Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 1 MED RESUMOS 2011 NETTO, Arlindo Ugulino. SEMIOLOGIA A N A M N E S E P S I Q U I Á T R I C A ( P r o f e s s o r I v a n o r V e l l o s o e E s t á c i o A m a r o J ú n i o r ) A P s i q u i a t r i a uma especialidade da Medicina que lida com a preveno, atendimento, diagnstico, tratamento e reabilitao das diferentes formas de sofrimentos mentais, sejam elas de cunho orgnico ou funcional, com manifesta es psicolgicas severas. So exemplos: a depresso, o transtorno bipolar, a esquizofrenia, a demncia e os transtornos de ansiedade. Os mdicos especializados em psiquiatria so em geral designados por p s i q u i a t r a s (at meados do sculo XX foi tambm comum a designao a l i e n i s t a s ). A meta principal o alvio do sofrimento e o bem-estar psquico. Para isso, necessria uma avaliao completa do paciente, com perspectivas biolgica, psicolgica, de ordem cultural, entre outras afins. A anamnese psiquitrica uma ferramenta de importncia significativa para a obteno de um diagnstico psiquitrico. Esta parte do exame psiquitrico corresponde ao principal recurso para formulao diagnstica, representando a principal fonte de dados para formular hipteses diagnsticas, alm de garantir o contato inicial com o paciente e um passo fundamental para estabelecer uma aliana teraputica. PR-REQUISITOS FUNDAMENTAIS Para a realizao de uma boa e completa anamnese psiquitrica, os seguintes aspectos devem ser lembrados e praticados, sempre no intuito de promover um vnculo positivo com o paciente e, assim, coletar dados fidedignos para a estruturao diagnstica e teraputica: A t i t u d e d o m é d i c o : Demonstrar cordialidade, sensibilidade, interesse, proximidade, espontaneidade e empatia (clima favorvel para se expor problemas a um desconhecido). fundamental ser honesto, sincero e guardar sigilo, no intuito de conquistar a confiana do paciente – sem confiana, no haver a coleta de informa es fidedignas. P r e p a r a ç ã o d o a m b i e n t e : Deve ser tranquilo, silencioso e bem iluminado (rudos e estmulos comprometem a escuta e a ateno, aumentando a possibilidade de o paciente desencadear experincias de distoro da realidade). Deve ser tambm reservado para permitir informa es ntimas (interrup es ou presena de terceiros inibem o fluxo da entrevista). M a n e j o d o s i l ê n c i o : Pode ser indcio de dificuldade com algum tema ou quebra na comunicao; dificuldade em confiar ou estabelecer vnculo; ressentimento por atitude ou interveno do examinador. Silncios prolongados devem ser evitados, podem aumentar ansiedade, representar hostilidade e promover o ressentimento. O examinador deve abordar com franqueza o fato. Lembrar sempre que o paciente pode estar em estupor em patologias como: esquizofrenia, quadros orgnicos e depresso. T e m p o d e d u r a ç ã o : No geral, deve levar tempo suficiente para vencer resistncias iniciais (45 a 90 min). Realizar uma entrevista curta e objetiva (10 min) para pacientes agitados, orgnicos, psicticos ou no cooperativos. Entrevistas muito longas, alm de cansativas, so improdutivas; por esta razo, mais prudente dividir a consulta em mais de um encontro. Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 2 A n o t a ç õ e s : O registro escrito necessrio, e alguns pacientes sentem-se valorizados com esta conduta. Certos pacientes (como os pacientes “paranoides”) mostram-se inibidos e desconfiados com anota es; elas tambm podem prejudicar a observao de gestos, rea es, mmica facial (neste caso, deve-se recorrer a memria e tomar notas depois). C o n t a t o c o m f a m i l i a r e s : Entrevista com familiares necessria, sobretudo com pacientes agitados, deficientes mentais, em mutismo ou que no tenham condi es de informar adequadamente. O mdico deve tentar entrevistar primeiro o paciente, depois inform-lo de que ouvir os familiares em sua presena. Com pacientes psicticos pode ser necessrio contato separado. Informa es do paciente no devem ser recontadas aos familiares quando no h consentimento do paciente. A exceo p l a n o s u i c i d a ou risco para terceiros ( p l a n o h o m i c i d a ). ESTRUTURA DA ENTREVISTA A entrevista, na forma de uma anamnese psiquitrica, consiste em um roteiro ou esquema pr-definido para a coleta de dados que permite o registro de forma organizada para viabilizar uma anlise adequada, sempre no intuito de formular hipteses diagnsticas. As informa es so dispostas sob os seguintes ttulos: Identificao; Queixa principal; Histria da doena atual; Antecedentes pessoais; Antecedentes familiares; Exame fsico (a depender da disponibilidade do paciente); Exame mental. I D E N T I F I C A Ç Ã O Na identificao, necessrio coletar informa es gerais e scio-demogrficas acerca do entrevistado, no intuito de registrar dados gerais acerca do doente e iniciar o relacionamento mdico-paciente. Devem ser coletados os seguintes dados: N o m e c o m p l e t o , s e x o , i d a d e , estado civil, p r o f i s s ã o , g r a u d e i n s t r u ç ã o , r e l i g i ã o , raa, nacionalidade, naturalidade, procedncia, e n d e r e ç o r e s i d e n c i a l e t e l e f o n e . Nome e parentesco do acompanhante. Os dados destacados em negrito podem ser considerados os mais importantes: O sexo feminino tem mais chances de desenvolver depresso do que pacientes do sexo masculino, enquanto que a incidncia de esquizofrenia no to alto no sexo feminino (e o prognstico melhor neste sexo, uma vez que no homem, a esquizofrenia acontece de uma forma mais precoce e mais grave). Quanto idade, as psicoses funcionais (como a esquizofrenia e o transtorno bipolar) incidem muito mais no adolescente e no adulto jovem; sintomas semelhantes na terceira idade so sugestivos de psicose orgnica, geralmente secundria a doenas neurodegenerativas (demncia vascular, Alzheimer, etc.), delirium, etc. Questionar sobre a religio, por exemplo, fundamental para diferenciar pacientes que passam por certas experincias espirituais e religiosas, como ocorre no espiritismo, por exemplo. O endereo residencial e o telefone do doente so imprescindveis para o acompanhamento teraputico (sobretudo quando o paciente apresenta ideias suicidas e/ou homicidas). Q U E I X A P R I N C I P A L E D U R A Ç Ã O Consiste no registro, em poucas palavras, do problema que motivou a consulta e a durao do mesmo. Em outras palavras, a resposta da seguinte pergunta: “Qual o motivo/problema que o (a) trouxe consulta? H quanto tempo o(a) senhor(a) apresenta isso?”. Sempre que possvel, deve ser registrado com as express es textuais que o paciente ou acompanhante (devidamente identificado) utilizou. importante observar quem encaminhou, de quem foi a iniciativa de buscar ajuda e com que objetivo. H I S T Ó R I A D A D O E N Ç A A T U A L ( H D A ) A HDA se baseia no esclarecimento sobre sintomas atuais do paciente e que motivaram a busca de tratamento: quais so, como se manifestam, seu incio, seu curso, grau de interferncia na vida pessoal e profissional, sua relao com eventos desencadeantes, fatores e circunstncias relacionados com o incio, existncia de episdios semelhantes em outros perodos da vida, tratamentos realizados e resultados obtidos. Para se obter uma HDA simples, deve-se lembrar de algumas regras fundamentais a seguir: Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 3 Determinar o sintoma-guia (delrios, alucina es, fobias, etc.); Explore: incio do sintoma (poca,modo, fator desencadeante), durao, caractersticas do sintoma na poca em que teve incio, evoluo, repercuss es do problema sobre a vida social do paciente, importante considerar a descrio detalhada dos sintomas, a frequncia, durao e flutua es dos mesmos. Ainda, deve-se observar a sequncia cronolgica dos sintomas e eventos relacionados desde as primeiras manifesta es at a situao atual. As perguntas formuladas devem ser simples, acessveis e de acordo com o nvel cultural de cada doente; As informa es prestadas devem ser transcritas preferentemente em termos tcnicos (mdicos), mas, em certas ocasi es, ser lcito transcrever para a HDA as palavras leigas (entre aspas), especialmente se elas referirem a um sintoma permanentemente enfatizado pelo paciente; Anote tambm nomes e resultados de exames laboratoriais realizados no decurso da doena; Quando possvel, permita que o paciente conte sua histria como deseja e saliente os aspectos que ele considera importante. Evite perguntas sugestivas, que fornecem as respostas para as perguntas. A histria deve ser narrada pelo prprio doente, sempre que possvel, ou por intermdio de um responsvel, no caso de doentes impossibilitados de falar, fato esse que dever ser anotado. A N T E C E D E N T E S P E S S O A I S A investigao dos antecedentes fundamental para a entrevista psiquitrica e no pode ser esquematizada rigorosamente. possvel e til, uma sistematizao que sirva como roteiro e diretriz de pesquisa. Os seguintes aspectos so particularmente importantes para a anamnese psiquitrica e, atravs deles, possvel caracterizar possveis personalidades pr-morbidas: Condi es de gestao e parto, infncia, adolescncia e idade adulta; Desenvolvimento neuropsicomotor (andar – at 14 meses; falar e montar pequenas frases – 24 meses; etc.), Histrico na escola e desempenho acadmico, Histrico de relacionamentos interpessoais, particularmente com pai, me, irmos; Eventos de vida de grande impacto (mortes de entes queridos, assaltos, doenas j vividas ou em curso, demiss es, etc.), Envolvimentos afetivos, sexualidade, amizades, lazer, aptid es, deficincias, limita es, caracterizao da sua personalidade e forma predominante de se relacionar com as pessoas e situa es. Alm disso, deve-se investigar patologias anteriores ou atuais (diabetes, hipertenso arterial, doenas da tireoide), tratamentos realizados, rea es alrgicas a medicamentos, etc. A N T E C E D E N T E S F A M I L I A R E S Na entrevista psiquitrica, necessrio dar nfase aos antecedentes familiares: investigar se outros membros da famlia apresentam doenas semelhantes ou com problemas psiquitricos; pesquisar por histrico de suicdio na famlia; formular a caracterizao da personalidade de pai e me; buscar vulnerabilidade gentica para doenas fsicas e mentais. Tais dados so importantes pois admite-se que doenas, como as psicoses funcionais, apresentam uma base gentica; portanto, a presena de um histrico familiar pode ser considerado como fator de risco. E X A M E F Í S I C O O examinador deve ter bom-senso com relao a abordagem fsica do paciente: pacientes somatizadores e ansiosos se sentem seguros e mais valorizados durante exames mais detalhados; em contrapartida, pacientes psicticos e/ou paranoides podem interpretar esta conduta como uma ameaa, sendo impossvel a realizao de uma abordagem mais detalhada. Desta forma, preza-se pela realizao de um exame fsico mais sumrio e direcionado, com o objetivo de coletar dados mais genricos. Os seguintes dados so considerados relevantes para a entrevista psiquitrica: Identificar se possvel biotipo segundo classificao de Kretschemer (leptossmico, pcnico, atltico, displsico) Registrar dados ectoscpicos como estado geral, modo de vestir e higiene do paciente, grau de nutrio, hidratao, mucosas, pele, musculatura, panculo adiposo, temperatura, gnglios, edemas, deformidades. Se possvel, proceder um exame sumrios dos seguintes aparelhos: Aparelho cardiocirculatrio: ritmo cardaco, presena de sopros. Aparelho respiratrio: presena de murmrios vesiculares e distribuio nos hemitraces; presena de rudos adventcios (roncos, sibilos, etc.) e localizao Aparelho digestrio: inspeo (plano, globoso, escavado, presena de cicatrizes, abaulamentos), presena de dor palpao, ausculta. Aparelho geniturinrio: presena de queixas urinrias ou genitais. Sistema osteomuscular: presena de deformidades sseas ou dificuldades na marcha. Endcrino: glicemia (diagnosticar diabetes), doenas da tireoide (doena de Graves, por exemplo), doenas da adrenal (feocromocitoma, por exemplo), etc. Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 4 B r e v i l í n i o / P í c n i c o / E n d o m o r f o N o r m o l í n i o / A t l é t i c o / M e s o m o r f o L o n g i l í n i o / L e p t o s s ô m i c o / E c t o m o r f o T r o n c o p r e v a l e c e s o b r e m e m b r o s E s t a t u r a a b a i x o d a m é d i a A b d o m e v o l u m o s o c / h i p e r t r o f i a d a s v í s c e r a s M e t a b o l i s m o l e n t o c o m t e n d ê n c i a a a d i p o s i d a d e P e s c o ç o c u r t o , r o s t o r e d o n d o , t e n d ê n c i a a c a l v í c i e P r o p e n s o a o D i a b e t e s e a h i p e r t e n s ã o ; M a i s p r o p e n s o a d e s e n v o l v e r p s i c o s e m a n í a c o - d e p r e s s i v a , t r a n s t o r n o b i p o l a r . E s t a t u r a m é d i a R e l a ç ã o t r o n c o / m e m b r o s e q u i l i b r a d a R e l a ç ã o a b d o m e / t ó r a x e q u i l i b r a d a B o m d e s e n v o l v i m e n t o e s q u e l é t i c o M u s c u l a t u r a b e m d e s e n v o l v i d a M e m b r o s l o n g o s E s t a t u r a a c i m a d a m é d i a T ó r a x m a i o r q u e a b d o m e V í s c e r a s a b d o m i n a i s p e q u e n a s M e t a b o l i s m o r á p i d o c / e s c a s s a a d i p o s i d a d e P e s c o ç o l o n g o , r o s t o c o m p r i d o P r o p e n s o a ú l c e r a , t u b e r c u l o s e e a n e m i a M a i s p r o p e n s o a d e s e n v o l v e r e s q u i z o f r e n i a s E X A M E D O E S T A D O M E N T A L O e x a m e d o e s t a d o m e n t a l é u m a a v a l i a ç ã o d o f u n c i o n a m e n t o m e n t a l d o p a c i e n t e , n o m o m e n t o d o e x a m e , c o m b a s e n a s o b s e r v a ç õ e s q u e f o r a m f e i t a s d u r a n t e a e n t r e v i s t a . A s s i m , e l e p o d e v a r i a r d e u m m o m e n t o p a r a o u t r o , e m f u n ç ã o d e m u d a n ç a s n a p s i c o p a t o l o g i a d o p a c i e n t e . D a m e s m a f o r m a q u e o e x a m e f í s i c o d e u m p a c i e n t e c o m h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l , p o d e m o s t r a r u m a p r e s s ã o a r t e r i a l n o r m a l , e m r a z ã o d o p a c i e n t e e s t a r m e d i c a d o , o e x a m e d o e s t a d o m e n t a l d e u m e s q u i z o f r ê n i c o p o d e d e i x a r d e a p r e s e n t a r a l u c i n a ç õ e s , p e l o m e s m o m o t i v o . C o m o o b j e t i v o d e f a c i l i t a r a d e s c r i ç ã o , o e x a m e d o e s t a d o m e n t a l é o r g a n i z a d o p o r á r e a s ( e x : p e n s a m e n t o , s e n s o - p e r c e p ç ã o , a f e t o , e t c . ) , e m b o r a e x i s t a u m a g r a n d e i n t e r - r e l a ç ã o e n t r e e s t a s d i f e r e n t e s á r e a s . 1 . A p r e s e n t a ç ã o g e r a l T r a t a - s e d e u m a d e s c r i ç ã o d a i m p r e s s ã og e r a l a d v i n d a d a a p a r ê n c i a f í s i c a , d a a t i t u d e e c o n d u t a d o p a c i e n t e n a i n t e r a ç ã o c o m o e n t r e v i s t a d o r . a ) A p a r ê n c i a : a d e s c r i ç ã o d e v e p e r m i t i r f o r m a r u m a i m a g e m s o b r e o p a c i e n t e , d e f o r m a a r e c o n h e c ê - l o , e n g l o b a n d o : A p a r ê n c i a q u a n t o à i d a d e e à s a ú d e ; A p r e s e n ç a d e d e f o r m i d a d e s e p e c u l i a r i d a d e s f í s i c a s ; O m o d o d e v e s t i r - s e e o s c u i d a d o s p e s s o a i s , i n c l u i n d o o r d e m , a s s e i o e e x c e n t r i c i d a d e s ; A e x p r e s s ã o f a c i a l , a t r a v é s d a m í m i c a e e n q u a n t o s i n a i s s u g e s t i v o s d e d o e n ç a o r g â n i c a , d e p r e s s ã o , a n s i e d a d e , a l e g r i a e x a g e r a d a o u s e m m o t i v o a p a r e n t e . b ) P s i c o m o t r i c i d a d e : O c o m p o r t a m e n t o e a t i v i d a d e m o t o r a , e n v o l v e n d o a v e l o c i d a d e e i n t e n s i d a d e d a m o b i l i d a d e g e r a l n a m a r c h a , q u a n d o s e n t a d o e n a g e s t i c u l a ç ã o ; A a t i v i d a d e m o t o r a , i n c l u i n d o a a g i t a ç ã o ( h i p e r a t i v i d a d e ) o u r e t a r d o ( h i p o a t i v i d a d e ) , a p r e s e n ç a d e t r e m o r e s , d e a c a t i s i a , e s t e r e o t i p i a s , m a n e i r i s m o s ( m o v i m e n t o s i n v o l u n t á r i o s e s t e r e o t i p a d o s ) , t i q u e s ( m o v i m e n t o s i n v o l u n t á r i o s e e s p a s m ó d i c o s ) ; A p r e s e n ç a d e s i n a i s c a r a c t e r í s t i c o s d e c a t a t o n i a ( a n o m a l i a s m o t o r a s e m d i s t ú r b i o s n ã o o r g â n i c o s ) , c o m o f l e x i b i l i d a d e c é r e a ( m a n u t e n ç ã o d e p o s t u r a s i m p o s t a s p o r o u t r o s ) , o b e d i ê n c i a a u t o m á t i c a , r e s i s t ê n c i a p a s s i v a e a t i v a , n e g a t i v i s m o ( r e s i s t ê n c i a i m o t i v a d a ) , e s t u p o r ( l e n t i f i c a ç ã o m o t o r a , i m o b i l i d a d e ) e c a t a l e p s i a ( m a n u t e n ç ã o d e u m a p o s i ç ã o i m ó v e l ) . c ) S i t u a ç ã o d a e n t r e v i s t a / i n t e r a ç ã o : d e v e - s e d e s c r e v e r a s c o n d i ç õ e s e m q u e a e n t r e v i s t a o c o r r e u a b r a n g e n d o : O l o c a l ; A p r e s e n ç a d e o u t r o s p a r t i c i p a n t e s e I n t e r c o r r ê n c i a s e v e n t u a i s Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 5 Q u a n t o à i n t e r a ç ã o , d e v e - s e d e s c r e v e r a d i s p o n i b i l i d a d e e i n t e r e s s e f r e n t e à e n t r e v i s t a , d e s t a c a n d o - s e : c o o p e r a ç ã o , o p o s i ç ã o , t e n d ê n c i a a c o n d u z i r a e n t r e v i s t a , i n d i f e r e n ç a , n e g a t i v i s m o f r e n t e a o e x a m e . 2 . L i n g u a g e m e p e n s a m e n t o O e x a m i n a d o r t e m u m a c e s s o i n d i r e t o a o p e n s a m e n t o d o p a c i e n t e , a t r a v é s d o d i s c u r s o d o m e s m o d u r a n t e a e n t r e v i s t a . A s s i m , a l i n g u a g e m e o p e n s a m e n t o s ã o a v a l i a d a s c o n j u n t a m e n t e , n e s t a p a r t e d o e x a m e , s e g u n d o o s s e g u i n t e s a s p e c t o s : a ) C a r a c t e r í s t i c a s d a f a l a : d e v e s e r a n o t a d o s e a f a l a é e s p o n t â n e a , s e o c o r r e a p e n a s e m r e s p o s t a à e s t i m u l a ç ã o o u n ã o o c o r r e ( m u t i s m o ) . D e s c r e v e - s e , t a m b é m , o v o l u m e d a f a l a e s e o c o r r e a l g u m d e f e i t o n a v e r b a l i z a ç ã o , t a i s c o m o : a f a s i a ( p r e j u í z o n a c o m p r e e n s ã o o u t r a n s m i s s ã o d e i d e i a s , a t r a v é s d a l i n g u a g e m , q u e é d e v i d o à l e s õ e s o u d o e n ç a s n o s c e n t r o s c e r e b r a i s e n v o l v i d o s c o m a l i n g u a g e m ) , d i s a r t r i a ( i n c a p a c i d a d e n a a r t i c u l a ç ã o d a s p a l a v r a s ) , g a g u e i r a , r o u q u i d ã o , e t c . b ) P r o g r e s s ã o d a f a l a : d e v e s e r o b s e r v a d a a q u a n t i d a d e e a v e l o c i d a d e d a v e r b a l i z a ç ã o d o p a c i e n t e , d u r a n t e a e n t r e v i s t a . A l g u m a s a l t e r a ç õ e s p o s s í v e i s s ã o l i s t a d a s a b a i x o : L i n g u a g e m q u a n t i t a t i v a m e n t e d i m i n u í d a - o p a c i e n t e r e s t r i n g e s u a f a l a a o m í n i m o n e c e s s á r i o , c o m r e s p o s t a s m o n o s s i l á b i c a s o u m u i t o s u c i n t a s , s e m s e n t e n ç a s o u c o m e n t á r i o s a d i c i o n a i s . F l u x o l e n t o - s ã o n o t a d a s l o n g a s p a u s a s e n t r e a s p a l a v r a s e / o u l a t ê n c i a p a r a i n i c i a r u m a r e s p o s t a . P r o l i x i d a d e - o p a c i e n t e f a l a m u i t o , d i s c o r r e n d o l o n g a m e n t e s o b r e t o d o s o s t ó p i c o s , p o r é m a i n d a d e n t r o d o s l i m i t e s d e u m a c o n v e r s a ç ã o n o r m a l . F l u x o a c e l e r a d o - o p a c i e n t e f a l a , c o n t i n u a m e n t e , e c o m v e l o c i d a d e a u m e n t a d a . O e x a m i n a d o r , g e r a l m e n t e , e n c o n t r a d i f i c u l d a d e o u n ã o c o n s e g u e i n t e r r o m p e r o d i s c u r s o d o p a c i e n t e . c ) F o r m a d o p e n s a m e n t o : n e s t e i t e m , d e v e s e r e x a m i n a d a a o r g a n i z a ç ã o f o r m a l d o p e n s a m e n t o , s u a c o n t i n u i d a d e e e f i c á c i a e m a t i n g i r u m d e t e r m i n a d o o b j e t i v o . A l g u n s d i s t ú r b i o s o b s e r v a d o s n e s t e i t e m s ã o : C i r c u n s t a n c i a l i d a d e - o o b j e t i v o f i n a l d e u m a d e t e r m i n a d a f a l a é l o n g a m e n t e a d i a d o , p e l a i n c o r p o r a ç ã o d e d e t a l h e s i r r e l e v a n t e s e t e d i o s o s . T a n g e n c i a l i d a d e - o o b j e t i v o d a f a l a n ã o c h e g a a s e r a t i n g i d o o u n ã o é c l a r a m e n t e d e f i n i d o . O p a c i e n t e a f a s t a - s e d o t e m a q u e e s t á s e n d o d i s c u t i d o , i n t r o d u z i n d o p e n s a m e n t o s a p a r e n t e m e n t e n ã o r e l a c i o n a d o s , d i f i c u l t a n d o u m a c o n c l u s ã o . O p a c i e n t e f a l a d e f o r m a t ã o v a g a , q u e a p e s a r d a f a l a e s t a r q u a n t i t a t i v a m e n t e a d e q u a d a , p o u c a i n f o r m a ç ã o é t r a n s m i t i d a ( p o b r e z a d o c o n t e ú d o d o p e n s a m e n t o ) . P e r s e v e r a ç ã o - o p a c i e n t e r e p e t e a m e s m a r e s p o s t a à u m a v a r i e d a d e d e q u e s t õ e s , m o s t r a n d o u m a i n c a p a c i d a d e d e m u d a r s u a r e s p o s t a a u m a m u d a n ç a d e t ó p i c o . F u g a d e i d e i a s - o c o r r e s e m p r e n a p r e s e n ç a d e u m p e n s a m e n t o a c e l e r a d o e c a r a c t e r i z a - s e p e l a s a s s o c i a ç õ e s i n a p r o p r i a d a s e n t r e o s p e n s a m e n t o s , q u e p a s s a m a s e r e m f e i t a s p e lo s o m o u p e l o r i t m o d a s p a l a v r a s ( a s s o c i a ç õ e s r e s s o n a n t e s ) . P e n s a m e n t o i n c o e r e n t e - o c o r r e u m a p e r d a n a a s s o c i a ç ã o l ó g i c a e n t r e p a r t e s d e u m a s e n t e n ç a o u e n t r e s e n t e n ç a s ( a f r o u x a m e n t o d e a s s o c i a ç õ e s ) . N u m a f o r m a e x t r e m a d e i n c o e r ê n c i a , o b s e r v a - s e u m a s e q u ê n c i a i n c o m p r e e n s í v e l d e f r a s e s o u p a l a v r a s ( s a l a d a d e p a l a v r a s ) . B l o q u e i o d e p e n s a m e n t o - o c o r r e u m a i n t e r r u p ç ã o s ú b i t a d a f a l a , n o m e i o d e u m a s e n t e n ç a . Q u a n d o o p a c i e n t e c o n s e g u e r e t o m a r o d i s c u r s o , o f a z c o m o u t r o a s s u n t o , s e m c o n e x ã o c o m a i d e a ç ã o a n t e r i o r . N e o l o g i s m o s - o p a c i e n t e c r i a u m a p a l a v r a n o v a e i n i n t e l i g í v e l p a r a o u t r a s p e s s o a s , g e r a l m e n t e u m a c o n d e n s a ç ã o d e p a l a v r a s e x i s t e n t e s . E c o l a l i a - r e p e t i ç ã o d e p a l a v r a s o u f r a s e s d i t a s p e l o i n t e r l o c u t o r , à s v e z e s c o m a m e s m a e n t o n a ç ã o e i n f l e x ã o d e v o z . d ) C o n t e ú d o d o p e n s a m e n t o : n e s t e i t e m , i n v e s t i g a m - s e o s c o n c e i t o s e m i t i d o s p e l o p a c i e n t e d u r a n t e a e n t r e v i s t a e s u a r e l a ç ã o c o m a r e a l i d a d e . D e v e - s e a s s i n a l a r : T e m a p r e d o m i n a n t e e / o u c o m c a r a c t e r í s t i c a s p e c u l i a r e s , t a i s c o m o : o A n s i o s o s - p r e o c u p a ç õ e s e x a g e r a d a s c o n s i g o m e s m o , c o m o s o u t r o s o u c o m o f u t u r o . o D e p r e s s i v o s - d e s a m p a r o , d e s e s p e r a n ç a , i d e a ç ã o s u i c i d a , e t c . o F ó b i c o - m e d o e x a g e r a d o o u p a t o l ó g i c o d i a n t e d e a l g u m t i p o d e e s t í m u l o o u s i t u a ç ã o . o O b s e s s i v o s - p e n s a m e n t o s r e c o r r e n t e s , i n v a s i v o s e s e m s e n t i d o , q u e a p e s s o a r e c o n h e c e c o m o p r o d u t o s d e s u a p r ó p r i a m e n t e e t e n t a a f a s t á - l o s d a c o n s c i ê n c i a . P o d e m s e r a c o m p a n h a d o s d e c o m p o r t a m e n t o s r e p e t i t i v o s , r e c o n h e c i d o s c o m o i r r a c i o n a i s , q u e v i s a m n e u t r a l i z a r a l g u m d e s c o n f o r t o o u s i t u a ç ã o t e m i d a ( c o m p u l s õ e s ) . L o g i c i d a d e d o p e n s a m e n t o , o u o q u a n t o o p e n s a m e n t o p o d e s e r s u s t e n t a d o p o r d a d o s d a r e a l i d a d e d o p a c i e n t e . A l g u n s t i p o s d e p e n s a m e n t o i l ó g i c o s ã o d e s c r i t o s a b a i x o : Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 6 o I d e i a s s u p e r v a l o r i z a d a s - o contedo do pensamento centraliza-se em torno de uma ideia particular, que assume uma tonalidade afetiva acentuada, irracional, porm sustentada com menos intensidade que uma ideia delirante. o D e l í r i o s - crenas que refletem uma avaliao falsa da realidade, no so compartilhadas por outros membros do grupo sociocultural do paciente e das quais no pode ser dissuadido, atravs de argumentao contrria, lgica e irrefutvel. Os delrios podem ser p r i m á r i o s , quando no esto associados a outros processos psicolgicos, p.ex., i n s e r ç ã o d e p e n s a m e n t o (cr que pensamentos so colocados em sua cabea), i r r a d i a ç ã o d e p e n s a m e n t o (acredita que os prprios pensamentos so audveis ou captados pelos outros) e s e c u n d á r i o s , quando vinculados a outros processos psicolgicos( derivados de uma alucinao, associados depresso ou mania). Os delrios podem ser descritos em funo de seu grau de organizao, em: s i s t e m a t i z a d o s (relacionados a um nico tema, mantendo uma lgica interna, ainda que baseada em premissas falsas, o que pode conferir maior credibilidade) e n ã o s i s t e m a t i z a d o s (quando envolvem vrios temas, so mais desorganizados e pouco convincentes). Os delrios podem ser descritos, tambm, pelo seu tema predominante, p. ex., como d e l í r i o d e r e f e r ê n c i a (atribuio de um significado pessoal a observa es ou comentrios neutros), p e r s e c u t ó r i o (ideia de que est sendo atacado, incomodado, prejudicado, perseguido ou sendo objeto de conspirao), d e g r a n d i o s i d a d e (o contedo envolve poder, conhecimento ou importncia exagerados), s o m á t i c o s (o contedo envolve uma mudana ou distrbio no funcionamento corporal), d e c u l p a (acredita ter cometido uma falta ou pecado imperdovel), d e c i ú m e s (acredita na infidelidade do parceiro), d e c o n t r o l e (acredita que seus pensamentos, sentimentos e a es so controlados por alguma fora externa). e ) C a p a c i d a d e d e a b s t r a ç ã o : reflete a capacidade de formular conceitos e generaliza es. A incapacidade de abstrao referida como p e n s a m e n t o c o n c r e t o . Este item pode ser avaliado, atravs da observao de algumas manifesta es espontneas, durante a entrevista (p.ex., diante da pergunta “como vai” o paciente responde “vou de nibus”), ou atravs da solicitao para que o paciente interprete provrbios habituais para sua cultura. 3 . S e n s o - p e r c e p ç ã o O examinador dever buscar, basicamente, a presena de a l u c i n a ç õ e s , avaliando se as sensa es e percep es do paciente resultam da estimulao esperada dos correspondentes rgos do sentido. Para isso, pode valer-se de relatos espontneos de percep es alteradas; da observao de comportamentos sugestivos de percep es, na ausncia de estmulos externos (conversar consigo mesmo, rir sem motivo, olhar repentinamente em determinada direo, na ausncia de estmulo aparente); ou, ainda, pode formular perguntas diretas sobre tais altera es (p.ex., “Voc j teve experincias estranhas, que a maioria das pessoas no costumam ter?” “Voc j ouviu barulhos ou vozes, que outras pessoas, estando prximas, no conseguiram ouvir?”). As principais altera es da senso-percepo so comentadas abaixo: D e s r e a l i z a ç ã o : o ambiente ao redor parece estranho e irreal, como se “as pessoas ao seu redor estivessem desempenhando papis”. I l u s ã o : interpretao perceptual alterada, resultante de um estmulo externo real. A l u c i n a ç õ e s : percepo sensorial na ausncia de estimulao externa do rgo sensorial envolvido. As alucina es podem ser: a u d i t i v a s (sons ou vozes; as vozes podem dirigir-se ao paciente ou discutirem entre si sobre ele), v i s u a i s (luzes ou vultos at cenas em movimento, ntidas e complexas), t á t e i s (toque, calor, vibrao, dor, etc.), o l f a t ó r i a s e g u s t a t i v a s . As alucina es que ocorrem no estado de sonolncia, que precede o sono (h i p n a g ó g i c a s ) e no estado semiconsciente, que precede o despertar (h i p n o p ô m p i c a s ) so associadas ao sono normal e no so, necessariamente, patolgicas. 4 . A f e t i v i d a d e e h u m o r A avaliao do afeto inclui a expressividade, o controle e a adequao das manifesta es de sentimentos, envolvendo a intensidade, a durao, as flutua es do humor e seus componentes somticos. Considera-se humor a tonalidade de sentimento mantido pelo paciente durante a avaliao. Para a avaliaodesta funo considera-se: O contedo verbalizado; O que se observa ou se deduz do tom de voz, da expresso facial, da postura corporal; A maneira como o paciente relata experimentar os prprios sentimentos, o que pode requerer um questionamento especfico sobre “como os sentimentos so experimentados”, e O relato de oscila es e varia es de humor no curso do dia. Desta forma, temos: T o n a l i d a d e e m o c i o n a l : avalia-se a tonalidade emocional predominante durante a entrevista, observando-se a presena e a intensidade de manifesta es de: ansiedade, pnico, tristeza, depresso, apatia, hostilidade, raiva, euforia, elao, exaltao, desconfiana, ambivalncia, perplexidade, indiferena, embotamento afetivo (virtualmente, sem expresso afetiva, p. ex. voz montona, face imvel). Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 7 M o d u l a ç ã o : R e f e r e - s e a o c o n t r o l e s o b r e o s a f e t o s , d e v e - s e o b s e r v a r a p r e s e n ç a d e h i p o m o d u l a ç ã o , a s s o c i a d a à r i g i d e z a f e t i v a , c a r a c t e r i z a d a p e l a m a n u t e n ç ã o d e u m a c e r t a f i x i d e z n o a f e t o e x t e r n a l i z a d o , e d e h i p e r m o d u l a ç ã o , a s s o c i a d a à l a b i l i d a d e a f e t i v a , c a r a c t e r i z a d a p o r m a r c a d a s o s c i l a ç õ e s n o h u m o r m a n i f e s t o . A s s o c i a ç ã o p e n s a m e n t o / a f e t o : A a v a l i a ç ã o d a r e l a ç ã o d o c o n t e ú d o d o p e n s a m e n t o a o a f e t o m a n i f e s t o c o n s t i t u i - s e e m p o n t o i m p o r t a n t e , d e v e n d o - s e c o n s i d e r a r : o n í v e l d e a s s o c i a ç ã o / d i s s o c i a ç ã o e a a d e q u a ç ã o / i n a d e q u a ç ã o d a s m a n i f e s t a ç õ e s , p a r a t a l d e v e - s e l e v a r e m c o n t a a t e m á t i c a e o c o n t e x t o n a q u a l e l a e s t á i n s e r i d a . E q u i v a l e n t e s o r g â n i c o s : O s e q u i v a l e n t e s o u c o n c o m i t a n t e s o r g â n i c o s d o a f e t o d e v e m s e r a v a l i a d o s c o m b a s e n a s a l t e r a ç õ e s d o a p e t i t e , p e s o , s o n o e l i b i d o . É i m p o r t a n t e o b s e r v a r n a a v a l i a ç ã o d e s t a a f u n ç ã o , a p r e s e n ç a d e m a n i f e s t a ç õ e s o u r i s c o d e a u t o e h e t e r o a g r e s s i v i d a d e , t a i s c o m o i d e i a s o u p l a n o s d e s u i c í d i o , o u a i n d a i d e i a s o u p r o j e t o s d e h o m i c í d i o o u a g r e s s ã o v o l t a d a p a r a o m e i o . D e v e - s e c o n s i d e r a r , a i n d a , n a a v a l i a ç ã o d e s t a f u n ç ã o a s m a n i f e s t a ç õ e s r e l a t i v a s a a u t o e s t i m a , e a v o l i ç ã o , e n q u a n t o a e n e r g i a q u e a p e s s o a e s t á i n v e s t i n d o e a d i s p o s i ç ã o c o m a q u a l e s t á s e e n v o l v e n d o n a r e a l i z a ç ã o d e s e u s p r o j e t o s p e s s o a i s . O s s e n t i m e n t o s d e s p e r t a d o s n o a v a l i a d o r d u r a n t e a e n t r e v i s t a , p o d e m t a m b é m s e r u m r e c u r s o ú t i l n a a v a l i a ç ã o d o a f e t o , p a r a t a l é n e c e s s á r i o q u e o e n t r e v i s t a d o r s e j a m a i s e x p e r i e n t e e c a p a z d e p e r c e b e r o s e l e m e n t o s t r a n s f e r e n c i a i s . 5 . A t e n ç ã o e c o n c e n t r a ç ã o N a a v a l i a ç ã o é c o n s i d e r a d a a c a p a c i d a d e d e f o c a l i z a r e m a n t e r a a t e n ç ã o e m u m a a t i v i d a d e , e n v o l v e n d o a a t e n ç ã o / d i s t r a ç ã o , f r e n t e a o s e s t í m u l o s e x t e r n o s o u i n t e r n o s . E s t a f u n ç ã o q u a n d o p r e j u d i c a d a i n t e r f e r e , d i r e t a m e n t e , n o c u r s o d a e n t r e v i s t a , r e q u e r e n d o q u e o e n t r e v i s t a d o r r e p i t a a s p e r g u n t a s f e i t a s . A a v a l i a ç ã o p o d e e n v o l v e r , a l é m d a o b s e r v a ç ã o d a p r ó p r i a s i t u a ç ã o d e e n t r e v i s t a , a p r o p o s i ç ã o d e t a r e f a s / t e s t e s s i m p l e s c o m o : D i z e r o s d i a s d a s e m a n a e o s m e s e s d o a n o e m u m a d a d a o r d e m p r o p o s t a p e l o e n t r e v i s t a d o r , e R e a l i z a r c á l c u l o s s i m p l e s . A c o m p l e x i d a d e d a s t a r e f a s d e v e l e v a r e m c o n t a o n í v e l s ó c i o - c u l t u r a l d o p a c i e n t e a v a l i a d o . É i m p o r t a n t e o b s e r v a r o q u a n t o a d i f i c u l d a d e e s t á a s s o c i a d a à a t e n ç ã o o u r e l a c i o n a d a a u m d i s t ú r b i o d e a n s i e d a d e , d o h u m o r o u d a c o n s c i ê n c i a . D e s t a a v a l i a ç ã o , t e m o s : M a n u t e n ç ã o p r e j u d i c a d a : d i f i c u l d a d e d e m a n t e r a a t e n ç ã o f o c a l i z a d a s o b r e o s e s t í m u l o s m a i s r e l e v a n t e s d o m e i o , d e s v i a n d o a a t e n ç ã o p a r a o s e s t í m u l o s i r r e l e v a n t e s e e x i g i n d o i n t e r v e n ç õ e s d o e n t r e v i s t a d o r p a r a m a n t e r a a t e n ç ã o f o c a l i z a d a n o s e s t í m u l o s p r i n c i p a i s . F o c a l i z a ç ã o p r e j u d i c a d a : d i f i c u l d a d e d e f o c a l i z a r a a t e n ç ã o s o b r e o s e s t í m u l o s m a i s r e l e v a n t e s d o m e i o , n ã o a t e n d e n d o à s i n t e r v e n ç õ e s d o e n t r e v i s t a d o r . D e s a t e n ç ã o S e l e t i v a : d e s a t e n ç ã o f r e n t e a t e m a s q u e g e r a m a n s i e d a d e . 6 . M e m ó r i a A m e m ó r i a c o m e ç a s e r a v a l i a d a d u r a n t e a o b t e n ç ã o d a h i s t ó r i a c l í n i c a d o p a c i e n t e , c o m a v e r i f i c a ç ã o d e c o m o e l e s e r e c o r d a d e s i t u a ç õ e s d a v i d a p r e g r e s s a , t a i s c o m o , o n d e e s t u d o u , s e u p r i m e i r o e m p r e g o , p e r g u n t a s s o b r e p e s s o a s s i g n i f i c a t i v a s d e s u a v i d a p a s s a d a , t r a t a m e n t o s a n t e r i o r e s , e t c . A m e m ó r i a p o d e s e r a v a l i a d a , t a m b é m , a t r a v é s d e t e s t e s e s p e c í f i c o s , a l g u n s d e l e s b a s t a n t e s i m p l e s , e q u e p o d e m s e r i n t r o d u z i d o s n u m a e n t r e v i s t a p s i q u i á t r i c a h a b i t u a l . A i n v e s t i g a ç ã o d a m e m ó r i a é , p a r t i c u l a r m e n t e , i m p o r t a n t e q u a n d o s e s u s p e i t a d e q u a d r o s d e e t i o l o g i a o r g â n i c a . H a b i t u a l m e n t e , d i v i d e - s e a a v a l i a ç ã o d a m e m ó r i a e m t r ê s t i p o s : M e m ó r i a R e m o t a : a v a l i a a c a p a c i d a d e d e r e c o r d a r - s e d e e v e n t o s d o p a s s a d o , p o d e n d o s e r a v a l i a d a d u r a n t e o r e l a t o f e i t o p e l o p a c i e n t e , d e s u a p r ó p r i a h i s t ó r i a . M e m ó r i a R e c e n t e : a v a l i a a c a p a c i d a d e d e r e c o r d a r - s e d e e v e n t o s q u e o c o r r e r a m n o s ú l t i m o s d i a s , q u e p r e c e d e r a m a a v a l i a ç ã o . P a r a e s t a a v a l i a ç ã o o e x a m i n a d o r p o d e p e r g u n t a r s o b r e e v en t o s v e r i f i c á v e i s d o s ú l t i m o s d i a s , t a i s c o m o : o q u e o p a c i e n t e c o m e u n u m a d a s r e f e i ç õ e s a n t e r i o r e s , o q u e v i u n a T V n a n o i t e a n t e r i o r , e t c . M e m ó r i a I m e d i a t a : a v a l i a a c a p a c i d a d e d e r e c o r d a r - s e d o q u e o c o r r e u n o s m i n u t o s p r e c e d e n t e s . P o d e s e r t e s t a d a , p e d i n d o - s e a o p a c i e n t e q u e m e m o r i z e o s n o m e s d e t r ê s o b j e t o s n ã o r e l a c i o n a d o s e d e p o i s d e 5 m i n u t o s , d u r a n t e o s q u a i s s e r e t o m o u a e n t r e v i s t a n o r m a l , s o l i c i t a n d o - s e q u e o p a c i e n t e r e p i t a e s s e s t r ê s n o m e s . A o o b s e r v a r - s e u m a d e f i c i ê n c i a d e m e m ó r i a é i m p o r t a n t e , p a r a a l g u n s d i a g n ó s t i c o s d i f e r e n c i a i s , v e r i f i c a r - s e c o m o o p a c i e n t e l i d a c o m e l a , o u s e j a : t e m u m a r e a ç ã o c a t a s t r ó f i c a , d i a n t e d a d e f i c i ê n c i a ; n e g a o u t e n t a n ã o v a l o r i z a r o d é f i c i t d e m e m ó r i a ; p r e e n c h e l a c u n a s d e m e m ó r i a c o m r e c o r d a ç õ e s f a l s a s ( c o n f a b u l a ç ã o ) . Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 8 7 . O r i e n t a ç ã o A avaliao envolve aspectos auto e alopsquicos. a ) A u t o p s í q u i c a : os aspectos autopsquicos se caracterizam pelo reconhecimento de si envolvendo: Saber o prprio nome; Reconhecer as pessoas do seu meio imediato, atravs de seu nome ou de seu papel social e Saber quem o entrevistador. b ) A l o p s í q u i c a : com relao aos aspectos alopsiqucos so avaliados: A orientao no tempo, englobando saber informar – o ano, o ms, o dia da semana, o perodo do dia, ou ainda a estao do ano, ou marcos temporais como Natal/ Carnaval/ Pscoa; A orientao no espao envolve saber informar onde se encontra no momento, nomeando o lugar, a cidade e o estado. 8 . C o n s c i ê n c i a Neste item, deve ser registrado o nvel de conscincia do paciente, dentro do contnuo que vai desde o estado de c o n s c i ê n c i a p l e n a (percebe o que ocorre a sua volta e responde essa percepo) at o c o m a (no responde estimulao em diferentes graus). Esta avaliao decorre do contato com o paciente durante a entrevista. Algumas altera es de conscincia so descritas abaixo: S o n o l ê n c i a : lentificao geral dos processos ideacionais, com predisposio para dormir, na ausncia de estimulao. O b n u b i l a ç ã o d a c o n s c i ê n c i a : diminuio do nvel de viglia, acompanhado de dificuldade em focalizar a ateno e manter um pensamento ou comportamento objetivo. E s t u p o r : permanece em mutismo e sem movimentos, com preservao relativa da conscincia. Delirium: quadro agudo caracterizado por diminuio do nvel de viglia, acompanhado de altera es cognitivas (desorientao, dficits de memria) ou perceptuais (ilus es e alucina es). E s t a d o c r e p u s c u l a r : estreitamento da conscincia, podendo manter comportamentos motores relativamente organizados, na ausncia de um estado de conscincia plena. Ocorre, predominantemente, em estados epilpticos. 9 . C a p a c i d a d e I n t e l e c t u a l A avaliao desta funo, de forma emprica na situao de entrevista, envolve uma estimativa do nvel de desempenho intelectual esperado, em funo da escolaridade e do nvel sociocultural, enquanto capacidade de compreenso e integrao de experincias. Trata-se de uma funo complexa, pois seu comprometimento pode refletir o prejuzo de outras fun es como pensamento, ateno - concentrao, ou ainda a no aquisio de habilidades, em funo de baixa escolaridade ou de experincia em um meio scio-cultural pobre. Na situao de entrevista deve ser observado: o vocabulrio, sua propriedade e nvel de complexidade, e a capacidade de articular conceitos, de abstrair e generalizar. a ) P r e j u í z o i n t e l e c t u a l : Para a avaliao deste item, a observao da situao de entrevista, pode ser complementada com a proposio de atividades como: Perguntas que avaliam as informa es sobre assuntos ou temas gerais (por exemplo, quem o Presidente da Repblica); Resoluo de problemas aritmticos (por exemplo, quanto receber de troco em uma situao de compra e venda); A leitura de textos escritos comentando a compreenso dos mesmos. importante observar o nvel scio- cultural do paciente na seleo das atividades e na complexidade das mesmas. b ) D e t e r i o r a ç ã o : deve-se estar atento presena de uma deteriorao global, com prejuzo no funcionamento intelectual, sem obnubilao da conscincia no caso de demncia (disfuno cerebral orgnica) ou pseudodemncia (depresso). A avaliao psicodiagnstica, atravs dos testes especficos de inteligncia, deve ser solicitada quando foi observado na entrevista a presena de dficits especficos. 1 0 . J u í z o c r í t i c o d a r e a l i d a d e O examinador, nesta etapa, deve buscar indcios de d e l í r i o . Esta avaliao deve ser feita durante a obteno da histria do paciente, sendo os testes formais de pouca utilidade. Objetiva verificar se as a es do paciente so determinadas por uma avaliao coerente da realidade, do ponto de vista do funcionamento mental e da capacidade adaptativa, incluindo o nvel realista dos projetos e da avaliao das prprias realiza es. Considera-se que o juzo crtico da realidade est alterado, por exemplo, quando as decis es do paciente so determinadas por delrios, principalmente, ou alucina es. Arlindo Ugulino Netto – PSIQUIATRIA E SADE MENTAL – MEDICINA P5 – 2009.2 9 SITUAES ESPEC FICAS D i a n t e d e a l g u m a s s i t u a ç õ e s e s p e c í f i c a s e m p s i q u i a t r i a , d e v e m o s p r o c e d e r d e u m a a b o r d a g e m d i f e r e n c i a d a , t a i s c o m o : P a c i e n t e d e p r i m i d o : p a c i e n t e s c o m d e p r e s s ã o g r a v e , p o r e x e m p l o . C a r a c t e r i z a - s e p o r p r e j u í z o n a a t e n ç ã o , f a l t a d e e n e r g i a e p r o s t r a ç ã o n o l e i t o . P r o c e d e r c o m e n t r e v i s t a c u r t a e o b j e t i v a , c o m p e r g u n t a s e s p e c í f i c a s e d i r e t a s ; e m p a t i z a r c o m o s s e n t i m e n t o s d e d e s v a l i a ; a v a l i a r r i s c o s d e s u i c í d i o c o m p e r g u n t a s d i r e t a s s o b r e i d e a ç ã o , t e n t a t i v a s e p l a n o s . R e i t e r a r a o p a c i e n t e q u e s u a d o e n ç a é t r a t á v e l e q u e s e u s o f r i m e n t o s e r á a l i v i a d o . P a c i e n t e v i o l e n t o : C a r a c t e r i z a - s e p o r u m p a c i e n t e a g i t a d o , c o m d i f i c u l d a d e s p a r a p e r m a n e c e r s e n t a d o , a c a t a r s o l i c i t a ç õ e s , a t i t u d e t e n s a , v o l u m e d e v o z e l e v a d o e a t e n t o a o s e s t í m u l o s c i r c u n d a n t e s . E v i t a r n a s a l a d e c o n s u l t a o b j e t o s r e m o v í v e i s ; p e r m a n e c e r a c o m p a n h a d o e c o m p o r t a a b e r t a ( d e p r e f e r ê n c i a s e n t a r - s e p r ó x i m o à s a í d a d a s a l a ) . R e a l i z a r u m a e n t r e v i s t a b r e v e , e v i t a r c o n f r o n t o s e n ã o r e a g i r a p r o v o c a ç õ e s o u d e s a f i o s . E m g e r a l , p o d e s e r n e c e s s á r i ou t i l i z a r d r o g a s a n t i - p s i c ó t i c a s p a r a d i m i n u i r a a g r e s s i v i d a d e . P a c i e n t e d e l i r a n t e : C o n q u i s t a r a c o n f i a n ç a d o p a c i e n t e , n ã o p o n d o e m d ú v i d a s s u a s c o n v i c ç õ e s ; E v i t a r c o n f r o n t a ç õ e s c o m b a s e e m a r g u m e n t o s l ó g i c o s ; E v i t a r f i t á - l o d i r e t a m e n t e n o s o l h o s p o r p e r í o d o s p r o l o n g a d o s , o q u e p o d e g e r a r i n t e r p r e t a ç õ e s d e l i r a n t e s e a u m e n t a r a d e s c o n f i a n ç a . P a c i e n t e s o m a t i z a d o r : D e v e s e r o u v i d o c o m s i n c e r o i n t e r e s s e , a v a l i a n d o - s e a s c i r c u n s t â n c i a s e m q u e a s q u e i x a s s u r g e m e d e s a p a r e c e m , a r e l a ç ã o c o m e s t r e s s o r e s o u c o n f l i t o s e m o c i o n a i s e g a n h o s s e c u n d á r i o s ; D e s c a r t a r u m p r o b l e m a r e a l r e a l i z a n d o o s e x a m e s n e c e s s á r i o s . N ã o a f i r m a r q u e o p a c i e n t e n ã o t e m p r o b l e m a n e n h u m . HIPTESES DIAGNSTICAS A p ó s a r e a l i z a ç ã o d a e n t r e v i s t a , o p r o f i s s i o n a l d e v e l e v a n t a r h i p ó t e s e s d i a g n ó s t i c a s q u e p o s s i v e l m e n t e s e e n q u a d r a m a p ó s u m a a n á l i s e s i s t e m a t i z a d a d o s d a d o s c o l e t a d o s . É n e c e s s á r i o t o m a r n o t a q u e o p s i q u i a t r a n u n c a d e v e f e c h a r u m d i a g n ó s t i c o d e f i n i t i v o l o g o n a p r i m e i r a c o n s u l t a , v i s t o q u e m u i t a s e n f e r m i d a d e s m e n t a i s s ã o e v o l u t i v o s , e o d i a g n ó s t i d o d e r r a d e i r o f o r m u l a d o c o m b a s e n a c o n d u ç ã o d o d o e n t e . A C I D - 1 0 o u C l a s s i f i c a ç ã o I n t e r n a c i o n a l d e D o e n ç a s é p u b l i c a d o p e l a O r g a n i z a ç ã o M u n d i a l d e S a ú d e e u t i l i z a d o m u n d i a l m e n t e . N o s E s t a d o s U n i d o s , o s i s t e m a d i a g n ó s t i c o p a d r ã o é o D S M I V o u D i a g n o s t i c a n d S t a t i s t i c a l M a n u a l o f M e n t a l D i s o r d e r s r e v i s a d o p e l a A m e r i c a n P s y c h i a t r i c A s s o c i a t i o n ( A s s o c i a ç ã o A m e r i c a n a d e P s i q u i a t r i a ) . S ã o s i s t e m a s c o m p a t í v e i s n a a c u r á c i a d o s d i a g n ó s t i c o s c o m e x c e ç ã o d e c e r t a s c a t e g o r i a s , d e v i d o a d i f e r e n ç a s c u l t u r a i s n o s d i v e r s o s p a í s e s . A i n t e n ç ã o t e m s i d o c r i a r c r i t é r i o s d i a g n ó s t i c o s q u e s ã o r e p l i c á v e i s e o b j e t i v o s , e m b o r a m u i t a s c a t e g o r i a s s e j a m a m p l a s e m u i t o s s i n t o m a s a p a r e ç a m e m d i v e r s o s t r a n s t o r n o s . E n q u a n t o o s s i s t e m a s d i a g n ó s t i c o s f o r a m c r i a d o s p a r a m e l h o r a r a p e s q u i s a e m d i a g n ó s t i c o e t r a t a m e n t o , a n o m e n c l a t u r a é a g o r a l a r g a m e n t e u t i l i z a d a p o r c l í n i c o s , a d m i n i s t r a d o r e s e c o m p a n i a s d e s e g u r o d e s a ú d e e m v á r i o s p a í s e s . O 5 º C a p í t u l o d a C l a s s i f i c a ç ã o I n t e r n a c i o n a l d a D o e n ç a ( C I D - 1 0 ) , r e p r e s e n t a d o p e l a l e t r a F , é d e d i c a d o à s e n f e r m i d a d e s p s i q u i á t r i c a s . RECOMENDAES GERAIS T r a n s m i t i r s i n c e r i d a d e e o b j e t i v i d a d e , e s c l a r e c e n d o d ú v i d a s e e v i t a n d o s e r f a n t a s i o s a m e n t e o t i m i s t a . I n i c i a r a i n v e s t i g a ç ã o e x p l o r a n d o t e m a s m a i s n e u t r o s p a r a d e p o i s e n t r a r n a s á r e a s m a i s c a r r e g a d a s e m o c i o n a l m e n t e o u m a i s c o n s t r a n g e d o r a s . O b s e r v a r m u d a n ç a s d e h u m o r a o l o n g o d a e n t r e v i s t a q u e p o d e m a p o n t a r p a r a q u e s t õ e s d e m a i o r i m p o r t â n c i a e m o c i o n a l . E v i t a r t r a n s i ç õ e s a b r u p t a s d e t e m a s p r o c u r a n d o s e m p r e a p r o f u n d a r p a r a n o v o s t e m a s c o m u t i l i z a ç ã o e a p r o v e i t a m e n t o d a s f r a s e s a n t e r i o r e s d o p a c i e n t e L e m b r a r s e m p r e q u e o p a c i e n t e n ã o r e v e l a r á t u d o n o p r i m e i r o c o n t a t o e d e v e - s e e v i t a r q u e s t i o n a m e n t o s i n s i s t e n t e s o u c o n s t r a n g e d o r e s v i s a n d o o b t e r t o d a i n f o r m a ç ã o n a p r i m e i r a e n t r e v i s t a . =
Compartilhar