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1 AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE MODERNIZAÇÃO E OS DESAFIOS DA INTEGRAÇÃO NACIONAL OLIVIERA, Hamilton Afonso A partir do Governo Vargas (1930-1945/1951-1954) representou o marco no desenvolvimento de uma nova ordem econômico-social e territorial que desencadeou no processo de industrialização e transição do modelo agrário exportador para o modelo urbano-industrial. Também, a passagem de uma política brasileira de base oligárquica para políticas populistas centralizadoras controladas e administradas pelo Estado. Para atingir este objetivo foi criado um plano nacional de ordenamento territorial que se desdobrou nas seguintes ações: 1) Em 1936, criação do DASP – Departamento de Administração do Serviço Público, com disposição orçamentária; 2) Criação em 1952 do BNDE (BNDS) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico; 3) Criação da Petrobrás em 1953; 4) Em 1964 foi criado o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada; 5) Criação da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em 1973, com o objetivo de modernizar a agricultura, sobretudo, nos cerrados; Nas políticas regionais e nacionais destaque para: 1) A marcha para o oeste com o objetivo de interligar o Centro-Oeste com o Sudeste; 2) O plano SALTE (Sáude, Alimentos, Transporte e Energia); 3) O Plano de metas de JK, composto por 30 metas, teve como marco a construção de Brasília e a construção de uma malha rodoviária, interligando a nova capital com as demais regiões do Brasil. O plano visava a ocupação territorial e o desenvolvimento econômico ancorado no capital nacional e, sobretudo, internacional; 4) Criação da SUDENE em 1959 – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste; 2 5) Inspirado na SUDENE, os militares criaram a SUDAM, SUDECO e SUDESUL visando a implementação das políticas públicas que visavam a modernização da economia, especialmente, do setor agropecuário e industrial; 6) Implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND) 1968 a 1972 e do II PND 1973-1978 que teve como objetivos a expansão da indústria de bens duráveis, execução de obras de infraestrutura ligadas aos transportes e telecomunicações; 7) No II PND foram criados o POLOCENTRO e o PRODECER1 que assumiram maior importância para o estudo do processo de territorialização do capital no campo, especialmente, nas regiões de Cerrado; 8) O I PPA foi implantado entre os anos de 1996/99, intitulado Programa Brasil em Ação e o II PPA (2000-2003) intitulado Programa Avança Brasil, caracterizaram-se pelas parcerias do governo federal, estados, municípios e o setor privado. Representou o auge do processo de modernização do campo e desenvolvimento da agroindústria. Foi marcado, também, pela privatização de empresas públicas; 9) O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi proposto no período 2007/2010, inaugurou uma nova fase na política econômica brasileira, recolocando na agenda do País a temática do crescimento, apoiando-se em três pilares: a) maciço investimento em infraestrutura logística (rodovias, ferrovias, portos, etc.), geração de energia e infraestrutura social (saneamento e habitação), com forte participação das Empresas Estatais e Bancos Públicos; b) um conjunto de incentivos tributários e c) a redução progressiva da taxa básica de juros da economia. As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas pela forte concentração urbana, consequência da migração campo-cidade, que se acentuou devido ao desenvolvimento industrial. As décadas de 1980 e 1990 foram marcadas pelo arrocho salarial e a queda do poder aquisitivo da população, bem como, pela perda da capacidade de planejamento e investimento, resultando no desmonte do aparato planejador do Estado. 1 O PRODECER é o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento do Cerrado. Idealizado em 1974, negociado entre os governos do Brasil e do Japão durante 5 anos e implementado a partir do ano de 1978, tendo sido o coordenador político-institucional, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento e a coordenadora de implementação, a CAMPO, financiado pelos Governos do Brasil, do Japão e bancos privados japoneses. (INOCÊNCIO, 2008, p. 74) 3 1 - A SUPREMACIA PAULISTA A região sudeste, especialmente, São Paulo foram os mais beneficiados pelas políticas de modernização e desenvolvimento regional. Representou a consolidação da hegemonia paulista, que em 1954, já concentrava 35,4% dos investimentos do Brasil, chegando a 62,2% em 1958. Concentrava, também, 32,4% dos estabelecimentos industriais e 34,6% de empregos no setor, com destaque para o crescimento da região do ABC. Apesar de ser o centro político do Brasil, o Rio de Janeiro foi perdendo a importância frente ao crescimento industrial de São Paulo, que se consolidou como a metrópole industrial do país (SANTOS, 2013). São Paulo foi beneficiado pela criação da indústria automobilística e pela construção de Brasília, que a interligou com uma rede de estradas o que foi importante para a ampliação do mercado consumidor interno e, por conseguinte, de ter beneficiado a indústria paulista. Outro aspecto importante para o período foi, a redução da importância das metrópoles costeiras, com o surgimento de metrópoles regionais que se tornaram importantes polos econômicos regionais. No entanto, não houve redução das desigualdades regionais, pelo contrário, se intensificaram. 2 – A INSERÇÃO DE GOIÁS NO CONTEXTO DA ECONOMIA NACIONAL – 1930-1970 Embora a inserção do Estado de Goiás fosse à economia nacional tenha se dado no século XIX com a exportação de gado para o sudeste, foi somente, a partir das primeiras décadas do século XX com a chegada da estrada de ferro que, que o Estado além de exportador de gado, especializou-se, também, na produção e exportação de produtos agrícolas básicos para o crescente mercado interno, que teve São Paulo, como “o epicentro das transformações estruturais da sociedade brasileira [...] no sentido de operacionalizar a formação do mercado interno e a integração capitalista das economias regionais.”(BORGES, 2000, p. 16) No entanto, foi a partir da década de 1950, que o setor agrário passou a se constituir como importante mercado para os produtos industrializados, em primeiro lugar, pelo consumo de bens de consumo, depois, por bens de produção. Mas, a demanda por produtos industrializados, somente expandiu-se tardiamente, mais precisamente a partir da década de 1970 quando ocorre de forma mais acentuada a 4 destruição da autossuficiência do campo baseado na policultura alimentar e no artesanato. Ou seja, as políticas de modernização do campo criaram as condições para a ampliação do mercado interno. Segundo Borges (2000) o crescimento industrial do sudeste somente foi possível devido a existência de uma economia rural estruturada de modo a suportar e absorver os custos da acumulação do capital e da industrialização, que, em um primeiro momento (1930-1970), as políticas públicas favoráveis à industrialização não alteraram a estrutura agrária tradicional do Brasil, manteve-a o quanto foi necessário à medida que ao avanço das relações capitalistas de produção, um novo padrão de consumo e de relações de trabalho foram se estabelecendo no campo com a expansão da fronteira agrícola. Sem vinculação direta com o mercado internacional, até a década de 1970, a produção agrária goiana era basicamente destinada ao mercado interno. A preocupação era o de suprir as populações urbanas de alimentos a preços mais baixos visandoreduzir os custos da reprodução da força de trabalho urbano-industrial. Neste contexto a preocupação era de ampliar a área de cultivo e não a produtividade, ou seja, era apenas a ampliação da fronteira agrícola o quanto fosse possível, sem se preocupar com a produtividade por hectare. A agricultura na política de crescimento do Brasil tinha um papel coadjuvante do processo de industrialização, cujo objetivo era produzir o necessário para o abastecimento do mercado interno utilizando-se de relações de trabalho no campo tipicamente não capitalista. “A reprodução de práticas arcaicas de cultivo e de exploração do trabalho ocorreu em combinação com a expansão da fronteira agrícola e a crescente espacialização da produção no campo.” (BORGES, 2000, p. 26-27) Percebe-se que entre as décadas de 1940 e 1960 a economia goiana teve um relativo crescimento comercial e econômico. No setor comercial e industrial dobrou o número de pessoas e estabelecimentos no setor, no entanto, a maioria destes concentrava-se em Goiânia e Anápolis. Porém, outros importantes centros urbanos foram se constituindo como importantes entrepostos comerciais como Rio Verde, Itumbiara e Pires do Rio. Porém, na indústria de transformação, a maior parte das atividades produtivas ocorria em moldes artesanais e eram centradas em empresas de pequeno porte vinculadas à agroindústria. 5 6 3 – OS DESAFIOS DO DESENVOLVIMENTO NO CENTRO-OESTE NA ATUALIDADE No que tange ao Centro-Oeste, tornou-se importante região de fronteira com a modernização da agricultura e da agroindústria. No entanto, a deterioração das finanças públicas acabou por reduzir investimentos em infraestrutura, com destaque para telecomunicações, energia e transportes. Neste contexto, a produção de soja do Centro-Oeste foi penalizada pela falta de investimentos em uma infraestrutura de transportes adequada para o escoamento da produção e as perdas do setor são decorrentes da precariedade logística da região. Os estímulos à produção e pesquisas realizadas pela EMBRAPA proporcionou o crescimento da área cultivada em grãos em 75% e a produtividade me 27,5% entre os anos de 1965 a 1985. Com destaque para a produção de soja que teve um crescimento de 1.100% no mesmo período. TABELA 1 – Participação das regiões do Brasil no crédito rural – 1966-1985 Ano Sudeste Sul Centro-Oeste Norte/Nordeste 1966 47 30 - 23 1970 45,6 31,8 6,5 16,1 1975 35,7 38,2 10,1 15 1980 34,1 35,8 10,5 19,6 1985 26,2 41,6 16,3 15,9 Fonte: CORREIA; RAMOS, 2010, p. 07 A partir da década de 1970 teve início a um acelerado processo de transformações na região Centro-Oeste com crescimento demográfico e econômico baseado em modernas técnicas de cultivo e produção que foram responsáveis pelo crescimento da capacidade produtiva da região que se tornou importante polo exportador de grãos e carnes. No entanto a partir de 1986, o setor agrícola perdeu o apoio que tinha, a crise fiscal repercutiu no setor produtivo agropecuário, resultando com isso, em uma crise da oferta de crédito rural. Assim todo aparato de incentivos à promoção econômica da região foi abandonada pelo Estado. As políticas de incentivo foram substituídas pela valoração das formas dos mercados como mecanismos para alcançar a eficiência econômica. Apesar da redução das políticas de incentivos voltadas para o setor agrícola, o setor rural resistiu e expandiu sua produção. Atualmente, a região Centro-Oeste consolidou-se como importante região produtora de soja. A produção brasileira alcançou além de produtividade, a competitividade no mercado internacional. A soja 7 representou na safra 2009 43% da produção agrícola. O Centro-Oeste foi responsável no ano 2000 por 47% da produção total de soja, sendo o estado do Mato Grosso, o maior produtor, com aproximadamente 30% da produção nacional na safra de 2007/08. No entanto, apesar da sua importância econômica na produção agrícola, a região Centro-Oeste não apresenta condições logísticas eficientes para o escoamento da produção agrícola. As vias de transportes terrestres na região estão bem degradadas e ineficazes, o que gera perdas de competitividade da soja no mercado internacional. No caso específico, a produção de soja, na região Centro-Oeste é altamente competitiva “dentro da porteira”, mas, fica comprometida com os custos internos de transportes. Portanto, uma adequada infraestrutura de transportes é imprescindível para os ganhos de competitividade. Para isto, é necessário uma infraestrutura de transportes suportável à demanda, com rodovias que estejam bem conservadas e pavimentadas e, também, com a utilização de modais eficientes como o hidroviário e o ferroviário para que não haja menos perdas no transporte. Além, é claro, da capacidade de escoamento dos portos. REFERÊNCIAS BORGES, Barsanufo Gomides. Goiás nos quadros da economia nacional- 1930- 1960. Goiânia: Ed. UFG, 2000. CORREA, Vivian Helena Capacle; RAMOS, Pedro. Evolução das políticas públicas para a agropecuária brasileira: uma análise da expansão da soja na região Centro-Oeste e os entraves de sua infraestrutura e transportes. In. Informações Econômicas, São 8 Paulo, Vol. 40, n.º10, Out./2010. Disponível no site: ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ie/2010/tec1-1010.pdf - acessado em 17/10/2014. INOCÊNCIO, Maria Erlan. O PROCEDER e as tramas do poder na territorialização do capital no cerrado. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás. Goiânia:UFG, 2010. SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 17.ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2013.
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