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1 MINISTÉRIO DA PREVID˚NCIA E ASSIST˚NCIA SOCIAL SECRETARIA DE PREVID˚NCIA SOCIAL Coleçªo PrevidŒncia Social Volume 2 - 2“ ediçªo Marcelo Viana Estevªo de Moraes A Lei de Responsabilidade Fiscal e a PrevidŒncia dos Servidores Pœblicos Municipais 2 ISBN 85-88219-01-8 CDD 341.392 CDU 336.2:34 Brasil. MinistØrio da PrevidŒncia e AssistŒncia Social. A Lei de Responsabilidade Fiscal e a PrevidŒncia dos Servidores Pœblicos Municipais. Marcelo Viana Estevªo de Moares. PrevidŒncia Social: Coleçªo PrevidŒncia Social, sØrie estudos: A Lei de Responsabilidade Social e a PrevidŒncia dos Servidores Pœblicos Federais. Brasília, MPAS / SPS 2001. Coleçªo PrevidŒncia Social. Volume 02, SØrie Estudos, 60 p ' 2001 MinistØrio da PrevidŒncia e AssistŒncia Social Presidente da Repœblica: Fernando Henrique Cardoso Ministro da PrevidŒncia e AssistŒncia Social: Waldeck OrnØlas SecretÆrio de PrevidŒncia Social: Vinícius Carvalho Pinheiro Diretor do Depto. do Regime Geral de PrevidŒncia Social: Geraldo Almir Arruda Diretor do Depto. dos Regimes de PrevidŒncia no Serviço Pœblico: Delœbio Gomes Pereira da Silva Ediçªo e distribuiçªo: MinistØrio da PrevidŒncia e AssistŒncia Social Secretaria de PrevidŒncia Social Esplanada dos MinistØrios, Bloco F 70059-900 Brasília DF Tel.: (61) 317-5014 Fax: (61) 317-5195 PARSEP - Programa de Apoio à Reforma dos Sistemas Estaduais de PrevidŒncia Tiragem: 6.000 exemplares Impresso no Brasil / Printed in Brazil Exemplus Comunicaçªo & Marketing Ltda. É permitida a reproduçªo total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte 3 SUM`RIO Apresentaçªo ......................................................................................................................... 05 PrefÆcio ................................................................................................................................... 07 SumÆrio Executivo ............................................................................................................... 09 Introduçªo .............................................................................................................................. 11 Visªo Geral ............................................................................................................................. 15 CritØrios e Diretrizes Gerais para a Instituiçªo, Organizaçªo e Manutençªo de Regime Próprio de PrevidŒncia Social do Servidor Pœblico nos Municípios ..................................................................................................... 19 Apresentaçªo de cada capítulo da LRF no que se relaciona a questıes de PrevidŒncia Municipal .................................................................................................. 31 Capítulo I - Disposiçıes Preliminares ........................................................................... 31 Capítulo II - Do Planejamento ....................................................................................... 32 Capítulo III - Da Receita Pœblica ................................................................................... 35 Capítulo IV - Da Despesa Pœblica ................................................................................. 37 Capítulo V - Das TransferŒncias VoluntÆrias ............................................................... 39 Capítulo VIII - Da Gestªo Patrimonial ......................................................................... 39 Capítulo IX - Da TransparŒncia, Controle e Fiscalizaçªo .......................................... 42 Capítulo X - Das Disposiçıes Finais e Transitórias ................................................... 45 Consideraçıes Finais .......................................................................................................... 47 Prazos de Adequaçªo ....................................................................................................... 47 Penalidades ........................................................................................................................ 48 Fiscalizaçªo pelo MPAS e puniçªo de dirigentes ......................................................... 49 Anexo: Breve descriçªo do regime geral de PrevidŒncia Social ............................ 51 GlossÆrio ................................................................................................................................. 59 4 5 APRESENTA˙ˆO Equacionar e administrar a questªo previdenciÆria constitui um dos principais desafios dos prefeitos que tomaram posse em 1o de janeiro de 2001. O sucesso das administraçıes municipais e o equilíbrio futuro das finanças das prefeituras estarÆ dire- tamente vinculado à forma como venha a ser encaminhada essa questªo. A decisªo tem que ser tomada levando em consideraçªo, conjuntamente, os no- vos textos constitucionais relativos às reformas administrativa e previdenciÆria. A pri- meira induz que os novos trabalhadores do setor pœblico devam estar submetidos ao regime do emprego pœblico, extinguindo-se ou restringindo-se o regime jurídico œnico; a segunda indica que o caminho mais adequado Ø a filiaçªo ao Regime Geral de Previ- dŒncia Social, o mesmo dos trabalhadores do setor privado. Existem, no entanto, regi- mes próprios prØ-existentes que requerem atençªo e cuidados especiais no manejo de sua gestªo. Requerem, por exemplo, a partir de agora, sólidas bases atuariais e financeiras para garantia da solvŒncia fiscal dos municípios e da certeza de que haverªo recursos a serem investidos em educaçªo, saœde, assistŒncia social, pavimentaçªo, limpeza urbana, iluminaçªo pœblica e tantas outras atividades que afetam diretamente a vida dos cida- dªos. É com a preocupaçªo de por à disposiçªo dos novos administradores municipais e suas equipes de governo as informaçıes e subsídios necessÆrios que foi elaborado o documento A Lei de Responsabilidade Fiscal e a PrevidŒncia dos Municípios, o primeiro da sØrie Estudos, da Coleçªo PrevidŒncia Social, tendo por objetivo orientar os municípios sobre as medidas a serem adotadas no caso da instituiçªo ou manutençªo de regime próprio de previdŒncia, de modo compatível com a Lei de Responsabilidade Fiscal e a legislaçªo específica do Regime de PrevidŒncia do Servidor Pœblico. Com o patrocínio do BNDES, em parceria com o MinistØrio do Desenvolvimen- to, Indœstria e ComØrcio Exterior e do MinistØrio do Planejamento, Orçamento e Ges- tªo, este trabalho integra as açıes do Governo Federal visando facilitar a compreensªo e implementaçªo da Lei de Responsabilidade Fiscal em relaçªo à organizaçªo dos serviços previdenciÆrios. WALDECK ORNÉLAS Ministro de Estado da PrevidŒncia e AssistŒncia Social Brasília, janeiro de 2001 6 7 PREF`CIO Apresentamos esta ediçªo da publicaçªo A Lei de Responsabilidade Fiscal e a Previ- dŒncia dos Servidores Pœblicos Municipais, elaborada pela Fundaçªo ANASPS de PrevidŒn- cia Social FUNPREV, com a certeza de que serÆ de grande valia para orientar os municípios em relaçªo às medidas a serem adotadas na instituiçªo, organizaçªo e manu- tençªo de regimes próprios de previdŒncia social, de modo adequado às normas estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Tarefa importante na gestªo eficiente e responsÆvel da coisa pœblica, meta perfeitamente alcançÆvel por todos os governos locais, e que contribui para a Reforma do Estado. De fato, como uma das principais instituiçıes de política econômica de longo prazo no Brasil, o BNDES vem participando ativamente de açıes voltadas para a reformulaçªo do papel do Estado, nos diversos níveis da Federaçªo Brasileira. Neste sentido, tem sido grande o seu empenho em apoiar a modernizaçªo da administraçªo tributÆria e a melhoria da qualidade do gasto pœblico, com uma perspectiva de desenvol- vimento local sustentado. AlØm dos vÆrios programas tradicionais, oBNDES implementou o Programa de Modernizaçªo da Administraçªo TributÆria e da Gestªo dos setores Sociais BÆsicos (PMAT) para proporcionar aos municípios brasileiros possibilidades de aperfeiçoar sua capacidade de arrecadaçªo e, ao mesmo tempo, incrementar a qualidade dos serviços prestados à populaçªo. TambØm foi criado de um site na Internet (http://federativo.bndes.gov.br) para divulgaçªo de informaçıes e estatísticas sobre o setor pœblico, bem como para a troca de experiŒncias entre administradores pœblicos, pesquisadores, organizaçıes nªo- governamentais e eventuais interessados em políticas pœblicas. Com efeito, o Banco Federativo tem procurado tratar dos mais variados temas relacionados à Federaçªo Brasi- leira, como a Reforma TributÆria e a Lei de Responsabilidade Fiscal, alØm de apresentar indicadores tributÆrios e fiscais. Este fórum de debates - democrÆtico e aberto - cresceu e se dinamizou atravØs de vÆrias parcerias com outros órgªos e institutos de pesquisa. Mais informaçªo e mais transparŒncia sªo, sem dœvida, a garantia perene do efe- tivo controle popular e do aprendizado da cidadania. FRANCISCO ROBERTO ANDRÉ GROS Presidente do BNDES 8 9 SUM`RIO EXECUTIVO 1. A Lei Complementar n” 101, de 04 de Maio de 2000, estabelece um conjunto de disposiçıes no campo das finanças pœblicas que deve merecer especial atençªo dos prefeitos. Por um lado, a Lei de Responsabilidade Fiscal Ø um estímulo para que o Pre- feito busque aprimorar a gestªo dos recursos pœblicos mediante o aperfeiçoamento dos processos de planejamento, execuçªo e controle dos gastos governamentais. Por outro, o seu descumprimento pode ensejar a aplicaçªo de diversas penalidades nªo apenas para os municípios, como tambØm para as autoridades locais. 2. Uma das Æreas que deve merecer especial atençªo do Prefeito Ø a organizaçªo e a gestªo da previdŒncia do servidor pœblico municipal, pois seus desequilíbrios podem ameaçar a própria viabilidade de sua gestªo, com o comprometimento crescente de re- ceitas para o seu financiamento e reduçªo das disponibilidades para fins de investimen- tos no atendimento das demandas da populaçªo. 3. Uma das primeiras medidas que o Prefeito deve adotar Ø constituir um grupo tØcnico de alto nível, coordenado por pessoas de sua inteira confiança, com o objetivo de fazer um diagnóstico da realidade previdenciÆria municipal. 4. Esse diagnóstico deve, necessariamente, abranger uma avaliaçªo atuarial do regime previdenciÆrio local, acompanhada, se for o caso, de uma auditoria contÆbil. 5. Feito o diagnóstico, a municipalidade poderÆ optar pelas seguintes alternativas, conforme as peculiaridades locais: • extinguir o regime próprio de previdŒncia, filiando seus servidores ao INSS, ou mantŒ-los filiados aos INSS, caso nªo exista regime próprio. Nessa hipótese, po- derÆ tambØm considerar a criaçªo de um esquema de previdŒncia complementar para os servidores cujos salÆrios sejam superiores ao teto de benefício do Regime Geral de PrevidŒncia Social; • instituir regime próprio de previdŒncia ou reformÆ-lo, de modo a compatibilizar o plano de benefícios com o plano de custeio, com vistas ao equilíbrio financeiro e atuarial. Nessa hipótese, deve ser considerada a possibilidade de criaçªo de um fundo integrado de bens, direitos e ativos, com finalidade previdenciÆria. 6. Qualquer que seja a estratØgia adotada, o encaminhamento dado à questªo previdenciÆria serÆ de vital importância para o adequado cumprimento das metas, condi- çıes e prazos de adequaçªo referentes à despesa com pessoal, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal. 10 7. A equipe tØcnica designada pelo Prefeito, na definiçªo da estratØgia mais ade- quada a ser adotada, deverÆ observar com rigor os critØrios e parâmetros assinalados na presente publicaçªo, de modo a evitar a aplicaçªo de penalidades que prejudiquem as chances de Œxito da gestªo municipal. 8. Prefeito deverÆ conferir especial atençªo ao desempenho da equipe por ele designada para que nªo venha a incorrer nos crimes de que trata o Código Penal e a Lei n” 10.028, de 19 de outubro de 2000, que define os crimes contra as finanças pœblicas. 11 INTRODU˙ˆO A Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, tambØm conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), regulamenta o artigo 163 da Constituiçªo Federal e estabelece um conjunto de disposiçıes a serem seguidas pelos administradores pœblicos de todo o país no campo das finanças pœblicas. Especial atençªo Ø conferida ao aprimoramento da gestªo dos recursos pœblicos, mediante o planejamento dos gastos governamentais, ampla visibilidade do processo de execuçªo orçamentÆria e financeira, aperfeiçoamento dos mecanismos de controle e responsabilizaçªo dos entes pœblicos e das respectivas autoridades em caso de descumprimento das normas estabelecidas. Assim, desde 5 de maio de 2000, os trŒs poderes JudiciÆrio, Executivo e Legislativo, com o respectivo Tribunal de Contas bem como o MinistØrio Pœblico, nos respectivos níveis de governo (federal, estadual e municipal), incluindo os órgªos da administraçªo direta e as entidades da administraçªo indireta, estªo submetidos a uma sØrie de metas, limites e condiçıes no campo das finanças pœblicas, com o intuito de assegurar a responsabilidade na gestªo fiscal, de modo que seja possível prevenir riscos e corrigir desvios que possam afetar o equilíbrio das contas pœblicas. Uma sØrie de trabalhos, seminÆrios e cartilhas tem tratado da aplicaçªo da LRF, no entanto, pouca atençªo tem sido dada à organizaçªo e gestªo da previdŒncia dos servidores pœblicos. Os desequilíbrios nessa Ærea sªo reconhecidos pelos especialistas como um dos fatores mais importantes a afetar a adequada administraçªo das contas pœblicas. A LRF determina de modo claro que o ente da Federaçªo que mantiver ou vier a instituir regime próprio de previdŒncia social para seus servidores conferir-lhe-Æ carÆter contributivo e o organizarÆ com base em normas de contabilidade e atuÆria que preser- vem seu equilíbrio financeiro e atuarial. Este documento pretende ser um instrumento de orientaçªo para as autoridades municipais - prefeitos, vereadores e secretÆrios de governo - sobre as medidas que de- vem ser tomadas para a implementaçªo da LRF no que se relaciona à previdŒncia dos servidores pœblicos no âmbito do respectivo município. Subsidiariamente, pode ser œtil tambØm para autoridades de outros níveis de governo. Para tanto, serªo consideradas as disposiçıes da LRF, bem como outras disposi- çıes normativas de disciplina fiscal referentes à matØria previdenciÆria jÆ existentes, tais como: 12 • Emenda Constitucional n” 20, de 15 de dezembro de 1998; • Lei Geral dos Regimes Próprios de PrevidŒncia Social Lei n” 9.717, de 27 de novembro de 1998, com as alteraçıes introduzidas pela Medida Provisória n” 2.043-20, de 28 de julho de 2000, e suas reediçıes; • Portaria Ministerial MPAS/GM n” 4.992, de 5 de fevereiro de 1999, com as alteraçıes introduzidas pela Portaria Ministerial MPAS/GM n” 7.796, de 28 de agosto de 2000; • Resoluçıes do Conselho MonetÆrio Nacional n” 2.651/99 e 2.652/99 com as alteraçıes da Resoluçªo n”2.661/99. A Emenda Constitucional n” 20/98, ao modificar o sistema de previdŒncia social, introduziu importantes alteraçıes no regime de previdŒncia dos servidores pœblicos. TambØm em consonância com as disposiçıes da Emenda Constitucional n” 20/98, a Lei n” 9.717/98 dispôs sobre regras gerais para a organizaçªo e o funcionamento dos regi- mes próprios de previdŒncia social dos servidores pœblicos da Uniªo, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A Portaria Ministerial n” 4.992/99 definiu os parâmetros e as diretrizes gerais previstos na Lei n” 9.717/98. De certo modo, esses atos normativos foram precursores da LRF no que diz respeito a medidas de disciplina fiscal em matØria previdenciÆria. Preliminarmente, deve-seesclarecer que hÆ duas formas de garantir os direitos previdenciÆrios dos servidores pœblicos municipais. Uma Ø mediante a filiaçªo desses servidores ao Regime Geral de PrevidŒncia Social RGPS, administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, nos termos das Leis n” 8.212 e n” 8.213, de 24 de julho de 1991, e suas alteraçıes posteriores. Outra, Ø mediante a constituiçªo de um regime próprio no âmbito da administraçªo municipal. Compete às autoridades locais optar entre essas alternativas. Entretanto, no caso dos municípios cuja receita diretamen- te arrecadada Ø menor que a receita proveniente de transferŒncias constitucionais da Uniªo Ø vedada a instituiçªo de regime próprio, devendo o município contribuir para o INSS na condiçªo de empregador, salvo se na data da publicaçªo da Lei n” 9.717/98, em 28 de novembro de 1999, este município jÆ houvesse organizado um regime próprio para seus servidores. Na primeira parte deste guia, sªo apresentados os critØrios e as diretrizes gerais para a instituiçªo, organizaçªo e manutençªo de regimes próprios de previdŒncia social. Sªo analisados os parâmetros estabelecidos, as limitaçıes, as vedaçıes e os critØrios adi- cionais a serem observados quando houver fundo de previdŒncia instituído por lei mu- nicipal. Em seguida, sªo comentadas, capítulo a capítulo, as determinaçıes da LRF em matØria de previdŒncia, no que se relaciona com os municípios. 13 Nos comentÆrios referentes ao Capítulo I Das Disposiçıes Preliminares, estªo presentes o conceito de responsabilidade fiscal, o rol dos entes da Federaçªo que estªo submetidos à LRF e a conceituaçªo e forma de cÆlculo da receita corrente líquida. No Capítulo II - Do Planejamento, definem-se as novas regras para a elaboraçªo da Lei de Diretrizes OrçamentÆrias (LDO) e para a Lei OrçamentÆria Anual (LOA). No Capítulo III - Da Receita Pœblica, consta a obrigaçªo municipal de instituir, prever e arrecadar os tributos de sua competŒncia constitucional. As regras para geraçªo de despesas, o conceito de despesas obrigatórias de carÆter continuado, as despesas com pessoal, suas limitaçıes e controle, bem como, as especificidades das despesas com seguridade social estªo no Capítulo IV - Da Despesa Pœblica. O conceito e as vedaçıes de transferŒncias voluntÆrias sªo detalhados nos co- mentÆrios ao Capítulo V - Das TransferŒncias VoluntÆrias. Os Capítulos VI Da Destinaçªo de Recursos Pœblicos para o Setor Privado e VII - Da Dívida Pœblica e do Endividamento, nªo mereceram comentÆrios específicos por nªo estarem diretamente relacionados com a questªo previdenciÆria. Do Capítulo VIII - Da Gestªo Patrimonial, estªo destacadas as normas de admi- nistraçªo das disponibilidades de caixa, principalmente no tocante à separaçªo de con- tas, dos fundos específicos e as vedaçıes nas aplicaçıes. Os instrumentos de transparŒncia da gestªo fiscal, os relatórios e as prestaçıes de contas estªo detalhados nos comentÆrios do Capítulo IX - Da TransparŒncia, Controle e Fiscalizaçªo. Na anÆlise do Capítulo X - Disposiçıes Finais e Transitórias, sªo ressaltadas as especificidades dos municípios menores. Nas consideraçıes finais, estªo destacados os prazos de adequaçªo, os procedi- mentos de fiscalizaçªo e as penalidades previstas. 14 15 VISˆO GERAL A aprovaçªo da LRF insere-se no esforço empreendido pelo Governo Federal no sentido de implementar seu Programa de Estabilidade Fiscal, cuja premissa bÆsica Ø que o Estado nªo pode gastar mais do que arrecada. Assim, a LRF Ø um instrumento funda- mental por estabelecer parâmetros a serem compulsoriamente obedecidos pelos diver- sos níveis de governo com vistas a garantir a gestªo fiscal responsÆvel das contas pœbli- cas, mediante a adoçªo de mecanismos de planejamento de receitas e despesas, de pre- vençªo de riscos e de correçªo de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas pœblicas, de transparŒncia e controle social da execuçªo fiscal e de instituiçªo de limites para a despesa pœblica, com a responsabilizaçªo dos entes pœblicos e das autoridades governamentais em caso de nªo cumprimento das normas de disciplina fiscal. O equilíbrio das contas pœblicas Ø tido como um passo fundamental na redefiniçªo do padrªo da gestªo pœblica no Brasil. Trata-se de introduzir mudanças fundamentais no regime fiscal do País, com o objetivo de promover o equilíbrio definitivo das contas pœblicas de modo a garantir a consolidaçªo da estabilidade da moeda, o crescimento sustentado da economia brasileira, com reduçªo dos juros e aumento da poupança inter- na, e a melhoria progressiva das condiçıes de vida da populaçªo, em especial seu seg- mento mais carente. No contexto de crise fiscal onde o País após a crise cambial de janeiro de 1999 impôs-se um processo de geraçªo de superavits primÆrios nas contas pœblicas de modo a estabilizar a relaçªo entre a dívida pœblica e o PIB, funciona este esforço como a âncora fiscal do processo de estabilidade e da política de fixaçªo de metas inflacionÆrias. Diante da mudança do regime cambial e da necessidade de flexibilizar a política monetÆria com vistas a queda da taxa de juros, os desequilíbrios intrínsecos ao sistema previdenciÆrio sªo percebidos como um dos fatores mais importantes na configuraçªo do desequilíbrio estrutural das contas pœblicas no País. Nesse esforço, alØm da aprovaçªo da LRF, com o intuito de instituir um ajuste definitivo nas contas pœblicas do conjunto dos Poderes e níveis de governo, tambØm foi eleita como prioridade a reforma da PrevidŒncia Social no Brasil, em especial a aprova- çªo da Lei Geral da PrevidŒncia Pœblica, enfim materializadas na aprovaçªo da Emenda Constitucional n” 20/98 e da Lei n” 9.717/98. Os desequilíbrios na previdŒncia, tanto no RGPS como nos RPPSs foram identificados como um dos principais focos de insta- bilidade fiscal, sendo necessÆrio corrigir nªo apenas distorçıes no nível das despesas, mediante revisªo dos planos de benefícios, mas tambØm incrementar a receita mediante reafirmaçªo do carÆter contributivo do sistema previdenciÆrio e combate a um conjunto de renœncias fiscais nessa Ærea. 16 O desequilíbrio nas contas previdenciÆrias, à semelhança do que ocorre em diver- sas partes do mundo, tem sido um dos principais fatores de agravamento dos resultados fiscais do setor pœblico. O resultado consolidado da previdŒncia do setor pœblico e dos trabalhadores da iniciativa privada, em 1999, registrou uma necessidade de financiamen- to estimada em cerca de 4% do PIB. A necessidade de financiamento dos regimes pró- prios de previdŒncia social Ø vÆrias vezes maior que o dØficit no INSS e mantida essa situaçªo, os gastos com aposentadorias e pensıes dos servidores pœblicos e seus depen- dentes pode inviabilizar as administraçıes pœblicas, pela compressªo dos salÆrios dos servidores da ativa e esgotamento da disponibilidade de recursos para execuçªo de ou- tras políticas pœblicas relevantes, em especial na Ærea social. O enfoque contÆbil, ainda que importante, tendo em vista que a correçªo dos desequilíbrios financeiros e atuariais da PrevidŒncia desempenha um papel fundamental para reverter a situaçªo de fragilidade financeira do setor pœblico, nªo Ø o œnico aspecto relevante da questªo previdenciÆria. O sistema previdenciÆrio deve ajustar-se de forma virtuosa com o conjunto da economia. Por um lado, mediante o estabelecimento de formas de financiamento dos sistemas de proteçªo social compatíveis com as exigŒncias da reestruturaçªo produtiva em um ambiente de globalizaçªo econômica e favorÆveis à competiçªo e à competitividade interna e externa. Por outro, mediante a estruturaçªo de um sistema previdenciÆrio mis- to, que conjugue harmonicamente um setor pœblico obrigatório, solidÆrio, redistributivo, com cobertura horizontal que agregue o conjunto da populaçªo economicamente ativa, em regime de repartiçªo simples, com benefícios definidos, limitados atØum determina- do teto e relacionados com as contribuiçıes feitas durante a vida laboral com um sistema complementar em regime de capitalizaçªo de contribuiçıes adicionais, priva- do, voluntÆrio, fundado na iniciativa e na capacidade de poupança individual. O objetivo deve ser o de buscar uma combinaçªo ótima entre os regimes previdenciÆrios bÆsico e complementar, buscando maximizar os impactos positivos do primeiro na sustentaçªo da demanda agregada, pela garantia do poder aquisitivo de vas- tos segmentos da populaçªo, e do segundo no estímulo à poupança, viabilizando novas fontes de financiamento a longo prazo da economia. HÆ ainda o desafio de reforma da administraçªo previdenciÆria dentro do contex- to de reforma do Estado brasileiro, conjugando modernizaçªo com a democratizaçªo da gestªo pœblica, mediante adoçªo de mecanismos de controle social, reestruturaçªo organizacional, informatizaçªo sistŒmica dos procedimentos, profissionalizaçªo e capacitaçªo dos recursos humanos em um sistema de mØrito, permitindo maior eficiŒn- cia dos gastos administrativos, em um contexto de restriçªo fiscal, assim como maior eficÆcia no combate à sonegaçªo, à evasªo e às fraudes, tarefa a ser desenvolvida nªo apenas no RGPS, mas tambØm nos RPPSs. Visªo Geral 17 A estrutura bÆsica do sistema de previdŒncia no Brasil estÆ delineada no texto constitucional, com a nova redaçªo conferida pela Emenda Constitucional n” 20, de 15 de dezembro de 1998. O sistema previdenciÆrio brasileiro Ø composto, grosso modo, de trŒs subsistemas: O Regime Geral de PrevidŒncia Social - RGPS, os Regimes Próprios de PrevidŒncia dos Servidores Pœblicos e dos Militares, em cada nível de governo, e o Regime de PrevidŒncia Complementar Privada. A Emenda Constitucional n.” 20/98, regulamentada pela Lei n.” 9.876/99, intro- duziu diversas inovaçıes no RGPS administrado pelo INSS: • eliminaçªo da aposentadoria por tempo de serviço, com a introduçªo do concei- to de tempo de contribuiçªo; • desconstitucionalizaçªo da regra de cÆlculo do benefício, o que permitiu a am- pliaçªo do período utilizado para cÆlculo das aposentadorias buscando garantir uma maior correlaçªo entre contribuiçıes e benefícios, tendo sido aprovado adicionalmente o fator previdenciÆrio; • adoçªo de restriçıes à concessªo de aposentadorias especiais; • atribuiçªo de competŒncia à Justiça do Trabalho para cobrança de contribuiçıes sociais incidentes sobre a folha de salÆrios; • fixaçªo de limite mÆximo para benefícios de legislaçªo especial. Foi ainda aprovada a Lei Geral da PrevidŒncia do Setor Pœblico que estabelece regras gerais para organizaçªo e funcionamento dos regimes próprios de previdŒncia dos servidores pœblicos da Uniªo, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a Lei n.” 9.717/98. No âmbito do RGPS, foi tambØm aprovada a Lei dos Crimes contra a PrevidŒncia Social - Lei n.” 9.983/200l, que define como crimes diversas condutas que geram prejuízos ao sistema previdenciÆrio. Entretanto, todas as medidas adotadas no âmbito da reforma previdenciÆria so- mente produzem efeitos gradativamente, a mØdio e longo prazo, pois a previdŒncia nªo comporta ajustes bruscos e imediatos. O presente documento tem por objetivo apenas orientar as prefeituras no que concerne aos procedimentos a serem adotados para a instituiçªo, organizaçªo e manu- tençªo de regime próprio de previdŒncia social do servidor pœblico municipal conside- rando as novas disposiçıes constantes da LRF, embora seu conteœdo possa tambØm ser esclarecedor para a atuaçªo do administrador pœblico na esfera estadual ou mesmo federal. Visªo Geral 18 É preciso salientar que a municipalidade nªo Ø obrigada a constituir um RPPS, podendo optar por filiar os seus servidores ao RGPS, administrado pelo INSS. Vale assinalar ainda que foram recentemente aprovadas leis que permitem maior flexibilizaçªo da gestªo de pessoal na Ærea pœblica. É o caso da Lei n”9.801/99, que dispıe sobre as normas gerais para a perda de cargo pœblico por excesso de despesa e a Lei n”9.962, de 22 de fevereiro de 2000, que disciplina o regime de emprego pœblico. Se o município optar por contratar novas pessoas sob o regime de emprego pœblico, estarÆ automatica- mente vinculando seus novos empregados ao RGPS, nªo podendo os mesmos integrar eventual RPPS jÆ existente. Vale assinalar que estÆ em tramitaçªo no Congresso Nacional proposta de regula- mentaçªo da previdŒncia complementar do servidor pœblico. Sua aprovaçªo ensejarÆ as condiçıes para a efetiva equalizaçªo das regras do jogo em matØria previdenciÆria, tam- bØm para os servidores detentores de cargo efetivo que ingressarem na administraçªo pœblica após a aprovaçªo de lei que crie o respectivo fundo de previdŒncia complemen- tar, ficando limitada a responsabilidade da previdŒncia bÆsica do servidor no que diz respeito ao valor do benefício mÆximo - quer esteja filiado ao INSS, quer esteja filiado a RPPS - ao teto do valor de benefício vÆlido para o RGPS, isto Ø, R$ 1.328,25. Com isso, serªo superadas controvØrsias acerca da necessidade de complementaçªo do valor da aposentadoria percebida pelo servidor, quando filiado ao INSS, referente à diferença entre o valor do benefício pago pelo RGPS e o valor da œltima remuneraçªo integral percebida na atividade pelo servidor titular de cargo efetivo na administraçªo pœblica. O quadro abaixo sintetiza de maneira esquemÆtica o desenho do novo sistema de previdŒncia brasileiro, facilitando a melhor visualizaçªo das alternativas postas. Sistema de PrevidŒncia Social no Brasil (E.C. n” 20/98) Visªo Geral PrevidŒncia Complementar PLC n” 10 PrevidŒncia do Servidor Pœblico Lei n” 9.717/98 Regime Geral de PrevidŒncia Social Leis n os 8.212/91 e 8.213/91 PrevidŒncia Complementar do Servidor Pœblico PLC n” 9 Emprego pœblico com vinculaçªo ao RGPS Lei n” 9.962/2000 19 CRITÉRIOS E DIRETRIZES GERAIS PARA A INSTITUI˙ˆO, ORGANIZA˙ˆO E MANUTEN˙ˆO DE REGIME PRÓPRIO DE PREVID˚NCIA SOCIAL DO SERVIDOR PÚBLICO NOS MUNIC˝PIOS A LRF prevŒ que o ente da Federaçªo que mantiver ou vier a instituir regime próprio de previdŒncia social para seus servidores deverÆ conferir-lhe carÆter contributivo e deverÆ organizÆ-lo com base em normas de contabilidade e atuÆria que preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial. Neste sentido, reafirma a determinaçªo da Emenda Cons- titucional n” 20. Antes de ir em frente, Ø preciso fazer algumas observaçıes de natureza conceitual. Muita gente nªo sabe o que Ø previdŒncia social. PrevidŒncia social Ø um seguro que as pessoas fazem enquanto estªo em atividade, em pleno gozo de sua capacidade de traba- lho, para que, caso venham a perder as condiçıes para o trabalho, tenham garantida uma renda. Essa perda da capacidade para o trabalho pode ser temporÆria, quando, por exem- plo, a pessoa fica doente, ou definitiva, em situaçıes de invalidez ou em razªo de idade avançada. Para que façam jus a essa renda, Ø preciso que as pessoas contribuam para o seguro de modo que o montante de suas contribuiçıes possa ser suficiente para pagar os benefícios que receberªo no futuro. Um sistema de previdŒncia equilibrado do ponto de vista atuarial Ø aquele em que hÆ equilíbrio entre as contribuiçıes exigidas e os benefícios que serªo pagos. Para isso, o sistema nªo apenas tem que ser contributivo, mas tambØm o valor das contribuiçıes tem que ser em montante suficiente para fazer frente aos encargos do sistema. Por outro lado, os benefícios requeridos só podem ser concedidos quando de fato haja incapacida- de para o trabalho por parte do segurado. A concessªo de aposentadorias precoces ou de benefícios sem que a incapacidade exista leva ao desequilíbrio do sistema. Assim, um sistema equilibrado do ponto de vista financeiro Ø um sistema em que as contribuiçıes sªo suficientespara cobrir os compromissos em cada exercício. Um sistema equilibrado do ponto de vista atuarial Ø um sistema em que o total de seus recursos, suas contribuiçıes e suas reservas, sªo capazes de honrar todos os compromis- sos assumidos a mØdio e longo prazos. Sistemas equilibrados sªo uma garantia de que todos os compromissos assumidos serªo cumpridos e sªo um elemento de segurança para os filiados. No caso da previdŒncia dos servidores municipais, hÆ parâmetros que definem o montante das contribuiçıes que o município deve aportar para o sistema. O objetivo des- ses parâmetros Ø evitar um crescimento ilimitado da despesa do município com a previ- 20 dŒncia de seus servidores. Esses parâmetros tŒm por objetivo fazer com que os encargos do município com a previdŒncia de seus servidores correspondam ao ônus assumido pelo empregador privado com suas contribuiçıes para o RGPS, administrado pelo INSS. Por isso, uma das alternativas para garantir a previdŒncia social dos servidores pœblicos Ø o município filiÆ-los ao RGPS e passar a contribuir para o INSS. Esta opçªo Ø no entanto obrigatória para os municípios cuja receita diretamente arrecadada Ø menor que a receita proveniente de transferŒncias constitucionais da Uniªo. Nesse caso, Ø veda- da a instituiçªo de regime próprio, devendo o município contribuir para o INSS na condiçªo de empregador, exceto no caso de jÆ possuir RPPS na data da publicaçªo da Lei n” 9.717/98. O descumprimento dessa determinaçªo enseja a aplicaçªo das penali- dades previstas no item 5.2. Entende-se como receita diretamente arrecadada ampliada o total da receita corrente deduzidos os valores correspondentes às transfe- rŒncias compulsórias por participaçıes constitucionais dos municí- pios na arrecadaçªo de tributos de competŒncia da Uniªo. A Emenda Constitucional n” 20 estabelece critØrios e limitaçıes para a organiza- çªo de regime próprio de previdŒncia social para os servidores pœblicos. Uma primeira restriçªo Ø que só poderÆ filiar-se a regime próprio o servidor que seja titular de cargo efetivo. O servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissªo declarado em lei de livre nomeaçªo e exoneraçªo, bem como de outro cargo temporÆrio ou de emprego pœblico Ø filiado obrigatório do Regime Geral de PrevidŒncia Social RGPS, administrado pelo INSS. Assim, Ø segurado de regime próprio de previdŒncia social o servidor pœblico titular de cargo efetivo, admitido por meio de concurso pœblico, mesmo quando em exercício de mandato eletivo ou cedido a outro órgªo ou entidade de outro nível de governo, com ou sem ônus para o cessionÆrio. O servidor pœblico titular de cargo efeti- vo mantØm o vínculo com o regime próprio de previdŒncia social de origem, mesmo quando cedido ou em exercício de mandato eletivo. Nªo Ø segurado de regime próprio de previdŒncia social aquele que: • ocupa exclusivamente cargo em comissªo declarado em lei de livre nome- açªo e exoneraçªo; CritØrios e Diretrizes Gerais 21 CritØrios e Diretrizes Gerais • ocupa emprego pœblico, ou seja, que Ø contratado sob o regime da legis- laçªo trabalhista (CLT); • Ø contratado por tempo determinado para atender a necessidade tempo- rÆria de excepcional interesse pœblico, nos termos do inciso IX do artigo 37 da Constituiçªo Federal; • Ø agente político, ou seja, encontra-se no exercício de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que nªo seja vinculado a regime próprio na condiçªo de servidor titular de cargo efetivo; • Ø aposentado e volta à ativa no serviço pœblico, quer por meio de cargo em comissªo de livre nomeaçªo e exoneraçªo, quer por meio de funçªo temporÆria ou de emprego pœblico; • Ø servidor pœblico estÆvel, mas nªo Ø ocupante de cargo efetivo: sªo os beneficiados pelo artigo 19 do Ato das Disposiçıes Constitucionais Transitórias que concedeu estabilidade a todo servidor pœblico civil da Uniªo, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administra- çªo direta, autÆrquica e das fundaçıes pœblicas que se encontravam em exercício em 5 de outubro de 1988 hÆ pelo menos cinco anos continuados e que nªo haviam sido admitidos por concurso pœblico; • Ø servidor pœblico, mas nªo Ø estÆvel e tampouco Ø titular de cargo efeti- vo, ou seja, aquele contratado na forma do item anterior mas que nªo tinha cinco anos de exercício continuado na data da promulgaçªo da Constituiçªo Federal de 1988. Todas as pessoas que se encontram nas situaçıes acima sªo, por conse- guinte, filiados do RGPS, administrado pelo INSS, aplicando-se-lhes o disposto nas Leis n” 8.212/91 e no 8.213/91 Caso possua os requisitos mencionados para constituir um regime próprio de previdŒncia social, o município deverÆ observar os seguintes critØrios: I Realizaçªo de avaliaçªo atuarial e de auditorias independentes: O município deve realizar uma avaliaçªo atuarial inicial de modo a definir como serÆ estruturado seu regime, em cada balanço, de modo a identificar fatores imprevistos 22 e corrigir eventuais distorçıes. Essa precauçªo assegura a instituiçªo de um regime que, baseado na contribuiçªo e respeitando critØrios de seguro, possa ter sua viabilidade fi- nanceira assegurada ao longo do tempo. Na avaliaçªo atuarial, o que se busca Ø assegurar ao longo do tempo um fluxo de receita que seja compatível com o custo do financia- mento dos benefícios previstos. Para esse fim, Ø necessÆrio levantar o perfil da popula- çªo segurada, identificando a idade dos segurados, seu tempo de contribuiçªo, sua ex- pectativa de sobrevida e o custo de cada tipo de benefício a ser concedido pelo regime à luz destas variÆveis. Utilizando esses dados Ø possível desenhar planos de benefícios consistentes e calcular qual deve ser a alíquota de contribuiçªo dos segurados. Na realizaçªo da avaliaçªo atuarial inicial e na reavaliaçªo atuarial em cada balanço por entidades independentes legalmente habilitadas, devem ser observadas as normas gerais de atuÆria e os parâmetros discriminados no Anexo I da Portaria n” 4.992/99, com a redaçªo conferida pela Portaria n” 7.796/00. Entende-se como entidade independente legalmente habilitada o pro- fissional ou empresa de atuÆria que estejam regularmente inscritos no Instituto Brasileiro de AtuÆria IBA, nos termos do Decreto-Lei n” 806, de 4 de setembro de 1969. Na organizaçªo de regime próprio de previdŒncia social devem ser observadas tambØm as seguintes normas gerais de contabilidade, aplicando-se no que couber, o disposto na Portaria MPAS/GM n” 4.858, de 26 de novembro de 1998, que dispıe sobre a contabilidade de entidades fechadas de previdŒncia privada: a) a escrituraçªo deverÆ incluir todas as operaçıes que envolvam direta ou indire- tamente a responsabilidade do regime próprio de previdŒncia social e modifi- quem ou possam vir a modificar seu patrimônio; b) a escrituraçªo deve obedecer às normas e princípios contÆbeis previstos na Lei n” 4.320, de 17 de março de 1964, e alteraçıes posteriores; c) a escrituraçªo serÆ feita de forma autônoma em relaçªo às contas do município; d) o exercício contÆbil tem a duraçªo de um ano civil; e) o município ou a entidade gestora do regime próprio de previdŒncia social deve elaborar, com base em sua escrituraçªo contÆbil e na forma fixada pelo MPAS, demonstraçıes financeiras que expressem com clareza a situaçªo do patrimônio do respectivo regime e as variaçıes ocorridas no exercício, a saber: balanço patrimonial, demonstraçªo do resultado do exercício, demonstraçªo financeira CritØrios e Diretrizes Gerais 23 das origens das aplicaçıes dos recursos; e demonstraçªo analítica dos investimentos; f) o município ou a entidade gestora do regime próprio deverÆ adotar registros contÆbeis auxiliares para apuraçªo de depreciaçıes, de reavaliaçıes dos investi- mentos, da evoluçªo das reservas e da demonstraçªo do resultado do exercício; g) as demonstraçıes financeiras devem ser complementadaspor notas explicativas e outros quadros demonstrativos necessÆrios ao minucioso esclarecimento da situaçªo patrimonial e dos resultados do exercício; h) os investimentos em imobilizaçıes para uso ou renda devem ser corrigidos e depreciados pelos critØrios adotados pelo Banco Central do Brasil. AlØm da avaliaçªo atuarial inicial e da periódica, a cada balanço, as contas do regime próprio devem sofrer auditoria contÆbil por profissional ou entidade com inscri- çªo regular no Conselho Regional de Contabilidade, para fiscalizar se a gestªo tem-se realizado de forma idônea. Nos casos dos municípios com populaçªo inferior a cin- qüenta mil habitantes, a auditoria contÆbil poderÆ ser realizada a cada dois anos. A auditoria contÆbil deverÆ estar disponível para conhecimento e acompanha- mento por parte da Secretaria da PrevidŒncia Social SPS do MPAS, atØ o dia 31 de março do ano subseqüente. O regime próprio de previdŒncia social do servidor munici- pal deverÆ encaminhar tambØm à Secretaria de PrevidŒncia Social SPS para fins de supervisªo, a avaliaçªo atuarial e financeira e o demonstrativo de projeçªo atuarial de que trata a LRF no prazo de 30 dias contados do encaminhamento do anteprojeto de lei de diretrizes orçamentÆrias ao Poder Legislativo e da publicaçªo no órgªo de imprensa oficial do Relatório Resumido da Execuçªo OrçamentÆria, referente ao œltimo bimestre do exercício financeiro, de que trata a LRF. II Vínculo contributivo e destinaçªo dos recursos: O financiamento do regime próprio deve dar-se com base em contribuiçıes de seus segurados e do município. Essas contribuiçıes devem ser destinadas exclusivamen- te ao pagamento dos benefícios previdenciÆrios assegurados pelo respectivo regime, sendo admissível a destinaçªo de parte do recurso para a cobertura de despesas adminis- trativas mediante a cobrança de uma taxa de administraçªo cujo valor nªo poderÆ ser superior a dois por cento do valor total da remuneraçªo dos servidores, conforme deter- minado pela Portaria 4.992/99. É vedada a utilizaçªo de recursos do regime próprio de previdŒncia social para fins de assistŒncia mØdica e financeira de qualquer espØcie a seu segurado. CritØrios e Diretrizes Gerais 24 III Nœmero mínimo de segurados: Os regimes devem ter um nœmero mínimo de segurados de forma a garantir a totalidade dos riscos e dos custos cobertos pelo plano de benefícios, garantindo-se uma escala mínima capaz de preservar o equilíbrio atuarial sem que seja necessÆrio fazer resseguro. A Portaria 4992/99 previu um nœmero mínimo de 1000 (mil) segurados, mas este dispositivo foi posteriormente revogado, sendo admissível qualquer nœmero que seja compatível com a avaliaçªo atuarial e financeira e com o demonstrativo de projeçªo atuarial previstos na LRF. IV Proibiçªo de convŒnios ou consórcios: É proibida a existŒncia de mais de um regime próprio de previdŒncia social ou de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada municipalidade. Cada muni- cípio deve constituir um regime próprio exclusivo para seus servidores, sendo proibido estabelecer convŒnio ou consórcio com estados ou outros municípios com essa finalida- de. A responsabilidade pelo pagamento de benefícios deve estar bem definida para cada municipalidade por meio de seu respectivo regime próprio. V TransparŒncia: É assegurado pleno acesso dos segurados às informaçıes relativas à gestªo do regime próprio de previdŒncia, bem como a participaçªo de representantes dos mesmos nos colegiados e instâncias de decisªo em que seus interesses sejam objeto de discussªo e deliberaçªo. No que concerne às normas contÆbeis, deverÆ haver registro contÆbil individualizado das contribuiçıes feitas por cada servidor e pelo município, assim como deverÆ ainda haver uma identificaçªo e consolidaçªo em demonstrativos financeiros e orçamentÆrios de todas as despesas fixas e variÆveis com pessoal inativo. Do registro individualizado das contribuiçıes do servidor devem constar: a) nome; b) matrícula; c) remuneraçªo; d) valores mensais e acumulados da contribuiçªo do servidor; e) valores mensais e acumulados da contribuiçªo do município referente ao servidor. CritØrios e Diretrizes Gerais 25 O segurado serÆ sempre cientificado das informaçıes constantes de seu registro individualizado mediante expediçªo de extrato anual. O objetivo de ambas as determinaçıes Ø o de assegurar visibilidade ao fluxo de receitas e despesas do regime próprio. AlØm disso, todas as contas devem estar sujeitas às inspeçıes e auditorias de natureza atuarial, contÆbil, financeira, orçamentÆria e patrimonial dos órgªos de controle interno e externo. VI Limitaçıes à contribuiçªo do município: Conforme jÆ foi mencionado, somente os municípios que tenham receita direta- mente arrecadada ampliada superior à receita proveniente de transferŒncias constitucio- nais da Uniªo poderªo constituir regimes próprios de previdŒncia social para seus servi- dores. A œnica exceçªo Ø para aqueles municípios que jÆ tenham constituído regime próprio antes de 28 de novembro de 1998, data de publicaçªo da Lei n” 9.717. AlØm disso, a partir de 1” de janeiro de 2002, a contribuiçªo do município nªo poderÆ ser superior ao dobro do total de contribuiçªo dos segurados nem a despesa líquida com pessoal inativo e pensionista poderÆ concomitantemente ultrapassar doze por cento da receita corrente líquida. A partir dessa data, sempre que a despesa acumulada descumprir esses limites, nªo se poderÆ proceder a quaisquer revisıes, reajustes ou adequaçıes de proventos e pensıes que impliquem aumento de despesas, antes que seja regularizada a situaçªo, sob pena de ser nulo de pleno direito todo ato neste sentido. Sempre que excederem os limites mencionados, os municípios deverªo ao fim de cada exercício ajustar seus planos de benefícios e custeio de modo a retornar a esses limites no exercício subseqüente. Entende-se por despesa líquida com pessoal inativo e pensionista a diferença entre o valor da despesa total com pessoal inativo e pensi- onista dos regimes próprios e o valor total de contribuiçıes dos res- pectivos segurados. Para fins de aplicaçªo dos limites mencionados, serªo considerados os aportes regulares do município para o fundo previdenciÆrio, quando houver. Por outro lado, nªo serªo computadas as receitas provenientes do fundo previdenciÆrio, inclusive o produto da alienaçªo de bens, direitos e ativos de qualquer natureza e da aplicaçªo dos recursos existentes na conta do fundo. CritØrios e Diretrizes Gerais 26 VII Demonstrativos de execuçªo orçamentÆria e financeira: Os demonstrativos de execuçªo orçamentÆria e financeira da receita e da despesa previdenciÆrias deverªo ser publicados pelos municípios atØ trinta dias após o encerra- mento de cada bimestre, com o resultado do bimestre e o acumulado no exercício em curso, devendo constar dos demonstrativos, de forma desagregada: a) o valor da contribuiçªo do município; b) o valor total das contribuiçıes dos segurados; c) o valor da despesa total com pessoal; d) o valor total da despesa com benefícios previdenciÆrios; e) o valor da receita corrente líquida do município; f) os valores de quaisquer outros itens considerados para efeito do cÆlculo da despesa líquida; g) o valor do saldo financeiro do regime próprio. No caso dos municípios com populaçªo inferior a 50 mil habitantes, o demonstrativo de execuçªo orçamentÆria e financeira poderÆ ser publicado atØ 30 dias após o encerramento do semestre. VIII Limitaçıes do plano de benefícios do servidor: O regime próprio de previdŒncia social do servidor nªo poderÆ conceder benefí- cio distinto ou estabelecer critØrios diversos daqueles previstos no RGPS, inclusive quanto à definiçªo de dependentes, excetuados os casos em que houver disposiçªo expressa em contrÆrio da Constituiçªo Federal. AtØ que seja editada lei complementardispondo so- bre a aposentadoria especial para os servidores que exerçam atividade sob condiçıes que prejudiquem a saœde ou a integridade física, fica vedada a sua concessªo. O RGPS compreende as seguintes prestaçıes: I para o servidor: a) aposentadoria por invalidez; CritØrios e Diretrizes Gerais 27 b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de contribuiçªo; d) auxílio-doença; e) salÆrio-família; f) salÆrio-maternidade; II para o dependente: a) pensªo por morte; b) auxílio-reclusªo. O regime próprio de previdŒncia social deve assegurar ao servidor pœblico titular de cargo efetivo pelo menos aposentadoria por invalidez, por idade e por tempo de contribuiçªo, bem como, pensªo por morte. Este Ø o plano de benefício mínimo que deve ser garantido conforme previsto na Lei n” 3.807, de 1960. Vale lembrar que a extinçªo de regime próprio de previdŒncia social só pode ser feita mediante lei municipal. Em caso de extinçªo, os servidores segurados ficam auto- maticamente filiados ao RGPS sendo devida as contribuiçıes sociais para o INSS. En- tretanto, a responsabilidade pelo pagamento dos benefícios atØ entªo concedidos ou daqueles benefícios cujos requisitos necessÆrios à sua concessªo foram implementados antes da extinçªo permanece com o município. AlØm de restringir o regime próprio de previdŒncia social apenas ao servidor titular de cargo efetivo, a Emenda Constitucional n” 20 tam- bØm estabeleceu outras restriçıes. Sªo elas: a) carŒncia: o servidor de cargo efetivo que ingressar na administraçªo pœblica a partir de 17 de dezembro de 1998 só terÆ direito à aposentadoria após ter cumprido um período mínimo de dez anos no serviço pœblico e pelo menos cinco anos no cargo em que se darÆ a aposentadoria. JÆ para os servidores que ingressaram no serviço pœblico atØ 16 de dezembro de 1998 Ø requerido apenas o exercício da atividade durante cinco anos no cargo efetivo em que se darÆ a aposentadoria, dispensada a carŒncia de dez anos no serviço pœblico; CritØrios e Diretrizes Gerais 28 b) proibiçªo de acumulaçªo de cargos pœblicos com aposentadorias: Ø proi- bido ao servidor pœblico e ao militar acumular proventos de aposentadoria pagos por regime próprio de previdŒncia social com a remuneraçªo de cargo, emprego ou funçªo pœblica, ressalvados os cargos eletivos, os cargos em comissªo declarados em lei de livre nomeaçªo e exoneraçªo e os cargos acumulÆveis na forma da Constituiçªo: dois cargos de professor, dois cargos privativos de mØdico ou um cargo de professor com outro, tØcnico ou científico. Esta vedaçªo nªo se aplica, no entanto, àquele, inativo ou membro de poder, que atØ 16 de dezembro de 1998 tenha ingressado novamente no serviço pœblico por concurso, em razªo do direito adquirido; c) proibiçªo de acumulaçªo de aposentadorias no âmbito do regime próprio de previdŒncia social: a proibiçªo vale inclusive para aqueles que ingressaram novamente no serviço pœblico atØ 16 de dezembro de 1998, nos termos do item b. A œnica exceçªo Ø para os cargos acumulÆveis na forma da Constituiçªo nos termos do item b ou daqueles que jÆ tinham mais de uma aposentadoria em 16 de dezembro de 1998, por respeito ao direito adquirido; d) vedaçªo da contagem de tempo fictício: Ø proibida a contagem de todo o tempo considerado em lei como tempo de serviço pœblico para fins de concessªo de aposentadoria sem que haja de fato a prestaçªo de serviço por parte do servidor com o recolhimento da respectiva contribuiçªo; e) limite de valor para os proventos: os proventos de aposentadoria e as pensıes nªo podem exceder, por ocasiªo de sua concessªo, a remuneraçªo referente ao cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referŒncia para a concessªo da pensªo, nem poderªo exceder o subsídio mensal, em espØcie, de Ministro do Supremo Tribunal Federal; f) vedaçªo da concessªo de aposentadoria especial a servidor pœblico, atØ que lei complementar disponha sobre o tema: estÆ vedado o estabelecimento de critØrios diferenciados para a concessªo de aposentadorias salvo quando as atividades exercidas tenham se dado exclusivamente sob condiçıes especiais que prejudiquem a saœde ou a integridade física, conforme definido em lei complementar (a œnica exceçªo Ø o professor, desde que haja comprovaçªo do tempo de efetivo exercício exclusivamente nas funçıes de magistØrio na educaçªo infantil ou no ensino fundamental e mØdio); CritØrios e Diretrizes Gerais 29 g) vedaçªo de inclusªo para fins de cÆlculo e concessªo de benefício de parcelas remuneratórias específicas: adicionalmente, a Lei n” 9.717/98 veda a inclusªo de parcela remuneratória paga em decorrŒncia de funçªo de confiança, de cargo em comissªo ou do local de trabalho de exercício da atividade no cÆlculo e na concessªo do benefício previdenciÆrio. IX Fundo previdenciÆrio: A Emenda Constitucional n” 20 previu que com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento de proventos de aposentadoria e pensıes concedidas aos servidores e seus dependentes, em adiçªo à contribuiçªo do tesouro municipal, poderia ser constitu- ído fundo integrado por recursos provenientes de contribuiçıes e por bens, direitos e ativos de qualquer natureza. Assim, o município pode constituir fundos integrados de bens, direitos e ativos, com finalidade previdenciÆria, desde que: a) a conta do fundo previdenciÆrio seja distinta da conta do tesouro municipal; b) o aporte de capital inicial seja equivalente a no mínimo 7% do valor total da despesa com pessoal ativo e inativo, devendo a avaliaçªo de bens, direitos e ativos incorporados ao fundo ser feita de acordo com a Lei n” 4.320, de 17 de março de 1964 e alteraçıes subseqüentes; c) a aplicaçªo dos recursos seja feita conforme determinaçªo do Conselho Mone- tÆrio Nacional CMN, sendo vedada a utilizaçªo de recursos para a concessªo de emprØstimos de qualquer natureza ao próprio município, a entidades da adminis- traçªo indireta e aos próprios segurados, ou sua aplicaçªo em títulos pœblicos, à exceçªo de títulos do Governo Federal; d) a taxa de administraçªo nªo seja superior a dois pontos percentuais do valor total da remuneraçªo dos servidores; e) os fundos sejam constituídos mediante lei. Por fim, Ø preciso salientar que a lógica das determinaçıes legais que antecederam a aprovaçªo da LRF foi no sentido de restringir os compromissos dos entes pœblicos, entre eles o município, aos parâmetros vÆlidos para o empregador privado. A contribui- çªo do empregador privado para o INSS corresponde a 20% da remuneraçªo do empre- gado, cuja contribuiçªo como segurado varia entre 8%, 9% ou 11 %, conforme sua faixa salarial. Grosso modo, pode-se dizer que a contribuiçªo do empregador corresponde ao dobro da contribuiçªo do empregado, ainda que esta œltima esteja limitada ao teto de R$ 1.328,25. Ademais, o limite de 12% da RCL estabelecido para despesa líquida com CritØrios e Diretrizes Gerais 30 inativos corresponde a 20% do limite total de despesa com pessoal que o município pode ter conforme estabelecido na LRF, que Ø de 60% da RCL. A legislaçªo tambØm previa a existŒncia de contribuiçªo dos servidores inativos e pensionistas. Essa exigŒncia atenderia a dois objetivos. Um de natureza conceitual, destinado a evitar que o aposentado percebesse na inatividade remuneraçªo superior a recebida em atividade. Isso porque o aposentado no serviço pœblico faz jus a receber o valor de sua œltima remuneraçªo na integralidade como provento de aposentadoria. Inexistindo contribuiçªo para o sistema, sua aposentadoria tem um valor líquido superior ao percebido em atividade, representando o valor correspondente à contribuiçªo previdenciÆria atØ entªo paga um aumento real. Por outro lado, o ajuste dos sistemas aos parâmetros vÆlidos para o setor privado impunha a busca de formas mais eqüitativas de distribuiçªo dos ônus entre os segurados, de maneira aevitar uma sobre- carga contributiva para os servidores em atividade. Entretanto, em decisªo que alterou sua jurisprudŒncia sobre o assunto, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a cobrança de contribuiçªo dos servidores inativos e dos pensionistas, sendo o tema na atualidade objeto de proposta de emenda constitucional ora em tramitaçªo no Congresso Nacional. CritØrios e Diretrizes Gerais 31 APRESENTA˙ˆO DE CADA CAP˝TULO DA LRF NO QUE SE RELACIONA A QUESTÕES DE PREVID˚NCIA MUNICIPAL CAP˝TULO I - Disposiçıes Preliminares A LRF estabelece normas de finanças pœblicas voltadas para a responsabilidade na gestªo fiscal. Responsabilidade na gestªo fiscal pressupıe açªo planejada e transpa- rente. Entende-se como açªo planejada e transparente aquela capaz de pre- venir riscos e corrigir desvios que possam afetar o equilíbrio das con- tas pœblicas. No caso dos municípios, estªo sujeitos à LRF o Poder Executivo, o Poder Legislativo e, quando houver, o Tribunal de Contas do Município. Ou seja, as determi- naçıes da LRF atingem todos os Poderes do município e as respectivas administraçıes diretas, fundos, autarquias, fundaçıes e empresas estatais dependentes. Para efeitos da LRF, entende-se como receita corrente líquida (RCL): o somatório das receitas tributÆrias, de contribuiçıes, patrimoniais, industriais, agropecuÆrias, de serviços, transferŒncias correntes e outras receitas tambØm correntes, deduzidos, nos Municípios, a contribuiçªo dos servidores para o custeio do seu sistema de previdŒncia e assistŒncia social e as receitas provenientes da compensaçªo financeira citada no § 9o do art. 201 da Constituiçªo. A compensaçªo financeira foi regulamentada pela Lei n” 9.796/99, pelo Decreto n” 3.112/99 e pela Portaria MPAS n” 6.209/99. Entende-se como contribuiçªo dos servidores a parcela da receita dos municípios arrecadada em funçªo da cobrança das alíquotas previdenciÆrias aplicadas à remuneraçªo dos servidores ativos e, caso haja alteraçªo constitucional, aos proventos dos inativos bem como dos pensionistas. 32 As receitas provenientes de compensaçªo financeira referem-se aos casos de contagem recíproca de tempo de contribuiçªo no Regime Geral de PrevidŒncia Social e no Regime Próprio do Município. A regulamentaçªo deste dispositivo legal estÆ na Lei n” 9.796, de 5 de maio de 1999, no Decreto n” 3.112/99 e na Portaria n” 6.209/99. O entendimento do conceito de receita corrente líquida (RCL) Ø essencial, jÆ que este Ø utilizado como referŒncia para a definiçªo de parâmetros e limites. A receita cor- rente líquida serÆ calculada somando-se as receitas arrecadadas no mŒs em referŒncia e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades. CAP˝TULO II - Do Planejamento Este capítulo da LRF define novas regras para a elaboraçªo da Lei de Diretrizes OrçamentÆrias (LDO) e para a Lei OrçamentÆria Anual (LOA). A Lei de Diretrizes OrçamentÆrias (LDO) O Anexo de Metas Fiscais, parte integrante da Lei de Diretrizes OrçamentÆrias (LDO), Ø uma das novidades instituídas pela LRF. No que se refere à questªo previdenciÆria, este anexo conterÆ metas anuais e avaliaçªo da situaçªo financeira e atuarial do Regime Próprio dos Servidores Pœblicos do Município e dos respectivos fundos (quando houver). As metas anuais devem incluir em valores correntes e constantes, dados relativos às receitas e despesas do RPPS para o exercício a que se referirem e para os dois seguin- tes. Deve-se incluir ainda a memória e a metodologia de cÆlculo utilizadas. A avaliaçªo do cumprimento das metas estabelecidas para o ano anterior e a comparaçªo com as metas fixadas nos trŒs exercícios anteriores tambØm devem estar presentes. Sªo receitas do RPPS as contribuiçıes dos segurados, as receitas provenientes do fundo previdenciÆrio (quando houver) e as contribuiçıes do Município. Apresentaçªo de cada capítulo 33 Receita da contribuiçªo dos segurados: Ø a soma das contribuiçıes dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas. Receita proveniente do fundo previdenciÆrio: Ø o somatório dos recursos financeiros despendidos pelo fundo previdenciÆrio para o custeio dos benefícios previdenciÆrios do RPPS. Receita proveniente da contribuiçªo do Município: Ø o somatório dos recursos financeiros despendidos pelo Município para o custeio dos benefícios previdenciÆrio do RPPS. Despesa do RPPS: Ø a despesa total com pessoal inativo e pensionis- tas decorrente do pagamento de benefícios previdenciÆrios (o somatório de todas as modalidades de aposentadorias, pensıes, auxílios e benefícios pagos pelo Município por meio do RPPS) e a despesa administrativa do RPPS. É importante ressaltar que conforme determinado pelo art. 2” da Lei 9.717, a contribuiçªo do município ao RPPS nªo pode ultrapassar o dobro da contribuiçªo do segurado. AlØm disso, a despesa líquida com inativo e pensionista nªo poderÆ exceder a doze por cento da respectiva receita corrente líquida em cada exercício financeiro. No entanto, essas exigŒncias só se aplicarªo a partir de 1” de janeiro de 2002. Despesa líquida com inativo e pensionista: Ø a diferença entre as despesas do RPPS e a contribuiçªo dos segurados. A avaliaçªo atuarial, prevista no Anexo de Metas Fiscais, Ø um estudo tØcnico no qual o atuÆrio utiliza dados estatísticos para calcular os recursos necessÆrios para manter, de forma equilibrada, o regime de previdŒncia. Para viabilizar este estudo tØcnico, o município deve manter uma base de dados atualizada com informaçıes detalhadas so- bre os servidores ativos e inativos, bem como, sobre os pensionistas. Apresentaçªo de cada capítulo 34 As empresas ou profissionais responsÆveis pelo estudo atuarial devem estar regular- mente inscritos no Instituto Brasileiro de AtuÆria (IBA). A responsabilidade profissional do atuÆrio serÆ apurada pelo IBA por solicitaçªo da Secretaria de PrevidŒncia Social do MPAS. A LDO conterÆ, ainda, um Anexo de Riscos Fiscais com os passivos contingen- tes e outros riscos capazes de afetar as contas pœblicas, informando as providŒncias a serem tomadas, caso se concretizem. Como exemplo de risco fiscal na Ærea previdenciÆria pode-se citar os litígios judiciais referentes à contribuiçªo dos servidores inativos e dos pensionistas. A Lei OrçamentÆria Anual LOA A Lei OrçamentÆria Anual (LOA) deverÆ ser elaborada de forma compatível com o plano plurianual, com a Lei de Diretrizes OrçamentÆrias (LDO) e com as normas da LRF. O demonstrativo da compatibilidade da programaçªo orçamentÆria com as metas e os objetivos estabelecidos no Anexo de Metas Fiscais da LDO deve estar presente nos anexos do projeto de lei orçamentÆria anual. A Execuçªo OrçamentÆria e o Cumprimento das Metas O Poder Executivo Municipal deverÆ estabelecer a programaçªo financeira e o cronograma de execuçªo mensal de desembolso. Esta programaçªo deverÆ estar pronta atØ trinta dias após a publicaçªo do orçamento. Para o RPPS, a programaçªo e o cronograma de execuçªo mensal deverªo ser específicos. Sugere-se que o modelo a ser adotado seja compatível com o formato do demonstrativo de execuçªo orçamentÆria mensal estabelecido pelo MPAS em Portaria1. É importante ressaltar que os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serªo utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculaçªo, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. Ou seja, os recursos da compensaçªo financeira, da contribuiçªo do município e das contribuiçıes dos segurados somente poderªo ser utilizados para pagamento de benefícios previdenciÆrios e despesas administrativas do respectivo RPPS. 1 Portarias 4.992 e 7.796. Apresentaçªo de cada capítulo 35 As despesas administrativas do regime próprio (taxas administrati- vas) estªo limitadas a 2 pontos percentuais do valor total da remune- raçªo dos servidores. O nªo cumprimento das metas estabelecidas no Anexode Metas Fiscais impli- carÆ em limitaçªo de empenho e movimentaçªo financeira, segundo critØrios fixados pela lei de diretrizes orçamentÆrias. No entanto, as despesas que constituam obrigaçıes constitucionais, como Ø o caso do pagamento de benefícios previdenciÆrios, nªo sªo objeto de limitaçªo. De qualquer forma, o Município deverÆ ajustar os seus planos de benefícios e custeio sempre que exceder, no exercício, os limites previstos na Lei 9.717, para retornar a esses limites no exercício financeiro subsequente, preparando-se para cumprir as metas a partir de 1” de janeiro de 2002. CAP˝TULO III - Da Receita Pœblica Previsªo e Arrecadaçªo Cabe ao Município instituir, prever e arrecadar todos os tributos de sua compe- tŒncia constitucional. Caso contrÆrio, estarÆ sujeito à proibiçªo de transferŒncias volun- tÆrias. Vale lembrar que a arrecadaçªo previdenciÆria para o RPPS Ø de competŒncia do próprio município. Cabe, portanto, ao município estabelecer lei prevendo a contribuiçªo dos segurados. Entende-se por transferŒncia voluntÆria a entrega de recursos cor- rentes ou de capital a outro ente da Federaçªo, a título de cooperaçªo, auxílio ou assistŒncia financeira, que nªo decorra de determinaçªo constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saœde (SUS). No caso do regime próprio e/ou do fundo, a previsªo de receitas que consta da LRF deve ser feita em separado, observando normas tØcnicas e legais específicas e con- siderando os efeitos de alteraçıes na legislaçªo, a variaçªo do índice de preço e qualquer outro fator relevante. Apresentaçªo de cada capítulo 36 Devem constar as previsıes de receita decorrentes: a) da contribuiçªo dos servidores ativos; b) da contribuiçªo dos servidores inativos; c) da contribuiçªo dos pensionistas; d) da contribuiçªo do município; e) do fundo previdenciÆrio (quando houver). As previsıes devem estar acompanhadas de demonstrativos da evoluçªo nos œlti- mos trŒs anos, de projeçªo para os dois seguintes àqueles a que se referirem, metodologia de cÆlculo e premissas utilizadas. Alteraçıes nas estimativas de receitas (reestimativas) só serªo admitidas se comprovado erro ou omissªo de ordem tØcnica ou legal. Os estudos e as estimativas das receitas e as respectivas memórias de cÆlculo sªo de responsabilidade do Poder Executivo e devem ser colocados à disposiçªo do Legislativo, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento da propos- ta orçamentÆria. AtØ trinta dias após a publicaçªo do orçamento, o Poder Executivo deverÆ desdo- brar as receitas previstas em metas bimestrais de arrecadaçªo. Renœncia de Receita Nªo cabe renœncia de receita no RPPS, tendo em vista que este Ø necessariamente contributivo. A incidŒncia de contribuiçªo sobre os servidores inativos e pensionistas estÆ suspensa judicialmente encontrando-se em tramitaçªo no Congresso Nacional pro- posta de Emenda Constitucional sobre o tema. Entende-se como receita do RPPS as contribuiçıes dos segurados, as receitas provenientes do fundo previdenciÆrio (quando houver) e as contribuiçıes do município. Apresentaçªo de cada capítulo 37 CAP˝TULO IV - Da Despesa Pœblica Despesa Obrigatória de CarÆter Continuado A despesa do RPPS enquadra-se no conceito de despesa obrigatória de carÆter continuado. Despesa obrigatória de carÆter continuado Ø a despesa corrente de- rivada de lei ou ato administrativo normativo com execuçªo superior a dois anos. De acordo com a LRF, para criar ou aumentar despesas obrigatórias Ø necessÆrio demonstrar a origem dos recursos para o seu custeio, isto se aplica, tambØm, às despesas do RPPS. Despesas com Pessoal A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece que a despesa total com pessoal do município, em cada período de apuraçªo, nªo poderÆ exceder o limite de 60% (sessenta por cento) da receita corrente líquida. A despesa total com pessoal do município Ø o somatório dos gastos do município com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funçıes ou empregos, civis e de mem- bros de Poder, com quaisquer espØcies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variÆveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensıes, inclusive adicionais, gratifica- çıes, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuiçıes recolhidas pelo município às entidades de previdŒncia. Despesa total com pessoal nªo inclui os valores dos contratos de terceirizaçªo de mªo-de-obra. Estes devem ser contabilizados como Outras Despesas de Pessoal. Para a apuraçªo da despesa total com pessoal deve-se somar o valor apurado para o mŒs de referŒncia com as dos onze meses anteriores, adotando-se o regime de competŒncia. Apresentaçªo de cada capítulo 38 É muito importante perceber que na verificaçªo do atendimento destes limites nªo serªo computadas as despesas com inativos custeadas por: 1. arrecadaçªo de contribuiçªo dos segurados; 2. compensaçªo financeira; 3. receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado de natureza previdenciÆria. Controle da Despesa Total com Pessoal A despesa total com pessoal serÆ objeto de verificaçªo quadrimestral do cumpri- mento do limite global de 60% mencionado anteriormente. Despesas com a Seguridade Social A LRF prevŒ que a criaçªo, ampliaçªo ou majoraçªo de benefícios ou serviços relativos à seguridade social nªo podem ocorrer sem a criaçªo ou a majoraçªo de fonte de custeio correspondente. Adicionalmente, a Lei 9.717 prevŒ que os RPPSs nªo podem conceder benefícios diferentes dos concedidos aos trabalhadores submetidos ao Regime Geral de PrevidŒn- cia Social - RGPS. Sªo benefícios do RGPS: I quanto ao servidor: a) aposentadoria por invalidez, b) aposentadoria por idade, c) aposentadoria por tempo de contribuiçªo, d) auxílio-doença, e) salÆrio-família, f) salÆrio-maternidade. Apresentaçªo de cada capítulo 39 II quanto ao dependente: a) pensªo por morte, b) auxílio-reclusªo. Antes de adotar medidas que impliquem em aumento de despesas, tais como revisıes, reajustes ou adequaçıes de proventos e pensıes, o município deve verificar se estas medidas nªo vªo implicar o descumprimento das metas e dos limites impostos pela Lei 9.717. À exceçªo da concessªo de benefício a quem satisfaça as condiçıes de habilitaçªo prevista na legislaçªo previdenciÆria, todo aumento de despesa deverÆ ser objeto, ou de compensaçªo, ou de previsªo de custeio adicional, com o aumento permanente de receita. CAP˝TULO V - Das TransferŒncias VoluntÆrias As transferŒncias voluntÆrias serªo suspensas sempre que o Município nªo arre- cadar tributo de sua competŒncia, ultrapassar o limite de despesa total com pessoal, descumprir os prazos de consolidaçªo e divulgaçªo de suas contas ou descumprir a Lei 9.717. Entende-se por transferŒncia voluntÆria a entrega de recursos corren- tes ou de capital a outro ente da Federaçªo, a título de cooperaçªo, auxílio ou assistŒncia financeira, que nªo decorra de determinaçªo constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saœde. CAP˝TULO VIII - Da Gestªo Patrimonial Disponibilidade de Caixa As disponibilidades de caixa do RPPS ficarªo depositadas em conta separada das demais disponibilidades do município. As aplicaçıes devem observar os limites e condi- çıes de proteçªo e prudŒncia financeira. É importante lembrar que os recursos arreca- dados para pagamento de benefícios previdenciÆrios e seu respectivo custo administra- tivo só poderªo ser utilizados para este fim. Apresentaçªo de cada capítulo 40 É vedada a aplicaçªo dessas disponibilidades em: a) títulos da dívida pœblica estadual e municipal, bem como em açıes e outros papØis relativos a empresas controladas pelo município; b) emprØstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Pœblico, inclusi-ve a suas empresas controladas. Subsidiariamente, à aplicaçªo das disponibilidades do RPPS, existindo ou nªo fundo previdenciÆrio específico, alØm das vedaçıes jÆ mencionadas, aplica-se o estabele- cido pelas resoluçıes do Conselho MonetÆrio Nacional n” 2.651 e 2.652, ambas de 23 de setembro de 1999, com as alteraçıes subseqüentes. As disponibilidades do fundo tambØm devem ser mantidas em conta separada das disponibilidades de caixa do município. Os recursos do fundo com finalidade previdenciÆria devem ser aplicados tendo presente as condiçıes de segurança, rentabilidade, solvŒncia e liquidez. Os recursos pro- venientes das alienaçıes de patrimônio vinculado ao fundo deverªo ter no mínimo 80% de seu valor aplicado isolada ou cumulativamente em: a) títulos de emissªo do Tesouro Nacional, inclusive crØditos securitizados; b) títulos de emissªo do Banco Central do Brasil; c) títulos ou valores mobiliÆrios de emissªo de instituiçıes financeiras cujo capital social seja integralmente detido pela Uniªo; e d) títulos ou valores mobiliÆrios de emissªo de subsidiÆrias das instituiçıes referi- das no item anterior. Os vinte por cento (20%) restantes, assim como os recursos em moeda corrente derivados das contribuiçıes dos municípios, dos segurados ou de outros aportes, devem ser aplicados: a) atØ 100% (cem por cento) em títulos de emissªo do Tesouro Nacional e/ou títulos de emissªo do Banco Central do Brasil; b) atØ 80% (oitenta por cento), isolada ou cumulativamente, nos seguintes inves- timentos de renda fixa: Apresentaçªo de cada capítulo 41 b1. depósitos em contas de poupança, observado o mÆximo de 5% dos recur- sos de que se trata em depósitos da espØcie em uma mesma instituiçªo finan- ceira; b2. cotas de fundos de investimento financeiro e de fundos de aplicaçªo em cotas de fundos de investimento financeiro. c) atØ 30% (trinta por cento) em quotas de fundos de investimentos constituídos nas modalidades regulamentadas pela Comissªo de Valores MobiliÆrios. Os responsÆveis pela gestªo dos RPPSs e dos fundos devem realizar, no mínimo semestralmente, avaliaçªo do desempenho das aplicaçıes a cargo das instituiçıes admi- nistradoras, rescindindo contrato quando se verificar desempenho insatisfatório por dois períodos consecutivos, conforme critØrios estabelecidos no contrato. É vedada a aplicaçªo das disponibilidades do fundo de natureza previdenciÆria em: • títulos da dívida pœblica estadual e municipal, bem como em açıes e outros papØis relativos a empresas controladas pelo município; • emprØstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Pœ- blico, inclusive a suas empresas controladas; • manutençªo de bens móveis e imóveis a ele vinculados; • concessªo de emprØstimos ou financiamentos ou abertura de crØ- dito sob qualquer modalidade a pessoas físicas ou jurídicas; e . prestaçªo de fiança, aval, aceite ou qualquer forma de coobrigaçªo. Compete ao MPAS aprovar os planos de enquadramento de aplicaçıes do fundo, que devem ser formalizados com os respectivos cronogramas. Os ajustes devem ser feitos gradativamente à medida que liquidada as operaçıes ou ingressados novos recur- sos no fundo. DeverÆ ser enviado ao MPAS, na periodicidade e na forma por ele estabelecidas, demonstrativo da evoluçªo do enquadramento das aplicaçıes. Nªo estªo sujeitas ao enquadramento, no entanto, as açıes ou cotas de sociedades que tenham sido vinculadas ao fundo ou os bens imóveis que integrem seu patrimônio ou a ele venham a ser vincu- lados por lei. Apresentaçªo de cada capítulo 42 A nªo observância das normas que regulam a gestªo dos fundos sujeitarÆ seus administradores às sançıes civis e penais previstas em lei. Preservaçªo do Patrimônio Pœblico A receita de capital derivada da alienaçªo de bens e direitos que integram o patrimônio do município só pode ser destinada ao financiamento de despesas correntes relacionadas com despesas previdenciÆrias. Para que isso ocorra, o município deverÆ promulgar uma lei com este fim, de preferŒncia vinculando-a ao fundo previdenciÆrio se houver. Admite-se, tambØm, o uso destas receitas para a quitaçªo de dØbitos junto ao Regime Geral de PrevidŒncia Social RGPS administrado pelo INSS. CAP˝TULO IX - Da TransparŒncia, Controle e Fiscalizaçªo TransparŒncia da Gestªo Fiscal Como jÆ foi dito anteriormente, responsabilidade na gestªo fiscal pressupıe açªo planejada e transparente. De acordo com a LRF, sªo instrumentos de transparŒncia da gestªo fiscal: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentÆrias; as prestaçıes de contas e o respectivo parecer prØvio; o Relatório Resumido da Execuçªo OrçamentÆria e o Relatório de Gestªo Fiscal; bem como, as versıes simplificadas desses documentos. A transparŒncia deve ser assegurada atravØs da ampla divulgaçªo dos documentos listados acima, inclusive em meio eletrônico de acesso pœblico. O incentivo à participa- çªo popular e a realizaçªo de audiŒncias pœblicas, durante o processo de elaboraçªo e de discussªo dos planos, lei de diretrizes orçamentÆrias e orçamento, tambØm devem ser promovidos. A Lei 9.717 garante o pleno acesso dos segurados às informaçıes relativas à gestªo do regime próprio e participaçªo de representan- tes dos servidores pœblicos, ativos e inativos, nos colegiados e ins- tâncias de decisªo em que os seus interesses sejam objeto de discus- sªo e deliberaçªo. Apresentaçªo de cada capítulo 43 Escrituraçªo e Consolidaçªo das Contas Para o cumprimento do determinado na LRF, no que se refere à questªo previdenciÆria, o município, ao elaborar a escrituraçªo das contas pœblicas, deve apre- sentar demonstrativos financeiros e orçamentÆrios específicos para as receitas e despe- sas previdenciÆrias. Os demonstrativos financeiros e orçamentÆrios específicos das receitas e despe- sas previdenciÆrias deverªo ser publicados pelos municípios atØ trinta dias após o encer- ramento de cada bimestre, com o resultado do bimestre e o acumulado no exercício em curso, devendo constar dos demonstrativos, de forma desagregada: a) o valor da contribuiçªo do município; b) o valor total das contribuiçıes dos segurados; c) o valor da despesa total com pessoal; d) o valor total da despesa com benefícios previdenciÆrios; e) o valor da receita corrente líquida do município; f) os valores de quaisquer outros itens considerados para efeito do cÆlculo da despesa líquida; g) o valor do saldo financeiro do regime próprio. No caso dos municípios com populaçªo inferior a 50 mil habitantes, o demonstrativo de execuçªo orçamentÆria e financeira poderÆ ser publicado atØ 30 dias após o encerramento do semestre. O Poder Executivo Municipal deve encaminhar suas contas ao Poder Executivo da Uniªo, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, atØ trinta de abril. O descumprimento deste prazo impedirÆ que o município receba transferŒncias voluntÆri- as e contrate operaçıes de crØdito. Apresentaçªo de cada capítulo 44 O Relatório Resumido da Execuçªo OrçamentÆria O Relatório Resumido de Execuçªo OrçamentÆria deve ser publicado atØ trinta dias após o encerramento de cada bimestre. No que se refere à questªo previdenciÆria, o Relatório deve conter um demonstrativo com receitas e despesas previdenciÆrias seme- lhante ao citado na seçªo Escrituraçªo e Consolidaçªo das Contas. O Relatório do œltimo bimestre do exercício deve estar acompanhado das proje- çıes atuariais do RPPS. O Relatório de Gestªo Fiscal O Relatório de Gestªo Fiscal serÆ elaborado ao final de cada quadrimestre. Deve estar presente, neste Relatório, a verificaçªo do limite de comprometimento da Receita Corrente Líquida com a despesa total com pessoal do Município (60% - sessenta por cento). No que se refere à questªo previdenciÆria, o Relatório deve conter um demons- trativo com receitas e despesas previdenciÆrias semelhante ao citado na seçªo Escritu-
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