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23/03/2016 1 Sistemas elevatórios - Cavitação Prof. Welitom Ttatom Pereira da Silva Universidade Federal de Mato Grosso Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental INTRODUÇÃO Grande parte do que foi discutido anteriormente referiu-se ao escoamento por gravidade (ou seja, aproveitamento de energia potencial). Em muitos casos não há essa opção (as cotas topográficas não permitem). Nesses casos há necessidade de transferir energia para o líquido através de um sistema eletromecânico (bombas). Um sistema de recalque ou elevatório é um conjunto de tubulações, acessórios, bombas e motores necessário para transportar uma certa vazão de um reservatório inferior R1 para um reservatório superior R2. 23/03/2016 2 SISTEMA DE RECALQUE Tubulação de sucção: canalização que liga o reservatório R1 à bomba, incluindo os acessórios necessários, como válvula de pé com crivo, registro, curvas, redução, etc. Conjunto elevatório: uma ou mais bombas e respectivos motores elétricos ou a combustão interna. Tubulação de recalque: canalização que liga a bomba ao reservatório superior R2, inferior registros válvulas de retenção, manômetros, curvas, outros. ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE RECALQUE Fonte:Tsutiya (2006) SISTEMA DE RECALQUE A instalação de uma bomba pode ser feita de duas formas distintas: a) Bomba não afogada: quando a cota de instalação do eixo da bomba está acima do nível da água no reservatório inferior R1. b) Bomba afogada: quando a cota da instalação do eixo da bomba está abaixo do nível da água no reservatório inferior R1. Quanto a vazão de recalque: a) Pequena (Q 50 m3.h-1); b) Média ( 50 Q 500 m3.h-1); c) Grande (Q 500 m3.h-1). 23/03/2016 3 SISTEMA DE RECALQUE Fonte: Porto (1999) ALTURA DE ELEVAÇÃO E ALTURA MANOMÉTRICA Da Figura pode-se extrair que: Fonte: Porto (1999) Se os diâmetros das tubulações de recalque e sucção forem iguais a altura total de elevação será igual a altura manométrica. r H s H g HH A energia a ser cedida ao escoamento, expressa em metros de coluna do líquido, é igual ao desnível topográfico entre os reservatórios, acrescida de todas as perdas de carga, localizadas e distribuídas, nas canalizações e recalque. Em geral a tubulação de sucção têm um diâmetro comercial imediatamente superior ao da tubulação de recalque para diminuir a velocidade e ocorrer menores perdas de carga. 23/03/2016 4 POTÊNCIA DO CONJUNTO ELEVATÓRIO cvHQPot kw HQ Pot .75 ..10 ..8,9 3 Potência recebida pela bomba cvHQPot kw HQ Pot m m ..75 ..10 . ..8,9 3 Potência fornecida pelo motor Pot = potência Q = vazão (m3/s) H = altura total de elevação (m) = coeficiente de rendimento global da bomba (depende das características da bomba) m = coeficiente de rendimento do motor Potência da bomba Acréscimo até 2 hp 50% 2 a 5 hp 30% 5 a 10 hp 20% 10 a 20 hp 15% maior que 20 hp 10% Fonte: Porto (1999) Acréscimo de potência da bomba recomendado na literatura DIMENSIONAMENTO ECONÔMICO DA TUBULAÇÃO DE RECALQUE Custo da canalização (1) Deve haver um compromisso entre os requisitos técnicos de desempenho e segurança, e o custo global do sistema. (2) O custo da unidade de comprometimento de uma tubulação depende, basicamente, de seu peso função do diâmetro interno, da espessura da parede e dos custos indiretos (transporte, mão de obre, assentamento de valas, etc.). (3) O diâmetro interno é função das condições hidráulicas (vazão necessária para o atendimento). (4) A espessura é função dos esforços, devido a pressão interna à qual o material será submetido. 23/03/2016 5 DIMENSIONAMENTO ECONÔMICO DA TUBULAÇÃO DE RECALQUE .2 .Dp e e = espessura do tubo; p = pressão interna; D = diâmetro interno; = tensão de trabalho admissível do material. eeDG m ... G = peso por unidade de comprimento; m = peso específico do material; D = diâmetro interno do tubo; espessura da parede. 2 1 .DC C1 = custo da unidade do material; = custos indiretos de transporte, escavação e assentamento, bem como peças especiais, válvulas, curvas, registros. cDbDaC .. 22 C2 = preço unitário de tubulações da tubulação de ferro fundido; D = diâmetro interno da tubulação; ‘a’, ‘b’ e ‘c’ = coeficientes que dependem do tipo de material e da pressão interna. DC .33 C3 = preço unitário de tubulações de diâmetros relativamente pequenos, menores que 6”; 3 = custo direto e indiretos da tubulação; D = diâmetro interno da tubulação. TUBULAÇÃO DE RECALQUE Há dois aspectos importantes: (1) Diâmetro da tubulação de recalque (consequente o diâmetro da tubulação de sucção) (2) A potência necessária do conjunto motor-bomba Se o diâmetro adotado for relativamente grande, a perda de carga será pequena portanto a altura de elevação (H = Hg + Hs + Hr) e a potência do conjunto elevatório necessária serão relativamente pequenas porém os custos da linha serão altos (quanto maior o diâmetro maior o custo). Se ao contrário, o diâmetro adotado for relativamente pequeno, a linha adutora terá custo baixo, enquanto as perdas de carga serão altas e o conjunto elevatório ficará mais caro por exigir uma potência maior. Assim, existirá um diâmetro conveniente para o qual o custo total do projeto e o custo econômico do capital investido será mínimo. 23/03/2016 6 TUBULAÇÃO DE RECALQUE Custos da tubulação Custos do conjunto elevatório Custos do sistema Fonte: Porto (1999) FÓRMULA DE BRESSE K é uma constante que depende, entre coisas, mão de obra, custo do material, operação e manutenção do sistema, etc., não sendo fixada, variando de local para local e no tempo. Em geral, a constante K assume valores na faixa de 0,7 a 1,3. Equação muito simples para representar um problema complexo e com muitas variáveis econômicas, portanto deve ser aplicada na fase de ante projeto. Em sistemas de pequeno porte, como adutoras até 6” pode conduzir a um diâmetros aceitável. Em diâmetro maiores deve utilizar a metodologia apresentada anteriormente. A fixação de um valor constante de K equivale a se adotar a uma velocidade média de recalque, chamada velocidade econômica (0,6 a 3,0m/s). A fórmula de Bresse deve ser aplicada a sistemas em funcionamento contínuo (24h/dia). QKD . D = diâmetro (m) Q = vazão (m3/s) K = constante (0,7 a 1,3) 23/03/2016 7 FÓRMULA DE BRESSE Caso o sistema não funcione 24/dia deve-se realizar uma adequação na equação (recomendada pela NBR-5626 da ABNT). Em qualquer caso, o diâmetro encontrado deve ser aproximado para o diâmetro comercial mais conveniente. QXD ..3,1 4 D = diâmetro (m) Q = vazão (m3/s) X = fração do dia, isto é, número de horas de funcionamento divido por 24 . BOMBAS TIPOS E CARACTERÍSTICAS “O princípio básico de transferência de energia recebida pela bomba ao fluido é a existência de uma roda ou rotor que ao girar comunica ao fluido aceleração centrifuga e consequentemente aumenta a pressão. A ação do rotor orienta a trajetória das partículas dentro do corpo da bomba, desde a seção de entrada até a saída. Rotor fechado Fonte: Manual Técnico Bomba Schneider 23/03/2016 8 BOMBAS TIPOS E CARACTERÍSTICAS De acordo com a forma da trajetória do líquido, no seu interior, as bombas são classificadas como: (1) Bombas centrífugas ou de escoamento radial: o líquido entra axialmente pelo centro e sai radialmente pela periferia. São bombas destinadas a vencer grandes cargas com vazões relativamentebaixas. O acrescimento de pressão é causado principalmente pela ação da força centrifuga. Fonte: Porto (1999) BOMBAS TIPOS E CARACTERÍSTICAS De acordo com a forma da trajetória do líquido, no seu interior, as bombas são classificadas como: (2) Bombas de escoamento misto ou diagonal: o líquido entra axialmente e sai numa direção diagonal, média entre axial e radial. São indicadas para cargas médias, e o acrescimento de pressão é devido, em parte, à força centrífuga e, em parte, a ação de sucção das pás. Fonte: Porto (1999) 23/03/2016 9 BOMBAS TIPOS E CARACTERÍSTICAS De acordo com a forma da trajetória do líquido, no seu interior, as bombas são classificadas como: (3) Bombas de escoamento axial: o líquido entra axialmente e sai em movimento helicoidal em direção praticamente axial. São indicadas para vazões altas e cargas baixas. Fonte: Porto (1999) BOMBAS TIPOS E CARACTERÍSTICAS De acordo com a estrutura do rotor: (1) Rotor aberto: indicada para o bombeamento de águas residuárias ou bruta de má qualidade. (2) Rotor semi-fechado ou semi-aberto: para recalque de água bruta sedimentada. (3) Rotor fechado: para água tratada ou potável. Rotor aberto Rotor semi-aberto Rotor fechado 23/03/2016 10 CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA BOMBA “Denomina-se curva característica de uma bomba a representação gráfica ou em forma de tabela das funções que relacionam os diversos parâmetros envolvidos em seu funcionamento”. Curva característica de uma bomba (exemplo) Fonte: Manual Técnico Bomba Dancor CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA BOMBA Os fabricantes de bombas apresentam, no catálogos, curvas dimensionais da altura de elevação em função da vazão (H = f(Q)), da potência necessária em função da vazão (Pot = f(Q)) e do rendimento em função da vazão (=f(Q)). As curvas características de um bombas são obtidas experimentalmente em um banco de ensaios, no qual, para cada vazão recalcada, são medidas a vazão e a altura de elevação, com o auxilio de manômetros, e o torque no eixo da maquina. O ensaio é repetido para outros diâmetros de rotor e os resultados (H = f(Q), Pot = f(Q) e = f(Q)) lançados em gráficos. Nos catálogos de fabricantes são apresentados, em geral, três gráficos correspondentes a uma família de bombas. (1) Primeiro curvas da altura versus vazão linhas de isopontos de rendimento. (2) Segundo NPSH requerido versus vazão será discutido mais a frente. (3) Terceiro curva de potência necessária versus vazão. Informações necessárias para a escolha da bomba. 23/03/2016 11 CURVA CARACTERÍSTICA DA INSTALAÇÃO A curva característica do sistema pode ser desenhada, calculando-se o termo de perda de carga total em função das características da tubulação através de uma equação de resistência qualquer. A altura geométrica pode assumir valores positivos (mais comuns), nulos ou negativas (situação que ocorre quando se deseja aumentar a capacidade de vazão de um sistema por gravidade pela colocação de uma bomba). Conhecendo-se o diâmetro, comprimento e coeficiente de rugosidade das tubulações a equação E = Hg + K.Q n pode ser posta em forma gráfica, com o expoente n = 2 (fórmula Universal), como na Figura a seguir. n g QKHE . (1) Equação da característica do sistema. (2) K.Qn engloba as perdas de carga localizada e distribuída, nas canalizações de sucção e recalque. CURVA CARACTERÍSTICA DA INSTALAÇÃO Para a bomba, a altura de elevação é função da vazão recalcada e ela diminui com o aumento da vazão segundo uma função H = f(Q). Quando a bomba opera em conjunção com um sistema de tubulações, a energia fornecida pela bomba é igual a energia requerida pelo sistema, para a vazão bombeada (H = E). Fonte: Porto (1999) 23/03/2016 12 CURVA CARACTERÍSTICA DA INSTALAÇÃO Normalmente a solução é obtida por via gráfica sobrepondo-se a curva característica do sistema à curva característica da bomba. Fonte: Porto (1999) O ponto de cruzamento das curvas, que é chamado ponto de operação ou ponto de funcionamento, é a solução do problema. SISTEMA DE TUBULAÇÕES EM SÉRIE A vazão é a mesma e a perda de carga total é a soma das perdas de cada trecho. A curva característica do sistema pode ser determinada para cada vazão pela equação: Para cada valor de Q o valor de E é calculado e levado ao gráfico da curva característica da bomba. N i n ig QKHE 1 . N é o número de trechos de características diferentes em série. 23/03/2016 13 SISTEMA DE TUBULAÇÕES EM PARALELO É conveniente utilizar um procedimento gráfico baseado na propriedade fundamental de tubulações em paralelo, ou seja, a perda de carga é a mesma e as vazões se dividem de forma inversamente proporcional às resistências das tubulações. Traça-se a curva característica de cada tubulação (E = Hg + K.Q n) e leva-se ao gráfico da curva da bomba. Como a vazão bombeada é a soma das vazões nas tubulações, e a perda de carga é a mesma, para determinar a curva característica do sistema resultante basta somar graficamente, para cada valor de H as vazões nas tubulações. Fonte: Porto (1999) Referências básicas NETTO, J. M. de A. Manual de Hidráulica. 8ª edição, Editora Edgard Blücher, 1998, São Paulo, SP. PORTO, R. de M. Hidráulica Básica. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1999, São Carlos, SP.
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