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Curso de Direito Civil - Lauro Escobar - apostila

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CURSO DE DIREITO CIVIL PARA TRIBUNAIS 
PROFESSOR: LAURO ESCOBAR 
 
 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 
1
CAROS AMIGOS E ALUNOS 
 
É um prazer poder usufruir dos atuais meios de comunicação e me dirigir a 
todos vocês. Nesta apresentação vou passar algumas breves informações sobre 
minha pessoa e o curso que pretendo ministrar. 
Sou graduado e pós-graduado em Direito pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC/SP). Fui Procurador do Estado de São Paulo e 
atualmente sou Juiz de Direito. Ao lado destas funções públicas, sempre fui 
ligado à área do ensino. Para mim, uma atividade completa a outra e vou me 
mantendo sempre atualizado. Iniciei minha carreira docente na própria PUC/SP, 
onde dei aulas durante alguns anos. Meu foco, atualmente, são os cursos 
preparatórios para concursos públicos. Acabei me envolvendo com diversas 
disciplinas na área jurídica, mas me especializei no Direito Civil, matéria que 
possuo algumas obras e artigos publicados. 
Há mais de vinte anos acompanho os concursos públicos, nas mais 
diferentes áreas, seja no âmbito jurídico, fiscal e outros. O contato que mantenho 
com os alunos (seja real, ou, nos tempos atuais, também virtual) é muito 
enriquecedor. Gosto de transmitir toda aquela experiência que fui acumulando 
nos concursos que prestei e nos cargos que exerci e ainda exerço. Fico 
extremamente feliz quando recebo a notícia de que um aluno passou em um 
concurso. Cada vez que isso ocorre, parece que eu passei junto com ele. E isso 
renova minhas forças para continuar fazendo o que gosto. Devo acrescentar que 
venho tendo muitas dessas alegrias, tendo-se em vista o frequente sucesso 
de nossos alunos, especialmente aqui, no PONTO DOS CONCURSOS. 
Minha intenção com este curso é ministrar aulas dirigidas de uma forma 
geral para concursos referentes a “Tribunais” de forma clara, direta e muito 
objetiva, fornecendo o máximo de informações ao aluno, mas sem dispersar para 
temas que não caem na prova, evitando opiniões pessoais e doutrinárias que não 
são acolhidas nos concursos. 
Esse curso não foi elaborado para um concurso específico. Mas, como 
dissemos, para cargos nos Tribunais de uma forma geral: Tribunais de Justiça 
(estaduais e federais), Tribunais Eleitorais e Militares, Tribunais Trabalhistas, 
Tribunais de Contas e Tribunais Superiores (STJ e STF), etc. Serve também para 
concursos referentes à Controladoria, Ministério Público, etc. Para tanto, analisei 
diversos editais e verifiquei que o Direito Civil cai em todos estes concursos, 
pois se trata de matéria básica. 
É com o Direito Civil que se começa o estudo do Direito. Inclusive nossa 
primeira aula, fornecida hoje, logo após a apresentação, fala sobre a chamada Lei 
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Ponto importantíssimo para a 
compreensão não só do Direito Civil, mas de todos os outros ramos do Direito. 
CURSO DE DIREITO CIVIL PARA TRIBUNAIS 
PROFESSOR: LAURO ESCOBAR 
 
 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 
2
É certo que já temos alguns concursos em andamento. No entanto este 
curso tem um intuito mais preventivo, pois é assim que se estuda para um 
concurso: de forma antecipada. Isso porque sabemos que os concursos para 
Tribunais vêm ampliando, cada vez mais, as matérias e os pontos a serem 
estudados. Assim, quando o edital é publicado, já não dá mais tempo para 
estudar todas as matérias de forma adequada e completa. 
Optamos por fazer um curso completo, abrangendo todo Direito Civil. 
No entanto, para que o curso saia mais em conta para o aluno, compactamos 
algumas aulas. Geralmente um curso completo de Direito Civil é dado em 20 
aulas. No entanto este curso será de apenas nove aulas (além da aula 
demonstrativa), sem que se perca qualquer conteúdo nestas aulas. 
Exemplificando. No curso regular fornecemos uma aula sobre pessoas naturais 
(físicas) e outra sobre pessoas jurídicas. No curso que iremos ministrar estas 
duas aulas serão condensadas em apenas uma aula, sem perder qualquer 
conteúdo da matéria, barateando, assim, os custos para o aluno. Por outro lado, 
como as aulas vão ficar maiores, daremos um tempo maior para que aluno 
estude a aula e envie suas perguntas ao nosso fórum. Portanto, como regra, 
nossas aulas serão enviadas a cada 15 (quinze) dias (vejam nosso cronograma 
mais abaixo). 
Vamos agora explicar como será desenvolvido o curso. 
Cada aula contém a matéria referente a um capítulo do Direito Civil, sendo 
que a mesma será exposta de uma forma bem simples, direta e objetiva. Durante 
as aulas forneço o maior número de exemplos possível. Tenho certeza que 
mesmo uma pessoa que não seja formada em Direito terá plenas condições de 
acompanhar o curso e entender tudo o que será ministrado. No entanto não 
posso fugir de algumas ‘complexidades jurídicas’, pois estas também costumam 
cair nas provas. Costumo dizer que os examinadores gostam de pedir “as 
exceções de uma regra...” e também “as exceções da exceção...”. Desta forma, 
darei um enfoque especial a estes aspectos, chamando a atenção do aluno 
quando um ponto é mais exigido em um concurso e onde podem ocorrer as 
famosas “pegadinhas”. 
Em todas as aulas, após apresentar a parte teórica, com muitos exemplos 
práticos, sempre faço um quadro sinótico, que na verdade é o resumo da 
aula. É o que eu chamo de “esqueleto da matéria”. A experiência demonstra que 
esse “quadrinho” é de suma importância, pois se o aluno conseguir memorizá-
lo, saberá situar a matéria e completá-la de uma forma lógica e sequencial. 
Portanto, após ler toda a aula, o aluno deve também ler (e reler) o resumo 
apresentado, mesmo que tenha entendido toda matéria. Sem dúvida alguma, 
esta é uma excelente maneira de fixação do conteúdo da aula. Além disso, ele 
é ótimo para rápidas revisões às vésperas de um exame. 
 
CURSO DE DIREITO CIVIL PARA TRIBUNAIS 
PROFESSOR: LAURO ESCOBAR 
 
 
Prof. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br 
3
Ao final de cada aula também apresento alguns testes. Aliás, muitos 
testes. Todos eles já caíram em concursos anteriores. Este ponto merece um 
destaque especial em nosso curso. Trata-se de um diferencial. Até por 
experiência própria, entendo que os testes são imprescindíveis para um curso 
direcionado para concursos. Uma aula, por melhor que seja, só é completa se 
tiver testes, pois é por meio deles que o aluno vai pegando a “malícia” de uma 
prova. Inicialmente os testes têm a finalidade de revisar o que foi ministrado na 
aula e fixar, ainda mais, a matéria dada. Mas resolver questões já aplicadas em 
concursos anteriores é, indiscutivelmente, uma das melhores formas de se 
preparar para exames. Observem como os concursos costumam repetir 
questões que já caíram em outros exames ou fazer “variações sobre um mesmo 
tema”. 
Os testes apresentados neste nosso curso têm um grau de dificuldade 
acima da média e não fujo de questões polêmicas, desde que haja interesse para 
o nosso concurso. Por isso não fiquem preocupados se o seu índice de acerto 
ficou aquém do esperado... isso é muito natural... faz parte do aprendizado. Com 
o tempo, sem afobação, o aluno “vai pegando a malícia dos testes”. É importante 
o aluno fazer todos os exercícios, pois muitas vezes eles completam a aula. Por 
esse motivo o gabarito é totalmente comentado. Muitas dúvidas da aula podem 
ser sanadas somente por meio da leitura dos testes e de suas respectivas 
respostas, pois completam e aprofundam a matéria da aula. Passados alguns 
dias, refaçam os testes. Veja como seu índice melhorou... sem perceber você 
está “pegando o jeito da coisa”. Devo esclarecer que alguns testes foram 
adaptados, acompanhando as alterações legislativas que vem ocorrendo a todo 
o momento e também com inserção de mais alternativas em algumas questões. 
Por isso, nem sempre a fonte é citada, poiso exercício original ficou 
“desnaturado”. 
Finalmente, qualquer dúvida que porventura o aluno ainda tenha referente 
à aula deve ser encaminhada ao forum deste site, para que eu possa respondê-la 
da melhor forma possível. Assim, as perguntas dos alunos e as minhas respostas 
ficarão disponíveis para todos os matriculados no curso, enriquecendo ainda mais 
o nosso projeto. Por isso é importante que o aluno leia todas as perguntas e 
respostas que já foram elaboradas e encaminhadas, mesmo que por outros 
alunos, pois às vezes as suas dúvidas podem ser as mesmas que outro aluno já 
formulou. 
CRONOGRAMA 
Além da aula demonstrativa, teremos outras 09 (nove) aulas. Nosso 
programa é o seguinte: 
Aula 00 (fornecida hoje, logo após a esta apresentação) Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei n° 4.657/1942, com 
suas alterações): arts. 1° a 19. Vigência e Aplicação das Leis no Tempo e no 
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4
Espaço. A) Aspecto Temporal: Início e Fim da obrigatoriedade da lei. Revogação: 
ab-rogação e derrogação. Princípio da Irretroatividade. Ato Jurídico Perfeito. 
Direito Adquirido. Coisa Julgada. B) Aspecto Territorial. Conflito das normas no 
tempo e no espaço. Interpretação. Hermenêutica. Lacuna e Integração das 
Normas: Analogia, Costumes e Princípios Gerais do Direito. Antinomia. 
Aula 01 (25 de agosto) Pessoa Natural – Conceito. Personalidade: Início, 
Individualização e Término. Direitos da Personalidade. Capacidade: Classificação. 
Emancipação. Pessoa Jurídica – Conceito. Início da Personificação. Registro. 
Classificação: Pessoa Jurídica de Direito Público e de Direito Privado. Término. 
Grupos não personificados. Abuso e Desconsideração da Personalidade Jurídica. 
Domicílio e Residência. 
Aula 02 (1º de setembro) Dos Bens. Das Diferentes Classes de Bens. 
Conceito. Espécies. Classificação Geral (considerados e si mesmos; 
reciprocamente considerados; considerados em relação ao titular da propriedade; 
considerados quanto à possibilidade de comercialização). Bens de família legal e 
bem de família convencional. 
Aula 03 (15 de setembro) Fatos e Atos Jurídicos. Negócio Jurídico. 
Conceito. Classificação. Modalidades. Elementos Constitutivos: Essenciais Gerais e 
Especiais (particulares). Elementos Acidentais (condição, termo, modo ou 
encargo). Da Validade do Negócio Jurídico: Forma e Prova. Defeitos do Negócio 
Jurídico. Invalidade. Teoria das Nulidades: Nulidade Absoluta e Relativa. 
Conversão do negócio nulo. Prescrição (disposições gerais, causas que impedem 
ou suspendem a prescrição, causas que interrompem a prescrição, prazos da 
prescrição) e Decadência. 
Aula 04 (29 de setembro) Atos Ilícitos. Responsabilidade Civil. 
Conceito, pressupostos, espécies e efeitos. Responsabilidade Contratual e 
Extracontratual. Responsabilidade Objetiva e Subjetiva. 
Aula 05 (06 de outubro) Direito das Obrigações. Teoria Geral. Conceito. 
Elementos Constitutivos. Classificação. Cláusula Penal. Adimplemento e Extinção 
das Obrigações. Pagamento. Direto e Indireto. Dação em Pagamento. Novação. 
Confusão. Compensação. Remissão das Dividas. Arras ou Sinal. Cláusula Penal. 
Extinção da obrigação sem pagamento. Execução forçada por intermédio do 
Poder Judiciário. Consequências da inexecução da obrigação por fato imputável 
ao devedor (mora, perda e danos e cláusula penal). Transmissão (cessão de 
crédito, cessão de débito e cessão do contrato). Declaração unilateral de vontade: 
promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e 
enriquecimento sem causa e títulos de crédito. 
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Aula 06 (20 de outubro) Contratos. Disposições Gerais. Teoria Geral dos 
Contratos. Elementos. Princípios Fundamentais. Formação. Modalidades de 
contrato. Efeitos. Extinção da Relação Contratual. 
Aula 07 (03 de novembro) Direito das Coisas. Posse: Conceito. 
Classificação. Aquisição. Proteção. Efeitos. Perda. Propriedade: Aquisição. Perda 
da propriedade móvel. Direitos reais sobre coisa alheia: de fruição, de garantia e 
de aquisição. 
Aula 08 (17 de novembro) Direito de Família. 1) Direito Matrimonial. 
Casamento: classificação, habilitação, requisitos formais, impedimentos, forma e 
prova. Anulação e efeitos jurídicos. Regimes de Bens entre os Cônjuges. 
Separação e Divórcio. 2) Direito Convivencial. União Estável entre Homem e 
Mulher: caracterização, efeitos alimentícios e sucessórios, dissolução. 3) Direito 
Parental. Relação de parentesco. Filiação. Adoção. Poder Familiar. Alimentos. 4) 
Direito Assistencial. Guarda. Tutela. Curatela. Ausência. 
Aula 09 (1º de dezembro) Direito das Sucessões. Da Sucessão em Geral: 
Legítima e Testamentária. Disposições gerais, ordem de vocação hereditária, 
capacidade sucessória, direito de representação, transmissão da herança, 
herança jacente, aceitação e renúncia da herança. Capacidade para testar, parte 
disponível. Substituição. Formas de Testamento. Inexecução. Deserdação. 
Indignidade. Codicilo. Legados. Colação. Pagamentos das dívidas e garantias. 
Inventário, partilha, sonegados e sobrepartilha. 
Assim, com a exposição da matéria teórica acompanhada de exemplos 
práticos, quadros sinóticos, resumos, testes com gabarito comentado, 
possibilitando ainda ao aluno eliminar qualquer dúvida que reste através do nosso 
forum, acreditamos ser este trabalho uma importante ferramenta para o 
conhecimento e aprimoramento nos estudos. 
Finalizo, desejando a todos os votos de pleno êxito em seus objetivos, 
com muita tranquilidade e paz durante os estudos e na hora da realização das 
provas. 
 
 
Um forte abraço a todos. 
 
 
 
Lauro Ribeiro Escobar Jr. 
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AULA DEMONSTRATIVA 
Meus amigos e alunos: antes de iniciar uma aula, costumo colocar em 
destaque, de forma minuciosa, os pontos que examinaremos, seguindo o que os 
editais exigem. Assim o aluno pode conferir se a aula dada realmente abrangeu 
os pontos que estão presentes em um edital de seu interesse. 
Itens que serão abordados nesta aula: Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro (Decreto-Lei n° 4.657/1942, com todas as suas alterações): arts. 1° a 19. 
Vigência e Aplicação das Leis no Tempo e no Espaço. A) Aspecto Temporal: Início e 
Fim da obrigatoriedade da lei. Revogação: ab-rogação e derrogação. Princípio da 
Irretroatividade. Ato Jurídico Perfeito. Direito Adquirido. Coisa Julgada. B) Aspecto 
Territorial. Conflito das normas no tempo e no espaço. Interpretação. Hermenêutica. 
Lacuna e Integração das Normas: Analogia, Costumes e Princípios Gerais do Direito. 
Antinomia. 
 
Primeiro, vamos a uma curiosidade. O Decreto-Lei n° 4.657/42 tinha como 
“nome” (ou ementa) de Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro. Pois bem... a 
Lei n° 12.376 de 31 de dezembro de 2010 alterou esse nome para Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Ou seja, nossos parlamentares 
elaboraram uma lei apenas para alterar o nome da lei. Nada, absolutamente 
nada, mudou em seu conteúdo. E a intenção foi somente deixar claro o que já 
dizíamos há muito tempo: a Lei de Introdução não tem aplicação somente ao 
Código Civil, mas sim a todo o Direito, como veremos. No entanto, por ora, 
apesar da alteração, ainda iremos nos referir a Lei de Introdução ao Código Civil, 
ou, simplesmente, LICC. 
Comecemos... 
LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL 
 
Em 2003 entrou em vigor o novo Código Civil (Lei nº 10.406/02). Ela foi 
publicada no dia 10 de janeiro de 2002, mas somente entrou em vigor no ano 
seguinte. Antes disso jávigorava uma lei conhecida como Lei de Introdução ao 
Código Civil (ou simplesmente LICC), que é o Decreto-lei nº 4.657, de 04 de 
setembro de 1942. O novo Código Civil não revogou a LICC, nem a incorporou em 
seu texto. Portanto, a LICC não é parte integrante do Código Civil; trata-se de 
uma lei anexa ao Código Civil, porém autônoma. Suas normas são aplicáveis 
não só ao Direito Civil, mas também a todo nosso ordenamento jurídico, 
conforme veremos adiante. 
Na realidade a Lei de Introdução ao Código Civil, é um conjunto de 
normas sobre normas, isto porque disciplina as próprias normas jurídicas, 
prescrevendo-lhes a maneira de aplicação e entendimento, predeterminando as 
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fontes e indicando-lhes as dimensões espaço-temporais. Ela não rege a vida das 
pessoas, mas sim as próprias normas jurídicas. Logo, ela ultrapassa o âmbito do 
Direito Civil, atingindo tanto o direito privado quanto o público. Contém 
normas de sobredireito (também chamadas de normas de apoio). Trata-se de 
um código de normas. A doutrina a considera como uma lei de introdução às 
leis por conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer discriminação, 
indicando como aplicá-las. E ela continua em vigor, a despeito do novo Código 
Civil, em sua plenitude e de forma autônoma. Em síntese, a LICC trata dos 
seguintes assuntos: 
• Vigência das leis sob o aspecto temporal (ou seja, início e tempo de 
obrigatoriedade) e sob o aspecto espacial (ou seja, a territorialidade). 
• Garantia da eficácia da ordem jurídica (ou seja, não admite a ignorância 
de lei vigente). 
• Critérios de interpretação das normas (hermenêutica). 
• Fontes e integração das normas (ou seja, quando houver lacunas na lei). 
• Direito intertemporal. 
• Direito internacional (como a competência judiciária brasileira, prova de 
fatos ocorridos no estrangeiro, eficácia de tratados e convenções assinadas 
pelo Brasil, execução de sentença proferida no exterior, atos praticados 
pelas autoridades consulares brasileiras no exterior, etc.). 
Toda norma jurídica tem um âmbito de aplicação temporal, espacial, 
material e pessoal, dentro dos quais ela tem vigência e validade. Quanto à 
Vigência, vamos analisar as leis sob dois prismas: Temporal e Territorial. 
I. VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO 
As leis também possuem um ciclo vital: nascem, aplicam-se a 
determinadas situações, podem ser modificadas e “morrem”. Elas são regidas, 
inicialmente, por dois princípios fundamentais: 
A) Princípio da Obrigatoriedade das Leis – uma vez em vigor, a lei 
torna-se obrigatória para todos os seus destinatários. Publicada a lei, ninguém 
se escusa de cumpri-la alegando que não a conhece (art. 3o da Lei de Introdução 
do Código Civil). Tal dispositivo visa garantir a estabilidade e a eficácia do 
sistema jurídico que ficaria comprometido se fosse admitida a alegação de 
ignorância de lei em vigor. O erro de direito (que seria a alegação de 
desconhecimento da lei) só pode ser invocado em raríssimas ocasiões e quando 
não houver o objetivo de furtar-se o agente ao cumprimento da lei. Reforçando: 
para a LICC o desconhecimento da lei não pode ser alegado; já para o Código 
Civil pode haver tal alegação em situações especialíssimas (art. 139, III). 
B) Princípio da Continuidade das Leis – a partir de sua vigência, a lei 
tem eficácia contínua, até que outra a revogue (embora possam existir “leis 
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temporárias”, conforme veremos adiante – art. 2o da LICC). O desuso ou o 
decurso de tempo, não fazem com que a lei perca sua eficácia. 
INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS 
A criação de uma lei obedece a um procedimento próprio, definido nas 
normas constitucionais. Uma lei não entra em vigor de imediato. De uma forma 
geral, há um processo de criação da lei que passa por cinco etapas. Vejamos de 
forma resumida. 
A criação de uma lei obedece a um procedimento próprio, definido nas 
normas constitucionais (arts. 59 a 69, CF/88). Há todo um processo solene de 
elaboração da lei, chamado de processo legislativo, que passa por cinco 
etapas. Embora este não seja um tema específico do Direito Civil é conveniente 
fazer um resumo sobre o tema. Há várias espécies de leis, cada uma possui 
peculiaridades próprias. Vamos falar sobre o “processo padrão”, ou seja, o 
processo legislativo ordinário: 
A) INICIATIVA – é o ato que inicia todo o processo legislativo. Trata-se da 
faculdade conferida a alguém ou a algum órgão para apresentar um projeto de 
lei. A Constituição confere legitimação a várias pessoas e órgãos para a 
apresentação de projetos de lei ao Poder Legislativo. Na área federal, 
dependendo da matéria, cabe: 
1. Iniciativa Parlamentar – a qualquer um dos membros ou comissões do 
Poder Legislativo; 
2. Iniciativa Extraparlamentar – ao Presidente da República, Supremo 
Tribunal Federal, demais Tribunais Superiores, Procurador Geral da República e 
também aos cidadãos em geral (iniciativa popular), como previsto no artigo 61 
da Constituição Federal. Nesta última hipótese o caso mais famoso foi o da 
autora de novelas Glória Peres, que perdeu uma filha assassinada e liderou 
uma campanha vitoriosa por todo Brasil para incluir o homicídio qualificado 
como crime hediondo. 
B) DISCUSSÃO E APROVAÇÃO – apresentado o projeto são realizados estudos, 
debates, redações, correções, emendas e votação do projeto. Este trabalho é 
chamado de deliberação parlamentar. No âmbito federal o projeto deve ser 
aprovado pelas duas Casas Legislativas (Iniciadora e Revisora). No caso de uma 
lei ordinária, que trata, em tese, de matérias mais simples, a aprovação se dá por 
maioria simples de cada Casa Legislativa. Já uma lei complementar possui um 
quorum qualificado (maioria a absoluta), isto para que se tenha certeza de que 
aquele assunto tratado realmente reflete o interesse da sociedade. Lembrando: 
na grande maioria das vezes a Casa Iniciadora é a Câmara dos Deputados. Isso 
ocorre quando o projeto for apresentado por um Deputado Federal, pelo 
Presidente da República, pelo Supremo Tribunal Federal, pelos Tribunais 
Superiores, etc. A exceção ocorre quando o projeto é de autoria de um Senador 
ou comissão do Senado. Neste caso a Casa Iniciadora é o próprio Senado Federal. 
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9
A Casa Iniciadora pode aprovar ou rejeitar o projeto. Se for rejeitado, será 
arquivado, não podendo ser apresentado outro sobre a matéria na mesma sessão 
legislativa, salvo se houver proposta da maioria dos Deputados ou dos 
Senadores. Aprovado na Casa Iniciadora (com ou sem emendas) o projeto segue 
para a Casa Revisora, para nova deliberação. Ela poderá: a) aprovar 
integralmente o projeto (segue-se, então, para a próxima etapa, que é a sanção 
ou veto); b) emendar o projeto (neste caso as emendas – somente as emendas – 
retornam para a Casa Iniciadora, podendo aprová-las ou rejeitá-las); ou c) 
simplesmente rejeitar o projeto (neste caso ele será arquivado). Lembrando: não 
há um poder ilimitado para apresentar emendas; elas devem ser relacionadas ao 
tema de que trata o texto. Sendo o projeto de iniciativa exclusiva do Presidente 
da República, não será admitida emendas que acarretem aumento da despesa 
prevista, salvo se se tratar de lei orçamentária (este “salvo”, como temos visto na 
prática, é uma festa...) 
C) SANÇÃO OU VETO – nesta fase o chefe do Poder Executivo participa do 
processo (deliberação executiva). 
1. Com a sanção ele manifesta a sua concordância com o projeto 
aprovado pelo Poder Legislativo. Há uma conjugação das vontades dosPoderes 
Legislativo e Executivo, nascendo a lei. Costuma-se dizer que: a sanção 
transforma o projeto de lei em lei. A sanção incide em um projeto de lei e, ao 
incidir, nasce a lei. O projeto pode ser sancionado de forma expressa (quando o 
Executivo se manifesta por despacho, aprovando o projeto) ou tácita (quando o 
Executivo simplesmente se omite, deixando de apreciar o projeto no prazo de 15 
dias úteis), conforme estabelece o art. 66, §3o, CF/88. 
2. Com o veto, o chefe do Executivo manifesta sua recusa ou não-
concordância com o projeto de lei. O veto é irretratável e deve ser sempre 
expresso e motivado. Não há o chamado “veto tácito”, pois o silêncio do Chefe 
do Executivo implica em sanção. O veto pode ser total, quando atinge todos os 
dispositivos do projeto ou parcial, quando atinge um ou alguns dos dispositivos 
do projeto. Como falei acima, o veto deve ser motivado. E são dois os motivos 
para se vetar: inconstitucionalidade e/ou inconveniência. Costuma-se dizer que o 
veto é jurídico (caráter formal) quando o projeto é considerado inconstitucional; 
ele contraria a Constituição. Por outro lado ele pode ser político (caráter material 
- mérito), ou seja, contrário ao interesse público; o Chefe do Executivo faz um 
juízo sobre a inconveniência de se aprovar determinada matéria. Assim, um 
projeto pode ser constitucional, e mesmo assim, ser vetado por não ser 
conveniente para o interesse público. O veto só pode ser supressivo, ou seja, o 
Chefe do Executivo nada pode acrescentar ao projeto; ele somente pode retirar. 
Não pode haver veto de palavras isoladas; isso para evitar alterações ou 
inversões de sentido (ex.: vetar a palavra “não”). O veto, ainda que parcial, deve 
abranger o texto integral do artigo, de parágrafos (§1°, §2° ...), de incisos (I, II, 
III...), ou alíneas (“a”, “b”, “c”...). Por outro lado o veto pode ser superado (ou 
derrubado). Isto é, ocorrido o veto, o Presidente da República comunica ao 
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10
Presidente do Senado os motivos do veto no prazo de 48 horas e o Congresso 
Nacional irá reapreciar a matéria, no prazo de 30 dias. A votação será feita pelo 
Congresso Nacional, de forma conjunta, mas os votos dos Deputados e 
Senadores serão computados separadamente. Ou seja, embora a sessão seja 
conjunta, para derrubar o veto é necessária a maioria absoluta dos Deputados 
e dos Senadores. Sendo o veto total e não for alcançada a maioria absoluta em 
cada Casa, encerra-se o processo legislativo (o projeto será arquivado). Se o veto 
for parcial e ele for mantido, o próprio Presidente do Congresso promulgará a lei 
(evidentemente que somente com as partes não vetadas), uma vez que o texto 
já estava com a concordância com o Chefe do Executivo. Se o veto for derrubado, 
o projeto volta ao Chefe do Executivo apenas para a promulgação. 
D) PROMULGAÇÃO – decorre da sanção e tem o significado de proclamação. 
Dá-se conjuntamente com a sanção, quando o Presidente da República assina o 
projeto de lei. Promulgar é declarar a existência de uma lei, inovando-se a ordem 
jurídica. Costuma-se dizer que “a lei nasce com a promulgação”. Quando está 
escrito no texto da lei ...faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei... implicitamente quer dizer que a lei também está sendo promulgada, 
no mesmo tempo e instrumento. A sanção transforma o projeto de lei em lei, por 
isso o que se promulga é a lei (e não o projeto). O Chefe do Executivo atesta 
perante a sociedade a existência válida de uma lei, ordenando-lhe o respectivo 
cumprimento. Lembrando que em uma Emenda Constitucional não há sanção ou 
veto, mas promulgação pelas mesas da Câmara e do Senado. Nos casos de 
sanção tácita (transcorreram 15 dias úteis sem manifestação do Executivo) ou 
derrubada de veto, o Chefe do Executivo terá 48 horas para promulgar a lei. Não 
o fazendo no prazo a atribuição cabe ao Presidente do Senado. 
E) PUBLICAÇÃO – é o ato por meio do qual se dá a divulgação da existência da 
nova lei em órgão oficial, tornando-se, portanto, conhecida de todos (trata-se de 
uma presunção). A finalidade da publicação é garantir (ao menos potencialmente) 
que uma lei seja conhecida por todos os que estarão sujeitos a seu comando; é 
uma condição de vigência e de eficácia da lei. É a fase que encerra o processo 
legislativo. 
A rigor as leis nascem pela promulgação, sendo que a seguir devem ser 
publicadas em órgão oficial (Diário Oficial). Mas a força obrigatória da lei está 
condicionada a sua vigência, ou seja, ao dia em que realmente ela começa a 
vigorar. 
,Distinção , Vigência X Eficácia 
Vigência deriva da expressão latina vigentia (do verbo vigere, vigens – 
estar em voga, vigorar), que significa a qualidade de vigente, o tempo durante o 
qual uma coisa vige ou vigora. Designa a existência específica de uma norma, em 
determinada época; é o período de vida da norma, desde o início de sua 
obrigatoriedade até a sua revogação. Lei em vigor é a que se mantém em voga, 
para ser efetivamente aplicada aos casos sob o seu regime. Como veremos logo a 
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seguir, uma lei pode ter sido publicada e ainda não estar vigorando, pois a 
própria lei marcou um prazo para que ela entre em vigor. 
Eficácia é a qualidade que uma lei que está em vigor tem de produzir 
efeitos concretos, seja porque foram cumpridas as condições exigidas para isso 
(eficácia jurídica), seja porque os destinatários da norma a estão cumprindo 
(eficácia social). Quase todas as leis que entram em vigor, possuem, também 
eficácia. No entanto, há normas que foram editadas, mas ainda não foram 
regulamentadas. Neste caso a lei já está vigorando, mas não tem eficácia. 
REGRAS DA LICC 
1) Salvo disposição em contrário, uma lei começa a vigorar, em todo o 
país, quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada (art. 1o, caput 
da LICC). Este dispositivo prevê um intervalo de tempo entre a publicação da lei e 
a data de início de sua vigência. Porém esse princípio não é absoluto porque 
quase todas as leis contêm em seu texto disposição prescrevendo sua entrada em 
vigor na data da respectiva publicação. 
O espaço compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigor 
denomina-se vacatio legis. Geralmente este prazo é estabelecido para melhor 
divulgação dos textos legais antes que eles entrem em vigor e para que os órgãos 
da administração se aparelhem melhor ao novo texto legal. Enquanto não 
transcorrido esse período, a lei nova, mesmo que já publicada, ainda não tem 
força obrigatória ou vinculante. 
A atual legislação adotou o sistema simultâneo. Portanto, a regra geral 
teórica no Brasil é a de que uma lei entra em vigor em todo o território nacional 
45 dias após a publicação. Trata-se, portanto, de um prazo único para todo País, 
sendo simultânea a sua obrigatoriedade. 
Uma lei pode entrar em vigor na data de sua publicação ou em outra data 
mais à frente, desde que haja previsão expressa em seu próprio texto. Isto é 
assim devido à importância ou urgência de determinada lei e a maior ou menor 
dificuldade de adaptação da sociedade a esta nova lei. Somente quando não 
houver expressa disposição na própria lei acerca da data em que ela entrará 
em vigor (omissão proposital da lei), aí sim, ela entrará em vigor em 45 dias após 
a publicação. 
2) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando 
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada (art. 1o, §1o da 
LICC). Isto é, se uma lei for editada no Brasil, mas para surtir efeitos no 
estrangeiro (em geral quando cuida de atribuição de ministros, embaixadores, 
cônsules, convenções de direito internacional,etc.) e esta lei for omissa quanto à 
data que entrará em vigor (a data de sua vigência efetiva), esta lei somente 
entrará em vigor 03 (três) meses após a sua publicação. 
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3) Uma lei pode ter sido publicada com algum erro substancial 
(implicando em uma divergência de aplicabilidade). O art. 1o, §3o da LICC 
determina que “se antes de entrar em vigor ocorrer nova publicação desta lei, 
destinada à correção de seu texto, o prazo deste artigo e dos parágrafos 
anteriores começará a correr da nova publicação”. 
Ex: Uma lei foi publicada em determinado dia e é omissa em relação ao dia 
que entrará em vigor. Assim, somente entrará em vigor 45 dias após a 
publicação. Vinte dias depois de publicada, alguém notou que houve um erro no 
texto da Lei. Desta forma ela deve ser republicada. E aquele prazo de 45 dias 
recomeça a contar; inicia-se novamente a contagem do prazo de vacatio a partir 
do dia da republicação da lei. Notem que continua sendo a mesma Lei. 
4) Por outro lado, as correções de texto de lei que já está em vigor 
consideram-se lei nova (art. 1o, §4o, LICC). Sujeita-se, naturalmente, aos prazos 
normais das demais leis. Ex: Uma lei foi publicada, cumpriu o prazo de vacatio 
legis e entrou em vigor. Alguns dias depois, um erro foi notado. Neste caso, 
quando houver a “republicação”, esta será considerada como lei nova. No 
entanto, para haver esta republicação para correção, é necessário um novo 
processo legislativo, pois se trata de lei nova. 
Contagem 
O prazo de vacatio legis conta-se: incluindo-se o dia do começo (ou seja, o 
dia da publicação da Lei) e também do último dia do prazo (que é o dia do seu 
vencimento). Assim, a lei entrará em vigor no dia subsequente a sua 
consumação integral (ainda que se trate de domingo ou feriado). 
Tal regra está prevista no art. 8o, §1o da Lei Complementar no 95/98, com 
texto modificado pela L.C. no 107/01 e regulamentada pelo Decreto no 4.176/02, 
que dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, 
conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal. 
Observação Não há vacatio legis em caso de decretos e regulamentos, 
cuja obrigatoriedade é determinada pela sua publicação (salvo se eles 
dispuserem de forma diversa). Assim, na omissão de quando essas espécies 
normativas entrarão em vigor, isto ocorrerá na data da sua publicação. 
FIM DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS 
Não se destinando à vigência temporária, uma lei terá vigor até que outra a 
modifique ou a revogue. É o que dispõe o art. 2o, caput da LICC. 
A regra geral é de que uma lei não tem um prazo certo para vigorar; ela 
permanece em vigor enquanto não for modificada ou revogada por outra (eficácia 
contínua). 
No entanto, algumas leis são expedidas com prazo de duração. Nestes 
casos a lei possui vigência temporária. Ex: lei que concede favores fiscais 
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durante 10 anos às indústrias que se instalarem em determinada região; 
racionamento de combustível durante a guerra; Imposto/Contribuição Provisória 
sobre Movimentações Financeiras (IPMF, CPMF), Leis Orçamentárias, etc. Tais 
normas desaparecem do ordenamento jurídico com o decurso do prazo 
estabelecido ou quando ela já cumpriu os objetivos a que se propôs (ex: lei que 
se destina alojar, de forma temporária, em escolas públicas, pessoas 
desabrigadas por causa de uma inundação). Assim, lei temporária é a que 
nasce com termo prefixado de duração ou com um objetivo a ser cumprido. A Lei 
já nasce com um prazo para perder sua vigência. Contudo, não se fixando um 
prazo determinado, prolonga-se a obrigatoriedade da norma (princípio da 
continuidade) até que ela seja modificada ou revogada por outra. 
Revogar (do latim revocatio, revocare = anular, desfazer, desvigorar) é 
tornar sem efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica; é a supressão da 
força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia. Podem ser revogadas as leis, os 
regulamentos, as portarias, as cláusulas contratuais, etc. O art. 2o, §1o da LICC 
dispõe que a lei posterior revoga a anterior em três situações: 
1) quando expressamente assim o declare; 
2) quando seja com ela incompatível; 
3) quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
Podemos classificar a revogação em: 
a) Total (ou ab-rogação) – quando a lei nova regula inteiramente a 
matéria da lei anterior, ou quando existe incompatibilidade (explícita ou implícita) 
entre as leis. A norma anterior perde sua eficácia na totalidade. 
b) Parcial (ou derrogação) – quando torna sem efeito apenas uma parte da 
lei ou norma, permanecendo em vigor todos os dispositivos que não foram 
modificados. 
A revogação ainda pode ser classificada quanto à forma de execução: 
a) Expressa (ou por via direta) – quando a lei nova taxativamente declara 
revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende suprimir (art. 2o, 
§1º, primeira parte da LICC). Seria interessante que todas as leis dissessem 
exatamente o que estão revogando. Mas isso não ocorre na prática. O art. 9o da 
LC 98/95, com a redação da LC 107/01, determina que “a cláusula de revogação 
deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”. 
b) Tácita (indireta ou via oblíqua) – quando a lei posterior é incompatível 
com a anterior e não há disposição expressa no texto novo indicando a lei que foi 
revogada. Diz o art. 2º, §1º, segunda parte da LICC, que ocorre a revogação 
tácita quando “seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a 
matéria que tratava a lei anterior”. Geralmente o legislador utiliza, no final das 
leis, a seguinte expressão genérica: “revogam-se as disposições em contrário”. 
Observações 
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01) As espécies de revogação podem ser “combinadas”. Ou seja, a 
revogação expressa pode ser total (a nova lei diz que está revogando toda a lei 
anterior) ou parcial (a nova lei aponta apenas um ou dois artigos que está 
revogando da lei velha). E a revogação tácita também pode ser total ou parcial. 
02) Irrevogabilidade – algumas matérias estipuladas na Constituição 
(art. 60, §4º) não podem ser objeto de revogação, nem mesmo mediante 
Emenda Constitucional. São as chamadas cláusulas pétreas: forma federativa 
do Estado; voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos Poderes e os 
direitos e garantias individuais. 
03) No mundo jurídico pode ocorrer a seguinte hipótese: uma Lei X está 
vigorando normalmente. Algum tempo depois é promulgada uma Emenda 
Constitucional (que ficará fazendo parte da própria Constituição – trata-se do 
Poder Constituinte Derivado ou Reformador). Com isto, aquela Lei X se tornou, 
digamos, “inconstitucional”. Quando isso ocorre dizemos que houve a “não-
recepção da lei pela nova ordem constitucional” ou que a lei “perdeu o seu 
fundamento de validade”. 
04) A perda de eficácia pode também decorrer da decretação de 
inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, cabendo ao Senado 
suspender-lhe a execução. Segundo a doutrina isso também não seria 
exatamente uma hipótese de revogação tácita. Nada impede, também, que uma 
pessoa se sentindo prejudicada por uma lei, e entendendo que ela esteja fora dos 
limites legais, ingresse no Poder Judiciário, arguindo a “inconstitucionalidade” 
desta lei. 
Termos Importantes 
1) Atividade – é o fenômeno jurídico pelo qual a lei regula todas as 
situações durante o seu período de vida (vigência). É a regra em nosso Direito. 
2) Extra-atividade – ocorre quando umalei regula situações fora do seu 
período de vigência. Trata da exceção em nosso Direito. A extra-atividade pode 
abranger situações passadas e/ou futuras. Portanto, possui duas espécies: 
a) Retroatividade – a lei regula situações que ocorreram antes do 
início de sua vigência. 
b) Ultra-atividade – a lei foi revogada, mas continua sendo aplicada. 
REPRISTINAÇÃO 
Repristinar significa restituir ao valor, caráter ou estado primitivo. Na 
ordem jurídica repristinação (ou efeito repristinatório) é o restabelecimento da 
eficácia de uma lei anteriormente revogada. Preceitua o art. 2o, §3o da Lei de 
Introdução ao Código Civil que a lei revogada não se restaura por ter a lei 
revogadora perdido a vigência, salvo disposição em contrário. Ex: Se a lei “A” é 
revogada pela lei “B” e posteriormente a lei “B” é revogada pela lei “C”, não se 
restabelece a vigência da lei “A”. No Brasil não há repristinação ou restauração 
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automática da lei velha, se uma lei mais nova for revogada. É importante deixar 
bem claro que é possível que ocorra o fenômeno da repristinação. Mas isso 
somente é admissível quando a nova lei (no exemplo acima a lei “C”) determinar 
expressamente que a lei velha (lei “A”) retome a sua eficácia. Outra situação 
citada pela doutrina é a seguinte: foi editada a lei "A". Posteriormente foi editada 
a lei "B" que revogou a "A". Tempos depois, a lei "B" foi considerada 
inconstitucional. Neste caso retorna a vigência da lei "A". 
Leis Gerais e Especiais 
Outro item que vem caindo muito em concursos é a regra disposta no art. 
2º, §2º da LICC: “a lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a 
par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”. 
Explicando. Lei Geral é a que aborda todo um ramo específico do Direito 
(ex: Código Civil). Norma Especial é aquela que tem um conteúdo especializado 
dentro de certo ramo (ex: Lei do Inquilinato, do Condomínio, etc., em relação ao 
Código Civil). Como regra a norma geral não revoga a especial e a norma 
especial não revoga a geral. Quando a lei especial regula determinada matéria 
que também está prevista num Código, contendo outras disposições a mais que 
não se encontram no Código e que não contradizem o novo direito, ambas 
continuarão em vigor, coexistindo. No entanto a norma especial pode revogar a 
geral quando dispuser sobre esta revogação de forma explícita ou implícita, 
momento em que regula a mesma matéria que a geral, modificando o seu 
conteúdo. 
Vamos dar um exemplo prático. Uma lei geral está vigorando normalmente. 
Posteriormente uma lei especial é editada, dispondo sobre o mesmo assunto. Este 
fato, por si só, não faz com que a primeira lei seja revogada ou modificada. As 
duas leis podem coexistir normalmente. Somente se o texto de uma delas for 
totalmente incompatível com o da outra é que será hipótese de revogação. 
Exemplo: O Código Civil trata no art. 1.711 e seguintes, disposições sobre o bem 
de família de uma forma geral. No entanto a Lei nº 8.009/90 também trata deste 
tema. Qual lei deve ser aplicada? Se cotejarmos os textos de ambas as leis, 
veremos que eles não são antagônicos entre si. Uma lei completa a outra. Uma é 
especial em relação a outra, sendo que não há incompatibilidade entre seus 
dispositivos. A lei especial apenas introduziu uma exceção ao princípio geral. 
Portanto ambas coexistem e vigoram normalmente. E o intérprete deve associá-
las, acomodá-las, aplicando-as em cada caso concreto. 
CONFLITO DAS NORMAS NO TEMPO 
Quando uma norma é modificada por outra e já se haviam formado relações 
jurídicas na vigência da lei anterior, podem surgir conflitos. Qual norma deve ser 
aplicada a um caso concreto? O chamado direito intertemporal visa solucionar 
estes conflitos entre as normas. Para tanto são usados dois critérios: as 
disposições transitórias e o princípio da irretroatividade das leis. 
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A) DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS (ou direito intertemporal) – A lei, para 
evitar eventuais e futuros conflitos, em seu próprio corpo, geralmente ao final, 
pode estabelecer regras temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre a nova 
lei e a antiga, conciliando a nova lei com as relações já definidas pela norma 
anterior. Observem que o próprio Código Civil em vigor contém um Livro 
Complementar, chamado “das disposições finais e transitórias” (arts. 2.028 até 
2.043). Em seu corpo percebe-se que há uma série de regras, sendo que algumas 
delas autorizam a aplicação do Código anterior (mesmo já revogado, continua 
produzindo efeito - ultratividade). Observem o art. 2.038 do atual Código. Ele 
determina que um capítulo inteiro do Código anterior continue sendo aplicado em 
relação às enfiteuses (matéria que se analisa do Direito das Coisas). 
B) IRRETROATIVIDADE DAS LEIS – Etimologicamente retroatividade 
quer dizer atividade para trás, ou seja, produção de efeitos em situações 
passadas. Juridicamente, podemos dizer que uma norma retroage quando ela 
vigora, não somente a partir de sua publicação, mas, ainda, regula certas 
situações jurídicas que vêm do passado. Na realidade uma lei é expedida para 
disciplinar fatos futuros, a partir de sua vigência. A vigência de uma lei se 
estende, como já dissemos, desde o início de sua obrigatoriedade até o início da 
obrigatoriedade de outra lei. A regra no Brasil é a irretroatividade das leis, ou 
seja, estas não se aplicam às situações constituídas anteriormente. Trata-se de 
um princípio que visa dar estabilidade e segurança ao ordenamento jurídico 
preservando situações já consolidadas sob a lei antiga, em que o interesse 
particular deve prevalecer. 
No entanto, há casos em que a lei nova pode retroagir ao passado, 
alcançando consequências jurídicas de fatos efetuados sob a égide de lei anterior. 
Em regra, deve prevalecer o princípio da irretroatividade. Há um duplo 
fundamento: constitucional e infraconstitucional. O art. 5o, inciso XXXVI da 
Constituição Federal determina que “A lei não prejudicará o direito adquirido, 
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. De uma forma análoga, o art. 6o da 
LICC prevê que: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato 
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. Observem que a cláusula 
de irretroatividade da lei nova convive com outro preceito de direito 
intertemporal, que é o da eficácia imediata e geral da lei nova. Isto quer dizer 
que a lei nova atinge os fatos pendentes e os futuros que se realizarem já sob 
sua vigência, não abrangendo os fatos passados. Em latim dizemos: tempus regit 
actum (o tempo rege o ato). Ou seja, a lei que incide sobre um determinado ato 
é a do tempo em que este ato se realizou. 
Vejamos agora ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
1) Ato Jurídico Perfeito ⎯ é o que já se consumou, segundo a norma 
vigente no tempo em que se efetuou; na ocasião da prática do ato todas as 
formalidades exigidas pela lei foram rigorosamente obedecidas e em razão disso 
o ato não pode ser alterado pela existência de lei posterior. Ex: um contrato de 
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locação que foi celebrado e vem sendo cumprido durante a vigência de uma lei 
não pode ser renovado sob o argumento que uma nova lei mudou, digamos, a 
forma de pagamento e dos reajustes das prestações. A lei nova, neste caso não 
retroage para atingir os fatos pretéritos, reajustando prestações vencidas. No 
entanto, esse contrato (embora celebrado sob a vigência de a lei anterior) não 
está imune aos efeitosda nova lei, ainda que estas sejam incompatíveis com o 
sistema anterior. Concluindo: para os contratos celebrados sob a égide de lei 
revogada e que ainda estão produzindo efeitos (fatos pendentes), não há uma 
imunidade absoluta. 
2) Direito Adquirido ⎯ é o que já se integrou ao patrimônio e à 
personalidade de seu titular, podendo ser exercido a qualquer momento. Para ser 
considerado “direito adquirido” são necessários dois requisitos: a) existência de 
um fato; b) existência de uma norma que faça do fato originar-se direito. 
Enquanto não estiverem presentes estes elementos não há direito adquirido, mas 
“expectativa de direito”. Ex: pessoa que já se aposentou e a lei modifica 
posteriormente o prazo para a aposentadoria, ampliando-o; a pessoa não será 
obrigada a voltar a trabalhar para completar o novo prazo, pois quando se 
aposentou a regra era aquela. 
Há direito adquirido contra normas constitucionais? Resposta: O 
Supremo Tribunal Federal, antes da Constituição de 1988, chegou a se manifestar 
no sentido de que “não há direito adquirido contra texto constitucional, resulte ele 
do Poder Constituinte originário ou do Poder Constituinte derivado”. Neste 
sentido, dizia Pontes de Miranda que “contra a Constituição nada prospera, tudo 
fenece”, de modo que qualquer ato infraconstitucional que contrarie a Carta 
Magna deve ser tido como inválido. No entanto atualmente se entende que se 
uma Emenda Constitucional atingiu as chamadas cláusulas pétreas, há o 
entendimento de que o direito adquirido deve prevalecer. Desta forma, embora o 
poder constituinte derivado possa desconstituir direitos que tiverem sido 
adquiridos no passado, isto não significa que tais atos fiquem imunes ao controle, 
pois será sempre possível verificar se outros princípios constitucionais 
condicionantes do poder de reforma foram atingidos, dentre os quais os direitos 
fundamentais individuais, políticos, sociais e coletivos, no seu núcleo essencial. 
3) Coisa Julgada ⎯ é a decisão judicial da qual não cabe mais recurso 
(transitou em julgado). Para alguns autores coisa julgada é a qualidade dos 
efeitos da decisão, no sentido de lhes traduzir imutabilidade. A decisão que 
estabelece o direito de um dos litigantes pressupõe uma verdade, que se torna 
irrevogável e irretratável. Assim, uma lei nova não pode alterar aquilo que já foi 
apreciado em definitivo pelo Poder Judiciário. É interessante acrescentar que 
mesmo após o trânsito em julgado de uma decisão, ela ainda pode ser modificada 
(ex: Revisão Criminal, Ação Rescisório). 
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS 
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Na realidade as leis deveriam ser sempre claras e precisas. Nesta hipótese 
não seria necessário qualquer trabalho de interpretação. Mas é difícil encontrar 
uma “lei perfeita”. E quando surge uma ambiguidade no seu texto, ou má 
redação, imperfeição ou falta de técnica, deve então haver a intervenção do 
intérprete, para pesquisar o verdadeiro sentido que o legislador quis dar ou 
estatuir. Trata-se da mens legis (ou intenção da lei). Daí surge a hermenêutica, 
que é a teoria científica da arte de interpretar, descobrir o sentido da norma 
jurídica e fixar o seu alcance. Costumamos usar também o termo “exegese” para 
conceituar o esclarecimento, entendimento ou interpretação minuciosa de um 
texto legal, para a consequente aplicação do Direito. Ou seja, exegese é a 
aplicação prática das regras de hermenêutica. 
Existem vários métodos e critérios de interpretação das leis. Mas é 
importante deixar claro que todas essas espécies de interpretação não se operam 
de forma isolada; elas devem se completar, pois todas trazem alguma 
contribuição para a descoberta do sentido e alcance da norma de Direito. São 
elas: 
a) Quanto às Fontes ⎯ a interpretação pode ser autêntica (feita pelo 
próprio legislador), doutrinária (feita pelos estudiosos da matéria) ou 
jurisprudencial (feita por nossos Tribunais). 
b) Quantos aos Meios ⎯ a interpretação pode ser gramatical (observando 
as regras de linguística), lógica (ou racional – a lei é examinada no seu conjunto), 
ontológica (busca-se a essência da lei, sua razão de ser, a ratio legis ou razão da 
lei), histórica (pesquisam-se as circunstâncias que provocaram a expedição da 
lei), sistemática (compara a lei atual com os textos anteriores) ou sociológica ou 
teleológica (adapta o sentido ou a finalidade da norma às novas exigências 
sociais). Neste sentido o art. 5o, LICC: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos 
fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Assim, deve o 
juiz buscar o real sentido da lei e não se ater ao texto frio e literal da lei, 
aplicando que for mais justo, o que atende melhor ao bem comum. 
c) Quanto aos Resultados ⎯ a interpretação pode ser declarativa (a letra 
da lei corresponde precisamente ao pensamento do legislador, não sendo 
necessária a interpretação), extensiva (o legislador disse menos do que pretendia 
dizer, sendo necessário ampliar a aplicação da lei) ou restritiva (o legislador disse 
mais do que pretendia, sendo necessário restringir a sua aplicação). 
INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA 
De uma forma geral a lei procura prever e disciplinar todas as situações 
importantes às relações individuais e sociais. Quando um fato se enquadra no 
conceito abstrato da norma, chamamos isso de subsunção. Mas, muitas vezes, o 
legislador não consegue prever todas as situações que uma norma pode criar. E 
um Juiz não pode deixar de julgar um caso alegando lacuna, obscuridade ou 
contradição da lei. O Juiz tem o dever de decidir todas as controvérsias que lhe 
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forem apresentadas. O art. 126 do CPC prevê que “o juiz não se exime de 
sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da 
lide caber-lhe-á aplicar as normais legais; não as havendo, recorrerá à analogia, 
aos costumes e aos princípios gerais de direito”. Completando, o art. 4o da LICC 
prevê: “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, 
os costumes e os princípios gerais de direito”. 
Desta forma, o Juiz deve inicialmente aplicar a lei de forma objetiva e 
direta. Não deu? Tenta-se interpretar a lei, usando os mecanismos mencionados 
mais acima! Esgotados os critérios interpretativos sem resultados, cumpre ao 
aplicador da lei suprir a lacuna encontrada, recorrendo, aí sim, aos meios de 
integração da norma jurídica, ou seja: à analogia, aos costumes e aos princípios 
gerais do direito. Estes são os meios supletivos de preencher as lacunas da lei. 
Observem que há uma ordem preferencial, uma hierarquia na utilização desses 
métodos de integração da norma jurídica. A analogia figura em primeiro lugar. 
Vejamos: 
1) ANALOGIA ⎯ consiste em aplicar, à hipótese não prevista de modo 
direto ou específico por uma norma, dispositivo relativo a um caso distinto, 
porém semelhante. Trata-se de um processo de raciocínio lógico pelo qual o Juiz 
estende uma norma (ou mesmo regras ou princípios) a outros casos não 
diretamente compreendidos na descrição legal, mas que é parecido. Vejamos: 
⎯ Hipótese “A” → Aplica-se expressamente a Lei “X”. 
⎯ Hipótese “B” (parecida com a hipótese “A”) → Não há lei (anomia); ou 
há lei, mas ela é omissa. Neste caso, permite-se a aplicação da regra jurídica 
“X”, por analogia. 
Ex: o Código Civil determina que quando a cláusula testamentária for suscetível 
de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da 
vontade do testador. Não há qualquer previsão em relação a isto quanto às 
doações. No entanto, entende-se que tal dispositivo pode ser aplicado, por 
analogia, também às doações. Istoporque tanto o testamento, quanto a doação 
são formas de liberalidades de patrimônio. São casos parecidos entre si, não 
havendo previsão expressa proibindo tal conduta. 
É na aplicação da analogia que se origina a missão conferida ao Juiz pelo 
art. 4o da LICC, impedindo-o de se eximir de uma decisão. O magistrado cria 
uma norma individual, que só vale para cada caso concreto, pondo fim ao 
conflito, sem dissolver definitivamente a lacuna. A analogia pode ser assim 
classificada: 
a) Analogia Legis – aplicação de outra norma já existente, como no 
exemplo fornecido acima, retirado do próprio Código Civil (a lei fala de uma regra 
aplicável ao testamento, mas é omissa em relação à doação; como são casos 
parecidos, a regra referente ao testamento pode ser aplicada, por analogia, 
também no que se refere às doações). 
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b) Analogia Juris – aplicação de um conjunto de normas para extrair 
elementos que possibilitem a sua aplicabilidade a um caso concreto não previsto, 
mas parecido com outro (trata-se de uma forma mais complexa). 
2) COSTUMES ⎯ No direito antigo, o costume desfrutava de larga 
projeção, devido à escassa função legislativa e ao pequeno número de leis 
escritas. Ainda hoje, nos países de direito costumeiro (ou direito consuetudinário 
– common law), como na Inglaterra, ele exerce papel importante como fonte do 
direito. No direito moderno, de um modo geral, o costume foi perdendo 
paulatinamente sua importância. Costume é o uso reiterado, constante, notório 
e uniforme de uma conduta, na convicção de ser a mesma (a conduta) 
obrigatória. Em outras palavras: é uma prática que se estabelece por força do 
hábito, com convicção. 
São seus elementos: o uso continuado de uma prática (elemento objetivo) e a 
convicção de sua obrigatoriedade (elemento subjetivo). Um ótimo exemplo que 
podemos citar sobre os costumes são as filas. Elas não estão previstas na lei, 
mas a sua reiterada prática em nosso dia-a-dia, cria a convicção de sua 
obrigatoriedade. A diferença entre o costume e um simples hábito reside no fato 
de que neste último há a prática constante do ato, porém sem a crença de sua 
obrigatoriedade. Apesar de ter pouca aplicabilidade prática no Brasil, o costume 
tem caído em concursos com frequência, daí a sua importância para o nosso 
estudo. Em relação à lei, o costume pode ser classificado em três espécies: 
a) Costume segundo a Lei (secundum legem) ⎯ quando a própria lei se 
reporta expressamente aos costumes e reconhece a sua obrigatoriedade. Ex: 
prevê o art. 569, II, CC: “O locatário é obrigado: a pagar pontualmente o aluguel 
nos prazos ajustados e, em falta do ajuste, segundo o costume do lugar”. 
Observem que é a própria lei que determina a aplicação do costume. 
b) Costume na falta da Lei (praeter legem) ⎯ quando o costume se destina 
a suprir a omissão de uma lei, tendo caráter supletivo ou complementar. A lei 
deixa lacunas que podem ser preenchidas pelo costume, que irá ampliar o 
preceito da lei. Um Juiz não pode deixar de decidir uma causa com o argumento 
de que não há previsão legal. Ex: já faz parte dos costumes no Brasil, o uso do 
chamado “cheque pré-datado”, desnaturando esse título de crédito. Notem que o 
cheque é uma ordem de pagamento à vista, mas quando se coloca a expressão 
“bom para o dia tal”, estamos transformando este título em uma promessa de 
pagamento. 
c) Costume contra a Lei (contra legem) ⎯ quando ele contraria o que dispõe 
a lei. Pode ocorrer em dois casos: no desuso da lei (esta passa a ser letra morta); 
ou quando o costume cria nova regra contrária à lei. 
Os costumes segundo a lei e na falta da lei são aceitos normalmente. Já o 
costume contra a lei tem gerado discussões, sendo que a corrente majoritária não 
o aceita. Há uma hipótese em que o costume contra a lei foi aceito: o art. 227 do 
Código Civil determina que só se admite prova testemunhal em contratos cujo 
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valor não exceda dez vezes o maior salário mínimo vigente no país. Mas, segundo 
os usos e costumes de algumas cidades (ex: Barretos e Araçatuba) os negócios 
de gado, por maiores que sejam (geralmente envolvem cifras grandiosas), são 
celebrados verbalmente, na confiança, sem que haja um documento escrito. E 
eles foram considerados válidos, ainda que contra a lei. 
3) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO ⎯ Não sendo solucionada a lacuna 
com a analogia e os costumes, aplicam-se então os princípios gerais de direito. 
Na verdade eles nada mais são do que regras que se encontram na consciência 
dos povos, mesmo que não sejam escritas. Estão implícitos em nosso sistema 
jurídico, possuindo caráter genérico e orientando uma melhor compreensão desse 
sistema. Exemplos (preceitos do direito romano): deve-se viver honestamente 
(honeste vivere); dar a cada um o que é seu (suum cuique tribuere); não se deve 
lesar o próximo (alterum non leadere); ninguém pode se valer de sua própria 
torpeza, etc. 
Atenção: A equidade, pela LICC, não é um meio de suprir a lacuna da lei 
(o art. 4o não a menciona em seu texto). No entanto, na prática, ela pode auxiliar 
o Juiz nesta missão. Trata-se do uso de “bom senso”, isto é, a adaptação razoável 
da lei a um caso concreto. Já o art. 127 do Código de Processo Civil prevê a 
aplicação da equidade: “O juiz só decidirá por equidade nos caso previstos em 
lei”. 
ANTINOMIA – CONFLITO ENTRE NORMAS 
Antinomia é a presença de duas ou mais normas conflitantes, sem que 
a lei afirme qual delas deva ser aplicada a um caso concreto; há uma 
incompatibilidade entre o conteúdo das normas. Também é usada a expressão 
“lacunas de conflito”. Obriga o Juiz, para solucioná-la, a aplicar os critérios de 
preenchimento de lacunas. A antinomia pode ser: 
a) Real (ou lacuna de colisão) – quando não há na ordem jurídica qualquer 
critério normativo para solucionar o impasse. Aplicando-se uma norma, 
viola-se outra. E vice-versa. Somente se elimina este tipo de antinomia com 
a edição de uma nova norma elucidando e solucionando a questão. Na 
prática, o Juiz acaba por harmonizar os dispositivos ou simplesmente 
eliminar uma das normas de colisão, dependendo do caso concreto. 
b) Aparente – quando os critérios para a solução forem as normas 
integrantes do próprio ordenamento jurídico. Observem que nesta hipótese 
o conflito é apenas aparente, sendo aplicada apenas uma das normas. Para 
isso, existem alguns critérios para a solução e eliminação deste conflito. 
Vejamos. 
Critérios: 
• Hierárquico (lex superior derogat legi inferiori) – é o primeiro a ser 
aplicado, baseado na superioridade de uma fonte de produção jurídica sobre 
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outra. Ex: A Constituição Federal se sobrepõe a todas as demais espécies 
normativas; uma Lei Complementar, dentro da esfera de sua competência, se 
sobrepõe a uma Lei Ordinária; esta se sobrepõe a decretos e regulamentos, etc. 
• Especialidade (lex specialis derogat legi generali) – o segundo critério leva 
em consideração a amplitude das normas. Ou seja, se o legislador tratou um 
determinado assunto com mais cuidado e rigor, ele deve prevalecer sobre o outro 
que foi tratado de forma geral. 
• Cronológico (lex posterior derogat legi priori) – é baseado no momento 
em que a norma jurídica entra em vigor, restringindo-se somente ao conflito de 
normas pertencentes ao mesmo escalão. Ex: leis ordinárias mais recentes 
revogam as mais antigas. 
A antinomia ainda se classifica em: 
a) Primeiro grau – o conflito envolve apenas um dos critérios acima 
mencionados;ou seja, para a solução aplica-se apenas um dos critérios. 
Situações: no conflito entre uma norma anterior e outra posterior, aplica-se esta 
última (cronológico); no conflito entre uma norma geral e outra especial, também 
se aplica esta última (especialidade). 
b) Segundo grau – o conflito envolve mais de um daqueles critérios. 
Ressalte-se que o critério hierárquico sempre prevalecerá sobre os demais. 
Situações: 
- concorrendo os critérios hierárquico e cronológico, prevalece o 
hierárquico; 
- concorrendo o critério hierárquico e o de especialidade, prevalece o 
hierárquico. 
- concorrendo os critérios de especialidade e cronológico, prevalece o da 
especialidade; 
No entanto, segundo a melhor doutrina, não há uma regra geral e única 
para a solução dos conflitos, sendo o melhor caminho a adoção do “princípio 
máximo da justiça”, analisando cada caso concreto. O Juiz deve aplicar uma das 
duas normas, tentando solucionar o conflito com os critérios acima e de acordo 
com a sua livre convicção, desde que devidamente motivada. 
II. VIGÊNCIA DAS LEIS NO ESPAÇO 
O Estado politicamente organizado tem soberania sobre o seu território e 
sobre seus habitantes. Decorre disso que toda lei, em princípio, tem seu campo 
de aplicação limitado no espaço pelas fronteiras do Estado que a promulgou. 
Chamamos isso de Territorialidade da Lei. Esse espaço ou território, em 
sentido amplo, inclui as terras (ou o território propriamente dito), o subsolo, as 
águas e a atmosfera territoriais. 
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Os Estados modernos, contudo, admitem a aplicação, em determinadas 
circunstâncias, de leis estrangeiras, em seu território, no intuito de facilitar as 
relações internacionais. Nem por isso se vulnera o princípio da soberania 
nacional. É essa uma consequência do crescente relacionamento entre homens da 
comunidade internacional. Esses problemas geralmente são tratados por outra 
matéria: o Direito Internacional, que irá fornecer soluções para os conflitos da lei 
no espaço. 
O Brasil adotou a Teoria da Territorialidade, mas de forma moderada, 
também chamada de Territorialidade Temperada (ou Mitigada). Leis e 
Sentenças estrangeiras podem ser aplicadas no Brasil, observadas as seguintes 
regras: 
• Não se aplicam leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil quando 
ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. 
• Não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil sem o devido exequatur 
(ou seja, o “cumpra-se”), que é a permissão dada pelo Superior Tribunal de 
Justiça (artigo 105, inciso I, letra “i” da CF/88) para que esta sentença produza 
seus efeitos. 
Território é a extensão geográfica ocupada por uma nação e sobre a qual 
o Estado exerce sua soberania, circunscrita por suas fronteiras. Fala-se em 
território real e ficto. O território real (ou terrestre) compreende: todo o solo e 
o subsolo ocupado pela nação, inclusive de ilhas que lhe pertencem, os rios, os 
lagos e os mares interiores, os golfos, as baías e os portos, a faixa de mar 
exterior que banha as suas costas, o espaço aéreo correspondente, etc. Já o ficto 
(há uma ficção jurídica) se reputa território o que material e geograficamente não 
o é; trata-se de um prolongamento da nação. A doutrina costuma citar como 
exemplo os edifícios ocupados oficialmente por agentes diplomáticos, ou seja, as 
embaixadas. Assim, estas, embora situadas em países estrangeiros, são 
consideradas (fictamente) como território nacional. Outros exemplos: navios de 
guerra e aeronaves militares, onde quer que se encontrem, etc. 
Meus Amigos. Até agora vimos, sobre a Lei de Introdução ao Código Civil 
apenas os seis primeiros artigos. No entanto ela possui outros dispositivos (7° a 
19). Estes não se encaixam bem dentro do Direito Civil. Na realidade são regras 
de Direito Internacional (Público e Privado). Tanto é assim que a LICC, neste 
aspecto, também é conhecida como Estatuto do Direito Internacional. No entanto, 
como nosso edital menciona “Lei de Introdução ao Código Civil” e este ponto está 
inserido nesta lei, devemos fornecer esta matéria também. Na realidade quando 
cai alguma questão deste ponto, cosuma ser a “lei seca”, ou seja, o próprio texto 
da lei. Portanto, é interessante que o aluno, antes de tudo, leia os artigos da lei. 
A seguir, faremos uma análise destes dispositivos. Vejamos. 
 
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O art. 7o da LICC adotou a “Regra do Domicílio”, ou seja, se uma 
pessoa está domiciliada no Brasil é a nossa lei que deve ser aplicada quanto às 
questões referentes à personalidade (início, capacidade, nome, fim, etc.), 
inclusive no tocante aos impedimentos matrimoniais (mesmo que ambos os 
cônjuges sejam estrangeiros) e ao direito de família de uma forma geral. 
Exemplo: vamos imaginar que duas pessoas com 13 anos se casaram em um País 
que permite tal casamento e a seguir o casal veio morar no Brasil. Este 
casamento não poderia ter sido realizado aqui, nas condições que o foram no 
estrangeiro. Mas o Brasil considera estas pessoas como casadas. No entanto, se o 
marido quiser contrair novas núpcias após ter completado 18 anos não poderá 
fazê-lo, pois nossa legislação não admite a bigamia. Por outro lado, se um 
estrangeiro casado se naturalizar brasileiro poderá adotar o regime da comunhão 
parcial de bens. 
Quanto aos bens e as relações a eles concernentes, a LICC prevê que deve 
ser aplicada a norma do local em que estes se situam. Da mesma forma, deve ser 
aplicada a lei do local onde as obrigações foram constituídas. Ou seja, para 
aplicar a lei brasileira basta que a celebração do contrato tenha ocorrido em 
nosso território. Se um contrato foi celebrado no estrangeiro, mas para produzir 
efeitos no Brasil, devem-se respeitar os requisitos exigidos por nossa lei. Ex.: foi 
celebrada no estrangeiro a venda de uma casa situada no Brasil. Para que o 
contrato tenha eficácia é indispensável que o registro tenha sido feito aqui. Além 
disso, sendo o vendedor casado pela comunhão de bens, é necessária a 
respectiva outorga conjugal, sob pena de anulação. 
A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era 
domiciliado o de cujus (falecido) ou o ausente. Se os bens estiverem situados no 
Brasil, mas eles pertencem a estrangeiros, as regras sucessórias são as 
brasileiras, exceto se a lei estrangeira for mais favorável ao cônjuge ou aos filhos 
brasileiros (CF, art. 5o, XXXI). A lei do domicílio do herdeiro regula a capacidade 
para receber. 
A competência para apreciação de uma ação em que é parte um réu 
domiciliado no Brasil, ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação, é a brasileira. E 
também somente compete à autoridade judiciária brasileira (competência 
absoluta) o conhecimento de ações relativas a imóveis situados no Brasil. 
A lei a ser aplicada quando da prática de um ato ilícito e o dever de 
indenizar quem tenha sido atingido por ele, deve ser a do local onde se tenha 
produzido as consequências deste ato ilícito (lex damni). 
Quando aqui tiver que ser apreciado um fato que ocorreu no exterior, a 
prova é regida pela lei estrangeira. No entanto não são admitidas provas que 
a lei brasileira desconheça. 
Quando uma pessoa alegar Direito estrangeiro, ela deverá provar o seu 
conteúdo e sua vigência, se assim determinar o Juiz. 
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Finalmente devemos acrescentar que o art. 5°, §3° da CF/88 dispõe que os 
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados, em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintosdos votos dos 
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. E, 
complementando, o §4° prevê que o Brasil se submete à jurisdição de Tribunal 
Penal Internacional, a cuja criação tenha manifestado adesão. Vejamos agora um 
teste sobre este tema. 
(Edursan – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e 
Saneamento Ambiental – Advogado Cível – 2009 – Fundação Universo) 
De acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil: 
a) na omissão da lei o juiz decidirá o caso concreto de acordo com a analogia, a 
equidade e os princípios gerais do direito. 
b) o divórcio de brasileiros realizados no exterior, em regra, somente é válido 
no Brasil, após um ano da data da sentença que o dissolveu. 
c) os direitos de família são regulados pelo País do nascimento da pessoa. 
d) a edição de uma nova lei de caráter especial revoga a lei anterior. 
e) nenhuma das hipóteses acima. 
Alternativa correta: letra “b”. O art. 7o, §6o da LICC, com a redação da Lei 
no 12.036/09, determina que “o divórcio realizado no estrangeiro, se um ou 
ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 01 
(um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação 
judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, 
obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras 
no país”. A letra “a” está errada, pois pela LICC a equidade não é forma de 
integração da norma jurídica. Além disso, no rol fornecido na questão faltam os 
costumes (art. 4º, LICC). O art. 7o, caput, determina que a lei do País em que for 
domiciliada a pessoa (e não onde ela nasceu, como na alternativa) determina as 
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os 
direitos de família. A letra “d” está errada nos termos do art. 2o, §2o da LICC. 
OBS. Esse teste caiu em uma prova em 2009. Há quem entenda que a EC 
n° 66/10 simplesmente revogou o prazo para concessão do divórcio. Por 
isso a referência a este prazo na Lei de Introdução deve ser suprimida. 
Meus amigos e alunos: com isso, encerramos a parte teórica da aula. No 
entanto, após apresentar a teoria, sempre faço um quadro sinótico, que é o 
resumo da matéria dada em aula. Trata-se do “esqueleto da matéria”. Tem a 
função de ajudar o aluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula. A 
experiência nos mostra que este quadro é de suma importância, pois se o aluno 
conseguir memorizá-lo, poderá situar a matéria e completá-la de uma forma 
lógica e sequencial. Portanto após ler toda a aula teórica, o resumo também 
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deve ser também lido e relido, mesmo que o aluno tenha entendido a matéria 
dada e ache desnecessário. Isto porque lendo o “resuminho” o aluno certamente 
fixará melhor o conteúdo da aula. Além disso, ele é excelente para consultas e 
rápidas revisões às vésperas das provas. 
RESUMO DA AULA 
I. LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL 
Conjunto de normas sobre normas; considerado como um “Código de Normas”, 
ultrapassando o âmbito do Direito Civil, atingindo tanto matéria de ordem privada, 
quanto pública. 
• Regula a vigência e eficácia das normas jurídicas públicas e privadas. 
• Apresenta soluções aos conflitos de normas no tempo e no espaço. 
• Fornece critérios de interpretação (hermenêutica). 
• Quando houver lacunas, estabelece mecanismos de integração das 
normas. 
• Contém também normas de Direito Internacional. 
II. DIVISÃO DO DIREITO CIVIL 
A) Parte Geral → Normas concernentes às Pessoas (Físicas e Jurídicas), aos Bens 
e aos Fatos Jurídicos, incluindo os Atos Ilícitos. 
B) Parte Especial → Direito das Obrigações, Direito de Empresa, Direito das 
Coisas, Direito de Família, Direito das Sucessões e Disposições Finais e Transitórias. 
III. FONTES DO DIREITO CIVIL 
A) INDIRETAS OU MEDIATAS 
1) Doutrina – interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria (direito 
científico). 
2) Jurisprudência – conjunto uniforme e constante das decisões judiciais 
sobre casos semelhantes. 
B) DIRETAS OU IMEDITAS 
1) Lei – norma imposta pelo Estado e tornada obrigatória na sua 
observância. “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei” (art. 5o, II, CF/88 – Princípio da Legalidade). 
Características: generalidade, imperatividade, autorizamento, permanência 
e competência. Classificação Doutrinária. 
2) Costume – reiteração constante de uma conduta (elemento objetivo), na 
convicção de ser a mesma obrigatória (elemento subjetivo). Espécies: 
a) Segundo a lei → a própria lei determina a sua aplicação (admissível). 
b) Na falta da lei → quando a lei deixa omissões que podem ser 
preenchidas por ele (admissível). 
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c) Contra a lei → quando ele contraria o que dispõe a lei (inadmissível, 
segundo a teoria majoritária). 
IV. VIGÊNCIA DAS LEIS 
A) Processo Legislativo: Iniciativa, Discussão e Aprovação, Sanção (transforma o 
projeto de lei em lei) ou Veto, Promulgação (declara a existência da lei, inovando-se a 
ordem jurídica) e Publicação (divulgação da existência da nova lei em órgão oficial, 
tornando-se conhecida de todos). 
B) Vigência Temporal 
1) Princípios 
a) Obrigatoriedade das leis (art. 3o da LICC) 
b) Continuidade das leis (art. 2o da LICC) 
2) Início da Vigência 
a) Regra Geral (teoria) ⎯ 45 dias após a publicação (art. 1o, caput da 
LICC) → vacatio legis. 
b) Prática ⎯ na data da publicação ou em outra data que a própria lei 
determinar. 
c) Estados Estrangeiros – 03 (três) meses após a publicação (art. 1o, §1o 
da LICC). 
d) Alteração da lei durante o prazo de vacatio legis – prazo recomeça a 
contar da republicação (art. 1o, §3o da LICC). 
e) Alteração da lei após o prazo de vacatio – lei nova (art. 1o, §4o da 
LICC). 
f) Contagem – inclui-se o dia do começo e também o último dia do prazo, 
entrando a lei em vigor no dia subsequente à sua consumação integral 
(art. 8o, §1o, LC n° 95/98, alterado pela LC n° 107/01). 
3) Término da Vigência 
a) Lei Temporária (art. 2o, caput da LICC). 
b) Revogação (art. 2o, §1o da LICC): 
Expressa → lei nova declara de forma taxativa a revogação da lei 
anterior. 
Tácita → texto da lei posterior (mais nova) é incompatível com o 
da anterior. 
Ab-rogação → revogação total. 
Derrogação → revogação parcial. 
Obs.: não é caso de revogação (doutrina): a) edição de nova 
Constituição → não-recepção da lei pela nova ordem constitucional; b) 
declaração de inconstitucionalidade pelo STF, com suspensão de execução pelo 
Senado Federal → perda de eficácia. 
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4) Repristinação – lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora 
perdido a vigência, salvo disposição em contrário – art. 2o, §3o da LICC. 
5) Lei Especial que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já 
existentes, não revoga nem modifica lei anterior (art. 2o, §2o da LICC). 
6) Conflito das Normas no Tempo – Direito Intertemporal – Para a solução 
dos conflitos são usados dois critérios: 
a) Disposições Transitórias – quando a própria lei prevê em seu corpo 
regras temporárias para dirimir eventuais conflitos. 
b) Irretroatividade – as normas, como regra, não produzem efeitos em 
situações passadas. É a regra em nosso Direito. No entanto admite-se a 
retroatividade, desde que se respeite (art. 5o, inciso XXXVI, CF/88 e 6o, 
LICC): 
- Direito Adquirido – o que já se integrou ao patrimônio e à 
personalidade de seu titular. 
- Ato Jurídico Perfeito

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