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Dayane Soares da Silva
AGGIO, Alberto. A emergência das massas.
ANOTAÇÕES DE LEITURA
Século XX latino-americano: foi o século no qual se processou a emergência das massas na vida politica.
O século anterior estava mobilizado para estruturação/consolidação dos estados nacionais, logo após o fim do período colonial esta sociedade estava engessada, nas mãos dos grandes proprietários rurais que impunham restrições aos direitos políticos das camadas populares, enquanto se adaptavam para o capitalismo industrial que se expandia. 
Século XIX: politicamente dedicado à construção institucional dos espaços territoriais e políticos e de suas classes dirigentes, o que levaria ao predomínio das oligarquias sobre o conjunto da sociedade.
O século XX: marcado pelo desafio das massas ou das classes populares diante à estruturação politica construída no século anterior > emergiram novos atores políticos e sociais, junto a novos projetos que contestariam a ordem social política vigente.
A importancia da emergência de massas na América Latina não correspondeu ao significado que o mesmo fenômeno adquiriu em outras latitudes, em especial na Europa, tampouco sua dinâmica ou seus resultados podem ser considerados como igualmente equivalentes > para bem compreende-la é necessário se apreender ao contexto de suas particularidades.
“[...] Os valores vinculados às grandes tradições do pensamento moderno, bem como os conceitos e categorias de analise histórico-social derivados do desenvolvimento da teoria social, sempre procuraram encontrar aqui uma espécie de tradução intelectual ou politica”. > Processo de ocidentalização específico.
Noção contida no termo “massas”: uma acepção antes politica que social.
Um sentido particular na sociedade latino-americana: em vez de se localizar historicamente no epicentro da luta de classes, como na Europa, o significado da expressão “massas” derivou, na sociedade latino-americana, muito mais da identificação da ação ou da simples existência, dos deslocados integralmente do campo de possibilidades de obtenção dos direitos, como a identificacao discursiva de elementos sociais em estado de confrontação com a ordem politica estabelecida” (pág.139).
“Pode-se dizer que a fratura entre a dimensão politica e a dimensão social, que havia sido, entre outras, uma forte marca do liberalismo latino-americano no século XIX, acabou se configurando como o elemento histórico mais decisivo na imposição de condicionantes para a emergência de massas na vida politica dos Estados nacionais latino-americanos.” (p.140).
“Dessa forma, historicamente, a emergência definitiva das massas na vida politica latino-americana esteve inteiramente vinculada aos processos de modernização econômico-social que se efetivaram em diversas partes do continente a partir do final do século XIX, mas que ganharam um extraordinário impulso nas primeiras décadas do século XX” (Idem).
Diversos países latino-americanos viveram o que analistas chamaram de “ondas modernizadoras”.
A mais expressiva onda modernizadora: ocorrida a partir de 1930 e toda a segunda metade do XX. Das grandes conquistas promovidas por este processo modernizador: o impulso à industrialização e à urbanização, e o alargamento da esfera dos direitos para os setores subalternos da sociedade > se instalando na política tendo que superar os pilares do liberalismo oligárquico, dominante no contexto político anterior > modernizou parcelas significativas das classes populares em vários países > tal período foi analisado pela literatura como um movimento de caráter “nacional-popular” ou “nacional desenvolvimentista”, e “sua forma política foi qualificada com base no termo populismo” (p.141).
“A partir desse contexto histórico que o confronto aberto de classes — que havia sido, em diversos países, a característica básica da emergência de massas no inicio do século XX - cede seu lugar a uma integração determinada das massas no interior dos sistemas políticos nacionais” (Idem) > essa passagem teve conflitos políticos que aferraram a ordem política anterior vigente.
Marcos iniciais da instalação dessa dinâmica conflitiva foram os acontecimentos políticos posterior à eleição presidencial de Arturo Alessandri no Chile (1920), a “Revolução de 1930” no Brasil e a ascensão ao poder de Juan Domingo Perón da Argentina (1946).
“[...] a partir dessa situação, a presença das massas populares passou a assumir um sentido e uma perspectiva mais ampla, influenciando as condições da vida politica nos países latino-americanos. A sua presença, especialmente depois da crise de 1929, selou o destino da hegemonia da politica oligárquica, problematizou a abordagem critica das correntes socialistas latino-americanas, e possibilitou ou deu base de sustentação à emergência das correntes que seriam mais tarde chamadas de populistas” que passam elaborar uma política de massas que recuperava uma memória histórica coletiva capa de fundir com mito, demandas de classe, de nação e de cidadania. (pág.142).
Alguns historiadores fizeram uma diferenciação interna do denomeno para lhe conceder um sentido histórico mais definido
Para Drake, a América Latina vivenciou a experiência de diversos tipos de populismos: o populismo “clássico” (caráter poli classista e, em espe-
»cial, o apoio das massas urbanas), que teria sido precedido por um populismo “precoce” (expressava os interesses das classes médias urbanas que, por meio deles, conseguiriam chegar ao poder politico), e que, por sua vez, haveria de ser sucedido por um populismo “tardio” (pág.146).
“Olhando a America Latina como um conjunto > sentido teórico que esteve presente na criação do conceito de populismo > poderíamos dizer que este teria sido construído para expressar processos que resultaram da superação dos regimes oligárquicos, operados quer por uma revolução autêntica quer por uma recomposição da ordem político social visando à renovação e atualização das estruturas de dominação precedente” (p.147).
Marcas distintivas desse período em relação aos anteriores: verdadeira canalização das energias mobilizadas pelas massas populares em relação aos governos que se estabeleceram, visando a realizações de metas e objetivos precisos.
“[...] o estimulo ao relacionamento direto entre líder e massa, entre Estado e povo, mediado por instituições corporativas e/ou por partidos políticos [...] expressava fundamentalmente uma intenção muito maior de armação da perspectiva de ascensão econômica e social das massas do que de defesa de um espaço de identidade autônoma destas mesmas massas ou de uma anacaro do padrão liberal-democrático de relacionamento entre Estado e sociedade” (pág.149).
A importância da intervenção do Estado na vida econômica e social, que por via de uma política econômica estruturalmente protecionista, atenderia os interesses da industrialização e do mercado interno > vinculação das dimensões econômica e ideológica numa espécie de nacionalismo popular.
A “teoria explicativa”: visou apresentar o populismo como um fator essencial na explicação dos caminhos trilhados pela modernização latino-americana, que teve no estado seu impulsionador fundamental.
O populismo como fenômeno social e político, influenciou a nascente sociologia latino-americana.
Interpretação “estrutural-funcionalista” (Gino Germani e Torcuato Di Tell): “definiu o populismo como um fenômeno de assincronia verificado no processo de transição da sociedade tradicional para a sociedade industrial e moderna” (p.151) > teve como modelo a sociedade europeia caracterizada pela precedência do desenvolvimento econômico em relação aos espaços institucionalizados de integração político-social de massas, enquanto a sociedade latino-americana estaria marca pela simultaneidade entre essas duas dimensões > o populismo atuaria lançando mão de uma ideologia demagógica e de tipo reformista que interpelaria as massas populares em seu apoio > as massas transfeririam seu poder e legitimidade para os líderes populistas ou aos seus regimes > aponta o fracasso da integração social nas sociedadeslatinas que vivenciaram o populismo, mostrando que as massas embora fossem partes do processo de modernização, não estavam assumindo autonomamente, o líder populista é que daria a forma e representatividade.
1960-70: nova interpretação (Francisco Weffort e Octávio Ianni): influenciada pela “teoria da dependência” e pelo marxismo, associou o populismo ao processo de industrialização substitutiva de importações e às particularidades do desenvolvimento do capitalismo na América Latina > populismo visto como fenômeno de massas, essencialmente urbano, consequência do declínio do poder das oligarquias a partir da década de 1930.
“vazio político” (Weffort): incapacidade ou ausência de hegemonia > como houve no Brasil (1930) quando as oligarquias decaíram e não houve mais classe hegemônica para assumir o controle, dando brecha às massas populares que apareceram como único segmento social capaz de garantir legitimidade ao novo Estado > aparecimento de um “Estado de compromisso” / “Estado de Massas” que realizará uma política social de proteção aos pobres > populismo elabora um misto de manipulação e integração, capaz de capturar quase por completo as massas populares > a imaturidade/inconsciência de classe do proletariado impediram a adoção de uma política autônoma que contestasse a política populista. > apresentação da classe operária de maneira subalterna e sem autonomia política no interior da coalização populista.
A reiteração da adoção do paradigma europeu como constitutivo da modernidade
“o populismo latino-americano é compreendido nessa interpretação como um movimento que faz parte dos processos de imposição da sociedade industrial, mas nos quais a classe operaria e os setores populares apresentam-se como integralmente passivos, vão se constituindo como “verdadeiros” atores do processo” (p156). 
“teoria explicativa”: atribui um sentido negativo ao populismo, ele não assume qualquer sentido democratizador diante da situação anterior.
O chamado populismo foi derrotado historicamente por forcas que instituíram mais controle estatal e ação repressiva.
“A “teoria do populismo” e a ultrapassagem da forma politica de dominação oligárquica na América Latina não se processou por meio de revoluções, sendo marcada essencialmente pela dinâmica conservação-mudança” (pág.163).
“[...] o fenômeno e as praticas do que até então vem sendo compreendido como populismo poderiam ser vistos, de acordo com nosso entendimento, como dimensões constitutivas das diversas modalidades de “revolução passiva” que, de alguma forma e apesar de muitos de seus aspectos negativos, promoveram avanços econômicos, fundamentados na industrialização, bem como uma determinada modernização politica que, de nenhuma maneira, podem ser desprezadas” (pág.164).

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