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ALIMENTOS E O NOVO CPC PRAZO DE CONTESTAÇÃO

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Boa tarde!!
Esta semana uma colega me interpelou indignada com o fato de uma juíza ter dito, em audiência de conciliação, que o prazo de defesa na ação de alimentos não é contado tal como determina o novo CPC no art. 335, I (15 dias a contar da data da audiência de conciliação), e que então deveria ser ofertada a contestação no ato da audiência nos termos da Lei 5478/68 (conhecida como Lei de Alimentos).
Analisada a questão, temos que razão assiste a Magistrada e, diante deste fato, cabe aqui um alerta de que devemos tomar cuidado para não ser pegos de surpresa em casos como o que acabo de relatar. 
É fato que o Novo CPC dedicou um capítulo para as ações de família (Capítulo X) que vai dos artigos 693 a 699.
Porém, destacamos, neste caso, o parágrafo único do art. 693 que assim dispõe:
“A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de adolescente observarão o procedimento previsto em legislação específica, aplicando-se, no que couber, as disposições deste Capítulo” (grifo nosso).
Logo, foi esse dispositivo que fundamentou o entendimento da Magistrada para determinar que a defesa do réu fosse apresentada em audiência de tentativa de conciliação em ação de alimentos e não em 15 dias após a realização da audiência nos termos do art. 335, I.
Isto porque, aplicam-se no que couber as disposições do Capítulo das Ações de Família, naquilo que tenha sido regulamentado por norma especial. Neste caso, a norma especial é a Lei 5.478/68, que prevê apresentação em audiência de respostas do réu (nos casos de autos eletrônicos, o juiz vem requerendo que se faça juntada antes da audiência, ainda que algumas horas antes).
Vale lembrar que a Lei 5.478/68 tem por objetivo tornar mais célere o processamento da ação de alimentos, dispensando-lhe um rito especial e colocando a disposição do alimentado, instrumentos processuais capazes de assegurar, de pronto, a prestação jurisdicional e, desta forma, em busca de atingir essa intenção, adotou o princípio da concentração da causa, o que faz como que o maior número de atos sejam praticados na mesma oportunidade, tal como a audiência que deve ser designada para conciliação, instrução e julgamento, sempre que possível.
Isso nos leva ao reconhecimento da prevalência da lei especial sobre a geral (“lex specialis” sobre a “lex generali”), pois, senão, a lei especial perde sua razão de ser.
Entendemos, portanto que, se há procedimento especial para a ação de alimentos não há que se falar em aplicação dos prazos do novo CPC para apresentação de defesa que, salvo melhor juízo, continua tal como previsto na Lei 5478/68. 
Fiquem atentos!!!
Até a próxima,
Cíntia Portes

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