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CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 1 1 Roteiro Nesta aula continuaremos a apresentação dos conceitos atinentes às demonstrações contábeis – especificamente quanto ao Balanço Patrimonial. Nas duas aulas anteriores foram vistos grupos do Ativo, portanto, nesta aula, serão estudados os grupos Passivo Exigível (circulante e longo prazo), Resultados de Exercícios Futuros e Patrimônio Líquido. A seguir, encontra-se uma lista dos itens que serão aqui estudados: a) Passivo circulante e exigível a longo prazo a. Fornecedores b. títulos a pagar c. Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar d. Debêntures a pagar e. Salários a Pagar e encargos sociais a recolher f. Adiantamento de clientes g. Adiantamentos recebidos para aumento de capital h. Empréstimos e financiamentos bancários i. principal ii. juros e variações monetárias passivas i. provisões i. provisão para férias ii. Provisão para 13o salário iii. Provisão para o imposto de renda iv. Provisão para a contribuição social j. Participações no resultado. b) Resultados de exercícios futuros c) Patrimônio Líquido a. capital social i. Capital realizado ii. Capital autorizado b. Reservas i. Definição de reservas ii. Classificação das reservas CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 2 c. reservas de capital i. ágio na emissão de ações ii. Prêmio na emissão de debêntures iii. Doações e subvenções para investimentos iv. Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição d. Reservas de reavaliação e. Reservas de lucros i. Reserva legal ii. Reserva para contingências iii. Reserva de lucros a realizar iv. Reservas estatutárias v. Reservas e lucros para planos de investimento (retenção de lucros) f. Lucros ou prejuízos acumulados g. Ações em tesouraria 2 Introdução Serão estudadas, neste tópico da matéria, as contas tipicamente componentes dos grupos patrimoniais em evidência (conforme consta do nosso Plano de Contas Proposto). Assim, após uma breve recordação do conceito atinente a cada um desses grupos (e a seus respectivos subgrupos), apresentaremos o funcionamento de cada uma de suas contas componentes. 3 Passivo circulante e exigível a longo prazo O passivo circulante integra, junto com o exigível a longo prazo, o chamado passivo real, qual seja, aquela parcela do passivo que representa as obrigações da empresa para com terceiros. O IBRACON trata o conceito de exigibilidade em seu pronunciamento "IX - Passivo Exigível", no qual define exigibilidades como obrigações assumidas por uma empresa de entregar, a terceiros, uma parte de seu ativo ou lhes prestar serviços. Assim, conceitua passivos exigíveis como apenas aquelas obrigações que podem ser objeto de mensuração monetária, ou seja, são obrigações futuras resultantes de transações completadas. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 3 Com o fito de esclarecer o conceito, o IBRACON apresenta três características que devem estar presentes para se ter um passivo exigível: a) a obrigação deve existir no momento, e decorrer de transações passadas; b) a obrigação deve ser passível de mensuração monetária por uma quantia definida ou razoavelmente estimada; e c) o credor e a data em que a obrigação se torna exigível devem ser conhecidos ou passíveis de ser estimados com razoabilidade. Em decorrência da primeira característica acima, conclui-se que uma obrigação que possa resultar de uma transação ou evento futuro não é uma exigibilidade, pois o evento futuro pode não se concretizar (como é o caso de simples caução, fiança ou outra qualquer garantia de dívida de terceiros). O passivo circulante é segregado do exigível a longo prazo, com base no mesmo princípio que norteia a separação entre ativo circulante e realizável a longo prazo de realização, lá dos direitos, aqui das obrigações. Cabe aqui um breve comentário sobre as duas exceções ao critério do exercício (período de 12 meses), utilizado para segregar o Ativo Circulante do Ativo Realizável a Longo Prazo e sua aplicabilidade na segregação do Passivo Circulante do Passivo Exigível a Longo Prazo, quais sejam: a) empresas com ciclo operacional superior a 12 meses; b) obrigações oriundas de transações não usuais realizadas com pessoas ligadas. Com relação a empresas cujo ciclo operacional seja superior a 12 meses, a lei das S/A é clara e determina que a exceção também é aplicável ao passivo. Nesse sentido, o artigo 180 da Lei das S/A dispõe que as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificados no passivo circulante, quando vencerem no exercício seguinte, e no passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior observado o disposto no parágrafo único do artigo 179. Para fins de esclarecimento, encontram-se reproduzidos, abaixo, os dispositivos citados: Passivo Exigível Art. 180. As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 4 exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do artigo 179. ... Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: ... Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Com essa observação final (do art. 180, referenciando o parágrafo único do art. 179 da Lei das S/A), resta claro que deve ocorrer uma mudança nos conceitos de curto e longo prazos, quando o ciclo operacional da empresa for superior a um exercício social. Neste caso, o curto prazo passa a compreender os direitos realizáveis e as obrigações vencíveis até o término do ciclo operacional. Com relação a obrigações oriundas de transações não usuais realizadas com pessoas ligadas, a Lei das S/A não apresenta qualquer dispositivo, quando trata do passivo exigível – no art. 180. Ao contrário, ao tratar do Ativo, no art. 179, a Lei das S/A determina que os créditos decorrentes de transações não usuais com pessoas ligads sejam classificadas no Ativo Realizável a Longo Prazo, independentemente do prazo previsto para sua realização. A interpretação sistemática desses dois artigos (sempre à luz dos Princípios Fundamentais de Contabilidade) indica que essa exceção não é aplicável ao passivo. Nesse diapasão, cabe lembrar que seria esperado que uma empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não apresentasse a existência de um direito a receber no curto prazo que – presumidamente – não teria interesse em cobrar (de parte a ela relacionada), sendo apropriada a apresentação desse direito no longo prazo; mas, de forma nenhuma, seria esperado que essa mesma empresa (ao demonstrar seu patrimônio) não explicitasse no curto prazo uma obrigação por ela contraída para pagamento no curto prazo (ainda que relativa a uma parte a ela relacionada). Finalmente, cumpre frisar que este é o entendimento da doutrina majoritária. Entretanto, alguns autores entendem de forma diferente, entre eles, Milton Augusto Walter e Ricardo J. Ferreira que afirma “não faz sentido classificar, de acordo com o prazo de exigibilidade, dívidas com pessoas que, por serem ligadas ao devedor, provavelmente não CURSOS ON-LINE– CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 5 irão adotar medidas rígidas para a cobrança”1. Com o maior respeito, discordamos dessa opinião, pelos motivos acima apresentados e ressalvamos que a Escola de Administração Fazendária, em questões de concurso, demonstrou que também discorda dessa opinião, conforme será apresentado a seguir, no item “Exercícios de Fixação (Questões de concurso elaborado pela ESAF – resolvidas e comentadas)”. De acordo com o disposto no art. 184 da Lei das S/A, os elementos do passivo exigível devem ser avaliados com base nos seguintes critérios: (1) obrigações, encargos e riscos – pelo valor atualizado até a data do balanço; (2) obrigações em moeda estrangeira – atualizadas pela taxa de câmbio na data do balanço; (3) obrigações sujeitas a correção monetária – atualizadas até a data do balanço. A seguir, para fins de clareza, o citado dispositivo encontra-se reproduzido: Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: I - as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço; II - as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço; III - as obrigações sujeitas à correção monetária serão atualizadas até a data do balanço. Em obediência ao acima disposto, no caso de obrigações sobre as quais incidam juros, ao valor delas deve ser adicionado o valor dos juros já incorridos (pelo regime de competência), para apuração do valor atualizado do passivo. Feitas essas considerações e retomando os conceitos inicialmente expostos quanto a esse grupo patrimonial, verificamos que o passivo circulante e o passivo exigível a longo prazo formam as exigibilidades; por isso, o conjunto desses dois grupos também é conhecido, genericamente, como passivo exigível. As contas mais representantes do passivo exigível são: - fornecedores; - títulos a pagar; - salários a Pagar; - encargos sociais a recolher; 1 Ferreira, Ricardo J. Contabilidade avançada e intermediária – 2. ed. – Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2004. p.263. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 6 - dividendos a pagar; - adiantamento de clientes; - empréstimos bancários; - variações monetárias passivas e - provisões para pagamento de tributos, férias, décimo terceiro salário etc. Obs.: o rol de contas acima pode figurar duas vezes no Balanço Patrimonial: uma no Passivo Circulante e outra no Passivo Exigível a Longo Prazo, conforme a data prevista de exigibilidade do respectivo valor. 3.1 Fornecedores A conta Fornecedores, também denominada “Duplicatas a pagar” (numa referência ao título mais comumente utilizado para a operação de compra a prazo), ou ainda (genericamente) “Contas a pagar”, é uma conta de natureza credora que tem por função registrar os valores das compras a prazo de mercadorias, matérias-primas e outros materiais ou serviços que, via de regra, constam das notas fiscais de entrada ou das faturas. Essa conta receberá lançamentos a crédito pelas compras a prazo e a débito pelos pagamentos, descontos, abatimentos ou devolução de compras, ou eventualmente por renegociação ou perdão de dívidas, conforme apresentado na tabela a seguir: de natureza credora si no momento de compras a prazo 1 (no valor da respectiva Nota Fiscal ou Fatura) 2 no momento do pagamento 3 no caso de desconto, abatimento ou devolução 4 no caso de renegociação ou perdão de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Fornecedores Débitos Créditos CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 7 3.2 Títulos a pagar Registram-se nesta conta as obrigações contraídas pela empresa a título de empréstimo ou financiamento, através de pessoas físicas ou jurídicas que não sejam instituições financeiras. Essa conta também pode ser utilizada para registrar o valor de obrigação contraída pela empresa para com terceiros que não seja por compra a prazo – exemplificativamente, em decorrência de uma renegociação de dívida referente a compras a prazo. Será creditada pelo recebimento do empréstimo ou financiamento ou, ainda, no momento da renegociação de dívida existente, e debitada pelos pagamentos ou excepcionalmente pelo perdão da dívida, conforme tabela a seguir. de natureza credora si no recebimento do empréstimo ou financiamento 1 no momento da renegociação da dívida com o fornecedor 2 (com débito na conta fornecedores) 3 no momento do pagamento 4 no caso de perdão da dívida de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Títulos a pagar Débitos Créditos 3.3 Dividendos propostos a pagar ou dividendos a pagar Por dividendos entende-se a parte do lucro que cabe a cada ação (componente do capital social). Do ponto de vista etimológico, a palavra dividendos é bastante elucidativa, pois consiste no resultado da “divisão” do lucro pelo número de ações. Assim, para que haja dividendos a pagar (ou propostos a pagar) é necessário que: (1) tenha sido auferido (anteriormente) lucro e que (2) aqueles que têm competência para decidir o que fazer com o lucro auferido tenham proposto ou decidido sua distribuição aos acionistas. Ora, já foi visto neste curso2 que: 2 Especificamente na aula em que tratamos dos lançamentos de encerramento do exercício. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 8 a) ao final de cada exercício, é apurado o lucro (com a utilização de uma conta intermediária “Apuração do Resultado do Exercício”); b) o valor apurado é transferido, desta conta intermediária, para o Patrimônio Líquido; e c) a conta que registra a entrada do lucro apurado, no patrimônio líquido, é a conta Lucros e Prejuízos Acumulados (LPA)3. O valor do lucro apurado, que ingressa no Patrimônio Líquido através de seu registro na conta LPA tem três possíveis destinos: (1) ficar “guardado”, no patrimônio, para eventual utilização futura, registrado como reserva de lucro; (2) ser distribuído aos acionistas, como dividendos a pagar; ou (3) ser reinvestido pelos acionistas na formação do patrimônio da empresa, como aumento de capital. O caso ora estudado é o segundo, acima: a distribuição do lucro aos acionistas na forma de dividendos. Assim, a contrapartida da obrigação “Dividendos propostos a pagar” será a conta LPA, conforme exemplo a seguir (no qual é proposta a distribuição de R$ 1.000,00 a título de dividendos): D = LPA 1 - C = a Dividendos propostos a pagar 1.000,00 O valor registrado na conta Dividendos propostos a pagar deve ser aquele constante da proposta de pagamento de dividendos apresentada pelo Conselho de Administração (ou pela Diretoria) à assembléia geral de acionistas. A assembléia geral de acionistas, como o órgão máximo deliberativo de uma Sociedade Anônima, decidirá aceitar ou não a proposta dos órgãos de administração (o que ordinariamente ocorre). Nesse caso, a conta Dividendos propostos a pagar deve ser debitada, com o correspondente crédito na conta Dividendosa pagar, conforme exemplo a seguir: D = Dividendos propostos a pagar 2 - C = a Dividendos a pagar 1.000,00 Finalmente, a conta dividendos a pagar deverá ser debitada quando do pagamento, conforme lançamento exemplificativo a seguir: D = Dividendos a pagar 3 - C = a Caixa 1.000,00 3 A Conta LPA funciona – metaforicamente – como o “Portal de entrada” do resultado no patrimônio, conforme visto na aula em que tratamos do encerramento do exercício. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 9 A partir dos conceitos acima, é possível apresentar esquematicamente o funcionamento das contas “Dividendos propostos a pagar” e “Dividendos a pagar”, conforme tabelas a seguir: de natureza credora si no momento da proposta de dividendos pela administração 1 (com contrapartida na conta LPA) 2 no momento da aprovação pela assembléia (com contrapartida na conta Dividendos a pagar) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Dividendos propostos a pagar Débitos Créditos de natureza credora si no momento da aprovação pela assembléia 1 (com contrapartida na conta Dividendos propostos a pagar) 2 3 no momento do pagamento (com contrapartida na conta Caixa) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Dividendos a pagar Débitos Créditos 3.4 Debêntures a pagar 3.4.1 Conceito de debêntures Debêntures são títulos de crédito, privativos de sociedade anônima, que conferem a seus titulares um direito de crédito contra a companhia emitente, podendo assegurar aos credores, também, variações monetárias/cambiais, juros, participação no lucro e, ainda, possibilidade de conversão em ação. As debêntures são emitidas pela sociedade Anônima como forma de obtenção de empréstimo direto perante o público (ao contrário dos empréstimos normais, geralmente contratados com instituições financeiras e que apresentam taxas de juros mais altas). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 10 O debenturista não é sócio, mas credor da empresa. Portanto as debêntures representam dívidas da empresa para com terceiros, divida essa que pode adicionalmente vir a conferir a seu titular direito de participação nos resultados e juros calculados sobre o valor de face dos títulos e ainda a possibilidade de conversão em ações. As debêntures são títulos negociáveis normalmente de longo prazo, em que a companhia outorga aos credores garantias (propriedades, bens, aval do emitente, etc.). Em que pese o fato de que as debêntures, ao contrário das ações, não são títulos de participação, mas sim de crédito, trata-se de crédito que pode ter muito longo prazo, inclusive prazo incerto, conforme se depreende da leitura do art. 55 § 3o da Lei das S/A: § 3º A companhia poderá emitir debêntures cujo vencimento somente ocorra nos casos de inadimplemento da obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou de outras condições previstas no título. Repare que, no caso acima, a companhia pode emitir debêntures que não tenha data certa de vencimento. Essa situação enseja o reconhecimento do passivo exigível, posto que seu pagamento não está pendente de condição (evento futuro e incerto) mas sim de termo incerto (evento futuro e certo, porém não determinado no tempo). A deliberação sobre a emissão de debêntures é de competência privativa da Assembléia de acionistas, não podendo o valor total das emissões ultrapassar o capital social da companhia, salvo exceção em lei. Para colocação das debêntures no mercado é necessária a realização de alguns gastos (contratação de instituição para coordenar o processo de divulgação e captação de recursos). Esses gastos devem ser registrados contabilmente como despesas antecipadas, que deverão ser apropriadas ao resultado proporcionalmente ao prazo de vencimento das debêntures. Como remuneração, as debêntures – geralmente – concedem (1) juros (fixos ou variáveis), pagos periodicamente, (2) atualização monetária e – eventualmente – participação nos resultados. Cabe referir que a atualização monetária é, via de regra, agregada ao valor da obrigação inicial, para pagamento na data do resgate; ao contrário, os juros e as participações no resultado são pagos periodicamente. Assim, no plano de contas, além da conta Debêntures a pagar, deve figurar, também, as contas “Juros sobre debêntures a pagar” e “Participações sobre debêntures a pagar”. De uma forma didática, metafórica e bem humorada, podemos apresentar as debêntures como sendo “Promissórias metidas a besta”. Equivalem a promissórias porque representam dívidas contraídas pela CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 11 empresa por recebimento de valores de terceiros; e são metidas a besta porque apresentam características especiais (que as diferenciam das promissórias): - são emitidas apenas por sociedades anônimas (enquanto notas promissórias podem ser emitidas por qualquer pessoa); - podem dar direito a juros, variações monetárias e participação no resultado da Sociedade Anônima (remuneração não prevista para notas promissórias); - podem, desde seu lançamento, prever sua conversão em ações (o que não é característico de notas promissórias). 3.4.2 Exemplo de contabilização A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima descritos. a) Na emissão da série de debêntures: D = Bancos (ou caixa) 1 - C = a Debêntures a pagar (PC/PELP) x b) Na atualização monetária do valor da dívida: D = Variações monetárias passivas 2 - C = a Debêntures a pagar y c) Na apropriação dos juros: D = Despesas com juros (financeiras) 3 - C = a Juros sobre debêntures a pagar z d) Na destinação dos lucros para debenturistas: D = Despesa com participação de debenturistas 4 - C = a Participação de debenturistas a pagar w e) No resgate da série de debêntures: D = Debêntures a pagar 5 - C = a bancos (ou caixa) x + y 3.4.3 Deságio na emissão de debêntures Pode ocorrer deságio na emissão de debêntures, quando o título é negociado por preço inferior ao seu valor nominal (inicialmente fixado no documento de emissão do título). Nessa situação, haverá um ingresso de valor em caixa (ou bancos) inferior ao valor da dívida contraída, com uma correspondente perda. Ocorre que esta perda não está imediatamente incorrida, pois somente se concretizará (patrimonialmente) à medida que transcorrer o período de maturação do título (entre sua colocação e seu resgate). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 12 Para registro da perda decorrente da emissão do título com deságio, com vencimento ainda a transcorrer, deve ser registrada uma conta patrimonial (com natureza de ativo) que apresente o valor total correspondente a essa perda e que seja amortizada – como despesa – proporcionalmente ao prazo transcorrido, ou seja, pro rata tempore. Afirmamos que esta conta tem uma natureza de ativo porque – metaforicamente – representa o direito (da empresa) de manter o valor do ingresso em caixa/bancos, recebido quando do lançamento do título, pelo tempo compreendido entre seu lançamento e o respectivo vencimento, quando então a dívida deverá ser finalmente paga. Visto que o deságio na emissão de debêntures correspondea um “direito”, temos que seu valor deve ser registrado em uma conta de Ativo Circulante (ou Ativo Realizável e Longo Prazo). Autores, entretanto, preferem classificar esta conta como retificadora do Passivo4, o que não altera em nada seu funcionamento, mas apenas o local de sua classificação (do outro lado, mas com o sinal contrário – negativo). A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima descritos, considerando a uma série de debêntures com valor nominal de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 9.000,00 e considerando o prazo de 10 anos para seu resgate. a) Na emissão da série de debêntures: D = Diversos 1 - C = a Debêntures a pagar (PC/PELP) 10.000,00 D = Caixa (ou Bancos) 9.000,00 D = Deságio na emissão de debêntures 1.000,00 b) na amortização pro rata tempore do deságio (ao final do primeiro ano): D = Despesa de amortização de deságio na emissão de debêntures 2 - C = a Deságio na emissão de debêntures 100,00 3.4.4 Prêmio da emissão de debêntures – uma abordagem inicial Pode ocorrer, também, ágio na emissão de debêntures (situação tecnicamente denominada “Prêmio na emissão de debêntures”, quando é recebido pela empresa um valor além do valor nominal das debêntures (recebe-se um valor acima do valor da dívida contraída). Isso ocorre, normalmente, quando as vantagens oferecidas pela empresa aos 4 De uma forma bem humorada e em oposição ao conceito de conta retificadora do ativo (que denominados de contas do tipo “Travesti”), podemos entender essas contas retificadoras do passivo como sendo contas do tipo “Sapatão”: com natureza de ativo e funcionamento de ativo, mas que ficam registradas no passivo (com o saldo invertido – negativo). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 13 debenturistas são atrativas, como, por exemplo: juros, participação nos resultados da empresa, opção de conversão das debêntures em ações, etc. O recebimento de um valor superior ao da dívida contraída aumenta o valor do patrimônio e, conseqüentemente, se encaixa no conceito de receita. Ocorre que, nesse caso, a Lei das S/A determina que esse valor seja registrado diretamente no Patrimônio líquido (em Reservas de Capital)5. A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima descritos, considerando a uma série de debêntures com valor nominal de R$ 10.000,00, colocada no mercado pelo valor de R$ 11.000,00: D = Caixa (ou Bancos) 11.000,00 1 - C = a Diversos C = a Debêntures a pagar (PC/PELP) 10.000,00 C = a Prêmio na emissão de debêntures (PL) 1.000,00 Cumpre referir que há autores como, por exemplo, os autores do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, que entendem que esse valor deveria ser inicialmente registrado como Resultado de Exercícios Futuros6 e apropriado às receitas (ou à reserva de capital) proporcionalmente pro rata tempore. 3.4.5 Conversão de debêntures em ações Foi colocado acima que uma das características especiais das debêntures é a possibilidade de sua conversão em ações. Esse é um dos atrativos das debêntures para o público. Nesse caso, a escritura de emissão de debêntures deve especificar as bases da conversão, o prazo ou a época em que o debenturista poderá exercer esse direito. De posse do título, o debenturista adquire, então, a opção de receber, no vencimento da debênture, alternativamente: (1) o valor do título em dinheiro ou (2) ações da companhia, no valor do título. Pela relevância patrimonial da possibilidade de conversão de debêntures em ações, recomenda-se que, no plano de contas da companhia, haja duas diferentes contas discriminando as debêntures não conversíveis em ações das debêntures conversíveis em ações. Exemplificativamente, o lançamento de conversão de debêntures em ações, no valor de R$ 1.000,00 encontra-se a seguir: D = Debêntures a pagar 1 - C = a capital social 1.000,00 5 Tópico a ser exaustivamente estudado adiante neste curso. 6 Tópico também a ser exaustivamente estudado adiante neste curso. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 14 3.4.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas às debêntures Nas tabelas a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos acima apresentados, o funcionamento das contas relativas a debêntures. de natureza credora si no momento da emissão das debêntures 1 (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) no momento da atualização monetária das debêntures 2 (com contrapartida em conta de resultado) 3 no momento do pagamento (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Debêntures a pagar Débitos Créditos de natureza credora si no momento em que os juros são incorridos 1 (com contrapartida em conta de resultado) 2 no momento do pagamento (com contrapartida na conta Caixa) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Juros sobre debêntures a pagar Débitos Créditos CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 15 de natureza credora si no momento em que as participações são apuradas 1 (com contrapartida em conta de resultado) 2 no momento do pagamento (com contrapartida na conta Caixa) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Participação de debenturistas a pagar Débitos Créditos si de natureza devedora 1 no momento da emissão das debêntures com deságio (com contrapartida na conta debêntures a pagar) na amortização do deságio 2 (com contrapartida em conta de resultado) sf de natureza devedora Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Deságio na emissão de debêntures Débitos Créditos Obs.: a conta “Prêmio na emissão de debêntures” terá seu funcionamento pormenorizadamente apresentado adiante neste curso, quando forem estudadas as contas de Patrimônio Líquido e – em especial – as reservas de capital. 3.5 Salários a Pagar e encargos sociais a recolher Os salários, assim como os encargos sociais incorridos em um mês e pagos em outro, devem ser registrados, conforme determina o princípio da competência dos exercícios, como despesa – baseando-se na folha de pagamento do mês. Esse registro deve incluir todos os proventos e descontos que compõem o relatório mensal da folha, registrando-se a crédito as obrigações e a débito os pagamentos e descontos incidentes sobre a folha. Esse assunto foi exemplificativamente tratado neste curso, especificamente no estudo dos fatos contábeis (1) “Apropriação da folha CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 16 de pagamentos”; (2) “Pagamento dos salários”; e (3) “Recolhimento dos tributos incidentes sobre a folha” – cuja leitura é fortemente recomendada neste momento. Resumidamente, apresentamos as contas de passivo exigível relacionadas com a folha de pagamento: - Salários a pagar – valor a ser entregueao empregado, por ter trabalhado na empresa durante um período; - Cota patronal a recolher – valor a ser recolhido aos cofres do INSS pela empresa, suportado patrimonialmente por ela na condição de empregadora; - FGTS a recolher – valor a ser recolhido para a Caixa Econômica Federal, suportado patrimonialmente pela empresa, na condição de empregadora, a ser depositado em conta do empregado (para saque em situações especiais definidas em lei); - Provisão para férias e Provisão para 13o salário – valores suportados patrimonialmente pela empresa, relativos a futuros pagamentos (de adicional de férias e 13o Salário), a serem realizados no momento em que o empregado gozar desses direitos garantidos, pela legislação (itens a serem estudados em separado, adiante); - Imposto de Renda na Fonte a recolher – valor inicialmente contido na conta salários a pagar e dela retirado (por ser patrimonialmente suportado pelo empregado) representando a obrigação, da empresa, de recolher parte do valor do salário do empregado, diretamente ao Tesouro Nacional – na forma de Imposto de Renda Retido na Fonte – na qualidade de fonte pagadora dos rendimentos do empregado; - INSS do empregado a recolher – valor inicialmente contido na conta salários a pagar e dela retirado (por ser patrimonialmente suportado pelo empregado) representando a obrigação, da empresa, de recolher parte do valor do salário do empregado, diretamente ao INSS – na forma de Contribuição Previdendiária retida pela empregadora; Com exceção das contas de provisão para férias e provisão para 13o salário, que serão detalhadamente estudadas a seguir, apresentamos – nas tabelas abaixo – o funcionamento esquemático das contas acima relacionadas. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 17 de natureza credora si ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1 (com contrapartida em conta de resultado) 2 na retenção do Imposto de Renda na fonte (com contrapartida na conta IRF a recolher) 3 na retenção da Contribuição INSS - empregado (contrapartida na conta INSS - empregado - a recolher) 4 no momento do pagamento (com contrapartida na conta Caixa/Bancos) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Salários a pagar Débitos Créditos de natureza credora si ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1 (com contrapartida em conta de resultado) 2 no momento do recolhimento ao INSS (com contrapartida na conta Caixa/Bancos) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Cota Patronal a Recolher Débitos Créditos de natureza credora si ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1 (com contrapartida em conta de resultado) 2 no momento do depósito (com contrapartida na conta Bancos) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) FGTS a Recolher Débitos Créditos CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 18 de natureza credora si ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1 (com contrapartida na conta Salários a Pagar) 2 no momento do recolhimento (com contrapartida na conta Caixa/Bancos) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) IRRF a Recolher Débitos Créditos de natureza credora si ao final do mês - na apuração da Folha de Pagamento 1 (com contrapartida na conta Salários a Pagar) 2 no momento do recolhimento (com contrapartida na conta Caixa/Bancos) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) INSS - empregado - a recolher Débitos Créditos 3.6 Adiantamento de clientes A conta Adiantamento de clientes, de natureza credora, tem como finalidade registrar todos os adiantamentos recebidos de clientes, para posterior entrega do bem ou serviço conforme determinar o contrato entre as partes. Sua natureza de passivo decorre da idéia de que a empresa – por ter recebido dinheiro – tem a obrigação de entregar bens ou devolver o adiantamento recebido. Nesta conta, os lançamentos a crédito ocorrerão pelos adiantamentos recebidos e a débito quanto da emissão da duplicata quitada ao cliente ou pela devolução do valor recebido. É o caso, por exemplo, de passivo oriundo da venda de produto X, contratada em 30/04/2006, para entrega em 30 dias, mas cujo preço foi integralmente recebido no ato da assinatura do contrato. Nessa situação, a contabilização deverá ser realizada conforme a seguir: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 19 a) Pelo recebimento do adiantamento: D = Caixa (ou Bancos) 1 - C = a Adiantamento de clientes 200.000,00 b) Pela apropriação a resultado da receita de vendas D = Adiantamento de clientes 2 - C = a Receita Bruta de vendas 200.000,00 A partir dos conceitos acima, podemos apresentar o funcionamento esquemático da conta Adiantamento de clientes, conforme tabela a seguir: de natureza credora si no momento do recebimento do adiantamento 1 (com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos) 2 no momento da entrega do bem vendido (com contrapartida na conta Receita Bruta de Vendas) 3 na devolução do adiantamento recebido (com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Adiantamento de clientes Débitos Créditos 3.7 Adiantamentos recebidos para aumento de capital A conta Adiantamentos para futuro aumento de capital (conhecida também pela sigla AFAC), representa os valores aportados na pessoa jurídica pelo sócio (ou futuro sócio) que, em seguida – após cumprimento de formalidades – será utilizado para integralizar aumento de capital. Esta conta é creditada pelo valor do adiantamento recebido em contrapartida de uma conta que represente disponibilidades, e debitada no valor do aumento de capital (em contrapartida de conta de patrimônio líquido – Capital social). A partir dos conceitos acima, podemos apresentar o funcionamento esquemático da conta Adiantamento para futuro aumento de capital, conforme tabela a seguir: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 20 de natureza credora si no momento do recebimento do adiantamento 1 (com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos) 2 no momento do aumento de capital (com contrapartida na conta Capital Social) 3 na eventual devolução do adiantamento (com contrapartida na conta Caixa - ou Bancos) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Adiantamento para futuro aumento de capital Débitos Créditos 3.8 Empréstimos e financiamentos bancários– a pagar Estas contas registram as obrigações da empresa com as instituições financeiras, que podem estar financiando tanto o ativo imobilizado, como o capital de giro para a contratante. Os empréstimos e financiamentos têm natureza credora, recebendo os lançamentos a crédito pela liberação do financiamento ou empréstimo e a débito pelos pagamentos ou amortizações. Os empréstimos ou financiamentos podem estar classificados tanto no Circulante como no exigível a longo prazo, dependendo do prazo de sua liquidação. 3.8.1 Empréstimos x Financiamentos Apesar de tanto os empréstimos quanto os financiamentos representarem – patrimonialmente – obrigações da empresa, são conceitos que não se confundem, pois as respectivas obrigações têm origens diversas, a saber: (1) empréstimos são obrigações que nascem do recebimento de numerário – a ser utilizado pela empresa no que ela bem entender; (2) financiamentos são obrigações que nascem da aquisição (a prazo) de bens. 3.8.2 Débitos de funcionamento x de financiamento Apenas para classificação, cabe a diferenciação de débitos (no sentido vulgar da palavra – dívida) de funcionamento e de financiamento. Os primeiros são aqueles decorrentes de operações normais, tendo por motivo a aquisição a prazo de mercadorias, os tributos e salários a pagar. Os débitos de financiamento, ao contrário, representam CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 21 obrigações que decorrem de situações não normais da empresa, como, empréstimos bancários, desconto de títulos, etc. 3.8.3 Juros Os juros, conforme já foi visto neste curso, consistem no valor do dinheiro no tempo. Portanto, quando a empresa contrai uma obrigação – financiamento ou empréstimo – a cada período, ela passará a ser devedora de um valor (além do valor do empréstimo/financiamento inicialmente contraído – principal) a título de juros. Se os juros tiverem que ser pagos antes da data do vencimento do empréstimo (ou no caso de juros simples) recomenda-se, para facilidade de cálculos e apresentação de valores, a utilização de uma conta separada “Juros a pagar”. Seja um empréstimo no valor de R$ 10.000,00, contraído pela empresa em 01/01/2006, com juros simples de 10% ao mês, sendo que o principal somente deverá ser pago ao final do ano, mas os juros devem ser quitados a cada seis meses. Nessa situação, os lançamentos seriam os seguintes: a) Na contratação do empréstimo: D = Bancos (ou caixa) 1 - C = a Empréstimos a pagar 10.000,00 b) Na apropriação dos juros a pagar (ao final de cada mês): D = Despesa com juros 2 - C = a Juros a pagar 1.000,00 c) No pagamento dos juros (ao final de cada período de seis meses): D = Juros a pagar 3 - C = a Bancos 6.000,00 d) No pagamento do principal (ao final do ano): D = Empréstimos a pagar 4 - C = a Bancos 10.000,00 No caso de juros compostos, onde a base de cálculo sobre a qual incidirão os juros do próximo período já inclui os juros dos períodos anteriores, é aconselhável a utilização de uma única conta “Empréstimos a pagar” para registro do valor devido (tanto a título de principal, quanto a título de juros). 3.8.4 Juros antecipados (ou Juros passivos a transcorrer) Pode ocorrer que, no caso de um empréstimo ou financiamento, o valor da dívida contraída (desde sua contratação) ser maior do que o valor do CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 22 dinheiro ou do bem recebido. Trata-se de juros antecipados (ou juros cobrados antecipadamente). Nesse caso, haverá um ingresso de valor em bancos (ou em outro ativo –financiado) inferior ao valor da obrigação contraída, com uma correspondente perda. Ocorre que esta perda não está imediatamente incorrida, pois somente se concretizará (patrimonialmente) à medida que transcorrer o período referente ao empréstimo. Nessa situação, deve ser registrada uma conta patrimonial (com natureza de ativo), denominada “Juros antecipados”7, que apresente o valor total correspondente a essa perda e que seja amortizada – como despesa com juros – proporcionalmente ao prazo transcorrido, ou seja, pro rata tempore. Afirmamos que esta conta tem uma natureza de ativo porque – metaforicamente – representa o direito (da empresa) de manter o valor do ingresso em caixa/bancos, recebido quando da contratação do empréstimo, pelo tempo compreendido entre essa contratação e o respectivo pagamento, quando então a dívida deverá ser finalmente paga. Visto que os juros antecipados correspondem a um “direito”, temos que seu valor deve ser registrado em uma conta de Ativo Circulante (ou Ativo Realizável e Longo Prazo). Autores, entretanto, preferem classificar esta conta como retificadora do Passivo8, o que não altera em nada seu funcionamento, mas apenas o local de sua classificação (do outro lado, mas com o sinal contrário – negativo). A seguir, apresentamos exemplo de contabilização dos fatos acima descritos, considerando a um empréstimo contraído no valor de R$ 10.000,00, com recebimento de apenas R$ 9.000,00 e considerando o prazo de 10 anos para seu pagamento. a) Na contratação do empréstimo: D = Diversos 1 - C = a Empréstimos a pagar 10.000,00 D = Caixa (ou Bancos) 9.000,00 D = Juros passivos a transcorrer 1.000,00 b) Na apropriação pro rata tempore dos juros (ao final do primeiro ano): 7 Também denominada “Juros passivos a transcorrer”. 8 De uma forma bem humorada e em oposição ao conceito de conta retificadora do ativo (que denominados de contas do tipo “Travesti”), podemos entender essas contas retificadoras do passivo como sendo contas do tipo “Sapatão”: com natureza de ativo e funcionamento de ativo, mas que ficam registradas no passivo (com o saldo invertido – negativo). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 23 D = Despesa com juros 2 - C = a Juros passivos a transcorrer 100,00 É na operação de desconto de títulos que a cobrança antecipada de juros é, via de regra, utilizada. Ao contrário, na operação de empréstimos em geral, normalmente os juros são exigidos após o transcurso do prazo a eles relativos. Entretanto, cabe colocar que o momento da exigência dos juros é decorrente da contratação – encontra-se no âmbito da liberdade negocial. 3.8.5 Variações monetárias passivas Além do aumento do valor dos empréstimos por juros, visto acima, os empréstimos podem também sofrer aumentos por conta de variações de indexador ou taxa de câmbio. Estes aumentos correspondem a créditos na conta empréstimos tendo como contrapartida débitos em conta de resultado denominada variação monetária passiva. Os empréstimos em moeda estrangeira devem ser atualizados obrigatoriamente na data do balanço de encerramento, em conformidade com a cotação cambial da moeda tomada como base de referência para os empréstimos (neste caso, a variação correspondente recebe a designação específica de variação cambial passiva). Exemplo: Empréstimo contraído em 02/01/2004 no valor de R$ 10.000,00, correspondente a X$ 10.000,00 unidades monetárias de uma moeda estrangeira cotada a $1,009 cada. O vencimento do empréstimo ocorrerá em 31/12/2005 (2 anos após). Vejamos a contabilização da variação cambial relativa ao empréstimo em moeda estrangeira nas datas 31/12/2004 e 31/12/2005, a saber: Data cotação da moeda Quantidade valor variação cambial passiva 02/01/2004 R$ 1,00 10.000,00 10.000,00 - 31/12/2004 R$ 1,20 10.000,00 12.000,00 2.000,00 31/12/2005R$ 2,00 10.000,00 20.000,00 8.000,00 Lançamentos de atualização da conta “Empréstimos em moeda estrangeira”, por variação na taxa de câmbio: a) Em 31/12/97 D = Variação Cambial passiva 1 - C = a Empréstimos em moeda estrangeira 2.000,00 b) Em 31/12/98 9 Taxas de câmbio fictícias, utilizadas aqui apenas para fins didáticos. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 24 D = Variação Cambial passiva 2 - C = a Empréstimos em moeda estrangeira 8.000,00 3.8.6 Funcionamento esquemático das contas relacionadas a empréstimos e financiamentos Nas tabelas a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos acima tratados, o funcionamento das contas relativas a empréstimos e financiamentos. de natureza credora si no momento da contratação do empréstimo/financiamento 1 (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) na atualização monetária ou apropriação dos juros 2 (com contrapartida em conta de resultado) 3 no momento do pagamento (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Empréstimos e financiamentos a pagar Débitos Créditos de natureza credora si Na apropriação dos juros 1 (com contrapartida em conta de resultado) 2 no momento do pagamento dos juros (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Juros a pagar Débitos Créditos CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 25 si de natureza devedora 1 na contratação do empréstimo na apropriação dos juros 2 (com contrapartida em conta de resultado) sf de natureza devedora (espera-se igual a zero) Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Juros passivos a transcorrer Débitos Créditos 3.9 Provisões As provisões propriamente ditas são valores que afetam negativamente a situação líquida. As provisões são constituídas em obediência aos princípios contábeis da prudência de da competência. Sobre o conceito de provisão, didaticamente propomos o entendimento desse conceito como uma perda na penumbra10. Isso porque uma perda ocorrida na penumbra é uma perda que ocorreu (ninguém pode imaginar que, apenas pelo fato de que, na penumbra, não se pode identificar com certeza o tamanho da perda, ela não tenha ocorrido), mas que somente quando for acesa a luz, será possível saber exatamente o tamanho da perda. Foram apresentados exemplos de provisões registradas em contas retificadoras do ativo (registrando perdas específicas nos elementos do ativo – retificados). Ocorre que há perdas que alcançam todo o patrimônio e não apenas um determinado bem; essas perdas devem ser registradas em conta de passivo (por consistirem em um ônus que todo o patrimônio tem a obrigação de suportar). São exemplos dessas provisões as “Provisões para riscos fiscais” e “Provisões para riscos trabalhistas”. 10 Conforme visto na aula 06 deste curso, cuja leitura é recomendada. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 26 3.9.1 Provisão para riscos fiscais, riscos trabalhistas ou relativos ao direito do consumidor Essas provisões, denominadas genericamente provisões para contingências11, são classificadas no passivo circulante (ou no passivo exigível a longo prazo) e referem-se a perdas relativas a eventos já ocorridos, cujos efeitos envolvem relativa incerteza. Por exemplo, seja uma ação judicial movida por trabalhadores – contra a empresa – reivindicando o pagamento de um determinado adicional por atividades desenvolvidas no ano anterior. Ora, nesse caso, a perda é relativa a um evento que já ocorreu, mas não se sabe, com certeza, o exato valor a ser pago. Assim, cabe (por prudência) registrar essa perda no valor mais realista possível. Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para contingências. de natureza credora si na constituição da provisão (quando se percebe a perda) 1 (com contrapartida em conta de resultado - despesa) 2 na realização da provisão (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) 3 na reversão da provisão (com contrapartida em conta de resultado - receita) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Provisões para contingências (fiscais/trabalhistas/de consumo/etc.) Débitos Créditos 3.9.2 Provisão para férias Conforme determina o princípio da competência, as férias transcorridas e não gozadas devem ser registradas contabilmente. É usual que se faça esta provisão através de aplicação de um percentual sobre a folha de pagamento mensal, sendo que, pelo menos na data do balanço, essa provisão deverá ser obrigatoriamente constituída. Neste caso, portanto, a provisão será constituída tendo como base o período 11 Não confundir essas provisões com as “Reservas de contingências”, assunto a ser estudado adiante (no item que trata do Patrimônio Líquido), quando analisaremos as diferenças e peculiaridades destes dois conceitos. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 27 aquisitivo de férias já transcorrido na data do balanço. Quando do pagamento das férias debitar-se-á a conta de provisão em contrapartida de uma conta representativa de disponibilidades. Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para férias. de natureza credora si na constituição da provisão 1 (com contrapartida em conta de resultado - despesa) 2 na realização da provisão (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Provisão para férias Débitos Créditos 3.9.3 Provisão para 13o salário Essa provisão (melhor seria denominá-la previsão) baseia-se no mesmo princípio da provisão para férias, entretanto, se a empresa segue rigorosamente os prazos legais para pagamento das obrigações, em 31/12, esta conta não terá saldo, pois o 13o (via de regra) deve ser pago dentro do próprio ano. Na tabela a seguir, encontra-se apresentado, a partir dos conceitos acima tratados, o funcionamento da conta Provisões para o 13o salário. de natureza credora si na constituição da provisão 1 (com contrapartida em conta de resultado - despesa) 2 na realização da provisão (com contrapartida na conta Bancos - ou Caixa) de natureza credora sf Legenda Modelo de funcionamento de contas contábeis si - Saldo inicial sf - Saldo final 1, 2, 3, ... - números, referenciando a ocorrência de fatos contábeis (e respectivos lançamentos) Provisão para 13o salário Débitos Créditos CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br28 3.9.4 Provisão para o Imposto de Renda e a Contribuição Social 3.9.4.1 Conceitos iniciais O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza é um imposto da competência privativa da União, previsto no art. 153 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, conforme a seguir reproduzido: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: ... III - renda e proventos de qualquer natureza; Com relação a esse imposto, o Código Tributário Nacional (Lei 5.172, de 1966) define o conceito de renda (produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) e a base de cálculo do tributo (montante real, presumido ou arbitrado da renda), coforme a seguir: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. … Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. No que diz respeito às empresas, o Imposto Sobre a Renda é denominado Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ, conforme disposto no Decreto 3.000, de 1999, art. 146, a seguir transcrito: Livro II - TRIBUTAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS Título I - CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS Subtítulo I - Contribuintes Art. 146. São contribuintes do imposto e terão seus lucros apurados de acordo com este Decreto (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, artigo 27): I - as pessoas jurídicas (Capítulo I); II - as empresas individuais (Capítulo II). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 29 Pois bem, vistos esses conceitos iniciais, aprofundaremos o estudo desses conceitos, com vistas ao entendimento da contabilização relativa ao imposto12. A base de cálculo do IRPJ é o lucro presumido, arbitrado ou real. 3.9.4.2 Lucro Presumido O Lucro Presumido, conforme definido no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999), em seus arts. 516 a 528, consiste em uma forma de tributação simplificada. Pela sistemática do Lucro Presumido, a determinação da base de cálculo do Imposto de Renda é efetuada considerando como lucro um percentual das vendas. Dispensa o controle das despesas, para fins de cálculo do imposto devido. Entretanto, somente podem optar por essa sistemática contribuintes com receita total igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (no ano anterior) e que não desenvolvam determinadas atividades (como, por exemplo, aquelas típicas de instituições financeiras). A base de cálculo do imposto, por essa sistemática, é a soma das seguintes parcelas: (1) receita bruta13, multiplicada por um coeficiente14 e (2) demais receitas e ganhos de capital. Os contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Presumido poderão utilizar – para fins de apuração da base de cálculo do tributo – alternativamente o regime de caixa, ou o regime de competência15. 12 Cumpre referir que este curso não se destina ao estudo aprofundado da legislação do Imposto de Renda (ou de qualquer outro tributo), mas somente a seus aspectos relevantes para a Contabilidade. Para o estudo aprofundado dessa legislação, recomendamos a leitura de obras específicas como, por exemplo os livros sobre o IRPJ dos seguintes autores: (1) Gervásio Nicolau Recktenvald, (2) Silvério das Neves e Paulo E. Viceconti, ou (3) Hiromi Higushi. 13 Venda de bens nas operações de conta própria, preço dos serviços prestados e resultado auferido nas operações de conta alheia; excluídos os valores relativos a vendas canceladas, devoluções de vendas, descontos incondicionais concedidos e o IPI (quando ele tiver sido considerado inserido no valor da venda dos bens). 14 O coeficiente de presunção de lucro é decorrente da atividade da empresa, entre outrso: (1) 8% sobre a receita proveniente de vendas, (2) 16% sobre a receita proveniente de serviços – exceto no caso de prestação de serviços de profissão regulamentada – (no caso de empresas com receita bruta anual até a R$ 120.000,00) ou (3) 32% sobre a receita proveniente de serviços (no caso de empresas com receita bruta anual superior a R$ 120.000,00). 15 Importante! A utilização do regime de caixa é SOMENTE para a apuração do tributo devido (considerar a receita auferida no momento de seu recebimento). A contabilidade, de acordo com a Lei da S/A deve obedecer ao regime de competência. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 30 O período de apuração do IRPJ, para os contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Presumido é trimestral – (de janeiro a março, de abril a junho, de julho a setembro e de outubro a dezembro). O imposto deverá ser pago: (1) em cota única até o último dia útil do mês subseqüente ao encerramento do período de apuração; (2) à opção da pessoa jurídica, poderá ser pago em até três quotas mensais, iguais e sucessivas, vencível no último dia útil dos três meses subseqüentes ao de encerramento do período de apuração, devidamente ajustados. A alíquota do IRPJ é de 15%, com adicional de 10% sobre a parcela da base de cálculo que, no trimestre, ultrapassar R$ 60.000,00. Para efeitos fiscais, o contribuinte optante pela sistemática do Lucro Presumido, pode alternativamente manter: (1) escrituração contábil nos termos da legislação comercial ou (2) livro caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL – dos contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Presumido (para fins de IRPJ) apresenta período de apuração e prazo de recolhimento idênticos ao do IRPJ e base de cálculo similar, diferindo apenas no percentual de presunção de lucro: (1) para pessoas jurídicas em geral – 12% da receita bruta do trimestre e (2) para pessoas jurídicas que exerçam atividades de (a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (b) intermediação de negócios e (c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza – 32%. A alíquota da CSLL é de 9%. A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico – referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima apresentados. Seja uma empresa de alimentação (um restaurante) que: - vendeu no primeiro trimestre de 2006, conforme somatório de notas fiscais, o valor de R$ 210.000,00; - possui um depósito, que esteve alugado, durante todo o trimestre, por R$ 2.000,00 mensais; e - é optante pela sistemática do Lucro Presumido. Na tabela a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos, relativos ao período de apuração: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 31 descrição valores Observações receita bruta 210.000,00 conforme notas fiscais coeficiente 8% por se tratar de venda de mercadorias 16.800,00 receita bruta X coeficiente demais receitas 6.000,00 aluguel de três meses base de cálculo 22.800,00 receita bruta X coeficiente + demais receitas alíquota 15% IRPJ devido 3.420,00 base de cálculo X 15% adicional - porque a base de cálculo é inferior a 60.000,00 pagamento em cota única 3.420,00 no último dia de abril ou pagamento em duas parcelas 1.710,00 no último dia de abril (+) 1.710,00 + 1%, no último dia de maio ou pagamento em três parcelas 1.140,00 no último dia de abril (+) 1.140,00 +1%, no último dia de maio (+) 1.140,00 + Selic de abril + 1%, no último dia de junho base de cálculo da CSLL 31.200,00 receita bruta X 12% + demais receitas alíquota da CSLL 9% CSLL devida 2.808,00 base de cálculo da CSLL X alíquota pagamento em cota única 2.808,00 no último dia de abril ou pagamento em duas parcelas 1.404,00 no último dia de abril (+) 1.404,00 + 1%, no último dia de maio 3.9.4.3 Lucro Arbitrado O Lucro Arbitrado, conforme previsto no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999), em seus arts. 529 a 543, consiste, também (assim como no Lucro Presumido), numa forma de tributação simplificada. De acordo com a sistemática do Lucro Arbitrado, para a determinação da base de cálculo do Imposto de Renda, é, também, dispensado o controle das despesas, com a determinação da base de cálculo do tributo considerando, como lucro, apenas um percentual da receita de vendas. Esta sistemática é aplicada a vários casos, podendo ser escolhida pelo contribuinte quando este não possua a escrituração a que estiver obrigado, mas conheça sua receita bruta. A base de cálculo do imposto apurada pela sistemática do Lucro Arbitrado, quando a Receita é conhecida, é idêntica à base de cálculo apurada pelo Lucro Presumido, com os percentuais acrescidos de 20%. Os contribuintes optantes pela sistemática do Lucro Arbitrado deverão utilizar – para fins de apuração da base de cálculo do tributo – obrigatoriamente o regime de competência. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 32 O período de apuração, o prazo de recolhimento, a alíquota e o adicional do IRPJ, para contribuintes tributados pela sistemática do Lucro Arbitrado, são idênticos aos do Lucro Presumido. A CSLL, quando o contribuinte opta pela Apuração do Imposto de Renda através da sistemática do Lucro Arbitrado, apresenta base de cálculo, alíquota, período de apuração e prazo de recolhimento idênticos aos aplicáveis à CSLL quando da apuração do Imposto de Renda pela sistemática do Lucro Presumido. A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico – referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima apresentados. Seja uma empresa de alimentação (um restaurante) que: - vendeu no primeiro trimestre de 2006, conforme somatório de notas fiscais, o valor de R$ 210.000,00; - possui um depósito, que esteve alugado, durante todo o trimestre, por R$ 2.000,00 mensais; e - tributa o IRPJ pela sistemática do Lucro Arbitrado – com a receita conhecida. Na tabela a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos, relativos ao período de apuração: descrição valores Observações receita bruta 210.000,00 conforme notas fiscais coeficiente: 8% X 1,2 9,60% por se tratar de venda de mercadorias 20.160,00 receita bruta X coeficiente demais receitas 6.000,00 aluguel base de cálculo 26.160,00 receita bruta X coeficiente + demais receitas alíquota 15% IRPJ devido 3.924,00 base de cálculo X 15% adicional - porque a base de cálculo é inferior a 60.000,00 pagamento em cota única 3.924,00 no último dia de abril ou pagamento em duas parcelas 1.962,00 no último dia de abril (+) 1.962,00 + 1%, no último dia de maio ou pagamento em três parcelas 1.308,00 no último dia de abril (+) 1.308,00 + 1%, no último dia de maio (+) 1.308,00 + Selic de abril + 1%, no último dia de junho base de cálculo da CSLL 31.200,00 receita bruta X 12% + demais receitas alíquota da CSLL 9% CSLL devida 2.808,00 base de cálculo da CSLL X alíquota pagamento em cota única 2.808,00 no último dia de abril ou pagamento em duas parcelas 1.404,00 no último dia de abril (+) 1.404,00 + 1%, no último dia de maio CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 33 3.9.4.4 Lucro Real O Lucro Real, conforme determinado no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000, de 1999) em seus arts. 246 a 515, consiste em sistemática de apuração do Imposto de Renda onde a base de cálculo do imposto é apurada segundo registros contábeis e fiscais, efetuados sistematicamente de acordo com as leis comerciais e fiscais. São obrigados ao Lucro Real os contribuintes que tenham auferido receita total superior a R$ 48.000.000,00 (no ano anterior) ou que desenvolvam determinadas atividades (como, por exemplo, aquelas típicas de instituições financeiras) A base de cálculo do Imposto de Renda, apurada pela sistemática do Lucro Real, consiste no lucro contábil, ajustado pelas adições, exclusões e compensações, de acordo com a lei fiscal. As situações que ensejam adições e exclusões ao Lucro Líquido (contábil), para apuração do Lucro Real, são várias e estão determinadas pela Legislação de regência do tributo. Somente a título exemplificativo relacionaremos a seguir algumas situações que ensejam adições: (1) Resultado negativo avaliação investimento pelo valor patrimônio liquido; (2) Valor reserva reavaliação, baixado no período de apuração, cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado período; (3) Valor das provisões não dedutíveis, no Lucro Real; (4) Despesas indedutíveis, definidas no art. 13 da Lei 9.249, de 1995 (não relacionadas com a atividade da empresa); etc. Apresentamos também, a seguir, a título exemplificativo, situações que ensejam exclusões do Lucro Líquido, para apuração do Lucro Real: (1) Resultado positivo avaliação de investimento pelo valor do patrimônio liquido; (2) Lucros e dividendos derivados de investimento avaliados pelo custo aquisição, que tenham sido computados como receita; (3) Valor das reversões das provisões indedutíveis. Por fim, a compensações se referem à possibilidade de dedução do valor apurado a partir do Lucro Líquido, adições e compensações, de valores relativos a prejuízos fiscais acumulados (referentes a Lucro Real negativo em períodos de apuração anteriores). A regra geral de compensação é limitar seu valor a 30% do montante do Lucro Líquido, ajustado pelas respectivas adições e exclusões. O estudo das adições, exclusões e compensações – para apuração do Lucro Real, a partir do Lucro Líquido – escapa ao escopo deste curso, demandando um curso específico, que tem como pré-requisito, inclusive, o conhecimento de conceitos de Contabilidade aqui tratados. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 34 Assim como nas sistemáticas do Lucro Presumido e do Lucro Arbitrado, a alíquota do IRPJ é de 15% e o adicional, de 10% sobre a parcela do lucro real que exceder ao resultado da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número dos meses do respectivo período de apuração. Uma importante peculiaridade da sistemática do Lucro Real, refere-se ao período de apuração. Na sistemática do Lucro Real, o tributo pode ser alternativamente apurado: (1) trimestralmente (nos períodos encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro), ou anualmente, com o recolhimento de estimativas mensais. Assim, o contribuinte pode optar pelo Lucro Real Anual, que será apurado apenas em 31 de dezembro. Entretanto, no caso de opção pelo Lucro Real Anual, o contribuinte fica obrigado a efetuar antecipações mensais do imposto – estimativas – que poderão ser calculadas com base na receita bruta ou com base em balancetes de suspensão. Ao final do período (em 31 de dezembro) o contribuinte deverá calcular o Imposto definitivamente devido e dele deduzir as antecipações mensais já recolhidas, para então recolher o saldo ou, no caso de antecipações mensais superiores ao valor definitivamente devido, manter o crédito – paracompensação com valores devidos em períodos posteriores. As estimativas, com base na receita bruta, são calculadas mensalmente através de um procedimento semelhante ao da apuração da base de cálculo do Imposto de Renda pela sistemática do Lucro Presumido, ou seja, aplicando-se um coeficiente de presunção de lucro sobre o valor da receita bruta (e.g.: 8% sobre a receita de venda de mercadorias). As estimativas, com base em balancete de suspensão ou redução, correspondem ao cálculo do Lucro Real devido desde o início do ano até o mês em questão, que compreende: (1) a apuração do lucro contábil do período, (2) o ajuste fiscal (por adições, exclusões e compensações), (3) a aplicação da alíquota e do percentual adicional sobre o lucro contábil ajustado; (4) o desconto dos recolhimentos já efetuados, anteriormente, no ano e (5) o recolhimento do saldo apurado (se positivo). A Contribuição social sobre o Lucro deve acompanhar as opções do Lucro Real: (1) lucro real trimestral, ou (2) lucro real anual, (2.a) com antecipações mensais calculadas com base na receita bruta, ou (2.b) com antecipações mensais calculadas com base em balancetes de redução. Saliente-se que a alíquota da CSLL é de 9%. As empresas obrigadas ao Lucro Real, ou optantes por esta sistemática, deverão manter contabilidade regular. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 35 A seguir, para fins ilustrativos, apresentamos um exemplo numérico – referente a um caso hipotético – que trata dos conceitos acima apresentados. Seja uma empresa com atividade de venda de mercadorias, optante pelo Lucro Real Anual, recolhendo estimativas mensais com base na receita bruta, e que apresente: - faturamento mensal (vendas de mercadorias) de R$ 50.000,00; - receita de aluguel de um galpão de R$ 5.000,00; - Lucro contábil (ao final do ano) de R$ 120.000,00; - Deste lucro, R$ 10.000,00 referem-se a despesas que não estão relacionadas com a atividade da empresa (de acordo com a legislação fiscal, estas despesas devem ser adicionadas ao lucro contábil para apuração do Lucro Real). Nas tabelas a seguir, apresentamos o cálculo dos tributos devidos, relativos ao período de apuração: Descrição Valores OBS. Estimativas mensais 50.000,00 faturamento mensal 8% coeficiente 4.000,00 5.000,00 aluguel 9.000,00 base de cálculo 15% alíquota 1.350,00 estimativa mensal 16.200,00 somatório das estimativas recolhidas no ano Lucro Real anual 120.000,00 lucro contábil 10.000,00 adições 130.000,00 lucro real 15% alíquota 19.500,00 imposto devido no ano 3.300,00 saldo (diferença entre imposto devido e estimativas) CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 36 Descrição Valores OBS. Estimativas mensais 50.000,00 faturamento mensal 12% coeficiente - CSLL 6.000,00 5.000,00 aluguel 11.000,00 base de cálculo (mensal) da CSLL 9% alíquota - CSLL 990,00 estimativa mensal 11.880,00 somatório das estimativas recolhidas no ano CSLL anual 120.000,00 lucro contábil 10.000,00 adições 130.000,00 base de cálculo (anual) da CSLL 9% alíquota - CSLL 11.700,00 contribuição devida no ano (180,00) saldo (diferença entre CSLL devida e estimativas) 3.9.4.5 Imposto de Renda a Pagar x Provisão para Imposto de Renda O encargo com o imposto de renda deve ser reconhecido e, conseqüentemente, contabilizado como despesa, no momento em que a renda é auferida, ainda que seu pagamento, ou a declaração dessa renda, somente venha a ocorrer em momento posterior. A renda auferida em cada mês (lucro ajustado) é um indicador de qual será a base de cálculo do tributo devido ao final do período de apuração. Porém, pela possibilidade de modificações no mercado durante o período de apuração, um grande lucro ou um grande prejuízo em meses posteriores podem modificar o valor antes registrado a título de Imposto de Renda a pagar. É, justamente, essa incerteza com relação ao valor efetivamente devido (acerca de um resultado já auferido) que caracteriza a provisão. Assim, durante o período de apuração, o valor previsto de imposto devido deverá ser registrado a débito de conta de resultado (Encargos com provisão para o Imposto de Renda16) e a crédito da conta de passivo (Provisão para Imposto de Renda). Durante o período de apuração, o imposto a ser provisionado sofrerá pequenas diferenças, relativamente àquele que será finalmente apurado e declarado, assim, 16 Esta conta, infelizmente, é – muitas vezes – denominada somente de “Provisão para o Imposto de Renda”. Esta denominação não é proibida, pois não há legislação determinando a utilização de um ou outro nome para contas, mas é uma denominação que leva a dúvidas, pois o estudante, ou qualquer interessado na companhia, fica na dúvida se ela se refere ao encargo (conta de resultado) ou ao passivo (conta patrimonial). Este procedimento – de utilizar o mesmo nome para referenciar duas diferentes contas contábeis – é tão danoso que foi o responsável por anulação de questões de concurso, conforme veremos a seguir. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 37 essas diferenças deverão ser ajustadas contra resultados (Encargos com provisão para o Imposto de Renda – ou Reversão de encargos com provisão para o Imposto de Renda). Ao final do período, o valor definitivo deve ser registrado a crédito da conta Imposto de Renda a pagar (a débito da conta Provisão para Imposto de Renda). Em tempo, muitas empresas optam, para fins de simplificação de procedimentos, por manter apenas uma conta de passivo, denominada “Provisão para o IR”, na qual é registrado tanto o valor previsto quanto o valor definitivamente devido do tributo, caso em que não é utilizada a conta “IR a pagar”. 3.9.4.6 Provisão para Imposto de Renda Diferido Na apuração do Lucro Real, há adições, exclusões e compensações, aplicadas sobre o resultado contábil. Essa sistemática deve ser realizada em um livro específico LALUR17, que é dividido em duas partes, a saber: - Parte A, na qual são demonstradas as adições, exclusões e compensações referentes ao período de apuração; e - Parte B, na qual são registrados os valores que EM PERÍODOS FUTUROS deverão ser objeto de adições, exclusões e compensações. No caso de exclusões do lucro líquido, para apuração do lucro real, pode ocorrer que essa exclusão obrigue a empresa a realizar uma adição em período posterior. Esse é, por exemplo, o caso da depreciação incentivada acelerada, prevista nos arts. 313 e 262 do Decreto 3.000, de 1999, a seguir reproduzidos: Art. 313. Com o fim de incentivar a implantação, renovação ou modernização de instalações e equipamentos, poderão ser adotados coeficientes de depreciação acelerada, a vigorar durante prazo certo para determinadas indústrias ou atividades (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 5º). § 1º A quota de depreciação acelerada, correspondente ao benefício, constituirá exclusão do lucro líquido, devendo ser escriturada no LALUR (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, artigo 8º, inciso I, alínea "c", e § 2º). § 2º O total da depreciação acumulada, incluindo a normal e a acelerada, não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 57, § 6º). § 3º A partir do período de apuração em que for atingido o limite de que trata o parágrafo anterior, o valor da 17 LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real, visto na aula 03 deste curso. 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