mesmo tempo ato jurídico (ato 
de vontade de assinar o tratado, é a celebração do doc.), e norma jurídica. (as duas dimensões 
que se completam) 
→ esses dois itens são de natureza binária = é ao mesmo tempo norma e ato ( a assinatura do 
Executivo gera a norma que se efetivará após a chancela (referendo) do Congresso Nacional no 
caso do Brasil) 
- É acordo formal, pacto, ajuste formal, sempre por escrito (não existe tratado verbal) 
 
Nota explicativa: o tratado é a fonte mais importante do Direito Internacional 
Público. Independentemente da expressão utilizada (“tratado”, “tratado internacional”, 
“convenção”, “protocolo”, “acordo”, “constituição”, “carta”, “estatuto”, “concordata”), o 
termo “tratado” (e todas as demais expressões congêneres) se refere àquele pacto celebrado 
por escrito entre sujeitos possuidores de personalidade jurídica internacional (Estados e 
organizações internacionais). 
 
 
RECEPÇÃO DE TRATADOS 
→DE que maneira o Direito Brasileiro recepciona/internaliza o Tratado? De que maneira o 
ordenamento jurídico integra o Tratado Internacional? 
- Regras constitucionais expressas ou tácitas exprimem, definem o modelo de recepção de 
tratados 
Doutrina da transformação Doutrina da incorporação 
A Cf Br. adota a doutrina da transformação 
- outros países: Angola, Chile, Guatemala, Polônia, 
Suíça, Uruguai 
- Corrente teórica do Dualismo: 
- RECEPÇÃO NÃO AUTOMÁTICA: o Tratado 
para entrar em vigor precisa da manifestação 
definitiva do Congresso Nacional 
-exigência de atos de Direito Interno 
- DECRETO = ato de direito interno, ato do poder 
Executivo que dá publicidade aos Tratados 
 
- Ex. Alemanha, EUA, Portugal- Corrente teórica Monista: 
- O tratado entra em vigor 
AUTOMATICAMENTE 
- inexigibilidade de atos de Dir. Interno 
 
 
. 
 
- Teória Monista – no universo existe uma única ordem jurídica 
a) Autor: Hans Kelsen 
 
 
2.1. Tratado. 
É norma jurídica e também é fonte formal. 
 
 Conceito. “O tratado designa qualquer acordo concluído entre dois ou mais sujeitos de 
direito internacional, destinado a produzir efeitos de direito e regulado pelo direito internacional.”17 
 
 
17
 DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste 
Gulbenkian, 2003, p. 120. 
 
 
15 
 Conceito de Francisco REZEK: “Tratado é todo acordo formal concluído entre sujeitos 
de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos.”18 
 
 Conceito fixado pela CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS 
TRATADOS de 1969 (artigo 2
o): “Um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e 
regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais 
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.” 
 
2.2 Características fundamentais dos tratados. 
 
(1) Multiplicidade de partes (duas ou mais partes signatárias): 
 
 ● tratados bilaterais (exatamente duas partes signatárias); 
 ● tratados multilaterais (três ou mais partes signatárias). 
 
(2) Personalidade jurídica de Direito Internacional Público dos pactuantes: 
 
 ● Estados soberanos; 
 ● Organizações internacionais. 
 
(3) Formalidade: o tratado é um acordo rigorosamente formal. Em outras palavras, todo e 
qualquer tratado será necessariamente celebrado por escrito. O tratado, portanto, possui natureza 
formal e documental. O tratado tem natureza documental. 
 
(4) Produção de efeitos jurídicos: todo e qualquer tratado produzirá necessariamente 
efeitos jurídicos para os pactuantes (partes signatárias). Nesse sentido, o tratado possui, também, 
natureza binária: é ao mesmo tempo ato jurídico e norma jurídica. 
Norma jurídica = preceito legal de conduta que gera impacto sobre todos 
 
(5) Modelo estruturado: 
 
 ● Preâmbulo (sempre): introdução; 
 ● Dispositivo (sempre): conteúdo; figuram as normas jurídicas; parte operativa 
 ● Anexos (eventualmente): detalhamento. 
 
(6) Aplicabilidade do princípio pacta sunt servanda: o tratado é, acima de tudo, um 
pacto. Por isso mesmo, a todo e qualquer tratado aplica-se o princípio pacta sunt servanda (“o que 
foi pactuado deverá ser cumprido”). O tratado compreende, dessa forma, a combinação de normas 
jurídicas concretas (direitos e obrigações das partes signatárias) com valores éticos abstratos (boa-fé 
e expectativa de realização do acordo). 
 
(7) Aplicabilidade do princípio do consentimento: a noção de consentimento (anuência, 
aprovação, permissão) é essencial a todo e qualquer tratado. É absolutamente nulo, por exemplo, o 
tratado no qual um dos Estados pactuantes tenha sofrido coação por ameaça ou por emprego da 
força. 
 
(8) Regência do Direito Internacional Público: sendo ao mesmo tempo ato jurídico e 
norma jurídica, o tratado deverá estar amparado por alguma ordem jurídica. Sabendo-se que a 
jurisdição da sociedade internacional é facultativa, e tendo em vista a inaplicabilidade do princípio 
 
18
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 14. 
 
 
16 
da subordinação na esfera desta mesma sociedade internacional, o tratado será sempre regido, por 
conseqüência, pelo Direito Internacional Público. (NÃO ao princípio da subordinação) 
Ex. O Tratado de Assunção é o criador do Mercosul em 1991 com 4 partes signatários: Brasil, 
Argentina, Paraguai e Uruguai 
→ Qualquer proposta tem de ser por consenso. 
→ O ato de criação (que cria) de um tratado é denominado CELEBRAÇÃO 
*Fenômenos de alteração, de modificação um (bloco), de um Tratado 
→ DENÚNCIA é a saída unilateral de um Estado, por ex. O Brasil soberanamente quer sair do 
Tratado 
→ADESÃO = entrada de um Estado (adere ao tratado ou ao estatuto); 
→AB-ROGAÇÃO = significa a saída de todos os membros ao mesmo tempo, ou seja, extinção de 
um tratado por vontade comum de todos os signatários 
 
2.3. Gênese, validade e extinção dos tratados. 
 
 A compreensão da gênese (formação) dos tratados pressupõe, como ponto de partida, a idéia 
de que a representatividade exterior destinada à negociação e à celebração de tratados é 
característica comum de todo e qualquer sujeito possuidor de personalidade jurídica internacional, 
razão pela qual é importante identificar a titularidade e o limite da representatividade exterior. 
 
2.4. Representatividade exterior. 
 
▪ chefe de Estado (mandatário): representatividade exterior originária e 
ampla (negociação e celebração); 
 
▪ chefe de governo (mandatário): representatividade exterior originária 
e ampla (negociação e celebração); 
 
▪ ministro de Estado responsável pelas relações exteriores 
(plenipotenciário): representatividade exterior derivada e ampla 
(negociação e celebração). 
 
▪ chefe de missão diplomática (plenipotenciário): representatividade 
exterior derivada e limitada (negociação apenas). 
 
2.5. Gênese: negociação bilateral ou multilateral (coletiva). 
 
 A fase de negociação representa fundamentalmente o início da gênese dos tratados. É nesta 
fase que os futuros signatários negociam os termos dos tratados, os quais serão celebrados após 
negociações bilaterais ou multilaterais (coletivas). 
 
● negociação bilateral: ocorre normalmente no território de uma das signatárias. A 
inexistência de relacionamento diplomático permanente entre os pactuantes não impede a 
celebração do tratado bilateral. Neste caso, uma das partes enviará para o território da outra 
parte uma delegação ad hoc. 
 
● negociação multilateral (coletiva): ocorre normalmente na esfera de uma conferência 
diplomática internacional. A convocação deste tipo de conferência ocorre por iniciativa dos 
Estados soberanos e das organizações internacionais e, eventualmente, por iniciativa de 
algum Estado soberano que, mesmo não sendo um dos signatários, possui interesse na 
matéria a ser pactuada. 
 
2.6. Validade. 
 
 
17 
 
 A idéia de que o tratado é um acordo significa que este tipo de pacto produz efeitos jurídicos 
para as partes signatárias, sendo ao mesmo tempo ato jurídico válido e norma jurídica igualmente 
válida para os pactuantes. São três as condições fundamentais de validade do tratado: 
(1
a
) competência dos signatários; (2
a
) objeto lícito e possível; e (3
a
) consentimento obrigatório. 
 
;2.7. Extinção. 
 
 No que diz respeito à extinção do tratado, é importante observar, inicialmente, as espécies de 
vigência deste tipo de acordo: (1) tratado estático (vigência perpétua); e (2) tratado dinâmico 
(vigência por tempo indeterminado e por tempo determinado). 
 
 ● Extinção pela vontade comum: dá-se o nome de ab-rogação à revogação resultante da 
vontade comum dos pactuantes. A ab-rogação é (1) predeterminada (quando o texto do tratado 
prevê o fim da vigência); ou (2) superveniente (quando a revogação decorre da vontade das partes, 
mesmo inexistindo previsão nesse sentido no texto do tratado vigente). 
 
 ● Extinção pela vontade unilateral: dá-se o nome de denúncia (ato unilateral) à revogação 
resultante da vontade de um dos pactuantes em retirar-se do tratado. A comunicação da denúncia é 
um ato formal materializado por meio de notificação (carta ou instrumento), independentemente da 
existência ou inexistência deprevisão expressa no texto do tratado para este tipo de revogação. 
 
2.8. Causas motivadoras da extinção. A extinção do tratado ocorrerá por ab-rogação ou por 
denúncia. É importante observar que a extinção poderá ocorrer em função de três hipóteses: 
 
(1
a
) fim da vontade de permanecer pactuando; 
(2
a
) impossibilidade de execução do pactuado; 
(3
a
) alteração fundamental das circunstâncias. 
 
3. COSTUMES. 
 
Nota explicativa: o costume é a fonte mais antiga do Direito Internacional Público, 
fenômeno jurídico anterior a qualquer noção de acordo internacional celebrado por escrito: 
trata-se de verdadeira fonte do Direito Internacional Público. O costume, a depender do grau 
de sua aceitação pelos membros da comunidade internacional, é muitas vezes consolidado 
nos textos dos tratados bilaterais e multilaterais. 
 
3.1. Costume internacional. 
 Conceito: “Prática geral aceita como direito” (Estatuto da CIJ: art. 38, 1, “b” O costume 
internacional, como prova de uma prática geral aceita como direito). 
 Conceito de Francisco REZEK: “A repetição, ao longo do tempo, de um certo modo 
de proceder ante determinado quadro de fato.”19 
 
3.2. Elementos constitutivos do costume internacional. 
 
(a) elemento material ( o corpus ): a repetição da conduta (“cumpriment
o repetido de atos denominados precedentes”20); 
 
 
19
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 122. 
20
 DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste 
Gulbenkian, 2003, p. 329. 
 
 
18 
(b) elemento psicológico ( o animus ): a idéia de justiça (“convicção dos 
sujeitos de direito de que o cumprimento de tais atos é obrigatório porque 
o direito o exige”21). 
 
3.3. Abrangência do costume internacional. 
 
(a) universal: costume internacional reconhecido por toda a comunidade 
internacional; 
 
(b) regional: costume internacional reconhecido na esfera específica de 
determinadas regiões; 
 
(c) local: costume internacional reconhecido apenas no âmbito de 
determinadas localidades. 
 
 
4. PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO. 
 
Nota explicativa: os princípios gerais de direito representam a fonte mais 
“universal” do Direito Internacional Público. Para efeito de classificação, podemos 
posicionar os princípios gerais de direito em três grandes categorias: (1) princípios gerais 
de direito específicos do Direito Internacional Público; (2) princípios gerais de direito 
comuns ao Direito Internacional Público e aos ordenamentos jurídicos internos; e (3) 
princípios gerais de direito consagrados pela jurisprudência internacional. 
 
 Conceito: princípios que traduzem regras jurídicas universalmente aceitas pelos sujeitos 
de Direito Internacional Público. 
 
4.1. Princípios gerais de direito específicos do Direito Internacional Público. 
 
 ▪ princípio da não-agressão; 
 ▪ princípio da autodeterminação dos povos; (constante na CF, art 4º., III) 
 ▪ princípio do desarmamento; 
 ▪ princípio da solução pacífica dos litígios entre Estados; (constante na CF, art 4º., VII) 
 ▪ princípio da coexistência pacífica. 
 
4.2. Princípios gerais de direito comuns ao Direito Internacional Público e aos ordenamentos 
jurídicos internos. 
 
 ▪ princípio pacta sunt servanda; 
 ▪ princípio lex posterior derogat priori; (O princípio cronológico lex posterior derogat 
legi priori, se refere ao início da vigência das leis. Para normas gerais, de mesmo nível hierárquico 
estabelecidas em diferentes ocasiões, tem validade a norma editada em último lugar. O critério lex 
posterior derogat legi priori significa que se duas normas são antinômicas e do mesmo nível, a 
mais recente deverá prevalecer sobre a mais antiga.) 
 
 ▪ princípio nemo plus juris. 
 
 
21
 DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste 
Gulbenkian, 2003, p. 329. 
 
 
19 
5. JURISPRUDÊNCIA INTERNACIONAL, DOUTRINA E EQÜIDADE. 
 
Nota explicativa: a jurisprudência internacional (“decisões judiciais”) e a 
doutrina representam um “meio auxiliar para a determinação das regras de direito” 
internacional, nos termos do disposto no artigo 38 do Estatuto da CIJ (1, “d”). Em outras 
palavras, são instrumentos de interpretação do Direito Internacional Público vigente. No 
que se refere à eqüidade, trata-se de “um modo de aplicar o sentimento ideal de justiça aos 
casos concretos”22 (grifo original). 
 
5.1. Jurisprudência internacional (“decisões judiciais”). 
 
 Conceito: conjunto de decisões arbitrais proferidas no âmbito da sociedade 
internacional, desde os tempos mais antigos, e decisões proferidas pelos tribunais internacionais, 
tais como as sentenças da CIJ. 
 
5.2. Doutrina. 
 
 Conceito: opinião (livros, teses, pareceres) dos especialistas em Direito Internacional 
Público. 
 
 O provimento da prova da substância do Direito Internacional Público é uma das principais 
funções da doutrina, além da influência que esta exerce sobre o desenvolvimento qualitativo do 
ordenamento jurídico internacional. 
 
5.3. Eqüidade. 
 
 Conceito: do latim aequitate, a eqüidade é um método de raciocínio jurídico, mecanismo 
de análise amparado pela combinação da noção de igualdade com a idéia de moderação (a eqüidade 
não é norma jurídica). 
Equidade não é norma, não é fonte! Equidade = igualdade + proporcionalidade 
 
 Os estudos sobre a eqüidade são antigos e encontraram em Aristóteles profundas reflexões 
sobre o tema. Para o filósofo grego, a eqüidade deve ser compreendida na perspectiva da 
proporcionalidade. Trata-se da igualdade proporcional aristotélica: “Se as pessoas não forem 
iguais, elas não terão uma participação igual nas coisas, mas isto é a origem de querelas e queixas 
(quando pessoas iguais têm e recebem quinhões desiguais, ou pessoas desiguais recebem quinhões 
iguais).”23 
 
 
 
6. OUTRAS FONTES. 
 
Nota explicativa: as fontes do Direito Internacional Público não se limitam aos 
tratados, aos costumes e aos princípios gerais de direito. As “normas imperativas de Direito 
Internacional” ( jus cogens ) e os atos unilaterais (atos unilaterais dos Estados e atos 
unilaterais das organizações internacionais) são do mesmo modo fontes do Direito 
Internacional Público (independentemente do silêncio do artigo 38 do Estatuto da CIJ). 
 
 
22
 André Gonçalves Pereira e Fausto de Quadros, citados por Jorge Miranda (MIRANDA, Jorge. Curso de direito 
internacional público. Estoril: Princípia, 2006. p. 44. 
23
 ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. 3
a
 ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1992, p. 96. 
 
 
20 
 
 
6.1. “Normas imperativas de Direito Internacional” ( jus cogens ). 
 
 Conceito de jus cogens: o direito imperativo; o direito que obriga. 
 
 Na esfera específica do Direito Internacional Público, deve-se interpretar o princípio jus 
cogens como o conjunto de normas que objetivamente impõem direitos e obrigações aos Estados e 
às organizações internacionais. O princípio jus cogens foi disciplinado formalmente em 1969, ano 
de celebração da CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS. O art. 53 
do referido tratado determina que: 
 
“ARTIGO 53. 
 
TRATADO EM CONFLITO COM UMA NORMA IMPERATIVA 
DE DIREITO INTERNACIONAL GERAL (JUS COGENS) 
 
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma 
norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente 
Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacionalgeral é 
uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos 
Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é 
permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito 
Internacional geral da mesma natureza” (grifei). 
 
 O mesmo princípio foi consolidado no texto da CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE 
DIREITOS DOS TRATADOS ENTRE ESTADOS E ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
OU ENTRE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS (1986). As “normas imperativas de 
Direito Internacional” são fundamentalmente normas proibitivas. Alguns exemplos: 
 
(1) proibição do genocídio; 
(2) proibição da escravidão; 
(3) proibição da segregação racial; 
(4) proibição da tortura. 
 
6.2. Atos unilaterais. 
 
 Conceito: “ato imputável a um único sujeito de direito internacional.”24 
 
(1) Atos unilaterais dos Estados: 
 
(a) notificação; 
(b) reconhecimento; 
(c) protesto; 
(d) renúncia; 
(e) promessa. 
 
(2) Atos unilaterais das organizações internacionais. 
 
(a) decisões; 
 
24
 DAILLIER, Patrick (Nguyen Quoc Dinh e Alain Pellet). Direito Internacional Público. Lisboa: Fundação Calouste 
Gulbenkian, 2003, p. 368. 
 
 
21 
(b) recomendações. 
 
TERCEIRA PARTE 
 
SOBERANIA E JURISDIÇÃO 
PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS E CONSULARES 
NACIONALIDADE: ARTIGO 12 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO 
ASILO POLÍTICO 
________________________________________________________________________________ 
 
1. SOBERANIA E JURISDIÇÃO. 
 
Nota explicativa: qualquer conceito razoável de Estado pressupõe a idéia de que o 
fenômeno estatal é uma realidade integrada por três elementos: (1) território; (2) população; 
e (3) governo. Surge, porém, no domínio doutrinário, dúvida quanto à existência (ou 
inexistência) de um quarto elemento: a soberania. A maioria dos autores interpreta a 
soberania não como um quarto elemento autônomo, e sim como uma qualificadora do 
elemento governo (daí a expressão “governo soberano”). A jurisdição, por outro lado, pode 
ser interpretada como o limite do exercício da soberania; ou, em termos mais amplos, o 
poder estatal de proclamar o direito nos limites da sua soberania. 
 
1.1. Soberania. 
 
 Conceito: o conjunto de poderes que sustentam o Estado. 
 
 Conceito do Dicionário de política: “(...) o poder de mando de última instância numa 
sociedade política”; (...) “a racionalização jurídica do poder (...).”25 
 
1.2. Perspectivas interna e externa da soberania. 
 
 (1) perspectiva interna: o supremo poder ( suprema potestas ) do Estado sobre o 
território e a população. 
 
 (2) perspectiva externa: a materialização política da igualdade, fenômeno que 
coloca o Estado no mesmo plano (horizontal) dos demais Estados soberanos. 
 
1.3. Soberania internacional. 
 
 A idéia de soberania internacional (decorrente da perspectiva externa do conceito 
de soberania) é fundamental para a compreensão do Estado como sujeito possuidor de 
personalidade jurídica internacional e, por isso mesmo, sujeito de direitos e deveres na esfera da 
comunidade internacional. Comum, nesse sentido, é a expressão “Estado soberano”, fórmula que 
enfatiza a soberania do Estado, traço que consagra o princípio basilar da igualdade entre Estados. 
Nas palavras de Jorge Bacelar GOUVEIA, a soberania internacional produz duas categorias de 
situações jurídicas para o Estado: 
 
 
25
 BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; Gianfranco PASQUINO. Dicionário de política. Vol. 2, 12
a
 ed. Brasília: 
Universidade de Brasília, São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2003, p. 1179. 
 
 
22 
 “─ direitos: a não sujeição orgânica dos Estados a outros sujeitos; a 
presunção de regularidade dos respectivos atos; a sua autonomia constitucional na respectiva 
organização política; 
 
 ─ deveres: o respeito pelo Direito Internacional; a proibição de 
ingerência em assuntos internos; a proibição do uso da força, salvo em legítima defesa; o dever de 
cooperação internacional.”26 
 
1.4. Jurisdição estatal. 
 
 Conceito: o poder do Estado relacionado ao cumprimento de suas competências. 
 
 Conceito de Fernando Gamboa SERAZZI: “A jurisdição é um termo que se refere aos 
poderes que um Estado exerce sobre pessoas, bens ou atos.”27 
 
 Conceito de Santiago BENADAVA: “A administração da justiça civil e criminal pelos 
tribunais do Estado.”28 
 
1.5. Características da jurisdição estatal. 
 
▪ generalidade: o poder do Estado em relação ao cumprimento de suas 
competências compreende todas as áreas de atuação do poder público; 
 
▪ exclusividade: o Estado não possui concorrência de outros Estados 
soberanos, o que significa dizer que o exercício das competências estatais 
é privativo do próprio Estado. 
 
1.6. Imunidade à jurisdição estatal. 
 
 A imunidade à jurisdição estatal compreende a idéia de que os representantes de 
determinado Estado soberano junto ao governo de outro Estado soberano não serão submetidos, via 
de regra, à jurisdição deste Estado. A imunidade à jurisdição estatal é ampla em relação às missões 
diplomáticas e limitada no caso das missões consulares. A imunidade à jurisdição estatal é 
essencialmente processual; ou seja, é irrelevante, por exemplo, se o embaixador norueguês no Brasil 
tenha cometido um homicídio ou uma lesão corporal, ou se estes crimes deram-se na modalidade 
culposa ou dolosa. Em ambos os casos, o referido diplomata não será processado criminalmente 
junto ao Poder Judiciário brasileiro. 
 
1.7. Renúncia à imunidade jurisdicional. 
 
 A renúncia à imunidade jurisdicional é uma prerrogativa do “Estado acreditante” 
(Estado de origem dos representantes diplomáticos e consulares). Por outro lado, os membros da 
missão diplomática e os membros da missão consular não poderão, por iniciativa própria, renunciar 
à imunidade jurisdicional. 
 
 Trata-se, portanto, de prerrogativa estatal. Entretanto, os representantes estrangeiros 
devem respeitar as leis vigentes no âmbito territorial do “Estado acreditado” (Estado de destino dos 
representantes diplomáticos e consulares), nos termos do art. 41, 1, da Convenção de Viena sobre 
 
26
 GOUVEIA, Jorge Bacelar. Manual de direito internacional público. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 371. 
27
 SERAZZI, Fernando Gamboa. Tratado de derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2003, p. 
220. 
28
 BENADAVA, Santiago. Derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2004, p. 239. 
 
 
23 
Relações Diplomáticas (Decreto n
o
 56.435, de 08.06.65), e do art. 55, 1, da Convenção de Viena 
sobre Relações Consulares (Decreto n
o
 61.078, de 26.07.67). 
 
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas 
 
“Art. 41. 
 
1. Sem prejuízo de seus privilégios e imunidades todas as pessoas que 
gozem desses privilégios e imunidades deverão respeitar as leis e os 
regulamentos do Estado acreditado. Têm também o dever de não se 
imiscuir nos assuntos internos do referido Estado.” 
 
Convenção de Viena sobre Relações Consulares 
 
“Art. 55. 
 
1. Sem prejuízo de seus privilégios e imunidades todas as pessoas que se 
beneficiem desses privilégios e imunidades deverão respeitar as leis e 
regulamentos do Estado receptor. Terão igualmente o dever de não se 
imiscuir nos assuntos internos do referido Estado.” 
 
1.8. Serviços diplomáticos e serviços consulares (órgãos do Estado nas relações 
internacionais). 
 
 Na esfera das relações internacionais, caracterizadas essencialmente pela relação 
estabelecidaentre Estados no âmbito da comunidade internacional, estes se fazem representar nos 
territórios estrangeiros por meio de serviços diplomáticos e de serviços consulares. De acordo 
com Francisco REZEK, “o diplomata representa o Estado de origem junto à soberania local, e para 
o trato bilateral dos assuntos de Estado.”29 Por outro lado, “o cônsul representa o Estado de origem 
para o fim de cuidar, no território onde atue, de interesses privados (...).”30 
 
1.9. Convenções de Viena sobre privilégios e imunidades. 
 
 A questão relacionada aos privilégios e às imunidades foi disciplinada por duas 
convenções celebradas em Viena (Áustria) na década de 60. A Convenção de Viena sobre Relações 
Diplomáticas foi celebrada em 1961 e promulgada no Brasil em 1965 (Decreto n
o
 56.435, de 08 de 
junho de 1965); a Convenção de Viena sobre Relações Consulares foi celebrada em 1963 e 
promulgada no Brasil em 1967 (Decreto n
o
 61.078, de 26 de julho de 1967). 
 
 Deve-se observar, ainda, que os serviços diplomáticos e os serviços consulares 
possuem natureza distinta, embora alguns países tenham unificado as duas carreiras, tal como 
ocorre no Brasil. 
 
1.10. Privilégios e imunidades diplomáticas. 
 
 Na esfera da missão diplomática, os membros do quadro diplomático propriamente 
dito (ex.: embaixadores) e os membros do quadro administrativo e técnico (ex.: tradutores e 
contadores) possuem ampla imunidade penal, civil e tributária. Além disso, tais indivíduos são 
fisicamente invioláveis e em hipótese alguma serão obrigados a depor como testemunhas. A 
referida imunidade estende-se aos respectivos familiares, desde que estes sejam dependentes. Já os 
 
29
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 170. 
30
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 170. 
 
 
24 
locais da missão diplomática são igualmente invioláveis, bem como as residências dos membros do 
quadro diplomático e dos membros do quadro administrativo e técnico. A regra é a mesma para os 
respectivos arquivos e documentos. 
 
1.11. Privilégios e imunidades consulares. 
 
 Os privilégios e imunidades consulares são muito semelhantes àqueles inerentes à 
missão diplomática. Entretanto, tais privilégios e imunidades limitam-se aos atos de ofício 
praticados pelos cônsules e pelos funcionários consulares, razão pela qual os respectivos familiares 
não haverão de possuir quaisquer prerrogativas, inclusive no que se refere à inviolabilidade das 
residências. Por outro lado, os locais destinados ao serviço consular são invioláveis, mas na exata 
medida da utilização funcional desses espaços (ex.: escritórios de trabalho). Os arquivos e 
documentos são do mesmo modo invioláveis. 
 
 
2. NACIONALIDADE: ARTIGO 12 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 
 
Nota explicativa: o conceito de nacionalidade possui grande relevância para o 
Direito Internacional Público, principalmente no contexto da imensa circulação de 
indivíduos entre países, um dos fenômenos evidentes do processo de globalização. No 
Brasil, a nacionalidade é matéria constitucional, ao passo que o chamado “regime jurídico 
do estrangeiro” foi disciplinado pela “Lei dos Estrangeiros” (Lei no 6.815, de 19 de agosto 
de 1980). 
 
2.1. Nacionalidade. 
 
 Conceito: o elo de ligação entre determinado indivíduo e determinado Estado, 
normalmente definido em função do país de nascimento. 
 
 Conceito de Santiago BENADAVA: “vínculo jurídico e político que liga uma pessoa a 
determinado Estado em virtude do qual a pessoa assume perante o Estado obrigações de lealdade e 
fidelidade, comprometendo-se o Estado a protegê-la.”31 
 
2.2. Estrangeiros. 
 
 Conceito: aqueles indivíduos que não são nacionais de determinado Estado. 
 
 Conceito do Dicionário Aurélio: “Indivíduo que não é natural do país onde mora ou se 
encontra.”32 
 
2.3. Condição jurídica do estrangeiro. 
 
 Os critérios que determinam a entrada, a permanência e a saída de estrangeiros do 
território do Estado dependem rigorosamente do poder discricionário de cada Estado soberano. 
Desde os tempos das mais antigas civilizações, a circulação de estrangeiros entre os países sempre 
marcou a história dos povos. 
 
 
31
 BENADAVA, Santiago. Derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2004, p. 183. 
32
 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI. Versão 3.0. Lexikon 
Informática Ltda., 1999. 
 
 
25 
 No Brasil, o assunto é disciplinado pela Lei dos Estrangeiros (Lei n
o
 6.815, de 19 de 
agosto de 1980). Dispõe o art. 1
o
 do mencionado diploma legal: “Art. 1o Em tempo de paz, 
qualquer estrangeiro poderá, satisfeitas as condições desta Lei, entrar e permanecer no Brasil e dele 
sair, resguardados os interesses nacionais.” 
 
2.4. Deportação, expulsão e extradição. 
 
 A deportação, a expulsão e a extradição são as três espécies do gênero exclusão do 
estrangeiro do território nacional. As três hipóteses estão disciplinadas no texto da Lei n
o
 
6.815/80. 
 
 
2.5. Conceitos. 
 
 (1) Deportação
33
: “A deportação é a forma de exclusão motivada pela entrada irregular ou 
pela permanência também irregular de estrangeiro em território nacional.” 
 
 
Exemplo
1
: chinês que entra clandestinamente no Brasil com a finalidade 
de procurar emprego. 
 
Exemplo
2
: chinês que entra no Brasil com visto de turista e, tempos 
depois, é flagrado trabalhando como vendedor ambulante. 
 
 
 (2) Expulsão
34
: “A expulsão é a forma de exclusão motivada, via de regra, pela prática de 
crime doloso em território nacional, cujo autor é estrangeiro.” 
 
 
Exemplo: nigeriano condenado pela prática do crime de tráfico de 
drogas. 
 
 
 (c) Extradição
35
: “Extradição é a entrega, por um Estado a outro, e a pedido deste, de 
indivíduo que em seu território deva responder a processo penal ou cumprir pena.”36 
 
 
Exemplo: mediante pedido formal do governo da Bélgica, cidadão belga 
que figura como réu em processo penal perante algum tribunal de 
Bruxelas é extraditado do Brasil para aquele país. 
 
 
2.6. Asilo político (“direito de asilo”). 
 Conceito de asilo político: o amparo estatal a estrangeiro perseguido, via de regra, em 
seu país de origem. 
 
 A “concessão de asilo político” constitui um dos princípios pelos quais o Brasil reger-se-á 
nas suas relações internacionais (CF: artigo 4
o
, inciso X). O crime político, a convicção religiosa e o 
 
33
 A deportação ocorre por iniciativa das autoridades locais. 
34
 A expulsão ocorre por iniciativa das autoridades locais. 
35
 A extradição não ocorre por iniciativa das autoridades locais. 
36
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 200. 
 
 
26 
racismo, notadamente o primeiro, são exemplos de causas motivadoras da concessão de asilo 
político. A “concessão de asilo político”, entretanto, exclui aqueles fatos ilícitos (crimes) previstos 
na legislação penal comum. 
 
2.7. Artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 
“Artigo 14. 
 
1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de 
beneficiar de asilo em outros países. 
 
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo 
realmente existente por crime de direito comum ou por atividades 
contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.”37 
 
 
2.8. Convenções Interamericanasde 1954. 
 
 O artigo I da CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE ASILO TERRITORIAL 
(1954) estabelece que “todo Estado tem direito, no exercício de sua soberania, de admitir dentro de 
seu território as pessoas que julgar conveniente, sem que, pelo exercício desse direito, nenhum 
outro Estado possa fazer qualquer reclamação.”38 
 
 Em sentido análogo, o artigo II da CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE ASILO 
DIPLOMÁTICO (1954) afirma que “todo Estado tem o direito de conceder asilo, mas não se acha 
obrigado a concedê-lo, nem a declarar por que o nega.”39 As citadas convenções foram celebradas 
no âmbito da Organização dos Estados Americanos – OEA. São duas as espécies, portanto, de asilo 
político: 
 
(1) asilo territorial: “concede-o o Estado àquele estrangeiro que, 
havendo cruzado a fronteira, colocou-se no âmbito espacial de sua 
soberania, e aí requereu o benefício.”40 
 
 
(2) asilo diplomático: “essa modalidade significa apenas um estágio 
provisório, uma ponte para o asilo territorial, a consumar-se no solo 
daquele mesmo país cuja embaixada acolheu o fugitivo, ou 
eventualmente no solo de um terceiro país que o aceite.”41 
 
 
2.9. Pressupostos para a concessão do asilo político. 
 
(1) criminalidade política (os crimes imputados ao estrangeiro fugitivo 
devem possuir natureza política); 
 
(2) estado de urgência (a perseguição política ao estrangeiro fugitivo 
deve ser atual); e 
 
37
 Fonte: < http://www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm >. 
38
 Fonte: < http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/A-47.htm >. 
39
 Fonte: < http://www.oas.org/juridico/portuguese/treaties/A-46.htm >. 
40
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 218. 
41
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 219. 
 
 
27 
 
(3) missão diplomática como local de destino da fuga (excluídos, 
portanto, os consulados). 
 
 
QUARTA PARTE 
 
RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL E CONFLITOS INTERNACIONAIS 
MEIOS PACÍFICOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS INTERNACIONAIS 
DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
________________________________________________________________________________ 
 
1. RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL E CONFLITOS INTERNACIONAIS. 
 
Nota explicativa: os Estados e as organizações internacionais são sujeitos de Direito 
Internacional Público, razão pela qual são possuidores de personalidade jurídica 
internacional. Eventualmente, atentarão contra a ordem jurídica internacional. A prática de 
atos ilícitos no ambiente internacional é fenômeno antigo e representa tema fundamental do 
Direito Internacional Público. Importante ressaltar, entretanto, que a idéia de “ato ilícito” 
tem sentido amplo, abrangendo toda e qualquer ramificação do Direito Internacional 
Público. 
 
Assim, quando um Estado (ou até mesmo uma organização internacional) pratica um 
ato ilícito, tal ato deve ser entendido como uma violação da ordem jurídica internacional, 
integrada fundamentalmente por normas jurídicas escritas (tratados) e consuetudinárias 
(costumes internacionais). Nesse sentido, podemos afirmar que os atos ilícitos internacionais 
possuem imenso potencial para produzir os chamados “conflitos internacionais”, embates 
travados entre os sujeitos de Direito Internacional Público. 
 
1.1. Responsabilidade internacional. 
 
 Conceito: “O Estado responsável pela prática de um ato ilícito segundo o direito 
internacional deve ao Estado a que tal ato tenha causado dano uma reparação adequada.”42 
 
1.2. Elementos essenciais da responsabilidade internacional. 
 
(1
o
) o ato ilícito: conduta contrária às normas de Direito Internacional 
Público; 
 
(2
o
) a imputabilidade: a responsabilidade pelo ato ilícito só poderá ser 
atribuída aos sujeitos de Direito Internacional Público; e 
 
(3
o
) o dano: prejuízo material (econômico) ou imaterial (moral) 
decorrente da prática de ato ilícito. 
 
1.3. Conflitos internacionais (litígios internacionais). 
 
 Conceito: “Uma disputa é um desacordo sobre uma questão de direito ou de fato, um 
conflito de pontos de vista legais ou de interesses entre dois sujeitos.”43 
 
42
 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 261. 
 
 
28 
 
 
 De acordo com Fernando Gamboa SERAZZI, é possível extrair do conceito supracitado 
duas espécies
44
 de conflitos internacionais: 
 
▪ conflitos de ordem jurídica: conflitos apoiados num desacordo sobre 
uma questão de direito (aplicação ou interpretação); 
 
▪ conflitos de ordem política: conflitos fundamentados na modificação 
do direito existente (a pretensão das partes, conseqüentemente, não se 
encontra amparada em argumentos legais). 
 
 
1.4. Meios pacíficos de solução dos conflitos internacionais. 
 
 
► PRIMEIRA HIPÓTESE. Meios diplomáticos: 
 
 
▪ entendimento direto: negociação direta entre os litigantes, sem 
qualquer tipo de intervenção de terceiros; 
 
▪ bons ofícios: negociação direta entre as partes em conflito facilitada 
pela ação amistosa de um terceiro (sujeito de Direito Internacional 
Público), o qual limita-se a aproximar os litigantes, oferecendo aos 
mesmos um campo neutro de negociação; 
 
▪ sistema de consultas: entendimento direto entre as partes previamente 
programado, sem qualquer tipo de intervenção de terceiros (trata-se de 
previsão, via de regra prevista nos tratados, de encontros periódicos entre 
os sujeitos de Direito Internacional Público); 
 
▪ mediação: ação de um terceiro no processo de negociação entre as 
partes em conflito (ao contrário do que ocorre nos bons ofícios, aqui o 
terceiro propõe uma solução para o conflito); 
 
▪ conciliação: espécie de mediação caracterizada pela pluralidade de 
conciliadores (comissão de conciliação), os quais apresentam aos 
litigantes uma solução para o conflito; 
 
 
► SEGUNDA HIPÓTESE. Meios políticos: 
 
▪ A solução dos litígios internacionais, por meios políticos, ocorre na 
esfera das organizações internacionais, tais como a Organização das 
Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e 
a Liga dos Estados Árabes. A via política para a solução dos conflitos 
 
43
 Corte Permanente de Justiça Internacional, Caso Mavrommatis (The Mavrommatis Palestine Concessions), 1924, 
Série A, n
o
 2, p. 11. 
44
 SERAZZI, Fernando Gamboa. Tratado de derecho internacional público. Santiago de Chile: Lexis Nexis, 2003, p. 
575. 
 
 
29 
internacionais ocorre na hipótese de conflitos mais graves, normalmente 
associados a questões compreendendo ameaça à paz. 
 
 
► TERCEIRA HIPÓTESE. Meios jurisdicionais: 
 
 
▪ arbitragem (jurisdição provisória): via jurisdicional de solução 
pacífica de conflitos internacionais, cabendo às partes a escolha do 
árbitro, a descrição da matéria conflituosa e a delimitação do direito 
aplicável. Os litigantes que optarem pela arbitragem deverão, 
preliminarmente, celebrar um compromisso arbitral, tratado no qual as 
partes comprometem-se a cumprir fielmente a sentença arbitral, sendo 
esta obrigatória e irrecorrível; 
 
▪ solução judiciária (jurisdição permanente): via jurisdicional de 
solução pacífica de conflitos internacionais, cabendo às partes a decisão 
de submeterem-se à autoridade dos tribunais internacionais. Os acórdãos

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