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A FORMAÇÃO DAS IDEOLOGIAS PANGERMÂNICAS E ANTISSEMITAS DE HITLER APRESENTADAS NO LIVRO MEIN KAMPF

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A FORMAÇÃO DAS IDEOLOGIAS PANGERMÂNICAS E ANTISSEMITAS DE
HITLER APRESENTADA NO LIVRO MEIN KAMPF: PARTE 2
RESUMO
Este artigo tem como tema o livro Mein Kampf. Objetiva discutir o processo da
formação das ideologias pangermânicas e antissemitas de Hitler apresentada na segunda parte
do referido livro. Para tanto, utiliza-se as seguintes metodologias: o método crítico-dialético
como eixo epistemológico de investigação; o método hipotético-indutivo como eixo lógico de
investigação; os métodos bibliográfico e documental simples como eixo técnico de
investigação. Discute e conclui que a formação das ideologias pangermânicas e antissemitas
de Hitler estão atreladas, a priori, à sua escolarização com professores pangermânicos e
antissemitas da Abadia de Melk, e, a posteriori, ao seu militarismo, à sua militância no Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, e à péssima orientação que ele recebeu no
que tange ao direcionamento no desenvolvimento e na utilização de suas capacidades
pessoais.
Palavras-chave: Mein Kampf. Minha Luta. Hitler.
FORMATION OF IDEOLOGIES PANGERMÂNICAS AND ANTI SEMITES OF
HITLER PRESENTED IN MEIN KAMPF BOOK: PART 2
ABSTRACT
This article focuses on the book Mein Kampf. Aims to discuss the process of the
formation of pangermânicas and anti-Semitic ideologies of Hitler presented in the second part
of that book. Therefore, the following methods are used: the critical-dialectical method as an
epistemological axis of research; the hypothetical-inductive method as a logical axis of
research; the bibliographic methods and simple document as a technical axis of research.
Discusses and concludes that the formation of pangermânicas and anti-Semitic ideologies of
Hitler are linked, a priori, to their schooling with Pan-Germans and anti-Semitic teachers of
Melk Abbey, and, subsequently, its militarism, its militancy in the National Socialist Workers
Party German, and bad advice he received with respect to the direction in the development
and use of their personal capacities.
Key-words: Mein Kampf. My fight. Hitler.
1 INTRODUÇÃO
O livro Mein Kampf, transliterado para o português Minha Luta, foi escrito em
máquina de escrever por Adolf Hitler, na Alemanha. Uma de suas versões, a analisada neste
trabalho, é composta por 640 páginas, dividida em duas partes: a primeira, redigida em 1924,
quando Hitler esteve preso por oito ou nove meses, e editada 1925, que, nesta versão, vai da
página 2 à página 342; a segunda, redigida em 1925 e editada em 1926, quando Hitler já
estava fora da prisão, reconstruindo o Partido Nazista, que, nesta versão, vai da página 343 à
página 640 (CAETANO, 2010; MERLO, 2011; SILVA, 2012; KERSHAW, 2010; ENSAIOS
FLUTUANTES, 2016; HITLER, 1925; MEJNI, 1962).
 Em 1º de abril de 1924, Hitler foi condenado a cinco anos de prisão privativa de
liberdade em regime fechado, dos quais ele só cumpriu nove meses, onde e quando,
respectivamente, ele escreveu a primeira parte do livro Minha Luta (Mein Kampf) como sua
autobiografia; a segunda foi elaborada após sua saída da prisão. Foi também neste livro que
ele manifestou com a maior riqueza de detalhes possível o seu programa ideológico para a
Alemanha com as suas teses pangermânicas e antissemitas. Desde sua infância aprendendo
com escritos e professores pangermânicos e antissemitas, tais como Adolf Joseph Lanz e
Teodorick Hagen, ele desenvolveu ódio por grupos étnicos e raciais que acreditava serem
raças “inferiores”, de pessoas que atrapalhavam a ordem e a paz da Alemanha. Aqui percebe-
se a tamanha influência dos ensinos que nós seres humanos recebemos dos livros que lemos e
dos professores que nos ensinam (CAETANO, 2010; MERLO, 2011; SILVA, 2012;
KERSHAW, 2010; ENSAIOS FLUTUANTES, 2016; HITLER, 1925; MEJNI, 1962).
Hitler estudou em uma escola criada no mosteiro austríaco denominada Abadia de
Lambach, ou Abadia de Melk. Era um grande e lindo castelo, erguido no ano 996, pelo
primeiro marquês da região, Leopoldo II, para se tornar a sua residência. Em 1089, o castelo
foi dado monges católicos de Lombach, denominados Beneditinos de Lombach, que o
encheram de relíquias e tesouros Foi neste lindo lugar que Hitler estudou até 1905, isto é, até
os seus 16 anos de idade cronológica. Foi nesta escola que Hitler teve seus primeiros contatos
com ocultismo e magia, razão do seu conhecimento e da sua utilização da Cruz Suástica.
Todavia, devido ao seu fraco desempenho, ele abandona a escola, e ruma para Viena para
cursar artes, no fito de tentar cimentar o seu sonho de se tornar um pintor de quadros. Em
1907, ele se candidatou à Academia de Belas Artes de Viena, cujo processo de avaliação
findou em 1908 com uma resposta de recusa por parte a universidade. Mais uma frustração na
vida de Hitler, numa época em que ele era órfão de pai e de mãe. Este acúmulo de frustrações
fez com que Hitler buscasse no ocultismo explicações para tantas desgraças consecutivas na
sua vida, algo evidentemente fora do comum para alguém com capacidades extraordinárias,
por que, de fato, não merecia passar. Este azar acumulado seria uma vingança do além? Seria
resultado do pagamento de “débitos acumulados em vidas passadas”? Seria resultado de
algum espírito demoníaco atrapalhando? Seria resultado de artes de magia negra praticadas
por alguém contra a sua vida? Enfim, todas estas questões passavam, a meu ver, pela cabeça
de Hitler, tal qual passam na minha, não pelas mesmas razões que as dele, mas em situações
equivalentes às vivenciadas por ele (CAETANO, 2010; MERLO, 2011; SILVA, 2012;
KERSHAW, 2010; ENSAIOS FLUTUANTES, 2016; HITLER, 1925; MEJNI, 1962).
Hitler era, desde a sua infância, um leitor assíduo. Ele tinha completa capacidade de
ingressar na universidade que queria, de cursar o que queria, de realizar plenamente todos os
seus sonhos, fosse identificado e adequadamente atendido qual superdotado. Ele tinha bem
em mente as metas que queria alcançar na sua vida, mas diante das condições em que ele
vivia, que envolvia tanto um cenário socioecomicamente em crise, quanto as suas dificuldades
pessoais para lidar com acontecimentos que abalaram profundamente a sua vida – em especial
a morte dos seus pais – ele desenvolveu muito ódio por grupos de pessoas que acreditava
deviam tê-lo tratado da forma como ele gostaria de ser. Ele era uma pessoa que agia sabendo
muito bem o que fazia, e não era um mero louco e insano, sem objetivos concretos. Em meio
a tantas segregações, marginalizações, e frustrações, aliado ao fato de que ele, em momento
algum, fora identificado e adequadamente atendido como tal, não teria outro resultado do que
o desenvolvimento de ideologias pangermânicas e antissemitas, como planos de vingança por
todo o sofrimento por que passava. Entretanto, de 1905 a 1913, mesmo enfrentando grandes
dificuldades econômicas, ele permaneceu residindo e sobrevivendo em Viena (CAETANO,
2010; MERLO, 2011; SILVA, 2012; KERSHAW, 2010; ENSAIOS FLUTUANTES, 2016;
HITLER, 1925; MEJNI, 1962).
2 METODOLOGIA
2.1 Pilar epistemológico
O pilar epistemológico refere-se ao conjunto de pressupostos ontológicos,
morfológicos, gnosiológicos, teóricos e éticos, norteadores da pesquisa científica em um nível
estratégico. É, portanto, o pilar estratégico, ou diretivo, da pesquisa científica. Considera
sensivelmente a concepção de homem, de vida, de mundo, de ciência e de ética que o
pesquisador tem tanto quanto as suas relações com o objeto da sua investigação (GILES,
1979; PIAGET, 1973; KÖCHE, 1997; 2011; TEIXEIRA 2012; EL-GUINDY, 2004;
VERGARA, 2012; SPINK, 2012; BRASIL, 2012). Por essas razões, os seus enfoques
(métodos) podem serapropriadamente denominados bases estratégicas da investigação ou
bases diretivas constitucionais da investigação (GIFTED, 2015).
Esta proposta de trabalho de pesquisa caracteriza-se como um estudo crítico-dialético,
porque visa a historicização do tema investigado. A base diretiva da investigação crítico-
dialética concebe a ciência como produto da ação do homem e, portanto, tida como uma
categoria histórica e a produção científica uma construção; o homem é tido tanto como ser
social e histórico, determinado pelos múltiplos contextos como criador e transformador de
múltiplos contextos; defende uma preocupação diacrônica: vê a dinâmica do objeto estudado,
o movimento (o filme do real); defende um visão dinâmica, conflitiva, heterogênea, ou seja,
uma percepção organizada da realidade que se constrói através da prática cotidiana do
pesquisador e das condições concretas de sua existência. Seu caráter é historicista, ou seja,
situado entre o caráter cientificista e o caráter tecnicista. Ela tem como objetivo a
historicização do objetivo investigado, levando-se em consideração as suas causas e os seus
efeitos nos campos cívico, moral, econômico, sociológico, tecnológico, religioso, político e
científico da vida humana. Por essa razão, o grau de aproximação entre sujeito pesquisador e
objeto investigado por uma pesquisa dirigida por essa base é moderadamente sensível, e ela é
bastante comum nos estudos interdisciplinares (TEIXEIRA 2012; VERGARA, 2012;
GIFTED, 2015; EL-GUINDY, 2004; SPINK, 2012).
2.2 Pilar lógico
O pilar lógico refere-se ao conjunto de pressupostos estruturais do pensamento,
norteadores da pesquisa científica em um nível tático. É, portanto, o pilar tático, ou gerencial,
da pesquisa científica. Considera o ponto exato de partida do raciocínio utilizado bem como
as nuances dos seus avanços. Por essa razão, os seus enfoques (métodos) podem ser
apropriadamente denominados bases táticas da investigação ou bases estruturais do
pensamento da investigação (CRESWELL, 2010; TRIVIÑOS, 1987; GIFTED, 2015). A base
estrutural de pensamento hipotético-indutiva, aquela que parte de um conjunto de hipóteses
específicas (particulares) e ruma para conclusões generalizadas (gerais). (MARCONI;
LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010; POPPER, 1972; KANT, 2001; 2004).
2.3 Pilar técnico
O pilar técnico refere-se ao conjunto de pressupostos de abordagem, de modalidade
sequencial (pesquisa mista), de base e subbase procedimentais (pesquisa observacional), de
técnicas e subtécnicas, de instrumentos, de recursos (inclusive o tempo) e de lócus,
norteadores da pesquisa científica em um nível operacional. É, portanto, o pilar operacional,
ou funcional, da pesquisa científica. Considera as fases pré-implementatória (trabalho ou
redação de ensaio), implementatória (execução do trabalho ou da redação de ensaio) e pós-
implementatória (publicação dos resultados finais) da investigação científica (MARCONI;
LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010; ECO, 2012; THIOLLENT, 2003; 2011;
YIN, 2010; MARTINS, 2008; SOARES, 2003). Por essa razão, os seus enfoques (métodos)
podem ser apropriadamente denominados bases operacionais da investigação ou bases
funcionais da operação de investigação (GIFTED, 2015). As abordagens de investigação
podem ser qualitativa, quantitativa ou mista (um pouco quali, um pouco quanti)
(CRESWELL, 2010; RODRIGUES, 2006; TRIVIÑOS, 1987). As modalidades sequenciais,
inerentes aos métodos mistos de investigação, podem ser estratégia explanatória sequencial,
estratégia exploratória sequencial, estratégia transformativa sequencial, estratégia de
triangulação concomitante, estratégia incorporada concomitante e estratégia transformativa
concomitante (CRESWELL, 2010; GIFTED, 2015).
As bases procedimentais de investigação podem ser a observacional, a experimental, a
estatística e ou a clínica (GIL, 1999; 2010). Cada uma delas é classificada de acordo com as
técnicas de coleta de dados utilizadas, sendo, portanto, a observação, a experimentação, a
amostragem e a testagem, respectivamente. As técnicas de investigação podem ser de coleta
(levantamento bibliográfico, levantamento documental, entrevista, intervenção,
experimentação, amostragem, testagem), de registro (planificação manual, planificação
eletrônica), de sistematização
(suposições, hipóteses, indagações, suspeitas, curiosidades, conjecturas), de organização
(categorização, codificação, tabulação), de análise ou interpretação (AB, AC, AD, AF, AR,
exegese- hermenêutica, etc.), de formalização (TCC, dissertação, tese, artigo, resenha,
periódico, revista, software, patente, obra de arte) e de apresentação (exposição oral,
exposição visual, exposição mista) (SEVERINO, 2007; GIL, 1999; 2010).
Os instrumentos de investigação tratam-se dos materiais utilizados para a coleta dos
dados. Podem ser o protocolo observacional, o protocolo de entrevista, o protocolo amostral,
o diário de campo, as escalas sociais, os testes, o questionário, o formulário (MARCONI;
LAKATOS, 2003; 2007; 2008; BOLFARINE; BUSSAB, 2004; KASMIER, 1982; CORREA,
2003; MORETTIN; BUSSAB, 2010; KASMIER, 1982).
Os recursos tratam-se dos requisitos necessários à viabilidade da investigação
científica. Podem ser tecnológicos (hardware, software, materiais escolares, laboratórios de
informática, bibliotecas), financeiros (valores monetários, bolsas de estudo, ajudas de custo,
premiações), humanos (grupos de pesquisa, orientadores, coorientadores, coautores,
examinadores, colaboradores, normas justas) e tempo (cronogramas executáveis, metas
alcançáveis) (MARCONI; LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010; CRESWELL,
2010; RODRIGUES, 2006; TRIVIÑOS, 1987).
Os lócus tratam-se dos espaços físicos, isto é, os lugares onde são realizadas as etapas
da investigação científica. Podem ser de coleta (uma biblioteca), de registro (um telecentro),
de sistematização (uma praça), de organização (um albergue), de análise ou interpretação
(uma feira de domingo), de formalização (uma universidade) e de apresentação (um encontro
universitário) (MARCONI; LAKATOS, 2003; 2007; 2008; GIL, 1999; 2010; CRESWELL,
2010; RODRIGUES, 2006; TRIVIÑOS, 1987). No presente trabalho, foram utilizadas como
técnicas gerais de pesquisa o levantamento bibliográfico e documental, razão pela qual são
explanadas a seguir:
Levantamento bibliográfico
O levantamento bibliográfico busca mapear um conjunto de bibliografias previamente
selecionadas para análise. A metodologia bibliográfica oferece meios que auxiliam na
definição e resolução dos problemas já conhecidos, permitindo tanto explorar novas áreas
onde os mesmos ainda não se cristalizaram suficientemente como também analisar um tema
sob novo enfoque ou abordagem, produzindo novas conclusões. (SEVERINO, 2007). Ele é
utilizado para a revisão da literatura e, portanto, necessário a todas as espécies de pesquisa.
Configura-se na técnica de coleta de dados dos livros e dos trabalhos acadêmicos em geral,
tais como TCC’s, monografias, dissertações, teses, artigos científicos, resenhas científicas,
etc. Os seus instrumentos fundamentais são as bibliografias.
O levantamento bibliográfico oferece meios que auxiliam na definição e resolução dos
problemas já conhecidos, como também permite explorar novas áreas onde os mesmos ainda
não se cristalizaram suficientemente. Permite também que um tema seja analisado sob novo
enfoque ou abordagem, produzindo novas conclusões. Além disso, permite a cobertura de
uma gama de fenômenos muito mais ampla, mormente em se tratando depesquisa cujo
problema requeira a coleta de dados muito dispersos no espaço. Sobre essa técnica de
pesquisa para coleta de dados, Rodrigues (2007, p. 43) assinala:
Bibliográfica é a pesquisa limitada à busca de informações em livros e outros meios de
publicação. É o oposto da pesquisa de campo, distinguindo-se também e igualmente por
oposição da pesquisa in victro. Geralmente, a pesquisa bibliográfica integra o âmbito da
pesquisa ex-post-facto, pelo simples fato de que os livros e artigos de revista ou periódico
qualquer tratam, via de regra, de fatos consumados, não sendo habitual a pesquisa
bibliográfica baseada em leitura do tipo futurologia.
O levantamento bibliográfico pressupõe trabalhos anteriores que servem como fonte
ou lente teórica para embasamento de estudos mais abrangentes e ou aprofundados
(RODRIGUES, 2007). Sobre esse aspecto, Severino (2007, p. 122) destaca:
A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de
pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, etc. Utiliza- se
de dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente
registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador
trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos.
Realmente, toda pesquisa acadêmica requer em algum momento a realização de
trabalho que possa ser considerado como levantamento bibliográfico. Prova disso é que nas
dissertações e teses da atualidade, em sua maioria, há um capítulo especial dedicado à revisão
bibliográfica cuja finalidade principal é fundamentar o trabalho acadêmico teórica e
consistentemente, identificando, não raro, o estágio atual do conhecimento referente ao tema.
Gil (2010, p. 29) explana sobre tal tipo de pesquisa com os seguintes dizeres:
A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente,
esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses,
dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos
formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como
discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela internet.
Ressaltando a relevância de tal tipo de pesquisa, Gil (2010) destaca que ela permite ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar diretamente, em especial quando o problema de pesquisa requer dados
muito dispersos pelo espaço. Entretanto, não se esquece de salientar que, como fontes
secundárias, as bibliografias podem apresentar dados coletados ou processados de forma
equivocada, tornando possível a reprodução e/ou ampliação desses erros em trabalhos nelas
fundamentadas. 
Por essa razão, Gil (2010, p. 30) fornece sugestões úteis para reduzir tal possibilidade,
dizendo:
Para reduzir essa possibilidade, convém aos pesquisadores assegurarem-se das condições em
que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir
possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as
cuidadosamente.
De acordo com Gil (1999; 2010), não existem regras fixas para a realização de
pesquisas bibliográficas, mas existem algumas tarefas que a experiência demonstra serem
importantes. Dessa forma, este trabalho segue o seguinte roteiro:
- Exploração das fontes bibliográficas: foram examinadas as bibliografias
fundamentais sobre a metodologia da pesquisa cientifica e conteúdo específico sobre a
formação das ideologias pangermânicas e antissemitas de Hitler.
- Leitura do material: conduzida de forma informativa, seletiva, reflexiva e
interpretativa, objetivado reconhecer, reter, criticar construtivamente e avalizar as partes
essenciais para o desenvolvimento do estudo (DINIZ; DA SILVA, 2008).
- Elaboração de fichas de citações: como de costume, eu elaborei fichas de citações
sobre as bibliografias analisadas, a partir das quais eu elaborei o presente trabalho;
- Ordenação e análise das fichas: uma vez organizadas e ordenadas de acordo com o
seu conteúdo, conferindo sua confiabilidade, eu apliquei a Análise de Discurso produzindo
um resenha crítica de cada uma delas;
- Conclusões: foram obtidas avaliando-se o texto e o contexto do livro Minha Luta,
bem como informações sobre as condições socieconômicas da época da sua escrita, coletadas
nas demais bibliografias consultadas;
Para a execução desta proposta de trabalho, os levantamentos do tipo bibliográfico,
documental e amostral contornarão problemas relacionados a tempo e recursos financeiros,
uma vez que um estudo dessa natureza necessariamente envolveria pesquisa de campo e mais
tempo para a coleta e análise de dados, mais característicos a um estudo de caso. Ressalta-se
ainda que os materiais assim selecionados e organizados constituem uma base de dados
consistente para a elaboração de estudos mais avançados dentro dessa área e temática.
Levantamento documental
O levantamento documental, visa a coleta de dados primários, ou seja, aqueles que
ainda não foram submetidos a algum tipo de manipulação, embora possa coletar também
dados secundários, como, por exemplos, comentários de terceiros em um documentos em que
conste a legislação aplicável a algum tema, etc.. Configura-se na técnica de coleta de dados de
documentos pessoais, registros institucionais, registros estatísticos e da comunicação de
massa em geral, isto é, tv, rádio, jornais, revistas, internet, etc. Sobre essa técnica de pesquisa,
Gil (1999, p. 160) salienta:
As fontes de “papel” muitas vezes são capazes de proporcionar ao pesquisador dados
suficientemente ricos para evitar a perda de tempo com levantamentos de campo, sem contar
que em muitos casos só se torna possível a investigação social a partir de documentos.
Os documentos, instrumentos de pesquisa próprios dos levantamentos documentais,
são comumente compostos por informações originais do autor – e é exatamente o tipo delas
que diferem os levantamentos documentais dos bibliográficos, e, portanto, primárias, tais
como as encontradas em um prontuário médico, na legislação, nos demonstrativos financeiros
e contábeis de uma empresa ou de uma instituição, etc.. Entretanto, os documentos podem
conter informações interpretativas dos originais, tais como nas notas explicativas e
comentários realizados, por terceiros nos mesmos documentos citados, ou a eles anexados
(LUNA, 2011; 2012; GIL, 1999; 2010; MARCONI; LAKATOS, 2003; 2007; 2008; KÖCHE,
1997; 2011; SOARES, 2003). Sobre estes aspectos dos documentos, Luna (2011, p. 56; 2012)
nos empresta as suas ideias tal como segue:
O documento, como fonte de informação, assume diferentes formas: literatura pertinente a
um assunto, anuários estatísticos e censos, prontuários médicos, legislação, etc. São todos
exemplos de fontes documentais. Como ocorre em relação às demais fontes, as informações
obtidas em documentos podem ser diretas e indiretas. No caso particular de documentos,
essa distinção costuma assumir a denominação de fontes primárias (diretas) e secundárias
(indiretas). As obras originais de um autor são consideradas como primárias, enquanto as
traduções e comentários sobre esse autor já são consideradas fontes secundárias. De um
modo geral, quanto mais “oficial” for um documento, mais primária será a fonte.
O levantamento documental visa a coleta de dados primários, ou seja, aqueles que
ainda não foram submetidos a algum tipo de manipulação, enquanto o levantamento
bibliográficovisa a coleta de dados secundários sobre um tema, quando não existem dados
primários sobre ele ou quando a sua coleta é comprovadamente inviável. Entretanto, vale
destacar que nos documentos, ou em anexo aos mesmos, podem haver dados secundários; por
essa razão, correto afirmar que os documentos são fontes de dados primários ou secundários.
Os documentos são tipificados por Gil (1999, p. 160-165) em documentos pessoais, registros
institucionais, registros estatísticos e da comunicação de massa em geral, isto é, TV, rádio,
jornais, revistas, internet, etc., tal como se segue:
1) Registros estatísticos
[...] Entidades governamentais como a Fundação IBGE dispõem de dados referentes a
características socioeconômicas da população brasileira, tais como: idade, sexo, tamanho da
família, nível de escolaridade, ocupação, nível de renda etc. Os órgãos de saúde fornecem
dados a respeito de incidência de doenças, causas de morte etc. Uma entidade como o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos dispõe de dados sobre
desemprego, salários, greves, negociações trabalhistas etc. Organizações voluntárias têm
dados referentes a seus membros e também às populações que atendem. Institutos de
pesquisa vinculados aos mais diversos campos do conhecimento. Além disso, número cada
vez maior de entidades vem-se preocupando em manter bancos de dados. Isto se verifica em
hospitais, escolas, agências de serviço social, entidades de classe, repartições públicas etc.
[...]
2) Registros institucionais escritos
Além dos registros estatísticos, também podem ser úteis para a pesquisa social os registros
escritos fornecidos por instituições governamentais. Dentre esses dados estão: projetos de lei,
relatórios de órgãos governamentais, atas de reuniões de casas legislativas, sentenças
judiciais, documentos registrados em cartórios etc. [...]
3) Documentos pessoais
Há uma série de escritos ditados por iniciativa de seu autor que possibilitam informações
relevantes acerca de sua experiência pessoal. Cartas, diários, memórias e autobiografias são
alguns desses documentos que podem ser de grande valia na pesquisa social. [...]
4) Comunicação de massa
Os documentos de comunicação de massa, tais como jornais, revistas, fitas de cinema,
programas de rádio e televisão, constituem importante fonte de dados para a pesquisa social.
Possibilitam ao pesquisador conhecer os mais variados aspectos da sociedade atual e também
lidar com o passado histórico. Neste último caso, com eficiência provavelmente maior que a
obtida com a utilização de qualquer outra fonte de dados. [...] (grifos meus)
Embora a pesquisa bibliográfica e a documental sejam bastante semelhantes, por
ambas se respaldarem em materiais elaborados e já publicados, Gil (2010) aponta que a
principal diferença entre elas encontra-se na natureza das fontes. Sobre a identificação das
mesmas, Gil, 2010, p. 31, elucida dizendo que “o que geralmente se recomenda é que seja
considerada fonte documental quando o material consultado é interno à organização, e fonte
bibliográfica quando for obtido em bibliotecas ou bases de dados”. Para Marconi e Lakatos
(2007), a pesquisa documental consiste na análise de fontes primárias, isto é, elaboradas pelo
próprio autor, enquanto a pesquisa bibliográfica consiste na análise de fontes secundárias, isto
é, transcritas de fontes primárias contemporâneas ou retrospectivas.
Com base nos pressupostos apresentados, deduz-se que o levantamento bibliográfico,
enquanto um tipo de observação indireta, consiste na coleta e no tratamento sistematizado de
dados secundários, e que o levantamento documental, enquanto um tipo de observação que
tanto pode ser direta (dados primários) quanto indireta (dados secundários), consiste na coleta
e no tratamento sistematizado de dados híbridos, isto é, tanto primários quanto secundários
(KÖCHE, 1997, 2011; GIL, 1999; 2010; MARCONI; LAKATOS, 2003; 2007; 2008; LUNA,
2011; 2012; RODRIGUES, 2007; ECO, 2012; SOARES, 2003). 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo destaca várias citações da segunda parte do livro Mein Kampf,
historicizando-as e analisando-as criticamente. Aparece cada citação seguida de uma breve
reflexão. 
Toda mistura de raça tende, mais cedo ou mais tarde, a provocar a decadência do produto
híbrido, enquanto a raça superior do cruzamento se mantiver em sua pureza. Só quando os
últimos representantes da raça superior se tornam bastardos é que para os produtos híbridos
cessa o perigo de desaparecimento. Inicia-se, então, um processo natural, mas lento, de
regeneração, que gradualmente eliminará o veneno racial, desde que ainda exista um es
toque de elementos puros e que se tenha impedido a mistura. (HITLER, 1925, p. 370)
Nesta citação, Hitler reforça o seu discurso arianólatra fundamental, destacando a
tendência à decadência do resultado da mistura de raças; em outras palavras, para ele é
desvantajoso miscigenar raças, é perda de tempo. É necessário, então, não apenas se constituir
uma raça pura mas também mantê-la.
[…] O ponto mais importante é a educação física, vindo, em seguida, o desenvolvimento do
caráter e, por último, o valor intelectual. […] Só, em segundo plano, o Estado nacionalista
tem de promover a formação do caráter. (HITLER, 1925, p. 382)
Novamente uma citação que deixa claro que Hitler coloca a questão racial, material,
carnal, acima do verdadeiro valor humano, que se encontra na sua essência, na sua moral, no
seu caráter. Para ele, puro era quem pertencia à raça pura, então devia viver, e viver bem, ser
respeitado, crescer; quem não pertencia à raça pura, não devia viver, devia ser eliminado, para
não contaminar a nobre raça pura, a ariana. De fato, esta posição ideológica arianólatra
hitleriana fundamental é bastante egoísta, racista, ignóbil, arrogante, completamente
inadequada para um ser humano.
[…] Ninguém se deve esquecer de que o que não é praticado na mocidade não pode ser
aprendido na idade madura. […] A ligação de uma criança de dez anos com outra da mesma
idade é maior e mais natural do que com uma mais crescida. Uma criança que denuncia seu
camarada, pratica uma traição que, no sentido figurado, corresponde a uma traição contra a
Pátria. […] Fidelidade, capacidade de sacrifício, discrição, são virtudes de que um grande
povo precisa e cujo ensino e cultivo nas escolas é mais importante do que muita coisa que,
atualmente, figura nos programas. (HITLER, 1925, p. 382 e 383)
Este trecho revela que, baseado nas suas experiências pessoais, Hitler conclui que o
que não e praticado na mocidade não pode ser aprendido na idade madura; então, Hitler acaba
por confessar que suas ideologias pangermânicas e antissemitas foram aprendidas e eram
praticadas por ele na sua mocidade. E isto é bem verdade: Hitler aprendeu suas ideologias
antissemitas sobretudo em Melk, ao ser escolarizado por professores antissemitas; e ele
aprendeu suas ideologias pangermânicas sobretudo nos seus quatro anos em Viena, nos
treinamentos miliares que recebeu; a sua militância pangermânica e antissemita remonta, pois,
à sua mocidade.)
[…] O princípio orgânico da humanidade ariana é substituído pelo princípio destruidor dos
judeus. Assim se torna o judaísmo um "fermento de decomposição" dos povos e raças e, em
sentido mais vasto, de ruína da cultura humana. (HITLER, 1925, p. 411)
Esta é uma síntese do discurso arianólatra hitleriano fundamental. Hitler aqui
remanifesta seu ódio pelos judeus.
Quanto mais inalterável for o objetivo a ser conseguido, quanto mais dogmáticas forem as
ideias fundamentais, tanto mais psicologicamente justo deve ser o programa de aliciamento
das massas, sem o auxilio das quais asideias mais elevadas ficam sempre no terreno da
teoria. (HITLER, 1925, p. 422)
Hitler defende aqui o dogmatismo ideológico, como sendo o alicerce do programa de
aliciamento das massas, composto pelas vinte e cinco teses hitlerianas.
O poder da antiga nação era apoiado em três colunas: a constituição monárquica, o corpo
administrativo e o exército. A revolução de 1918 revogou a constituição monárquica,
dissolveu o exército e entregou o corpo administrativo à corrupção partidária. Com isso
foram, porém, destruídos os sustentáculos principais da chamada autoridade do Estado.
(HITLER, 1925, p. 479)
Hitler sintetiza aqui os efeitos destrutivos da oposição interna na Alemanha. Este foi
um dos principais fatores que causaram a queda do poderia do Partido Nazista. Outro fator foi
a saúde debilitada de Hitler.
Já naquele tempo, iniciei a minha luta pessoal contra esse ódio desvairado dos Estados
alemães entre si. […] A luta, que eu tinha iniciado, unicamente amparado pelos meus
companheiros de guerra, foi considerada, depois, quase posso dizer, como uma tarefa
sagrada do novo movimento. (HITLER, 1925, p. 517 e 518)
A luta a que Hitler se refere ao intitular o seu livro “Minha Luta” era a sua luta pessoal
contra o ódio que ele e seus compatriotas do Partido Nazista manifestavam contra vários
grupos sociais, sobretudo os judeus, e ideologias, sobretudo o marxismo.
A mais alta missão da organização é, pois, tomar precauções para que não nasçam
divergências íntimas, entre os adeptos do movimento, que possam originar uma desarmonia
e, com isso, um enfraquecimento da causa, e para que se conserve sempre o espírito de
ataque e de resolução. Não é necessário que aumente infinitamente o número de
combatentes; ao contrário, como só uma pequena parte da humanidade possui um caráter
enérgico e resoluto, ficaria forçosamente enfraquecido um movimento que aumentasse
desproporcionadamente a sua organização central. Organizações passando além de um certo
número de membros, perdem, pouco a pouco, seu poder de combate e a capacidade de apoiar
a propaganda de uma ideia, de maneira resoluta. (HITLER, 1925, p. 541)
Nesta citação, Hitler explana a necessidade de articulação harmoniosa das instâncias
estratégica, tática e operacional em uma organização como fator determinante do seu sucesso
ou do seu fracasso. Aqui ele deixa contribuições para as Ciências Administrativas, e áreas
afins.
[…] O operário que exercia a sua atividade em uma fábrica, não podia, segundo a convicção
geral, de modo nenhum existir, se não se tornasse membro de um sindicato. Não era apenas a
sua importância profissional que parecia protegida por esse meio; também a estabilidade de
sua posição na fábrica, só era concebível sendo ele filiado a um sindicato. A maioria dos
operários fazia parte de uniões sindicais. Essas tinham, em geral, defendido as lutas pelo
salário e concluído pactos tarifários, os quais, agora, iam assegurar ao operário um
rendimento determinado. Indubitavelmente os resultados dessa luta eram favoráveis a todos
os operários da fábrica, e, para o homem honesto, especialmente, iriam surgir conflitos de
consciência, se porventura ele viesse a partilhar do salário obtido a custa de luta pelos
sindicatos, tendo, entretanto, pessoalmente, permanecido alheio à mesma. […] Os sindicatos
são necessários, sobretudo, como pedra fundamental do futuro parlamento econômico e,
relativamente, das câmaras de classes. (HITLER, 1925, p. 553 e 555)
Esta citação deixa claro que já na época de Hitler, na Alemanha, o operário só existia,
ou seja, só conseguia fazer valer os seus direitos de trabalhador, se estivesse filiado a um
sindicato. Hoje não é diferente na Alemanha, ou em qualquer país do mundo onde exista
categoria proletária representada por uma liderança sindical. Líder do Partido Socialista dos
Trabalhadores Alemães, Hitler atuava na defesa dos direitos dos trabalhadores alemães,
enxergando-se como equivalente a uma liderança sindical. Ele acompanhava de perto as
condições de trabalho das diversas categorias profissionais da Alemanha de sua época, tanto
quanto a sua economia, a sua política, as suas mudanças legislativas, culturais, tecnológicas,
científicas e cívicas. Hitler estava bastante atento às necessidades de seu povo, e sobre elas
dissertava em suas apresentações em público, nas suas conversas cotidianas e em seus
escritos. À parte de seus objetivos antissemitas, Hitler compreendia muito bem a sociologia
alemã e sobre ela atuava como agente transformador. Não fazendo apologia às ideologias
arianólatras hitlerianas, o livro Minha Luta deixa ricas contribuições sobretudo para a Teoria
das Organizações, mas também para a Sociologia, a História, a Economia, a Psicologia, as
Ciências Políticas, as Ciências Contábeis, as Ciências Administrativas. Lamentável que a
superdotação de Hitler fora mal orientada. Apesar do ambiente socioeconomicamente hostil e
antissemita em que Hitler fora criado, e das grandes frustrações que ele sofreu em sua vida, se
ele fosse bem orientado, isto é, se suas companhias (amigos, colegas) não fossem
antissemitas, certamente ele também não o seria.
[...] Eu teria considerado como um crime, tirar do ganho escasso de um operário qualquer
soma para uma instituição, de cuja utilidade para os seus membros eu não possuía convicção
íntima. (HITLER, 1925, p. 563)
Percebe-se que para várias situações cotidianas, Hitler era bastante justo. Enquanto
indivíduo perfeccionista, ele buscava ser o melhor em tudo o que fazia, com a ressalva de que
melhor, para ele, tinha significado próprio e bem definido em cada uma delas. Em outras
palavras, em se tratando de defender a classe proletária, melhor, para ele, era defender ao
máximo possível os trabalhadores alemães; em se tratando de eliminar os não arianos, melhor,
para ele, era erradicá-los de uma vez por todas; enfim, o melhor, para ele, estava bem
orientado para algumas situações, mas pessimamente orientado para outras. Portanto, Hitler
foi um indivíduo bastante frustrado, pessimamente escolarizado e horrendamente orientado
para determinadas situações cotidianas.
Se um novo partido político um dia torne a desaparecer, isso mal chega a ser um dano, mas
quase sempre uma vantagem, e ninguém tem o direito de se lamentar por causa disso; pois, o
que o indivíduo dá a um movimento político, ele o dá a fonds perdu. Mas quem faz as suas
contribuições para um sindicato tem direito ao cumprimento de uma compensação a ele
assegurada. Se as contas não são ajustadas com ele, então os organizadores de um tal
sindicato são embusteiros, ou quando menos pessoas levianas, que devem ser chamadas à
responsabilidade. (HITLER, 1925, p. 563 e 564)
Hitler defende o sindicalismo como o mais vantajoso caminho para o progresso
político alemão, e, quiçá, da sociedade mundial. A razão disto, tal como ele explana nesta
passagem, encontra-se no fato de que se um indivíduo investe em uma liderança sindical, ele
está assegurado do cumprimento dos seus direitos, ao passo se ele o dá a um movimento
político, ele não tem esperança de retorno.
[...] Quem, pois, acredita poder fundar alianças com nações estrangeiras baseadas na
simpatia dos estadistas para com a Alemanha, ou é um asno ou um hipócrita. [...] (HITLER,
1925, p. 575)
Percebe-se que o discurso hitleriano é maximamente objetivo e claro, apesar de, não
raro, desagradar a muitos.
Que seja a razão o nosso guia, que seja a vontade a nossa força; que o dever sagrado de
assim proceder nos dê perseverança e o nosso mais forte apoio seja sempre a nossa fé.”
(HITLER, 1925, p. 594)
Hitler agia pela sua razão e pela sua vontade,sustentado sempre na sua fé, que, na
verdade, consistia nas suas crenças pessoais.
[...] Como um racista que julga a humanidade pelo critério da raça, não posso admitir que se
acorrentem os destinos de uma nação às chamadas "nacionalidades oprimidas", desde que,
racialmente, elas são de insignificante valor. (HITLER, 1925, p. 612)
Aqui Hitler confessa o seu racismo, mas mostra-se determinado a erradicar toda raça
não ariana, por considerá-las inferiores, isto é, de insignificante valor – pelo menos para Hitler
e para o inteiro Partidos Nazista elas o eram.)
A 9 de novembro de 1923, no quarto ano de sua existência, o Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães (National Sozialistische Deutsche Arbeiterpartei) foi dissolvido e proibido em
todo o Reich. Hoje, em novembro de 1926, ele de novo é livre no Reich inteiro, mais forte e
intimamente mais sólido do que nunca. (HITLER, 1925, p. 640)
O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães foi dissolvido, porque Hitler
e seus demais membros foram presos, em razão de terem tentado um golpe fracassado contra
o Estado de Munique. Em 1º de abril de 1924, Hitler foi sentenciado a cinco anos de pena
privativa de liberdade, dos quais só cumpriu nove meses, tendo, então, sido liberto em 1º de
janeiro de 1925, após o que ajudou os demais membros presos do Partido a serem libertos, e,
juntos, reconstruíram-no de tal modo que, em novembro de 1926, ele reviveu com muito mais
força e solidez do que nunca.
4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação das ideologias pangermânicas e antissemitas de Hitler estão atreladas, a
priori, à sua escolarização com professores pangermânicos e antissemitas da Abadia de Melk,
e, a posteriori, ao seu militarismo, à sua militância no Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães, e à péssima orientação que ele recebeu no que tange ao
direcionamento no desenvolvimento e na utilização de suas capacidades pessoais. Hitler
precisava ter sido identificado e adequadamente atendido como indivíduo superdotado.
Foi deste modo que ele direcionou o seu brilhantismo e o seu perfeccionismo na
idealização de uma raça que ele considerava pura, superior em todos os aspectos, a ariana.
Daí, ele passou a odiar todo indivíduo não pertencente a esta raça. Ele odiava os marxistas e
os sociais democratas porque eram compostos predominantemente por judeus. Ele odiava os
judeus porque acreditava que eles objetivavam destruir as nações não judaicas. Ele concebe o
ser humano como fruto meramente biológico, hereditário, genético, que, portanto, precisa ser
classificado e valorado pela raça. Ele confessa o seu racismo no referido livro, ao passo que
reafirma sua determinação de erradicar todas as raças não arianas. 
A segunda parte do livro Mein Kampf foi bem escrita. Hitler utiliza linguagem culta.
As terminologias, as taxonomias, os conceitos e o conteúdo utilizados por Hitler foi o de
maior nível que ele aprendeu na sua vida, por meio de suas vivências com seus
contemporâneos e com os seus livros. Entretanto, quanto à formalização o seu trabalho é
pobre quando consideramos os detalhes técnicos hoje empregados para a elaboração dos
trabalhos acadêmicos em geral, tais como os da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), os da Vancouver, e os da American Psicology Association (APA).
Ao passo que o livro faz apologias às ideologias pangermânicas e antissemitas, ele
também traz contribuições significativas para a História, a Economia, as Ciências
Administrativas, as Ciências Contábeis, as Ciências Políticas, a Psicologia, e áreas afins.
Hitler possuía vasto cabedal cognitivo e intelectual. A precisão das suas falas favorece a sua
clareza, tanto quanto as contribuições por elas deixadas. Apesar de seu foco com a escrita do
livro Mein Kampft ter sido a difusão imediata e extensa de suas ideologias pangermânicas e
antissemitas, ele construiu um compêndio rico em informações que podem contribuir
significativamente para o progresso da científico, econômico, político, tecnológico e cívico
mundial.
Apesar dos esforços de várias nações de se retirar de circulação o livro, isto não faz
sentido porque contraria o princípio da liberdade de expressão, numa Era em que a
Informação é o centro do cenário socioeconômico global, em que, sem fazer apologias a uma
ideologia ou a outra, informações racistas, pornográficas, místicas e nacionalistas se fazem
presentes em praticamente todos os espaços informacionais e nem por essa razão são retirados
de circulação. 
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