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Conflitos Ambientais A Suzano no Maranhão

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Universidade Federal do Maranhão 
 
 
 
Bacharelado Interdisciplinar Em Ciência e Tecnologia 
Meio Ambiente E Sustentabilidade 
 
Conflitos Ambientais: 
A Territorialização da Suzano Na região do Baixo Parnaíba Maranhense 
 
 
Samara Vieira 
 
 
 
São Luis – MA 
2016 
 
 
Conflitos Ambientais: 
A Territorialização da Suzano Na região do Baixo Parnaíba 
Maranhense
SUMÁRIO 
Resumo........................................................................................................................3 
Introdução.....................................................................................................................4 
Impactos Ambientais Da Indústria Do Papel................................................................5 
Síntese Do Conflito.......................................................................................................6 
Implantação Da Suzano No Maranhão........................................................................8 
Territorialização Da Suzano No Baixo Parnaíba Maranhense.....................................9 
Suzano E As Águas Do Maranhão.............................................................................11 
Textos Adotados Para Defesa De Argumentos Contra O Empreendimento Da 
Suzano No Maranhão.................................................................................................12 
Conclusão...................................................................................................................12 
Referências................................................................................................................14 
 
RESUMO 
Este trabalho aborda os conflitos e impactos ambientais provocados pela 
multinacional Suzano Papel Celulose no Baixo Parnaíba Maranhense em virtude da 
ocupação de terras de pequenos agricultores, promovendo assim o avanço do 
plantio de eucalipto e a derrubada da floresta nativa do cerrado maranhense bem 
como o assoreamento de rios riachos e lagoas. Partindo do entendimento de que a 
monocultura do eucalipto atende apenas as necessidades capitalistas desta 
empresa, desprezado quaisquer danos ao meio ambiente e ao patrimônio material e 
cultural das comunidades. O estudo aqui apresentado tem como base estudos 
realizados pela FIOCRUZ, DESOC/UFMA, Estudos e Relatórios de Impactos 
Ambientais (EIA/RIMAs), GERUR/UFMA e colaboração de José Antonio Basto 
(militante pela reforma agrária). 
 
 
INTRODUÇÃO 
Através de um discurso de progresso, modernização e geração de renda a 
multinacional Suzano instalou-se na mesorregião leste maranhense, com promessas 
de crescimento para a região; No entanto há vários estudos atestando os impactos 
ambientais provocados pela monocultura do eucalipto, principal matéria prima, bem 
como os conflitos com as comunidades agrícolas dos municípios que compõe a 
mesorregião, havendo também indícios de irregularidades na concessão de licenças 
ambientais expedidas por órgãos públicos. Diante de tais fatos ONGs, instituições 
filantrópicas, comunidade jornalística e o MPF, partiram em defesa das comunidades 
para assegurar o direito básico de moradia e proteção da biodiversidade do cerrado 
maranhense. 
Portanto, partimos da hipótese de que a Suzano Papel e Celulose desenvolve um 
modelo de agricultura capitalista que acarreta conflitos e impactos ambientais, na 
exata medida em que, contraditoriamente, promove a resistência camponesa frente 
à apropriação das suas terras. Argumenta-se, portanto, a necessidade de uma 
leitura geográfica deste movimento do capital com o intuito de estabelecer uma 
reflexão crítica sobre como a Suzano tem lançado mão de variados mecanismos de 
acumulação, para ampliar seus lucros, gerar receita e converter o discurso de 
sustentabilidade numa estratégia ampla de mercadificação da terra e do trabalho. 
(RIBEIRO JÚNIOR, J.2014) 
IMPACTOS AMBIENTAIS DA INDÚSTRIA DO PAPEL 
O processo para produção de papel e celulose é iniciado fora das indústrias, mais 
especificamente com o desenvolvimento das operações agrícolas que garantirão o 
acesso da indústria à matéria-prima no caso o eucalipto. Áreas extensas de florestas 
homogêneas típica de monocultura onde anteriormente havia uma formação vegetal 
nativa. A implantação da indústria de papel celulose consiste nas seguintes etapas: 
 Elaboração do plano de manejo florestal; 
 Abertura de novas áreas destinadas ao plantio das árvores; 
 Preparo da terra com operações de destoca, aração, gradeação e correção do 
solo; 
 Construção de viveiro para produção de mudas; 
 Produção de mudas e plantio; 
 Aplicação de fertilizantes químicos e demais defensivos agrícolas; 
 Realização de tratos culturais (desbaste, etc.); 
 Instalação de aceros para proteção contra a disseminação de incêndios 
florestais; 
 Abertura de estradas internas ao plantio para escoar a produção; 
 Corte das árvores e retirada dos ramos (desrama) e da folhagem; 
 Transporte das toras para o seu posterior processamento. 
Após essa primeira fase as toras são submetidas aos seguintes processos 
industriais: 
1. Polpação: Consiste no processo mecânico ou químico, onde a árvore é lavada 
para remoção da casca e triturada em cavacos, posteriormente é reduzida a uma 
massa fibrosa com o rompimento das ligações entre as estruturas da madeira 
separando as suas fibras. Na polpação mecânica há um alto consumo de energia e 
a maioria dos constituintes da madeira permanece, sendo o papel pouco resistente. 
Já na polpação química há a utilização de produtos químicos e calor para dissolução 
da lignina, sendo o processo Kraft1 bastante difundido em escala internacional. 
2. Branqueamento: é um processo químico aplicado às polpas celulósicas que 
remove a lignina residual e as moléculas causadoras da cor escura, permitindo obter 
uma celulose mais estável com vantagens para a impressão. Normalmente o 
branqueamento começa com um tratamento da pasta com cloro, seguido por uma 
extração alcalina com soda caustica, sendo aplicada, posteriormente, uma série de 
combinações ou sequências em que se alternam o dióxido de cloro, o hipoclorito e a 
soda cáustica. 
3. Secagem: Nesta etapa a polpa branqueada é submetida a um processo de 
secagem e posterior enfardamento para que seja transportada até as empresas 
fabricantes de papel. Esse processo utiliza grandes quantidades de energia. 
4. Máquina de Papel: Caso a empresa seja também especializada na fabricação de 
papel, a celulose será submetida às operações da chamada máquina de papel. 
Toda essa estrutura afeta diretamente os povoados que dependem essencialmente 
da terra e das bacias hidrográficas da Mesorregião Leste Maranhense (Figura 1). 
 
1
 Processo Kraft e empregado na obtenção de papel cartão, papel para copiadoras, papéis para 
alimentos e outros com maior resistência. As etapas consistem em utilização de produtos químicos 
como NaOH (hidróxido de sódio) e Na2S (sulfeto de sódio) e água em temperaturas elevadas, 
gerando resíduos nocivos como é o caso do licor negro. O licor negro é uma mistura de produtos 
químicos utilizados, lignina dissolvida e carboidratos, constituindo um resíduo tóxico que precisa ser 
recuperado; Para cada tonelada de polpa produzida tem-se de 9000 a 15000 litros de licor negro; A 
recuperação do licor negro é realizada em sistemas de lavagem, sendo posteriormente concentrado 
pela retirada de água nos sistemas de evaporação, a polpa e o licor negro são expelidos do digestor 
ao final do cozimento; A polpa que foi separada do licor negro será submetida ao processo de 
branqueamento. Os impactos ambientais associados ao processo de branqueamentoreferem-se ao 
uso de agentes químicos contendo cloro, substâncias corrosivas cujos efluentes podem afetar a vida 
aquática caso sejam despejados diretamente no ambiente. ( Banco do Nordeste do Brasil Manual de 
Impactos Ambientais – Orientações Básicas sobre Aspectos ambientais de Atividades Produtivas. 
Fortaleza, 1999.) 
 
Fig.1: Mesorregião Leste Maranhense 
A mesorregião Leste Maranhense, tal como classificada pelo IBGE, é constituída por 
seis microrregiões – Chapadinha, Coelho Neto, Baixo Parnaíba Maranhense, 
Chapadas do Alto Itapecuru, Codó e Caxias. O Baixo Parnaíba Maranhense 
compreende aos municípios Santa Quitéria, Brejo, Anapurus, Mata Roma, 
Chapadinha, Buriti, Urbano Santos, São Bernardo e, por vezes, Barreirinhas, no 
estado do Maranhão. Essa extensa região é uma área de transição entre cerrado, 
caatinga e floresta amazônica, onde espécies nativas como o bacuri (Platonia 
insignis), pequi (Caryocar brasiliense Cambess) e babaçu (Orbignya phalerata), que 
são essenciais para atividade extrativista e econômica das comunidades desta 
região. 
 
SÍNTESE DO CONFLITO 
O Baixo Parnaíba Maranhense (Figura 2) vive nas últimas décadas uma forte 
pressão de grandes grupos e produtores do agronegócio que articulam o 
desmatamento de suas florestas para utilização da madeira como carvão vegetal e 
abrir espaço para a produção de monocultivos de soja e/ou eucalipto. 
O município de Urbano Santos está inserido nesta realidade e vem sofrendo 
pressões especialmente por parte da empresa Suzano Papel e Celulose S. A, que já 
possui atuação intensa nos municípios vizinhos. Não foi sem razão, portanto, que 
em 2012 o Ministério do Meio Ambiente (MMA) incluiu este município na lista 
daqueles com maiores índices de desmatamento do bioma Cerrado. Urbano Santos 
também apareceu no Relatório sobre conflitos no campo no Brasil, de 2012, da 
Comissão Pastoral da Terra (CPT), como o município do estado do Maranhão com o 
maior número de conflitos. Eles acontecem em 28 comunidades e envolvem cerca 
de 1.459 famílias. 
Localizado neste município está o Povoado São Raimundo, comunidade de 
agricultores familiares extrativistas que habita a região há muito mais de 60 anos, 
tendo como fonte de subsistência a exploração sustentável e duradoura das 
chapadas de cerrado para coleta de frutos, especialmente o bacuri. São cerca de 55 
famílias na comunidade que figuram na lista da CPT mencionada acima. A 
comunidade de São Raimundo sofre pressões da Suzano Papel e Celulose, mas 
seu principal adversário na manutenção de seu modo de vida tradicional é o 
empresário Luis Evandro Loeff. Loeff é proprietário do imóvel Fazenda São 
Raimundo, declarada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
(INCRA) como grande propriedade improdutiva e passível de desapropriação. A 
desapropriação foi requerida pela comunidade de São Raimundo para a criação de 
um Projeto de Assentamento Extrativista (PAE). 
O empresário Loeff vem ameaçando desmatar uma grande área da Chapada 
ocupada pela comunidade para plantar eucalipto. O processo de licenciamento 
deste empreendimento mostrou-se falho e os documentos apresentados por Loeff 
são passíveis de questionamento. A Procuradora Regional da República e a 
Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura no Estado do 
Maranhão (Faetema) apontam a ausência de consulta aos agricultores familiares 
envolvidos e que, na licença emitida pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do 
Maranhão, consta como endereço do imóvel outro município que não São 
Raimundo. 
Os agricultores familiares de São Raimundo estão organizados e resistem aos 
avanços da Suzano por um lado e de Loeff por outro. Enquanto resistem, aguardam 
e pressionam pela conclusão do processo de desapropriação da terra e implantação 
do assentamento. (LIS/ICICT/Fiocruz). 
 
Fig.2: Região do Baixo Parnaíba. 
 
 
IMPLANTAÇÃO DA SUZANO NO MARANHÃO 
Desde o final da década de 1970, foram implantadas iniciativas desenvolvimentistas 
no Maranhão, que levaram à implantação da infraestrutura necessária para a 
exploração mineral, florestal, agrícola, pecuária e industrial, a principal delas foi o 
Programa Grande Carajás “concebido para garantir a exploração e comercialização 
das ricas jazidas de minério localizadas no sudeste do Pará” (AQUINO; SANT’ANA 
JÚNIOR, 2009, p. 47), e projetos de monocultura agrícola no sul, sudeste e leste do 
Estado. Os impactos de projetos de desenvolvimento têm provocado danos 
ambientais, alterando biomas e modos de vida de camponeses e indígenas, por 
meio de reordenamento territorial e socioeconômico de áreas destinadas à 
implantação das mesmas. 
A empresa Suzano Papel Celulose, está desde 1983 desenvolvendo suas atividades 
em Urbano Santos, na mesorregião Leste Maranhense, apresentando como alvo a 
implantação de plantios comerciais com o gênero Eucalyptus(Figura 3). No entanto a 
implantação da multinacional bem como a execução de suas atividades depende 
essencialmente do uso da terra e de recursos hídricos, é o agronegócio baseado em 
monopólios contrastando diretamente com o modo de vida simples do homem do 
campo. O discurso de desenvolvimento e progresso para a região cai por terra uma 
vez que para manter a infraestrutura de seus projetos a Suzano adota um modelo 
monopolizador dos meios de produção, infraestrutura e distribuição, bastante 
difundida na indústria de papel e celulose: terra-base 
florestal→fábrica→rodoferrovias→porto2, concentrados nas mãos de empresas. 
 
2 No caso citado, tal monopólio se dá de forma intercalada e integrada estrategicamente por relações 
comerciais complementares, algumas vezes totalmente interdependentes, entre Suzano e Vale, onde o 
Estado surge como mediador fundamental desde o processo de passar o controle de acesso à terra às 
empresas, facilitado por debilidades jurídicas, financiamentos bilionários e incentivos fiscais, aos 
demais fatores locacionais, como viabilização ou melhoria da infraestrutura. Segundo Martin (2014) e 
Pöyry (2010) o escoamento de produção da fábrica em Imperatriz está em maior parte garantido por 
contrato de logística (até 2043) com a Vale: a Suzano construiu um ramal ferroviário de cerca de 28 
km que vai de dentro da fábrica até a próxima ferrovia, a Norte–Sul. Daí em diante o transporte 
ferroviário é operado pela Vale, de onde a carga percorre mais 100 quilômetros até a Ferrovia Carajás, 
totalizando 630 km de trecho ferroviário até o porto de Itaqui, o que dá uma vantagem de três a quatro 
dias de transporte para a América do Norte e a Europa em relação aos demais portos das regiões Sul e 
Sudeste do país. Outra parceria da Suzano com a Vale foi estabelecida na formação da base florestal de 
eucalipto para fábrica de Imperatriz, através do programa Vale Florestar (em implantação no Pará) e 
de ativos florestais da Vale no sudoeste do Maranhão, que juntos compõem aproximadamente 84.500 
ha de terra, dos quais cerca de 34.500 são campos de eucalipto, em consonância com mais 71.745 ha de 
terras próprias da Suzano, na microrregião de Imperatriz, sendo 30.700 de área plantada com 
eucalipto e 2.100 de áreas de infraestrutura. O aval financeiro para consolidação e plena expansão 
dessa base florestal, sobre a outrora Amazônia da tríplice fronteira Maranhão/Tocantins/Pará, foi (e 
continua sendo) possível por recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
(BNDES) financiados à Suzano, no valor de US$575 milhões, para compor uma área plantada 
circundante da ordem de 154 mil ha de eucalipto (68% de áreas próprias e 32% de terceiros), área 
mínima necessária para produção anual máxima da fábrica de Imperatriz, de 1,5 milhão de toneladas 
de celulose branqueada, sendoque parte será convertida para gerar 500 mil toneladas por ano de 
papel. A planta da fábrica ocupa uma área total de 1,5 milhão de m², sendo 96 mil de área construída, 
ao custo de US$2,4 bilhões financiados junto ao BNDES. 
 
Fig.3: Plantações de Eucalipto. 
 Podemos verificar que embora tendo havido toda uma política de desenvolvimento 
do Estado, o Maranhão é um dos estados mais pobres da federação e com um dos 
maiores índices de desigualdade social, fato este que comprova a ineficiência destas 
iniciativas junto à população local, o crescimento econômico prometido é apenas 
para os empresários do setor. 
TERRITORIALIZAÇÃO DA SUZANO NO BAIXO PARNAÍBA MARANHENSE 
Um dos principais fatores que explica a territorialização da Suzano no Maranhão é o 
baixo custo do hectare, a Suzano, em matéria publicada no site Monitor Mercantil3·, 
descartou novos investimentos no estado de São Paulo, devido ao alto custo da 
terra e dificuldades de logística. Entretanto, a vastidão de terras no Maranhão, cuja 
maior parte é área de cerrado, sofre a ação de grileiros, artifício este que facilita o 
processo de espoliação capitalista. 
O conflito com pequenos agricultores e sociedade civil ocorre à medida que grandes 
empresas como é o caso da Suzano, para a expansão de seus negócios apropria-se 
de amplas extensões de terra, promovendo o desmatamento de biomas 
inviabilizando as atividades extrativistas de camponeses interferindo diretamente no 
âmbito sociocultural e econômico das comunidades do Baixo Parnaíba. 
Pesquisas acadêmicas (Paula Andrade, 2012), apontam a real necessidade da 
biodiversidade do cerrado para a sobrevivência das comunidades. A agricultura 
camponesa se realiza, sobretudo, nas áreas mais úmidas, chamadas pelas famílias 
de baixões e, em alguns povoados, nas próprias chapadas – formações florestais 
típicas do cerrado – em manchas de solo que permitem o cultivo, denominadas 
capões e morros. A pesca nas lagoas, nos pequenos cursos d´água, açudes e rios 
aparece também como fundamental à reprodução social dessas famílias, tanto em 
termos da dieta alimentar quanto da extração de materiais, como o junco e outras 
plantas, para o fabrico de esteiras e outros utensílios. (Paula Andrade, 2012). O 
carro chefe da agricultura familiar no baixo Parnaíba é a farinha de mandioca (Figura 
4), fonte de renda e alimentação dos pequenos agricultores. As atividades de caça, 
 
3 "Terreno Barato Leva Suzano Para O Maranhão e Piauí". Disponível em 
http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=75502 
extração de mel, de plantas medicinais, de materiais para a construção de casas e, 
sobretudo, de criação de animais, são exercidas nas chapadas4. 
 
Fig.4: Massa da mandioca sendo torrada para o fabrico da denominada farinha d’água. Pau Serrado. 
Santa Quitéria do Maranhão. Fev/2012. Foto: Diana Mendes 
A entrada da Suzano nos municípios do Baixo Parnaíba, entre outros fatores tem 
afetado a segurança alimentar dessas famílias,uma vez que o plantio de roças 
depende das terras que a Suzano se apropria, gerando, portanto conflitos e 
resistência por parte dos agricultores (Figura 5). É importante destacar que ao 
adentrar os territórios da mesorregião leste maranhense a Suzano, põe em risco 
etnias indígena e famílias remanescentes de quilombolas. Ainda de acordo com o 
estudo de impacto ambiental da empresa identificou a existência de patrimônio 
arqueológico na região, atestando que foram encontrados artefatos de pedra e 
cerâmicos ao longo de toda área de influência direta do empreendimento. O que 
indica que os empreendimentos da Suzano, no Maranhão, tal como apontado pelos 
técnicos do IBAMA, em seu parecer 004/2009, NLA/IBAMA/MA, de 30 de julho de 
2009, destruirão sítios arqueológicos ainda não estudados. Há fortes indícios de 
conivência de órgãos federais e estaduais, na concessão de licenças e títulos de 
propriedades apresentados pela Suzano, que estão sendo investigados pelo MPF5. 
 
Fig.5: Agricultores no local onde havia cerca. 
 
4 Segundo Paula Andrade (2011), são formações florestais típicas do cerrado onde os camponeses 
exercem atividades de caça, extração de mel, de plantas medicinais, de materiais para a construção de 
casas e, sobretudo, de criação de animais soltos. 
5 "MPF/MA Pede Que A Empresa Suzano Interrompa Desmatamento Do Cerrado Maranhense". 
Disponível em: Territórios Livres do Baixo Parnaíba 
SUZANO E AS ÁGUAS DO MARANHÃO6 
Nas últimas décadas Suzano Papel Celulose, implantou no maranhão, um regime de 
agronegócio considerado um dos mais modernos do país, entretanto o cultivo do 
eucalipto demanda um suporte hídrico gigantesco, e o preço do progresso foi pago 
pela natureza; nas regiões onde a plantação de eucalipto predomina é visível o 
assoreamento dos rios e riachos. 
O próprio Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
(IBAMA, 2006), em seu parecer acerca do EIA/RIMA do projeto de produção florestal 
e carvoejamento da MARGUSA – Maranhão Gusa S/A – utilizado atualmente pelo 
Grupo Suzano Papel e Celulose para instalação de plantios de eucaliptos, em 
municípios da Mesorregião Leste Maranhense, chama atenção para os impactos 
que o referido empreendimento ocasionará ao Parque Nacional dos Lençóis 
Maranhenses. Conforme o documento, a nascente do Rio Preguiças – pertencente à 
bacia hidrográfica do Preguiças, da qual os municípios de Urbano Santos e Santa 
Quitéria do Maranhão fazem parte – e a de vários de seus tributários (Rio Palmira, 
Riacho da Onça, Rio Guaribas, Riacho do Jacu e Rio Cocal) estão localizadas na 
área de influência direta do empreendimento (Paula Andrade,2012). 
 
Fig.6: Braço do Rio Preguiças que banha o povoado Bonfim, com sua vazão muito reduzida, mesmo 
sendo período de chuvas, devido ao desmatamento na cabeceira, um lugar chamado Campineira, 
para implantação de campos de eucalipto da Suzano. Março/2011. Urbano Santos. Foto: Aline 
Maciel. 
Outro problema relativo aos recursos hídricos, e apontado em vários povoados,do 
Baixo Parnaíba é a subtração de água de cursos d’água (rios, lagoas, e até mesmo 
de açudes de propriedade das comunidades e sem seu consentimento), com 
caminhões pipa para a irrigação de plantios(Figura7).(Paula Andrade, 2012). 
 
 
6 Título da matéria de Wilson Leite, disponível em: http://www.ecodebate.com.br 
 
Fig.7: Mangueira do caminhão-pipa da JS Florestal subtraindo águas da Lagoa do Baixão. Povoado 
Baixão da Coceira, Santa Quitéria do Maranhão, Jul/2011. Foto: Aline Maciel. 
Na implantação do projeto florestal da Suzano em Timom, da ordem de US$1,8 
bilhão,contando ainda com recursos federais e estímulos fiscais, esse projeto traz 
em si uma gama de impactos ambientais tais como: alteração do uso tradicional da 
terra,pressão sobre a infraestrutura pressão sobre os recursos hídricos(rios), embora 
STPC(2010, p.38) afirmar que "os recursos hídricos da região não sofrerão grandes 
modificações" a Suzano se apropriou de importantes rios como: Alparcatas, 
Correntes, Iguará, Itapecuru, Munim e Parnaíba, um fato contrastante em meio a 
uma crise hídrica de nível nacional, demonstrando portanto política monopolista da 
Suzano. 
TEXTOS ADOTADOS PARA DEFESA DE ARGUMENTOS CONTRA O 
EMPREENDIMENTO DA SUZANO NO MARANHÃO 
Samara Vieira: "A política atrasada do eucalipto em Urbano Santos e Baixo 
Parnaíba" de José Antonio Basto, Militante dos Direitos Humanos e MST. 
Matheus Ximenes: "A expansão dos plantios de eucalipto feita pela empresa de 
papel e celulose está causando problemas ambientais e sociais na região do Baixo 
Parnaíbamaranhense" 
Yago Vieira:"Põe Ganância no Baixo Parnaíba Maranhense 
 
CONCLUSÃO 
Diante dos fatos expostos neste artigo, podemos perceber que nem sempre a 
implantação de grandes projetos como é o caso da Suzano, trazem de fato o 
progresso prometido bem como as transformações econômicas necessárias a 
população que justifiquem a degradação sociocultural e ambiental impostas. Existe, 
porém fatores que nos leva a crer no total desrespeito a existência de pequenas 
comunidades agrícolas e de seus direitos de moradia e alimentação. 
A grande expansão dos domínios da Suzano no maranhão, desperta ainda a 
questão dos grandes latifúndios e grilagem de terra, consequência da ineficiência 
dos agentes fiscalizadores, os principais prejudicados com a incompetência pública 
é a população pobre destas regiões, com processos de posse que se arrastam por 
anos, criação de resevas esquecidas na gaveta, entre outros fatores que 
demonstram a negligência das entidades competentes. O fato é que empresas cujo 
o foco principal é a acumulação de bens,como a Suzano, soluções ecologicamente 
viáveis como a reciclagem, não enchem os olhos. 
O próprio fato de os empreendimentos submeterem seus estudos e relatórios de 
impacto ambiental aos órgãos estaduais de meio ambiente, e não aos federais, 
indica de que modo o Estado Brasileiro está tratando essa questão, ao negar, nos 
próprios procedimentos de licenciamento, o caráter regional dos impactos, e ao 
compartimentar a ação de fiscalização. (Paula Andrade, 2012). 
Conflitos ambientais como este surgem a medida que direitos básicos são violados. 
O fato é que se não houver resistência grandes empreendimentos chegaram com a 
certeza de que podem usufruir de nossos rios, terra e florestas da forma que lhes for 
mais lucrativa, sem atentar para a preservação dos biomas e da forma de vida das 
comunidades rurais. 
 
 
 
REFERENCIAS 
PAULA ANDRADE, Maristela de 
2012 Problemas provocados pela atuação da Suzano Papel e Celulose e dos 
chamados gaúchos no Baixo Parnaíba. São Luís, EDUFMA. 
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS 
RENOVÁVEIS. Análise do EIA/RIMA da MARGUSA – Maranhão Gusa S/A. 
PARECER Nº 12/2006/NLA/SUPES/MA, 2006. 
ANTONIO BASTO, José 
2010 O capitalismo verde do agronegócio no Baixo Parnaíba Maranhense. 
IBAMA/MA. Parecer NLA/IBAMA/MA, No 004/2009 – Implantação de Projeto 
Florestal com eucalipto na Região do Baixo Parnaíba. São Luís: 30 de junho, 2009, 
p. 1-8 
Sites visitados entre 15 de junho e 03 de Julho de 2016: 
https://gd-ma.com/2012/03/27/ma-grupo-suzano-papel-e-celulose-e-o-maior-
predador-ambiental-do-baixo-parnaiba/ 
http://alexandre-pinheiro.blogspot.com.br/2011/11/anapurus-suzano-derruba-casas-
e.html 
http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2016/06/a-suzano-papel-e-
celulose-nao-enterra.html 
https://www.ecodebate.com.br/2010/05/11/santa-quiteria-baixo-parnaiba-
maranhense-e-as-reservas-ilegais-da-suzano-papel-e-celulose-artigo-de-mayron-
regis/

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