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Métodos e técnicas de pesquisa Ângelo domingos salvador <salvado0> <salvador> - 244 páginas <Arquivos> <salvado0> - P. 3 e 4 (P. de rosto) -- P. 5-12 e 15 - 235-237 -- 239-244 - (13, 14, 16 e 238 (em branco) <salvado1> - P. 17-46 <salvado2> - P. 47-63 <salvado3> - P. 64-106 <salvado4> - P. 107-121 - (122 [em branco]) <salvado5> - P. 123-148 <salvado6> - P. 149-185 - (150, 152 e 186 [em branco]) <salvado7> - P. 187-234 --------------------------------------------------------------------- SALVADOR, Ângelo Domíngos. Métodos e Técnicas de pesquisa bibliográficas. Elaboração e relatório de estudos científicos. 3ª ed. Porto Alegre: Sulina / Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado (FIDENE - Ijuí RS), 1973. \5 QUADRO DE MATÉRIAS 1 -- Prefácios / 7 2 -- Introdução /9 3 -- Encaminhamento de uma pesquisa /17 4 -- Investigação das soluções / 47 5 -- Análise explicativa das soluções / 123 6 -- Síntese integradora / 145 7 -- Conceito e estrutura de relatórios científicos / 153 8 -- Redação de um relatório científico / 187 9 -- Apresentação de relatórios científicos / 195 10 -- Bibliografia geral / 235 11 -- Quadro analítico / 239 ------------------------------------------------------------ QUADRO ANALÍTICO PRIMEIRA PARTE PASSOS FORMAIS DE ESTUDOS CIENTÍFÍCOS Capítulo I - Encaminhamento de um projeto de pesquisa ....17 1 - Escolha de um assunto .................................17 1.1 - Seleção do assunto ..............................18 1.2 - Delimitação do assunto ..........................20 1.2.1 - Fixação da extensão do assunto ...........20 1.2.2 - Definição dos termos ....................22 1.3 -- Localização do assunto ...........................26 1.3.1 - Localização material ..................26 1.3.2 - Localização formal ....................28 1.4 - Explicitação dos objetivos ........................29 2 - Formulação de problemas ...............................29 3 -- Planejamento ..........................................36 3.1 - Planejamento do assunto .......................37 3.2 - Planejamento das atividades ......................41 Capítulo II - Investigação das soluções ......47 Secção I - Levantamento bibliográfico ......................48 1 - Conhecimento do acervo bibliográfico ....................49 1.1 - Livros, em geral ................................50 1.2 - Livros de referência ............................52 1.2.1 - Referências informativas ................52 1.2.2 -- Referências remissivas ..................56 1.3 - Publicações periódicas ........................57 1.3.1 -- O jornal ................................58 \239 1.3.1.1 -- Diferentes categorias de jornais ........58 1.3.1.2 - Formas de utilização da imprensa ........60 1.3.2 - Revistas ................................60 2 - Organização das bibliotecas ............................62 3 - Elaboração de uma bibliografia ..........................64 Secção II --Levantamento das soluções .................. 67 1 -- Processos de leitura de impressos bibliográficos .. 67 1.1 - Fases da leitura informativa .................. 71 1.1.1 -- Leitura de reconhecimento ou prévia .... 71 1.1.2 - Leitura exploratória ou pré-leitura .. 72 1.1.3 - Leitura seletiva ....................... 73 1.1.4 -- Leitura reflexiva ou críticas ......... 73 1.1.5 -- Leitura interpretativa ................ 80 2 - Arte de tomar apontamentos ........................ 81 2.1 - Como proceder? ................................ 83 2.2 - Características dos bons apontamentos ....... 85 Secção III -- Técnica de confecção de fichas .............87 1 - Composição das fichas ................................89 1.1 - Cabeçalho ou titulação ...........................89 1.2 - Referências bibliográficas .........................92 1.3 - Corpo das fichas ................................93 1.3.1 - Comentários nas fichas bibliográfias .......93 1.3.2 - O texto das fichas de apontamentos .........95 1.4 - Indicação de páginas ..............................97 2 -- Características das fichas de apontamento .................98 3 - Modelos de fichas .....................................100 3.1 -- Ficha bibliográfica de uma obra inteira ............101 3.2 - Ficha bibliográfica de parte de uma obra ...........103 3.3 - Ficha de apontamento - tipo citação ...............103 3.4 -- Ficha de apontamento - tipo esboço ...............104 3.5 -- Ficha de apontamento - tipo sumário ..............105 4 - Classificação das fichas .................................105 4.1 - Sistemas de classificação ..........................106 4.1.1 - Sistema alfabético puro ..................106 4.1.2 - Sistema alfabético reduzido ...............107 4.1.3 -- Sistema decimal universal ................107 4.1.4 - Sistema decimal reduzido .................108 4.2 - Catalogação das fichas em fichários ................109 \240 Adendo - Leitura técnica de livros ................110 1 - Composição física de livros ...................110 2 - Elementos identificativos do livro ............111 2.1 -- Títulos do livro .........................111 2.2 -- Autor do livro ..........................113 2.3 -- Edição do livro ........................114 2.4 -- Imprenta ou notas tipogróficas.........115 3 -- Elementos introdutórios .......................116 4 -- Elementos complementares ......................118 5 - Elementos conclusivos .........................119 6 - Corpo do livro ................................120 Capítulo III - Análise explicativa das soluções ..123 1 - Diferentes tipos de explicações ..............125 1.1 - Estrutura das explicações dedutivas ......125 1.1.1 - Resposta da indaga‡ão .................125 1.1.2 - Razão da resposta ....................126 1.1.3 - Garantia da razão ...................127 1.1.4 - Suporte das garantias...............128 1.2 - Explicações probabilísticas ..............135 1.3 - Explicações teleológicas.................137 1.4 -- Explicações genéticas .................138 1.5 -- Conclusão ............................139 2 -- Sofismas explicativos .......................139 3 - Categorias de juízos críticos.................141 Capítulo IV - Síntese integradora ................145 \241 SEGUNDA PARTE RELATÓRIOS DE ESTUDOS CIENTÍFICOS Capítulo I - Conceito e estrutura de relatórios científicos .....153 1 - Conceito de relatório ..................................153 2 - Tipos de relatórios ....................................155 2.1 -- Relatórios científicos nos cursos de graduação ........156 2.1.1 - Resumo de livros .......................157 2.1.2 -- Resenha crítica ..........................160 2.1.3 - Comunicado científico ....................160 2.1.4 - Resumo de assunto ......................162 2.1.5 - Ensaio ........................163 2.1.6 --- Memórias ...............................164 2.2 - Relatórios científicos nos cursos de pós-graduação ....166 2.2.1 -- Natureza dos cursos de pós-graduação .......166 2.2.2 -- Conceito de dissertação monográfica e de tese doutoral ................168 3 - Estrutura comum dos relatórios ..........................170 3.1 -- Apresentação de relatórios .........................170 3.1.1 - Conceito e estrutura do prefácio .... ......171 3.1.2 - Conceito e estrutura da introdução .......172 3.1.3 - Explicações complementares ...............172 3.2 - Desenvolvimento de relatórios .....................173 3.3 - Conclusão de relatórios ...........................174 4 - Estrutura do desenvolvimento de dissertações e de teses ....176 4.1 -- Estrutura do desevolvimento de dissertações ........176 4.1.1 - Explanação do assunto ....................177 4.1.2 - Análise do assunto ..................178 4.1.3 -- Demonstração ....................178 \242 4.2 - Estrutura do desenvolvimento das teses de argumentação.....179 4.2.1 - Estrutura da argumentação informal .... . . . 180 4.2.2 -- Estrutura da argumentação formal ..............181 4.3 -- Estrutura do desenvolvimento das teses de observação e experimentação .....................................183 Capítulo II - Redação de um relatório científico ................187 1 - Características da redação científica .......................187 2 - Normas gerais da redação científica .........................189 2.1 - Condição indispensável ..................................189 2.2 - Escolha de vocabulário adequado ........................190 2.3 -- Características da fraseologia científica ............192 2.4 - Construção de parágrafos ............................193 Capítulo III - Apresentação de relarórios científicos .........195 1 - Normas para a composição física do relatório ...............196 1.1 Capa ...........................................196 1.2 -- Parte pré-textual .................................196 1.3 - Texto ...................................196 1.4 -- Parte pós-textual .................................197 2 - Normas datilográficas ..................................198 2.1 -- Elementos materiais .............................199 2.2 -- Disposição do texto ...............................199 3 - Normas para a disposição e numeração da secções ... ....200 4 - Normas referentes à documentação .......................202 4.1 - As citações ...................................202 4.1.1 - Tipos de citações ..................203 4.1.2 - Caracterização material das citações ......204 4.1.3 - Modificações nas citações ..................204 4.2 - Sistema de remissões .........................205 4.2.1 -- Notas de rodapé .................206 4.2.2 - Sistema de abreviaturas remissivas .........209 5 - Normas para a indicação de referências bibliográficas .......211 5.1 - Normas gerais de apresentação .....................211 5.1.1 - Ocorréncia ..............................211 5.1.2 - Numeração ..............................211 5.1.3 -- Diferenciação tipográfica ..................212 5.1.4 -- Pontunção ..............................212 5.1.5 -- Alinhamento .............213 5.1.6 - Ordenação dos elementos de referências .....213 \243 5.2 - Normas especiais de apresentação ................219 5.2.1 - Entrada da referência ou autoria ...........219 5.2.2 - Títulos das publicações .................224 5.2.3 - Notas tipográficas ou imprenta ..........226 5.2.4 -- Notas bibliográficas: volumes e páginas ....228 5.2.5 - Notas especiais .........................230 5.2.6 -- Elementos complementares: traduções ........232 6 -- Conclusão .............................................233 Bibliografia Geral ........................................235 \244 -------------------------------------------------- \6 [em branco] PREFÁCIO À 1¦ EDIÇÃO Nos cursos de graduação de nível superior, os estudantes universitários devem freqüentemente apresentar trabalhos mo- nográficos, quer para serem discutidos em seminários, quer para aprovação em fins de estudos. Nos cursos de pós-gradua- ção, além dos estudos teóricos, exige-se, para conferição do grau de mestre ou doutor, a elaboração de uma monografia, dissertação ou tese. Os próprios professores universitários co- meçam a substituir as aulas tratadísticas de todo o conteúdo das disciplinas por estudos monográficos de temas centrais. Vem sendo introduzida nas Universidades a cadeira de Pesquisa Bibliográfica ao lado da cadeira de Pesquisa de Campo e Pes quisa Experimental. Entretanto, carecemos no Brasil de literatura adequada que ofereça orientações seguras, seja quanto à pesquisa bibliográfi- ca, seja quanto aos estudos monográficos. Nós mesmo lutamos com essa dificuldade quando nos foi solicitada uma monografia como exigência de aprovação em curso de pós-graduação. A finalidade deste livro é prestar auxílio aos estudantes uni- versitários no sentido de contribuir para iniciá-los no trabalho científico, familiarizando-os com os processos de elaboração de estudos monográficos à base de pesquisa bibliográfica. Nosso trabalho é fundamentalmente um estudo bibliográfi- co sobre pesquisa bibliográfica. Estriba-se também na experiên- cia pessoal e na prática obtida ao longo de quatro anos no en- sino da cadeira de Pesquisa Bibliográfica na Faculdade de Fi- losofia, Ciências e Letras de Ijuí. Agradecemos as contribuições em termos de sugestões e críticas dos professores que conosco lecionaram esta disciplina, especialmente a professora Eronita Silva Barcelos, o professor Elíseo Contini e o professor Dom Orlando Dotti, atual Bispo de Caçador. Especiais agradecimentos aos alunos. Os trabalhos por eles realizados confirmaram a necessidade e a validade de orienta- ções precisas neste assunto. Suas dificuldades obrigaram-nos a sermos mais objetivos. Nossa gratidão também aos acadêmicos que espontaneamente se ofereceram para a estafante tarefa da datilografia. O AUtor PREFÁCIO À 2¦ EDIÇÃO A primeira edição deste livro esgotou-se em menos de um ano. É que um tratado sobre o assunto abordado é, como preví- ramos, uma necessidade. Em face disto, sentimos crescer a nossa responsabilidade. A boa procura do livro está a dizer-nos da obrigação de apresen- \7 tar um conteúdo que corresponda aos desejos dos que o con- sultam. Decidimos, então, revisá-lo e acrescê-lo com outras noções. Na edição anterior, havíamo-nos limitado aos estudos mono- gráficos. Nesta, distinguimos os estudos científicos realizados nos cursos de graduação e os trabalhos monográficos que de- vem ser apresentados nos cursos de pós-graduação. Mantivemo-nos, porém, ainda, dentro da perspectiva de estudos recapitulativos elaborados à base de pesquisa biblio- gráfica, embora tenhamos dado rápida visão dos trabalhos ori- ginais elaborados à base de outros tipos de pesquisa. Agradecemos sinceramente a boa acolhida da edição ante- rior deste livro. Somos particularmente grato aos estímulos re- cebidos, de modo especial do eminente professor Dante de Laytano, que teve a gentileza de nos incluir na galeria de Auto- res Gaúchos (Jornal do Comércio 7/8/1970), e da Associação Comercial de Ijuí, que, por intermédio de seu Presidente e de seu Secretário, enviou-nos um ofício extremamente honroso. Esperamos com esta edição continuarmos a prestar os ser- viços que julgamos ter prestado com a primeira. O Autor PREFÁCIO À 3¦ EDIÇÃO Esta edição, como a anterior, sofreu algumas alterações, supressões e acréscimos, com o objetivo de aperfeiçoar e atua- lizar o texto Agradecemos, mais uma vez a valiosa colaboração dos lei- tores pelas suas sugestões. Queremos salientar as contribuições dos professores e alunos da FIDENE - Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado - de modo particular da professora Eronita Silva Barcelos que acompa- nhou toda a revisão desta edição. O Autor \8 INTRODUÇÃO O ensino superior, no Brasil como em todo o mundo, está sofrendo profundas transformações que deverão atin- gir não somente seu regime jurídico e administrativo e sua estrutura, como principalmente seu processos científico- didáticos. Neste último aspecto precisa crescer muito, se deseja corresponder às novas funções que lhe são atribuí- das pelas novas circunstâncias sócio-culturais e eco- nômicas. A Lei 5.540 de 28 de novembro de 1968, ao fixar as normas de organização e funcionamento do ensino superior, estabelece que " O ensino superior tem por objetivo a pes- quisa, o desenvolvimento das ciências letras e artes e a formação de profissionais de nível universitário " (art. 1º) e acrescenta que o ensino superior indissociável da pes- quisa (art. 2º). Conseqüentemente, a filosofia da nova legislação fo- caliza a pesquisa e o desenvolvimento das ciências, letras e artes mais do que a conservação do patrimônio cultural e a transmissão do saber adquirido. A Universidade, como organismo social do saber, deve responder às solicitações da sociedade em que se instala. Na época em que o padrão básico de vida era a institucionalização do tradicional, a ela cabia primordialmente a função de conservação e trans- missão do patrimônio cultural do passado. Hoje, a socie- dade está sujeita a transformações radicais e constantes. Vivemos num mundo polivalente de mudança instituciona- \9 lizada. O mito de nosso tempo é o desenvolvimento. A ex- plosão escolar, a expansão das ciências e das profissões, as necessidades sociais de um mundo pluralista, as neces- sidades econômicas de mercado de trabalho, todas estas pressões obrigam a Universidade a se reformar por dentro e a assumir novas funções. A ela incumbe não apenas re- fletir a mudança, mas também promovê-la. Eis por que deve focalizar a pesquisa e o desenvolvimento do saber, além da conservação e transmissão da adquirida. O progresso é um processo contínuo de crescimento cumulativo que não admite interrupções violentas. A con- tinuidade, porém, é vista de modo diferente, segundo é pen- sada numa fase de conservação ou numa fase de renova- ção. Em época de predomínio do tradicional, o passado é visto como causa do presente e do futuro. Em época de re- novação, o futuro é o grande inspirador do presente, e o passado é o seu condicionamento. Em qualquer hipótese, é sempre necessário conhecer as contribuições culturais do passado. Daí, a pesquisa bi- bliográfica, quer seja realizada independentemente, quer como parte da pesquisa de campo e da pesquisa experi- mental. De outro ponto de vista, verificamos que há duas fon- tes fundamentais do saber: a própria realidade e os livros que sobre ela já trataram. Conseqüentemente, há duas for- mas fundamentais de adquirir conhecimentos: a pesquisa da realidade ou pesquisa de campo e experimental, e o es- tudo da literatura ou pesquisa bibliográfica. Dois tipos de publicações podem decorrer da pesquisa da realidade: Memória científica original e comunicação provisória. É memória científica original quando contribui para ampliar o conhecimento ou a compreensão de um pro- blema, e está de tal maneira redigida que um pesquisador qualificado pode, a partir das indicações fornecidas, re- produzir as experiências e observações ou repetir os cál- culos, bem como verificar a exatidão das análises e julgar \10 as deduções teóricas que permitiram ao autor chegar às suas conclusões. É comunicação provisória, também chamada nota pre- liminar, quando contém uma ou várias informações cien- tíficas novas, sem contudo oferecer detalhes suficientes para permitir ao leitor a verificação destas informações, como ocorre com as memórias científicas originais. Da mesma forma, da pesquisa bibliográfica podem ser obtidos dois tipos de publicações: Revisão de conjunto e tratados. É revisão de conjunto, também chamada atua- lização ou estudo de revisão, quando reúne, analisa e dis- cute informações já publicadas e relativas a um só tema particular. É tratado quando apresenta, num conjunto sis- temático, conhecimentos amplos de uma ciência ou disci- plina escolar. O presente trabalho sobre métodos e técnicas de pes- quisa bibliográfica situa-se entre os tratados ou manuais. A pesquisa bibliográfica é, pois, um estudo recapitula- tivo de revisão da literatura existente em bibliotecas. Em- bora os trabalhos recapitulativos devam seguir a mesma metodologia no processo de sua elaboração, visam a obje- tivos diferentes de acordo com os objetivos dos diversos níveis de ensino superior. Nos cursos de graduacão, desti- nam-se a revisar e assimilar as conquistas científicas do patrimônio cultural do passado, como condição indispen- sável de preparação aos processos de criatividade, e nos cursos de pós-graduação devem trazer contribuições origi- nais, ao menos em termos de uma nova sistematização. O livro divide o assunto em duas partes. Na primeira, explanamos os passos formais necessários para a elabora- ção de estudos científicos. Na segunda, após a conceitua- ção de relatório e dos diversos tipos de estudos, apresen- tamos sua estrutura e as normas da redação científica. Em ambas as partes, procuramos seguir rigorosa- mente as fases próprias do pensamento reflexivo, que são: Do sincrético, pelo analítico, ao sintético. Os processos de ensino e de estudo devem coincidir com os processos da \11 aprendizagem. Ora, o ciclo da aprendizagem, especialmente quando se trata de resolução de problemas, obedece à li- nha já mencionada, isto é, após uma visão geral do assun- to, passa-se à análise de suas diferentes partes, para chegar a uma síntese integradora. Reconhecemos que em muitas secções temos sido de- masiadamente sintéticos e esquemáticos. É que supomos conhecidos muitos princípios da teoria da ciência, da teoria da aprendizagem, bem como muitos princípios da lógica formal. Dar-nos-emos por muito satisfeito se abrirmos novas perspectivas aos que possuem melhores conhecimentos do que nós. \12 PRIMEIRA PARTE PASSOS FORMAIS DE ESTUDO CIENTÍFICOS \13 \14 [em branco] De acordo com o que vai exposto na introdução, pro- pomo-nos oferecer algumas sugestões para elaboração de estudos científicos à base da pesquisa da literatura. É de uma utilidade em tais estudos obedecer a uma seqüência ordenada de procedimentos que, além de auxilia- rem a manter a perspectiva global do trabalho, são exigi- dos pela organização racional e efeciente do estudo. Não é fácil determinar a melhor seqüência a ser se- guida, pois esta pode variar segundo os diferentes tipos de estudos. Uma pesquisa de ordem filosófica não necessita obedecer exatamente aos mesmos passos de uma pesquisa de ordem histórica, embora ambas possam orientar-se pela mesma seqüência geral. Os passos formais que sugerimos são uma sistemati- zação do que, em essência, vem sendo praticado por pes- quisadores experimentados. É que tais passos são indica- dos pela própria teoria de aprendizagem com base nos procedimentos espontaneamente adotados na resolução de problemas. Convém notar, ainda, que as fases de um estudo cons- tituem um processo contínuo. Cada etapa pressupõe a que a precede e se completa na que a segue. Sugerimos, pois, a seguinte ordem de procedimentos: I) Encaminhamento de um projeto de pesquisa II) Investigações das soluções III) Análise das soluções IV) Síntese integradora. \15 \16 [em branco] BIBLIOGRAFIA GERAL --------------------------------------------------------------------------- \235 a 237 1 - ACKOFF, Russel. Planejamento de pesquisa social (The Design of Social Research). São Paulo, Herder, 1967. 2 - AEBLI, Hans. Prática de ensino (Grundformen des lehrens). Petrópolis, Vozes, 1970. 3 - ALEXANDER, Carter & BURKE, Arvid J. Métodos de investigación. Washington, Union Panamericana, 1962. 4 - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Rio de Janeiro. Normalização da documentação no Brasil. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, 1969. 5 - BARRY, J. Essai sur les caractères et les principes fondamentaux de la connaissance scientifique. Paris, P. Fournié, 1949. 6 - BEST, John. Cómo investigar en educación (Research in Education). Madrid, Morata, 1959. 7 - BIBLIOTECA APOSTÓLICA VATlCANA. Normas para catalogação de impressos. 2. ed., Rio de Janeiro, IBBD, 1962. 8 - BOUSQUUIÉ, Georges. Como redigir um relatório (Comnent Rédiger vos Rapports). 2. ed., Lisboa, Liv. Clássica, 1957. <jj> 9 - BRAITHWAITE, Richard. La explicación científica (Scientific explanation). Madrid, Tecnos, 1965. <jj> 10 - BUENO, Silveira. Arte de escrever. 11. od., São Paulo, Saraiva, 1962. 11 - CAMPOS, M. M. Pourchet. A docência e a investigação científica. São Paulo, s. 1. 1962. <jj> 12 - CANNABRAVA, Euryalo. Elementos de metodologia filosófica. São Paulo, Ed. Nacional, 1956. <jj> 13 - CAROSI, Paulo. Curso de filosofia (Corso di Filosofia). São Paulo, Paulinas, v. 1, 1963. 14 - CARRETER, Fernando Lázaro & LARA, Cecília de. Manual de interpretação de texto:,. Rio de Janeiro, Liv. Acadèmica, s. d.<jj> 15 - DESROCHE, Henri. Apprentissage en sciences sociales et education permanente. Paris, Ed. Ouvrières, 1971. 16 - DUVERGER, Maurice. Ciência política. Rio de Janeiro: Zahar, 1962. \235 17 - EELLS, Hastings. Escrevendo uma tese. Ohio, The Antioch Press, 1967. <jj> 18 - FERREIRA, Orlando da Costa. Para uma introdução ao estudo do produto bibliográfico. Revista do Livro. Rio de Janeiro, 9(35):11-35, 4º tri., 1968. <jj> 19 - GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1967. 20 - GOODE, William & HATT, Paul. Métodos de pesquisa social (Methods in Social Research). 2. ed., São Paulo, Ed. Nacional, 1968. <jj> 21 - HEGENBERG, Leônidas. Introdução à filosofia da ciencia. Rio de Janeiro, Herder, 1965. <jj> 22 - HOUAISS, Antônio. Elementos de bibliologia. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1967. 23 - HYMAN, Herbert. Planejamento e análise da pesquisa (Survey Design and Analysis), Rio de Janeiro, Lidador, 1967. 24 - KURTSCHEID, Bertrandus. De Methodologia historico-juridica. Roma, O. S. Catholici, 1947, <jj> 25 - KNELLER, George. Arte e ciência da criatividade (The Art and Sciente of Criativity). São Paulo, IBRASA, 1968. 26 -- La logica y la lenguaje en la educación. Buenos Aires, El Ateneo, 1969. <jj> 27 - LUFT, Celso Pedro. Trabalho científico. Porto Alegre, Lima, 1967. 28 - MADDOX, Harry. Cómo estudiar (How to Study). Barcelona, Ed. del Ocidente, 1964. 29 - MANN, Margaret. Catalogação e classificação de livros. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1962. <jj> 30 - MARITAIN, Jacques. Lógica menor. Rio de Janeiro, Agir, 1953.<jj> 31-- MARTINS, Octávio. Passos essenciais no desenvolvimento de uma pesquisa educacional. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Rio de Janeiro, INEP, 12(94):139 et passim, abr./jun., 1964. 32 - MEENES, Max. Cómo estudiar para aprender (Studying and Learning). Buenos Aires, Paidos, 1965. 33 - MEMMLER, Gertrude e outros. Bibliotecas, pesquisas, leituras. (Books, Libraries and You). Rio de Janeiro, Lidador, 1968. 34 - MIRA Y LOPES, Emilio. Como estudar e como aprender. Rio de Janeiro: Mestre Jou, 1965. 35 - MORGAN, Clifford & DEESE, James. Como estudar (How to Study). Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1966. <jj> 36 - NOGUEIRA, Oracy. Pesquisa social. São Paulo, Ed. Nacional, 1968. <jj> 37 - ORTEGA Y GASSET, José. Meditação da técnica. Rio de Janeiro, Livro Ibero-Americano, 1963. <jj> 38 - PERRONE, Oberdan. Elaboração do trabalhos científico. 2. ed. Rio de Janeiro: Batista de Souza, 1970. \236 39 - RAEYMAEKER, Louis de. Introducción a la filosofia (Introduction à la Philosophie). Madrid, Credos, 1956. <jj> 40 - REICHENBACH, Hans. La filosofia científica (The Rise Or Scientific Philosophy). México, Fondo de Cultura Económica, 1953. <jj> 41 - RIBAL, Jean. L'Art de prendre des notes. Paris, Centre d'Etudes Pédagogiques, s. d. <jj> 42 - ROSA, G. di. Cómo usamos las fichas. Buenos Aires, Kapelusz, 1967. <jj> 43 - RUIZ, Nicolás Gonçalves. El Periodismo, teoria y prática. 3. ed., Barcelona, Noguer, 1960. <jj> 44 - SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer umo monografia. Belo Horizonte: Instituto de Psicologia da UCMG, 1971. 45 - SELLTIZ, C. e outros. Métodos de pesquisas das relações sociais (Research Methods in Social Relations). São Paulo, Herder, 1965. 46 - SERTILLAGES, A. D. A vida intelectual. São Paulo: Saraiva, 1940. 47 - SUCUPIRA, Newton e outros. Definisão dos cursos de pós-Graduação. Documenta. Parecer n° 977/65. Rio de Janeiro, C. F. E., dez. 1965 <jj> 48 - TAVARES, Hênio. Técnica da leitura e redação. Belo Horizonte Bernardo Alvares, s. d. <jj> 49 - UNESCO. Guia para a redação de artigos científicos destinados à redação (Guide pour la redaction des articles scientifiques...) Trad. Lucy Gonçalves Fontes. Belo Horizonte, Escola de Biblioteconomia, 1969. <jj> 50 - VEGA, Javier Lasso de la. MDnual de documentación. Barcelona, Labor, 1969. <jj> 51 - VERA, Asti. Metodologia de la investigación. Buenos Aires, Kapelusz, 1968. 52 - ZUBIZARRETA, Armando F. La aventura del trabajo intelectual. Bogotá, Fondo Educativo Interamericano, 1969. <jj> \237 \238 [em branco] ================================================================== <salvado1> - P. 17-46 Capítulo I ENCAMINHAMENTO DE UM PROJETO DE PESQUISA Nada mais acaciano do que dizer que antes de inves- tigar as soluções é necessário colocar os problemas. O encaminhamento de uma pesquisa compreende as seguintes etapas: 1 - Escolha de um assunto 2 - formulação de problemas 3 - Elaboração de um plano. 1 - ESCOLHA DE UM ASSUNTO O primeiro passo não é o maís fácil. Não certamente por falta de assuntos. "Mundo, mundo. vasto mundo", ex- clama o poeta. Quantos enigmas estão à espera de quem os decifre! A dificuldade consiste em decidir-se por um as- sunto. Até pesquisadores experimentados sofrem momen- tos de angústia antes da decisão final. Sugerimos algumas operações que auxiliam o processo de escolha: 1.1 - Selacionar um assunto 1.2 - Delimitar sua extensão e compreensão \17 3 - Localizar o assunto 4 - Explicitar os objetivos 1.1 - Seleção do assunto 1. Selecionar um assunto implica a dupla tarefa de eliminar temas por qualquer razão preteríveis, e de fixar-se naquele que, observados os devidos critérios, merece prio- ridade. Assunto de pesquisa é qualquer tema, exposto ou não em forma de enunciado, que, em face dos aspectos obscu- ros nele contidos, necessita de melhor definição, distinções mais precisas, ulterior desenvolvimento e explanação, a fim de responder aos problemas que levanta. 2. Na vida escolar, o professor às vezes indica o as- sunto; outras vezes, cabe ao aluno escolher. É conveniente obedecer a alguns critérios de seleção. O assunto de es- tudo pode surgir de situações pessoais ou profissionais, da experiêcia científica própria ou alheia, do estudo ou de leituras. Almarck recomenda a fórmula seguinte: a) Analisar o que cada um sabe; b) Anotar as lacunas ou aspectos obscuros no conhe- cimento; c) Observar as incongruências e contradições em as- suntos polêmicos e nas conclusões não demonstradas; d) Seguir as sugestões de leituras, conferências ou da simples reflexão.(1) 3. Não é qualquer assunto que justifica a realização de um estudo. Alguns temas demandam apenas um pouco de reflexão ou uma rápida troca de idéias. A escolha de um tema digno de estudo é uma questão filosófica e de- pende de critérios de seleção: a) O ussunto deve corresponder ao gosto e interesse do pesquisador. O aluno precisa ter vocação para desen- ----------------------- (1) - VERA, Asti. Metodologia de la invertigación. Buenos Aires, Kepelusz, 1968. p. 101. \18 volver determinados temas. O que é feito sem gosto e in- teresse torna-se pesado, fastidioso e medíocre. Pode ocor- rer, porém, que certos assuntos devam ser escolhidos mais por necessidade do que por gosto e interesse. A aplicação decidida ao estudo pode criar o entusiasmo. b) O estudo deve propiciar experiências duráveis e de grande valor para o pesquisador. Uma pesquisa bem es- colhida e bem conduzida pode criar vocações para o estudo sério. Não raro, o contrário também pode ocorrer. O alu- no deve vencer a tendência de escolher assuntos fáceis e demasiado acessíveis, cujos resultados não compensam os esforços. c) O assunto deve possuir importância teórica ou prática. A importância teórica decorre do desejo de saber para compreender a realidade. A importância prática está baseada no desejo de saber para executar algo com maior eficiência. Freqüentemente, é mais útil para a formação um estudo teórico do que a solução de um problema prático circunstancial. d) O assunto deve ser adequado a qualificação do pesquisador. Alguns assuntos exigem preparação científi- ca, como seja o domínio de conhecimentos básicos ou de métodos especiais. Outros temas supõem qualificações in- telectuais, como seja a capacidade de abstração, de simbo- lização ou de intuição. e) Deve ser um assunto a respeito do qual haja ma- terial bibliográfico suficiente e disponível. f) O assunto deve corresponder igualmente às possi- bilidades de tempo, de trabalbo ou de recursos econômicos do pesquisador. 4. Antes de optar por determinado tema, convém cer- tificar-se de que não existem estudos exaustivos anterio- res. Há tantos assuntos à espera de pesquisadores que não vale a pena duplicar estudos. \19 1.2 - Delimitação do assunto É preciso superar a tendência, muito comum, de esco- lher grandes temas, que pela sua extensâo não possibili- tam a profundidade, tais como desenvolvimento, problema da liberdade, juventude, valor da Ciência, educação no Brasil. Esses temas prestam-se para tratados enciclopédi- cos, jamais para estudos monográficos. A maior tentação dos novatos em pesquisas é o pudor de realizar cortes im- piedosos na amplidão dos temas. Tudo parece-lhes indis- pensável e importante, ora como pré-requisito, ora como conseqüência. Selecionado o assunto, nossa próxima tarefa é a de- marcação rigorosa de seus limites. Digamos que se tenha escolhido o tema formação de professores. Assim enuncia- da, a questão é demasiado vasta e complexa para um es- tudo monográfico. Para delimitar o assunto torna-se necessário realizar as operações de: 1 - Fixar a extensão do assunto 2 - Definir os termos. 1.2.1 - Fixar a extensão do assunto 1. Antes de mais nada, é preciso distinguir o sujeito e o objeto de uma questão. O sujeito é a realidade a res- peito da qual se deseja saber alguma coisa. É o universo de referência. Pudem ser coisas, fatos ou pessoas a cujo propósito realiza-se um estudo com o objetivo de melhorar conhecê-los ou de agir sobre eles. O objeto de um assunto é o tema, propriamente dito. É o que se quer saber ou o que se quer fazer a respeito do sujeito. É o conteúdo que se focaliza, em torno do qual gira toda a discussão ou indagação. Exemplifiquemos: A Formação de professores. O su- jeito é professores; o objeto é formação. \20 Tomemos agora o assunto Desenvolvimento. Deve-se, primeiramente, determinar o sujeito. Digamos que se trate de Desenvolvimento do Brasil: o tema é desenvolvimento, o universo de referência é Brasil. É possível, no entanto, fazer um estudo sobre Desenvolvimento em si, sem refe- rência expressa a nenhum sujeito. A razão é óbvia. 2. Identificados o sujeito e o objeto, cabe agora, num segundo momento, especificar os limites da extensão do sujeito e do objeto, mediante: a) Adjetivos explicativos ou restritivos. Pelos adjeti- vos explicativos, designam-se as qualidades, condições ou estados essenciais ao sujeito ou ao objeto. Ao contrário, pelos adjetivos restritivos, indicam-se as qualidades, con- dições ou estados acidentais do sujeito ou objeto. O adjeti- vo explicativo é um desdobramento das partes constitu- intes de um ser, ao passo que o adjetivo restritivo ou aci- dental é um acréscimo arbitrário. Assim, se disser que se trata de formação culturaI do professor, terei especificado os limites da extensão de formação, por um adjetivo expli- cativo. Se, porém, disser que se trata de formação moderna do professor, terei especificado a extensão do assunto por adjetivo restritivo ou acidental, porque o tempo não é da essência de formação. Obtém-se a delimitação do assunto por adjetivo expli- cativo, desdobrando-o em suas partes ou tipos constituti- vos. A formação do professor poderia ser humana, cultu- ral, profissional, etc. Limitamo-nos à formação cultural. Os adjetivos restritivos são acrescentados arbitrariamen- te, de acordo com as intenções do pesquisador. b) Complementos nominais de especificação. São pes- soas ou coisas que, acrescentados a substantivos ou adjeti- vos, especificam a ação ou sentimentos que os mesmos substantivos ou adjetivos designam. Assim, ao sujeito pro- fessor, pode-se acrescentar a especificação: de ensino de 1º grau. Vejamos um outro exemplo. Digamos que se queira fazer um estudo sobre as águas salgadas do mar territorial \21 do Brasil. O objeto do estudo é águas; o sujeito é mar. O objeto e o sujeito da questão são delimitados pelos adjeti- vos restritivos salgadas e territorial, respectivamente. Além disso, o sujeito é delimitado pelo complemento de es- pecificação: do Brasil. c) Determinação das circunstâncias. Às vezes, pode ser necessário determinar as circunstâncias que limitam mais ainda a extensão do assunto, especialmente as cir- cunstâncias de tempo e espaço. No último exemplo acima, poder-se-ia acrescentar: na região amazônica, durante o período das enchentes. Outras vezes, pode ser útil determinar as instituições, órgãos responsáveis e outras especificações que, dado o assunto e os objetivos do estudo, são significativos. No caso de formação de professores, pode-se acrescentar: em universidades ou em escolas isoladas, escolas públicas ou escolas particulares. Em suma, tudo o que é útil para especificar a exten- são da questão deve ser tomado em consideração. 1.2.2 - Definição dos termos 1. Até aqui foram fixados os termos básicos da ques- tãos. Digamos que o título do estudo seja: Formação cultu- ral do professor de ciências para o ensino de 1º grau, no Rio Grande do Sul, após a Lei 5.692/71. Cumpre agora definir tais termos. Que se entende por formação? Que significa cultural? E assim por diante. No processo de: comunicação, a função dos termos é a de tor- nar manifestos os conceitos assim como a função dos con- ceitos é a de substituir a realidade. Mas a realidade é muito rica, dotada de muitas perfeições e de uma grande varie- dade de aspectos. Por outro lado, a debilidade de nossa mente não consegue captar simultaneamente a complexi- dade da realidade. O que dificulta a comunicação entre as pessoas é o fato de um mesmo termo poder representar di- ferentes conceitos e estes, diferentes aspectos ou realida- \22 des diferentes. Além disso, a linguagem humana é conven- cional. É preciso, pois, declarar, logo de início, a que reali- dade ou a qual de seus aspectos referimo-nos quando apre- sentamos determinado conceito ou empregamos determi- nado termo. 2. O significado dos termos pode ser considerado sob dois aspectos: extensão e compreensão. Há, conseqüente- mente, dois tipos de definição: por extensão e por com- preensão. 1.2.2.1 - Definição por extensão Definir um termo por extensão consiste em enume- rar os objetos a que ele corretamente se aplica. A exten- são dos termos pode ser indicada, mostrando os objetos contidos na classe a que o termo se refere, ou nomeando os mesmos objetos. No primeiro caso, temos uma defini- ção ostensiva não verbal. No segundo caso, temos uma definição simbólica verbal, já que o significado é expli- cado por outras palavras. O processo para elaborar definições por extensão pode ser aprendido em qualquer manual de lógica formal, quan- do trata da divisão e da classificação. Remetemos o leitor para aqueles manuais. 1.2.2.2 - Definição para compreensão Definir um termo por compreensão consiste em indi- car as propriedades que um objeto precisa possuir a fim de estar incluído na extensão do termo. Em outras pala- vras, definir um termo por compreensão é tornar manifes- to o conjunto de notas constitutivas, integrantes ou descri- tivas de um termo. As definições por compreensão têm sempre caráter verbal e podem ser explícitas ou contex- tuais. São explícitas quando se apresenta uma palavra ou frase, chamada definiens, que significa o mesmo que o ter- mo a definir, chamado definiendum. São contextuais quando o significado não é dado por outras palavras ou \23 frases, mas pelo contexto antecedente ou eonseqüente. A definição contextual ocorre especialmente com termos que não se referem a objetos e acontecimentos, bem como a propriedades, não tendo, pois, extensão e compreensão, tais como, "somente", "se", "a menos que", etc. 2. Podemos distinguir dois tipos de definições por compreensão: definições conceituais e definições operacio- nais. As definições conceituais fornecem as notas ou pro- priedades abstratas dos termos. Ao contrário, as defini- ções operacionais apontam os indicadores concretos. To- memos, por exemplo, a frase: "As empresas estrangeiras podem estabelecer-se no Brasil, desde que destinem essen- cialmente sua produção à exportação". Que significa essencialmente? Uma definição conceitual vai em busca de termos sinônimos, como sejam, dominantemente, a maior parte, etc., ou de propriedades que caracterizem e classifi- quem as atividades essenciais. Uma definição operacional estabelece indicadores quantitativos ou numéricos: a ex- portação é atividade essencial se a empresa destina 2/3 ou 70% para essa finalidade. Que é inteligência? Definição conceitual: É a capacidade de compreender o significado das coisas. Definição operacional: Inteligente é o que obtém mais de 101 pontos (média) nos testes de inteli- gência. Há diversos níveis de definição conceitual, de acordo com os diferentes níveis de abstração: a) Definição nominal ou etimológica. Não declara o que a coisa é, mas o sentido etimológico, convencional ou técnico, de um termo. Obtém-se recorrendo à etimologia ou à família ideológica dos termos sinônimos. Só impro- priamente pode chamar-se de definição, pois a verdadeira definição é a que torna claro o que a coisa é, indicando as notas ou propriedades que a constituem ou a distinguem. Contudo, é condição preliminar indispensável para che- garmos à definição real. Não raro, presta bons serviços para estabelecer distinções entre termos e, por meio deles, entre conceitos e objetos. Veja-se, por exemplo, a distin- \21 ção entre educação e formação, a partir da definição no- minal. b) Definição descritiva. É a que aponta para as pro- priedades que decorrem da essências de um objeto. Apre- senta as notas perceptíveis e observáveis como manifesta- ção da essência. Assim, pode-se descrever a inteligência como a capacidade de usar símbolos, de fazer análises e sínteses, etc. c) Definição essencial ou qüiditativa. É a que deter- mina a própria essência das coisas, mencionando os ele- mentos constitutivos. Pode ser formulada de dois modos: indicando a categoria de seres a que a coisa pertence, atra- vés do gênero próximo e da diferença específica (definição metafísica ou lógica), ou, então, indicando as partes físi- cas, realmente distintas, que compõem a coisa (definição física). No caso de homem, sua definição metafísica é: ani- mal racional; e sua definição física é: ser composto de alma espiritual e corpo orgânico. 3. Além da definição conceptual, quase sempre é ne- cessária a definição operacional. Aquela é estática e abs- trata; esta é dinâmica e concreta. Já vimos que definir um termo é apontar os conceitos nele contidos, e definir os conceitos é determinar a realidade ou aspectos da realidade que eles substituem. Em prosseguimento, a definição ope- racional aponta indicadores específicos, concretos, obser- váveis e mensuráveis, que permitem medir quantitativa ou qualitativamente um conceito ou uma realidade. Tais indi- cadores podem ser fatos ou acontecimentos, qualidades ou atributos e atividades ou ações. Assim, o subdesenvolvi- mento é definido operacionalmente pela baixa renda per capita, alta mortalidade infantil, etc. É evidente a utilidade da formulação de definições operacionais. Elas indicam com precisão inequívoca o objeto de estudo e seu respectivo sujeito. Assim, um pro- fissional pode ser definido conceptualmente como aquele que assume um compromisso vital com um campo especí- fico de atividades, tendo realizado os correspondentes es- \25 tudos especiais. O compromisso pode ser medido pelos seguintes indicadores: aceitação do status escolhido, satis- fação no desempenho da profissão, etc. É fácil de indicar as atividades próprias de um profissional. Os estudos po- dem ser medidos pelo histórico escolar. A definição conceptual completa-se com a definição operacional: aquela indica os conceitos, e esta, as opera- ções, fatos ou qualidades concretas, perceptíveis e fáceis de medir. 4. Em qualquer tipo de pesquisa, devem ser preferi- das as definições mais concretas. Pela ordem deve-se pre- ferir a definição operacional, depois a descritiva e, por fim, a nominal. 1.3 - Localização don assunto O tema está delimitado e definido nos seus termos básicos. Torna-se conveniente localizá-lo explicitamente numa ou noutra das dimensões da realidade, O que vamos estudar agora é útil quer para localizar um assunto já des- coberto quer para descobrir novos assuntos. A localização de um assunto é trabalho de relativiza- ção, isto é, de indicação de aspectos particulares da reali- dade global. A localização pode ser material ou formal. A localização material presta-se para apontar os setores e os ramos dos setores a que se filia o assunto. A localização formal destina-se a indicar o prisma sob que é focalizado o assunto. Todas as ciências sociais lidam com as mesmas coisas, com o mesmo objeto material. Diferenciam-se, po- rém, umas das outras no ponto de vista ou foco sob o qual cada uma considera tais coisas (objeto formal ). 1.3.1 - Localização material 1. A realidade cósmica é um todo complexo e uni- tário. Nela não há segmentos separados. Contudo, por um processo científico de abstração analítica, pode-se sepa- \26 rar setores e isolar partes ou ramos da realidade global. Da divisão da realidade em setores, obtém-se as grandes classificações das ciências e das profissões. Num primeiro passo, é necessário situar o tema numa das ciências ou numa das profissões. Em se tratando de educação, situamo-lo no setor das ciências sociais e no con- junto das profissões liberais. 2. As ciências sociais ou as atividades liberais subdi- videm-se em muitos ramos ou sistemas. O sociólogo Antô- nio Rubbo Müller classifica o social em 14 sistemas, a sa- ber: parentesco, sanitário, manutenção, lealdade, lazer, viário, pedagógico, patrimonial, produção, religioso, segu- rança, político, juridico e precedência. De igual modo, as profissões liberais subdividem-se em vários ramos, entre os quais encontram-se as profissões pedagógicas e as pro- fissões docentes. Num segundo passo, localizamos o tema formação de professores no sistema pedagógico e na profissão docente. 3. Prosseguindo, faz-se necessário percorrer os com- ponentes do sistema ou do ramo, equivale dizer, o conteúdo do sistema ou ramo. Tais componentes são os seguintes: a) Paisagem. Trata-se de situar o assunto na circuns- tância de espaço. Neste sentido, a formação de professores pode ser estudada em relação a um continente, a um país, estado ou província, bem como em relação às instituições pedagógicas, públicas ou privadas, e em relação aos equi- pamentos escolares. b) Cronologia. Refere-se à situação de tempo. Pode- se realizar um estudo histórico da formação de Professo- res, abordando em retrospecção fatos passados, a situa- ção presente ou uma prospeção futura. c) Personagens. Pode-se focalizar os personagens prestadios, isto é, os mestres que formam professores, ou os personagens fruitivos, isto é, os professores que são formados. Em outros termos, pode-se focalizar a formação enquanto ação transitiva ou enquanto ação imanente. d) Normas de funcionamento. Entre as normas, é útil determinar: \27 d.a) Agendas, atividades ou conteúdo programático da formação de professores. d.b) Símbolos, a forma de comunicação verbal ou não verbal, a linguagem didática, mais ou menos cientí- fica, no trabalho de formação de futuros professores. d.c) Praxes, isto é, métodos e técnicas, a metodologia a ser empregada. d.d) Valores. Podem-se referir tanto aos objetivos a serem atingidos quanto aos recursos necessários. d.q) Crenças ou pressupostos científicos ou filosófi- cos em que se fundamenta o assunto ou a atividade. d.f) Sanções: a ética profissional, o estatuto do ma- gistério, a remuneração, prêmios e privilégios. A abordagem de um assunto pode focalizar um ou outro desses aspectos. Mas deve-se declarar explicitamente sobre qual deles recaem nossas preferências. 4. Por fim, é preciso verificar se nosso assunto se situa na dimensão das metas, pessoais, grupais, societárias ou absolutas. É possível que pretendamos desenvolver o tema da formação de professores em relação ao cultivo pessoal na vida individual (metas pessoais), ao cultivo pessoal na vida grupal (metas grupais), ao cultivo pessoal pessoal na vida social (metas societárias) ou ao cultivo pessoal na vida transcendente e religiosa (metas absolutas). Sistemas, componentes e metas são as três dimensões do social. Podem servir de instrumentos para a adequada localização material de um assunto. Se se preferir, pode-se utilizar de outros instrumentos conceituais. O que impor- ta é localizar bem e explicitamente nosso projeto. 1.3.2. - Localização formal Resta ainda indicar o tratamento, equivale dizer, o ponto de vista, o prisma sob o qual o assunto é focalizado, o seu objeto formal. Um mesmo tema pode receber vários tipos de tratamento, tais como, o psicológico, o socioló- gico, o histórico, o filosófico, o estatístico, etc. O tipo de \28 tratamento depende da decisão do pesquisador ou da na- tureza da questão. É claro que o tipo de tratamento vai determinar estudos diferentes, obtendo-se resultados tam- bém diferentes. 1.4 - Explicitação dos objetivos Trata-se de determinar os objetivos, quer intrínsecos, quer extrínsecos. Os objetivos intrínsecos referem-se aos problemas que se pretende resolver. A formulação de pro- blemas será estudada na etapa seguinte. Importa agora explicitar os objetivos extrínsecos, que podem ser: o cum- primento de um dever escolar, atender a uma solicitação de interessados, compor uma monografia em fins de estudos, resolver problemas pessoais, produzir algo de original ou mera atualização. Os propósitos que temos em vista definem muitas ve- zes a natureza do trabalho, o tipo de problemas a serem selecionados, o material a colher, etc. 2 - FORMULAÇÃO DE PROBLEMAS 1. Escolhido o assunto, delimitado seu campo e defi- nidos seus termos, a fase seguinte é a transformação do tema em problemas. A formação de um problema é mui- tas vezes mais importante que sua solução, afirma Eins- tein. Um problema bem formulado está meio resolvido. A formulação de problemas apresenta uma série de vantagens que a justificam plenamente: a) Permite chegar com precisão absoluta à raiz da questão. Um assunto, por mais delimitado que seja, sem- pre dá margem a certa indefinição. Ao contrário, logo que formulamos uma pergunta, sabemos de imediato e com exatidão o tipo de resposta que se deve procurar. Digamos que o tema esteja assim formulado: A formação humana \29 de professores para o ensino de 1º grau., em escolas par- ticulares, no Rio Grande do Sul, a partir de 1950. À pri- meira vista nada mais delimitado. No entanto, não está dito o que desejamos saber a respeito da formação huma- na. Tornam-se necessárias algumas perguntas esclarecedo- ras, que declarem com precisão o tipo de resposta que se deseja. b) Obriga o pesquisador a uma reflexão minuciosa so- bre o assunto escolhido. c) Fixa roteiros ou pontos de referência como arran- cada inicial no processo de estudo e de pesquisa bibliográ- fica, evitando a dispersão. d) Auxilia a escolha de cabeçalhos para o sistema de tomada de apontamentos. e) Determina com precisão os apontamentos a serem tomados, isto é, todos e somente us que respondem à per- gunta formulada. Além disso, após a gestalt, afirma-se que o pensamen- to reflexivo origina-se de uma situação-problema. Os pro- blemas provocam um estado de desequilíbrio e de intran- qüilidade, que desencadeia um processo de ação para os readquirir, despertando interesse e curiosidade. O indi- víduo tende sempre à sua melhor forma. O problema rom- pe o equilíbrio da forma. O indivíduo necessita reequili- brar-se, para readquirir sua melhor forma. Para tanto, lança mão de todos os recursos de reflexão e de criati- vidade. É comum saltar imediatamente da escolha do assunto à coleta de dados. Ceder a esta tentação significa protelar a tarefa da formulação de problemas com evidente pre- juízo para a eficiência do trabalho, uma vez que coletar- se-ão dados sem saber a que tais dados estão respondendo. A tarefa de coleta de dados é por demais estafante para que nos demos ao luxo de colher material inútil. 2. Para formular problemas dignos de pesquisa, de- vamos determinar, antes, o que é um problema e identifi- car seus principais elementos. \30 Problema é uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática para a qual deve ser en- contrada uma solução. O problema nasce, diz Bréhier, de uma necessidade, desejo ou amor do saber. Nasce quando o espírito está em situação intermediária entre a ignorân- cia e o saber. Não há problemas para o ignorante, nem os há para o sábio. Um problema supõe, ora o reconhecimento da existência de dificuldades para as quais não se dispõe de soluções, ora o reconhecimento da insuficiência das so- luções disponíveis, ora a perplexidade de escolha de solu- ções alternativas. Em qualquer hipótese, o problema só existe para quem tem interesse em resolvê-!o. 3. Os problemas podem ser classificados em duas or- dens: descritivos e explicativos. Os problemas descritivos são os que interrogam a respeito das propriedades e ca- racteres que distinguem uma questão em causa de outras questões paralelas. Descrevem fenomenologicamente o as- sunto, mais os seus aspectos externos, quantitativos e de superfície do que os aspectos qualitativos e as causas in- ternas e profundas. Todas as questões referentes ao enca- minhamento de uma pesquisa são fontes de problemas descritivos. Compreende, pois, tudo o que precede à dis- sertação, propriamente dita. Podemos oferecer alguns exemplos de problemas des- critivos, a partir do tema formação de professores: a) Qual é o título exato do assunto e como pode ser enunciado? (Problemas de seleção). b) Qual é o objeto e o sujeito do assunto? (Problemas de delimitação). e) Como se definem conceptual e operacionalmente os termos do problema? ( Problemas de definição ). d) De que ponto de vista o problema deverá ser foca- lizado? (Problemas de tratamento). e) Como se compara, se distingue ou se assemelha com outras questões? (Problemas de situação). f) A quem pode interessar a solução da questão? (Problemas de aplicação). \31 4. Os problemas explicativos vão direto ao âmago do assunto. Envolvem todas as questões referentes ao desen- volvimento ou à dissertação, propriamente dita. Podem ser de dois tipos: questões que dizem respeito ao desenvolvi- mento da matéria de estudo e questões que dizem respeito ao método de desenvolvê-la. As primeiras inquirem sobre a natureza material e formal do assunto, suas causas e conseqüências e suas finalidades. As segundas indicam a seqüência de seu estudo, isto é, exposição, análise e de- monstração. Tomemos, para exemplificação, o tema formação cien- tífica do professor. , a) Problemas de desenvolvimento do assunto. Convém lembrar que é difícil estabelecer uma ordem sistemática de questões válida para todos os temas, uma vez que os pro- blemas variam de acordo com a intenção do pesquisador, o qual pode escolher umas questões de preferência a outras, bem como de acordo com a natureza do assunto. O tema que escolhemos para servir de exemplo presta-se a ser de- senvolvido segundo esta ordem de problemas. a.a) Que se entende por formação científica? O que compreende tal formação ? (O quê?). a.b) Por que o professor necessita de formação cien- tífica? (Por quê?). a.c) A quem cabe a responsabilidade da formação ci- entífica? (Por quem). a.d) Em que instituição deve ser dada a formação ci- entífica? (Onde?). a.e) Quais são os métodos mais indicados para a for- mação científica? (Com que meios?). a.f) Em que série ou ano deve ser iniciada a formação científica? (Quando? ). b) Problemas referentes ao método de desenlvolver o assunto. Cada uma das questões apenas antes apontadas pode receber tríplice tratamento que dá origem a três pro- blemas metodológicos: \32 b.a) Como expor a questão? Dedutiva ou indutiva- mente? b.b) Como analisar a questão? Globalmente? Por partes? b.c) Como demonstrar a solução escolhida? Formal ou informalmente? Com que razões justifica-se a solução? Quais são as garantias das razões? Quais são os suportes das garantias ? A partir dos problemas abaixo relacionados podem ser formulados outros subproblemas deles decorrentes ou in- tegrantes. 5. Além do exposto, há outros quadros de referência que podem auxiliar na formulação de problemas abran- gentes. Othanel Smith, estudando as operações lógicas na linguagem escolar, afirma que, na discussão de qualquer assunto, há uma sucessão de episódios, introduzidos por diferentes tipos de entradas. Sempre que se muda de as- sunto ou de aspecto de um mesmo assunto começa um novo episódio. Na conversação, os episódios sucedem-se uns aos outros com muita rapidez. Cada episódio inicia-se median- te um movimento verbal, geralmente uma pergunta, deno- minado entrada. Cada entrada requer uma resposta de na- tureza lógica. Se a entrada é uma pergunta sobre o signi- ficado de um termo, as respostas deverão ser tentativas de definição ou de afirmações sobre o uso desse termo. Se a entrada pede uma explicação, a resposta lógica será a de explicar.(2) O mesmo autor identificou doze classes distintas de entradas que exigem igual número de operações lógicas. As entradas para cada operação lógica podem assumir várias formas lingüísticas. A entrada ou a pergunta deve ser formulada de tal forma que o interlocutor possa iden- tificar com facilidade a operação lógica nela envolvida. Por outro lado, o respondente, para ser lógico, deve dar uma resposta adequada à entrada. As entradas podem apon- ------------------------------ (2) - SMITH, Othanel. Apud KNELLER, George F. La lógica y el lenguaje en la educación. Buenos Aires. El Ateneo, 1969. p. 99. \33 tar para as seguintes operações lógicas: definir; descre- ver; designar pelo nome; enunciar princípios, conclusões ou teoremas; informar acerca do conteúdo de um livro ou de um texto, substituir (um símbolo por números, etc.); avaliar o valor, a conveniência e outras condições simi- lares de objetos, acontecimentos, ações ou situações; opi- nar, isto é, expressar uma opinião ou convicção sobre o que pode ocorrer no futuro ou o que poderia ter aconteci- do no passado, mas não ocorreu; classificar alguma coisa numa categoria mais geral; comparar e contrapor, indican- do semelhanças e diferenças; inferir condicionalmente, dando o conseqüente ou efeito de um antecedente ou con- dição; e, por fim, explicar, isto é, expor as condições an- tecedentes de determinados fatos: regras, definições ou fatos para justificar decisões, juízos ou ações. 6. Outro quadro de referência para a formulação or- denada de problemas é a classificação das funções inte- lectuais de Benjamin Bloom e Norris Sanders. Tais autores ordenaram as capacidades intelectuais em escala ascen- dente de importância, em que a primeira (conhecimento ou apreensão) é a mais elementar e a última (avaliação) é a mais elevada. Hoje além dos seis níveis por eles estabe- lecidos, dá-se grande importância à críatividade. Em vista disso, acrescentamos o sétimo nível, o da criatividade. Tal classificação é útil não apenas para estabelecer os objetivos educacionais de ordem intelectual, como também para traçar um roteiro de análise de textos e para formu- lar problemas em vista de um trabalho de pesquiza. Além da literatura especializada sobre o assunto, remetemos o leitor para a breve exposição que adiante fizemos a pro- pósito da leitura crítica de impressos bibliográficos. 7. Os problemas devem ser formulados de maneira precisa. Problemas vagos, imprecisos ou ambigüos na sua formulação não podem levar a respostas pertinentes e ade- quadas. Um problema, para ser bem formulado, deve con- ter as seguintes características: \34 a) Palavras ou expressões interrogativas. É o movi- mento verbal conhecido com o nome de entrada. Tais ex- pressões ou palavras interrogativas podem ser constituí- das pelas operações lógicas relacionadas por Othanel Smith, precedidas por "qual", "que", "onde", "quanto", etc. b) Objeto do ato de conhecimento ou objeto da ativi- dade de percepção. Declara-se aqui o objeto sobre que se devem exercer as operações intelectuais. Se se trata de definir, é preciso declarar o que definir. Se se trata de avaliar, torna-se necessário dizer os objetos, aconteci- mentos ou situações que devem ser avaliados. c) Ponto de vista da operação intelectual. Se se trata de enumerar, o ponto de vista é o número ou a quantidade. Se se quer classificar, o ponto de vista é a localização numa categoria. Se o problema é comparar, focalizam-se as se- melhanças ou diferenças. d) Atividade de percepção estimulada pela pergunta. Normalmente, a resposta inicia-se com as operações inte- lectuais contidas nos termos da entrada. A resposta será lógica na medida em que for pertinente à pergunta. e) Por, fim, o resultado ou a resposta. Um problema será tanto mais preciso quanto mais provocar uma res- posta precisa. A pergunta deve prever, ou mesmo conter, o tipo de resposta.(3) 8. É vantajoso ainda seguir algumas normas que in- dicam o processo para encontrar e elaborar problemas. É evidente que é necessário um conhecimento prévio, embora elementar, sobre o assunto para, ser possível cons- tatar lacunas ou dificuldades a respeito das quais se levantam interrogações. Será conveniente, pois, fazer pre- viamente alguma leitura, embora rápida e superficial, so- bretudo em livros de referências, como as enciclopédias, bem assim em tratados gerais. Às vezes, porém, será me- lhor não realizar nenhuma leitura, pois, não raro, certa ----------------------------------- (3) - AEBLI, Hans. Prática de Ensino. Petrópolis, Vozes, 1970. p. 184. \35 ignorância do assunto pode levar-nos a perguntas mais vitais para nossos interesses e objetivos. Convém partir fazendo sobre o assunto todas as per- guntas significativas que livremente nos ocorram, sem pensar na sua ordem lógica. Anotem-se, pois, todas as per- guntas à medida que vão aparecendo. Tais perguntas po- dem ser assentadas em folhas soltas para ser mais fácil o seu manejo. Em seguida, pode-se fazer um ensaio de organização, combinando as perguntas principais com outras pergun- tas subordinadas. Tal ordenação é já um anteprojeto de plano de estudo, o qual, embora provisório, serve para ini- ciar o trabalho. O desenvolvimento do estudo fará surgir novas questões e novas idéias de organização, até a elabo- ração de um plano definitivo. Os problemas devem ter uma formulação concisa, cla- ra, objetiva, contendo um desafio à curiosidade e ao in- teresse. 3 - PLANEJAMENTO É provável que a esta altura grande parte da tarefa de planejamento já tenha sido executada. Durante as fases de escolha do assunto e da formulação de problemas, o plano ia-se delineando em suas grandes linhas. Planejar é, segundo Comte, prever para prover. Prever e prover os recursos para atingir os objetivos. No caso, o objetivo é dar resposta aos problemas formulados e o re- curso é a consulta às fontes bibliográficas. Há, assim, dois tipos de plano: plano de assunto e plano de atividades. O plano de assunto refere-se à distri- buição equitativa das partes que constituem o assunto. O plano de atividades trata da ordenação das operações, em termos de métodos e técnicas, necessárias para o es- tudo do assunto. \36 O plano de assunto é elaborado em etapas sucessivas e complementares: é iniciado com o levantamento de pro- blemas, é aperfeiçoado durante a coleta da documentação, e é estruturado definitivamente após a análise explicativa dos dados coletados. O plano de atividades, também chamado projeto de trabalho, é em parte anterior ao plano de assunto, enquan- to a própria escolha, delimitação e definição do tema são nele incluídas, e em parte é posterior ao plano de assunto, enquanto traça a estratégia de busca de soluções. 3.1 - Planejamento do assunto 1. Trata-se de organizar sistematicamente as diver- sas partes que compõem o objeto de estudo. Constituir um plano equivale a pôr um princípio de ordem nos con- ceitos, isto é, estabelecer a hierarquia real ou lógica das questões. Não é propor uma organização convencional ou arbitrária das partes em um todo. mas descobrir a estru- tura real ou lógica do tema, em que as partes estejam sis- tematicamente vinculadas entre si e ordenadas em função da unidade de conjunto. Para construir um plano é necessário saber distinguir o fundamental do securidário, o principal do subordinado, e distribuir equitativa e gradualmente as partes segundo este critério, de forma que a própria proporção ou equilí- brio faça salientar o fundamental e o principal. 2. Não é possível organizar logo de início um plano definitivo, pois, nessa fase, não se conhece suficientemente a matéria. Parte-se, pois, de um projeto de plano, isto é, um plano provisório, tão completo quanto o permitam nos- sos conhecimentos, o qual irá sendo preenchido paulatina- mente à medida que o estudo avança e que os problemas aparecem. A continuação do trabalho projetará novas per- guntas e novas idéias de organização. O plano provisório é, pois, a primeira etapa. O plano definitivo será criado ao \37 término da investigação, em dependência direta dos resul- tados dos estudos e da documentação reunida. 3. Tudo o que dissermos a seguir vale tanto para o plano provisório quanto para o plano definitivo, já que este é continuação ou modificação daquele. A priori, podem-se estabelecer três secções em qual- quer plano: introdução, desenvolvimento e conclusão, as quais correspondem ao já conhecido ciclo do pensamento reflexivo, isto é, do sincrético, pelo analítico, ao sintético. No capítulo que trata da redação de um estudo mono- gráfico, define-se com exatidão necessária a estrutura da introdução e da conclusão. Deter-nos-emos agora no plane- jamento do desenvolvimento. 4. A secção do desenvolvimento ou da dissertação, propriamente dita, compreende a distribuição metódica dos problemas explicativos expostos no artigo anterior. Dénis Huisman, em seu estudo sobre L'Art de la Dis- sertation, distingue cinco tipos distintos de planos: dialéti- co, nocional, progressivo, comentário de texto e compara- tivo.(4) O plano dialético exige a tripartição do tema em tese, antítese e síntese. Parte-se da consideração do assunto se- gundo os critérios comuns e vulgares. Segue-se, opondo-lhe as concepções técnicas ou científicas contrárias, e, final- mente, reconsideram-se ambas as posições como fases pré- vias de uma etapa final, superior e conciliatória. Este plano pode ser empregado especialmente em assuntos de ordem polêmica. Digamos que a questão seja : Que é o magistério? Partir-se-ia da definição tradicional que conceituou o ma- gistério como um ofício para o qual é suficiente possuir conhecimento da matéria. Opor-se-lhe-ia a afirmação de que o professor é um técnico na arte de transmitir conhe- cimentos. Finalmente, concluir-se-ia demonstrando que o professor deve ser um profissional no verdadeiro sentido da palavra. ----------------------------------------- (4.) HUISMAN, Dénis. Apud VERA, Asti. Op. cit. p. 111. \38 O plano nocional consiste em examinar um conceito através de três passos sucessivos: a natureza da questão, sua existência, e seu valor, Poderíamos tomar o mesmo exemplo abaixo proposto. Vejamos esta outra questão: o conteúdo das disciplinas específicas para formar um pro- fessor do ensino de 1º grau. Trata-se de desenvolver o con- ceito de conteúdo, absoluto ou relativo, das disciplinas es- pecíficas. Qual é o problema? É o seguinte : o programa das disciplinas específicas deve ser idêntico para a formação de pesquisadores e de professores ou deve haver um pro- grama distinto? Existe o problema? Sim, porque as opi- niões se dividem e a prática de ensino o comprova. Qual é o valor ou a importância da questão? Enorme, porque da decisão que se tomar depende a estrutura e composição dos currículos e programas, bem como os processos de ensino, com evidentes reflexos para o tipo de professor que se formará. O plano progressivo consiste em formular definições sucessivas do termo básico do tema. Ora, o termo básico no exemplo que constantemente estamos empregando é for- mação. A sua definição mais geral é desenvolvimento de potencialidades. A segunda definição é aquisição de quali- ficações ou habilitações. A terceira indica o processo, isto é, o contato interpessoal com mestres. Por fim, o quarto elemento é a especialização, que diferencia formação de educação. O mesmo processo pode ser usado para definir ensino: a) Não é transmissão; b) é comunicação ; c) de assuntos ; d) através de sinais, naturais ou convencionais. O plano tipo comentário de texto desenrola-se através da explicação, discussão e apreciação, isto é, parte-se de uma paráfrase inteligível do texto; discutem-se as afirma- ções aí contidas, e emite-se um juízo apreciativo, concor- dando ou discordando. Tomemos, por exemplo, a afirma- ção que pode ser feita com referência à formação humana \39 do professor: "Ensina-se muito mais pelo que se é, do que pelo que se faz ou se diz". Tal proposição pode ser comen- tada obedecendo a esta ordem de perguntas: a) Que quer dizer esta afirmação? b) Com que argumentos pode ser comprovada ou ne- gada? c) Qual é o valor ou importância da afirmação? O plano comparativo confronta conceitos similares ou paralelos para mostrar o que têm de comum, de oposto ou semelhante, visando por fim, a ordená-los hierarquicamen- te ou separá-los. Assim os conceitos de método científico de estudar e método didático de ensinar. A questão é: o método didático deve coincidir com o método científico? O plano pode ser este: a) Conceito de método científico e conceito de método didático; b) Semelhanças e diferenças; c) Conclusão : o método didático deve coincidir com o método científico, em todos os aspectos ou em alguns deles. A estes tipos de planos podem ser acrescidos muitos outros, dependendo sempre da natureza do assunto, dos métodos de tratamento e de outros fatores muito variados. Aconselha-se aos principiantes a analisarem os índices sis- temáticos de livros e outras publicações, procurando com- parar os planos com a natureza dos assuntos, os método de tratamento e outro fatores. 5. A construção do plano exige igualmente a distri- buição ordenada das partes ou secções; capítulos, artigos e parágrafos, a fim de facilitar a busca de referências bi- bliográficas e a tomada de apontamentos. Para tanto, é conveniente adotar o sistema decimal de classificação, cujas vantagens e processos podem ser apreendidos em qualquer manual de biblioteconomia. 6. É necessário ainda escolher a melhor forma de en- cabeçar as secções, capítulos, etc. Podem-se indicar três formas: \40 a) Forma direta, em que se emprega uma frase com- pleta com sujeito, verbo e complementos. Ex.: A relação entre os elementos da formação do professor deve ser pro- porcional. b) Forma indireta, isto é, um substantivo com com- plemento, sem verbo. Ex.: A proporção entre os elementos da formação do professor. c) Forma interrogativa. Ex.: Deve haver proporção entre os elementos da formação do professor? A forma mais empregada é a indireta, como o demons- tram os índices de livros e publicações periódicas. 3.2 - Planejamento das atividades 1. Que se deve fazer para desenvolver o plano de as- sunto, isto é, como proceder para responder aos problemas anteriormente formulados? Eis a questão. Imaginemos um pesquisador de posse de uma série de problemas dispostos num plano lógico. Certamente está com pressa de buscar as soluções, consultando as bibliote- cas. Um plano de atividades referentes às buscas ordenadas das fontes pode poupar muitos avanços e recuos desneces- sários. 2. Em primeiro lugar, o pesquisador deve levar sem- pre consigo para a biblioteca o plano global de assunto, embora provisório, com seus respectivos problemas, o que equivale dizer, a lista selecionada de cabeçalhos, os quais servirão de títulos para as anotações em fichas bibliográ- ficas ou de apontamento. Esta providência facilita a tare- fa de coletar todos e somente os dados de que realmente se precisa, evitando-se o esforço estéril de buscar dispersi- vamente dados desnecessários ou de deixar de lado infor- mações preciosas. 3. Em segundo lugar, o pesquisador deve ter bem presente as razões por que consulta uma biblioteca. É pre- ciso que se saiba com clareza quando e porque se deve ir \41 à biblioteca ou às fontes de consulta. Ora, podemos neces- sitar de consultar uma biblioteca por várias razões, entre as quais salientam-se: a) Para procurar dados em resposta a um problema definido. O estudioso possui um problema já definido e ne- cessita de dados para formular uma resposta. b) para definir um problema. O estudioso encontra- se em face de uma situação problemática, ampla e con- fusa. Necessita analisar a situação dividi-la em subpro- blemas específicos, determinar em que termos formulá-los. O inexperiente perde muito tempo e energias em procurar resposta de problemas ainda não definidos previamente com precisão e clareza. c) Para escolher um problema ou tema. Há circuns- tâncias em que se necessita escolher problemas ou temas para trabalhos em aula, para palestras ou conferências. Dever-se-á recorrer à biblioteca para a escolha adequada de um assunto que corresponda às possibilidades do pes- quisador, e aos interesses e utilidade dos destinatários. d) Para evitar a duplicação de trabalhos. Há muito que saber e fazer. Não vale a pena desperdiçar tempo e energia em refazer estudos já adequadamente prontos. É mais produtivo aproveitar-se do que já se sabe e do que já foi feito, e dedicar o tempo e energias poupados em traba- lhos originais. e) Para obter técnicas de investigação. De posse de problemas bem definidos e ainda não resolvidos, pode-se necessitar de técnicas válidas de investigação. Improvisar técnicas, quer de estudo, quer de pesquisa é, pelo menos, presunção. Algumas pesquisas podem exigir técnicas sim- ples e comuns, mas outras investigações podem requerer procedimentos específicos que os tratados de pesquisa for- necem. Já existe uma vasta bibliografia sobre os mais va- riados métodos de pesquisa. f) Para interpretar resultados. É mais fácil descobrir dados do que interpretar seu significado. A coleta de da- dos é um trabalho braçal. O importante é interpretá-lo. \42 Esta é uma tarefa de inteligência. A literatura sobre o assunto pode fornecer não somente os instrumentos esta- tísticos apropriados como, principalmente, os instrumentos conceituais de análise. 4. Em seguida, é necessário decidir sobre o tipo de materiais e fontes ou tipos de informações de que se ne- cessita para responder aos problemas propostos. Uma série de perguntas pode auxiliar-nos nesta tarefa: a) Necessito de tratados gerais, breves, como artigos de revistas e de enciclopédias, ou extensos, como livros, monografias ? b) Necessito de uma lista bibliográfica, curta ou ex- tensa? Seletiva ou exaustiva ? c) De que classe de materiais necessito? Dados bio- gráficos? Críticas de livros? Descrições de práticas cor- rentes? Datas? Definições? Comentários, argumentos pró ou contra? História do assunto? Ilustrações, exemplos? Lista de nomes de pessoas, de lugares, de instituições, de firmas comerciais ? d) Os tratados devem ser de natureza filosófica, so- ciológica, psicológica, pedagógica? Investigações originais ou seus resumos? Dados estatísticos, originais ou deri- vados? e) As referências devem ser antigas, recentes ou atualizadas (postas em dia)? A decisão sobre o tipo de materiais ou de informações depende da natureza dos assuntos ou dos objetivos. É pos- sível que para uma parte do estudo se necessite de um tipo de material e para outra seja necessário um tipo diferente. Damos alguns exemplos elucidativos. Digamos que o pesquisador está interessado em obter respostas para as seguintes questões : Como se processou no Brasil a formação de professo- res? Evidentemente, recessita-se, de dados históricos. Tais dados podem ser originais ou de segunda mão, de acordo com a natureza e os objetivos da pesquisa. \43 Quais são os requisitos para a formação de um profes- sor? A pergunta é ambígua. Pode-se necessitar de consul- tar a legislação vigente, como também pode-se precisar de tratados de pedagogia ou de psicologia. Quais são as tendências atuais a respeito dn formação
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