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Carta Testemunhável - transcrição do vídeo

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CARTA TESTEMUNHÁVEL
Se o protesto por novo júri não for recebido, cabe Carta Testemunhável.
O recurso deve ser recebido e conhecido, ou seja, o juiz deve admitido e dar-lhe prosseguimento. Se o juiz não o faz, cabe o recurso “carta testemunhável”.
Espínola Filho: Este recurso da carta testemunhável surgiu como uma reação ao arbítrio dos juízes, que temendo um recurso proibiam os escrivãs de recebê-los ou ocultavam-se, até que se esgotasse o prazo para a interposição. Nesse caso, o litigante interessado em recorrer, comparecia perante o escrivão e manifestava-se de modo explícito e claro, em presença de testemunhas idôneas, que desejava levar ao conhecimento de instância superior seu inconformismo. Com isso, ou o escrivão atestava com a sua fé pública a interposição do recurso ou o recorrente comparecia ao tribunal com as mesmas testemunhas e o apelo era conhecido. Trata-se, segundo Espínola Filho, de uma “interposição verbal”, atestada por testemunhas.
- Natureza jurídica: embora haja várias posições diversas, é um recurso destinado a provocar o conhecimento, o processamento, de outro recurso para o tribunal cuja tramitação foi obstada pelo juiz de maneira indevida. Mas, se houver previsão legal de interposição de recurso contra a decisão do juiz que impediu o trâmite de algum recurso, a carta testemunhável é incabível. Ex.: do não recebimento da apelação, cabe recurso em sentido estrito, conforme prevê o art. 581, XV, do CPP, portanto, uma vez que a própria lei prevê é desnecessário o uso da carta testemunhável quando o juiz indefere o processamento da apelação, logo, é possível dizer que a carta testemunhável possui caráter subsidiário, pois só será possível quando incabível outro recurso.
- Quais são as hipóteses de cabimento?
1) A carta testemunhável é cabível contra decisão que denegar o recurso;
2) Contra decisão que, embora admita o recurso, obsta seu seguimento.
Art. 639, CPP
- Como se processa a carta testemunhável?
Após decisão que denegar o recurso ou obstar seu seguimento, a parte deve em 48h fazer requerimento endereçado ao escrivão do cartório ou secretário do tribunal indicando as peças do processo que devem ser transladadas para a formação do instrumento. (Art. 640, CPP)
“A interposição desse recurso é feita ao servidor da justiça?!” – Sim, pois é um recurso anômalo que visa combater a decisão do juiz que não recebeu ou impediu o seguimento de um outro recurso. Seria ineficaz, sem dúvida, a apresentação da carta ao juiz que obstou o primeiro recurso. Encaminha-se a carta ao escrivão para que este envie a carta ao Tribunal. Se o escrivão não o fizer, será funcionalmente responsável por sua omissão.
O escrivão deve dar recibo da entrega do recurso à parte que recorreu. No prazo de 5 dias o serventuário vai fazer a entrega conferida e consertada.
Atenção (art. 641, CPP): Quanto ao recurso extraordinário, não mais se aplica, já que existe o agravo, dirigido diretamente ao Supremo, com a mesma finalidade. O mesmo se dá quanto ao recurso especial quando denegado, quando se pode dirigir agravo ao STJ.
Com a formação do instrumento, o testemunhante – assim chamada a parte que interpôs carta testemunhável, deve apresentar suas razões em dois dias. Na sequência, o testemunhado, que é a parte contrária, deve apresentar as suas contrarrazões de recurso. O juiz com as razões e contrarrazões poderá se retratar. Se mantiver sua decisão de não recebimento/processamento do primeiro recurso, a carta testemunhável deve ir ao Tribunal.
- O que acontece quando a Carta Testemunhável vai ao Tribunal?
Art. 644, CPP: O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se desta tomar conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se estiver suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.
O Tribunal poderá:
Não conhecer a carta testemunhável porque, por exemplo, a parte é ilegítima para interpô-la. Nesse caso, o tribunal não conhece a carta testemunhável porque é incabível;
Por outro lado, o Tribunal pode conhecer a carta testemunhável e o provimento deste recurso significa que aquele outro recurso que não foi conhecido deverá subir ao Tribunal para ser julgado. Esta é a consequência do provimento da carta testemunhável pelo Tribunal. Por que? Porque a carta testemunhável é o recurso que faz “subir” outro recurso que o juiz indeferiu em primeiro grau.
Na hipótese de ter sido interposto “protesto por novo júri” o juiz, indevidamente / por equívoco, não admite o processamento do processo por novo júri. A parte interpõe a carta testemunhável e para comprovar ao Tribunal que o juiz está equivocado ao indeferir o processamento de seu protesto por novo júri, ela instrui o recurso. O Tribunal como já possui elementos fornecidos pela parte, ao invés de mandar processar o protesto por novo júri, ele determina que já seja feito o novo júri. Então o Tribunal nesse caso julga desde logo o mérito do recurso obstado (protesto por novo júri).
Atenção: É muito importante aqui não esquecer o seguinte: A Carta Testemunhável é recurso que serve para que a parte veja processado seu outro recurso obstado!!
O trâmite da carta no Tribunal é o mesmo do recurso cujo processamento foi obstado pelo juiz.
E, finalmente, a Carta Testemunhável não tem efeito suspensivo, apenas devolutivo. Isso significa que o processo principal deve continuar enquanto a carta testemunhável está sendo processada.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=BciucT1Dx7k

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