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Casos Concretos Direito Penal I - Semana 01 a 16

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CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 1/44 
Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
 TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 01 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 1) Leia o texto abaixo e responda às questões formuladas com base nas leituras indicadas no plano de aula e pelo seu professor. 
Maria, funcionária de uma empresa de telecomunicações, uma semana após comunicar seu empregador que estava grávida com o respectivo laudo é demitida por ordem direta do dono da empresa, o Sr Ricardo. 
Considerando que Ricardo praticou um ilícito, violando o art. 391-A da CLT (decreto lei 5.452/43) é possível afirmar que ele praticou um crime, uma vez que será sancionado? 
Assim, é possível afirmar que todo ilícito configura crime? 
Responda de forma justificada com base nos estudos realizados sobre as missões do Direito Penal no Estado Democrático de Direito. 
Resposta: 
Diz o Art. 391-A: A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (Incluído pela Lei nº 12.812, de 2013). 
Somente com base nesta informação e no caso relatado acima não é possível afirmar que o Sr. Ricardo praticou um crime pois: 
a) Para se configurar um crime, é preciso que haja pena prevista em lei conforme está previsto no Art. 1º do CP: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) Como a lei garante a gestante a estabilidade provisória no emprego, existem duas alternativas para o empregador após sua demissão: reintegrar ou indenizar a empregada gestante conforme tempo de estabilidade provisória sendo estas, portanto as únicas sanções aplicáveis ao empregador. O relato acima não explicita se a mesma recebeu a indenização que seria uma das opções para o empregador. Vale acrescentar que estas sanções seriam o mínimo direito da gestante e facultado a ela o livre arbítrio de requerer como reparação dos seus prejuízos. c) Conforme o Art. 186 do CC, ato ilícito civil ocorre quando aquele que por ação ou omissão voluntária, negligencia ou imprudência, viola direito e causa dano a outro indivíduo, ainda que exclusivamente moral. Enquanto que ato ilícito penal ou crime é quando aquele que, por ação ou omissão culpável, comete ato ilícito tipificado em lei e existe pena definida para o infrator. 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 2/44 
Portanto, nem todo ato ilícito configura crime, mas todo crime configura um ato ilícito tipificado em lei e sua respectiva forma de sanção/pena sobre a pessoa, como penas restritivas de liberdade ou de direitos. 
2) O Direito Penal é uma ferramenta de controle social, na medida que visa coibir condutas lesivas. Porém, num Estado Democrático de Direito, ainda que num olhar Garantista a análise do bem jurídico é de suma importância critério limitador do poder punitivo do Estado. Assim, analisando a função do Direito Penal, marque a opção correta: a) O Direito Penal visa garantir todos os bens jurídicos, por isso deve ser o mais amplo possível b) A pena é uma característica do Direito e, por isso, é definida como sanção em todos os ramos jurídicos c) A pena, exclusiva do Direito Penal, como visa ressocializar, seu uso é sempre salutar, devendo ser utilizada mesmo nos conflitos mais simples d) Em razão da gravidade da pena, o Direito Penal só deve ser aplicado nos casos de grave violação nos bens jurídicos de maior relevância 
Alternativa “c” 
3) Segundo a aula ministrada sobre as fontes do Direito Penal, assinale a alternativa incorreta: a) Na ausência de lei penal, o juiz pode usar os costumes para sancionar uma conduta considerada lesiva b) Os Estados membros e municípios não podem legislar matéria criminal c) As medidas provisórias, atos normativos exclusivos do Presidente da República, embora com força de lei, não são lei, por isso não podem tratar matéria criminal d) O legislador penal, em atenção ao princípio da intervenção mínima, deverá evitar a criminalização de condutas que possam ser contidas satisfatoriamente por outros meios de controle, formais ou informais, menos onerosos ao indivíduo 
Alternativa “a” 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 3/44 
Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
 TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 02 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 1) Leia o texto abaixo e responda às questões formuladas com base nas leituras indicadas no plano de aula e pelo seu professor. 
Em abril de 2014 José é flagrado por autoridades de fiscalização com um molinete e anzol pescando numa área interditada, de preservação ambiental. Em depoimento ele afirma que estava pescando apenas para distrair e levar um peixinho para o almoço, não fazendo de tal prática seu meio de vida. Ocorre que ele é preso e denunciado pela prática do crime previsto no art. 34 da lei 9.605/98. Uma vez condenado, havendo recurso da defesa o TRF o absolveu alegando que não ocorreu dano e nem grave risco ao bem jurídico tutelado que é o meio ambiente. 
Ante o exposto, é correto afirmar que a decisão do magistrado teve por fundamento qual(is) princípio(s) norteador(es)de Direito Penal? Responda de forma fundamentada. 
Resposta: 
Sim é correto afirmar que provavelmente o magistrado fundamentou sua decisão baseada em dois princípios norteadores do direito: 
Princípio da insignificância ou da bagatela: a finalidade do Direito Penal consiste na proteção subsidiária de bens jurídicos. Logo, comportamentos que produzam lesões insignificantes (pesca para uso próprio) aos objetos jurídicos tutelados (meio ambiente) pela norma penal devem ser considerados penalmente irrelevantes. O Supremo Tribunal Federal vem adotando critérios que nos parecem ajustados para a verificação, em cada caso, sobre a possibilidade de aplicar o princípio. São eles: 
(i) A mínima ofensividade da conduta do agente, (ii) A nenhuma periculosidade social da ação, (iii) O reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e (iv) A inexpressividade da lesão jurídica provocada (HC 84.412/SP) 
Princípio da intervenção mínima: somente se deve recorrer à intervenção do direito penal em situações extremas, como a última saída (ultima ratio). A princípio, portanto, deve-se deixar aos demais ramos do direito a disciplina das relações jurídicas. 
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. CAPÍTULO V – DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE Seção I – Dos Crimes contra a Fauna 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 4/44 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: I. Pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos; II. Pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; III. Transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas. 
2) Marcos, após beber 2 copos de cerveja com amigos, entra em seu carro e volta dirigindo para sua casa. Porém, no meio do caminho é parado por uma operação da lei seca. Ao ser submetido ao teste de alcoolemia pelo bafômetro é constatada a ingestão de álcool, sendo preso em flagrante em razãodo art. 306 do Código de trânsito (lei 9.503/97). Considerando que nos autos não há qualquer depoimento ou outra prova atestando que Marcos dirigia de forma perigosa ou sob o efeito do álcool, o juiz o absolveu informando que sua conduta não lesionou e nem gerou um risco concreto à incolumidade pública. Com base nessa decisão, qual o princípio norteador do direito foi utilizado pelo magistrado? a) Da legalidade b) Da lesividade c) Da adequação social d) Da subsidiariedade 
Alternativa “b” 
a) Errada pois há lei que tipifica o crime: art. 306 do Código de trânsito (lei 9.503/97). (Princípio da legalidade: Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal) b) Certa pois nos autos não há qualquer fato atestando que o condutor dirigia de forma perigosa. (Princípio da lesividade ou ofensividade. Não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta ao bem jurídico tutelado — nullum crimen sine injuria. Daí resulta serem inconstitucionais os crimes de perigo abstrato (ou presumido), nos quais o tipo penal descreve determinada conduta sem exigir ameaça concreta ao bem jurídico tutelado. Note-se, entretanto, que a jurisprudência dominante tende a admitir como válidos os delitos de perigo abstrato, por constituírem uma forma legítima de punição de infrações penais em sua fase embrionária) c) Errada pois atualmente não se aceita que o motorista dirija após ingestão de bebida alcoólica. (Princípio da adequação social: o fato deixará de ser típico quando aceito socialmente. Entretanto, tal princípio não tem merecido acolhida da maioria da jurisprudência, uma vez que sua aceitação implicaria a conclusão de que os costumes teriam força para revogar lei penal, o que é inadmissível em face do art. 22, I, da CF, e art. 2º, § 1º, da LINDB). d) Errada pois o caso não menciona que haja conflito entre normas. (Princípio da subsidiariedade - lex primaria derogat legi subsidiariae - a relação de subsidiariedade pressupõe que haja entre as normas aparentemente aplicáveis uma relação de conteúdo, há uma norma mais ampla - norma primária - porque descreve um grau maior de violação ao bem jurídico, e uma norma menos ampla - norma subsidiária - pois descreve um grau inferior de violação a esse mesmo bem). 
LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997 - Institui o Código de Trânsito Brasileiro. 
Seção II - Dos Crimes em Espécie 
Art. 306 Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1º. As condutas previstas no caput serão constatadas por: 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 5/44 
I. Concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou II. Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. 
§ 2º. A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. § 3º. O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 TÍTULO III - DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO CAPÍTULO II - DA UNIÃO Art. 22º Compete privativamente à União legislar sobre: I. Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942 - Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. (Repristinação) 3) Em relação ao princípio da insignificância ou de bagatela, assinale a alternativa incorreta: (Prova: MPE-SP - 2006 - MPE-SP - Promotor de Justiça) 
a) Seu reconhecimento exclui a tipicidade, constituindo-se em instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. b) Somente pode ser invocado em relação a fatos que geraram mínima perturbação social. c) Sua aplicação não é prevista no Código Penal, mas é amplamente admitida pela doutrina e jurisprudência. d) Somente tem aplicabilidade em crimes contra o patrimônio. e) Exige, para seu reconhecimento, que as consequências da conduta tenham sido de pequena relevância. 
Alternativa “a” 
a) Incorreta pois o princípio da insignificância não exclui a tipificação do crime (conduta), mas considera que o dano gerado (resultado) pela conduta seja mínimo ao bem tutelado e, portanto, deva ser considerado penalmente irrelevante. 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 6/44 
Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
 TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 03 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 1) Maria, após ter bebido alguns copos de cerveja num churrasco com amigos, acreditando estar bem pega seu carro para voltar para casa. Porém, em razão dos efeitos do álcool, numa curva perde a direção, vindo a colidir com outro veículo, gerando uma lesão corporal no condutor. Identificada a alcoolemia, Maria é indiciada e denunciada pelos crimes de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor e por dirigir alcoolizada, conforme os artigos 302 e 306 do CTB (lei 9.503/97). 
Analisando os princípios que solucionam o conflito aparente de normas, está correta essa capitulação? O que pode ser alegado na defesa de Maria quanto à referida tipificação? Justifique sua resposta. 
Resposta: 
De acordo com o caso concreto o princípio seguido foi da especialidade (duas normas incidentes sobre o mesmo fato: CP e CTB) e o resultado da conduta da ré foi lesão corporal no condutor do outro veículo e não homicídio. Portanto, a aplicação do artigo 302 do CTB está equivocada pois ele é válido para prática de homicídio culposo na direção de veículo automotor. Conclui-se que a capitulação que solucionou este conflito está incorreta e o artigo mais adequado seria o 303 que trata de lesão corporal culposa. Com relação ao artigo 306, está correta a capitulação pois foi identificada a alcoolemia e supõe-se que foi constatada através dos recursos previstos no parágrafo 1º. do referido artigo. 
Como trata-se de erro na capitulação jurídica, o advogado da ré poderia pedir a anulação da ação baseando-se no princípio da correlação ou relatividade. O princípio da correlação, também chamado de princípio da relatividade ou da congruência da condenação com a imputação ou ainda da correspondência entre o objeto da ação e o objeto da sentença, representa uma das mais relevantes garantias do direito de defesa, pois assegura ao réu a certeza de que não poderá ser condenado sem que tenha tido oportunidade de, previa e pormenorizadamente, ter ciência dos fatos criminosos que lhe são imputados, podendo, assim, defender-se amplamente da acusação. No presente caso, a ré foi condenada por homicídio culposo ao invés de lesão corporal. 
Outra alternativa, com o objetivo de amenizar a pena, seria apelar com o princípio da consunção (ou absorção) quando um fato definido como crime atua como fase de preparação, de execução ou de exaurimento de outro crime mais grave, ficando por este absorvido, neste caso para redução da pena da Ré pois a pena para embriaguez é maior do que apena para lesão corporal. No que tange ao concurso de crimes apresentados, um crime de dano,ou seja, no caso dos crimes culposos de trânsito de lesões corporais e homicídio, o delito do art. 306 restará absorvido. O delito de embriaguez tem pena de 06 (seis) meses a 03 (três) anos de detenção. O delito de lesão, em sua forma simples (caput), tem pena de 06 (seis) meses a 02 (dois) anos de detenção, portanto inferior ao delito de embriaguez. 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 7/44 
Fontes de informação: 
Artigo: Embriaguez ao volante e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor https://jus.com.br/artigos/35226/embriaguez-ao-volante-e-lesao-corporal-culposa-na-direcao-de-veiculo-automotor 
Artigo: O PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO OU DA RELATIVIDADE http://www.ibrajus.org.br/revista/artigo.asp?idArtigo=261 
Lesão corporal é resultado de atentado bem-sucedido à integridade corporal ou a saúde do ser humano, excluído o próprio autor da lesão (artigo 129 do CP). 
Homicídio (do latim hominis excidium) é um crime que consiste no ato de uma pessoa matar outra. 
LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997 - Institui o Código de Trânsito Brasileiro. 
Seção II - Dos Crimes em Espécie 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1º. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: III. Não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação IV. Praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; V. Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; VI. No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. 
§ 2º. Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente: Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. Art. 306 Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
§ 1º. As condutas previstas no caput serão constatadas por: I. Concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou II. Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 8/44 
§ 2º. A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. § 3º. O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. 
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 - Código Penal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 2) Um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática atinente àquele crime? (DPE-MS/ 2012 - VUNESP - Defensoria Pública) 
No conflito aparente de normas, esta afirmação explica o princípio da 
a) Especialidade b) Subsidiariedade c) Consunção d) Alternatividade 
Alternativa “c” 
a) Errada, pois principio da especialidade dá-se quando existir, entre as duas normas aparentemente incidentes sobre o mesmo fato, uma relação de gênero e espécie. Será especial e, portanto, prevalecerá a norma que contiver todos os elementos de outra (a geral), além de mais alguns, de natureza subjetiva ou objetiva, considerados especializantes. b) Errada, pois princípio da subsidiariedade pressupõe que haja entre as normas aparentemente aplicáveis uma relação de conteúdo a continente. Há uma norma mais ampla (norma primária), porque descreve um grau maior de violação ao bem jurídico, e uma norma menos ampla (norma subsidiária), pois descreve um grau inferior de violação a esse mesmo bem. c) Correta, pois no princípio da consunção ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática atinente àquele crime. d) Errada, pois princípio da alternatividade tem lugar nas infrações penais de ação múltipla ou conteúdo variado, que são aqueles tipos penais que possuem diversos núcleos (verbos), separados pela conjunção alternativa “ou”. Quando alguém pratica mais de um verbo do mesmo tipo penal, num mesmo contexto fático, só responde por um crime (e não pelo mesmo crime mais de uma vez). 
3) Segundo os estudos da presente aula, marque a opção correta quanto à norma penal em branco: 
a) É uma norma incompleta que precisa de outro ato normativo para integrá-la b) É uma norma incompleta que exige a interpretação analógica c) É uma norma clara e precisa d) É uma norma permissiva que afasta o delito 
Alternativa “a” 
Normal penal em branco trata-se da lei cujo preceito primário é incompleto, embora o preceito secundário seja determinado. Tal lei tem de ser completada por outra, já existente ou futura, da mesma hierarquia ou de hierarquia inferior. 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 9/44 
Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
 TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 04 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 1) Consta dos autos que o ora paciente foi denunciado pelo Ministério Público Federal pela prática dos crimes de tráfico de drogas (Lei 6.368/76, art. 12, caput, c/c o art. 18, I e III) e de corrupção ativa (CP, art. 333, caput), após haver sido preso em flagrante, no município de Jaci/SP, em 12/11/2000, na posse de seis mil e dezesseis (6.016) frascos de lança-perfume, produto contendo o componente químico identificado no HC 120026/SP laudo de constatação como cloreto de etila, ocasião em que ofereceu vantagem indevida aos Policiais Rodoviários Federais responsáveis pela sua prisão, com o fim de determiná-los a permitir a sua liberação. 
Todavia, houve superveniente edição da Resolução ANVISA nº 104/2000, publicada em 07/12/2000, que excluiu o cloreto de etila da relação constante da Lista das Substâncias Psicotrópicas de Uso Proscrito no Brasil (Portaria SVS/MS nº 344/98), embora, 8 dias depois referida Resolução sofre nova alteração incluindo novamente a substância de cloreto de etila. 
Assim, o autor do fato poderá ser beneficiado de alguma forma? Justifique sua resposta. 
Resposta: Sim, porque a Lei 6.368/76 (revogada pela lei 11.343/06) é uma lei penal em branco, istoé, pune condutas relacionadas com drogas ilícitas sem descrever quais seriam estas substancias e tal informação se encontra em ato administrativo da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. A partir do momento que a ANVISA publica uma lista não incluindo a substância “etila” como droga ilícita, há uma descriminalização da conduta. Portanto, de acordo com a CF de 1988, em seu art. 5º. Inciso XL, e o art. 2º do CP, a lei penal não pode retroagir salvo para beneficiar o réu e que ninguém poderá ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Acrescenta-se ainda como defesa o parágrafo único do art. 2º do CP, que lei posterior, que de qualquer modo favoreça o agente, aplica-se aos fatos anteriores ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
Fontes: 
LEI Nº 6.368, DE 21 DE OUTUBRO DE 1976. Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras providências. Foi revogada pela Lei nº 11.343, de 2006. 
CAPÍTULO III - Dos crimes e das penas 
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 10/44 
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; 
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. 
Art. 18. As penas dos crimes definidos nesta Lei serão aumentadas de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços): I. no caso de tráfico com o exterior ou de extra-territorialidade da lei penal; II. quando o agente tiver praticado o crime prevalecendo-se de função pública relacionada com a repressão à criminalidade ou quando, muito embora não titular de função pública, tenha missão de guarda e vigilância; III. se qualquer deles decorrer de associação ou visar a menores de 21 (vinte e um) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, diminuída ou suprimida a capacidade de discernimento ou de autodeterminação; 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
TÍTULO II - DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
CAPÍTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 – CÓDIGO PENAL PARTE GERAL TÍTULO I - DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 2) Um francês que mata um português a bordo de um navio privado brasileiro que se encontra ancorado num porto italiano responderá, via de regra e pelo princípio da ubiquidade, pela lei de que país? a) Brasil b) França c) Itália d) Portugal 
Alternativa “a” 
Justificativa: de acordo com o artigo 7º. do CP, inciso II, alínea c e § 2º alínea b 
Teoria da Ubiquidade (ou Mista): Lugar do crime é tanto aquele em que se produziu (ou deveria ter se produzido) o resultado, bem como onde foi praticada a ação ou omissão. 
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 – CÓDIGO PENAL PARTE GERAL TÍTULO I - DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: II - os crimes: 
 CASOS CONCRETOS 
 
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c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
3) Em virtude da seca que assola o país, considere a hipótese em que seja promulgada uma Lei Federal ordinária que estabeleça como crime o desperdício doloso ou culposo de água tratada, no período compreendido entre 01 de novembro de 2014 e 01 de março de 2015. Em virtude do encerramento da estiagem e volta à normalidade, não houve necessidade de edição de nova lei ou alteração no prazo estabelecido na citada legislação. Nessa hipótese, o indivíduo A que em 02 de março de 2015 estiver sendo acusado em um processo criminal por ter praticado o referido crime de desperdício de água tratada, durante o período de vigência da lei, (Inspetor de polícia civil de primeira classe - VUNESP - 2015): 
a) Poderá ser condenado pelo crime de desperdício de água tratada ainda que o período indicado na lei que previu essa conduta esteja encerrado; b) Não poderá ser punido pelo crime de desperdício de água tratada; c) Só poderá ser punido pelo crime de desperdício de água tratada se houver nova edição da lei no próximo período de seca; d) Só poderá ser punido pelo crime de desobediência em virtude de não mais subsistir o crime de desperdício de água tratada. e) Poderá ser condenado pelo crime de desperdício de água tratada, no entanto esta condenação não poderá ser executada. 
Alternativa “a” 
Justificativa: O acusado teve a conduta realizada no período de vigência da leia e acordo com o art. 3º do CP, “A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. É considerada excepcional a lei elaborada para incidir sobre fatos havidos somente durante determinadas circunstâncias excepcionais, como situações de crise social, econômica, guerra, calamidades etc. E temporária aquela elaborada com o escopo de incidir sobre fatos ocorridos apenas durante certo período de tempo. 
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 – CÓDIGO PENAL PARTE GERAL TÍTULO I - DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
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Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
 TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 05 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 1) Uma empresa de produtos químicos é autuada em flagrante por despejar num rio próximo lixo tóxico sem o devido tratamento, configurando o crime previsto no art. 54 da lei 9.605/98. Tal lesão decorreu de uma decisão dos votos dos sócios que decidiram por economizar verbas naquele momento. Porém, a empresa foi denunciada e condenada criminalmente pelo delito. 
Está correta essa decisão? Uma pessoa Jurídica pode responder criminalmente? Justifique sua resposta. 
Resposta: Com base somente na lei ambiental, a decisão está correta pois uma pessoa jurídica pode responder criminalmente através dos seus representantes legais ou contratuais ou de seu órgão colegiado conforme está estabelecido no artigo 3º. Da lei 9.605/98. 
Contudo, mesmo havendo previsão constitucional, essa não é suficiente para se determinar de fato como seria essa proteção e como se daria a responsabilidade das empresas,como sujeito ativo de crime. A responsabilidade penal da pessoa jurídica tem se apresentado como tema recorrente na maioria dos debates jurídicos, em especial quando o assunto é Meio Ambiente. Isso porque a discussão não fica adstrita somente ao direito, envolvendo ainda economia, política, enfim assuntos atuais e dinâmicos. 
Na verdade, quando o assunto é responsabilidade penal e pessoa jurídica, no Brasil, ressaltam-se três grandes correntes que pelas argumentações trazidas são tidas como referências. 
A mais forte dessas correntes, e por certo a majoritária defende que pessoa jurídica não pode cometer crime, e assim o diz com base na teoria civil onde a pessoa jurídica não passa de uma mera ficção legal, é uma pura abstração jurídica, e justamente por isso não possui condições de praticar crimes. 
Os fundamentos dessa corrente, dizem que Pessoa jurídica não pratica conduta criminosa, pois não possui consciência nem finalidade, portanto, puni-la significaria responsabilidade penal objetiva. Algo que por si só já é inimaginável, e que se agrava no caso a pessoa jurídica, vez que ela não possui sequer culpabilidade, ou seja, capacidade de entender o potencial conhecimento da ilicitude. 
Entretanto, demonstrando entendimento diverso da doutrina, os Tribunais Superiores, têm entendido que é possível a responsabilização da pessoa jurídica. Disse o STJ que pessoa jurídica comete crime, e asseverou pacificando que ela pode ser denunciada desde que juntamente com a pessoa física. Por seu turno disse o STF que a pessoa jurídica pode ser condenada criminalmente, e independentemente da responsabilidade da pessoa física, que a administre. 
Por mais que a lei tenha deixado de forma clara que a pessoa jurídica responderá criminalmente, essa responsabilização encontra-se prejudicada justamente pelo fato da atual teoria do crime ter sido forjada para os humanos, tanto que possui elementos próprios que induzem humanidade, como conduta 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 13/44 
humana, dolo, sem falar é claro da própria culpabilidade. E nessa hora não vale nem invocar a conduta de um dos sócios para tentar justificar a responsabilidade penal da pessoa jurídica, vez que a deles já foi salvaguardada. 
Contudo, não se pode dizer com isso que a pessoa jurídica é inatingível, não é isso. Mas ocorre que ela se torna mais acessível por outras vias que não a penal, prova maior e melhor é que as multas ligadas à esfera administrativa possuem valor inimaginavelmente superior do que as vistas como punição penal. A pessoa jurídica deve sim pagar pelos danos que sua atividade fim realiza, mas deve fazê-lo por outras vias que não a penal. A não ser é claro, que se crie na doutrina e por consequência na própria lei, uma nova teoria do crime, com requisitos e elementos totalmente adaptado para as pessoas jurídicas. 
A conclusão que se extrai, e aproveitando para responder à pergunta feita, é que não é possível responsabilizar penalmente a pessoa jurídica, tendo em vista que ela não é dotada de culpabilidade, onde ao mesmo tempo que não pode ela se determinar, também não possui condições de compreender o sentido de uma pena. Sem contar ainda, que toda responsabilização penal da pessoa jurídica se pauta na conduta determinada pelos administradores, o que representa outra clara violação constitucional do princípio da pessoalidade. 
Portanto, com a estruturar jurídica hoje em vigor, não só é incorreto punir uma pessoa jurídica, como ainda é inconstitucional por violar não só princípio da legalidade, como o da pessoalidade. 
Fontes: 
http://fabriciocorrea.jusbrasil.com.br/artigos/121941395/responsabilidade-penal-da-pessoa-juridica 
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 
Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
2) Em que consiste o crime de mão própria? (MPE-MS - 2011 - MPE-MS - Promotor de Justiça) a) O crime de mão própria pode ser praticado por qualquer pessoa; b) O crime de mão própria somente pode ser praticado mediante paga ou promessa de recompensa; c) O crime de mão própria somente pode ser praticado contra criança ou adolescente; d) O crime de mão própria é aquele que somente pode ser praticado pela pessoa expressamente indicada no tipo penal; e) O crime de mão própria só pode ser praticado por pessoas de certa faixa etária. 
Alternativa “d” 
Justificativa: Crime de mão própria é todo aquele que só pode ser praticado pelo autor direto da infração. Em princípio não admite coautoria ou mesmo a coparticipação através da instigação ou orientação. 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
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3) O crime de perigo para a vida ou saúde de outrem previsto no art. 132 do Código Penal é considerado de perigo (FCC - 2011 - MPE-CE - Promotor de Justiça) Parte superior do formulário a) Comum. b) Concreto. c) Abstrato. d) Presumido. e) Omissivo. 
Alternativa “b” 
Justificativa: O perigo deve ser concreto, apresentando-se direto e iminente, já que a norma assim dispõe, impondo-se a prova de comprovação de que houve efetiva exposição da vida ou da saúde a perigo. Trata-se de um tipo genérico de perigo, onde é imprescindível a prova da existência do perigo. Ou seja, além da descrição do fato praticado deve ser demonstrado ao juiz o perigo concreto sofrido pela vítima. A conduta do sujeito exige a inserção de uma vítima certa numa situação de risco real – não presumido -, experimentando uma circunstância muito próxima ao dano. Proíbe-se a exposição da vida ou da saúde de alguém a um risco de dano determinado, palpável e iminente, ou seja, que está para acontecer. O Dano é iminente, mas o perigo é atual. 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
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Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
 TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 06 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 1. Vera, mulher humilde, do lar e mãe de 4 filhos, certa vez, durante a noite, ao perceber a ausência de seu companheiro se levanta e o flagra no quarto de sua filha mais velha, a qual contava com 11 anos de idade tendo relação sexual com esta. Porém, com medo de se ver sozinha, se cala e nada faz para impedir o ato, o qual ainda se repete mais quatro vezes ao longo do mês. Porém, o fato sendo relatado a uma tia pela menina, é levado à autoridade policial que indicia o autor pelo crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). 
Considerando a conivência de Vera, analisando sua omissão, defina sua responsabilidade penal. Justifique. 
Resposta: Vera cometeu um crime omissivo impróprio, que é aquele em que uma omissão inicial do agente dá causa a um resultado posterior (estupro de vulnerável), o qual o agente tinha o dever jurídico de evitá-lo. Assim, ela deve ser indiciada pelo artigo 13 do CP, § 2º, alínea “a”. pois tinha por lei a obrigação de cuidado, proteção e vigilância da filha. Não responderá pela omissão em si, mas pelos efeitos e consequências decorrentes da omissão. 
Vale ressaltar que crime sexual contra menor de 14 anos é considerado crimehediondo e a CF em seu artigo 5º diz que responderão pelo crime hediondo os mandantes, os executores e quem podendo evitar se omitir. Como Vera é, por ser mãe da vítima, responsável pela integridade sexual da sua filha, deverá responder pelo mesmo crime que for imputado ao companheiro, ou seja, ambos serão julgados por estupro de vulnerável pois não há informações sobre a impossibilidade de Vera agir para evitar o resultado do estupro e ela optou por deixar sua filha ser abusada sexualmente para não perder seu companheiro. 
DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. – Código Penal PARTE GERAL - TÍTULO II - DO CRIME 
Art. 13º. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 
 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
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2. Segundo as teorias da ação, marque a opção correta (defensor público substituto/RO- 2010): a) A ação para teoria causal é sempre uma atividade final, graças ao saber final do homem. b) A ação para a teoria final é sempre uma atividade natural, baseada na causalidade. c) A ação para a teoria final é sempre uma atividade dirigida à determinada finalidade graças ao saber causal do homem. d) Pode-se dizer que a finalidade é cega, e a causalidade é vidente. e) Para a teoria finalista, o dolo e a culpa integram a culpabilidade. 
Alternativa “e” 
Justificativa: Para a teoria finalista da ação, que foi a adotada pelo nosso Código Penal, será típico o fato praticado pelo agente se este atuou com dolo ou culpa na sua conduta, se ausente tais elementos, não poderá o fato ser considerado típico, logo sua conduta será atípica. Ou seja, a vontade do agente não poderá mais cindir-se da sua conduta, ambas estão ligadas entre si, devendo-se fazer uma análise de imediato no “animus” do agente para fins de tipicidade. 
dolo = houve intenção ou vontade consciente de cometer ato ilícito ou de violar a lei. 
3. Assinale a alternativa correta: (MPE-PR - 2013 - MPE-PR - Promotor Substituto) a) No crime comissivo por omissão ou omissivo impróprio inexiste o dever jurídico de agir, não respondendo o omitente pelo resultado, mas pela própria prática da conduta omissiva, podendo ser citado, como exemplo, o crime de omissão de socorro. Já no crime omissivo próprio o omitente devia e podia agir para evitar o resultado b) No crime omissivo próprio o agente responde pelo resultado que deu causa. Já no caso do crime omissivo impróprio este se aperfeiçoa com a simples omissão; c) Os denominados delitos omissivos próprios, como os omissivos impróprios ou comissivos por omissão, são considerados crimes de mera conduta, posto que a omissão não pode dar causa a qualquer resultado; d) Os denominados crimes omissivos próprios admitem tentativa; e) O crime omissivo próprio o omitente não responde pelo resultado, perfazendo-se o crime com a simples omissão do agente, podendo ser citado, como exemplo, o crime de omissão de socorro. Já no crime comissivo por omissão ou omissivo impróprio o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. 
Alternativa “e” 
Crime omissivo impróprio: também chamado de comissivo por omissão é aquele em que uma omissão inicial do agente dá causa a um resultado posterior, o qual o agente tinha o dever jurídico de evitá-lo. É o que acontece quando a mãe de uma criança deixa de alimentá-la, provocando a sua morte. Neste caso, a mãe responderá pelo crime de homicídio, já que tinha o dever jurídico de alimentar seu filho. (Art. 13 do CP) 
Crime omissivo próprio: É o crime que se perfaz pela simples abstenção do agente, independentemente de um resultado posterior, como acontece no crime de omissão de socorro, previsto no artigo 135 do Código Penal, que resta consumado pela simples ausência de socorro. O agente se omite quando deve e pode agir. (Art. 13 e 135 do CP) 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
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Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
 TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 07 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 1) O incêndio na boate Kiss matou 242 pessoas e feriu 680 outras numa discoteca da cidade de Santa Maria, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul. O incêndio ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 e foi causado pelo acendimento de um sinalizador por um integrante de uma banda que se apresentava na casa noturna. A imprudência e as más condições de segurança ocasionaram a morte de mais de duas centenas de pessoas. Os integrantes da banda e o dono da casa noturna foram indiciados pelos homicídios na forma do dolo eventual. Considerando que os músicos estavam dentro da boate no momento do fato tendo ocorrido, inclusive, a morte de um deles e que esse era o principal empreendimento de seu dono e que era um completo sucesso, está correta a qualificação? 
Analisando o dolo e a culpa, justifique sua resposta. 
Resposta: 
Não e deveria ser culposo que é quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (art. 18º., inciso II do CP) pois foi resultante da inobservância de cuidados necessários através de falta de prudência que evitaria todos os perigos associados a conduta de acender um sinalizador em um ambiente fechado, próximo a material inflamável e que no processo de combustão liberaria gases tóxicos e letais. O dono da casa por não ter observado as condições de segurança necessárias quando houvesse situação de risco e evacuação do recinto. 
Considerando os elementos do crime culposo, temos: 
a) Conduta: o que importa em um crime culposo é o resultado que a conduta provoca e o desvalor da ação ou omissão que a ele deu causa. O que importa não é o fim do agente, mas o modo e a forma imprópria como ele atua no caso concreto. Portanto, conduta culposa é aquela na qual o agente não observa um dever de cuidado e por esse motivo causa um resultado típico (morte, lesões corporais, etc.). b) Dever de cuidado objetivo: confronta-se a conduta do agente com a conduta que teria, nas mesmas condições, um homem prudente e de discernimento. Se o agente não agiu como agiria o homem prudente, cometeu o crime culposo. A inobservância do cuidado objetivo necessário pode manifestar-se da seguinte formas: i. Imprudência: é uma conduta positiva, uma ação. ii. Negligência: é uma conduta negativa, uma omissão iii. Imperírcia: incapacidade ou falta de conhecimentos técnicos no exercício de arte ou ofício. c) Resultado d) Previsibilidade (objetiva e subjetiva) 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 18/44 
 
No dolo eventual o Musico prevê a possibilidade do acidente e assume o risco da ocorrência do seu resultado, não se importando com sua ocorrência. Já na culpa consciente o Musico tinha a previsão da ocorrência do resultado, porém acreditava sinceramente que não ocorreria. 
 
2) (Prova: UEG - NÚCLEO - 2008 - PC-GO - Delegado de Polícia) 
Sobre o dolo, é CORRETO afirmar: 
a) O dolo direto de segundo grau compreende os meios de ação escolhidos para realizar o fim, incluindo os efeitos secundários representados como certos ou necessários, independentemente de serem esses efeitos ou resultados desejados ou indesejados pelo autor. b) Age com culpa consciente aquele químico que manipula fórmulas para produção de alimentos sem as devidas cautelas relativas à contaminação; no entanto, sabedor do perigo e pouco se importando com o resultado, continua a atuar e acaba, desse modo, causando lesão à saúde dos consumidores. c) No dolo de primeiro grau, o agente buscaindiretamente a realização do tipo legal. d) O Código Penal pátrio, no artigo 18, inciso I, adotou somente a teoria da vontade. 
Alternativa “a” 
a) Correta: o denominado dolo direto de segundo grau é aquele que decorre do meio escolhido para a prática do delito, em outras palavras, diz respeito a um efeito colateral típico decorrente do meio escolhido e admitido, pelo autor, como certo ou necessário. No dolo direto de segundo grau o agente tem consciência e vontade de concretizar os requisitos objetivos do tipo. Porém, sua conduta conduzirá e gerará efeito colateral típico. Este resultado colateral é decorrente do meio escolhido pelo sujeito. Exemplo citado pela doutrina alemã: o dono provoca o incêndio em seu navio com o propósito de enganar a seguradora. As mortes dos passageiros e dos tripulantes constituem efeitos colaterais típicos decorrentes do meio escolhido (incêndio). Com uma só conduta o agente pratica vários crimes (concurso formal). Entretanto, se o agente desejava inequivocamente a morte de cada uma das vítimas, resulta configurado o concurso formal impróprio. b) Errada: na culpa consciente o agente sabe do perigo, porém acredita fielmente que o resultado não ocorrerá, assim, diferente do Dolo Eventual no qual o agente sabe do perigo e fica indiferente quanto a possibilidade de se produzir o resultado, aceitando o risco. c) Errada: No dolo de primeiro grau o agente busca diretamente a realização da figura típica. d) Errada: o Código Penal adota a Teoria da Vontade na 1ª parte do Inc. I do Art. 18, e a Teoria do Consentimento na 2ª parte do mesmo inciso. 
 
3) Pedro, não observando seu dever objetivo de cuidado na condução de uma bicicleta, choca-se com um telefone público e o destrói totalmente. Nesse caso, é correto afirmar que Pedro: (OAB FGV / 2011) a) Deverá ser responsabilizado pelo crime de dano simples, somente. b) Deverá ser responsabilizado pelo crime de dano qualificado, somente. c) Deverá ser responsabilizado pelo crime de dano qualificado, sem prejuízo da obrigação de reparar o dano causado. d) Não será responsabilizado penalmente. 
Alternativa “e” 
 
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Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 08 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 
4) Marcos, ao conduzir tranquilamente seu veículo na mão de direção é repentinamente abalroado em sua traseira por um outro veículo, conduzido por Jorge, que o conduzia de forma distraída falando no seu celular. Marcos, ao perder a direção, acaba colidindo com um poste, o qual se rompe e cai sobre seu veículo, atingindo-o no crânio, causando a morte. Analisando a dinâmica dos fatos e a causalidade, defina a responsabilidade penal de Jorge. Justifique. 
Resposta: Jorge ao conduzir o veículo de forma distraída e falando ao celular, agiu com imprudência, violando um dever de cuidado objetivo. Sua conduta provocou o acidente de Marcos, resultando na sua morte. Estabeleceu-se assim o nexo de causalidade entre a conduta e o resultado lesivo, involuntário, ou seja, não desejado. O fato é típico, dirigir sem o dever de cuidado objetivo, houve um resultado involuntário, homicídio, cujo nexo causal foi a conduta de Jorge ao dirigir. Nessas circunstâncias estão presentes os elementos do fato típico culposo. Assim, Jorge responderá por homicídio culposo na direção de veículo, conforme o artigo 302, do CTB. 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
5) Ana e Bruna desentenderam-se em uma festividade na cidade onde moram e Ana, sem intenção de matar, mas apenas de lesionar, atingiu levemente, com uma faca, o braço esquerdo de Bruna, a qual, ao ser conduzida ao hospital para tratar o ferimento, foi vítima de acidente de automóvel, vindo a falecer exclusivamente em razão de traumatismo craniano. 
Acerca dessa situação hipotética, é correto afirmar, à luz do CP, que Ana: (2009 - CESPE - OAB) 
e) Não deve responder por delito algum, uma vez que não deu causa à morte de Bruna. f) Deve responder apenas pelo delito de lesão corporal. g) Deve responder pelo delito de homicídio consumado. h) Deve responder pelo delito de homicídio na modalidade tentada. 
Resposta: alternativa “b” 
Justificativa: o vínculo existente entre a conduta de Ana e o resultado por ela produzido termina no resultado lesão corporal pois esta foi a intenção dela, apenas lesionar. 
 CASOS CONCRETOS 
 
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6) NÃO ocorre nexo de causalidade nos crimes: (Delegado de Polícia DF 2005) a) De mera conduta; b) Materiais; c) Omissivos impróprios; d) Comissivos por omissão; e) De dano. 
 Resposta: Alternativa “a” 
a) De mera conduta: É aquele em que a lei descreve apenas uma conduta, e não um resultado. Sendo assim, o delito consuma-se no exato momento em que a conduta é praticada. Pode-se citar como exemplo o crime de violação de domicílio, previsto no artigo 150, do Código Penal, em que a lei tipifica a conduta de ingressar ou permanecer em domicílio alheio sem autorização do morador, independente da ocorrência de qualquer resultado naturalístico. b) Material: o tipo penal descreve a conduta e o resultado, exigindo para consumação a realização do resultado. Ex. homicídio. c) Omissivos impróprios: É aquele em que uma omissão inicial do agente dá causa a um resultado posterior, o qual o agente tinha o dever jurídico de evitá-lo. É o que acontece quando a mãe de uma criança deixa de alimentá-la, provocando a sua morte. Neste caso, a mãe responderá pelo crime de homicídio, já que tinha o dever jurídico de alimentar seu filho. d) Comissivos por omissão = omissivos impróprio e) De dano: É aquele que pressupõe a efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, como é o caso do crime de homicídio, em que há morte da vítima, sendo a vida o bem jurídico tutelado; e como é o caso do furto, em que se lesiona o patrimônio da pessoa, bem este juridicamente tutelado. 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
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Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 09 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 
7) Carlos, não tendo habilitação, realiza em casa uma falsificação grosseira com base na carteira de um amigo (inclusive ficando borrada e com dados fora de ordem). Sendo parado em uma blitz policial, dirigindo um carro seu devidamente vistoriado, é solicitada sua habilitação, quando temerosamente ele entrega o documento falsificado, o que é imediatamente identificado pela autoridade. 
Sendo indiciado pelos crimes dos artigos 297 e 304 do CP, o que pode ser alegado em sua defesa? Justifique sua resposta. 
Resposta: De acordo com a descrição do caso concreto, presume-se que se trata de falsificação grosseira, visivelmente perceptível, incapaz de ludibriar o policial. Assim, seu advogado pode alegar que se tratava de crime impossível, por absoluta impropriedade do meio, em conformidade com o artigo 17, do Código Penal. 
Código Penal 
Crime impossível 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime 
Falsificação de documento público 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; 
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; 
 CASOS CONCRETOS 
 
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III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 
 Uso de documento falso 
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: 
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. 
8) Lúcia, objetivando conseguir dinheiro, sequestra Marcos, jovem cego. Quando estava escrevendo um bilhete para a família de Marcos, estipulando o valor do resgate, Lúcia fica sabendo, pela própria vítima, que sua família não possui dinheiro algum. Assim, verificando que nunca conseguiria obter qualquer ganho, Lúcia desiste da empreitada criminosa e coloca Marcos dentro de um ônibus, orientando-o a descer do coletivo em determinado ponto. 
Com base no caso apresentado, assinale a afirmativa correta. (2013/ FGV/OAB) 
i) Lúcia deve responder pelo delito de sequestro ou cárcere privado, apenas. j) Lúcia não praticou crime algum, pois beneficiada pelo instituto da desistência voluntária. k) Lúcia deve responder pelo delito de extorsão mediante sequestro em sua modalidade consumada. l) Lúcia não praticou crime algum, pois beneficiada pelo instituto do arrependimento eficaz. 
Resposta: Alternativa “a” 
Justificativa: Trata-se de desistência voluntária, prevista no art. 15 do CP. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados 
9) Pretendendo matá-lo, Fulano coloca veneno no café de Sicrano. Sem saber do envenenamento, Sicrano ingere o café. Logo em seguida, Fulano, arrependido, prescreve o antídoto a Sicrano, que sobrevive, sem qualquer sequela. Diante disso, é correto afirmar que se trata de hipótese de (2007 - VUNESP - OAB-SP) a) Crime impossível, pois o meio empregado por Fulano era absolutamente ineficaz para obtenção do resultado pretendido. b) Tentativa, pois o resultado não se consumou por circunstâncias alheias à vontade de Fulano. c) Arrependimento posterior, pois o dano foi reparado por Fulano até o recebimento da denúncia. d) Arrependimento eficaz, pois Fulano impediu voluntariamente que o resultado se produzisse. 
Resposta: Alternativa “d” 
Justificativa: Fulano, tendo já ultimado o envenenamento de Sicrano, desenvolveu nova atividade, prescrevendo o antídoto a Sicrano, que impediu a produção do resultado intencionado, mata-lo. Neste caso, trata-se da segunda hipótese do art. 15 do CP: impede que o resultado se produza. 
 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 23/44 
Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 10 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 
10) Marcos, durante um bloco de carnaval, apertado para urinar e sem alternativas próximas, como banheiros químicos, vai para trás de um poste da forma mais discreta possível. Porém, ao terminar de urinar percebe o flagrante realizado por um guarda municipal. Sendo autuado pelo crime de ato obsceno previsto no art. 233 do CP, analisando os elementos do tipo penal, defina sua principal tese defensiva de forma justificada. 
Resposta: Para ser obsceno, o ato precisa ter conotação sexual e para ser crime deve existir o dolo de praticar a obscenidade em público. No presente caso concreto, Marcos estava com urgência para satisfazer sua necessidade fisiológica e na ausência de local próprio, procurou local escondido, isto é, que não pudesse ser observado por outrem, utilizando-se inclusive de um anteparo, um poste, para ocultar suas partes intimas. Sua conduta é considerada atípica, não houve ato obsceno, não podendo ele ser responsabilizado penalmente pelo crime do artigo 233, do CP. Ou seja, falta o elemento normativo do tipo penal. 
Ato obsceno 
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
11) Segundo os estudos sobre os elementos constitutivos do tipo penal, marque a opção correta: e) Os três elementos são cumulativos e estão presentes em todos os tipos f) O elemento normativo precisa ser valorado para se alcançar seu atual significado g) O elemento objetivo trata do especial fim de agir do sujeito h) O elemento subjetivo sempre é vago e indeterminado 
Resposta: Alternativa “b” 
Justificativa: Em torno do núcleo penal encontramos os elementos que visam proporcionar a perfeita descrição da conduta criminosa. Existem 3 elementos: 
- Os elementos normativos quando presente nos tipos penais podem conter elementos na sua formação que não são de compreensão imediata, como os elementos objetivos e subjetivos em razão de necessitar um juízo de valor sobre os mesmos. Nestes tipos penais que contém elementos normativos, além do legislador incluir expressões como “matar, subtrair, ofender, etc.”, inclui ele ainda expressões como sem “justa causa”, “indevidamente”, “fraudulentamente”, etc., que são considerados elementos normativos. Estas expressões exigem do interprete um juízo de valor, não sendo certo, determinado, quantificado, de plano. 
 CASOS CONCRETOS 
 
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- Os elementos objetivos do tipo referem-se ao aspecto material da infração penal, dizendo respeito à forma de execução, tempo, modo, lugar, etc. Ocorre que muitas vezes, o núcleo do tipo (verbo que representa a conduta proibida), por si só, não representa um fato injusto, necessitando, para que seja reprovada, de outros elementos, conhecidos como objetivos. Exemplos: art. 155, § 1º (repouso noturno – referência ao tempo); art. 233 (lugar público – referência ao lugar), etc. 
- Os elementos subjetivos do tipo penal, também conhecidos na doutrina por elementos subjetivos do injusto, dizem respeito ao estado psicológico do agente, ou seja, à sua intenção. Assim, encontramos na formação de alguns tipos penais estas informações sobre intenção do agente, representadas por expressões como: com o fim de (art. 134 – caput), para si ou para outrem (art. 155, caput; art. 156, caput; art. 157, caput), em proveito próprio ou alheio (art. 173, 174, etc.), com o fim de lucro (art. 282, par. único; art. 302, par. único) 
 
 
 
12) Segundo os estudos sobre a teoria do delito é possível afirmar que o fato típico é: (2009-MPE-SE - Técnico do Ministério Público) a) A modificação do mundo exterior descrita em norma legal vigente. b) A descrição constante da norma sobre o dever jurídico de agir. c) A ação esperada do ser humano em face de uma situação de perigo. d) O comportamento humano descrito em lei como crime ou contravenção. e) A possibilidade prevista em lei do exercício de uma conduta ilícita. 
Resposta: Alternativa “d” 
Justificativa: Fato típico é o fato criminoso ocorrido na vida real,ou seja, é o fato que enquadra a conduta (ação ou omissão) do agente descrita na lei penal. 
 
 CASOS CONCRETOS 
 
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Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 11 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 13) Marcos, um terrível traficante, dirigindo seu carro reconhece um antigo desafeto seu numa moto parado no sinal de trânsito. Na intenção de matá-lo ou, ao menos, causar-lhe grave lesão, joga o carro sobre ele, atingindo-o, causando sua queda e lesões corporais graves. Porém, o que Marcos não sabia é que o referido motociclista estava emparelhado a um carro também parado no sinal e iniciava um assalto com a arma apontada para a vítima por de baixo da jaqueta. Com isso, Marcos acabou repelindo uma injusta agressão, porém, sem saber. Analisando os elementos constitutivos das descriminantes responda qual seria a responsabilidade penal de Marcos. Este poderia alegar alguma excludente de ilicitude? Justifique sua resposta. 
Resposta: A única excludente de ilicitude possivelmente aplicável seria a legítima defesa (art. 23º, inciso II), entretanto ela depende de alguns requisitos objetivos: a. Agressão injusta, atual ou iminente b. Direito próprio ou alheio c. Utilização de meios necessários com moderação. 
O elemento subjetivo existente na legitima defesa é a vontade de se defender ou defender direito alheio. Assim, além de preencher os requisitos objetivos, o agente precisa ter o animus defendente no momento da ação. Se o agente desconhecia a agressão que estava por vir e age com intuito de causar mal ao agressor, não haverá exclusão de ilicitude da conduta, pois haverá mero caso de coincidência. A conduta de Marcos não tinha a finalidade de defender o direito de outrem, visto que desconhecia essa situação, portanto, a excludente de legítima defesa não poderá ser alegada porque um dos requisitos da legítima defesa é o total conhecimento da situação justificante. Marcos atuou com o dolo de matar ou ferir gravemente seu desafeto, devendo ser responsabilizado penalmente por lesão corporal de natureza grave. 14) Considera-se em estado de necessidade quem: (2015/VUNESP-PC-CE–Delegado de Polícia Civil de 1a Classe) a. Pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, ainda que nas circunstâncias seja exigível sacrifício. b. Exclusivamente em situação de calamidade pública, pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. c. Pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se d. Exclusivamente em situação de calamidade pública, pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio (excluído direito alheio), cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 26/44 
e. Pratica o fato para salvar de perigo iminente ou atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, ainda que nas circunstâncias seja exigível sacrifício. 
Resposta: Alternativa “c” Justificativa: Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 15) Rivaldo ateou fogo em seu apartamento para receber o seguro correspondente. No entanto, não conseguiu sair do imóvel pelas portas e tentou escapar pela janela, com a utilização de uma corda, juntamente com a sua empregada Nair. A corda começou a romper-se e, em face da existência de perigo atual e inevitável para sua vida, fez Nair desprender-se da corda, cair e morrer, o que permitiu que descesse até o solo. Nesse caso, Rivaldo: (2013 - FCC - MPE-AM) a. Não agiu em estado de necessidade, porque era razoável exigir-se o sacrifício do direito próprio em situação de perigo. b. Agiu em estado de necessidade, porque não podia de outra forma salvar-se da situação de perigo. c. Não agiu em estado de necessidade, porque a situação de perigo foi provocada por sua vontade. d. Agiu em estado de necessidade, porque o perigo era atual e inevitável. e. Agiu em estado de necessidade, porque o perigo era eventual e abstrato. 
Resposta: Alternativa “c” Justificativa: Art. 24, CP não se aplica a condição “perigo atual que não provocou pela sua vontade”. Conforme caso concreto, Rivaldo ateou fogo em seu apartamento, gerando o perigo atual “incêndio”. 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 27/44 
Aluno(a): Material disponibilizado no Passei Direto - ARP 
Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 12 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 16) Leandro, um policial militar em serviço, ao se deparar com dois elementos suspeitos na iminência de furtar um veículo efetua voz de prisão. Porém, um deles saca uma arma e dispara contra o policial, o qual a fim de repelir a agressão efetua dois disparos, os quais atingem, causando a morte do ladrão. O segundo, diante do flagrante tenta fugir, mas o policial corre atrás dele mandando que pare e diante da recusa de parar, Leandro efetua um disparo em sua perna, causando uma lesão corporal permitindo a sua prisão. Com isto, analisando as duas situações, defina a responsabilidade penal de Leandro. Justifique sua resposta analisando as descriminantes. Justifique sua resposta. 
Resposta: Na primeira situação, embora o policial tenha matado um dos criminosos, não haverá crime, visto que o policial atuou em legítima defesa de sua vida, ao revidar uma injusta agressão (art. 23º, inciso II). O elemento subjetivo existente na legitima defesa é a vontade de se defender ou defender direito alheio. Assim, além de preencher os requisitos objetivos, o agente precisa ter o animus defendente no momento da ação e no presente caso, o policial reagiu atirando no ladrão com o intuito de salvar a sua própria vida ou de outrem. Na segunda situação não há estrito cumprimento do dever legal. Se o policial atira no agente, suspeito de assalto, que desobedeceu à ordem de parada, provocando-lhe lesões corporais de natureza grave, não há falar em estrito cumprimento do dever legal, mormente porque o policial agiu numa percepção equivocada, uma vez que a vítima não representava perigo concreto ao réu ou aos seus colegas que justificassem a violência empregada. Além do mais, a lei proíbe à autoridade, aos seus agentes e a quem quer que seja desfechar tiros de revólver ou pistola contra pessoas em fuga, mais ainda contra quem, devida ou indevidamente, sequer havia sido efetivamente preso. Fonte: http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/210960/recurso-especial-resp-402419-ro-2001-0191236-6 Processo: REsp 402419 RO 2001/0191236-6 Relator(a): Ministro HAMILTON CARVALHIDO Julgamento: 21/10/2003 Órgão Julgador: T6 - SEXTA TURMA Publicação: DJ 15.12.2003 p. 413 RSTJ vol. 181 p. 516 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 28/44 
17) Acrásio encontrava-se detido em uma delegaciada polícia civil por ter ameaçado a vida de um terceiro. Lá, apresentou comportamento violento e incontido: debatia-se contra as grades, agredia outros detentos e dirigia impropérios contra os policiais. Após os outros detentos serem retirados da cela, Acrásio foi algemado, momento em que passou a provocar e a ofender Sinfrônio, policial que o guardava, que, em seguida, adentrou a cela e lhe desferiu vários golpes de cassetete, causando em Acrásio graves lesões (constatadas por laudo pericial), agressão que somente cessou após a intervenção de outro policial. Logo, a conduta do policial Sinfrônio: (2014 - FUNCAB - PC-MT - Investigador) a) Não configurou crime, haja vista estar sob a exclusão de ilicitude exercício regular do direito, em face das provocações e agressões verbais proferidas pelo detido. b) Não configurou crime, haja vista estar sob a exclusão de ilicitude estado de necessidade, em face das provocações e agressões verbais proferidas pelo detido. c) Configurou o crime de tortura previsto no artigo 1º, § 1º, da Lei n° 9.455/1997. d) Não configurou crime, haja vista estar sob a exclusão de ilicitude legítima defesa, em face das provocações e agressões verbais proferidas pelo detido. e) Não configurou crime, haja vista estar sob a exclusão de ilicitude estrito cumprimento do dever legal, em face das provocações e agressões verbais proferidas pelo detido. 
Resposta: Alternativa “c” Justificativa: conforme mencionada: Art. 1º Constitui crime de tortura: I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 18) Jaime, objetivando proteger sua residência, instala uma cerca elétrica no muro. Certo dia, Cláudio, com o intuito de furtar a casa de Jaime, resolve pular o referido muro, acreditando que conseguiria escapar da cerca elétrica ali instalada e bem visível para qualquer pessoa. Cláudio, entretanto, não obtém sucesso e acaba levando um choque, inerente à atuação do mecanismo de proteção. Ocorre que, por sofrer de doença cardiovascular, o referido ladrão falece quase instantaneamente. Após a análise pericial, ficou constatado que a descarga elétrica não era suficiente para matar uma pessoa em condições normais de saúde, mas suficiente para provocar o óbito de Cláudio, em virtude de sua cardiopatia. 
Nessa hipótese é correto afirmar que: (FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado – XIII) a) Jaime deve responder por homicídio culposo, na modalidade culpa consciente. b) Jaime deve responder por homicídio doloso, na modalidade dolo eventual. c) Pode ser aplicado à hipótese o instituto do resultado diverso do pretendido. d) Pode ser aplicado à hipótese o instituto da legítima defesa preordenada. 
Resposta: Alternativa “d” Justificativa: A questão tem como objeto a utilização, para a defesa do patrimônio, de ofendículo (aquilo que impede ou atrapalha), ou seja, meios utilizados para a proteção de bens jurídicos. São exemplos de 
 CASOS CONCRETOS 
 
Estácio Santo Amaro/SP Relatório de Casos Concretos Página 29/44 
ofendículos: cacos de vidro sobre muros, posse de cachorro, cerca elétrica etc. Entende-se que, desde que não haja abuso, a colocação de ofendículos constitui mais um exemplo de criação de risco permitido (é exercício de um direito). O principal problema do tema se relaciona com a natureza jurídica do ofendículo. Aníbal Bruno defende que a utilização de ofendículos se revela como exercício regular de direito (BRUNO, Aníbal. Direito Penal - Parte Geral, t. II, p.9. 1984). Em sentido totalmente oposto, Nelson Hungria os trata como sendo modalidade peculiar da legítima defesa: legítima defesa preordenada. Em posição intermediária, Damásio E. Jesus firmou-se no sentido de que, no momento em que os ofendículos são instalados, fala-se em exercício regular de direito; porém, quando efetivamente utilizados ou acionados, tem-se a caracterização da a legítima defesa preordenada. Do que se vê, de acordo com as três correntes estudadas, trata-se, sem dúvida, de hipótese de excludente de ilicitude. Em se considerando a primeira, a antijuridicidade restaria afastada pelo exercício regular de direito (art. 23º, III do CP), e em consonância com as seguintes, pela legítima defesa (art. 23º, II do CP). Nessa linha de raciocínio, já é possível descartar, sem sobra de dúvida, três das assertivas apresentadas: as letras “a”, ”b” e “c” pois se mostram totalmente incorretas, posto que impõem a responsabilização do indivíduo pelo homicídio (culposo ou doloso). De tal modo, é possível afirmar, com toda certeza, que a alternativa correta é a a: legítima defesa preordenada. Fontes: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/115166/a-configuracao-da-legitima-defesa-preordenada 
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Matrícula: Período: Semestre: 2016.1 
 
NOME DA DISCIPLINA: DIREITO PENAL I 
CÓDIGO: CCJ0007 
PROFESSOR (A): 
TÍTULO DO CASO CONCRETO: 
CASO CONCRETO – AULA SEMANA 13 
 DESCRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO: 1) Um Oficial de Justiça de serviço, cumprindo um mandado judicial numa comunidade carente é preso em flagrante por policiais pelo crime de porte ilegal de arma (art. 14 da lei 10.826/2003). Durante o inquérito restou demonstrado que a arma foi entregue pelo juiz a fim de garantir um mínimo de segurança ao agente público que, em outrora, já sofrera ameaças na referida comunidade que se encontra em área de risco, havendo, inclusive, acordo verbal com o comando policial para que os Oficiais não fossem abordados quando no cumprimento de suas funções. Assim, analisando a conduta do Oficial, ele responderá criminalmente ou haveria algum instituto jurídico penal a ser considerado? Responda analisando a culpabilidade da conduta. 
Resposta: No caso concreto acima, diante das circunstâncias mencionadas, poder-se-ia alegar inexigibilidade de conduta diversa. Neste sentido, em não sendo possível praticar conduta diversa, pode o agente recair sobre uma excludente de criminalidade ou diminuição de pena, que consiste na inexigibilidade de conduta diversa, que se vale do princípio de que não sendo possível exigir do autor um comportamento diverso (conforme o direito), não se pode puni-lo. As situações de inexigibilidade de conduta diversa são previstas pela legislação e encontram-se no Código Penal:  Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.  Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
§ 1º. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º. Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. São as hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa: a) Estado de necessidade exculpante; b) Coação moral irresistível; c) Obediência hierárquica, d) Impossibilidade de dirigir as ações conforme a compreensão da antijuridicidade e e) Outras causas supralegais. 
No presente caso, seria aplicado a obediência hierárquica.

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